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Tribunal de Justiça de Minas Gerais

Número do 1.0143.18.002126-1/001 Númeração 0021261-


Relator: Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata
Relator do Acordão: Des.(a) Luiz Carlos Gomes da Mata
Data do Julgamento: 04/06/2020
Data da Publicação: 19/06/2020

EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - DANO MORAL - ATRASO EM VOO AEREO


INTERNACIONAL - FIXAÇÃO DA INDENIZAÇÃO - PARAMETROS DE
RAZOABILIDADE E MODERAÇÃO - MAJORAÇÃO DEVIDA.

- Verificando que o valor da indenização por danos morais, decorrente do


reconhecimento de ilícito por atraso de voo aéreo internacional, foi fixado
aquém do real valor devido, sem correlação com os princípios da
razoabilidade e moderação, impõe-se o acolhimento do recurso para majorar
o valor.

APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0143.18.002126-1/001 - COMARCA DE CARMO


DO PARANAÍBA - APELANTE(S): ANDRESSA COIMBRA QUEIROZ,
PEDRO HENRIQUE LIMA VELOSO E OUTRO(A)(S) - APELADO(A)(S):
TAM - LINHAS AÉREAS S.A.

ACÓRDÃO

Vistos etc., acorda, em Turma, a 13ª CÂMARA CÍVEL do Tribunal de


Justiça do Estado de Minas Gerais, na conformidade da ata dos julgamentos,
em DAR PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO.

DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA

RELATOR.

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DES. LUIZ CARLOS GOMES DA MATA (RELATOR)

VOTO

Versa o presente embate sobre recurso de apelação interposto por


PEDRO HENRIQUE LIMA VELOSO e ANDERESSA COIMBRA QUEIROZ,
face à sentença proferida pelo ilustre Juiz de Direito da comarca de Carmo
do Paraíba, Dr. Paulo José Rezende Borges, que julgou parcialmente
procedente o pedido inicial da ação reparatória de danos, proposta pelos
apelantes, contra TAM LINHAS AÉREAS S.A., com condenação desta última
no pagamento de indenização por danos morais no valor de R$ 2.000,00
(dois mil reais), a cada um dos autores.

Sustentam os apelantes, que a sentença deve ser modificada no tocante


ao valor fixado a título de indenização, afirmando ainda que, o valor é ínfimo
e não corresponde aos critérios de razoabilidade e moderação, além de não
corresponder com a jurisprudência do tribunal, pugnando ao final, pelo
provimento do recurso e majoração do valor.

Recurso preparado.

Contrarrazões apresentadas, pugnando pela manutenção da sentença e


negativa de provimento ao recurso, afirmando ainda, que o valor da
condenação está de acordo com os princípios da razoabilidade e moderação.

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Este é o relatório. DECIDO:

Conheço do recurso de apelação, diante da presença dos pressupostos


de admissibilidade.

Vejo que, o cerne do recurso se assenta unicamente no valor fixado a


título de indenização por danos morais.

Os fatos e ilícito narrados na inicial, a justificar o pleito de indenização se


referem a um atraso de voo internacional, saindo de Nova York para Belo
Horizonte, com escala em São Paulo, previsto inicialmente para o dia 08 de
dezembro de 2017 as 17:30 h (horário local), com previsão de chegada em
São Paulo no dia seguinte às 6:35 horas e, na sequência, fazendo a conexão
com o voo previsto para 9:35 h e previsão para chegar em Belo Horizonte às
10:45 horas. No entanto, de acordo com a inicial, houve o atraso de mais de
9 (nove) horas, somente no solo americano, sequenciando com outros
atrasos, já na chegada ao Brasil, consequentemente.

A sentença proferida, constante de fls. 101/104, julgou parcialmente


procedente o pedido inicial, para condenar a empresa aérea no pagamento
de indenização por danos morais no valor total de R$ 4.000,00 (quatro mil
reais) para os dois autores.

Nessa análise, cumpre reconhecer, ab initio, que a responsabilidade civil


foi reconhecida pela sentença e não houve tese recursal da empresa aérea,
quanto a esse reconhecimento. Logo,

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cumpre apenas analisar, se o valor arbitrado está ou não de acordo com os


princípios norteadores para fixação do dano.

A meu ver, o valor de R$ 2.000,00 (dois mil reais), a cada um dos


autores, se mostra ínfimo, pois não condiz com o sofrimento psicológico e até
mesmo físico, diante do extremo cansaço, causado às partes, situação
corriqueira quando se trata de longo atraso nos voos aéreos, com transtornos
irreversíveis aos consumidores vítimas desses atrasos.

Sopesando os fatos, o prejuízo, o dano, o ilícito e a situação financeira de


todos os envolvidos, atento para os princípios da razoabilidade e moderação
de forma a não gerar enriquecimento sem causa e, ainda, como forma de
servir o valor de inibidor à repetição da ilicitude, considero o valor de R$
10.000,00 (dez mil reais), a cada um dos autores, como mais justo para a
reparação buscada.

E cito a jurisprudência:

"EMENTA: APELAÇÃO CÍVEL - AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS


MORAIS - ATRASO DE VÔO SUPERIOR A 12 HORAS - ASSISTÊNCIA AO
PASSAGEIRO DEFICITÁRIA A MENOR DE IDADE - INCIDÊNCIA DO
CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR - INDENIZAÇÃO DEVIDA. A
empresa de transporte aéreo responde objetivamente perante seus
consumidores, pela falha na prestação de serviços. Os transtornos
ocasionados pelo atraso de voo ultrapassam a esfera dos meros
aborrecimentos, configurando danos morais. Não comprovado o suposto
motivo de força maior e presente o dano e o nexo de causalidade, o dever de
indenizar se impõe. O atraso de voo com

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espera superior a 12 (doze) horas, sem justificativa aceitável e sem


assistência adequada pela companhia aérea, equivale a falha na prestação
do serviço e enseja a condenação da ré ao pagamento de indenização pelos
danos morais suportados. O dano moral deve ser fixado proporcionalmente à
intensidade do dano e a sua repercussão no meio social, atendidas a
finalidade pedagógica e a capacidade econômica do ofensor.

(APELAÇÃO CÍVEL Nº 1.0000.19.149010-1/001 - TJMG - Rel. Des. Baeta


Neves - 18.02.2020)."

Saliento que, no julgado acima citado, o valor da condenação é idêntico


ao que ora arbitro neste voto.

Frente a tais considerações, verificando que o valor imposto pela


sentença ficou aquém do real valor devido, DOU PROVIMENTO AO
RECURSO DE APELAÇÃO, para modificar a sentença e fixar o valor de R$
10.000,00 (dez mil reais) a cada um dos autores, a título de indenização por
danos morais, corrigidos monetariamente, a partir da publicação e com juros
moratórios de 1% (um por cento), a partir da citação, conforme se apurar por
simples cálculos.

Face o disposto no artigo 85, §11, do Código de Processo Civil, elevo o


percentual dos honorários para 20% (vinte por cento) sobre o valor da
condenação, devidos pela parte apelada.

Custas recursais e finais, pela parte apelada.

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É como voto.

DES. JOSÉ DE CARVALHO BARBOSA - De acordo com o(a) Relator(a).

DES. NEWTON TEIXEIRA CARVALHO - De acordo com o(a) Relator(a).

SÚMULA: "DERAM PROVIMENTO AO RECURSO DE APELAÇÃO"

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