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INSTITUTO SUPERIOR DE CIÊNCIAS E EDUCAÇÃO A DISTANCIA

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS

Aguida Mahumane

Este Inferno de Amar

ISCED

Centro de Recursos Xai-Xai

2020

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DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS DE EDUCAÇÃO

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE PORTUGUÊS

Aguida Mahumane

Estudos Literarios

Trabalho a ser apresentado no ISCED, na cadeira de


Estudos Literarios no Departamento de Ciências e
Educação âmbito avaliativo sob orientação do Tutor.

ISCED

Centro de Recurso Xai-Xai

2020

Este Inferno de Amar

Este inferno de amar - como eu amo! –


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Quem mo pôs aqui n'alma... quem foi?

Esta chama que alenta e consome,

Que é a vida - e que a vida destrói -

 5 Como é que se veio a atear,

Quando - ai quando se há-de ela apagar?

Eu não sei, não me lembra: o passado,

A outra vida que dantes vivi

Era um sonho talvez... - foi um sonho -

10 Em que paz tão serena a dormi!

Oh! que doce era aquele sonhar...

Quem me veio, ai de mim! despertar?

Só me lembra que um dia formoso

Eu passei... dava o sol tanta luz!

15 E os meus olhos, que vagos giravam,

Em seus olhos ardentes os pus.

Que fez ela? eu que fiz? - Não no sei;

Mas nessa hora a viver comecei...

- temática central: manifesto das contradições do amor; 

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- "este", pronome demonstrativo sugerindo proximidade; neste caso, remete-nos para o tempo
presente;

- constatação de que o amor é um inferno, uma destruição justificada logo no início pela
contradição de que este sentimento é algo que alenta e consome; o vocabulário está ligado ao
conceito de fogo [destruição] mas também à ideia de que amor é vida;

- podemos considerar três momentos neste poema, correspondendo a cada um deles uma das
três estrofes;

- 1º momento - corresponde ao tempo presente, à situação vivida na atualidade pelo sujeito


poético; comprovam-no os tempos verbais no Presente do Indicativo;

- o sujeito poético questiona-se sobre a origem daquele sentimento e quando irá ele desaparecer
[passado/futuro];

- presença de um paradoxo: o amor dá e tira [contradição];

- antítese; 

- 2º momento - refere-se ao passado; o ritmo acontece ao sabor dos sentimentos [comprovado


pela pontuação];

- o passado referenciado no 2º momento aponta para a fase da vida do sujeito poético anterior ao
tê--la conhecido [passado sereno e de paz mas desprovido de vida por não existir amor]; este
passado caracteriza-se por ter sido de incerteza];

- perpassa a ideia de sedução, de algo que aconteceu inconscientemente;

- 3º momento - de um passado recente  que é também o do inferno de Amar;

- o contacto faz-se pelo olhar, os olhos são a parte do corpo que o  seduziram, fascinaram,
hipnotizaram... o que foi possível apenas por se tratar da mulher-fatal;

- neste 3º momento, o sujeito poético confessa que começou a viver quando a conheceu mas,
com ela, chegaram igualmente os sentimentos, o desassossego, a inquietude e tudo o mais que
se deveu ao aparecimento da Mulher e do amor; ainda assim, o sujeito poético prefere o
presente e justifica-se com o início deste "viver";

- este encontro trouxe-lhe a vida e o inferno de amar; o amor é assim gerador de vida mas
manifesta-se pela negativa;

- o encontro do eu com o tu reflete-se na vida do eu: despertar do sonho e acordar para o inferno


de amar;

- a pontuação revela o estado de espírito do sujeito poético = frases exclamativas e


interrogativas, interjeições, frases de tipo negativo, reticências;

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- formalmente, este poema é constituído por 3 estrofes, de seis versos cada, com rima variada e
nº variado de sílabas, ao gosto romântico, ao correr dos sentimentos e variação de estados de
espírito;
- NOTA: as 2ª e 3ª estrofes possuem características narrativas: narrador autodiegético (narrador
na 1ª pessoa e personagem principal); presença de personagens, eu e ela; referência
espacial, algures; referência temporal caracterizada como indefinida [saliente-se a escolha dos
indefinidos um e outra); existe ação sugerida pelos verbos vivi, dormi, passei, dava...;   

- o eu é vítima da mulher fatal, ela ; amor gerador de conflitos;

- características românticas - tom confessional; indícios de mulher fatal; alusão ao inferno


[metáfora]; tom teatral; oposição amor espiritual/amor sensual; transgressão das regras
[hibridismo - presença de características líricas e narrativas];

- intertextualidade com Camões e Bocage: o amor é vida e inferno MAS: a relação eu/tu afasta-
se do tipo de relação em Camões e Bocage onde o amor não era correspondido ou tinha sido
correspondido no passado;

- o que motiva esta ideia de o amor ser inferno: a intensidade, o exagero da paixão;
-  EM JEITO DE CONCLUSÃO:
- consideremos a existência de 2 passados e de 1 presente:

o Passado 1 - sem ela; o sonho; a paz; a doçura;

de que ele não sei; não me lembra; talvez um sonho; foi um sonho;

o Passado 2 - com ela; realidade (acordar para o real);

de que ele só me lembra; a viver comecei;

o Presente - com ela; vida; inferno;

e ele - vivo;.

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