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SE.

22-V-B (Iporá)

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GEOLOGIA ECONÔMICA/METALOGENIA
O s principais bens minerais lavrados na área
são: calcário, diamante e ouro, dos quais, os dois últi-
ção com os principais rios e riachos, dentre os
quais destacam-se os garimpos dos rios Araguaia,
mos por garimpagem. Foram catalogados 69 jazi- Caiapó e Claro. O ouro, na maioria dos casos, ocor-
mentos minerais: 37 de diamante (nove de diamante re como produto secundário da lavra do diamante.
com ouro), quatro de ouro, um de calcário, três de co- Sá & Marques (1986) atribuem a dispersão dos
bre, um de amianto, um de chumbo/zinco, um de fer- diamantes na região aos conglomerados basais do
ro, cinco de níquel, um de molibdênio, um de talco, Grupo Bauru, interpretando como fonte original os
um de brita, dois de rocha ornamental, dois de água possíveis kimberlitos associados às alcalinas do
sulfurosa e nove de epsomita. Cretáceo. Gonzaga (1994) admite uma possível
A Carta Metalogenética registra todos estes locais, gênese alóctone, postulando que os diamantes te-
representando-os conforme a sua classe (tipo genéti- riam ali aportado pelos transportes proporcionados
co), tamanho e situação legal. Contém também da- pelos glaciais neo-ordovicianos a permo-carboní-
dos relativos à contagem de pintas para Au, em feros (formações Iapó/Vila Maria), cujas deposi-
amostragem de concentrado de bateia. Em razão do ções locais teriam sido retrabalhadas no evento
enorme potencial para o aproveitamento econômico, Furnas.
as ro chas or na men tais (gra ní ti cas, gnais ses, O ouro ocorre, na grande maioria dos casos,
alcalinas etc.), merecem estudos mais detalhados. nas drenagens que seccionam as seqüências
metavulcano-sedimentares (metalotecto de 1ª or-
dem) e, subordinadamente, sob controles tectô-
4.1 Mineralizações nicos nas zonas de cisalhamento (metalotecto de
2ª ordem). Os diversos indícios em contagem de
Diamante/Ouro pintas acentuam as perspectivas de depósitos
primários nas seqüências metavulcano-sedimen-
Todos os registros de diamante e ouro indicam tares Arenópolis-Piranhas e Iporá-Amorinópolis,
depósitos do tipo aluvionar detrítico, em associa- ao passo que, outras áreas de geologia seme-

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lhante podem, por analogia, também ser potenci- passagens difusas entre ambas. Em essência, o mi-
almente consideradas. nério é composto quase que exclusivamente por sul-
fetos de cobre, os quais são constituídos principal-
Calcário mente por calcopirita, e, subordinadamente, calcosi-
ta e covellita. O conjunto de sulfetos perfaz de 1% a
A Mineração Calcário Montividiu (“Calcário Pira- 5% da zona mineralizada, dos quais 30% são de cal-
nhas”) é a única a explorar calcário na área, com copirita e 65% de pirita, correspondendo à ganga sul-
mina localizada a aproximadamente 25km a sudes- fetada (pirrotita, arsenopirita e marcassita), 5% do mi-
te da cidade de Piranhas, nas proximidades do po- nério. De maneira geral, as concentrações de sulfe-
voado de Vila Maria. É formada por calcário calcíti- tos encontram-se venuladas e com disposição
co e ocorre em forma de lentes de tamanhos variá- subparalela à foliação ou sem controle aparente. Se-
veis, intercaladas com os micaxistos e anfibolitos gundo Sá & Marques (op. cit.) verifica-se que os ní-
da Seqüência Metavulcano-sedimentar de Arenó- veis sulfetados estão confinados em uma zona alon-
polis-Piranhas. A reserva total é de 9,3 milhões de gada de direção NNW-SSE com caimento em torno
toneladas e a produção é da ordem de 100 tonela- de 70° para ESE, medindo 700m de extensão, 200m
das/mês, a qual é utilizada na correção de solos e de largura máxima e profundidade de até 250m.
na produção de cal. O zinco e o chumbo (esfalerita e galena) ocorrem
em pequenas quantidades preenchendo fraturas
Níquel em rochas andesíticas. Em análises por absorção
atômica foram detectadas concentrações de ouro
O níquel ocorre sob a forma de silicatos (garnieri- em rocha, com teores de até 0,9ppm.
ta) cujas concentrações foram geradas por proces- A pesquisa bloqueou uma reserva de 4.575.660 to-
sos de laterização sobre rochas intrusivas da Pro- neladas de sulfetos de cobre com teor médio de
víncia Alcalina Rio Verde-Iporá. Os principais jazi- 0,92%.
mentos de interesse econômico (relatórios finais de
pesquisa aprovados pelo DNPM) são os de Montes Rochas Ornamentais
Claros de Goiás, Rio dos Bois e Morro dos Macacos
(quadro 1). Foram catalogadas duas minas de rochas orna-
mentais: uma de granito e outra de metaconglome-
NOME SUBSTÂNCIA RES. TOTAL TEOR rado/metarcóseo, ambas utilizadas na indústria da
MÉDIO
construção civil.
Montes Claros Níquel 52.565.721t 1,27%
A primeira, localizada no limite nordeste da folha,
3
Rio dos Bois Níquel 11.640.640t 1,34% contém 21.520m de “granito industrial” de cor aver-
Níquel 17.136.458t 1,45%
melhada, textura porfirítica, que, quando submetido
Morro dos Macacos
ao polimento, exibe faces com parâmetros favoráveis
à comercialização. Aflora sob a forma de boulders e
Quadro 4.1 – Reservas das Jazidas de Níquel da Suíte matacões em condições propícias para a lavra.
Intrusiva Rio Verde-Iporá.
A segunda, classificada no Relatório de Pesquisa
como de “granito verde ornamental”, perfaz reserva
3
medida de 46.985m e tem produção estimada de
Cobre, Chumbo e Zinco 3
100m /mês. Localiza-se a 8,5km a sul da cidade de
Piranhas e engloba os metaconglomerados e metar-
A CPRM realizou pesquisa de Cu, Pb e Zn na Se- cóseos da Formação Piranhas. Destina-se à fabrica-
qüência Metavulcano-sedimentar de Bom Jardim de ção de revestimentos, pias, pisos etc.
Goiás, apresentando Relatório Final de Pesquisa ao
DNPM em 1979. Segundo dados de Sá & Marques Molibdênio
(1986), as mineralizações são sulfetadas e distri-
buem-se descontinuamente, ocorrendo níveis de alta Segundo Pena & Figueiredo (1972, apud: Sá &
concentração entremeados com faixas estéreis, com Marques, 1986), cristais muito finos e dissemina-

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dos de molibdenita ocorrem nos granitos intrusivos Água Sulfurosa


da Serra Negra, nas proximidades da cidade de Pi-
ranhas. Atribuem sua gênese a zonas pegmatíticas Indícios de água sulfurosa ocorrem em Montes
internas. Claros de Goiás e na proximidade do rio dos Bois e
estão relacionados às intrusivas alcalinas Rio
Amianto Verde-Iporá. Segundo Sá & Marques (1986), são
surgências de pequena vazão ao longo de fraturas.
O amianto crisotilo ocorre em intrusão ultrabási-
ca na localidade de Goiaporá, dominantemente Brita
sob a forma de veios contendo fibras com compri-
men to en tre 0,1cm e 0,5cm. Se gun do Sá & Registrou-se uma única pedreira nas proximi-
Marques (1986), a distribuição dos veios é muito er- dades de Bom Jardim de Goiás, onde era lavrado
rática, havendo locais com concentrações máxi- um metaquartzo diorito, correlacionável aos grani-
mas de dezenas de veios por metro quadrado. Ci- tos tipo Rio Caiapó.
tam ainda, na mesma intrusão, a ocorrência de cris-
tais de magnetita com até 20kg.
4.2 Áreas Mineralizadas/Previsionais
Talco
Áreas I, IV, VII, IX, X, XIV (di)
Segundo Pena & Figueiredo (1972), o único re -
gistro de talco xisto restringe-se aos corpos imbri- As áreas foram delimitadas pela constatação de
cados em micaxistos; estes, interpretados como da garimpos aluvionares de diamante (cartografáveis
unidade metavulcânica ácida/intermediária da Se- ou não na escala do mapa), dentre as quais mere-
qüência Metavulcano-sedimentar de Arenópolis- cem destaque as áreas IV e XIV (rios Caiapó e
Piranhas. Ocorrem em pequenas lentes compac- Claro), por abrigarem várias lavras contínuas de
tas, tectonizadas e com alto grau de pureza. diamante/ouro ao longo dos leitos das drenagens.
A região é reconhecidamente de alto potencial
Ferro para diamantes, haja vista que suas aluviões há
muito tempo vêm sendo exploradas em regime de
A 18km ao norte da cidade de Caiapônia, Pena & garimpagem e, embora ainda não tenham sido de-
Figueiredo (1972) citam ocorrência de ferro deri- tectados depósitos primários no local, uma das
vado de proc es sos de en ri que ci mento su- hipóteses referidas na bibliografia contempla fran-
pergênico dos lateritos desenvolvidos sobre a For- camente a possibilidade de existirem kimberlitos
mação Ponta Grossa. Embora não desperte inte- na região (Sá & Marques, 1986).
resse econômico atualmente, é registrada em
razão da importância histórica, haja vista que no sé- Área II (Cu, Pb, Zn e Au)
culo XIX constituía matéria-prima para fabricação
de ferramentas e utensílios para a agricultura e a A área engloba a Seqüência Metavulcano-sedi-
pecuária. mentar de Bom Jardim de Goiás, como potencial-
mente favorável a concentrações de metais-base
Epsomita (MgSO4.7H2O) (Cu, Pb e Zn) e de ouro. As mineralizações reco-
nhecidas no depósito da CPRM estão relacionadas
Nove ocorrências de epsomita foram cadastra- aos metatufos riodacíticos finos intercalados com
das e estudadas por Radaelli (1980), quando inves- níveis grossos e às metabrechas. Além do cobre
tigava, para a CPRM, dados bibliográficos relativos ocorrem sulfetos de Pb e Zn (galena e esfalerita),
à trona. O sal é encontrado em exsudações nas es- em pequenas concentrações, preenchendo fratu-
carpas erosivas das formações Aquidauana e ras em andesitos.
Ponta Grossa (espessuras de 0,5m a 20m), sem O potencial para ouro na seqüência é consubs-
perspectivas econômicas no presente. tanciado por algumas análises químicas e pela

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garimpagem esporádica deste metal nas drena- Verde-Iporá. Os depósitos de Montes Claros de
gens a jusante. Admite-se, no entanto, que novas Goiás, Rio dos Bois e Morro dos Macacos foram
técnicas de amostragem e de análises químicas pes quisa dos e acu saram res erva global de
devem ser testadas previamente para melhor aqui- 81.342.9819t de Ni, com teor médio de aproxima-
latar o potencial, bem como para identificar as zo- damente 1,35% (quadro 4.1). A inclusão dos de-
nas de alteração hidrotermal favoráveis. mais corpos ultrabásicos nas áreas fundamentou-
se na identidade de suas características geológi-
Áreas III e VIII (Au e Cu, Pb e Zn) cas com as dos mineralizados.
Ou tros cor pos de di mensões di mi nu tas ocor -
O principal metalotecto destas áreas é a Seqüên- rem na re gião de Iporá- Amorinópolis- Diorama
cia Me ta vul ca no-s edi men tar de Arenópolis- e, ape sar das di mensões limi ta das, po dem con -
Piranhas nas quais os indícios de ouro (por exemplo, ter depósi tos econômi cos, cu jos bene fi cia men -
pintas em concentrados de bateia) as tornam poten- tos poderiam ser fa ci li ta dos, em razão de ra -
cialmente mais favoráveis para este metal do que zoável infra- estrutura re gional para lavra e es -
para Cu, Pb e Zn. Contudo, os litótipos podem coamento.
também ser fonte destes metais- base, que
poderiam formar concentrações econômicas pela Áreas XII, XVI (Cu, Pb, Zn e Au)
atuação de processos hidrotermais ao longo das
descontinuidades (falhas e zonas de cisalhamento). As áreas de aflo ra mento da Se qüên cia Me -
A presença de pirita, calcopirita, pirrotita e es- ta vul ca no-s edi men tar de Iporá- Amorinópolis
falerita, metacherts piritosos e gonditos, além de fo ram se le ciona das em razão da se mel hança
serpentinização, saussuritização e epidotização com as de mais uni dades cor re la tas. No seg -
(Pimentel & Fuck, 1986) em planos de foliação, re- mento Amo ri nó po lis, o grau de fa vor abili -
forçam o potencial mineral destas áreas. dade é re alçado pe las pin tas de ouro en con -
tra das em con cen tra dos de bateia pela Me -
Áreas V, XI, XIII, XV, XVII (Ni, Cr, Cu, Co, tais de Goiás S.A. A fa vor abili dade das se -
vermiculita e EGP) qüên cias vul ca no gê ni cas para Au e metais-
base de corre tanto dos litóti pos quanto das
Es tas áreas cir cun scre vem as magmáti cas es tru tu ras prom is so ras a con cen trações su -
básico-ultrabásicas da Província Al calina Rio pergêni cas.

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