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HISTÓRIA

PRÉ-VESTIBULAR
LIVRO DO PROFESSOR

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I229 IESDE Brasil S.A. / Pré-vestibular / IESDE Brasil S.A. —


Curitiba : IESDE Brasil S.A., 2008. [Livro do Professor]
696 p.

ISBN: 978-85-387-0574-1

1. Pré-vestibular. 2. Educação. 3. Estudo e Ensino. I. Título.

CDD 370.71

Disciplinas Autores
Língua Portuguesa Francis Madeira da S. Sales
Márcio F. Santiago Calixto
Rita de Fátima Bezerra
Literatura Fábio D’Ávila
Danton Pedro dos Santos
Matemática Feres Fares
Haroldo Costa Silva Filho
Jayme Andrade Neto
Renato Caldas Madeira
Rodrigo Piracicaba Costa
Física Cleber Ribeiro
Marco Antonio Noronha
Vitor M. Saquette
Química Edson Costa P. da Cruz
Fernanda Barbosa
Biologia Fernando Pimentel
Hélio Apostolo
Rogério Fernandes
História Jefferson dos Santos da Silva
Marcelo Piccinini
Rafael F. de Menezes
Rogério de Sousa Gonçalves
Vanessa Silva
Geografia Duarte A. R. Vieira
Enilson F. Venâncio
Felipe Silveira de Souza
Fernando Mousquer

Projeto e
Produção
Desenvolvimento Pedagógico

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Segundo Reinado
(1840-1889)
consolidação
política
O Ministério Liberal
(1840-1841) e as
“Eleições do Cacete”
O Período Regencial (1831-1840) acabou com a
antecipação da maioridade de D. Pedro II, num golpe Estudamos o Golpe da Maioridade, estratégia
articulado pelo Partido Liberal, que pretendia dar fim do Partido Liberal que queria por fim à regência con-
à regência conservadora de Araújo Lima. Se o Período servadora de Araújo Lima. Após a antecipação da
Regencial é considerado por muitos historiadores maioridade em 1840, D. Pedro II nomeou um gabinete
como a consolidação de nossa emancipação política, ministerial formado apenas por liberais, conhecido
pois se superaram os perigos da recolonização, o como “Ministério dos Irmãos” por conter os irmãos
Segundo Reinado é tido por muitos como o da con- Andrada (Martin Francisco e Antônio Carlos) e os
solidação do Estado brasileiro. irmãos Cavalcante.
Tal fenômeno é permitido por uma série de me- D. Pedro II destituiu a câmara dos deputados,
canismos como a adoção do sistema parlamentarista onde os conservadores eram maioria, e as novas
à moda brasileira, que permitiu ao jovem D. Pedro II eleições foram marcadas para o ano de 1841. Estas
consolidar seu poder diante dos principais grupa- eleições ficaram conhecidas como “eleições do ca-
mentos políticos: o Partido Liberal e o Partido Con- cete”, diante das fraudulentas e violentas ações dos
servador. Ambos os partidos estavam muito mais liberais para obter a maioria dos votos. Ocorreram
integrados a disputas pelo controle político e pelos agressões a eleitores por jagunços (os chamados
interesses da aristocracia rural brasileira do que às “papos-amarelos” devido ao lenço amarelo que usa-
necessidades da grande massa. As rivalidades entre vam no pescoço) contratados por liberais. Em várias
os dois grupamentos originaram um revezamento urnas ocorreram votos de crianças, escravos, pessoas
ministerial, que se arrastou até as tentativas conci- mortas e toda sorte de “eleitores-fantasmas”.
liatórias de estabelecimento de gabinetes contendo Apesar da vitória dos liberais na eleição, as
membros dos dois grupos. disputas entre os ministros do gabinete somadas às
A consolidação do Estado brasileiro não passou dificuldades dos liberais em conter as vitórias dos
apenas por fatores políticos, mas também por aspec- farroupilhas do sul do Brasil acabaram levando D. Pe-
tos culturais que promovem a construção da identi- dro II a destituir o Ministério dos Irmãos, nomeando
dade nacional, agregando os indivíduos em torno do um gabinete composto apenas por conservadores.
Estado. Processo lento que mesmo em nossos dias Inaugurou-se uma prática conhecida como Reveza-
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talvez não tenha atingido sua maturidade, até por mento Ministerial.
conta da jovialidade de nossa nação, mas que deu
passos definitivos no Segundo Reinado.
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O Ministério Conservador “farinha do mesmo saco” como diziam os populares
da época, na defesa do latifúndio, da escravidão e da
(1841-1844) e as Revoltas exclusão política da maioria da população.

Liberais de 1842
De volta ao poder desde a regência de Araújo
Lima, os conservadores deram continuidade ao re-
gresso conservador, uma vez que em 1840 o Conse-
lho de Estado foi restabelecido e em 1841 a Guarda Uma das expressões mais comuns a respeito
Nacional passou a ter seus oficiais indicados pelo de liberais e conservadores é atribuída ao político
Ministério da Justiça. Em 3 de dezembro de 1841, pernambucano Holanda Cavalcanti: “Nada se as-
o Código de Processo Criminal foi reformado com o semelha mais a um ‘saquarema’ do que um luzia
objetivo de esvaziar a autoridade dos juízes de paz, no poder”.
transferindo suas funções mais importantes para o
Ministério da Justiça.
Contrários a essas medidas, os liberais realizaram Mesmo com a continuidade em relação ao pro-
uma série de levantes no ano de 1842, comandados jeto político, os liberais promoveram uma importante
por Teófilo Otoni, em Minas Gerais, e pelo Ex-Regente modificação no nível econômico: a Tarifa Alves Bran-
Uno Diogo Feijó, em São Paulo. co (1844). A arrecadação alfandegária no Brasil era
bastante restrita, uma vez que vários países possuí-
am uma tarifa de 15% ad valorem, benefício obtido em
troca do reconhecimento à independência do Brasil.
A principal beneficiada era a Inglaterra, que em 1827
assinou com D. Pedro I um tratado com validade de
15 anos, garantindo as baixas taxas que tanto preju-
O apelido “luzias” foi dado aos liberais a partir dicavam a arrecadação do Tesouro Nacional.
das revoltas na cidade de Santa Luzia, em Minas
O tratado de 1827 expirou em 1842 e em 1844,
Gerais. Já o apelido “saquaremas” dado aos conser-
a Tarifa Alves Branco elevou as tarifas alfandegá-
vadores é oriundo da ação dos conservadores na vila
rias para 30% sobre os produtos que não possuíam
de Saquarema, na província do Rio de Janeiro.
similares produzidos no Brasil e para 60% sobre os
produtos que possuíam similares.
O objetivo de Alves Branco era elevar a arre-
Os levantes de 1842 foram rechaçados pela ação cadação alfandegária, mas certamente a nova tarifa
do ainda barão de Caxias (futuro duque). Em 1842, os de 1844 acabava protegendo a produção nacional da
conservadores foram destituídos do ministério de D. concorrência estrangeira, principalmente inglesa.
Pedro II, por se oporem às pressões inglesas sobre o
Apesar da importante medida, os liberais não
fim do tráfico negreiro e à iniciativa do Imperador de
conseguiram se manter no poder por muito tempo.
criar um ministério que conciliasse luzias e saquare-
As pressões inglesas contrárias a Tarifa Alves Bran-
mas, pondo fim ao revezamento ministerial.
co e a favor do fim da escravidão, somada a falta de
base política dos liberais foram responsáveis pela
O novo gabinete liberal destituição do ministério liberal por D. Pedro II. Os
liberais foram substituídos por mais um gabinete
(1844-1848) e a Tarifa conservador, dando continuidade ao processo de
revezamento ministerial.
Alves Branco (1844)
Apesar do controle sobre o ministério, os liberais O “parlamentarismo
não realizaram medidas no sentido de reverter aque-
las centralizadoras implementadas pelo gabinete às avessas” (1847)
conservador de 1841. A partir daí, temos a vitória da
proposta centralizadora, mesmo entre os liberais, que O sistema parlamentarista teve origem na Ingla-
quando defendiam a descentralização o faziam com terra no fim do século XVII, em função da Revolução
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fins eleitorais para obtenção de vitórias em suas cam- Gloriosa (1688-89). Na Inglaterra, o partido que ob-
panhas. Na prática, conservadores e liberais eram tivesse maioria na Câmara dos Comuns ganharia o
direito de escolher o primeiro-ministro, que deveria
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compor o ministério e exercer a chefia de governo. O

Domínio público.
rei exerce apenas a função de chefe de Estado, prin-
cipalmente em relação à representação nacional.
Objetivando buscar apoio dos diferentes gru-
pamentos políticos do Império com a impressão de
abertura política, D. Pedro II resolveu em 1847 criar
o cargo de Chefe do Conselho de Ministros, uma
espécie de primeiro-ministro. Este seria indicado
pelo Imperador, de posse das atribuições do Poder
Moderador, sendo responsável pela nomeação dos
demais ministros, sempre prestando contas a D. Pe-
Quadro Batalha do Riachuelo, de Vitor
dro II. Caso o Chefe dos Ministros fosse de um partido Meireles.
que não possuía maioria na Câmara dos Deputados,
ocorreriam novas eleições para a Câmara, e as cons- Na segunda fase do Romantismo brasileiro,
tantes fraudes garantiriam a vitória do governo. encontramos poetas como Álvares de Azevedo
Dessa maneira, D. Pedro II conseguiu obter o e Casimiro de Abreu, que expressaram em suas
apoio dos grupamentos políticos, gerando uma base obras a angústia e a melancolia diante do modo de
política estável para os próximos anos de Império, ape- vida urbano, em um Brasil que via suas cidades se
sar de abalos significativos como a Revolta Praieira. desenvolverem a reboque dos capitais oriundo do
café (ver próximo módulo).
Literatura, música, pintura, Castro Alves foi um destacado poeta da ter-
ceira fase do Romantismo, destacando em poemas
educação: a construção da como “O Navio Negreiro” o espírito abolicionista
que se difundia entre membros da intelectualidade
identidade nacional brasileira na segunda metade do século XIX. Ainda
no século XIX, o Realismo literário encontrou em
Sem dúvida, era notória no século XIX a influ- Machado de Assis um expoente da descrição ob-
ência francesa na cultura brasileira: na moda das jetiva da realidade, em romances com requintadas
mulheres, nos passeios nos jardins, nos bailes dos atmosferas psicológicas como “Memórias Póstumas
salões e mesmo no uso do idioma em saraus onde de Brás Cubas”, entre outros.
poemas e textos eram lidos em francês.
Domínio público.
Na literatura, o Romantismo fez eco também no
Brasil tendo como referências importantes Gonçalves
Dias e José de Alencar. O índio surgia como uma
figura heroica, simbolizando a própria identidade
dos brasileiros.
Domínio público.
Domínio público.

Castro Alves.

A formação da nação brasileira foi tema de


investigações científicas, organizadas por historia-
dores do Instituto Histórico Geográfico Brasileiro
(IHGB), criado pelo Ministério das Capacidades, da
regência conservadora de Araújo Lima. Esses histo-
Gonçalves Dias. José de Alencar.
riadores privilegiavam temas como a fusão das raças,
monarquia e a importância de Portugal na formação
Ainda nessa linha, encontramos importan-
da nação brasileira, em detrimento das contribuições
tes pintores como Vitor Meireles (A Batalha do
da grande massa popular.
Riachuelo) e Pedro Américo (Grito do Ipiranga e
Batalha do Avaí), que se destacaram no retrato de Quanto à educação, as restrições eram muito
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políticos da Corte e de episódios importantes da grandes, mantendo uma grande e esmagadora maio-
História do Brasil. ria de analfabetos no Brasil do Segundo Reinado.
Apenas os filhos da elite tinham acesso ao Colégio
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Dom Pedro II, escola pública de qualidade na época. 1810 (ver módulo 09), a Inglaterra enfrentou a cons-
O ensino superior era restrito a algumas instituições tante oposição dos latifundiários escravocratas, que
como as Faculdades de Direito de Pernambuco e de tinham na escravidão a base de sua produção, além
São Paulo, ambas fundadas em 1827, além das fa- dos traficantes de escravos, temerosos em perder o
culdades de Medicina da Bahia e do Rio de Janeiro. lucrativo comércio de cativos.
Como comumente importávamos tecnologia da Ingla- Com a destituição dos liberais em 1848 (ver tó-
terra, ocorreu um atraso na instalação de instituições picos anteriores), assumiu novamente um ministério
de ensino tecnológico. No Rio de Janeiro surgiu, em conservador comandado por Pedro de Araújo Lima,
1874, a primeira escola politécnica. Eusébio de Queirós (Ministro da Justiça), Joaquim
Mesmo ferozmente marginalizados, os negros José Rodrigues Torres (Ministro da Fazenda), entre
contribuíram muito para a formação da cultura bra- outros. Estes foram responsáveis por importantes
sileira. A mistura do rito católico com as divindades medidas como a Lei Eusébio de Queirós e pela Lei
africanas originou a Umbanda e o Candomblé. No de Terras.
Recife, enquanto os capoeiras dançavam ao som de Se por um lado os conservadores adotaram me-
bandas militares, surgia um dos principais elementos didas importantes, sua ascensão acabou se configu-
da cultura nordestina, o frevo. rando no estopim da Revolta Praieira. Finalizada esta,
O batuque dos terreiros, entoado na periferia do o Brasil conheceu um período de grande estabilidade
centro do Rio de Janeiro, se aglutinou com os ritmos política, tendo o seu auge na conciliação ministerial
europeus como a valsa e a polka, comumente ouvi- entre Luzias e Saquaremas.
dos nas ruas do centro. Surgia o maxixe, que alguns
consideram como um dos primeiros passos para a
gestação do samba. O Bill Aberdeen (1845)
Nesse sentido, não se pode deixar de lado a
importância de músicos como Ernesto Nazareth e
e a Lei Eusébio de
Chiquinha Gonzaga, que também buscavam asso- Queirós (1850)
ciar o ritmo das ruas do Rio de Janeiro à música eru-
dita. Chiquinha criou várias marchas carnavalescas, O avanço da produção cafeeira no Vale do Pa-
conhecidas até nossos dias. raíba contribuía para fazer da escravidão a base da
Na música erudita, destaque para Carlos Go- economia imperial ainda em meados do século XIX.
mes e a ópera O Guarani, aproveitando-se da obra de As pressões da Inglaterra fizeram com que o Brasil
José de Alencar para também trazer à tona a imagem firmasse desde 1831 um tratado que considerava o
do índio herói literário. tráfico negreiro ato de pirataria, perseguindo navios
em pleno Atlântico. Para despistar as autoridades
inglesas, os traficantes de escravos atiravam os
O “fim” do africanos ao mar, ateados a uma pedra.

tráfico de escravos A resistência das autoridades do Brasil fez com


que a Inglaterra aprovasse, em 8 de agosto de 1845,
o Bill Aberdeen. Essa medida conferia à marinha
Com o passar dos anos acentuaram-se as pres-
inglesa o direito de aprisionar navios negreiros, fa-
sões inglesas contra o tráfico negreiro e seus interes-
zendo com que os tripulantes fossem julgados por
ses eram bem claros. A escravidão era um empecilho
almirantados ingleses.
para a ampliação do mercado consumidor absolvedor
da produção inglesa desenvolvida pela precoce in- Com a medida, junta-
dustrialização, sem contar os manifestos interesses mente com as pressões do
Domínio público.

imperialistas de sua Majestade em relação à África. primeiro-ministro inglês


Gladstone, o tráfico negrei-
Os ingleses perceberam que, se quisessem
ro deixou gradativamente
realizar uma exploração eficiente sobre o continente
de ser uma atividade rentá-
negro, deveriam evitar o tráfico negreiro que retirava
vel, devido às ameaças de
africanos como mão-de-obra utilizada em outras áre-
perda da carga. Com essas
as. Ao mesmo tempo, avançavam os questionamen-
pressões, o ministro Eusé-
tos da sociedade inglesa sobre o absurdo da escravi-
bio de Queiroz extinguiu
dão. Esses foram fatores que levaram a Inglaterra a
em 1850 o tráfico negreiro, Eusébio de Queirós.
proibir o tráfico em suas colônias em 1807. Ao tentar
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a partir da Lei Eusébio de


defender o mesmo no Brasil desde os Tratados de
Queirós.

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de gêneros agrícolas de subsistência em tempos
de Guerra de Secessão (1861-1865), através da
distribuição de pequenas propriedades nos terri-
tórios do Oeste.

Escravos importados pelo Brasil


Ano Escravos
1844 19 000
A Revolta Praieira
1845 22 800 (Pernambuco-1848)
1846 19 400
Nas primeiras décadas do século XIX, Pernam-
1847 50 300
buco enfrentava uma série de problemas. A produção
1848 60 000 açucareira, que ocupava boa parte da população,
1849 54 000 levava duros golpes, não só pela concorrência
1850 23 000 estrangeira, como também pelo deslocamento gra-
dativo dos capitais nacionais para o cultivo do café
1851 3 300
no sudeste.
Um outro fator de destaque era a concentração
A entrada de escravos se acentuou após o fundiária, pois cerca de um terço dos engenhos esta-
Bill Aberdeen devido ao temor dos latifundiários va sob o controle da família Cavalcanti, submetendo
da iminente superação do tráfico negreiro pelo boa parte da população local. Além disso, em Per-
Brasil, o que acabou ocorrendo com a Lei Eusébio nambuco se encontrava um grupo de comerciantes
de Queirós de 1850. Apesar de proibido, o tráfico portugueses que, desde o período colonial, contro-
de escravos não se extinguiu, permanecendo ativo lava o comércio de açúcar na província. Esses dois
por vias ilegais e pelo tráfico interprovencial. fatores atrelados – a presença dos portugueses e a
concentração fundiária – geravam profunda insatisfa-
ção entre os populares da província, palco de várias
revoltas históricas como a Guerra dos Mascates, a
Insurreição Pernambucana de 1817 e a Confederação
A Lei de Terras (1850) do Equador de 1824.

No dia 18 de setembro foi aprovada a lei de


número 601, a Lei de Terras, estabelecendo que as A situação política
terras devolutas só poderiam ser obtidas por compra
e não por invasão ou doação, de acordo com a política
de Pernambuco
agrária vigente desde o Brasil Colônia.
A família Cavalcanti estava reunida em torno do
Na prática, esta era uma vitória da aristocracia Partido Liberal, enquanto uma outra importante famí-
brasileira interessada na manutenção do latifúndio, lia, a dos Rego Barros, se dedicava ao Partido Conser-
pois esta medida restringia ainda mais o acesso do vador de Pernambuco. Essas duas famílias geralmente
camponês à propriedade rural. Muitos imigrantes realizavam acordos políticos para defender seus inte-
vinham para o Brasil alimentando o sonho do acesso resses, em detrimento das camadas populares.
fácil a terra, mas o sonho caiu por terra.
Quando em 1840 Francisco do Rego Barros as-
sumiu a presidência da província conservadora, os
liberais fundaram o Partido Nacional de Pernambuco,
também conhecido como Partido da Praia, uma vez que
a sede do seu jornal encontrava-se na Rua da Praia.
Os “praieiros” mostravam-se contrários à políti-
A efeito de comparação, aproximadamente ca de Rego Barros de oferecimento de cargos apenas a
na mesma época os Estados Unidos adotaram seus aliados políticos, além de denúncias de constru-
uma política agrária bem diferenciada, a partir ção de obras de pouca utilidade, para beneficiar seus
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do Homestead Act (1862). Com essa medida, o próximos. Certamente, a indignação dos praieiros era
governo norte-amerciano estimulava a produção muito mais pela exclusão dos benefícios do que com a

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política conservadora, pois quando estavam no poder, A revolta armada e as
executavam semelhantes práticas.
O Partido da Praia tinha composição bastante propostas dos rebeldes
diversa, agregando senhores de engenho, comercian-
tes, bacharéis e muitos profissionais liberais. Havia uma grande influência da aristocracia
rural pernambucana na composição do Partido da
Praia e esta certamente era contra profundas alte-
rações econômico-sociais no Brasil. Porém, diante
do grande poder de seus inimigos, tanto em nível
provincial quanto ministerial, os praieiros receberam
a adesão de líderes mais radicais, como o jornalista
Se por um lado o jornal Diário Novo defendia Antônio Borges da Fonseca. É de autoria do jornalista
os interesses dos praieiros, por outro o jornal Diá- a elaboração do Manifesto ao Mundo, que continha
rio de Pernambuco era controlado pelos conser- as seguintes propostas:
vadores, numa batalha tipográfica típica da época. 1.a voto livre e universal;
Os conservadores pernambucanos receberam dos
2.a liberdade de expressão e de imprensa;
praieiros o apelido de guabirus, nome de um rato,
que no sentido figurado significava ladrão. O nome 3.a garantia de trabalho para todos os indiví-
foi dado depois das denúncias feitas em relação à duos;
administração de Rego Barros.
4.a nacionalização do comércio varejista de
Pernambuco;
5.a independência dos poderes constituídos;

A administração dos praieiros 6.a fim do Poder Moderador;

e a eclosão da revolta 7.a adoção do federalismo em todo o país;


8.a reforma do poder judicial, assegurando ga-
No ano de 1844, o praieiro Antônio Chichorro rantias individuais para todo o cidadão;
da Gama foi indicado pelo Ministério Liberal para
9.a extinção dos juros convencionais;
presidente da província de Pernambuco, adotando
as mesmas práticas realizadas por Rego Barros como 10.a fim do sistema anual de recrutamento.
a nomeação de um corpo burocrático estritamente
liberal. Chichorro ainda elevou os impostos, causando
alta dos preços dos alimentos, o que causou grande
revolta entre a população.
Entretanto, a população culpou os comerciantes
portugueses pela elevação dos preços e para isso
contribuiu a atuação do presidente da província que Analisando as propostas, percebe-se uma
também indicou os portugueses como culpados. grande influência do socialismo utópico e da Revo-
Como resultado ocorreram intensos levantes popu- lução de 1848 na França. Principalmente se anali-
lares que perseguiam portugueses e depredavam sarmos propostas como a garantia de trabalho para
seus estabelecimentos comerciais. Alguns chegaram os indivíduos e a defesa de direitos individuais.
a ser executados, num movimento conhecido como
“mata marinheiros”.
O caos em Pernambuco foi um dos argumentos Outra importante liderança praieira era a do
utilizados por D. Pedro II para demitir, em 1848, o capitão Pedro Ivo, senhor de engenho que recrutou
Ministério Liberal, adotando um novo gabinete sa- cerca de 2 mil homens, entre eles índios e mestiços,
quarema, sob o comando de Pedro de Araújo Lima para lutarem a favor da revolta. Apesar da mobi-
(Visconde de Olinda). O novo ministério demitiu An- lização e de uma fracassada tentativa de tomada
tônio Chichorro da Gama da presidência da província. do Recife, os praieiros foram reprimidos por tropas
Este foi o estopim da Revolta Praieira de 1848. imperiais comandadas pelo coronel José Joaquim
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Coelho. Seus principais líderes foram presos e con- Por que as tarifas aduaneiras devidas, principalmente, ao
denados à prisão perpétua, mas foram anistiados Ministro da Fazenda Manuel Alves Branco são conside-
posteriormente. radas protecionistas? Por que a inovação chegou a ser
A Revolta Praieira de 1848 foi o último movi- combatida?
mento social significativo do Império do Brasil, ou
seja, com o seu fim, o Brasil experimentou anos de `` Solução:
estabilidade política interna até pelo menos à proxi- Elevaram acentuadamente os impostos para importações
midade da proclamação da República em 1889. de produtos estrangeiros e inviabilizava as relações co-
merciais com os ingleses.
O Ministério da 2. (UFRN) “Os poucos centros urbanos do Império tinham
uma atividade literária estimulada pela proliferação de
Conciliação (1853) livros franceses isentos de impostos de importação e
pela atuação de personalidades como Joaquim Nabu-
Com a derrota dos liberais praieiros e a esta- co, que se orgulhava de pensar em francês e preferia
bilização política interna, o Segundo Reinado pôde construções europeias, como a Via Appia e o Museu
observar uma experiência até então desconhecida: a do Louvre, a paisagens como a floresta amazônica e
existência de um gabinete de ministros formado por os pampas.”
liberais e saquaremas ao mesmo tempo, superando
o característico revezamento ministerial. (COTRIM, G. História e Consciência
Essa iniciativa é atribuída ao então chefe do do Brasil. São Paulo: Saraiva, 1997. p. 164. Adaptado.)
Conselho de Ministros Honório Hermeto Carneiro
Leão e é conhecida como Ministério da Conciliação. Do texto, pode-se deduzir que, no século XIX, a cultura
Na verdade, o Ministério da Conciliação tinha brasileira:
forte caráter conservador, diante da ampla vitória a) refletia um conjunto de atitudes próprias da pro-
saquarema nas eleições de 1852. A iniciativa de dução intelectual brasileira, a qual defendia uma
Hermeto Carneiro Leão foi bastante contestada por sociedade anticolonialista.
conservadores e liberais radicais. Mas a força dos b) inseria-se num contexto de dependência cultural,
chamados conservadores “moderados” fez com que caracterizada pela presença de intelectuais e erudi-
a conciliação fosse reeditada em 1862 com o nome tos apegados às ideias eurocêntricas.
de Liga Progressista, dessa vez sob o comando de
Zacarias Góis de Vasconcelos. c) resultava do pensamento das elites, que, abando-
Os defensores da conciliação defendiam a im- nando os regionalismos, iniciaram uma produção
portância da estabilidade política na manutenção intelectual nacionalista.
do desenvolvimento econômico do Brasil, expressos d) reunia as correntes filosóficas e artísticas nacionais
no progresso da lavoura cafeeira e na incipiente e europeias, que não manifestavam interesse pela
industrialização. natureza.
A conciliação durou, grosso modo, até 1868,
quando em plena Guerra do Paraguai (1865-1870), `` Solução: B
o Imperador retirou seu apoio ao gabinete de Zaca- 3. (Unesp) As ideias de Marx e Engels e suas propostas
rias Góis, adotando um ministério de conservadores transformadoras e de participação popular, influenciaram
“puros”. A iniciativa tinha como objetivo garantir a Revolução Francesa de 1848 e repercutiram no Brasil.
o apoio político necessário ao conservador duque Esclareça o que foi a Revolução Praieira e precise o seu
de Caxias, para que este pudesse obter a vitória desfecho.
no conflito.
`` Solução:
Movimento de críticas sociais, influências socialistas,
contou com o apoio de ruralistas ligados ao partido
liberal, defendia o voto universal e outros. O movimento
1. (Unesp) A orientação livre-cambista do Primeiro Reinado
não teve maiores consequências ao governo sendo
cedeu lugar ao protecionismo no Reinado de D. Pedro II.
repelido.
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4. (Ufscar) Analise a tabela.
A vida foi crescendo e a terra ficando menor, não
pequena. Cercada, a terra virou coisa de alguém, não
Número de cativos de todos, não comum. Virou a sorte de alguns e a
Ano importados pelo desgraça de tantos. Na história foi tema de revoltas,
porto da Bahia revoluções, transformações. A terra e a cerca. A
1826 7 858 terra e o grande proprietário. A terra e o sem terra.
E a morte.
1830 6 425
Muitas reformas se fizeram para dividir a terra, para
1840 1 675 torná-la de muitos e, quem sabe, até de todas as
1841 1 410 pessoas. Mas isso não aconteceu em todos os
lugares. A democracia esbarrou na cerca e se feriu
1842 1 410
nos seus arames farpados. (...) Onde se fez a reforma
1845 5 582 o progresso chegou. Mas a verdade é que até agora
1847 11 769 a cerca venceu, o que nasceu para todas as pessoas,
em poucas mãos ainda está.
1850 9 102
NO BRASIL, A TERRA, TAMBÉM CERCADA, ESTÁ
1851 785 NO CENTRO DA HISTÓRIA. Os pedaços que foram
democratizados custaram muito sangue, dor e
sofrimento. Virou poder de Portugal, dos coronéis,
(VERGER, Pierre. Fluxo e Refluxo. São Paulo: dos grandes grupos, virou privilégio, poder político,
Corrupio, 1987. p. 662-663.) base da exclusão, força de apartheid. Nas cidades
virou mansões e favelas. Virou absurdo sem limites,
A partir da análise da tabela, e considerando a Lei de tabu.
1831 e a Lei Eusébio de Queirós de 1850, responda o Mas é tanta, é tão grande, tão produtiva que a
que explica o número de cativos entrando no porto da cerca treme, os limites se rompem, a história muda
Bahia nos anos de: e ao longo do tempo o momento chega para
a) 1840. pensar diferente: a terra é bem planetário, não
b) 1851. pode ser privilégio de ninguém, é bem social e não
privado, é patrimônio da humanidade e não arma
`` Solução: do egoísmo particular de ninguém. É para produzir,
gerar alimentos, empregos, viver. É bem de todos
a) A queda no número de escravos no porto da Bahia para todos. Esse é o único destino possível para a
em 1840, está vinculada às pressões inglesas pelo terra. (...)”
fim do tráfico negreiro para o Brasil iniciadas em
1827 e ratificadas pelo governo regencial em 1831, (Herbert de Souza (Betinho), 1995.)
como lei, sem no entanto ser cumprida.
A questão da terra no Brasil não é nova. Foram muitos
b) A Lei Eusébio de Queirós, de 1850, aboliu definitiva-
os momentos em que se cogitou de sua resolução.
mente o tráfico negreiro para o Brasil, coincidindo
No entanto, as medidas até hoje tomadas, como a
com o crescimento da utilização da mão-de-obra
Lei de Terras de 1850, dificultaram o acesso à terra.
dos imigrantes na lavoura cafeeira, em expansão
Recentemente, essa questão voltou às páginas
naquele momento.
centrais do noticiário e merece prioridade por parte
do movimento da “Ação da Cidadania Contra a
Miséria e Pela Vida.”
a) Relacione a extinção do tráfico negreiro em 1850
com a Lei de Terra.
b) Cite dois episódios da História do Brasil Republi-
5. (UFRJ) Carta da Terra cano que justifiquem a frase “No Brasil, a terra,
também cercada, está no centro da história.”
“Um dia a vida surgiu na terra. A terra tinha com a
vida um cordão umbilical. A vida e a terra. A terra c) Identifique uma razão que vem retardando a
era grande e a vida pequena. Inicial. ­execução da Reforma Agrária no Brasil.
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c) em oposição ao 1.° Reinado, houve uma tendência
`` Solução:
para ampliar o poder em mãos dos chefes políticos
a) A possibilidade de uma previsível abolição e o locais - os coronéis - em nome da ordem e do for-
acesso a trabalhadores pobres de terem terras. talecimento da “Nação”.
b) A revolta de canudos e o movimento do cangaço. d) esse regime parlamentar foi a forma encontrada
para solucionar os conflitos entre o poder local e o
c) Os interesses de latifundiários e seus represen-
central, garantindo-se, com a Guarda Nacional e o
tantes no congresso nacional.
Senado vitalício, a autoridade provincial.
e) a vida política assegurava a livre participação de to-
dos os cidadãos, através de eleições democráticas
e diretas em todos os níveis.
3. (Cesgranrio) O processo de centralização monárquica que
1. (UERJ)
ocorre no Brasil, após 1840, acentuou-se através da:
a) promulgação do Ato Adicional à Constituição de
1824, que suprimia o Conselho de Estado, conser-
vava o Poder Moderador e a vitalicidade do Senado
e criava Assembleias nas Províncias.
b) criação da Guarda Nacional em 1931, constituída
de milícias compostas por fazendeiros e seus su-
bordinados, cujo objetivo era manter a ordem e re-
primir a anarquia.
c) promulgação do Código de Processo Criminal que,
além de reforçar e ampliar o poder do juiz de paz –
que detinha funções policiais e judiciárias nos mu-
nicípios –, aumentava a influência dos potentados
locais.
(O Mequetrefe. 9 jan. 1878.)
d) aprovação da Lei Interpretava do Ato Adicional e
da reforma do Código do Processo Criminal, que
A charge anterior retrata uma prática política vigente
diminuía os poderes das Assembleias Provinciais e
durante o Segundo Reinado, que permite caracterizar
colocava a polícia judiciária sob o controle do Exe-
a monarquia nesse período como:
cutivo Central.
a) unitária e conservadora, em que “o Imperador reina,
mas não governa”. e) dissolução da Regência Trina Permanente e a eleição
do padre Antônio Diogo Feijó para a Regência Una,
b) federativa e multipartidária, em que o Imperador ti- que propunha o fortalecimento do Executivo como
nha a função de mediar e moderar. forma de acabar com a anarquia nas províncias.
c) centralizada e “parlamentarista”, em que o Impera- 4. (Unirio)
dor era o árbitro entre os “partidos políticos”.
d) constitucional e unicameral, em que o poder mode-
rador era a chave da administração política.
2. (Cesgranrio) No 2.º Reinado, o parlamentarismo não
ofusca a importância do Poder Moderador, mas o siste-
ma como um todo expressa a hegemonia dos grandes
proprietários e o compromisso entre a centralização e
o poder local, de modo que:
a) os dois partidos – o Conservador e o Liberal – de-
pendiam estreitamente do Poder Moderador para
implementarem seu projeto político centralizador.
(Bandeira do Brasil imperial, século XIX, Rio de Janeiro. Museo Histórico
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b) com o Apogeu do Estado Imperial, foi possível redu-


Nacional, apud: ALENCASTRO, Luis Felipe de (Org.). História da
zir a intervenção política do Poder Moderador, e as-
sim abrir caminho à descentralização administrativa. Vida Privada no Brasil 2. São Paulo: Cia. das Letras, 1997.)

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A bandeira imperial, mostrada anteriormente, bem a) a composição ministerial era indicada pelo Impera-
representa a arquitetura política que se constrói em torno dor, mas dependia da aprovação do Legislativo.
da Coroa e que se consolida no Segundo Reinado. Os
b) o exercício do ministério estava limitado a um plano
ramos de café e tabaco, circundando a Coroa, querem
de ação imposto pelo Legislativo.
representar as bases de sustentação da mesma, ao
passo que ela – Coroa – representa a articulação c) os Ministros de Estado deveriam prestar contas de
daqueles interesses que a sustentam. Podemos afirmar seus atos ao Imperador e não ao Poder Legislativo.
que, a partir da Maioridade, a sustentação da Coroa e o
d) os Ministros de Estado eram escolhidos pelo Impe-
seu poder de articulação e representação de interesses
rador e não pelo Legislativo.
foram garantidos por um(a):
a) pacto anticentralismo que, inspirado no modelo par- e) os Ministros tinham prazo determinado para per-
lamentar inglês, reforçava o poder dos presidentes manecer no poder, mesmo fazendo um bom go-
de províncias e das assembleias provinciais. verno.

b) pacto entre liberais e conservadores que, ao limitar 7. (UFRS) Considere o texto a seguir.
o poder da Coroa, abria espaços para uma livre atu- “Nada mais conservador que um liberal no poder. Nada
ação das elites no nível local. mais liberal que um conservador na oposição...”
c) pacto das elites em torno da manutenção dos inte- (Oliveira Viana)
resses escravistas que a Coroa deveria garantir.
O texto refere-se:
d) articulação dos conservadores com a Coroa, que
previa uma completa exclusão dos liberais do ce- a) à política positivista durante a 1.ª República no RS, que
nário político. se orientava pela doutrina de Augusto Comte e tinha
como um de seus lemas: “conservar melhorando”.
e) reforma constitucional que, ao limitar o Poder Mo-
derador, garantia os espaços de atuação de liberais b) ao conflito político entre o partido português, que
e conservadores. queria conservar o Brasil nas mãos de Portugal, e
o partido brasileiro, que queria libertar o Brasil da
5. (UFPR) “O novo Imperador é um conhecedor e admira- dominação colonial, no início do século XIX.
dor das formas de governo liberais da Europa. Procura
seguir as regras do parlamentarismo inglês, que já es- c) à política parlamentar no Império Brasileiro, que fa-
tavam sendo seguidas por outros países. Com o correr zia aparentemente distinção entre políticos liberais
do tempo, a alternância dos partidos vai adquirir uma e conservadores.
certa regularidade”. d) à ideologia liberal inglesa, vinda para o Brasil no
século XIX, que entrou em conflito com a liberal
(LACOMBE, Américo J. História do Brasil. norte-americana, divulgada desde a Conjuração
São Paulo: Nacional, 1979. p.169.) Mineira.
e) aos conservadores e liberais, no período regencial,
O texto refere-se à política do Segundo Reinado, com
que se distinguiam ideologicamente por programas
D. Pedro II, cujas linhas gerais são bem definidas por
políticos opostos.
sua regularidade. Procure definir tais linhas, indicando
os partidos políticos envolvidos e o papel político do 8. (Fuvest) Durante o Império, a economia brasileira foi mar-
Imperador. cada por sensível dependência em relação à Inglaterra
6. (UFMG) Observe o esquema. e a outros países europeus. Essa situação foi alterada
em 1844 com:
PODER MODERADOR
a) a substituição do livre-cambismo por medidas pro-
CONSELHO DE ESTADO SENADO VITALÍCIO tecionistas, através da Tarifa Alves Branco.
GABINETE DE MINISTROS CÂMARA DOS DEPUTADOS
b) a criação da Presidência do Conselho de Ministros,
ELEIÇÕES
que fortaleceu a aristocracia rural.
Esse esquema representa a situação política brasileira c) a aprovação da Maioridade, que intensificou as re-
durante o II Reinado. lações econômicas com os Estados Unidos.
Nesse momento, o sistema parlamentarista foi conside- d) a eliminação do tráfico de escravos e a consequen-
rado às avessas porque: te liberação de capitais para novos investimentos.
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e) o estabelecimento do Convênio de Taubaté com a


intervenção do Estado na economia.
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9. (Unirio) A consolidação do Estado Imperial brasileiro, a) dificultava o acesso dos ex-escravos à proprieda-
na segunda década do Segundo Reinado, pode ser de da terra, estabelecendo o critério da compra
associado à(ao): e venda.
a) vitória do Partido Liberal, acomodando as manifes- b) estava associada a uma concepção de distribuição
tações autonomistas das Províncias. de terras para estimular a produção agrícola.
b) reforma da Constituição, limitando a ação do Poder c) facilitava a aquisição de terras pelos ex-escravos e
Moderador. imigrantes, ao associar terra livre e trabalho livre.
c) defesa conservadora da continuidade do tráfico d) estava vinculada à necessidade de expansão da
negreiro. fronteira agrícola e aquisição de terras na Amazônia.
d) antecipação da Maioridade, garantindo o apoio far- e) superava o antigo conceito de sesmaria, ao impe-
roupilha à monarquia. dir a concentração de terras nas mãos de poucos
proprietários.
e) domínio conservador, consolidando a centralização
política no poder monárquico. 13. (UFRS) Das rebeliões internas ocorridas no Brasil du-
rante o Segundo Reinado destaca-se o sentido social
10. (Cesgranrio) No século XIX, as décadas de 50 e 60 são
da Revolução Praieira de 1848, porque:
consideradas como o período de apogeu da história do
Império. Assinale a opção que apresenta uma caracte- a) o governo rebelde aprovou uma Constituição que
rística desse período: tornava cidadãos brasileiros os portugueses resi-
dentes no Brasil.
a) a superação das Rebeliões que marcaram o perí-
odo anterior e a estabilidade política simbolizada b) pelo “Manifesto ao Mundo” os revoltosos prega-
pela Conciliação. vam o voto livre e universal para os brasileiros.
b) a consolidação política dos liberais, que amenizou a c) o Imperador Pedro II estabeleceu uma política de
organização centralizada do Estado Imperial. conciliação, anistiando os líderes revoltosos e inte-
grando-os ao Senado Vitalício.
c) o encaminhamento da Abolição, o qual favoreceu
o desenvolvimento da lavoura cafeeira no vale do d) entre as intenções dos revoltosos estava o desejo
Paraíba. de livrar-se dos impostos excessivos sobre a extra-
ção do ouro.
d) a revogação da autonomia das Províncias e a ocor-
rência de movimentos revolucionários no Norte e e) o movimento visava isentar de servir no Exército
Nordeste. chefes de família e proprietários rurais.
e) o desenvolvimento material do período, a “Era 14. (Fuvest) A extinção do tráfico negreiro, em 1850:
Mauá”, que propiciou a consolidação do movimen-
a) reativou a escravização do Índio.
to republicano.
b) ocasionou a queda da produção cafeeira no Oeste
11. (Unirio) A consolidação do Império nas duas primeiras
Paulista.
décadas do Segundo Reinado está ligada à(ao):
c) acarretou uma crise na indústria naval.
a) afirmação do projeto autonomista liberal, pondo fim
às Rebeliões Provinciais. d) acentuou a crise comercial da segunda metade do
século XIX.
b) recuperação das lavouras tradicionais, como açú-
car, eliminando-se a hegemonia do setor cafeeiro. e) liberou capitais para outros setores da economia.
c) conciliação entre liberais e conservadores, para 15. (UFRS) No Império Brasileiro, a Lei de Terras (1850)
conter o crescente movimento republicano. determinou, para a política territorial:
d) hegemonia do projeto político conservador, centra- a) a extinção do morgadio.
lizado e que projetava a Coroa sobre os Partidos.
b) a suspensão definitiva da concessão de sesmarias.
e) encaminhamento da abolição, garantindo-se a
c) o início da concessão de terras aos escravos.
mão-de-obra à lavoura através da imigração.
d) a ocupação das terras devolutas mediante título de
12. (Fuvest) Sobre a Lei de Terras, decretada no mesmo
compra.
ano (1850) da Lei Eusébio de Queirós, que suprimiu o
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tráfico negreiro, é correto afirmar que: e) o estabelecimento de áreas para as reservas in-
dígenas.
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16. (Fuvest) O Bill Aberdeen, aprovado pelo Parlamento 2. (UFRS) Observe a charge a seguir:
inglês em 1845, foi:
a) uma lei que abolia a escravidão nas colônias ingle-
sas do Caribe e da África.
b) uma lei que autorizava a marinha inglesa a apresar
navios negreiros em qualquer parte do oceano.
c) um tratado pelo qual o governo brasileiro privilegia-
va a importação de mercadorias britânicas.
d) uma imposição legal de libertação dos rescém-nas-
cidos, filhos de mãe escrava.
(TÁVORA, Araken. D. Pedro II e o Seu Mundo.
e) uma proibição de importação de produtos brasilei-
Rio de Janeiro: Documentário, 1976. Releitura.)
ros para que não concorressem com os das colô-
nias antilhanas.
A charge faz alusão à prática política do Segundo
Reinado, quando o Imperador tinha grande influência
na dinâmica político-partidária. Essa ascendência do
monarca pode ser explicada devido:
a) à fraqueza dos partidos imperiais, que tinham qua-
1. (PUC–Rio) Sobre a religiosidade e a Igreja Católica no dros mal preparados politicamente.
século XIX, no Brasil, é correto afirmar que: b) à natureza peculiar do parlamentarismo brasileiro,
a) segundo as leis do Império, ao Imperador cabia caracterizado pela subordinação do Legislativo ao
o direito do padroado, nomeando bispos e outros Executivo.
titulares de cargos eclesiásticos no Brasil e, desta c) ao autoritarismo de Pedro II, que não permitia ne-
forma, subordinando a hierarquia da Igreja ao po- nhuma autonomia política aos partidos imperiais.
der imperial.
d) ao funcionamento precário do Parlamento brasi-
b) a Constituição de 1824 estabelecia a “Religião Ca- leiro, com espaço político reduzido em função das
tólica Apostólica Romana” como “Religião do Impé- restrições do Ato Adicional.
rio”, e, assim, proibia, terminantemente, o culto de
todas as outras religiões. e) às determinações do Conselho de Estado, que hi-
pertrofiava as atribuições do Executivo, em detri-
c) a quase totalidade da população brasileira era ca- mento da autonomia do Judiciário.
tólica e utilizava o espaço das igrejas para praticar a
religião. O episódio de Canudos, ao final do século, 3. (Mackenzie) “A figura de D. Pedro II, que de órfão da
representando um desvio nos cânones da Igreja nação se transformou em rei magestático, de imperador
pelos seguidores de Conselheiro, configurou uma tropical e mecenas do movimento romântico vira rei-
exceção. cidadão, para finalmente imortalizar-se no mártir exilado
e em um mito depois da morte.”
d) a união entre Igreja e Estado nem sempre se reali-
zou de forma harmônica. A “questão religiosa”, em (SCHWARCZ, Lilia M. As Barbas do Imperador.)
fins do Império, expressou a insatisfação de alguns
bispos perante a proibição do Imperador ao livre O texto descreve o imperador tropical, Pedro II, que
funcionamento das lojas maçônicas. governou o país por meio século, atuando como grande
e) enquanto algumas ordens religiosas, como a dos fator catalisador e mobilizador das forças sociais,
beneditinos e a dos carmelitas, estabeleceram-se preservando, com seu governo, sobretudo:
livremente, no Brasil, outras, como a dos jesuítas a) o poder das elites agrárias e a unidade territorial
e a dos franciscanos foram proibidas de construir do país.
igrejas e mosteiros.
b) a democracia liberal segundo os modelos europeus
da época.
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c) a ideia da modernização da nação através do apoio 6. (UERJ) “O Poder Moderador pode chamar a quem qui-
do governo ao desenvolvimento industrial e uma ser para organizar ministérios; esta pessoa faz a eleição,
política protecionista. porque há de fazê-la; esta eleição faz a maioria. Eis aí o
sistema representativo do nosso país!”
d) o equilíbrio social e a distribuição de renda, através
de políticas públicas para reduzir a exclusão.
e) as boas relações com os países platinos, privile-
giando as soluções diplomáticas nos conflitos.
4. (PUC Minas) No Brasil, D. Pedro II, durante o Segundo
Reinado, manteve uma estrutura burocrático-adminis-
trativa muito centralizada, exceto:
a) os juizes de paz, eleitos localmente, tiveram parte
de seu poder absorvido pelos delegados de polícia
nomeados pelo ministério da Justiça.
b) as despesas provinciais estavam incluídas no or- (NABUCO, Joaquim. Um Estadista do
çamento geral do Império, ficando o Presidente de Império. Rio de Janeiro: Topbooks, 1997. Adaptado.)
Província com as suas funções limitadas.
A caricatura de um jornal de época e o trecho do discurso
c) os senadores e deputados das províncias eram no-
do senador do Império Nabuco de Araújo retratam as
meados pelo Imperador através do Poder Modera-
práticas políticas vigentes no Império do Brasil, ao longo
dor, limitando assim a sua atuação.
do Segundo Reinado. Considerando os dados acima,
d) a arrecadação de impostos estava diretamente cite uma diferença entre o parlamentarismo vigente no
submetida ao arbítrio central, impossibilitando que Império do Brasil a partir de 1847 e o parlamentarismo
as províncias pudessem executar uma política fiscal praticado na Inglaterra nessa época.
própria. 7. (UFPR) Na(s) questão(ões) a seguir, escreva no espaço
e) as Assembleias Provinciais possuíam pequeno po- apropriado a soma dos itens corretos.
der efetivo considerando a rigidez da estrutura bu- Em 1850, o Segundo Império brasileiro atingiu seu
rocrática do governo imperial. apogeu. E esse apogeu coincidiu, historicamente, com
5. (UFRJ) “Ora, dizei-se: não é isto uma farsa? Não é isto o do primeiro ciclo do café, as questões platinas, o
um verdadeiro absolutismo, no estado em que se acham parlamentarismo e a arte neoclássica e romântica. No
as eleições no nosso país? (...) O poder moderador pode que diz respeito ao sistema parlamentarista brasileiro
chamar a quem quiser para organizar ministérios; esta do Império, é correto afirmar que:
pessoa faz a eleição porque há de fazê-la; esta eleição (01) O Imperador designava o presidente do Conselho
faz a maioria. Eis aí está o sistema representativo do de Ministros.
nosso país!”
(02) O Presidente do Conselho de Ministros escolhia os
demais ministros.
(ARAÚJO, Nabuco de. discurso ao Senado (17/07/1868).
Citado no Manifesto Republicano de 1870.) (04) Todos os ministros eram responsáveis perante a Câ-
mara de Deputados.
Tido como ponto de partida para o movimento de 15 (08) O parlamentarismo de então se pautava pelo mo-
de novembro de 1889, o Manifesto, em sua crítica ao delo inglês.
funcionamento das instituições políticas do Império,
questiona o Poder Moderador e o sistema parlamentar (16) O Monarca podia dissolver a Câmara de Deputados
vigentes na época. e convocar novas eleições.
a) Aponte o responsável pelo exercício do Poder Mo- (32) As eleições eram diretas e o sufrágio era universal,
derador, segundo a Constituição de 1824. durante a vigência do parlamentarismo do Império.
b) Explique, a partir do texto, o porquê de diversos his- 8. (UFRJ) “Enquanto pelo velho e novo mundo vai ressoando
toriadores considerarem o sistema parlamentar bra- o brado – emancipação da mulher –, nossa débil voz se
sileiro, de então, um “parlamentarismo às avessas.” levanta na capital do império de Santa Cruz, clamando:
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educai as mulheres!Povos do Brasil, que dizeis civilizados!
Governo, que vos dizeis liberal!Onde está a doação mais
importante dessa civilização,desse liberalismo?”
(FLORESTA, Nísia, 1853. In: História das Mulheres no Brasil.
São Paulo: Unesp/Contexto, 1977. p. 443.)

Nísia Floresta constituiu uma exceção na sociedade 11. (UFRJ) “... É da Europa que lhes vem, como imitamen-
brasileira de sua época. Dedicada ao ensino e à atividade to, a lição (...); na Europa fazem-se Constituintes. Eles
intelectual, sua biografia é um exemplo marcante de também querem Constituintes (...). Na Europa grita-se
atuação da mulher, num período em que o universo pela organização do trabalho e prega-se o comunismo;
feminino dos setores médios estava reduzido ao domínio aqui esse grito é correspondido pelo seu análogo –
da casa. guerra aos portugueses (...); se aqui os nossos revolu-
a) Descreva um elemento representativo dos costu- cionários-mirins esperaram que na Europa se fizessem
mes e comportamentos da mulher na sociedade Constituintes para aqui sentirem a necessidade de uma
brasileira de meados do século XIX. Constituinte, se porque na Europa se falava em direito
ao trabalho, também no Brasil já iam falando em direito ao
b) Indique uma mudança na posição da mulher brasileira
trabalho, cumpre que a repercussão dos acontecimentos
no século XX.
atuais da Europa seja também aqui sentida em prol da
consolidação da ordem.”

(QUINTAS, Amaro. O Sentido Social da Revolução


Praieira. Coleção Retratos do Brasil. Rio de Janeiro:
Civilização Brasileira, 1967. p. 70. v. 55.)

9. (UFPR) O conceito de cidadania adotado no Brasil O texto acima refere-se à Revolução Praieira, um dos
Império foi extremamente restritivo, excluindo do di- movimentos de caráter regional e social que marcaram
reito de votar a grande maioria da população. Indique o Brasil na primeira metade do século XIX. Nesse
como era o sistema eleitoral no Império. mesmo período, na Europa, intensificaram-se os
movimentos revolucionários de cunho liberal, nacional
e social, que culminaram em 1848 numa cisão entre a
“ordem e a revolução”.
10. (UFRN) Comparando os princípios do liberalismo clássi- a) Cite e explique uma razão da consolidação da or-
co com o liberalismo vigente no Brasil durante o século dem política no segundo Reinado, no Brasil, após o
XIX, Emília Viotti da Costa afirma: fim da Revolução Praieira.

“Os princípios associados ao liberalismo: o trabalho livre, 12. (UFRJ) “Art. 1.º Todos os escravos que entrarem no ter-
o governo baseado na soberania do povo, as formas ritório ou portos do Brasil, vindos de fora, ficam livres.”
representativas de governo, a divisão dos poderes, a (Lei de 07 nov. 1831).
supremacia da lei, a universalidade do direito à liberdade,
à propriedade e à igualdade perante a lei, todas essas “Art. 1.º As embarcações brasileiras encontradas em
noções típicas do credo liberal tinham dificuldade em qualquer parte e as estrangeiras encontradas nos
se afirmar numa sociedade que desprezava o trabalho, portos (...) ou mares territoriais do Brasil, tendo a seu
favorecia os laços de família e negava os direitos de bordo escravos, cuja importação é proibida pela lei
cidadão à maioria da população.” de 7 de novembro de 1831 (...) serão apreendidas
pelas Autoridades (...) e consideradas importadoras
(COSTA, Emília Viotti da. Liberalismo: teoria e prática. In:
de escravos.”
Da Monarquia à República: momentos decisivos.
6. ed. São Paulo: Editora da Unesp, 1999. “passim”.) (Lei 581 de 04 set. 1850).

O texto acima aponta diferenças entre o liberalismo, em A edição de leis sucessivas sobre a supressão do tráfico
seus princípios doutrinários, e o liberalismo brasileiro. de escravos para o Brasil demonstra a dificuldade das
Apresente dois aspectos em que o liberalismo brasileiro autoridades quanto ao tratamento do assunto.
do Segundo Reinado diferia dos valores defendidos
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a) Explique uma razão, articulada à situação da eco-


pelo liberalismo clássico e explique em que consiste nomia brasileira no século XIX, que levou ao não
essa diferença. cumprimento da lei de 1831.
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b) Aponte o motivo da edição da Lei de 1850 e da preo- 15. (UERJ) Analise os dados da tabela abaixo:
cupação com seu cumprimento.
13. (Mackenzie) Escravos importados pelo Brasil
no período de 1842-1852
I. O parlamentarismo às avessas consolidou o reve-
zamento dos partidos no poder e as eleições frau- ano 1842 1843 1844 1845 1846 1486
dulentas. esc. 17435 19045 22849 18453 50324 56172
II. O imperador apresentava-se à opinião pública ano 1848 1849 1850 1851 1852
como uma figura neutra, pois aparentemente não
esc. 60000 54000 23000 3387 700
era responsável pela escolha do ministério nem
pela composição da Câmara.
III. O parlamentarismo brasileiro seguia rigidamente A alternativa que indica corretamente a relação destes
o modelo europeu, sendo o poder de governar dados com a conjuntura do período é:
atribuição do chefe de governo e não do chefe a) a variação existente no período relaciona-se com a
de Estado. intensificação do tráfico interprovincial.
IV. O poder moderador contribuiu para que o parla- b) a tabela apresenta movimentos frequentes de au-
mentarismo brasileiro fosse autônomo e sem a in- mento e diminuição na entrada de escravos no Brasil
gerência do imperador. devido às crises constantes na produção cafeeira.
Relativamente às afirmações anteriores, referentes ao c) os escravos introduzidos no país neste período diri-
Parlamentarismo no Brasil durante o Segundo Reinado, giram-se preferencialmente para os engenhos açu-
podemos afirmar que: careiros no Nordeste, tradicional região escravista.
a) somente I e III são corretas. d) o movimento existente no período de 1845 a 1852
é explicado por dois acontecimentos: a aprovação,
b) somente I e II são corretas.
no Parlamento inglês, do Bill Aberdeen (1845), e a
c) somente III e IV são corretas. Lei Eusébio de Queiroz (1850).
d) todas são corretas. e) o movimento de importação de escravos a partir de
1850 explica-se em função da nova área produtora
e) todas são incorretas.
de café, o Oeste paulista, que preferia utilizar o tra-
14. (Mackenzie) balho livre do imigrante, mais produtivo.
Quem viver em Pernambuco 16. (Fuvest) Programa da Revolução Praieira:
Há de estar enganado 1) Voto livre e universal do povo brasileiro.
Que ou há de ser Cavalcanti
2) A plena e absoluta liberdade de comunicar os pen-
Ou há de ser cavalgado samentos por meio da imprensa.
(Quadra popular) 3) O trabalho, como garantia da vida para o cidadão
brasileiro.
A quadra acima lembra uma das causas da Revolução 4) O comércio a retalho só para os cidadãos brasileiros.
Praieira de 1848, em Pernambuco. Identifique-a nas
alternativas abaixo. 5) A inteira e efetiva independência dos poderes
constituídos.
a) A contestação dos tratados comerciais e a concor-
rência do charque estrangeiro com a produção local. 6) A extinção do Poder Moderador, e do direito de
agraciar.
b) A concentração de terras e poder político nas mãos
de famílias oligárquicas. 7) O elemento federal na nova organização.
c) O monopólio comercial em Recife estava em mãos 8) Completa reforma do Poder Judicial, em ordem
de comerciantes ingleses. para segurar as garantias dos direitos individuais
dos cidadãos.
d) A oposição do Partido da Praia às ideias socialistas
utópicas e causas populares. 9) Extinção da lei do convencional.
e) A ascensão de um governo liberal na Província de 10) Extinção do atual sistema de recrutamento.
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Pernambuco, favorável à extinção da escravidão.

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Quais das ideias contidas no programa acima aproximam
a Revolução Praieira das revoluções ocorridas na Europa
no mesmo período?
17. (UFMG) A organização do sistema político foi objeto
de discussões e conflitos ao longo do período imperial
no Brasil.Com relação ao contexto histórico do Brasil 19. (PUCPR) Sempre inspirando-se em modelos estran-
Imperial e aos problemas a ele relacionados, é correto geiros, o Brasil adotou também o sistema parlamen-
afirmar que: tarista de governo. Analise as afirmações:
a) a centralização do poder foi objeto de sérias dispu- I. O parlamentarismo imperial foi implantado por lei
tas ao longo de todo o século XIX e explica várias ordinária em 1847. Não se fez por emenda à Cons-
contendas internas às elites imperiais, como a Re- tituição.
belião Praieira. II. O sistema parlamentar significa a bipartição do
b) o Constitucionalismo ganhou força, fazendo com Poder Executivo: chefia de Estado e de Governo
que o Legislativo, o Executivo e o Judiciário se tor- exercidas por diferentes pessoas.
nassem independentes e harmônicos, o que aten- III. Tendo pequena importância durante o Império,
dia às queixas dos rebeldes da Balaiada. o Partido Republicano tentou inutilmente e por
c) o Federalismo de inspiração francesa e jacobina foi várias vezes revogar o sistema parlamentar.
uma das principais bandeiras do Partido Liberal, a IV. O parlamentarismo republicano foi a fórmula
partir da publicação do Manifesto Republicano, o que encontrada para acalmar os atritos políticos e
explica, entre outras, a Revolução Liberal de 1842. possibilitar a posse de João Goulart, tido por es-
d) os movimentos de contestação armada – como a querdista pelos chefes militares em 1961.
Revolução Farroupilha, a Sabinada ou a Cabanagem V. O parlamentarismo republicano revelou-se efi-
– tinham em comum a crítica liberal às tendências ciente, e sua flexibilidade permitiu a acalmia nas
absolutistas, persistentes no governo de D. Pedro II. lutas partidárias e agitações sociais no governo
18. (UFRJ) “A missão do governo, e principalmente do de João Goulart.
governo que representa o princípio conservador, não é Estão corretas as alternativas:
guerrear e exterminar famílias, antipatizar com nomes,
destruir influências que se fundam na grande proprie- a) I, II, III e IV.
dade, na riqueza, nas importâncias sociais; a missão b) II, III, IV e V.
de um governo conservador deve ser aproveitar essas
c) I, II, IV e V.
influências no interesse público, identificá-las com a
monarquia e com as instituições, dando-lhes prova de d) apenas I, II e IV.
confiança para que possa dominá-las e neutralizar as
e) apenas III, IV e V.
suas exagerações. Se representais o princípio conser-
vador, como quereis destruir a influência que se funda
na grande propriedade?”
20. (PUC-SP) “A enorme visibilidade do poder era sem
(ARAÚJO, Nabuco de. 1853. apud: NABUCO, Joaquim. dúvida em parte devida à própria monarquia com suas
Um Estadista do Império. 4. ed. Rio de Janeiro: 1975. p. 145.) pompas, seus rituais, com o carisma da figura real. Mas
era também fruto da centralização política do Estado.
No documento anterior, Nabuco de Araújo, um dos Havia quase unanimidade de opinião sobre o poder
nomes mais expressivos da elite política imperial, revela do Estado como sendo excessivo e opressor ou, pelo
uma preocupação com as dissidências que haviam pro- menos, inibidor da iniciativa pessoal, da liberdade indi-
porcionado grande desgaste para o regime monárquico vidual. Mas (...) este poder era em boa parte ilusório. A
e conclama seus correligionários a lutar pela manutenção burocracia do Estado era macrocefálica: tinha cabeça
das estruturas. Explique em que consistiu a política grande mas braços muito curtos. Agigantava-se na corte
de conciliação adotada pelo governo monárquico no mas não alcançava as municipalidades e mal atingia as
Segundo Reinado. províncias. (...) Daí a observação de que, apesar de
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suas limitações no que se referia à formulação e imple-
mentação de políticas, o governo passava a imagem do
todo-poderoso, era visto como o responsável por todo
o bem e todo o mal do Império.”

(CARVALHO, J. Murilo de. Teatro de Sombras.


Rio de Janeiro: IUPERJ/ Vértice, 1988.)

O fragmento acima refere-se ao II Império Brasileiro,


controlado por D. Pedro II e ocorrido entre 1840 e
1889. Do ponto de vista político, o II Império pode ser
representado como:
a) palco de enfrentamento entre liberais e conserva-
dores que, partindo de princípios políticos e ideo-
lógicos opostos, questionaram, com igual violência,
essa aparente centralização indicada na citação
acima e se uniram no Golpe da Maioridade.
b) jogo de aparências, em que a atuação política do
Imperador conheceu as mudanças e os momentos
de indefinição acima referidos – refletindo as pró-
prias oscilações e incertezas dos setores sociais
hegemônicos –, como bem exemplificado na ques-
tão da Abolição.
c) cenário de várias revoltas de caráter regionalista
– entre elas a Farroupilha e a Cabanagem – devi-
do à incapacidade do governo imperial controlar,
conforme mencionado na citação, as províncias e
regiões mais distantes da capital.
d) universo de plena difusão das ideias liberais, o que
implicou uma aceitação por parte do Imperador da
diminuição de seus poderes, conformando a situa-
ção apontada na citação e oferecendo condições
para a proclamação da República.
e) teatro para a plena manifestação do poder mode-
rador que, desde a Constituição de 1824, permitia
amplas possibilidades de intervenção políticas para
o Imperador – daí a ideia de centralização da cita-
ção – e que foi usado, no Segundo Reinado, para
encerrar os conflitos entre liberais e socialistas.
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14. E
15. D
1. C 16. B
2. A
3. D
4. C
5. O Imperador exercia o poder moderador e impedia os 1. A
conflitos dentro da elite dominante através da Parlamen-
tarismo às avessas, onde os partidos Conservadores e 2. B
Liberal se revezavam no poder. 3. A
6. D 4. C
7. C 5.
8. A a) O Poder Moderador foi instituído por D. Pedro I na
9. E Constituição de 1824, visando a centralização do po-
der na organização do Estado brasileiro.
10. A
b) Através do poder moderador, o imperador tinha
11. D poderes para dissolver a Câmara dos Deputados
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12. A e convocam novas eleições, descaracterizando as


finalidades do Parlamento.
13. B
18
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6. Uma dentre as diferenças: 17. A
No Brasil, o Imperador era peça-chave do sistema 18. Conciliação entre liberais e conservadores em um mes-
parlamentarista; na Inglaterra, o rei desempenhava papel mo gabinete de governo.
meramente formal.
19. D
No Brasil, as eleições para Câmara dos Deputados
eram, geralmente, resultado da escolha do Presidente 20. B
do Conselho de Ministros, feita pelo Imperador; na
Inglaterra, a indicação do Primeiro Ministro era fruto do
processo eleitoral.
7. 01 + 02 + 16 = 19
8.
a) O modelo da família patriarcal e seus desdobra-
mentos afetava o mundo feminino, tanto da mulher
escrava como da população livre e dos setores mé-
dios da sociedade, reservando-lhes a reprodução e
os afazeres domésticos.
b) O voto feminino, a liberalização dos costumes no
universo da mulher, através da introdução de mé-
todos anticoncepcionais mais seguros e dos novos
rearranjos familiares.
9. O sistema era censitário, ou seja, baseado em rendas e
de forma indireta, com níveis diferentes de eleitores.
10. O parlamentarismo implantado no Brasil (“parlamen-
tarismo às avessas”) no qual, na prática, o parlamento
não tinha o poder de decisão, uma vez que com o
poder Moderador o imperador poderia até dissolvê-lo
e a estrutura social caracterizada pelo escravismo con-
trariavam preceitos fundamentais do liberalismo, como
a representatividade dos cidadãos no poder do Estado
e a igualdade dos homens perante a lei.
11. Ocorreu a conciliação partidária que consistiu na for-
mação de um novo ministério, formado por liberais e
conservadores, que passou a controlar o país, reduzindo
os conflitos interpartidários.
12.
a) A extinção do tráfico comprometeria a reprodução
do trabalho escravo, essencial para a sustentação
da economia brasileira na época.
b) O aumento da pressão inglesa pelo fim do tráfico
negreiro a partir de 1845 (Bill Aberdeen, tanto mais
que a lei de 1831 não saíra do papel conforme es-
peravam os ingleses).
13. B
14. B
15. D
16. Movimento republicano, de caráter popular com influ-
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ências de socialistas utópicos, refletindo os movimentos


revolucionários, principalmente as características de
1830 e 1849.
19
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O Segundo
Reinado:
aspectos econômicos
e sociais
no Rio de Janeiro, atraído pela abundância de terras
férteis e de contingente de escravos liberados com
a crise da mineração, pela grande oferta de mulas
e animais de transporte e pela proximidade com o
porto do Rio de Janeiro.
O Brasil passou por um processo de grande Aos poucos, o café foi se tornando o principal
desenvolvimento econômico devido à ampliação produto de exportação brasileiro, até porque não
da produção cafeeira, que trouxe consigo a moder- exigia investimentos iniciais muito grandes, uma vez
nização da economia, com capitais destinados ao que a cultura do café dependia quase que exclusiva-
desenvolvimento urbano e à construção de ferrovias mente da mão-de-obra em suas etapas simplificadas
para o transporte da produção. de plantação, colheita e secagem dos grãos.
O café, somado à elevação das tarifas de 1844
e a difusão do uso da mão-de-obra assalariada de
base imigrante, foi responsável por um surto indus-
A produção no Vale do Paraíba
trial sem precedentes no Brasil independente. O
O café foi aos poucos se expandindo, atingin-
café que gerou prosperidade nos primeiros anos do
do a região de Barra Mansa, Resende, Vassouras
Império, trouxe consigo a ascensão de grupos sociais
e Valença, no Vale do Paraíba do Rio de Janeiro. A
responsáveis pelo fim da monarquia, como os barões
expansão era necessária, pois o cultivo do café es-
de café do oeste paulista.
gotava o solo em cerca de 15 anos, exigindo novas
áreas de cultivo. Além disso, o uso da mão-de-obra
A economia cafeeira escrava e de técnicas rudimentares acelerava a
degradação do solo.
O café (Coffea arabica) tem origem árabe e teve A Zona da Mata de Minas Gerais também foi alvo
seu consumo difundido a partir do século XVIII, com da produção cafeeira, assim como o Vale do Paraíba
o desenvolvimento urbano europeu atrelado aos paulista. Cidades como Bananal, Areias e São José do
avanços da Revolução Industrial. Os Estados Unidos Barreiro, Ubatuba e Caraguatatuba se desenvolveram
também logo se tornaram um dos principais destinos a partir do cultivo do café e, até 1870, a região do Vale
da produção brasileira. do Paraíba foi a principal produtora de café do Brasil.
Inicialmente, teve sua produção em larga escala Para isso, contribuíram o clima favorável e a pluvio-
nas colônias francesas do Haiti e Guiana Francesa, sidade regular, fazendo com que surgisse no Vale do
chegando ao Brasil no ano de 1727, no Pará. Mas, no Paraíba um poderoso grupo econômico, formado por
século XVIII, a produção no Brasil ainda era domésti- barões de café que inicialmente reforçavam os laços
ca atendendo a um consumo apenas restrito. Depois escravocratas, monocultores e agroexportadores da
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de passar por Santa Catarina, a produção de café economia brasileira. Este grupo passou a constituir
atingiu a Baixada Fluminense (início do século XIX) um dos pilares políticos do reinado de Dom Pedro II.
1
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A produção no Oeste paulista O problema da
A prosperidade do Vale do Paraíba foi limitada mão-de-obra no Brasil
pelo esgotamento do solo nas áreas de cultivo. À
medida que os cafezais se desgastavam no vale, a Como já visto, diante das pressões inglesas, o
produção se deslocava em direção ao oeste do es- Brasil assinou a Lei Eusébio de Queirós em 1850, que
tado de São Paulo, tendo como núcleos Campinas, dava fim ao tráfico negreiro intercontinental. Uma
Mogi-Guaçu e Ribeirão Preto pelos idos de 1830. A consequência imediata desta medida era a intensi-
produção atingiu o Paraná nas primeiras décadas ficação do tráfico interprovincial, preferencialmente
do século XX. no sentido nordeste–sudeste. Muitos senhores nor-
No Vale do Paraíba, as áreas de cultivo eram destinos, diante da atrofia de sua produção, vendiam
muitas vezes interrompidas pelos acidentes do a alto preço seus escravos para cafeicultores do Vale
relevo, sendo que muitos produtores utilizavam as do Paraíba, que utilizavam preferencialmente a mão-
encostas dos montes como regiões de plantação do -de-obra escrava.
café. Já no oeste paulista, a regularidade do relevo Apesar do tráfico interprovincial, a escassez
plano estimulava a formação de “mares de café” de mão-de-obra tornava-se evidente a cada ano. A
que contavam ainda com um tipo de solo de origem solução: a entrada de trabalhadores imigrantes.
vulcânica, a terra roxa, que elevava a produtividade No final do século XVIII, a Coroa portuguesa
da produção cafeeira. enviou colonos açorianos para o sul do território brasi-
A distância da produção no oeste paulista em leiro. O objetivo era garantir a ocupação do território,
relação aos centros de escoamento (porto do Rio de diante de possíveis invasões espanholas, sendo esta
Janeiro e porto de Santos) gerava a necessidade da uma das primeiras iniciativas estatais em relação à
construção de ferrovias. Portanto, os cafeicultores imigração para o Brasil.
do oeste paulista se empenharam numa rápida am-
pliação da malha ferroviária, construindo ferrovias
como a Santos–Jundiaí, a Itu–Campinas, a Mogiana
O sistema de parceria
e a Sorocabana. Na década de 1850, a produção cafeeira no oeste
A necessidade do empreendimento ferroviário paulista se desenvolvia francamente e convivia com
fez com que os produtores do oeste paulista desenvol- os sinais de escassez de mão-de-obra. Como vimos
vessem uma mentalidade moderna e empresarial, con- anteriormente, os barões de café desta região pos-
trastando com o tradicionalismo predominante entre suíam uma mentalidade modernizante, enquadrada
os cafeicultores do Vale do Paraíba. Esta diferença logo no projeto capitalista do século XIX.
se aplicará à política do Segundo Reinado, alterando Esses empresários cafeicultores perceberam
definitivamente os rumos da História do Brasil. que o imigrante poderia ser uma solução razoável
IESDE Brasil S.A.

para a escassez de mão-de-obra, uma vez que tinham


prévio conhecimento de técnicas agrícolas, amplian-
do a produtividade da lavoura do oeste paulista.
Havia vários fatores que estimulavam a saída de
imigrantes da Europa para o Brasil, entre eles:
•• as tensões sociais e políticas na europa,
como as revoluções liberais e as guerras de
unificação e independência;
•• a intensificação da exploração nas indústrias
europeias;
•• a crescente mecanização dos campos, a partir
do advento da Segunda Revolução Industrial.
Com isso, muitos camponeses eram expulsos
dos campos europeus;
•• a propaganda que estimulava o desejo de imi-
gração com promessas de ascenssão social
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e econômica e a esperança do imigrante em


encontrar terras disponíveis no Brasil.

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Era necessário agora criar um sistema para tra- de um Colono no Brasil. Tudo isto contribuía para o
zer o imigrante para o Brasil. O senador e cafeicultor desgaste do sistema de parceria.
Nicolau Campos Vergueiro criou então o sistema de
parceria, em que os custos da viagem para o Brasil
eram pagos pelos fazendeiros na forma de adian-
A imigração
tamento, assim como as primeiras despesas das subvencionada pelo Estado
famílias de imigrantes.
Com os protestos, os cafeicultores paulistas

Domínio público.
buscaram um outro sistema para trazer o imigrante
para o Brasil. Adotou-se a partir da década de 1870
a imigração subvencionada, em que o valor da pas-
sagem era pago pelo Estado reduzindo os gastos
dos cafeicultores.
Ao chegar ao Brasil, os imigrantes firmavam um
acordo com os cafeicultores de cerca de um ano, em
que ficava acertado o salário a ser pago, em função
da área de cafezais a ser cultivada. Além disso, os
Imigrantes. cafeicultores cediam pedaços de terra aos colonos
que poderiam produzir gêneros de subsistência e
Os trabalhadores pagariam o adiantamento vender os excedentes de produção.
(que era corrigido anualmente em 6%, sendo que os A imigração subvencionada consolidou a vinda
pagamentos não sofriam o mesmo acréscimo) com de imigrantes para o Brasil, que tendeu a se elevar
seu trabalho. Ao chegar ao Brasil, as famílias rece- a partir da década de 1870. A maioria dos imigran-
biam dois lotes de terra: um destinado à plantação tes destinava-se ao oeste paulista, o que elevava a
de subsistência e o outro para a plantação de café, produtividade de seus cafezais em relação a outras
cuja metade da produção era entregue ao fazendeiro. áreas como o Vale do Paraíba.
Era com essa produção que o imigrante pagaria sua
dívida e estava proibido de abandonar a fazenda
enquanto não a liquidasse. O surto industrial do
Os problemas logo apareceram. Muitos imi-
grantes eram recrutados sob promessas dos agentes
século XIX e a Era Mauá
europeus e se decepcionavam com o pesado trabalho Na segunda metade do século XIX, o Brasil
no Brasil. Outro fator importante era a mentalidade passou por um processo de diversificação de sua
escravocrata de muitos cafeicultores, que trata- economia, iniciando um processo de industrialização.
vam até mesmo a chibatadas seus trabalhadores Entre as condições que favoreceram este processo,
imigrantes. As dívidas dos imigrantes, ao invés de podemos destacar:
diminuirem, se ampliavam cada vez mais, pois eram
obrigados a comprar produtos para sua subsistência •• os efeitos da Tarifa Alves Branco de 1844.
em armazéns instalados nas fazendas. Apesar do objetivo do ministro Alves Branco
estar ligado à elevação da arrecadação de im-
Eram constantes os conflitos religiosos, pois postos, à elevação das tarifas alfandegárias
muitos imigrantes não eram católicos. Os imigrantes acabou protegendo a produção interna da
também acusavam os cafeicultores de destinarem concorrência inglesa, favorecendo o desen-
as melhores terras para os escravos, ficando eles volvimento industrial;
com as piores terras, o que somente aumentava
suas dívidas. •• a Lei Eusébio de Queirós, que ampliou a
O descontentamento foi bastante elevado, vinda de imigrantes e, consequentemente,
sendo que no ano de 1857, ocorreu em São Paulo, o trabalho assalariado no Brasil, incremen-
a Revolta de Ibicaba, contra o sistema de parceria. tando o mercado interno. Além disso, o fim
A revolta ocorreu na fazenda de Campos Vergueiro, do tráfico liberou capitais que até então
idealizador do sistema de parceria. O pastor pro- eram utilizados na compra de escravos e
testante chamado Thomas Davatz, que veio para que agora poderiam ser deslocados para
o Brasil relatou estes problemas no livro Memórias outras atividades;
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3
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•• os lucros do café, que foram aplicados em
obras de modernização da economia.
Esse processo de modernização da economia
deu origem a indústrias têxteis no Brasil, que nem
de longe tinham como objetivo concorrer com a pro- O empresário do Império
dução inglesa, mas sim produzir tecidos grosseiros,
Órfão de pai aos cinco anos – João Evangelista
destinados ao consumo da grande massa popular e
foi assassinado –, Irineu Evangelista de Sousa,
de escravos, devido ao seu baixo valor.
nascido em Arroio Grande (RS), em dezembro de
Uma das figuras mais eminentes deste processo 1813, mudou-se para o Rio de Janeiro em 1823.
foi Irineu Evangelista de Souza, o Barão de Mauá, que Aos 11 anos, era contínuo. Aos 15, o homem de
estava à frente dos principais empreendimentos do confiança do patrão. Aos 23, sócio de um escocês
período como o Banco Mauá, McGregor & Cia. e Casa excêntrico. Aos 30, um dos comerciantes mais ricos
Mauá & Cia., de atuação mesmo em outros países do Brasil. Era pouco: aos 32, Irineu decidiu virar
como França, Inglaterra e Estados Unidos. Mauá era industrial – o primeiro do Brasil. A crise de 1875
proprietário da Companhia de Gás do Rio de Janeiro, e a má vontade do governo o levaram a falência,
da Estrada de Ferro Mauá e da Rio-Petrópolis, e da em 1878. Mas Mauá pagou tudo o que devia. Ao
fundição e estaleiro da Ponta de Areia em Niterói. morrer, em outubro de 1889, perdera seu império
Domínio público.

industrial. Mas não devia nada a ninguém.


(BUENO, Eduardo. Brasil: uma história – a incrível saga de um país.)

Dessa maneira, Mauá enfrentou muitos proble-


mas financeiros com seus principais projetos, que
foram francamente assimilados pelo capital estrangei-
ro, como dos norte-americanos e britânicos. Apesar
disso, a modernização econômica estimulou o desen-
volvimento urbano, a reboque do processo de imigra-
ção. Apesar da ideia predominante de que todos os
Mauá.
imigrantes destinavam-se aos campos, muitos deles,
Envolveu-se na criação de várias ferrovias e na a exemplo dos espanhóis, portugueses, “turcos” e
instalação, no ano de 1874, de um cabo telegráfico, que judeus deslocavam-se em direção às cidades.
permitiu a comunicação entre o Brasil e a Europa.
Mauá era o protótipo do empresário capitalista
do século XIX e conduziu o Brasil a importantes alte-
A política externa
rações no quadro econômico. Porém, Mauá enfrentou Analisamos anteriormente os principais aspec-
sérias dificuldades ligadas às pressões inglesas tos da política interna brasileira, além de seus des-
contrárias a industrialização brasileira. Pressões que dobramentos econômicos. Mas os fatores da política
culminaram com a adoção da Tarifa Silva Ferraz em externa foram tão ou mais marcantes, e deixaram
1860, que novamente reduzia as tarifas alfandegárias, profundas sequelas no Estado brasileiro.
retirando a proteção à produção interna.
Com a Inglaterra, o Brasil envolveu-se num sério
A falta de incentivos do Estado imperial, for- conflito diplomático, envolvendo toda a intransigên-
temente ligado à tradicional lavoura escravista, cia do embaixador William Dougal Christie. A bacia
dificultava a consolidação do processo de moder- do Rio da Prata foi palco de disputas políticas que
nização, assim como a oposição da maciça aristo- culminaram com a Guerra do Paraguai, que ao con-
cracia tradicional. O grande número de escravos trário do que muitos imaginam, não deixou somente
e os reduzidos salários pagos aos trabalhadores marcas profundas no Paraguai. A monarquia brasileira
livres impediam, em tempos de Império, uma maior sofreu profundos abalos, corroendo-se diante da crise
expansão do mercado consumidor. financeira e da falta de apoio do Exército brasileiro.
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A questão Christie

IESDE Brasil S.A.


Dois incidentes, somados, estremeceram as
relações diplomáticas entre o Brasil e a Inglaterra, a
principal potência mundial no século XIX, o século
da Pax Britânica.
No ano de 1861, afundou no Rio Grande do Sul
o navio inglês Prince of Walles (Príncipe de Gales). A
carga do navio foi saqueada e o embaixador inglês
no Brasil William Dougal Christie exigiu que o Brasil
pagasse indenização à Inglaterra, além da presença
de um capitão inglês para acompanhar a investigação
e indicar os culpados.
Domínio público.

Questão platina.

Desde sua independência, a Argentina sonhava


com a formação de um grande Estado, que englobas-
Christie.
se países como o Paraguai e o Uruguai, reeditando
o antigo Vice-Reino do Rio da Prata. Já o Paraguai
Em 1862, três oficiais da marinha inglesa sem
enfrentava um sério dilema: a ausência de saída
farda, foram detidos por desordem e embriaguês,
para o mar fazia com que sua economia estivesse
mas foram soltos logo que identificados. Christie
dependente de Buenos Aires para escoamento da
achou um absurdo, exigindo que os responsáveis
produção, ameaçando sua autonomia.
pela prisão fossem julgados. Diante da negativa bra-
sileira, Christie ordenou que três navios mercantes O Brasil defendia a livre navegação na bacia
brasileiros ancorados na Baía de Guanabara fossem do Rio da Prata, assim como a Inglaterra. Ambos
apreendidos. estavam interessados na utilização do conjunto de
rios para escoamento de suas produções.
A intransigência de Christie foi seguida de mui-
tos protestos antibritânicos por parte da população
brasileira. O caso foi submetido à arbitragem interna- O desenvolvimento do Paraguai
cional do rei da Bélgica, que deu ganho de causa ao
Brasil. Dom Pedro II exigia a retratação da Inglaterra O governo paraguaio desde cedo adotou uma
e como a Inglaterra não se retratou, o Brasil rompeu postura diferenciada em relação às demais nações
ligações diplomáticas. No ano de 1865, a Inglaterra da América do Sul. Da independência do Paraguai
apresentou pedido formal de desculpas, reatando em 1814 até 1840 governou o país o ditador Gaspar
ligações diplomáticas com o Brasil. Rodrigues de Francia, que confiscou propriedades
agrícolas da elite, passando o Estado a monopolizar
a produção de erva-mate, madeira e tabaco, bases
A questão platina da economia paraguaia. Surgiam as “fazendas da
pátria” em que os camponeses trabalhavam para
Começaremos a analisar o conjunto de inciden- o Estado. Não havia escravidão no Paraguai, o que
tes que acabou culminado com a Guerra do Paraguai favorecia ainda mais a ampliação da produção.
em 1865, envolvendo a disputa da bacia do Rio da
Seu sucessor foi seu sobrinho Carlos Antônio Ló-
Prata, região composta por vários rios e de grande
pez que investiu pesado no desenvolvimento militar
importância comercial para países como a Argentina,
e em tecnologia aplicada à produção. Daí surgiram
Uruguai, Brasil e Paraguai.
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fábricas de papel, vidro, cerâmica, tecidos, estaleiros, Rosas também pretendia restringir a navegação es-
além da produção de trilhos para ferrovia na fundição trangeira nos rios da bacia do Prata. As províncias
de Ibicuí. O analfabetismo foi praticamente extirpado insurgidas receberam o apoio das tropas brasileiras e
pelo governo paraguaio. uruguaias, e o resultado desta aliança foi a derrubada
de Rosas do governo argentino.
Domínio público.

Domínio público.
A intervenção brasileira
contra Aguirre (1864)
Depois de um breve período de paz, em 1864 o
blanco Atanásio Aguirre foi escolhido presidente do
Uruguai, reacendendo os conflitos na região platina,
Francia. López. após nova invasão uruguaia no Rio Grande do Sul,
seguida de roubo de cabeças de gado e agressões
O progresso econômico acabou ampliando a contra os fazendeiros brasileiros. Vale lembrar que
produção e a exportação do Paraguai baseada na as incursões de estancieiros brasileiros no Uruguai
erva-mate, fazendo com que a dependência em visando roubar gado eram comuns. Dom Pedro II,
relação a outros países quanto à navegação se tor- pressionado por estancieiros do Rio Grande do Sul,
nasse um problema ainda maior, pois o Paraguai era exigiu proteção à propriedade dos brasileiros e a
duplamente ameaçado. O Brasil pretendia tomar o escolha de blancos moderados para administrar o
território paraguaio entre os rios Branco e Apa, e a Uruguai. Após a negativa de Aguirre, o Brasil decidiu
Argentina pretendia anexar o Chaco paraguaio. A invadir o Uruguai em 1864, instalando na presidência
saída encontrada por Carlos López foi a assinatura de o colorado Venâncio Flores.
um Tratado de Amizade com o Uruguai em 1850. Aguirre tinha um forte aliado: o presidente do
Paraguai Francisco Solano López, que governava des-
A intervenção brasileira contra de 1862. Solano pretendia anexar o Uruguai, além das
províncias argentinas de Entre-Rios e Corrientes, crian-
Oribe e Rosas (1851-1852) do uma grande república, que teria uma saída para o
Oceano Atlântico. Plano que encontrava forte oposição
No meio destas disputas se encontrava o Uru- tanto da Argentina, quanto do Brasil e da Inglaterra.
guai. Embora fosse um país com uma pequena popu- Em represália à invasão brasileira, que conside-
lação e desenvolvimento restrito, o Uruguai ocupava rou ser breve, Solano López apreendeu em Assunção
uma importante posição geográfica, no estuário do o navio brasileiro Marquês de Olinda, no dia 11 de
Rio da Prata. Após a independência do Uruguai no novembro de 1864. Muitos autores consideram o apri-
ano de 1828, surgiram dois grupamentos políticos: os sionamento do navio Marquês de Olinda o estopim
blancos (conservadores) e os colorados (liberais). da Guerra do Paraguai.
Os blancos eram liderados por Manuel Oribe e No dia 13 de novembro, Solano López invadiu
representavam os interesses dos grandes pecuaris- o Mato Grosso do Sul e lançou os preparativos para
tas uruguaios, tradicionais inimigos dos fazendeiros a invasão do Mato Grosso. Mais tarde invadiu a pro-
brasileiros, mas aliados do ditador argentino Juan víncia Argentina de Corrientes, estimulando Brasil,
Manuel Rosas. Já os colorados eram chefiados por Argentina e Uruguai a formarem a Tríplice Aliança
Frutuoso Rivera e representavam os interesses dos contra o Paraguai, no ano de 1865.
comerciantes de Montevidéu, aliados do Brasil.
No ano de 1834, Manuel Oribe venceu as
eleições presidenciais e, em 1851, tropas sob seu A Guerra do Paraguai
comando invadiram fazendas do Rio Grande do Sul,
saqueando cabeças de gado com o apoio do presi- (1865-1870)
dente argentino Juan Manuel Rosas, interessado em
anexar o Uruguai. Sob ordens de Dom Pedro II, as No início do conflito, ficou clara a superioridade
tropas brasileiras comandadas por Caxias invadiram militar paraguaia: seus cerca de 80 mil homens en-
o Uruguai e derrubaram Oribe. frentariam os quase 30 mil homens de toda a Tríplice
Aliança. Esta superioridade era aparente, pois a
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Na Argentina, as províncias federalistas de En-


população paraguaia beirava os 900 mil habitantes
tre-Rios e Corrientes organizaram uma revolta contra
enquanto Brasil, Argentina e Uruguai contavam com
a política centralizadora de Rosas, em Buenos Aires.
cerca de 27 milhões de pessoas.
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Diante da escassez inicial de homens, Dom nas. As tropas brasileiras chegaram em Assunção em
Pedro II tentou recrutar a Guarda Nacional, que 1869, quando Dom Pedro II substituiu Caxias pelo seu
resistiu à convocação. Recrutou-se então uma tropa genro Conde D’Eu no comando do Exército. O marido
conhecida como os Voluntários da Pátria, composta da princesa Isabel perseguiu Solano López até o Cerro-
por muitos escravos e recém-alforriados, obrigados Corá, onde este morreu em 1.º de março de 1870.
a se alistarem.
Apesar da ofensiva inicial de Solano López, o Resultados do conflito
Brasil contra-atacou com a marinha comandada pelo
Almirante Barroso, que deu um duro golpe na mari- O que mais chama atenção em relação à Guerra
nha paraguaia na batalha do Riachuelo (11 de junho do Paraguai, foi a destruição do Paraguai. A popula-
de 1865). A partir deste episódio, o Brasil passou a ção foi reduzida de 900 mil para 200 mil habitantes,
atuar de forma ofensiva sobre o território paraguaio, sendo que 90% eram mulheres. As antigas fazendas
utilizando-se de sua superior marinha, comandada estatais foram extintas, dando lugar a latifúndios
pelo Almirante Tamandaré. particulares entregues à especulação imobiliária de
Em 1866, os aliados sagraram-se vitoriosos na vários grupos, entre eles, de empresários ingleses.
batalha do Tuiuti, mas a morte de mais de quatro As incipientes indústrias foram arrasadas.
mil homens brasileiros derrotados na batalha de O Brasil sofreu fortemente os efeitos do conflito,
Curupaiti (22 de setembro de 1866) levou o Duque pois teve que obter altíssimos empréstimos junto a
de Caxias ao comando das tropas brasileiras, em banqueiros ingleses para sustentar o conflito.
substituição ao Almirante Tamandaré.
Durante muito tempo se acreditou na perspec-
Domínio público.

tiva de que a Inglaterra foi a grande articuladora e


beneficiária do conflito, buscando anular o autono-
mismo paraguaio em nome do imperialismo. Diante
desta perspectiva, Solano López figura como um
grande herói da América Latina, ao resistir ao projeto
dominador britânico. Porém, os estudos mais recen-
tes apontam que não interessava tanto a Inglaterra
um conflito na região, pois seus interesses comerciais
seriam prejudicados. Além disso, a historiografia tem
questionado a figura de Solano López como grande
herói, diante das denúncias de torturas e assassina-
tos, muito comuns na ditadura paraguaia.
Guerra do Paraguai.
A historiografia atual tem procurado atribuir
a Guerra do Paraguai aos interesses dos quatro Es-
Caxias enfrentou de início um grave problema: a
tados Nacionais em questão, interesses descritos
retirada de seus aliados. Desanimados com a derrota
anteriormente, sem negar que se por um lado o Brasil
em Curupaiti, os uruguaios se retiraram do conflito.
conheceu uma profunda crise financeira após o con-
Diante de uma revolta na Argentina, o comandante
flito, os cofres ingleses aguardavam com ansiedade
Bartolomeu Mitre resolveu retornar para Buenos Ai-
a dívida contraída pelo Brasil.
res, fazendo com que o Brasil sustentasse a guerra
praticamente sozinho. Outra consequência importante da Guerra do
Paraguai foi a modernização e o fortalecimento do
Domínio público.

Exército, que consciente da sua importância, passou


a exigir espaço para sua atuação política. Este é outro
fator que iria abalar as bases políticas do Império,
contribuindo para o desgaste que culminou com a
Proclamação da República em 15 de novembro de
1889.

Uma visão lúcida


Caxias.
Em meio ao cipoal de teses e controvérsias
que, cerca de 150 anos depois, ainda cercam
Com a reformulação do Exército brasileiro por
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a Guerra do Paraguai, uma das análises mais


Caxias, o Brasil passou a obter várias vitórias a partir
lúcidas é a do historiador inglês Leslie Bethel,
de 1866: as vitórias de Itororó, Avaí, Lomas e Valenti-
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E não apenas intelectuais faziam este ques-
professor de História da América Latina da
tionamento. Muitos cafeicultores e empresários do
Universidade de Londres. [...] Seus argumentos
oeste paulista também passaram a exercer críticas
podem ser resumidos da seguinte forma: “A
ao governo de Dom Pedro II, exigindo apoio para a
Guerra do Paraguai não era inevitável. Também
construção de ferrovias e para a imigração subven-
não era necessária... Nem o Brasil nem a Argen-
cionada. A Igreja gradativamente se incomodou com
tina tinham uma contenda suficientemente séria
os desmandos do Imperador, que exercia forte influ-
com o Paraguai que justificasse uma situação
ência devido ao Padroado, presente na constituição
de guerra. A guerra não era uma reivindica-
brasileira de 1824.
ção popular. Na verdade, a guerra provou ser
impopular, falando em termos genéricos, nos Nesse processo de desgaste, a Guerra do Para-
dois países, mas sobretudo na Argentina. Mas guai (1865-1870) é considerada por muitos como um
a necessidade de se defender contra a agressão divisor de águas. A crise financeira provocada pela
paraguaia (fosse ela em grande parte provo- guerra sepultou as iniciativas de empresários como
cada ou justificada) ofereceu aos dois países Mauá. O exército brasileiro modernizou-se durante o
(Brasil e Argentina) uma oportunidade de fazer conflito e não aceitaria a sua posição pouco expres-
um “acerto de contas” com o Paraguai, bem siva no cenário político nacional.
como de punir e enfraquecer, talvez mesmo de A Lei Áurea (1888) também teve um impacto
destruir, um poder emergente e preocupante muito negativo sobre o Império Brasileiro, fazendo
dentro de sua zona de influência... Dessa forma, com que os latifundiários escravistas rompessem
as imprudentes ações de López trouxeram à com a Coroa. Resultado: o isolamento da monarquia
tona exatamente a coisa que mais ameaçava e a proclamação da República em 15 de novembro
a segurança e até mesmo a existência de seu de 1889.
país: uma união entre dois vizinhos poderosos
em uma guerra contra ele... D. Pedro II também
parece ter aproveitado a chance de afirmar a A questão religiosa
inquestionável hegemonia brasileira na região
(talvez em toda a América do Sul) e, sobretudo, A Constituição de 1824 oficializou o cristianis-
de estabelecer a hegemonia sobre o Paraguai, mo como religião de Estado e submeteu a Igreja ao
em lugar de uma hegemonia argentina”. seu poder por intermédio do Padroado, que garantia
uma série de prerrogativas ao Imperador em relação
(BUENO, Eduardo. Brasil: uma história – a incrível saga de à Igreja, como a nomeação dos cargos eclesiásticos
um país. 2. ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 216-217.) e a aprovação (beneplácito) das ordens emitidas
pelo papa.
Nos anos 70 do século XIX ocorreu a reação do
episcopado brasileiro contra o Padroado envolvendo
A crise do Segundo Reinado a Bula Syllabus (1864) decretada pelo papa Pio IX
que proibia as relações entre católicos e maçons. A
e o advento da República proibição não foi aprovada pelo imperador, uma vez
que muitos padres faziam parte de lojas maçônicas
Durante o Segundo Reinado, o Brasil passou por e muitos maçons participavam de irmandades reli-
significativas mudanças nos campos social, político e giosas e da administração imperial.
econômico. A economia prosperava com a produção
Em 1873, o bispo de Olinda (Dom Vital Maria
cafeeira e na segunda metade do século XIX, sur-
de Oliveira) e o bispo de Belém (Dom Antonio
giram as primeiras indústrias através da iniciativa
de Macedo Costa), tentando fazer prevalecer a
particular de homens como Mauá.
decisão do papa exposta na Bula Syllabus, resol-
A reboque deste desenvolvimento econômico, veram fechar todas as irmandades religiosas de
as cidades cresciam abrigando uma classe média Pernambuco e do Pará que se negavam a expulsar
formada por alguns intelectuais de renome como os maçons de seus quadros. Diante da desobedi-
Joaquim Nabuco. Muitos destes intelectuais pas- ência dos bispos o governo imperial condenou-os
saram a questionar o governo imperial, em seu con- a quatro anos de prisão com trabalhos forçados em
servadorismo e incapacidade de atuar no sentido da 1874. Apesar de terem sido anistiados em 1875, a
modernização do país. Dom Pedro II tinha como uma repercussão desta medida imperial foi bastante
de suas bases políticas os latifundiários escravistas negativa, pois motivou um gradativo afastamento
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que, muitas vezes, se opunham às transformações da Igreja em relação ao governo.


econômicas que o Brasil passava em nome do tradi-
cionalismo da plantation escravista.
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A questão militar Francisco Nascimento. Esse cearense havia liderado
um movimento de jangadeiros que se negavam a
O Exército brasileiro, até a Guerra do Paraguai, transportar escravos da praia aos navios que os le-
era uma instituição marginalizada e sujeita ao desca- variam para serem vendidos em outras províncias.
so das autoridades civis e da administração imperial, O coronel Cunha Matos foi preso, em 1886, por
que privilegiava a Marinha, para onde iam os filhos ter se pronunciado publicamente contra o desvio de
da aristocracia rural brasileira. Porém, a Guerra do materiais do exército e do soldo da tropa no Piauí e
Paraguai foi fundamental para a modernização e poli- por ter respondido à imprensa os ataques do depu-
tização do Exército brasileiro, que vitorioso na guerra, tado Simplício de Rezende. A prisão de Cunha Matos
adquiriu uma consciência política que o transformou provocou grande agitação na imprensa e uma insa-
num instrumento de defesa do abolicionismo e do tisfação generalizada entre os militares.
republicanismo. O Exército, representando as clas- Sena Madureira, no Rio Grande do Sul, se pro-
ses médias de onde provinham a quase totalidade nunciou através de um artigo publicado no jornal
dos oficiais, se contrapunha ao elitismo aristocrático republicano A Federação, tornando público o caso de
do governo imperial e das outras forças armadas — sua homenagem ao jangadeiro cearense. O marechal
Marinha e Guarda Nacional — que representavam e Deodoro da Fonseca, presidente da província do Rio
pertenciam à elite proprietária. Grande do Sul, desobedecendo ordem do Ministério
Uma das principais influências políticas do da Guerra e quebrando, assim, a disciplina hierár-
Exército brasileiro era o positivismo difundido entre quica, não puniu Sena Madureira.
a jovem oficialidade na Escola Militar pelo coronel e Deodoro da Fonseca, por ter desobedecido or-
professor Benjamin Constant. O Positivismo é uma dem superior e por ter permitido reuniões de oficiais
corrente filosófica criada pelo francês Auguste Comte gaúchos favoráveis a Sena Madureira, foi destituído
(1798-1857) que prega a reforma intelectual do homem, da presidência gaúcha e, por ter se pronunciado, en-
defende que só há progresso quando as classes estão tristecido, contras as ofensas sofridas por ele e seus
irmanadas e prega a ideia de ordem e progresso. companheiros de farda, foi também destituído do car-
go de comandante-das-armas do Rio Grande do Sul.
Domínio público.

Deodoro da Fonseca, no Rio de Janeiro, assinou


um manifesto que exigia do governo uma solução con-
tra as medidas antimilitares. O governo, pressionado,
cedeu às exigências e retirou as penalidades impos-
tas aos oficiais e a proibição de se pronunciarem sobre
assuntos políticos através da imprensa. Era a vitória
dos militares sobre o poder civil: fato que evidenciava
Benjamin Constant. claramente a fragilidade do governo imperial.
Domínio público.

Baseado no Positivismo, o Exército brasileiro


desenvolveu o Ideal de Salvação Nacional em que o
exército tinha a missão de salvar o país dos vícios e
da degradação política, simbolizando a ordem sobre
a qual se erigiria o progresso. Esta ordem seria man-
tida com a instalação de um regime forte, de uma
república ditatorial sob a chefia militar.
Alguns incidentes acabaram motivando o exér- Deodoro da Fonseca.
cito a se opor cada vez mais à Monarquia. No ano de
1883, o tenente-coronel Sena Madureira se pronun- Todos esses incidentes contribuíram para o
ciou, através da imprensa, contra um projeto de lei desgaste do governo imperial, engajando o exército
que reformava o Montepio Militar (pensão) e tornava no movimento republicano. A ideologia republicana
a contribuição obrigatória, inclusive para os milita- se difundia rapidamente entre elementos da oficiali-
res. O projeto caiu, e Sena Madureira foi advertido dade, principalmente após a Guerra do Paraguai, em
pelo Ministério da Guerra, pois os militares estavam que as tropas brasileiras tiveram contato com tropas
proibidos de se manifestar publicamente. de repúblicas como a Argentina e Uruguai.
Em 1884, outro incidente envolvendo Sena Ma- Também era notório e gradativo o envolvimen-
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dureira, que foi exonerado do cargo de comandante to do Exército brasileiro com a causa abolicionista,
da Escola de Tiro do Exército (RJ) por ter prestado, exigindo que escravos que lutaram na Guerra do
naquele recinto, homenagem ao jangadeiro cearense Paraguai fossem alforriados.
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A questão da mão-de-obra Além da classe média, do exército e dos cafei-
cultores do oeste paulista, havia pressão de várias
e o movimento abolicionista instituições antiescravistas internacionais e na-
cionais (Sociedade Brasileira contra a Escravidão,
Com o passar dos anos do século XIX, acentu- Associação Central Abolicionista, Confederação
avam-se os brados do movimento abolicionista no Abolicionista).
Brasil, em que a sociedade começou a se mobilizar É claro, também, que as constantes fugas e re-
e a assumir, estrategicamente, uma posição aboli- voltas dos escravos negros tornavam a escravidão
cionista clara e direta. Vários segmentos sociais co- insustentável. Em suas revoltas, acabaram ganhan-
meçaram a se posicionar em defesa da libertação do do o apoio dos caifases, homens que, assumindo
negro, motivado por fatores como a participação do diretamente a luta antiescravista, organizavam
negro na Guerra do Paraguai e a ação do exército que incursões pelas fazendas, estimulavam os negros
passou a se negar a perseguir o escravo fugido. à revolta contra os senhores, ajudavam-nos a fu-
Ao mesmo tempo, as classes médias inseriram, gir, enfrentavam a polícia em defesa dos fugitivos
em suas reivindicações políticas, o abolicionismo, e organizavam refúgios para que estes vivessem
pois comerciantes e grupos ligados à indústria em liberdade. O principal líder dos caifases era
viam na abolição a possibilidade de ampliação dos Antonio Bento.
mercados consumidores. Um dos membros da clas- Somam-se, ainda, as pressões da Inglaterra
se média era o intelectual Joaquim Nabuco. Além desde 1810, que geraram medidas como a Lei Eusé-
de parlamentar, destacou-se por suas importantes bio de Queirós de 1850, proibindo o tráfico negreiro
obras em que criticava abertamente o abolicionismo. intercontinental. Diante das pressões de todos os
Além de Joaquim Nabuco outros se destacaram no grupos citados, o Império do Brasil buscou medidas
combate à escravidão como José do Patrocínio, Luís de distensão que pudessem acalmar os ânimos dos
Gama, Castro Alves e Silva Jardim. abolicionistas sem com isso desarticular a produção
da aristocracia escravista, base política da monar-
quia. Entre essas medidas podemos destacar:
•• A Lei do Ventre Livre (1871) elaborada pelo
Visconde do Rio Branco. Esta lei declarava
livres todos os filhos de mãe escrava nasci-
dos partir da promulgação da lei. O menino
“Porque a escravidão, assim como arruína eco-
nascido ficaria sob tutela do senhor de
nomicamente o país, impossibilita o seu progresso
sua mãe até o oitavo aniversário, quando
material, corrompe-lhe o caráter, desmoraliza-lhe
então o senhor poderia optar entre receber
os elementos constitutivos, tira-lhe a energia e
uma indenização do governo ou utilizar-se
a resuloção, rebaixa a política; habitua-o ao ser-
do trabalho desse negro até os 21 anos
vilismo, impede a imigração, desonra o trabalho
completos.
manual, retarda a aparição das indústrias, promo-
ve a bancarrota, desvia os capitais do seu curso •• A Lei dos Sexagenários (1885) ou Lei
natural, afasta as máquinas, excita o ódio entre Saraiva-Cotegipe que concedia liberdade
classes, produz uma aparência ilusória de ordem, aos escravos com mais de 60 anos de idade.
bem-estar e riqueza, a qual encobre os abismos Entretanto, o índice médio de vida do negro
da anarquia moral, de miséria e destruição, que de girava em torno de 30 anos.
norte a sul margeiam todo o nosso futuro”.
•• A Lei Áurea (13 de maio de 1888) assinada
(Joaquim Nabuco. O Abolicionismo.) pela princesa Isabel, diante da ausência de
Dom Pedro II, abolia definitivamente a escra-
vidão no Brasil. A quantidade de escravos,
por essa época, era de aproximadamente
720 000 para uma população de 13 500 000
A aristocracia cafeeira do oeste paulista, res-
habitantes, ou seja, a população escrava era
ponsável pela introdução da mão-de-obra assalariada
de mais ou menos 5% em relação à população
imigrante na lavoura, tornou-se simpática à causa
livre, até porque, desde a extinção do tráfico
da abolição, conscientizando-se de que o trabalho
negreiro, em 1850, reduziu-se bruscamente a
escravo, pela sua falta de dinâmica e baixa produti-
entrada de escravos no Brasil.
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vidade, era inoperante e prejudicial.

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•• instalação de um regime republicano fe-

Domínio público.
derativo que asseguraria a autonomia das
províncias.
As ideias republicanas se propagaram rapida-
mente e várias províncias, depois de 1870, criaram
seus próprios partidos republicanos. O mais destaca-
do de todos eles foi o Partido Republicano Paulista
(PRP), criado em 1872 e que em 1873, na Convenção
Republicana de Itu, desenvolveu seu programa polí-
tico de acordo com os ideais da aristocracia cafeeira
do oeste paulista ligados aos incentivos à moderni-
zação econômica através de ferrovias, por exemplo,
a vinda de imigrantes para o Brasil e subsídios para
a produção cafeeira.
Diante das pressões crescentes do movimen-
Não houve indenização para os proprietários to republicano, que ainda receberia adesão de
nem para os negros, que foram atirados no mundo membros da classe média e do exército, o então
dos brancos sem nenhuma garantia ou assistência. Chefe do Conselho de Ministros Visconde de Ouro
Passaram a conhecer o desemprego sendo que mui- Preto apresentou em 1869 à Câmara um programa
tos optaram em permanecer nas fazendas, diante da da reformas que tinha como objetivo tentar anu-
escassez de oportunidades no mundo do trabalho lar a propaganda republicana e refrear o ímpeto
livre para uma mão-de-obra de pouca qualificação. revolucionário do exército. Entre as propostas de
reforma estavam:

O movimento republicano •• autonomia às províncias e aos municípios;


•• liberdade de culto e de ensino;
A origem do Partido Republicano está na queda •• fim da vitaliciedade do Senado;
do gabinete conciliador de Zacarias de Góis (1868).
Até 1868 liberais e conservadores estavam juntos •• reforma do Conselho de Estado, que passaria
em um mesmo gabinete, numa tentativa conciliató- a ter função meramente administrativa;
ria diante do revezamento ministerial característico •• ampliação e facilidade de crédito ao comércio
dos primeiros anos de Segundo Reinado. A queda do e especialmente à lavoura.
gabinete de Zacarias Góis foi por causa da Guerra
do Paraguai, uma vez que Dom Pedro II optou pela As propostas reformistas de Ouro Preto não
indicação de um ministério formado apenas por con- foram aprovadas pela Câmara e esta foi dissolvida.
servadores, para garantir a base política necessária O descrédito do governo aumentava enquanto o PRP
ao também conservador Duque de Caxias, então e alguns militares articulavam a proclamação da re-
chefe das tropas brasileiras no conflito. pública. Entre os membros mais influentes estavam
Quintino Bocaiúva, Aristides Lobo, Rui Barbosa,
Essa medida provocou uma divisão (dissidên-
Francisco Glicério, José do Patrocínio, Lopes Trovão,
cia) no Partido Liberal (Moderados e Radicais) e uma
Benjamin Constant e Sólon Ribeiro.
ruptura com o imperador, de maneira que em 1869
um grupo de liberais radicais composto por Quintino
Bocaiúva, Rangel Pestana e Saldanha Marinho assu-
miu o republicanismo e formou o Partido Radical. Em
1870, o Partido Radical deu origem ao Partido Repu-
blicano (PR), lançando no mesmo ano o Manifesto
Republicano que defendia: Com a proclamação da Lei Áurea em 1888, o
•• a extinção do senado vitalício, do Conselho movimento republicano ganhou ainda a adesão
de Estado e do Poder Moderador; dos latifundiários escravistas, que se sentiram
•• separação entre Igreja e Estado, acabando traídos pelo Estado Imperial, passando a compor
com instituições como o Padroado; o grupos dos “republicanos de 13 de maior”.
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•• eleições diretas e não mais em dois níveis;

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A proclamação da Considerando as ações empreendidas por Mauá,
tanto no setor industrial quanto no setor de serviços,
República (15/11/1889) exemplifique:
a) duas condições econômicas que possibilitaram es-
Deodoro da Fonseca aceitou a chefia do movi- sas ações;
mento republicano sob a condição de que deveria
b) duas melhorias urbanas introduzidas na Era Mauá.
ocorrer sem violência. O fator que estimulou a procla-
mação da República foi o boato espalhado pelo major
`` Solução:
Sólon Ribeiro, para agitar os meios militares, de que
o Visconde de Ouro Preto havia decretado a prisão a) A proibição do tráfico negreiro (1845) disponibi-
de Deodoro da Fonseca e de Benjamin Constant. O lizou capitais canalizados para a industrialização
Visconde de Ouro Preto refugiou-se no Ministério da e atividades de prestação de serviço enquanto a
Guerra acreditando na proteção do ajudante-general tarifa Alves Branco (1844), ao dificultar as im-
do Exército, Floriano Peixoto. portações, criava condições para a implantação
Deodoro da Fonseca, comandando as tropas de indústrias favorecidas pela existência do mer-
sublevadas, invadiu o Ministério da Guerra e depôs cado nacional.
o primeiro-ministro Visconde de Ouro Preto. Floriano b) Como melhorias urbanas decorrentes dos investi-
Peixoto não reagiu ao golpe militar. Sem lutas e sem mentos do Barão de Mauá destacam-se: a ilumi-
a participação do povo foi proclamada a República. nação a gás, os transportes coletivos e o serviço de
A proclamação da República foi resultado da coleta de lixo.
aliança entre exército e fazendeiros de café do oeste 2. (UFMG) Leia a frase:
paulista, inaugurando uma nova fase da vida política
brasileira em que novas classes sociais vão ditar seus “Precisamos de braços [...] no intuito de aumentar a
interesses dando continuidade à marginalização da concorrência de trabalhadores e, mediante a lei da oferta
maior parte da população. A proclamação não signi- e procura, diminuir o salário.”
ficou um rompimento no processo histórico brasileiro,
(Fala de um deputado paulista, Anais da Câmara,1888.)
pois a estrutura econômica continuou tendo por base
a agroexportação e o país permaneceu na dependên-
cia do capital e dos mercados internacionais. A frase acima se refere:
a) à polêmica em torno da preparação dos trabalha-
Domínio público.

dores brasileiros, visando a sua adequação ao tra-


balho no interior das fábricas.
b) à discussão frente às revoltas populares que, no fi-
nal do século XIX, reivindicavam a manutenção dos
níveis salariais.
c) ao debate em torno da política imigratória, que
permitiu a criação de condições para sustentar a
Proclamação da República. expansão cafeeira.
d) à proposta de solução para a escassez de mão-de-
-obra escrava no centro-sul do país, no contexto do
abolicionismo.

`` Solução: C
1. (UERJ) Leia o trecho abaixo, extraído das memórias do
Barão e Visconde de Mauá. 3. (Adaptado) Foi tão grande o impacto da publicação
e divulgação de “A origem das espécies”, de Charles
Era já então, como é hoje ainda, minha opinião que o Brasil Darwin, em 1859, que sua teoria passou a constituir
precisava de alguma indústria (...) para que o mecanismo uma espécie de paradigma de época, diluindo antigas
de sua vida econômica possa funcionar com vantagem; e disputas.
a indústria que manipula o ferro, sendo a mãe das outras,
me parecia o alicerce dessa aspiração. (SCHWARCZ, Lilia M. O Espetáculo das Raças.
São Paulo: Cia. das Letras, 1993, p. 54. Adaptado.)
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(PRIORE, Mary del et al. Documentos de História do Brasil:


de Cabral aos anos 90. São Paulo: Scipione, 1997. Adaptado.)

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a) Qual a tese central da teoria de Charles Darwin?
b) Por que esta teoria significou uma ruptura com as
ideias religiosas dominantes na época?
c) No final do século XIX, quais aspectos da política
de imigração para o Brasil estavam relacionados às 5. (Elite) Na Guerra do Paraguai, ficou célebre o epi-
teses darwinistas? sódio da Retirada da Laguna retratado dessa forma
pelo escritor Eduardo Bueno: “[...] Forçados a bater
`` Solução: em retirada, foram acometidos por epidemias de
a) Evolução das espécies por meio da seleção natural, cólera-morbo e febres palustres. Toda a sorte de
com a sobrevivência dos mais aptos. perigos e privações, todos os atos de desespero e de
heroísmo, foram brilhantemente e minuciosamente
b) Até então, prevalecia a concepção religiosa cristã descritos por Alfredo d’Escragnolle Taunay em seu
de que o homem foi criado por Deus, a partir de livro A Retirada da Laguna (...)”
Adão e Eva.
(BUENO, Eduardo. Brasil: uma história – a incrível saga
c) Incentivo à vinda de imigrantes europeus, principal- de um país. 2 ed. São Paulo: Ática, 2003. p. 215.)
mente para a lavoura de café. Ideal de “branque-
mento” da população. a) Caracterize, em linhas gerais, a Guerra do Para-
4. (UFV) O trecho a seguir foi reproduzido pela revista Veja guai (1865-1870).
em sua edição de 30/8/2000, numa reportagem sobre a b) Liste bacterioses, viroses e protozooses de vei-
edição no Brasil de parte da obra do escritor português culação hídrica que poderiam tornar-se epidê-
Eça de Queiroz. micas nesta situação.
“Falemos da mala deste príncipe ilustre! Ela deixa na
`` Solução:
Europa uma lenda soberba. Durante meses, viu-o o
Velho Mundo sulcar os mares, atravessar as capitais, a) Conflito sul-americano envolvendo o Paraguai
medir os monumentos, costear os montes, visitar os contra a tríplice aliança formada por Brasil,
reis, ensinar os sábios – com sua mala na mão! Que Argentina e Uruguai. As ações expansionistas
continha ela? Tal se nos afigura a verdade – a mala não paraguaias provocaram o conflito e sua derrota
guardava nada! A mala era uma insígnia. Como a coroa levou a um processo de destruição econômica
é o sinal de sua realeza no Brasil, a mala era o sinal da que dura até os dias de hoje.
sua democracia na Europa. A mala formava o seu cetro
b) bacterioses: cólera e disenterias (ex.: salmonelose);
de viagem – como o perpétuo chapéu baixo constitui a
sua coroa de caminho de ferro.” viroses: enteroviroses (ex.: rotavírus);
Nesse trecho o escritor lusitano destila uma crítica protozooses: amebíase e giardíase.
mordaz ao Imperador Dom Pedro II em viagem pela
Europa em 1872. As críticas contra Dom Pedro II podem
6. (Mackenzie) Na década de 1870, as relações entre o
ser interpretadas como um reflexo da política externa
Estado e a Igreja se tornaram tensas. A união entre o
brasileira, principalmente em relação ao Velho Mundo
trono e o altar, prevista na Constituição de 1824, re-
e à Guerra do Paraguai, terminada em 1870.
presentava, em si mesma, fonte potencial de conflito.
Assinale a alternativa que não expressa um dos motivos (Boris Fausto)
que provocaram a Guerra do Paraguai:
Identifique a causa fundamental do conflito mencionado
a) Expansionismo territorial paraguaio.
pelo texto acima.
b) Imposição por parte do Brasil de um controle rigo- a) O Estado, durante o império, reconhecia a religião
roso à navegação na bacia do rio da Prata. católica como oficial mas não interferia nas ques-
c) Apoio do Brasil aos “colorados” no Uruguai. tões eclesiásticas.
d) Violações de fronteira na região Sul do país. b) Na década de 1870, o clero não passou a exigir
maior autonomia frente ao Estado.
e) Apreensão brasileira em relação a uma possível
união dos países platinos. c) Em virtude do beneplácito, a proibição do papa do
ingresso de maçons nas irmandades desencadeou
`` Solução: B um atrito entre Estado e Igreja, resultando na prisão
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de dois bispos pelo governo.

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d) Pelo fato de a maçonaria não ter nenhuma expres- d) seu repúdio às discussões travadas na época que
são na política interna do império, a proibição papal envolviam a liberdade dos filhos de escravos nasci-
não trouxe repercussões. dos a partir de então.
e) O Estado laico foi implantado logo após o conflito e) sua frieza diante de questões de importância para
com a Igreja, para contornar a oposição do clero ao o meio urbano, revelando o peso do setor rural na
Imperador. sociedade brasileira.

`` Solução: C `` Solução: D
7. (Cesgranrio) No período da chamada “crise do império”,
a partir de 1870, vários fatores contribuíram para pro-
vocar a queda da monarquia, em 1889, dentre os quais
se destaca o(a):
a) envolvimento continuado do Império em conflitos 1. (UERJ) No final do século XIX, já existiam condições
externos, principalmente na região platina. para o início da industrialização que desencadeou
gradativamente o capitalismo. No Brasil, para que esse
b) conflito entre o Império e a Igreja, que era simpática processo ocorresse, foram decisivos a mão-de-obra
às novas ideias filosóficas como o Positivismo. disponível − sobretudo de imigrantes −, um mercado
c) incompatibilidade de amplos setores do exército interno e a existência de:
com a monarquia. a) escravos tecnicamente capacitados.
d) expansão da lavoura cafeeira e da indústria, am- b) fundições de ferro e siderurgia.
pliando o uso da mão-de-obra escrava.
c) capitais oriundos do café.
e) posição contrária ao federalismo adotada pelos re-
publicanos, o que lhes garantiu o apoio das oligar- d) ferrovias interligadas.
quias agrárias. e) tecnologias de ponta.

`` Solução: C 2. (UFF) “A primeira geração de proletários brasileiros


convivera, nas fábricas e nas cidades, com trabalhadores
8. (UFRJ) “Felizmente chegaram os jornaes de modas escravos durante várias décadas. Este fato caracteriza
de Paris. Das invenções estamos agora livres! Pai (es- toda a fase inicial do processo de formação do proleta-
cravocrata, largando o Jornal). [sic] Livres? o quê? dos riado como classe no Brasil”.
ventres? Não me fallem nisso!”
(FOOT, F.; LEONARDI, V. História da Indústria e do
(A Semana Ilustrada, 1871. Citado em História da Vida Privada.) Trabalho no Brasil. São Paulo: Global, 1992. p. 111.)

Assinale a opção que se refere incorretamente à


questão focalizada pelo texto na segunda metade do
século XIX.
a) Os trabalhadores nacionais, tidos como preguiço-
sos, deviam ser controlados pelo aparato policial e
judicial.
A charge acima retrata o conflito entre a modernização b) O regime escravista propiciava a formação de ide-
e a tradição, típico da sociedade (elite) brasileira na ologias que valorizavam o trabalho manual, consi-
segunda metade do século XIX. O comentário do pai, derado honroso para o homem e fonte da riqueza
naquele momento, expressa: nacional.
a) sua revolta frente à difusão de uma liberalização da c) A política de repressão à vadiagem era direcionada,
moda feminina, rompendo o conservadorismo exis- principalmente, ao liberto, a ser reeducado numa
tente até então nos hábitos da elite brasileira. nova ética do trabalho.
b) sua indignação frente à dissolução dos costumes e d) A imagem ideal do trabalhador era representada
aos riscos que uma gravidez indesejada e fora do pelo estrangeiro, portador em potencial da civiliza-
casamento podiam causar à moral familiar. ção e da modernização do país.
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c) sua defesa da moda tradicional brasileira ameaçada e) Dentre as primeiras categorias de proletários brasi-
cada vez mais por costumes exóticos trazidos ao leiros, formados no século XIX, encontravam-se os
Brasil por publicações estrangeiras. ferroviários, estivadores, portuários e têxteis.
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3. (Unirio) A imigração para o Brasil de expressivos con- a) expansão do consumo externo, progressos técni-
tingentes de europeus, na segunda metade do século cos, abertura de créditos, desenvolvimento das fer-
XIX, pode ser associada à: rovias e introdução da mão-de-obra escrava.
a) ampliação da força de trabalho artesanal nas cida- b) expansão das áreas cultivadas na Província Flumi-
des para atender à produção de exportação. nense, tráfico interprovincial de escravos, avanços
tecnológicos, créditos externos e maior consumo
b) introdução do sistema de parceria na produção de
interno.
café, garantindo a continuidade da produção do
Vale do Paraíba. c) expansão ferroviária, crescimento do Oeste Novo
paulista, aumento do tráfico negreiro, maior consu-
c) substituição do trabalho escravo na lavoura, o qual
mo interno e externo e chegada dos imigrantes.
entrou em declínio a partir da proibição do tráfico.
d) incentivos estatais à produção, créditos do Banco
d) Lei Áurea, que, ao abolir a escravidão, permitiu a
do Brasil, introdução do trabalho livre, desenvolvi-
introdução de trabalhadores livres no país.
mento ferroviário e aumento das áreas cultivadas
e) valorização do trabalho agrícola, impedindo o de- em Minas Gerais.
senvolvimento do setor industrial.
e) substituição do escravo pelo imigrante, capitais in-
4. (Cesgranrio) A figura de Irineu Evangelista de Souza, Ba- gleses, introdução de máquinas modernas, eleva-
rão e Visconde de Mauá, simboliza as transformações da ção dos preços e rápida urbanização.
economia no século XIX, em razão da sua atividade de:
7. (Cesgranrio) “Na 2.ª metade do século XIX e particu-
a) empresário envolvido em atividades capitalistas larmente os últimos anos do Império, é inegável que o
como bancos, indústrias e estradas de ferro. setor urbano da economia tenha começado a atingir
um desenvolvimento e uma importância capazes de
b) comerciante de escravos, representando, no Rio de
diferenciá-lo significativamente do setor rural (...).
Janeiro, os principais traficantes internacionais.
O grande fazendeiro paulista fazia parte de uma dinâmica
c) representante dos principais importadores de pro-
econômica muito mais próxima daquilo que chamaríamos
dutos ingleses no Brasil.
de Capitalismo. Mais acostumados com as finanças,
d) parlamentar defensor das políticas protecionistas com os créditos, possuía seus próprios esquemas de
adotadas pelo Império. comercialização do café, não vivia nas fazendas, mas tinha
e) produtor de café no vale do Paraíba fluminense. sua residência nas vistosas mansões dos Campos Elíseos
ou de Higienópolis, na cidade de São Paulo.”
5. (UFRJ) “Num mundo onde os grande empresários
privados costumavam ter uma única empresa, Mauá (MARANHÃO, Ricardo; MENDES JR., Antônio. Brasil Histórico.)
apostou na diversificação. No país onde agricultura
parecia destino manifesto, ele montava uma indústria A partir dos seus conhecimentos e da leitura do texto,
atrás da outra.” deduz-se que o cultivo do café não possibilitou:
a) um predomínio econômico dos plantadores paulis-
(CALDEIRA, Jorge. Mauá: empresário do Império. tas sobre os plantadores fluminenses.
São Paulo: Companhia das Letras, 1996. p. 18.)
b) um crescimento urbano populacional significativo.
Na segunda metade do século XIX, o Brasil destaca- c) um atrelamento dos fazendeiros paulistas aos seto-
-se por uma vocação essencialmente agrária. Neste res mais dinâmicos da produção.
sentido, o texto acima aponta para o exemplo de uma
d) uma instrumentalização do comércio praticada pe-
ação individual empreendida em direção à abertura de
las camadas médias da sociedade.
indústrias durante o Império. Nessa perspectiva:
a) aponte dois aspectos da estrutura econômica bra- e) um ganho de “foros de nobreza”, mesmo que não
sileira no Segundo Reinado. pelo nascimento, pelos fazendeiros paulistas.

b) indique duas características da tentativa de indus- 8. (Cesgranrio) Na segunda metade do século XIX, a
trialização empreendida por Irineu Evangelista de introdução, de forma crescente, de trabalhadores livres
Sousa, o Visconde de Mauá. na economia brasileira está ligada à:

6. (Cesgranrio) No Brasil, a expansão cafeeira, na segunda a) crise da escravidão, principalmente após o fim do
tráfico negreiro.
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metade do século XIX, pode ser identificada a partir das


seguintes características: b) restrição de diversos países europeus à imigração
de seus excedentes nacionais.
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c) forma pacífica como foi encaminhada a Abolição, marca a insatisfação mútua entre os governos brasileiro e
permitindo a utilização do antigo escravo como tra- inglês. O embaixador William Christie apresentou-se pre-
balhador livre. potente em suas decisões, gerando grande indisposição
junto às lideranças do Império.
d) acelerada criação de indústrias de base que não
utilizavam trabalho escravo. Dentre as razões para a referida questão, podemos
destacar:
e) política contrária à escravidão, adotada pelo gover-
no imperial ao longo de toda a sua história. a) a recusa brasileira em formar a Tríplice Aliança para
a atuação na Guerra do Paraguai.
9. (Fuvest) “... o que de coração desejo é ver concluída esta
maldita guerra, que já tanto tem arruinado nosso país.” b) o saque promovido por brasileiros ao navio inglês
“Prince of Wales”, no Nordeste.
(Ofício confidencial de Caxias dirigido ao Ministro da c) o incidente sofrido por marinheiros ingleses presos
Guerra brasileiro, em Tuiuti, 10 de junho de 1867.) por policiais brasileiros, além do saque ao navio in-
glês no Sul.
a) A que guerra Caxias se refere? Que países estavam
nela envolvidos? d) a decisão do governo de D. Pedro II em manter
as Tarifas Alves Branco que davam privilégios aos
b) Quais as repercussões dessa guerra para o Brasil? produtos nacionais, gerando prejuízos aos gêneros
10. (Unirio) O envolvimento do Brasil em sucessivos conflitos ingleses.
na região platina, na segunda metade do século XIX, 14. (PUC-Campinas) Leia os trechos do poema.
pode ser explicado pela(o):
O Leão Britânico ruge,
a) tradicional rivalidade entre Brasil e Argentina com
Impera,
vistas ao controle do estuário do Prata, culminando
com a derrubada de Rosas naquele país. Domina,
Quer o mundo a seus pés;
b) neutralidade do Império em relação à política uru-
guaia, obrigação assumida quando da Indepen- (...)
dência da Cisplatina. O Leão não admite concorrência,
c) independência do Paraguai, apoiada pela Argenti- Para isso tem dentes ávidos,
na, e suas pretensões expansionistas sobre o terri- Estômago de máquina a vapor,
tório brasileiro. Cérebro capaz de gerar navios,
d) apoio inglês, à restauração do Vice-Reino do Prata, Frotas, esquadras inteiras,
criando uma unidade de domínio na região. Ele próprio ancorado
e) conflito do Império Brasileiro com os países platinos No canal da Mancha.
em torno da competição no comércio de produtos O Leão se alimenta de ouro, prata,
pecuários. De toneladas de algodão,
11. (UFSM) O resultado final da Guerra do Paraguai foi dra- Devora carne humana
mático para os derrotados, porém os vencedores também Com sua boca de fornalha.
sofreram consequências; dentre elas, pode-se citar:
Que é esse esquilo
a) reforma constitucional conservadora. Que incomoda a sua cauda?
b) rompimento de relações diplomáticas com a França. Essa república insubmissa
c) recrudescimento da dependência da economia Fora do controle de suas unhas?
brasileira ao capital inglês. (...)
d) desmantelamento do Exército. Com intrigas e chacinas,
e) fechamento dos portos. Há que se jogar irmão contra irmão
Na América Latina.
12. (Fuvest) Analise duas consequências da Guerra do
Paraguai para a vida interna do Brasil. (NAVEIRA, Raquel. Guerra entre Irmãos.
13. (Elite) A Questão Christie (1863-1865) está inserida no Campo Grande: s/ed., 1993, p. 17-18.)
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panorama político do governo imperial de D. Pedro II, mais


precisamente no tocante à política externa, e teve por O poema traduz uma interpretação do envolvimento
direto da Inglaterra na Guerra:
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a) da Cisplatina, disputa entre Argentina e Brasil para a) surgimento do apartheid.
decidir a quem pertenceria a chamada “Banda
b) permanência do racismo.
Oriental” (atual Uruguai).
c) formação da sociedade de classe.
b) do Pacífico, um conflito entre Argentina e Paraguai
pela disputa de uma saída para o Oceano Pacífico. d) decadência do sistema de estamentos.
c) do Paraguai, momento em que a Tríplice Aliança 18. (Cesgranrio) O conceito de crise utilizado para definir
desencandeia uma luta contra o interesse do Para- as duas últimas décadas da história do Império brasi-
guai de obter acesso ao Oceano Atlântico. leiro está associado a uma multiplicidade de processos,
dentre os quais destaca-se a:
d) contra Aguirre, quando as forças militares do go-
verno brasileiro invadiram o Uruguai, em razão dos a) insatisfação do Partido Conservador com as me-
conflitos de terra na fronteira entre os dois países. didas liberalizantes, da monarquia sintetizadas nas
leis abolicionistas.
e) contra Rosas, marcando um intenso conflito entre Bra-
sil e Argentina pela anexação do Uruguai e Paraguai. b) retração geral da economia do país provocada pela
crise da escravidão.
15. (Vunesp) No século XIX, em suas relações com os
países da América Latina, marcadas por conflitos de c) crescente militarização do regime graças ao fortale-
fronteiras, o Brasil: cimento do Exército após a Guerra do Paraguai.
a) aliou-se à Argentina contra os demais interessados d) grande incidência de movimentos sociais, incluindo
na Bacia Platina. desde a rebelião de escravos a greves de operários,
todos adeptos da república.
b) incorporou-se ao Vice-Reinado do Prata, opondo-
se à Argentina. e) organização dos partidos e grupos republicanos
representativos de setores sociais insatisfeitos com
c) assinou, com o Paraguai e a Bolívia, o Tratado da
a monarquia.
Tríplice Aliança.
19. (Cesgranrio) A Proclamação da República, em 1889, está
d) lutou para garantir o acesso de seus navios a Mato
ligada a um conjunto de transformações econômicas,
Grosso, pelo Rio Paraguai.
sociais e políticas ocorridas no Brasil, a partir de 1870,
e) aliou-se à Argentina e ao Uruguai contra os interes- dentre as quais se inclui:
ses ingleses na Bacia do Prata.
a) a universalização do voto com a reforma eleitoral de
16. (Elite) Uruguai põe esquerda em festa na posse 1881, efetivada pelo Partido Liberal.
de Vázquez (O Globo, 01 mar. 2005)
b) o desenvolvimento industrial do Rio de Janeiro e de
O jornal O Globo publicou na primeira página a notícia São Paulo, criando uma classe operária combativa.
de que o novo presidente eleito do Uruguai rompia a
c) a progressiva substituição do trabalho escravo, cul-
hegemonia de 170 anos de dois partidos que revezavam-
minando com a Abolição em 1888.
-se no poder.
Os dois partidos citados na reportagem são: d) a concessão de autonomia provincial, que enfra-
queceu o governo imperial.
a) Liberal e Democrata.
e) o enfraquecimento do Exército, após as dificulda-
b) Socialista e Capitalista.
des e os insucessos durante a Guerra do Paraguai.
c) Blanco e Colorado.
20. (Unesp) “Observada a abolição de uma perspectiva am-
d) Anarquista e Fascista. pla, comprova-se que a mesma constituiu uma medida
de caráter mais político que econômico.”
e) Social Popular e Democrático Federal.
17. (UERJ) Em 1988, quando se comemorou o centenário (FURTADO, Celso. Formação Econômica do Brasil.)
da Lei Áurea, comentava-se em muitas cidades do Brasil,
de forma irônica, que existiria uma cláusula no texto Interprete o texto acima, começando pela análise dos
dessa lei que revogaria a liberdade dos negros depois interesses divergentes escravista/antiescravista.
de cem anos de vigência. 21. (Unesp) No processo histórico brasileiro, de uma ma-
O surgimento de tais comentários está relacionado à neira ou de outra, os militares atuaram nos momentos
de crise política. Entre 1870 e 1889, a monarquia passou
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seguinte característica social:

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por um processo de crescente instabilidade política, até Não há estradas, trilhas palmilhamos.
sua queda definitiva. Brasil! Também se sofre nessa terra:
Esclareça o que foi a Questão Militar no período men- Pegou-nos logo a febre amarela.
cionado. Em três meses na Ilha das Flores
22. (Unicamp) “Quando, na madrugada de 15 de novembro Morreram três mulheres e três homens
de 1889, uma revolta militar depôs Pedro II, ninguém
(...)
veio em socorro do velho e doente imperador. A espada
do Marechal Deodoro da Fonseca abria as portas da Que mais escrevo? Novas não alardam.
República para que por ela passassem os republicanos De cobras cinco nossos se finaram.
carregando um novo rei: o café de São Paulo.” Aqui anda um povo rude pelo mato
Que mata e come a gente. Fuja deste fato.
(Adaptado de MATTOS, I. R. História do Brasil Império.)
Se Deus quiser, e nós nos recompormos.
a) De que maneira se explica o isolamento político de Quarenta fomos, em dezoito somos.
Pedro II? (...)
b) Por que o texto afirma que, na República recém-
(FRANKÓ, Iwan. Carta do Brasil, 1895, In: ANDREAZZA,
-proclamada, o café se tornava um “novo rei”?
Maria Luiza. O Paraíso das Delícias. Curitiba:
23. (Fuvest) O lema “Ordem e Progresso” inscrito na ban- Aos Quatro Ventos, 1999.)
deira do Brasil, associa-se aos:
a) monarquistas. O poema acima foi composto a partir das notícias que
chegavam à Europa Oriental sobre a situação dos
b) abolicionistas. imigrantes eslavos que vieram para o Brasil em 1895.
c) positivistas. Tal movimento demográfico era parte das chamadas
“Grandes Migrações”, que implicaram a transferência
d) regressistas. de milhões de europeus para as Américas, sobretudo a
e) socialistas. partir da segunda metade do século XIX.
Indique dois aspectos presentes no poema que
24. (Unicamp) “O Brasil não tem povo, tem público.”
expressam as dificuldades enfrentadas por imigrantes
pobres que vieram se estabelecer no Brasil em fins do
(Lima Barreto)
século XIX.
Essa frase sintetiza ironicamente, para o autor, a relação 2. (Cesgranrio) A expansão da agricultura cafeeira no
entre o Estado republicano e a sociedade brasileira. oeste novo paulista após 1880 introduziu uma série de
mudanças na economia e nas relações sociais da Região
O que Lima Barreto quis dizer com essa afirmação?
Sudeste, entre as quais se destaca:
a) o reforço das relações escravistas no interior das
fazendas cafeicultoras, pois os escravos transferi-
dos das fazendas açucareiras do Nordeste eram a
1. (UFRJ) maioria absoluta da mão-de-obra nas plantações
do oeste paulista.
Vizinhos! - É Olécia que está escrevendo
b) o desenvolvimento de uma política governamental
Saúde boa e bem vai se vivendo.
de distribuição de pequenas propriedades às famí-
Faz sete meses que silenciamos lias imigrantes, que plantavam café a baixos custos
No fim de tal destino já acampamos. e o vendiam a menores preços no mercado inter-
Vivemos em florestas, em cabanas, nacional.
E imensamente estamos trabalhando. c) a coexistência de grandes propriedades escravis-
Vivemos juntos, não nos separaram, tas e monocultoras de café para a exportação, e de
pequenas propriedades de famílias imigrantes, que
da vila quinze léguas nos distaram.
produziam gêneros de subsistência para os merca-
Na mata, sob montanhas....Não chiamos: dos urbanos.
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d) o desenvolvimento de uma política governamental 4. (PUC-Rio) De acordo com Celso Furtado, “ao concluir-
de subvenção à imigração, cujo objetivo era esti- -se ao terceiro quartel do século XIX, os termos do
mular o investimento, por parte dos imigrantes, de problema econômico brasileiro se haviam modificado
capitais na construção de estradas de ferro e nas basicamente. Surgira o produto [o café] que permitiria
indústrias nascentes. ao país reintegrar-se nas correntes em expansão do
comércio mundial”.
e) a substituição do trabalho escravo pelo trabalho li-
vre de imigrantes europeus no interior das fazendas
(Formação Econômica do Brasil)
cafeicultoras, o que permitiu uma maior lucrativida-
de do capital cafeeiro e seu investimento em estra- a) Com base na afirmativa anterior, identifique UMA
das de ferro, no comércio e em indústrias. razão por que o Brasil não participou de modo sig-
3. (PUC-Rio) “A raça ariana, reunindo-se, aqui, a duas nificativo do comércio internacional, durante a pri-
outras totalmente diversas, contribuiu para a formação meira metade do século XIX.
de uma sub-raça mestiça e crioula, distinta da europeia. b) Sabendo-se que a expansão cafeeira ocorreu em
Não vem ao caso discutir se isto é um bem ou um mal; diferentes regiões no decorrer do século passado
é um fato, e basta.” – Vale do Paraíba e o Oeste paulista –, identifique
DUAS diferenças entre aquelas regiões cafeeiras.
(Sílvio Romero. História da Literatura.)
5. (UFRJ)
Nos anos que antecederam a abolição da escravidão Sexo e idade dos escravos africanos importados
no Brasil e nas décadas que a sucederam, houve uma para o Rio de Janeiro (1838-1852)
longa controvérsia, expressa em polêmicas, discursos e
livros, acerca do caráter racial brasileiro. Acerca desta N.º de N.º de
questão, analise as afirmativas a seguir: Idade Total
Homens Mulheres
I. As teses sobre a inferioridade da “raça africana”, de 0 a 9 17 12 29
aliada ao sentimento da sua incapacidade para o anos
trabalho livre e autoestimulado, reforçaram a opção
de 10 a 19 194 68 262
dos cafeicultores paulistas pela imigração europeia.
anos
II. O argumento de “que a raça chinesa abastarda e de 20 a 29 102 16 118
faz degenerar a nossa” objetivou impedir a imigra- anos
ção de chineses - os “coolies” - para substituir a
30 ou mais 13 12 25
mão-de-obra escrava.
anos
III. Vários homens de ciência, após a Abolição, defen-
Total 326 108 434
deram que somente a fusão dos grupos étnicos po-
deria aprimorar o homem brasileiro, ao propiciar o
seu branqueamento. A tabela acima foi construída com base em registros
relativos a alguns navios negreiros capturados depois
IV. Ao longo da década de 1920, mas principalmente de 1830 e constitui uma eloquente amostra de certas
na seguinte, o homem nacional mestiço foi valoriza- características demográficas dos mais de três milhões
do, sendo inclusive o argumento para a lei da na- e meio de africanos desembarcados no Brasil entre
cionalização do trabalho, de 1931, obrigando todas os séculos XVI e XIX. Seus dados permitem visualizar
as empresas urbanas a empregar, pelo menos, 2/3 o perfil sexo-etário do trabalhador que os grandes
de mão-de-obra nacional. plantadores escravistas almejavam.
Assinale a alternativa que contêm as afirmativas corretas. a) Identifique duas características relacionadas a este
a) somente I, II e III. perfil sexo-etário.

b) somente I, III e IV. b) Relacione as características identificadas no item


anterior às expectativas econômicas dos grandes
c) somente II, III e IV. plantadores escravistas do Brasil.
d) somente I, II e IV. 6. (PUC-Rio) O trabalho escravo indígena e do negro afri-
e) todas as alternativas estão corretas. cano desempenhou papel fundamental na colonização
da América Portuguesa.
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a) Considerando-se que, nos primórdios da coloniza- médico de família mais poderoso que o confessor. O
ção, o recurso à escravização dos “negros da terra” teatro seduzindo as senhoras elegantes mais que a
– isto é, dos indígenas – foi uma prática recorrente igreja. O próprio baile mascarado atraindo senhoras
inclusive nas áreas de plantio da cana-de-açúcar, de sobrado”.
cite 1 (uma) razão que tenha contribuído para a
progressiva substituição dos escravos indígenas (FREYRE, Gilberto. Sobrados e Mucambos. Rio de Janeiro:
por escravos de origem africana nessas áreas. José Olympio, 1968, p.109-110.)

b) Caracterize uma repercussão econômica, social ou a) Indique três mudanças ocorridas na estrutura só-
demográfica do fim do tráfico negreiro interconti- cio-econômica do Brasil, na segunda metade do
nental para a sociedade brasileira em meados do século XIX, que explicam as transformações ocorri-
século XIX. das no papel feminino.
7. (UERJ) A beleza natural da cidade do Rio de Janeiro b) Descreva a condição de cidadania da mulher no
fascinava os estrangeiros do século XIX, que ali pa- período primário-exportador.
ravam em suas viagens pelo mundo. Enquanto seus
navios ancoravam ao largo da baía de Guanabara,
eles admiravam as casas caiadas de telhas vermelhas
à sombra das montanhas recobertas pela floresta
tropical. Uma nota destoante, no entanto, era a visão
que os visitantes tinham de um navio negreiro que
também adentrava o porto, com sua carga humana.
9. (UERJ) “Ou o campo ou as cidades; ou a escravidão
Essa cena portuária prenunciava o que esses turistas
ou a civilização.”
do século XIX veriam ao desembarcar, mas outros,
desprevenidos, ficavam surpresos diante da natureza
(NABUCO J. O Terreno da Luta. In:
da população.
Jornal do Commércio, 19 out. 1884.)

(KARASH, Mary C. A Vida dos Escravos no Rio de Janeiro:


Escravidão e laissez faire conviveram por muito
1808-1850. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.)
tempo.
A partir do texto, identifique a função econômica da Duas estruturas da economia brasileira que se
cidade do Rio de Janeiro, no período entre 1830 e 1850, constituíram como obstáculos à consecução plena
e diferencie, quanto ao modo de vida, as escravidões do projeto liberal que norteou os setores moderados
rural e urbana no Brasil, na mesma época. do Brasil independente foram:
8. (UFMG) Nos textos seguintes, Gilberto Freyre des- a) desenvolvimento urbano e mercado interno.
creve, respectivamente, a rotina de uma senhora-de- b) mão-de-obra imigrante e pequena propriedade.
-engenho, dona de casa ortodoxamente patriarcal, e a
rotina de um novo tipo de mulher, surgida nos meados c) trabalho assalariado e desenvolvimento industrial.
do século XIX. d) mão-de-obra escrava e manutenção da grande
“...levantando-se cedo a fim de dar andamento aos propriedade.
serviços, ver se partir a lenha, se fazer o fogo na
cozinha, se matar a galinha mais gorda para a canja; a 10. (UFG) O processo de urbanização brasileira intensifi-
fim de dar ordem ao jantar (...) e dirigir as costuras das cou-se no século XX. No entanto, havia importantes
mucamas e molecas, que também remendavam, cerziam, “centros urbanos” durante os períodos colonial e
remontavam, alinhavavam a roupa da casa, fabricavam imperial, quando o Brasil teve algumas cidades de
sabão, vela, vinho, licor, doce, geleia. Mas tudo devia grande porte. Explique a função das cidades brasileiras
ser fiscalizado pela iaiá branca, que às vezes não tirava nesses períodos, segundo o modelo de colonização
o chicote da mão.” portuguesa.
“...acordando tarde por ter ido ao teatro ou a algum
a) Período colonial.
baile; lendo romance; olhando a rua da janela ou da
varanda; levando duas horas no toucador (...) outras b) Período imperial.
tantas horas no piano, estudando a lição de música; e
11. (Fuvest) Sobre a Guerra do Paraguai (1864-1870), fun-
ainda outras na lição de francês ou de dança. Muito
damentalmente desencadeada por razões geopolíticas
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menos devoção religiosa do que antigamente. O


regionais, responda:

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a) Quais as divergências e alianças políticas existentes a) expansão da indústria siderúrgica nacional, decor-
entre os países nela envolvidos? rente da necessidade de produzir armamento.
b) Qual o seu resultado em termos de poder estraté- b) incorporação do sentimento patriótico nacional pe-
gico regional? las camadas pobres da população.
12. (Unicamp) A República do Paraguai se defendia heroi- c) colonização do interior do país, estimulada pelos
camente contra as agressões do Império do Brasil. (...) deslocamentos de trocas para aquelas regiões.
Para todas as nações, o heroísmo da resistência de tão
d) conscientização, por parte dos oficiais do exército,
pequena república contra aliados tão poderosos excitava
de sua precária posição política na estrutura do po-
a simpatia que sempre há pelo fraco (...).
der vigente.
(SARMIENTO, D. F. Questões Americanas. e) abdicação de Pedro I após os primeiros desastres
São Paulo: Ática. Coleção Grandes Cientistas Sociais.) militares na frente de batalha.
16. (FGV) Dentre as alternativas que se seguem há apenas
a) Como Sarmiento representa nesse texto o conflito uma correta. Assinale-a.
entre o Brasil e o Paraguai?
a) Desde o final da primeira metade do século passa-
b) De que modo essa representação de Sarmiento do, o Paraguai já havia erradicado o analfabetismo e
ilustra o conflito político-ideológico no Brasil após desenvolvia uma vasta indústria artesanal.
a Guerra do Paraguai?
b) A guerra contra a nação paraguaia acarretou para o
c) Por que a Guerra do Paraguai contribuiu para o mo- Brasil uma redução considerável em sua dívida ex-
vimento abolicionista no Brasil? terna, bem como uma crescente influência política
13. (PUC Minas) Ao começar a guerra, ocorrida entre os e social do exército.
anos de 1865 e 1870, o Paraguai tinha 800 mil habitantes. c) Para combater as tropas do país guarani, o Brasil se
Enquanto durou o conflito, 75,75% da população deste uniu a Argentina, Uruguai e Bolívia.
país morreu. Entre os 194 mil sobreviventes, apenas
14 mil (1,75%) eram homens e, destes, só 2 mil e 100 d) No início da segunda metade do século XIX, as im-
(0,26%), maiores de 21 anos. Diante desse quadro ex- portações paraguaias chegaram ao dobro de suas
tremamente dramático, explique a situação do Paraguai exportações.
anterior à guerra, que teria gerado tamanha hostilidade e) O Paraguai perdeu em combate, na guerra contra o
contra esse país. Brasil e seus aliados, apenas uma pequena parcela
14. (UEL) Em relação às consequências da Guerra do do total de seus soldados.
Paraguai no Brasil, pode-se afirmar: 17. (PUC-SP) A política externa do império brasileiro ao
a) O declínio da monarquia foi concomitante à guerra longo do século XIX caracterizou-se por uma constante
e a críticas atingiram seu ponto vital: a escravidão. situação de conflito em relação aos problemas platinos,
Foi através dessa brecha que os ideais republica- porque:
nos se propagaram. a) as pretensões francesas de domínio do Rio da Pra-
b) O território foi devastado e a população gravemen- ta, exigiam a presença da esquadra brasileira.
te afetada pelas mortes, o que retardou o desenvol- b) da independência aos meados do século XIX, a in-
vimento econômico do país. tervenção que havia sido exclusivamente diplomáti-
c) A abertura do mercado externo paraguaio, resul- ca passou a ser militar.
tante da derrota na Guerra, trouxe grandes benefí- c) envolvendo-se na política interna dos países pla-
cios à expansão da economia cafeeira no país. tinos, o Brasil defendeu sempre os “Blancos” do
d) Ao favorecer o desenvolvimento do setor naval, Uruguai.
contribuiu para a reorganização da marinha, que, d) as intervenções militares do Brasil, na região, visa-
após a guerra, colocou-se contra a monarquia. vam assegurar o princípio da livre navegação na
e) Participação das camadas mais pobres da população bacia do Prata.
na guerra respondeu pela sua integração nas deci- e) as indenizações cobradas pelos danos causados
sões políticas após a proclamação da república. por invasores paraguaios as estâncias gaúchas dei-
15. (UFRGS) Um dos maiores reflexos da Guerra do Para- xaram de ser pagas.
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guai na política interna do Brasil foi a:

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18. (Mackenzie) Guerra do Paraguai, modernização e po-
a) Qual foi a consequência da Questão Christie nas
litização do exército e queda da Monarquia são fatos
relações Brasil-Inglaterra?
diretamente relacionados, já que:
b) Identifique uma atuação brasileira em conflitos
a) o exército identificava-se com o elitismo do governo
internacionais recentes para permitir o acesso
imperial, enquanto a marinha compunha-se basica-
ao Conselho de Segurança da ONU.
mente de classes populares e médias, contrárias a
monarquia.
b) vitorioso na guerra, o exército adquiriu consciência
20. (Unicamp) Antes da guerra com o Brasil, o Paraguai tinha
política, transformando-se num instrumento de de-
uma economia estável, com estradas de ferro, siderurgia
fesa da abolição e do republicanismo.
e grande número de indústrias. A balança comercial era
c) a derrota na guerra e o endividamento do país for- favorável e não havia analfabetismo infantil no país.
taleceram a oposição militar ao regime imperial.
a) Compare as situações socioeconômicas do Para-
d) embora sem vínculos com ideias positivistas, o guai e do Brasil, em meados do século XIX.
exército aproximou-se dos republicanos radicais.
b) Nesse contexto, explique por que a Inglaterra finan-
e) para combater os interesses das camadas médias ciou a guerra que levou à destruição do Paraguai.
que apoiavam o governo monárquico, o exército
21. (UERJ)
desfechou o Golpe de 15 de novembro.

19. “Tenho a honra de depositar nas mãos de Vossa


Majestade a carta pela qual Sua Majestade a Rainha
se dignou a creditar-me como enviado em missão
especial junto de Vossa Majestade Imperial, e suplico
a Vossa Majestade que se digne de acolher com sua
reconhecida benevolência as seguranças de sincera
amizade e as expressões que fui encarregado de
transmitir por Sua Majestade a Rainha e pelo meu
governo. Estou incumbido de exprimir a Vossa Ma-
jestade Imperial o pesar com que Sua Majestade a
Rainha viu as circunstâncias que acompanharam a Na década de 1870, consolidou-se um conjunto de
suspensão das relações de amizade entre as Cortes transformações que levou à crise do sistema monárquico
do Brasil e a da Grã-Bretanha (...) e que Sua Majes- no Brasil.
tade aceita completamente e sem reserva a decisão Dentre os elementos abaixo, aquele que justifica a
de Sua Majestade o Rei dos Belgas (...).” afirmativa é:
a) a criação dos partidos conservador e liberal, rom-
(Discurso de Mr. Thornton a D. Pedro II, citado em NABUCO, Joa-
pendo a unidade política existente em torno do Po-
quim. Um Estadista do Império. São Paulo: Inst. Progresso Editorial, der Moderador.
1949. v. II. p. 306. In: Ricardo, Adhemar e Flavio. História 3. Belo
Horizonte: Lê Editora, 1989, p. 231.)
b) o desenvolvimento gradativo, porém contínuo, da
burguesia industrial que desde 1840 assumia o
O texto acima retrata o discurso do enviado inglês controle dos gabinetes ministeriais.
para solucionar a Questão Christie (1863-1865) c) o crescimento do setor cafeeiro do Vale do Paraíba,
após o arbitramento do rei Leopoldo I, da Bélgica. que se viu em condições de ocupar um maior espa-
Recentemente, o Brasil tem se demonstrado ativo ço político com a proclamação da República.
nas relações internacionais a fim de garantir um
assento permanente no Conselho de Segurança d) a afirmação de princípios federalistas e do positivis-
da ONU. O Brasil tem se esforçado para provar ao mo, os quais, embora em lados opostos, colocaram
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mundo que o Brasil é uma nação promotora da paz em questão posições políticas defendidas pela mo-
num panorama de guerras. narquia brasileira.

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22. (Unirio) A abolição da escravidão materializada pela Os centros urbanos brasileiros, principalmente a capital
Lei Áurea, em 1888, sancionou uma situação inevitável – a cidade do Rio de Janeiro, passaram por grandes
e já existente, como se observa no(a): transformações a partir da segunda metade do século
XIX. Irineu Evangelista de Souza, Visconde de Mauá,
a) caráter de revolução social resultante da fusão do abo-
foi um dos principais personagens desse processo de
licionismo com os movimentos de resistência negra.
mudanças.
b) retomada da expansão cafeeira no vale do Paraíba, No período citado, a capital do império sofreu, dentre
aproveitando os resultados da imigração. outras, as seguintes transformações:
c) substituição, cada vez mais intensa, dos escravos a) criação de indústrias metalúrgicas e siderúrgicas,
por trabalhadores livres nas novas áreas de expan- surgimento de bancos e diversificação da agri-
são cafeeira, como o oeste paulista. cultura.
d) abolição da escravidão nas principais Províncias do b) crescimento da economia cafeeira, utilização da
Império, antes da Lei Áurea. mão-de-obra imigrante assalariada e mecanização
do cultivo.
e) pressão diplomática da Grã-Bretanha sobre o Gover-
no do Império, acelerando a publicação da Lei Áurea. c) diminuição da importância da economia agroexpor-
tadora, desenvolvimento de manufaturas e exporta-
23. (UERJ) “(...) A imprensa de todo o Império revela que o
ção de bens de consumo manufaturados.
espírito público vai-se esclarecendo, e que os brasileiros
em sua maioria já se vão convencendo que da monarquia d) aplicação de capitais na modernização da infra-
não podem esperar a salvação do país. Venha, pois, a re- estrutura de transportes, no aprimoramento dos
pública e quanto antes. Venha a república sem revolução serviços urbanos e desenvolvimento de atividades
armada, sem derramamento de sangue de irmãos, venha industriais
ela do triunfo das ideias democráticas da grande maioria
25. (Fuvest) “Então, senhor Barão, ganhei ou não ganhei a
do país, e da profunda convicção de que a monarquia é
partida?” perguntou no próprio 13 de maio a Princesa
incapaz de salvar o país.”
Isabel ao seu ministro Cotegipe, que lhe respondeu:
“Ganhou a partida, mas perdeu o trono”.
(A República - propriedade do Club Republicano
de São Paulo, 8 dez. 1870, n.° 3, ano I. Adaptado.) Explique esse diálogo e estabeleça a relação entre os
fatos nele implícitos.
As décadas de 1870 e 1880 assistiram a um afastamento 26. (Fuvest) Sobre o fim da escravidão no Brasil, diferencie
do Estado Imperial em relação às suas bases de a ação do Estado da ação dos escravos e dos aboli-
sustentação e forma marcadas pelo crescimento do ideal cionistas.
republicano. Contudo, a República esperada não tinha o
mesmo significado para todos os republicanos. 27. (UFPE) Na(s) questão(ões) a seguir, escreva nos pa-
rênteses V se for verdadeiro ou F se for falso.
a) Cite um dos segmentos sociais que serviram de
sustentação à monarquia brasileira e explique o (( ) O desenvolvimento industrial, na Inglaterra, exigia a
motivo do afastamento desse segmento em relação ampliação de mercados e encontrava na escravidão
à sorte do Império. um grande obstáculo.
b) Enumere duas características da República ideali- (( ) O irrompimento da Guerra do Paraguai (1865-1870)
zada pela elite agroexportadora. possibilitou ao Imperador Pedro II protelar o debate
sobre a escravidão, ao substituir o Gabinete Liberal
24. (UERJ) Acompanhei com vivo interesse a solução de Zacarias por um Gabinete escravocrata.
desse grave problema [a extinção do tráfico negreiro].
Compreendi que o contrabando não podia reerguer- (( ) As leis do Ventre Livre (1871) e dos Sexagenários
-se, desde que a “vontade nacional” estava ao lado do (1885) são consideradas, por um lado, concessões
ministério que decretava a supressão do tráfico. Reunir dos escravocratas aos abolicionistas; por outro, são
os capitais que se viam repentinamente deslocados do tidas como fatores que enfraqueceram a luta aboli-
ilícito comércio e fazê-los convergir a um centro onde cionista e adiaram a abolição por mais de dez anos.
pudessem ir alimentar as forças produtivas do país, foi (( )Em Pernambuco, o Movimento Abolicionista teve
o pensamento que me surgiu na mente, ao ter certeza no monarquista Joaquim Nabuco sua grande li-
de que aquele fato era irrevogável. derança.
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(Visconde de Mauá - Autobiografia. Citado por MATTOS, Ilmar R.; (( ) A imigração italiana reforçou o sistema escravocra-
GONÇALVES, Marcia de A. O Império da Boa Sociedade. ta depois que o tráfico de africanos para o Brasil foi
São Paulo: Atual, 1991.)
proibido em 1850.
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28. (Unesp) “Por volta dos anos de 1880, era óbvio que a a) Com relação ao caso brasileiro, cite dois registros
abolição estava iminente. O parlamento, reagindo ao legais, importantes para a evolução do processo
abolicionismo de dentro e de fora do país, vinha apro- abolicionista.
vando uma legislação gradualista. As crianças nascidas
b) Analise a Lei Rio Branco, também conhecida como
de mães escravas foram declaradas livres em 1871...”
a Lei do Ventre Livre, considerando o contexto so-
cioeconômico do Brasil na segunda metade do
(COSTA, Emília V. da. Da Monarquia à República.)
século XIX.
a) Além da Lei do Ventre Livre, qual outra teve esse
mesmo caráter gradualista?
b) Justifique o caráter gradualista do movimento da
abolição.

29. (UERJ) “Ai, filha! Você não entende deste riscado.


Neste mundo não existe coisa alguma sem sua razão
de ser. Estas filantropias modernas de abolição! É
chover no molhado - preto precisa de couro de ferro
como precisa de angu e baeta. Havemos de ver no
que há de parar a lavoura quando esta gente não
tiver no eito. Não é porque eu seja maligno que digo
e faço estas coisas. É que sou lavrador, e sei dar o
nome aos bois. Enfim, você pede, eu vou mandar
tirar o ferro. Mas são favas contadas ferro tirado,
preto no mato.”

(RIBEIRO, Júlio. A Carne. Rio de Janeiro:


Francisco Alves, 1952. Adaptado.)

O autor do romance A Carne (1888) antecipa, no


trecho lido, uma preocupação de muitos proprietários
de terra, escravistas, quanto às consequências da
abolição dos escravos para a agricultura brasileira.
Esta posição pode ser resumida da seguinte
forma:
a) A grande lavoura não teria futuro sem a mão-
-de-obra escrava.
b) A abolição provocaria a superação da lavoura
pela indústria.
c) A agricultura ficaria restrita à produção para o
mercado interno.
d) O fim da escravidão transformaria as lavouras
em terras improdutivas.

30. (UFF) No processo de abolição da escravidão nas


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Américas, observam-se duas vertentes de conflitos:


as violentas revoltas sociais e as oriundas da crítica à
escravidão através de reformas jurídicas.
24
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8. A
9.
a) Guerra do Paraguai, envolvendo Brasil, Argentina e
1. C
Uruguai contra o Paraguai.
2. B
b) Representou o crescimento da dívida externa e o
3. C início da crise do Império.
4. A 10. A
5. 11. C
a) O modelo agrário exportador com o café como 12. A economia ficou abalada em virtude dos prejuízos da
base da economia naquele momento; a decadên- guerra, reforçando a dependência dos empréstimos in-
cia da monocultura cafeeira no vale do Paraíba e a gleses. O exército brasileiro ficou fortalecido, assumindo
expansão para o oeste paulista; o fim do tráfico ne- posições contrárias à escravidão e simpatia pela causa
greiro e a introdução da mão-de-obra do imigrante republicana.
de origem europeia etc.
13. C
b) A fundação, em 1846, de uma fundição e um es-
14. C
taleiro em Ponta de Areia, em Niterói; a criação da
Companhia de Gás do Rio de Janeiro, em 1851; a 15. D
participação na construção de ferrovias; a instala- 16. C
ção do primeiro cabo submarino ligando Brasil à
Europa, em 1872 etc. 17. B
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6. E 18. E
7. D 19. C
25
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20. Os escravistas eram membros de uma elite conservadora b) O predomínio de escravos em idade produtiva ótima,
e os abolicionistas faziam parte de grupos defensores de relaciona-se à necessidade de imediata integração
uma evolução dentro da ordem. Estes fatos ocorrem às dos cativos ao processo de produção, ou ainda à
vésperas da Proclamação da República e são causados inexistência de perspectivas autorreprodutivas dos
pela pressão dos militantes, dos abolicionistas e até ao cativos por parte dos plantadores escravistas.
fato do Brasil ser uma das últimas nações a manter a
6.
escravidão.
a) Pode-se mencionar:
21. Após a Guerra do Paraguai (1865-70), o exército, in-
fluenciado pelo Positivismo, passa a exigir uma maior •• a escassez crescente de indígenas em função das
participação na vida política do país. Ao lado da aristo- fugas constantes e dos altos índices de mortali-
cracia, derruba a monarquia (1889). dade verificados;
22. •• os interesses da burguesia mercantil portuguesa,
a) Os setores que davam sustentação ao imperador relacionados aos lucros provenientes do tráfico
deixaram de apoiá-lo (exército, igreja e aristocracia). escravo intercontinental;
b) Podemos apontar como consequência do fim do
b) Por ser o principal produto de exploração e seus
tráfico negreiro para o Brasil:
produtores controlariam o país.
23. C •• o crescimento do tráfico escravo interprovincial.
Grandes proprietários de escravos e de terras do
24. A população brasileira “assistiu” ao nascimento da re- nordeste em dificuldades econômicas vendiam a
pública, não tendo participação ativa. preços crescentes escravos para os plantadores
de café do sudeste que demandavam crescimento
de mão-de-obra no momento de expansão da
lavoura cafeeira e a disponibilização de capitais até
então imobilizados no tráfico para investimentos
1. A grande mortalidade (“febre amarela” e “picadas de em outros setores da economia, tais como: setor
cobras”); e as dificuldades para o estabelecimento e de serviços, setor industrial e setor agrícola,
desenvolvimento das colônias, devido ao estado ainda mormente para a lavoura cafeeira;
inculto das terras, a falta de estradas e de infraestrutura, •• melhoramentos no campo dos transportes.
o excesso de trabalho e a precariedade das habitações, 7. Principal porto do Império quanto às exportações e às
a antropofagia imaginada. importações.
2. E Na escravidão urbana, os escravos, entre outras funções,
3. E atuavam como artífices, carregadores, vendedores,
domésticos, alugados por seus senhores como
4.
escravos-de-ganho. Possuíam, por isso, certa autonomia
a) A interferência do capital inglês inviabilizou a in- e podiam circular pela cidade.
dustrialização e os produtos agrícolas, sobretudo o Os escravos que viviam nas áreas rurais ficavam sob
açúcar e o algodão perdiam mercados para a Amé- o rígido controle de seus senhores e circunscritos aos
rica Central e para o sul dos Estados Unidos. limites da propriedade. Circulavam pelos arredores das
b) No Vale do Paraíba, foi mantida a lavoura tradicional casas-grandes e predominantemente trabalhavam na
apoiada no trabalho escravo e sem a preocupação terra, plantando e colhendo. Alguns poucos envolviam-
de se desenvolver novas técnicas agrícolas. No -se com os engenhos e com os ofícios associados à
oeste paulista, destacou-se o emprego da mão-de- agricultura.
-obra imigrante através da parceria e a nova menta- 8.
lidade dos cafeicultores, mais ligados às atividades
a) Fim do tráfico escravista, o desenvolvimento da ca-
urbanas e aos grandes empreendimentos.
feicultura e o desenvolvimento urbano.
5.
b) A mulher possuía as funções próprias da materni-
a) O predomínio de escravos da faixa entre 10 e 29 dade e da administração doméstica.
anos de idade (isto é, em idade produtiva ótima) e a
9. D
preponderância de cativos do sexo masculino.
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10. 14. A
a) No período colonial os principais centros urbanos 15. D
do Brasil funcionavam como centros administrati-
16. A
vos próximos às áreas de importância à metrópole
portuguesa. 17. D
b) No período imperial os principais centros urbanos 18. B
do Brasil se adequaram à preocupação governa-
19.
mental de expressar a modernização por meio do
estímulo às artes, à cultura e à educação das elites. a) O rompimento temporário das relações diplomáti-
cas entre os anos de 1863 e 1865.
11.
b) A atuação do Brasil como força de paz em áreas de
a) O quadro de conflitos que marcou as relações en-
conflito como o Timor Leste (1999) e Haiti (2004).
tre os países do Cone Sul, no século XIX, tem suas
origens no caudilhismo, que contrapunha grupos 20.
agrários e políticos autoritários, cujos objetivos a) A sociedade brasileira era polarizada e somente
incluíam o controle da navegação na Bacia Plati- desfrutava de direitos uma parcela reduzida, a elite.
na – área de intenso comércio –, o expansionismo
territorial, além da exploração do contrabando, dos b) Para a Inglaterra, o Paraguai era uma ameaça aos
roubos de gado nas fronteiras e da concorrência seus interesses econômicos.
entre o Brasil e o Paraguai no mercado de expor- 21. D
tação do mate. Assim, o Império compôs a Tríplice
Aliança com a Argentina do governo Mitre e o Uru- 22. C
guai de Venâncio Flores e bateu-se contra o Para- 23.
guai de Solano Lopes.
a) Uma das possibilidades abaixo:
b) A vitória da Tríplice Aliança representou o rompi-
mento do equilíbrio de forças políticas e econômi- Exército: insatisfeito com a posição política su-
cas na região. Com o Paraguai destroçado, Brasil e balterna adquirida na Monarquia, apoiado pelas
Argentina emergiram como nações determinantes vitórias na guerra do Paraguai e tendo parcela de
na condução dos destinos da área platina. O Uru- seus oficiais influenciada pelo ideário positivista,
guai manteve sua postura pendular, em relação ao grande parte do Exército passa a apoiar a procla-
Império e à República Portenha, e finalmente a In- mação da República.
glaterra pôde continuar exercendo sua hegemonia Igreja: diante da crescente oposição entre as po-
sobre esse mercado sições ultramontanas da Igreja Católica, houve um
12. afastamento entre ambos, agravado pela presença
do Padroado e Beneplácito, que permitiram uma
a) O texto ressalta o heroísmo paraguaio contra a Trí- forte influência do Estado nas questões da Igreja
plice Aliança (Argentina, Brasil e Uruguai). Católica no Brasil.
b) A representação ilustra o ideal republicano e abo- Aristocracia escravista: a abolição da escravidão,
licionista que se fortaleceu no Brasil após a Guerra com o apoio da monarquia, foi um golpe fatal em
do Paraguai. sua frágil situação econômica; o não-cumprimento
c) Antes da Guerra do Paraguai, os militares devido por parte do Estado Imperial de seu papel histórico
à origem de setores médios e o grau de esclareci- de sustentação do escravismo, levou-a a aderir ao
mento já eram contrários à escravidão e durante a movimento republicano.
Guerra esse ideal se fortaleceu, pois lutavam lado b) Duas das seguintes características:
a lado com os negros. A adesão dos militares aos
movimentos abolicionistas contribuiu para a Lei Áu- •• instituições político liberais;
rea de 1888.
•• regime federalista;
13. O Paraguai buscou um crescimento autônomo na re-
•• laicização do Estado;
gião, desenvolvendo a educação e as manufaturas. A
necessidade de mercados gerou uma hostilidade com os •• adoção de uma política governamental de sub-
países vizinhos, principalmente Argentina e Brasil. Para a venção à imigração.
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Inglaterra, o Paraguai foi considerado um “mau exemplo”, 24. D


porque buscava a sua independência econômica.
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25. O diálogo demonstra os esforços palacianos em pro-
mover a abolição e evidencia a importância da questão
escravista na sustentação do Império. A abolição fez com
que um grupo de fazendeiros aderissem ao Republica-
nismo, acelerando a queda da monarquia no Brasil.
26. O Estado adotava medidas paliativas; os escravos fugiam
sempre que podiam; e os abolicionistas faziam pressão
nos centros urbanos pela abolição
27. V, V, V, V, F
28.
a) A Lei dos Sexagenários.
b) A Lei Eusébio de Queiróz fortaleceu os movimentos
abolicionistas, ao abolir o tráfico negreiro.
As Campanhas abolicionistas pressionavam a
Assembleia Geral do Império que passou a apro-
var leis abolicionistas, porém restritas a jovens e
idosos, procurando não afetar os interesses dos
escravocratas.
29. A
30.
a) Lei Eusébio de Queiróz (1850 - extinção do tráfico);
Lei do Ventre Livre (1871 - Lei Rio Branco); Lei dos
Sexagenários (1885 - Lei Saraiva Cotegipe) Lei Áu-
rea (1888 - Lei da Abolição da Escravatura).
b) A Lei do Rio Branco, ou Lei do Ventre Livre, inau-
gurou uma intervenção do Estado Imperial junto à
propriedade privada dos fazendeiros representada
por seus escravos. A partir de 1871, os filhos das
escravas tornar-se-iam livres. Isto representou um
enfraquecimento do controle do senhor sobre sua
escravaria em função da mediação da Coroa, bem
como veio a afirmar o papel do sistema legal como
agente ativo para o controle e a mudança social.
Através dessa lei, a Coroa atuava investida da mis-
são de tornar manifesta a repulsa ao escravismo e
operava por meio de um instrumento – a lei – que
respondia às exigências de uma economia em cres-
cimento e de uma resistência escrava latente, às ve-
zes mesmo explosiva.
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