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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
LCS
Nº 71008784621 (Nº CNJ: 0048103-81.2019.8.21.9000)
2019/CÍVEL

RECURSO INOMINADO. TERCEIRA TURMA


RECURSAL DA FAZENDA PÚBLICA. IPERGS.
MANUTENÇÃO DA CONTRIBUIÇÃO MENSAL DO
PLANO DE SAÚDE SEM REAJUSTES. AÇÃO DE
TUTELA ANTECIPADA ANTECEDENTE.
CAUTELAR. INCOMPATIBILIDADE COM O RITO
DOS JUIZADOS ESPECIAIS CONSOANTE ART. 2º, §
1º, INCISO I, DA LEI Nº 12.153/09 E ENUNCIADOS
Nºs 161 E 163 DO FONAJE. INCOMPETÊNCIA
ABSOLUTA. DECRETADA, EX OFFICIO, A
INCOMPETÊNCIA DO JEFAZ, DECLINANDO DA
COMPETÊNCIA PARA O JUÍZO COMUM
FAZENDÁRIO. PREJUDICADO O JULGAMENTO
DO RECURSO.

RECURSO INOMINADO TERCEIRA TURMA RECURSAL DA


FAZENDA PÚBLICA
Nº 71008784621 (Nº CNJ: 0048103- COMARCA DE PORTO ALEGRE
81.2019.8.21.9000)

NEIVA MARIA DAS CHAGAS VIEIRA RECORRENTE

IPERGS - INSTITUTO DE PREVIDENCIA RECORRIDO


DO ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

MINISTERIO PUBLICO INTERESSADO

ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos os autos.

Acordam os Juízes de Direito integrantes da Terceira Turma Recursal da


Fazenda Pública dos Juizados Especiais Cíveis do Estado do Rio Grande do Sul, à
unanimidade, em decretar, ex officio, a incompetência deste juízo, com a consequente
nulidade de todos os atos decisórios, declinando da competência ao juízo comum fazendário
e tornando prejudicado o julgamento do recurso.
Participaram do julgamento, além da signatária, os eminentes Senhores DR.
JOSÉ RICARDO COUTINHO SILVA (PRESIDENTE) E DR. ALAN TADEU
SOARES DELABARY JUNIOR.

Porto Alegre, 24 de outubro de 2019.


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ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
TURMAS RECURSAIS

@ (PROCESSO ELETRÔNICO)
LCS
Nº 71008784621 (Nº CNJ: 0048103-81.2019.8.21.9000)
2019/CÍVEL

DR.ª LÍLIAN CRISTIANE SIMAN,


Relatora.

Trata-se de ação de pedido de tutela antecipada antecedente na qual postula a


parte autora a suspensão do aumento do plano de saúde (IPE) pela Lei nº 15.145/2018.

Indeferiu-se a tutela.

Foi prolatada sentença de improcedência do pedido.

Recorreu a parte autora.

Dispensado o relatório minudente do feito nos termos do art. 38 da Lei nº


9.099/95 aplicado aqui subsidiariamente na forma do art. 27 da Lei nº 12.153/2009.

VOTOS

DRA. LÍLIAN CRISTIANE SIMAN (RELATORA)

Eminentes colegas,

Primeiramente, destaco que, reexaminando a questão após a sessão realizada


em 22/11/2018, passei a entendê-la de forma diversa, revendo o posicionamento que adotei
naquela sessão.

A análise do recurso resta prejudicada.

Trata-se de ação de tutela antecipada antecedente, ajuizada sob a égide do


CPC/2015, em que postula a parte requerente a suspensão do aumento do plano de saúde
(IPE) pela Lei nº 15.145/2018.

Registra-se que o NCPC é aplicado subsidiariamente no JEFAZ na forma do


art. 27 da Lei nº 12.153/2009, e apenas em casos expressos e específicos ou quando
compatíveis com os critérios do art. 2º da Lei nº 9.099/95. Dito isto, vê-se que n o âmbito do
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sistema dos Juizados Especiais não há previsão legal do procedimento de tutela de urgência
em caráter antecedente, sendo ele incompatível com tal sistema a teor dos Enunciados nºs
161 e 163 do FONAJE. Há previsão somente de providências cautelares no curso do
processo, conforme capitulado no artigo 3º da Lei Federal nº 12.153/2009:

Art. 3o  O juiz poderá, de ofício ou a requerimento das partes, deferir quaisquer
providências cautelares e antecipatórias no curso do processo, para evitar dano de
difícil ou de incerta reparação.

ENUNCIADO 161 DO FONAJE: "Considerado o princípio da especialidade, o


CPC/2015 somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Especiais nos casos
de expressa e específica remissão ou na hipótese de compatibilidade com os
critérios previstos no art. 2º da Lei 9.099/95.".
ENUNCIADO 163 DO FONAJE - Os procedimentos de tutela de urgência
requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do
CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais.

E os julgados das Turmas Recursais da Fazenda Pública seguem esta linha:

AGRAVO DE INSTRUMENTO. PRIMEIRA TURMA RECURSAL DA


FAZENDA PÚBLICA. DETRAN. MEDIDA CAUTELAR ANTECIPADA.
AUSÊNCIA DE COMPATIBILIDADE COM O RITO DOS JUIZADOS
ESPECIAIS DA FAZENDA PÚBLICA. De acordo com o Enunciado nº 163 do
FONAJE, os procedimentos de tutela de urgência, quando requerido de forma
antecedente - arts. 303 a 310 do CPC -, não são compatíveis com os Juizados
Especiais da Fazenda Pública, devendo, portanto, ser reconhecida, a incompetência
destes para o julgamento do presente feito, devendo ocorrer a redistribuição dos
autos ao Juízo comum da Fazenda Pública, observando-se a norma contida no art.
64, §4º, do CPC. INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA RECONHECIDA DE OFÍCIO.
AGRAVO DE INSTRUMENTO PREJUDICADO. (Agravo de Instrumento Nº
71008043846, Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator:
Thais Coutinho de Oliveira, Julgado em 21/09/2018)

TUTELA CAUTELAR ANTECEDENTE. IMPOSSIBILIDADE NO ÂMBITO


DOS JUIZADOS ESPECIAIS. AÇÃO JULGADA EXTINTA. Nos termos do
Enunciado 163 do FONAJE, não se admitem, no âmbito dos Sistemas dos Juizados
Especiais, os procedimentos previstos nos arts 303 a 310 do CPC/2015. TUTELA
CAUTELAR ANTECEDENTE EXTINTA. (Recurso Cível Nº 71007940836,
Segunda Turma Recursal da Fazenda Pública, Turmas Recursais, Relator: Luciane
Marcon Tomazelli, Julgado em 28/08/2018)

AGRAVO DE INSTRUMENTO. DETRAN. MEDIDA CAUTELAR


ANTECIPADA. PRELIMINAR. INCOMPATIBILIDADE COM O RITO
DOS JUIZADOS ESPECIAIS FAZENDÁRIOS. INCOMPETÊNCIA. Trata-se
de insurgência quanto ao deferimento de medica cautelar de produção antecipada de
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prova. Ocorre que os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter


antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis
com o rito célere dos Juizados Especiais da Fazenda Pública, nos termos do
Enunciado nº 163 do FONAJE. Logo, deve ser reconhecida, de ofício, a
incompetência do Juizado Especial da Fazenda Pública, com a consequente
redistribuição dos autos originários ao juízo comum da Fazenda Pública
competente, observando-se o disposto no art. 64, §4º, do CPC/2015.
INCOMPETÊNCIA ABSOLUTA RECONHECIDA DE OFÍCIO. EXAME DO
MÉRITO DO AGRAVO DE INSTRUMENTO PREJUDICADO. (Agravo de
Instrumento Nº 71007669732, Terceira Turma Recursal da Fazenda Pública,
Turmas Recursais, Relator: José Ricardo Coutinho Silva, Julgado em 19/07/2018)

Desta forma, impõe-se a declaração da incompetência absoluta do JEFAZ


com a desconstituição da sentença e dos atos decisórios no feito.

Do exposto, voto pela DECRETAÇÃO, EX OFFICIO, DA


INCOMPETÊNCIA DESTE JUÍZO, com a consequente nulidade de todos os atos
decisórios inclusive a sentença, declinando da competência ao juízo comum fazendário e
tornando prejudicado o julgamento do recurso.

DR. ALAN TADEU SOARES DELABARY JUNIOR - De acordo com o(a) Relator(a).
DR. JOSÉ RICARDO COUTINHO SILVA (PRESIDENTE) - De acordo com o(a)
Relator(a).

DR. JOSÉ RICARDO COUTINHO SILVA - Presidente - Recurso Inominado nº


71008784621, Comarca de Porto Alegre: "DECRETADA, EX OFFICIO, A
INCOMPETÊNCIA DESTE JUÍZO, DECLINANDO DA COMPETÊNCIA PARA O
JUÍZO COMUM. PREJUDICADO O JULGAMENTO DO RECURSO. UNÂNIME."

Juízo de Origem: JEFP ADJUNTO A 11.VARA DA FAZENDA PUB. PORTO ALEGRE -


Comarca de Porto Alegre

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