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Executivo quer remanejar despesas que serão pagas com títulos públicos
Da Redação | 25/08/2020, 18h43

O ministro da Economia, Paulo Guedes, defende essa proposta

Pablo Valadares/Câmara dos Deputados

O Poder Executivo encaminhou ao Congresso Nacional uma proposta para alterar o rol de despesas previstas no Orçamento de 2020
que poderão ser pagas a partir da emissão de títulos públicos. A justificativa é a pandemia do novo coronavírus.

A proposta (PLN 25/2020) propõe uma alteração que permitirá o remanejamento de recursos a fim de quitar gastos correntes que
foram condicionados à emissão de crédito suplementar para contornar a chamada ''regra de ouro'', prevista na Constituição.

A "regra de ouro” proíbe a emissão de títulos em montante superior ao das despesas de capital (investimentos e amortizações). Para
isso, é necessária autorização da maioria absoluta do Congresso — votos de pelo menos 257 deputados e 41 senadores.

Neste ano, a autorização para gastar um montante de R$ 343,6 bilhões foi solicitada pelo Poder Executivo (PLN 8/20), aprovada pelo
Congresso e sancionada pelo presidente Jair Bolsonaro (Lei 14.008/2020). Agora, o Executivo quer outra autorização, desta vez para
remanejar a destinação dos recursos relacionados a essa emissão de títulos.

“Reitero a importância deste projeto de lei para a aumentar a flexibilidade da gestão orçamentária, especialmente no contexto de
combate aos efeitos da calamidade pública decorrente da pandemia da covid-19”, escreveu o ministro da Economia, Paulo Guedes.

O ministro afirmou que “outras matérias ocuparam a agenda legislativa, esvaziando o sentido original do dispositivo” no Orçamento
e, “adicionalmente, o novo contexto impactou as projeções de determinadas despesas obrigatórias, em volume não previsto quando
da elaboração da [atual] lei orçamentária”. Daí, segundo ele, a necessidade do novo ajuste.

Remanejamento
Do crédito suplementar já aprovado para contornar a “regra de ouro”, cerca de R$ 213,7 bilhões correspondem a benefícios do
Regime Geral de Previdência Social (RGPS), como aposentadorias e pensões. Esse valor equivale a 31,5% dos R$ 677,7 bilhões
previstos no Orçamento de 2020. Sem isso, o dinheiro para o RGPS só seria suficiente até agosto.
Outros R$ 500 milhões do crédito suplementar estavam direcionados para o pagamento dos benefícios do Bolsa Família. Na
pandemia, as parcelas não foram pagas porque acabaram substituídas pelo auxílio emergencial de R$ 600, que já soma R$ 254
bilhões em créditos extraordinários — contabilizados, portanto, fora do teto dos gastos.

Se o PLN 25/20 for aprovado como pede o Executivo, parte das dotações originais do Bolsa Família, por exemplo, poderão ter seus
recursos remanejados para outras finalidades, dentro do limite do teto dos gastos. Em junho, o governo tentou transferir, sem
sucesso, quase R$ 84 milhões desses benefícios a fim de atender demandas de propaganda do Planalto.

Tramitação
A proposta deve ser analisada pela Comissão Mista de Orçamento (CMO) do Congresso Nacional, que ainda não foi instalada nesta
sessão legislativa. Depois seguirá para discussão e votação por deputados federais e senadores em sessão conjunta do Congresso.

Ato conjunto da Câmara dos Deputados e do Senado regulamentou a deliberação remota, pelo Congresso, de propostas de leis
orçamentárias enquanto durar o estado de calamidade pública provocado pela pandemia de coronavírus, em casos de urgência ou
relacionados ao combate à covid-19 e com apoio de líderes partidários.

Da Agência Câmara de Notícias


Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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