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13/2015 1 a luz da
Psicologia Jurídica e suas aplicações práticas, de Maria Adelaide de F. Caires2.
Resumo: O presente artigo tem como objetivo analisar criticamente, à luz da contribuição da Psicologia
Jurídica para o caso concreto do Processo Penal, e a argumentação jurídica utilizada na decisão judicial
que condenou um réu com base, entre outros, num suposto “Laudo Psicossocial”. O problema surgiu a
partir da constatação da ausência de laudo do Profissional da Psicologia em (des)favor do acusado, em
face dos princípios que regem a Psicologia Forense. Com efeito, pretende-se demostrar o quão substancial
a palavra da vítima e as provas testemunhais foram para a sentença, contrapondo à luz da Psicologia
Jurídica no processo in caso e suas aplicações práticas.
O presente artigo visa analisar não só a sentença proferida mas todo o Processo
n° 394.13/2015 do Poder Judiciário do Estado do Amazonas, à luz do Psicologia
Jurídica no Processo e suas aplicações práticas.
1
Processo da Comarca de Tapauá/AM – Ação Penal em que o réu I.S.Q, foi condenado sob a acusação
de estupro de Vulnerável, cuja denúncia foi encaminhada pelo Centro de Referência Especializado em
Assistência Social – CREAS do Município de Tapauá,
2
Artigo apresentado como requisito integral das Notas das Avaliações Parciais (Ap1 e Ap2) da Disciplina
de Psicologia Geral e Jurídica do Curso de Direito da Escola de Direito da Universidade do Estado do
Amazonas (UEA), ministrada pelo professor Adelson Silva dos Santos.
3
Acadêmico de Direito da Universidade do Estado do Amazonas (UEA). Contato: reva.dir@uea.edu.br
caso concreto em Estudo e por fim Analisar se a fundamentação realizada pelo juiz não
ficou carente de outros laudos periciais, na sentença do Processo nº 394.13/2015.
Caires (2003, p. 35) assevera que pode “resumir essa “natureza” como conjunto
envolvendo: ação/conduta, desejos, necessidades e motivos” acrescenta ainda da
“necessidade prevista no Tratado de Direitos Humanos, nos diversos códigos
processuais e que se estende às diversas áreas do saber humano. Assim, depreende-se
que há uma literatura extensa que deveria se predispor a fazer este estudo, pois fica
caracterizado o quão essencial é a busca desse entendimento da “natureza humana” para
melhor condução do processo judicial face ao direito penal.
O Jurista Amaral Santos (1986) apud Caires (2003, p. 35), constatou que a
prática pericial foi encontrada em todas as instituições judiciárias antigas, sendo os
agrimensores do Antigo Egito os precursores, posteriormente foi identificada pelos
Hebreus, na Grécia Antiga, junto ao povo Romano, até na França no ano de 1973,
quando uma perícia foi realizada para se apurar a falsificação realizada por um
camareiro.
Como pode ser visto a prática pericial é tão antiga quanto mostra os registros
acima, e certamente sua evolução deve ser natural, contudo será que hoje já está num
patamar de excelência ou ainda configura àquele atraso dito pelo Jurista Italiano? “a
psicologia judiciária está completamente esquecida ou ser incompletamente estudada”
(adaptado).
Na Alemanha do século XVI, Pacheco e Silva (1951) apud Caires (2003, p. 37),
cita a escola psiquiátrica alemã e a classifica como “alicerçada exclusivamente na
psicologia”, trazendo a “insânia” sob o ponto de vista religioso como uma “moléstia da
alma” e deixava por conta da igreja a prevenção e o tratamento. Já Ideler acreditava que
a “gênese dos distúrbios mentais” estavam diretamente ligados “a paixões
desenfreadas”.
Não fosse então essa grande descoberta de Sigmund Freud, quantas pessoas
ainda não estariam crentes que apenas a ponta do “iceberg” existe e tudo aquilo não é
visto a “olhos nus” seria ainda tido por não existente e portanto um concepção
incompleta da natureza humana, que até hoje ainda é um mistério para ciência,
desvendar o comportamento completo de alguém, descobrir o real motivo por traz de
suas intenções. Sem falar dos equipamentos hoje disponíveis como detectores de
mentiras. Mas serão absolutamente seguros, ou a mente humana é capaz de também
enganá-la?
Embora a Lei tenha trazido segurança jurídica para atuação do profissional, sua
inserção no campo do Direito ou da Justiça foi muito tímido, limites dessa relação
foram estabelecidos pelo Código de Ética Profissional, mas somente em 1985 que
ocorreram os primeiros concursos para psicólogos judiciários sendo destinados a
preencher vagas na Varas da Família e Sucessões e a da Infância e Juventude.
Caso estes profissionais da Psicologia estivessem integralmente em todos os
município onde há julgamento dos supostos casos infracionais e/ou criminosos, eles
certamente estariam ofertando ao contexto jurídico seus conhecimentos contribuindo no
campo do Direito com a Psicometria e Psicanálise ao Judiciário, pois como apresentado
por Caires (2003, p. 49) estes trabalhos “marcaram época trazendo motivos
subjetivos/inconscientes que pudessem estar em jogo no momento de um ato
delinquencial, a sua contribuição foi preciosa”; não galgando mais sucesso e amplitude
em larga escala nacional pois esbarrou nas “críticas” e na falta de “metodologia
específica voltada para essa área”.
Após esses períodos ainda ocorreu a Sexta Fase – Século XIX marcados pela
Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1875, ficando consagrada as
garantias constitucionais; seguido pela Sétima Fase – Escola Clássica e Escola Positiva,
iniciada pelo Racionalismo de Kant, até culminar na Oitava Fase – Direito Penal
Moderno que hoje é estabelecido pelo Princípio da Legalidade que “em última
instância, garante o freio punitivo, onde toda ação punitiva precisa ter uma norma
preestabelecida. (Caires, 2003, p. 61 e 63).
Portanto, fazer menção a um código penal seria hoje o mesmo que dizer: está se
analisando a conduta de um crime que porventura alguém praticou e se há correlação.
Camargo Braga apud Silva (2003 p.8) fala que o Termo “forense” diz respeito
aos tribunais e à Justiça, e é também denominado aos serviços prestados de forma
jurisdicional, podendo receber a nomenclatura de livraria forense, ambiente forense
entre outros.
Neste aspecto vemos que o judiciário não atua mais tão somente nos papeis de
verificar o que diz a acusação e/ou a defesa, em que figuram em polos distintos, vítima e
réu, ou mesmo dois atores interessados num mesmo objeto (como na disputa da guarda
de um menor pelos pais). Agora o Juiz tem mais um agente neutro, responsável pela
análise do comportamento daquele(s) agente(s) ou reclamante(s), que dependendo do
processo poder ser acusado de crime, ou quem melhor tem o perfil para receber a guarda
definitiva dos filhos, embora não se tenha ainda visto quem seria objeto de estudo pelo
profissional da psicologia, fica entendido que o serviço prestado pela Psicologia poderia
abranger ambos os lados, e diversos tipos de casos e conflitos.
Assim pode-se suscitar que Estado tem o dever de acompanhar a saúde mental
do apenado, devendo ser avaliado rotineiramente, providenciado o profissional da área
psicológica laudos, perícias, testes psicológicos, entre outros que julgar necessário,
promovendo a manutenção do seu equilíbrio e o não comprometimento majorado de sua
personalidade, seja esta pena perdurada nas dependências dos Sistemas Penitenciários
ou no momento em que este estiver cumprindo prisão domiciliar.
Em sua obra Silva (2003, p. 8), assevera que “diversos autores desenvolveram
escolas psicológicas, com o Intuito de estabelecer concepções e uma descrição
compreensiva da correlação entre fatos e leis da vida mental”. Esta vida por outro lado
marcado de emoções e reflexos negativos dos erros e acertos aliados a uma cobrança da
sociedade é o que mais “perturba” a vida das pessoas quando alguém pressupõe
compreender tudo que perpassa a vida de um grupo social principalmente quando este é
acometido por algo tido como crime.
Por esta razão que o campo “de estudo da Psicologia Forense deixa de
permanecer restrita aos foros e tribunais, e vai buscar as informações necessárias à
compreensão do comportamento humano”. Pois assim como o comportamento é divido
entre emoções, conflitos de sentimentos e interesses recorrentes, Não se pode ter um
único entendimento para ser aplicado a todo e qualquer caso.
Sim Não
Fonte: Radamézio Eduardo (o autor)
Considerações Finais
Contudo, constatasse que no processo estudado pelo presente artigo não houve o
pedido formal para análise psicossocial do acusado, após denuncia tampouco das
testemunhas que o acusava, podendo evidenciar a existência de engodo sem a mínima
investigação mais apurada do caso, levando o Magistrado a expedir uma sentença no
Processo n° 394.13/2015 sem fazer uso dos subsídios que a Psicologia Jurídica
geralmente contribui para os Processos levados ao Judiciário.
O que não se deve mais admitir é uma continua requisição aos profissionais de
outros órgãos (executivo Municipal) prestem serviço aos Fórum de Justiça (Judiciário)
se não pertencem àquela esfera de poder, não possuindo assim o tino correspondente ao
trato jurídico, e mais importante saber que seu opinativo mal traçado irá comprometer
pelo resto da vida alguém cujo destino foi levado as garras da prisão. Conforme se relê:
Assim, para que a segurança jurídica nos processos judiciais aconteça, ofertada
pela incorporação do profissional da Psicologia Forense, e tenha real e definitiva
inserção no campo do Direito ou da Justiça, não permitindo que ela seja mais
meramente instrutória ou tímida, como ocorrida em 1985 com os primeiros concursos
para psicólogos judiciários destinados apenas as Varas da Família e Sucessões e a da
Infância e Juventude; todos os Fóruns e Comarcas de Direito do Brasil, devem ter em
seu quadro efetivo o profissional da Psicologia, em quantitativo suficiente para garantir
minimante que os processos, sentenças sejam mais justas e próximas da realidade com
que ocorrera verdadeiramente os fatos.
REFERENCIAL BIBLIOGRÁFICO
SILVA, Denize Maria Perissine da. Psicologia Jurídica no Processo Civil brasileiro: a
interface da psicologia com direitos questões de família e infância. São Paulo: Casa do
Psicólogo, 2003.
APÊNDICE
2. Neste período você já requisitou/atendeu serviços para/da Psicologia Forense: ( ) sim ( ) não
3.1 - A que Instituição requisitou? ( ) CREAS ( ) CRAS ( ) Hospital Ana Tereza Ponciano
3.1.1( ) ao Próprio Poder Judiciário: ( ) Tapauá ( ) Comarca mais Próxima
3.2 - Se foi requisitado para atender os serviços supra, quem requisitou? ( ) Fórum ( ) Delegacia
3.3 - Caso não sendo profissional do Poder Judiciário, o serviço requisitado prejudica a demanda
das atividades da Instituição que você pertence? ( ) sim ( ) não
4 - Poderia especificar com que frequência atende ou requisita? ( ) vezes ao ano ( ) vezes ao mês
( ) vezes por semana
5.1 - Caso seja o requisitante, existem esses profissionais no quadro de pessoal da sua Instituição?
( ) sim ( ) não
6 - Você acredita que o Parecer da Psicologia, Neurologia, Psiquiatria, Serviço Social poderia
interferir na decisão do Magistrado ao julgar os processos? ( ) sim ( ) não ( ) Depende
As respostas serão mantidas em sigilo e serão apresentadas de forma tabulada no Artigo supra ao
Professor desta Disciplina apenas para fins acadêmicos!