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Universidade Federal do Piauı́ - UFPI

Centro de Tecnologia - CT
Departamento de Engenharia Elétrica
Geração, Transmissão e Distribuição de Energia - CEE/CT034

Transmissão de Energia Elétrica

Prof. Me. Andrei Carvalho Ribeiro

Universidade Federal do Piauı́ - UFPI

25 de agosto de 2020

Teresina - Piauı́

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Sumário

1 Introdução

2 Classificação das Linhas de Transmissão

3 As Linhas de Transmissão no Brasil

4 Histórico da Transmissão em CA

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Introdução I

A linha de transmissão é um dos principais componentes de um


sistema elétrico de potência.
Uma linha de transmissão é formada, basicamente, por condutores,
torres, cabos para-raios e isoladores (ver Figura 1).

Figura 1: Detalhe de duas linhas de transmissão de energia elétrica.

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Introdução II

O circuito de uma linha de transmissão pode ser simples, duplo ou


múltiplo (ver Figura 2). Sendo ideal aquela linha cuja resistência
é nula, em que não há perdas por efeito joule (efeito térmico).

(a) Circuito simples. (b) Circuito duplo.

Figura 2: Linhas de 88 kV [1].

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Introdução III

Quando uma linha é energizada, cargas elétricas originam campos


elétricos, e o movimento delas dá origem a campos magnéticos que
se propagam do gerador ao receptor - a uma velocidade v , que é dada
pela Equação 1:
v = `/T (1)
em que ` é o comprimento da linha (km), e T (s) é o tempo decorrido
até que a tensão no receptor alcance o valor da tensão da fonte de
geração.
Em uma linha com corrente elétrica I , se não mudarmos o valor da
tensão V de geração, podemos definir a impedância em sua entrada
por:
V
Z= (2)
I

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Introdução IV
Questões para fixação
1 Qual o papel das linhas de transmissão na operação de um sistema
elétrico de potência?
2 Quais são os elementos básicos de uma linha de transmissão?
3 Qual premissa é considerada em linhas de transmissão ideais?

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Classificação das Linhas de Transmissão I

Os nı́veis das tensões padronizadas no Brasil são:


Transmissão: 750, 500, 230, 138 e 69 kV;
Subtransmissão: 138, 69 e 34,5 kV.
Há as chamadas linhas de ultra-alta tensão, de valores acima de 765
kV. O 1o bipolo entrou em operação no dia 12 de dezembro de 2017
(ver Figura 3).
Trata-se da primeira linha de transmissão de energia de ± 800 kV
UHVDC da América Latina. Ele escoa a energia gerada pela usina de
Belo Monte ao SIN na região sudeste. Com investimentos da ordem
de R$ 5 bilhões, a linha Xingu-Estreito tem extensão de 2.076 km.
O segundo bipolo (2019) é composto por uma linha de transmissão de
corrente contı́nua, com extensão de 2.539 km e ± 800 kV UHVDC e
duas estações conversoras, com capacidade de transmissão de 4.000
MW. O empreendimento teve investimentos da ordem de R$ 8,77
bilhões.
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Classificação das Linhas de Transmissão II

Figura 3: Cerimônia de entrada de operação do 1o Bipolo de UHVDC de


Belo Monte.

As linhas de transmissão são classificadas em:


Linhas de transmissão longas: comprimento > 249 km.
Linhas de transmissão médias: 80 < comprimento < 249 km.
Linhas de transmissão curtas: comprimento < 80 km.

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Classificação das Linhas de Transmissão III

(a) Linha curta. (b) Linha média.

(c) Linha longa.

Figura 4: Circuito equivalente para linhas de transmissão [1].

No Brasil são definidos seis subgrupos:


Subgrupo A1: tensão de fornecimento igual ou superior a 230 kV.
Subgrupo A2: tensão de fornecimento de 88 kV a 138 kV.

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Classificação das Linhas de Transmissão IV

Subgrupo A3: tensão de fornecimento de 69 kV.


Subgrupo A4: tensão de fornecimento de 30 kV a 44 kV.
Subgrupo AS: tensão de fornecimento inferior a 2,3 kV, atendida a
partir de um sistema subterrâneo de distribuição e faturada neste grupo
em caráter opcional.
Os subgrupos A1 e A2 são a rede básica (ou SIN - Sistema Interligado
Nacional), já que esta é definida pela ANEEL como instalações de
transmissão de energia elétrica que integram o SIN, de propriedade das
concessionárias de serviço público de transmissão.
Sistemas de subtransmissão são usados para transmitir potência a gran-
des consumidores. Os valores de tensão para conceituar uma subtrans-
missão geralmente variam de região para região; um mesmo valor pode,
muitas vezes ser considerado subtransmissão em um local e transmissão
em outro. No Brasil, de modo geral, as linhas de 69 kV são considera-
das de subtransmissão.

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Classificação das Linhas de Transmissão V

Uma linha de transmissão pode ser subterrânea, o que frequentemente


leva a um custo três a dez vezes maior do que o da linha aérea tradici-
onal. A opção pela subterrânea se dá, normalmente, em áreas urbanas.

Questões para fixação


1 Qual a principal diferença entre o setor de transmissão e
subtransmissão?
2 O que são linhas de ultra-alta tensão? Cite exemplos no Brasil.
3 Por que aumentar a tensão das linhas de transmissão?
4 Quais as vantagens e desvantagens de uma linha de transmissão
subterrânea?

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As Linhas de Transmissão no Brasil I

O Brasil tem um território de mais de 8,5 milhões de km2 . Com uma


área tão extensa e uma população superior a 200 milhões de habitantes,
é fácil prever que o fornecimento de transmissão não será uma tarefa
fácil.

Figura 5: Sistema de Transmissão do SIN existente em 2019 [2].

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As Linhas de Transmissão no Brasil II

Figura 6: Diagrama do SIN planejado para 2029 [2].

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As Linhas de Transmissão no Brasil III

A estrutura interligada do sistema permite que as diferentes regiões


troquem energia entre si, fato que pode ocorrer quando uma hidrelétrica
apresenta queda no nı́vel de seu reservatório.
Desafios da Transmissão / Gargalos para expansão do setor:
1 Complexidade socioambiental e fundiária para expansão do sis-
tema: Um dos principais desafios a serem enfrentados nos próximos anos
diz respeito à crescente complexidade socioambiental e fundiária para a
implantação de novos projetos de transmissão sobretudo em regiões me-
tropolitanas e cidades de porte médio. Essa condição contribui para que,
muitas vezes, as obras recomendadas no planejamento não entrem em
operação na data de sua efetiva necessidade, implicando em problemas
elétricos que podem variar dependendo do propósito das instalações.

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As Linhas de Transmissão no Brasil IV
2 Envelhecimento do sistema de transmissão: Outro grande desafio e
ser enfrentado nos próximos anos será a substituição da infraestrutura
do sistema elétrico em razão do seu envelhecimento. Há que assegurar
a substituição da infraestrutura do sistema elétrico em final de vida útil
de modo que a malha de transmissão possa operar com os nı́veis de
confiabilidade e qualidade exigidos pela sociedade. Para tanto serão ne-
cessários investimentos significativos, superando, eventualmente, a capa-
cidade financeira de algumas empresas, o que demandará um adequado
planejamento do processo de substituição.
3 Impacto das mudanças climáticas: O processo global de mudanças
climáticas e consequente elevação das temperaturas regionais, alteração
nos nı́veis de radiação solar, na intensidade dos ventos, na densidade do
ar, na intensidade e frequência das chuvas e das descargas atmosféricas
pode resultar na atenuação da capacidade de carregamento das linhas
de transmissão, situação que se torna mais impactante ao se considerar
as dificuldades para a implantação das novas instalações de transmissão.

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As Linhas de Transmissão no Brasil V
4 Coordenação da expansão dos sistemas de geração e transmissão:
Deve-se buscar o aprimoramento metodológico e de ferramental utili-
zado no planejamento integrado da expansão da geração e transmissão,
no sentido de representar mais adequadamente as novas tecnologias, con-
siderando uma crescente variedade de cenários operativos. Essa questão
envolve não apenas a modelagem das fontes renováveis intermitentes,
como a eólica e a fotovoltaica, mas também de Redes Elétricas Inteli-
gentes (REI) e da Geração Distribuı́da. (GD).

Questões para fixação


1 Quais as principais vantagens e desvantagens de operar um sistema
elétrico de forma interligada?
2 Quais são os principais gargalos para a expansão do setor de
Transmissão?

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Histórico da Transmissão em CA I

O primeiro uso prático das linhas de transmissão foi relacionado ao


contexto do telégrafo. Por volta de 1837, já havia um sistema comercial
de telégrafo cobrindo distâncias de até 20 km.
Em 1912, entrou em operação a primeira linha de transmissão de 11
kV, e, em 1923, a primeira de 220 kV.
Nos Estados Unidos, em 1953, entrou em operação a primeira linha de
345 kV, pela American Electric Power. A partir de 1967, na Rússia
e também nos Estados Unidos e Canadá, foram construı́das linhas de
765 kV.
O pioneirismo em sistemas de transmissão em CA de até 800 kV é
do Canadá (1965). Esses sistemas espalharam-se, desde então, pelos
EUA, África do Sul, Brasil, Coreia e China.

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Histórico da Transmissão em CA II

Figura 7: Evolução dos sistemas de transmissão em CA [1].

O Brasil implantou linhas de transmissão de 345, 440, 500 e 750 kV,


respectivamente, nos anos de 1963, 1971, 1971 (novamente) e 1982.

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Histórico da Transmissão em CA III
Sugestão de Filme: A Batalha das Correntes.
Vale a pena assistir o filme e escolher um lado: Você é #TeamAC ou
#TeamDC?
Escreva um texto apontando fatos históricos importantes e identifi-
que vantagens e desvantagens da Transmissão em CA e CC.

Figura 8: A Batalha das Correntes (2019)

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Referências I

Milton Oliveira Pinto. Energia elétrica: geração, transmissão e


sistemas interligados. LTC, Rio de Janeiro, 2014.
Empresa de Pesquisa Energética - EPE. Plano Decenal de Expansão
de Energia 2029. Ministério de Minas e Energia, Brası́lia, 2019.

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