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RESENHA – MÓDULO 3 (AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E DESEMPENHO

INTEGRAL DO ATLETA – METABOLISMO DE MACRO E MICRONUTRIENTES –


AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA E LABORATORIAL – AVALIAÇÃO FÍSICA –
EXERCÍCIO FISICO, SISTEMA IMUNE E NUTRIÇÃO)
Aluno: Gabriel Queiroz Fernandes

AVALIAÇÃO NUTRICIONAL E DESEMPENHO INTEGRAL DO ATLETA


A partir da antropometria é possível mensurar a composição corporal do atleta, mas
existem fatores que podem alterar essa avaliação, como o método utilizado, a
experiência do avaliador etc.
A antropometria pode ser realizada principalmente por meio do cálculo do IMC
(Índice de Massa Corporal) – peso/altura²; dobras cutâneas (de preferência fazer as
medições no hemicorpo direito) – abdominal, axilar média, bíceps, coxa, panturrilha,
subescapular, suprailíaca, torácica e tríceps; perímetros (circunferências) – abdome,
braço, coxa, cintura medial, panturrilha, punho e quadril; e bioimpedância elétrica
(BIA).
Para se fazer a avaliação nutricional completa, além da antropometria, deve-se fazer
a investigação do consumo alimentar do atleta, tendo como referência as
recomendações nutricionais e calóricas específicas (Ingestão Adequada - AI),
lembrando que existem as recomendações para a população geral – EAR
(Necessidade Média Estimada) e para um grupo de atletas específicos – RDA
(Ingestão Dietética Recomendada).
Tem-se que ficar atento também aos níveis máximos tolerados dos nutrientes (UL),
à Necessidade Estimada de Energia (EER) – média da energia estimada para
atletas com características semelhantes; e Intervalos de Distribuição Aceitável de
Macronutrientes (carboidrato (35-45%), proteína (10-35%) e gordura (20-35%) -
AMDR), sempre levando em consideração que os valores estimados são para
indivíduos saudáveis e não levam em consideração alterações pessoais ou
comorbidades.

METABOLISMO DE MACRO E MICRONUTRIENTES: FISIOLOGIA E


RECOMENDAÇÕES
A musculatura esquelética é composta pelo conjunto de miofibrilas, denominado
fascículo. Os músculos se ligam aos ossos por meio dos tendões. A contração
muscular se inicia com a liberação de acetilcolina na junção neuromuscular, que
desencadeia o deslizamento dos filamentos de actina sobre a miosina, provocando a
contração do músculo.
Existem dois tipos de fibras musculares: tipo I, lentas, oxidativas, demandam energia
proveniente do metabolismo aeróbio, requisitadas em exercícios de endurance e
resistência; e tipo II, glicolíticas, rápidas, demandam energia do metabolismo
anaeróbio, requisitadas em exercícios de curta duração e alta intensidade, sendo o
tipo IIa em exercícios um pouco mais prolongados e tipo IIb em exercícios muito
curtos.
O sistema cardiovascular tem funções importantes em relação ao exercício físico, na
medida em que fornece oxigênio e nutrientes para as células e remove dióxido de
carbono e metabólitos, transporta hormônios, participa do controle da temperatura e
do equilíbrio ácido-básico, além de manter os níveis adequados de hidratação
corporal.
Durante o exercício, a frequência cardíaca (FC) aumenta, de forma a proporcionar
um maior aporte de nutrientes e oxigênio aos músculos. Em exercícios mais
intensos, há uma redução do pH sanguíneo, devido ao aumento da concentração
dos íons hidrogênio. O aumento da FC é mediado pela noradrenalina e pela
adrenalina, além da diminuição do tônus oarassimpático.
A pressão arterial sistólica também se eleva durante um exercício aeróbio, sendo
proporcional à intensidade do esforço, proporcionando uma maior entrada de líquido
nas miofibrilas. A pressão arterial diastólica, por sua vez, não se elava durante
exercícios aeróbios. Durante exercícios de alta resistência, tanto a pressão arterial
sistólica quanto a diastólica se elevam.
Os macronutrientes – carboidratos, proteínas e lipídeos – são uma importante fonte
de energia para o organismo humano.
A glicose sanguínea provém em sua maioria da alimentação, mas pode ser obtida
pela interconversão de outros carboidratos (galactose, manose, frutose) no fígado. A
glicose é oxidada no meio intracelular (glicólise) para gerar um saldo de 2 ATPs.
Para cada 1 grama de carboidrato ingerido, é gerado 4 kcal. A ingestão diária de
carboidratos em uma faixa de 60 a 70% do total de calorias ingeridas, é suficiente
para a demanda de um atleta.
A ingestão ideal de macronutrientes permite a regeneração muscular, manutenção
do sistema imune, equilíbrio hormonal e melhora do desempenho esportivo. Sabe-se
que a ingesta pré, durante e pós treino garante o fornecimento de energia
necessário para o treino esportivo. Se não houver o suprimento necessário de
energia por meio dos carboidratos, o organismo irá utilizar os aminoácidos
disponíveis para a gliconeogênese, o que comprometerá a síntese proteica e o
desempenho do atleta.
A refeição feita 2 horas antes do treino deve ser rica em carboidratos (60-70%),
pobre em gorduras (10-25%) e moderada em proteínas (10-20%). Se o treino for
inferior a 1 hora, a refeição pré treino deve seguir essas proporções, mas serem de
rápida digestão, como bolos simples, torradas, cream crackers e suco de fruta com
água.
Durante a atividade física, a ingestão de carboidratos é recomendada se a
intensidade do exercício for intensa ou se tiver uma duração prolongada. Após 90
minutos de treino contínuo, as reservas de glicogênio muscular são depletadas.
Após o exercício físico, deve-se ingerir carboidratos, líquidos, eletrólitos e proteínas,
para que haja reposição dos estoques musculares e síntese proteica adequada.
Os lipídeos são utilizados durante o exercício na forma de ácidos graxos, por meio
da oxidação no ciclo de Krebs e posterior liberação de ATPs.
As proteínas provenientes da dieta são quebradas em aminoácidos que
posteriormente serão utilizadas na síntese e reconstrução muscular. Os aminoácidos
obtidos não podem ser armazenados, como acontece com os lipídeos e
carboidratos, sendo catabolizados e participando na geração de energia.
Durante o exercício, as proteínas podem ter função anabólica (substrato para
síntese proteica) ou catabólica (substrato energético). Para que tenha função
anabólica e consequente hipertrofia muscular, a ingestão de carboidrato deve ser
realizada e forma correta.

AVALIAÇÃO BIOQUÍMICA – LABORATORIAL DAS DEMANDAS NUTROLÓGICAS


DO TRABALHO MUSCULAR
- Creatina quinase (CK/CPK)
É uma enzima presente em vários tipos teciduais, responsável pela quebra da
creatina para geração de energia e possui 3 principais subtipos: CK-MB: presente no
músculo cardíaco; CK-BB: presente no cérebro, vasos sanguíneos e musculatura
lisa (órgãos); e CK-MM: presente na musculatura esquelética e cardíaca.
Os níveis de CK-MM aumentam após um exercício intenso, com pico após 8 horas
de um treino de força. O estudo dessa enzima é importante para avaliar uma
possível lesão muscular, evidenciado pelo grande aumento sérico da CK e redução
da tolerância ao exercício, sendo que atletas possuem níveis basais de CK maior do
que as pessoas destreinadas.
- Creatinina
A creatinina é o produto final da reação de consumo da creatina no tecido muscular,
que a utiliza como fonte de energia. Seus níveis são proporcionais a quantidade de
tecido muscular corporal, sendo que seu aumento é tóxico e provoca danos ao
organismo. Sua excreção é exclusivamente renal e é um fator que avalia a função
renal.
- Aspartato aminotransferase (AST)
A AST é uma enzima presente no tecido muscular esquelético, cardíaco, hepático e
sanguíneo, sendo que sua função é catalisar a reação que origina o glutamato. Seu
aumento é esperado após atividade física moderada e intensa, sendo que sua
elevação juntamente com aumento da CK, indica uma lesão muscular, e seu
aumento isolado indica alguma disfunção hepática.
- Lactato desidrogenase (LDH)
A LDH é uma enzima presenta no músculo esquelético, cardíaco, hepático,
sanguíneo, renal, ósseo e pulmonar, possuindo a função de catalisar a reação de
lactato para piruvato, na glicólise. Sua elevação ocorre após exercício físico, e seu
nível é diretamente relacionado à intensidade do exercício. Sua dosagem auxilia na
avaliação da adaptação ao treino.
- Aldolase
A aldolase é uma enzima presente em praticamente todos os tipos celulares,
participando na reação da frutose que origina aldeído e cetona. Seu nível pode
aumentar após exercícios físicos intensos e pode indicar uma lesão muscular ou não
adaptação ao treino proposto.
- Mioglobina
A mioglobina é uma proteína responsável, principalmente, pelo armazenamento e
carreamento de oxigênio no sangue e a regulação da liberação de óxido nítrico. Sua
elevação evidencia lesão muscular, tendo um potencial nefrotóxico. Exercícios
extenuantes também provocam sua elevação, sendo que seu aumento conjunto com
a CK podem ser úteis na monitorização do treino.
- Troponinas
As troponinas são proteínas que participam no processo de deslizamento da actina
sobre a miosina, isto é, na contração muscular. Existem 3 tipos, I, T e C, sendo que
a troponina-I e troponina-T são utilizadas como biomarcadores de lesão miocárdica,
em associação a CK. Também há elevação das troponinas após exercício físico
intenso.
- Anidrase Carbônica III (ACIII)
A ACIII está presente no músculo esquelético e reflete uma lesão muscular, sendo
mais sensível do que a CK e aldolase. Se a ACIII, aldolase e CK estiverem
elevados, pode-se confirmar a origem muscular esquelética da lesão.
- Cálcio
O cálcio participa do processo de contração muscular, na medida em que se liga à
troponina-C para que ocorra a contração.
- Fósforo
O fósforo participa de diversos processos no organismo, como na contração
muscular e na composição dos ossos e dentes, sendo que sua depleção pode
ocorrer em caso de paralisia muscular.
- Magnésio
O magnésio atua como cofator em diversas reações enzimáticas, sendo essencial
para o funcionamento da CK. Sua depleção provoca tetania, devido ao mal
funcionamento da bomba Ca-Mg-Atpase, que joga o cálcio para fora da célula para
que a contração muscular seja interrompida.
- Selênio
O selênio, juntamente com a vitamina E, possui potente ação antioxidante,
prevenindo a fibrose e a calcificação do músculo cardíaco e esquelético.
- Potássio
O potássio é um mineral que participa do processo de polarização das células
musculares cardíacas, sendo também cofator da enzima piruvato-quinase, que
participa do processo de glicólise.
- Cortisol
O cortisol é um hormônio esteroide que atua praticamente em todos os tecidos
corporais, participando diretamente na gliconeogênese. Pode elevar-se em treinos
intensos sistemáticos e reduzir-se em situações de overtraining, provocando
diminuição do desempenho e da hipertrofia muscular.
- Testosterona
A testosterona é um hormônio esteroide anabolizante, que pode estar reduzido em
situações de overtraining, períodos de repouso insuficiente entre treinos ou em
atletas de endurance.
- Relação Testosterona/Cortisol
Essa relação traduz a adaptação ao treino do organismo. Quando essa relação está
elevada, indica que o treino tem pouca intensidade, enquanto que a relação
diminuída indica a intensificação do catabolismo muscular e da capacidade física.

AVALIAÇÃO FÍSICA
A avaliação física deverá conter: anamnese, antropometria, composição corporal,
análise postural, teste de flexibilidade, testes de força e teste cardiorrespiratório.
As medidas antropométricas são compostas pelo peso, altura, circunferências (braço
e cintura), comprimento do braço e pregas cutâneas (tríceps, bíceps, subescapular e
supra ilíaca). Ao se pesar mulheres, deve-se atentar ao período menstrual em que
ela se encontra, pois a maioria delas retém líquido durante o período pré-menstrual.
O IMC (Índice de Massa Corporal; peso/altura2) é um método simples para se
calcular a composição corporal. Seu aumento pode estar relacionado tanto ao
acúmulo de gordura, quanto à uma maior porcentagem de massa magra, não sendo,
portanto, específico).
A Relação Cintura/Quadril (RCQ = perímetro da cintura / perímetro do quadril) pode
ser usada para se avaliar a distribuição do tecido adiposo, sendo um importante
preditor para o risco de doença arterial coronariana.
A adipometria avalia a gordura presente no tecido subcutâneo, por meio da aferição
das pregas cutâneas (bíceps, tríceps, subescapular, axilar média, torácica, supra
ilíaca, abdominal, coxa e panturrilha) com o adipômetro.
Para aferir a composição corporal, um método muito utilizado é o da bioimpedância,
que utiliza a passagem de corrente elétrica para identificar diferentes tipos de
tecidos corporais e, assim, determinar a composição do corpo. A bioimpedância
fornece o peso, IMC, massa muscular esquelética, massa adiposa e massa livre de
gordura, percentual de gordura corporal, água corporal total, taxa de metabolismo
basal, relação cintura/quadril e análise segmentada de massa magra.
A análise postural é importante, pois alterações posturais podem produzir alterações
em articulações, músculos, pele, tecido conjuntivo e adiposo.
Os testes e flexibilidade ajudam a mensurar a amplitude do movimento de uma
determinada articulação, o que irá refletir sobre o desempenho esportivo e em
atividades cotidianas. Os principais testes realizados são o “sentar e alcançar” (art.
coxo-femoral), goniometria e fleximetria.
O teste de força é usado para o cálculo do índice de força (INFU), que é a soma dos
exercícios abdominais, lombares, de braços e de pernas.
O teste cardiorrespiratório, por sua vez, avalia a função cardíaca, pulmonar e
muscular esquelética, calculando-se o volume máximo de oxigênio utilizado, em
relação ao peso (ml/kg/min).

EXERCÍCIO FÍSICO, SISTEMA IMUNE E NUTRIÇÃO


O exercício físico influencia o sistema imune na medida em que o treino moderado
estimula as defesas corporais e o treino intenso pode aumentar o risco à infecções
em atletas.
Após treino intenso, os níveis de linfócitos diminuem, os de neutrófilos aumentam e
os de imunoglobulina A reduzem, o que provoca uma resposta inflamatória pelo
organismo. A prática de exercício moderado e constante, por outro lado, estimula a
atividade de células natural killer e o aumento de imunoglobulinas, com consequente
efeito benéfico sobre a imunidade do atleta.
O exercício físico estimula a liberação de cortisol pelas glândulas suprarrenais e de
catecolaminas (adrenalina e noradrenalina). Essas catecolaminas provocam uma
resposta pró-inflamatória no organismo, com aumento de leucócitos, mas seus
efeitos têm curta duração e cessam minutos após o exercício. O cortisol, por sua
vez, permanece agindo por horas no organismo, com o aparecimento de seus
efeitos anti-inflamatórios após o declínio das catecolaminas, o que gera uma janela
(“open window”) no sistema imune, susceptível à infecções oportunistas. Esses
efeitos são diretamente proporcionais à intensidade do exercício.
Essas alterações no sistema imune acabam gerando efeitos a longo prazo,
diminuindo o desemprenho do atleta. O treino intenso e pouco espaçado acaba
diminuindo os níveis de glutamina (aminoácido presente na musculatura esquelética)
e glicose séricos, que também afetam negativamente o sistema imune.
Um marcador pró-inflamatório importante é a interleucina 6 (IL-6), que é liberada
quando ocorre lesão celular muscular, cuja concentração sérica aumenta na mesma
proporção da lesão celular.
Os nutrientes possuem importantes funções no sistema imunológico. Dentre eles,
pode-se citar: gorduras (ômega-3 e ômega-6 têm propriedades anti-inflamatórias e
pró-inflamatórias, respectivamente); carotenoides (estimuladores do sistema imune);
vitamina E (possui propriedades antioxidantes e estimuladoras do sistema imune);
vitamina A (estimula o muco protetor do trato respiratório, gastrointestinal e urinário,
além de estimular o crescimento e diferenciação dos linfócitos); vitamina C (possui
propriedades antioxidantes e pró-inflamatórias); carboidrato (se ingerido de forma
correta, fracionada, e durante treinos intensos, apresenta propriedades benéficas
para o sistema imune); próbioticos (provocam a modulação do sistema imune, com
propriedades antialérgicas); aminoácidos (arginina e glutamina estimulam o
crescimento e o funcionamento dos linfócitos T, sendo que a arginina promove a
liberação de óxido nítrico, um potente vasodilatador que melhora o desempenho das
células de defesa e também a hipertrofia muscular); ferro (são componentes
estruturais de várias células de defesa e catalisam diversas reações químicas no
organismo humano).

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