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Coma biscoitos na cama e durma sobre as migalhas.

Reprodução da palestra proferida por Emory Austin, na 60ª SMEI – EUA.

Há alguns anos atrás tive a oportunidade de assistir ao show de um grande mágico. Seus truques
eram surpreendentes e tudo o que ele fazia parecia-me verdadeiramente mágico até que ele
explicou como funcionava um de seus truques e então toda a mágica desapareceu!
Aquilo me fez pensar: na vida real é exatamente o oposto, porque apenas quando você realmente
compreende o que está acontecendo no interior da sua “caixa de mágicas” é que a mágica começa
e surpreende!

Quando nos determinamos a descobrir e utilizar melhor nossas habilidades de liderança, precisamos
primeiro conhecer e entender o que acontece em nossa “caixa de mágicas”, no mais fundo de nós
mesmos.

Nas suas próprias histórias da vida está a sua mágica!


Quando ainda era uma adolescente desajeitada, sempre que começava reclamar de qualquer
problema meu pai me dizia:
“Emory, isto é fascinante! Será que você já olhou este problema sob todos os ângulos? O que será
que uma pessoa extraordinária faria nesta situação? Puxa, Emory, em que situação fascinante você
mesma se colocou!”.
Isso acabou sendo um treino para aprender enfocar as coisas de forma mais produtiva e otimista
que me fez crescer fascinada com as possibilidades que existiam em minha vida, apesar de mim
mesma.
Com o tempo, fiquei definitivamente convencida de que a qualidade de tudo que fazemos está ligada
ao grau de fascinação que temos pela nossa própria capacidade de fazer, de conseguir, de ser.
Quanto mais você souber olhar com fascinação e interesse as pequenas particularidades
guardadas na “caixa de mágicas” que existe dentro de você, mais aprenderá tirar daí o seu poder de
líder.

Quero oferecer três relatos que considero poderosos para realimentar o espírito de liderança, todos
relacionados com pequenas histórias da minha vida:

UM GRAMA DE “DIFERENÇA” VALE TANTO QUANTO MIL GRAMAS DE “MESMICE”.

Quando eu estava na 7ª série, já tinha a mesma altura que tenho hoje - 1.90 m. - e não gostava de
nada do meu físico. Por ser mais alta do que todo mundo, os rapazes não me tiravam para dançar e
eu começava a ter o pressentimento de que também não iriam querer casar comigo.
Foi nessa época que pensei pela primeira vez em começar um negócio próprio, já que estava
condenada a ficar sozinha para sempre e precisava pensar em segurança.
Mas ao mesmo tempo a instabilidade natural do período da puberdade fazia com que os meus
sonhos admitissem não ser muito pedir a Deus que me fizesse parecida com a Barbie, ou que me
fizesse ser um pouco menos alta. Além do meu físico horrível, meu nome era Emory. Quem já ouviu
falar de uma menina chamada “Emory”? Ninguém! Tudo bem que meus pais não puderam fazer
nada sobre a combinação de genes que me deu um aspecto físico que ia me deixar solitária o resto
da vida, mas pelo menos poderiam ter escolhido um nome mais delicado, feminino, como Barbie.
À minha volta as pessoas tinham a altura que eu queria, os rapazes que eu queria e os nomes que
eu queria. Eram todas Patrícias, Michelles, Jeniffers, Melissas, ou então Lisas. Lisa! Eu daria
qualquer coisa para me chamar Lisa. Minha mãe, para me consolar, me dizia: “Não se preocupe,
Emory, você vai crescer e se tornar uma mulher e tanto”.
Como a gente não entende o que as pessoas querem!
Não era isto que eu queria ouvir de minha mãe como consolo. Ela não entendia que tudo o que eu
tinha parecia ser meu inimigo de tanto que eu não gostava.
Os anos passaram, não fiquei parecendo com a Barbie, continuei alta e desengonçada, mas, mesmo
assim, um belo jogador de basquete quis casar comigo e também me tornei uma escritora bem
sucedida mesmo me chamando Emory.
Por que?
Passei grande parte da minha vida achando que “felizes para sempre” era um estado ligado à
conformidade, a um estado de coisas imperturbável, a ter segurança, mas aos poucos fui
aprendendo que o conformismo tem muito pouco a ver com o sucesso. As flores no jardim do vizinho
são mais lindas quando tomam sol e são regadas. Pois abri o meu coração para o sol e peguei o
regador invisível que todos temos dentro de nós e comecei a regar as minhas diferenças
fascinantes. E funcionou. Meu jardim de qualidades interiores ficou florido, projetou minha
capacidade de liderança como nunca eu havia imaginado. De fora para dentro não tive nenhuma
mudança, mas consegui um grama de diferença dentro de mim e aconteceu tudo isso. Procure todo
dia o seu grama de diferença! É nele que está o seu poder, não deixe ninguém sufocá-lo, ou cobri-lo
de mesmice.
Hoje estou segura de que não há absolutamente nada que eu queira mudar na história de mim
mesma, nem as coisas que eu detestava! Porque eu aprendi a me fascinar pelo poder de impactar o
futuro, o poder da liderança!

Aqui vai a segunda coisa que acredito lhe trará poder para enfrentar o futuro:

COMA BISCOITOS NA CAMA E DURMA SOBRE AS MIGALHAS.


Você pode se sentir confortável com qualquer coisa: sucesso, ótimas vendas ou então
mediocridade, fracasso, acomodação. Quando nos acostumamos demais com alguma coisa, vamos
nos sentindo confortáveis com aquilo e aí está o perigo.
Tenha muito cuidado com estados de conforto porque eles podem matar sua liderança e o seu
poder de impactar o futuro.
Isto não é uma forma masoquista de pensar, afinal, normalmente sempre teremos coisas boas que
devemos preservar e desenvolver e, coisas ruins, que precisamos eliminar ou mudar. O perigo está
em não aprendermos a nos questionar e assim tendermos a aceitação daquilo que a vida nos impõe
sem um mínimo de inconformismo. É a imagem das migalhas de biscoito na cama, macia e
quentinha, fazendo a gente se mexer um pouco.
Por mais consciência que tenha das necessidades de mudar para sobreviver, você não fará nada de
concreto até que a dor de continuar sendo o mesmo seja maior do que a dor de mudar.
Deixe um pouco de migalhas na sua cama.

Eu disse que havia pensado em abrir meu próprio negócio, lembram-se. Pois eu não comecei
negócio nenhum porque não haviam migalhas na minha cama. Eu ainda não sentia nenhum
incômodo, nenhuma dor, apesar de não gostar do meu nome, da minha altura e de tudo à minha
volta. Assim, enquanto as outras meninas dançavam, eu ficava sentada, em estado de segurança,
sem ser recusada por ninguém. Criei uma idéia de segurança conformada, sem riscos. Porém, tudo
isso mudou no dia 12 de abril de 1980 num daqueles eventos definitivos que acontecem na vida de
todos nós. Eu estava num quarto de hospital quando o meu ex-jogador de basquete de 2,10 metros
de altura debruçou-se sobre mim e disse as duas palavras que nenhum de nós acredita que jamais
ouvirá: “É maligno”.
Fui submetida a uma cirurgia, apesar dos médicos terem afirmado que tinham extirpado todo o mal,
eu vi a minha “segurança” sair flutuando pela janela. Depois daquele dia, nunca mais me deixei
dominar por qualquer sentimento de segurança ligado a garantia de tempo. Quem tem?
Eu acho isto muito curioso: ninguém de nós tem esta garantia, mas agimos como se tivéssemos
todo o tempo do mundo para adiar tarefas, sonhos, providências!
Deitada naquela cama de hospital, meus pensamentos corriam descontrolados pela notícia da minha
doença, quando ouvi uma voz do meu passado:
“Emory, o que você acha que uma pessoa extraordinária faria nesta situação?”
Estas foram as minhas migalhas e aí sim, eu comecei meu negócio próprio com toda a pressa
necessária para aproveitar o máximo do tempo.
A terceira estratégia que prometi contar para ajudá-los a enfrentar os desafios que sua liderança
lhes impõe é:

NUNCA DEIXE DE FAZER O SEU “CHEFE” SENTIR-SE IMPORTANTE.


Em cada situação da vida seu chefe muda: ora é o seu médico, ora é o seu filho e numa empresa
ele é sempre o cliente.
Meu pai foi durante anos professor da Universidade Wake Forest e sabia muito bem que seus
verdadeiros chefes compunham um grupo de jovens de 18 anos que todo início de ano letivo
decidiam se ele continuaria com seu negócio ou não. Quero dizer, se esses jovens não se
matriculassem na disciplina lecionada por meu pai não haveria razão para ele ser mantido na
Universidade.
Consciente disso, meu pai desenvolveu uma estratégia de relacionamento com os calouros que não
pode ser confundida com adulação, mas com uma bem sucedida ação de conquista dos seus
“chefes” todos os anos.
Todo calouro, assim que chegava na universidade, recebia uma carta de meu pai que dizia mais ou
menos o seguinte: “Sei como é difícil o primeiro ano que você deixa a casa dos pais para morar aqui
neste lugar estranho. Eu e minha esposa estamos à sua disposição para quando você quiser
conversar, desabafar ou diminuir a solidão. Meu escritório e a nossa casa estão às suas ordens.
Conte conosco.”
A cada período letivo nossa casa ficava cheia de estudantes calouros cheios de atenções dos meus
pais.
Com o tempo sentiam-se à vontade para ficarem para jantar e minha mãe então pedia que eles
escrevessem seus nomes na enorme toalha branca que cobria a mesa e explicava: queremos que
você escreva seu nome aqui para depois, quando você for tudo que puder ser, possamos dizer com
orgulho que esteve em nossa casa e jantou conosco. Nos dias seguintes minha mãe bordava
recobrindo o nome do aluno, fixando definitivamente a assinatura na toalha.

Aqueles calouros se matricularam em massa nas aulas de meu pai, fascinados pela sua forma de
faze-los sentirem-se importantes num momento de grande transformação em suas vidas, longe dos
amigos e da família. Isso não só garantiu o emprego de meu pai como professor universitário por
anos a fio, como o tornou uma figura especial por algo que ultrapassava os méritos mínimos de um
mestre.
Portanto, faça com que as pessoas à sua volta sintam-se importantes. O resto acontece.
Ah! A disciplina que meu pai lecionava era Língua Grega.

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