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Inflação e Juros

3.1 Inflação

3. 1. 1 Conceito de inflação

A inflação pode ser definida, de forma simples, como o aumento generaliza—


do de preços, que provoca a redução do poder aquisitivo da moeda, isto é, com
a mesma quantidade de unidade monetária (dinheiro), passa-se a comprar me-
nos quantidade de produtos e serviços. Quando ocorre a redução generalizada
de preços, esse fenômeno econômico chama-se deflação.
Quando o período de altas taxas de inflação for longo, ocorre o desalinha-
mento dos preços relativos, isto é, os preços de determinados produtos e servi—
ços aumentam mais do que os preços de outros produtos e serviços.
EXEMPLO. Suponha-se que cada um dos indivíduos que compõem o uni-
verso deste exemplo poupa uma parte do salário líquido após pagar os gastos
necessários. Conforme o Quadro 3.1, em M1 (momento 1), cada um dos indi—
víduos consegue poupar 10% do salário líquido, o que, na média do universo,
resulta em poupança média de 10% do salário líquido.
59 Administração Financeira e Orçamentária ' Hoji

Quadro 3.1 Gastos e poupança em M1.

Indivíduo X Indivíduo Y

Grupos de gastos
Habitação
Educação
Transportes
Alimentação
Outros gastos

Total de gastos (A)

Salário líquido (B)


Poupança (C = B ——A)

pela inflação
Suponha que o reajuste de salário em M2 (momento 2) é feito
m a quantidade e a
média desse período, e que cada um dos indivíduos manté
produtos e ser-
qualidade da cesta de consumo de M1, mas os preços de alguns
viços se alteraram, conforme o Quadro 3.2.

Quadro 3.2 Gastos e poupança em M2.

Grupos de gastos
Habitação
Educação
Transportes
Alimentação
Outros gastos

Total de gastos (A)

Salário líquido (B)


Poupança (C = E —A)

inflação (Am/Am — 1)

diferente para
A variação (Aº/o) dos itens do grupo de gastos em M2 foi
nte, conforme
cada indivíduo, que sofreu o impacto da inflação em nível difere
duo X, foi de 4,5%
pode ser observado no Quadro 3.2. A inflação, para o indiví
o da inflação é
no período, enquanto para o indivíduo Y foi de 17% (o cálcul
do M1). O salário
feito dividindo-se o total de gastos do M2 pelo total de gastos
Inflação e Juros 51

líquido de cada indivíduo foi reajustado pela inflação média de 10,5%, apesar
de cada um ter sofrido o impacto da inflação de forma diferente. Portanto, em
termos globais, a poupança média continua sendo de 10% do salário líquido.
Combase no exemplo, podem-se destacar algumas consequências da in-
flação, tais como o problema da distribuição de renda e a alteração da relação
entre o salário, o consumo e a poupança.

3.1.2 Impacto da inflação sobre as atividades empresariais

O acompanhamento e a análise da inflação interna de uma empresa é muito


importante na administração do preço de venda e controle dos custos.
O mesmo raciocínio utilizado para explicar o impacto da inflação sobre a
Vida dos indivíduos é Válido também para as empresas. É só substituir os gastos
por custos e despesas, salário por receita líquida e poupança por lucro. Ter-se—ia
uma situação como a apresentada no Quadro 3.3.
Assim, as empresas que forem mais eficientes no controle dos custos inter-
nos terão maiores possibilidades de continuar gerando lucros.

Quadro 3.3 Apuração do lucro em M2.

Y
Custos e despesas Valor A °o A% Valor A%
Matéria-prima 500 0% 16,7% 425 ,
Mão de obra direta 170 13,3% 10,0% 195 11,4%
Custos indiretos de fabricação O 0% 0% 50 0%
Despesas de vendas 200 0% 16,7% 275 0,0%
Despesas de administração 280 12,0% 50,0% 215 22,9%
Total de Custos e Despesas (A) 1.150 1.170 1.160
Receita líquida (B) 1.350 10,5% 1.228 10,5% 1.289 10,5%
Lucro (C = B -— A) 200 14,8% 58 4,7% 129 10,0%

Inflação (Am/Am — 1)

3.1.3 Cálculo da variação nos níveis de preços

Suponha que determinados preços evoluíram conforme a Figura 3.1.


521 Administração Financeira e Orçamentária ' Hoji

Qu;
1.025 1.038 1.050 1.071 1.091 1.113 1.134
Preçodo dia 1.000 1.013 preços «
Preço da semana 1.044 indice I
7/abr. 15 23 31/maio
Data 31/mar.

Figura 3.1 Evolução de preços.

Existem diversos métodos e critérios para cálculo da inflação e cada um


produz um resultado diferente.

CÁLCULO COM AS VARIAÇÓES MÉDIAS nos PREÇOS Par


inversa
Se for utilizado o critério da média aritmética simples,1 com coleta de pre-
dice do
ços no final de cada semana, a inflação do mês de maio, de acordo com a evo-
lução dos preços da Figura 3.1, será de 6,8%, calculada como segue:

(1.071 + 1.091 + 1.113 +1.134)/4


Inflação de maio = ~1 = “1 01068 = 6:8% Par
(1.013 + 1.025 +1.038 +1.050)/4
cinco p
do de r
CÁLCULO COM AS VARIAÇÓES “PONTA A PONTA” dividid
to perí<
Se for utilizado o critério de “ponta a ponta”, a inflação do mês de maio será
EX
de 7,6% (1.123 / 1.044 —— 1 = 0,076 = 7,6%). Esse método leva em considera-
ção somente os preços médios praticados nas últimas semanas de cada mês e
não considera os preços praticados durante os outros dias do mês. Por exemplo,
se o preço de $ 1.044 tivesse sido praticado durante o período de 23 de abril a
23 de maio e o preço de $ 1.123 tivesse sido praticado somente no período de
24 de maio a 31 de maio, a inflação do mês de maio estaria significativamente
distorcida, pois, durante a maior parte do mês, o preço foi de $ 1.044.

3. 1.4 Número-índice

O número-índice é utilizado em diversas áreas, tais como em demografia,


economia e finanças. Em demografia, ele é utilizado para mensurar o cresci—
mento populacional, taxa de natalidade etc.; em economia, é empregado para
mensurar variações no nível de produção, emprego, consumo etc.; em finanças,
o número-índice é bastante utilizado para acumular taxas de juros periódicas.

3 Existem métodos que utilizam a média geométrica.


Inflação e Juros 53

Quando o número—índice é empregado para medir a variação do nível de


preços de produtos e serviços específicos, chama—se índice de preços. O número—
índice pode ser calculado com a equação 3.1.

onde: In = índice do período de referência;


A n = variação do período de referência, em percentual;
In _ 1 índice do período anterior ao de referência.

Para calcular a variação do período de referência,2 basta fazer a operação


inversa, conforme a equação 3.2. O termo In_ 1foi substituído pelo termo Ib (ín-
dice do período-base).

Para calcular a variação acumulada de vários períodos, por exemplo, de


cinco períodos anteriores ao período de referência, divide-se o indice do perío—
do de referência pelo índice do sexto período anterior (índice-base), pois se for
dividido pelo índice do quinto período anterior, a variação desse período (quin-
to período anterior) não será considerada no cálculo.
EXEMPLO:

Tabela 3.1 Índice de inflação (base: dezembro/ZOXÓ = 1,0000).

Mês Inflação Índice


Jan./20X7 5,0% 1,0500
Fev./20X7 4,0º/o 1 ,0920
Mar./20X7 3,8% 1,1335
Abr./20X7 2,00/0 1,1562
Maio/20X7 —1,5°/o 1 ,1389
Jun./20X7 1,0°/o 1,1503
Jul./20X7 Oº/o 1,1503
Ago./20X7 1,80/0 1 ,1710
Set./20X7 2,0% 1,1944
Out./20X7 1,9º/o 1,2171
Nov./20X7 2,0º/o 1 ,2414
Dez./20X7 1,8% 1,2637

ª O período de referência pode ser dia, mês, trimestre, ano etc.


541 Administração Financeira e Orçamentária ' Hoji

O número-índice é acumulado a partir de uma data—base e, geralmente, ini-


cia—se com 1 (ou 100).
Para apurar a variação acumulada dos meses de jan./20X7 a set./20X7, di-
vide-se o índice do .mês de set./20X7 pelo índice do mês de dez./20X6 e subtrai-
-se 1 (1,1944 / 1,0000 — 1 = 0,1944 ou 19,44%). Repare o leitor que o indice
utilizado como divisor não é o do mês de jan./20X7 e sim o do mês anterior.
Essa operação equivale a acumular mês a mês a variação do periodo conside-
rado, como segue: [(1 + 0,05) >< (1 + 0,04) >< (1 +0,038) >< (1 + 0,02) >< (1 -—
0,015) >< (1 + 0,01) >< (1 + O) >< (1 + 0,018) >< (1 + 0,02)] —— 1 = 19,44%.

3.1.5 Reajuste de valor-base

O valor—base é o valor original (capital). O reajuste de um valor, com a uti-


lização de número-índice, é feito mediante a seguinte equação:

VR = VB >< (In / Ib) (equação 3.3)

valor reajustado;
VB valor—base.

EXEMPLO. Reajustar o valor-base de $ 100.000, do mês de fev./20X7, até


out./20X7, utilizando o número-índice da Tabela 3.1.

VR = $ 100.000 >< (1,2171 / 1,0920) = $ 111.456

Nesse caso, a inflação do mês de fev./20X7 não e' considerada, pois o valor—
base de $ 100.000 representa o valor corrente do mês de fev./20X7.

3.1.6 Índices de inflação

Os índices de preços medem a variação de preços, com diferentes finalida-


des. Alguns dos principais índices de preços da economia» brasileira são apre-
sentados a seguir:

IGP-DI (ÍNDICE GERAL DE PREÇOS — DISPONIBILIDADE INTERNA)

O IGP—DI é obtido pela média aritmética ponderada de outros três


índices: 60% de IPA (Indice de Preços por Atacado), 30% de IPC (Indice
Inflação e Juros 55

de Preços ao Consumidor) apurado nas cidades de Rio de Janeiro e


São Paulo, e 10% de INCC (Índice Nacional de Custo da Construção). É
apurado desde 1947 pela Fundação Getulio Vargas (FGV) e é calculado
desde fevereiro de 1954 com a mesma estrutura de ponderação. Até
novembro de 1985 foi o índice oficial de inflação do Brasil. O periodo
de coleta de dados vai do primeiro ao último dia de cada mês, sendo
divulgado no final da primeira quinzena do mês seguinte.

IGP—M (ÍNDICE GERAL DE PREÇOS DO MERCADO)


Esse índice tem a mesma composição e estrutura do IGP-DI, mas o
período de coleta de dados vai do dia 21 de um mês até o dia 20 do mês
seguinte. Foi criado em 1989, por encomenda da Andima (Associação
Nacional das Instituições do Mercado Aberto) e outras instituições do
mercado financeiro à FGV para atender à necessidade do mercado
financeiro de acompanhar a evolução e a tendência do índice de preços
em prazo menor.

INPC-IBGE (ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR DA


FIBGE)
Esse índice começou a ser calculado a partir de setembro de 1979
pela FIBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e
reflete a variação dos preços pagos pelos consumidores das principais
regiões metropolitanas. Ele reflete a variação de preço da cesta básica
das famílias com rendimento na faixa de um a oito salários—mínimos,
em supermercados, feiras, mercearias, domicílios etc. Os dados são
coletados do primeiro ao último dia de cada mês, sendo o índice
divulgado até o final da primeira quinzena do mês seguinte.

IPCA (ÍNDICE NACIONAL DE PREÇOS AO CONSUMIDOR AMPLO


DA FIBGE)
O IPCA é um importante índice de preços para a execução da
política monetária do Banco Central do Brasil, pois é utilizado para o
acompanhamento dos objetivos estabelecidos no sistema de metas de
inflação, adotado a partir de julho de 1999. Esse indice é calculado e
divulgado mensalmente pela FIBGE desde 1980, de forma semelhante
ao do INPC, e reflete a variação dos preços das cestas de consumo das
famílias com renda mensal de 1 a 40 salários—mínimos.

IPC-FIPE (ÍNDICE DE PREÇO AO CONSUMIDOR DA FIPE)


Esse é um dos índices de preços mais antigos do Brasil. Mede o
custo de vida da família paulistana durante o mês (do primeiro ao
último dia de cada mês). A cesta básica considerada a partir de janeiro
de 1994 é de 1 a 20 salários—mínimos. Originalmente, denominava—se
55? Administração Financeira e Orçamentária º Hoji

Índice Ponderado de Custo de Vida da Classe Operária na Cidade de São At


Paulo e foi apurado no periodo de 1939 a 1968 pela Prefeitura Municipal ção da
de São Paulo. Em 1968, a responsabilidade da apuração foi transferida certeza
para o IPE-USP (Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de econôn
São Paulo, antecessor da Fipe—USP). Em 1972, a denominação do índice
Qu
foi alterada para Índice de Preços ao Consumidor (Custo de Vida) da
Classe de Renda Familiar Modal no Municipio de São Paulo.
está ap
está ca;
ICV-DIEESE (ÍNDICE DO CUSTO DE VIDA DO DIEESE) ceira de
Esse índice é apurado pelo Dieese (Departamento Intersindical de finance
Estatística e Estudos Socioeconômicos), com a finalidade de medir o 'e o peri
custo de vida da classe trabalhadora. A coleta de dados é feita no muni— Os
cípio de São Paulo, com base em custo de Vida das famílias com rendi- nanceir
mento entre 1 e 30 salários—mínimos. A pesquisa de preços é realizada
do primeiro ao último dia de cada mês. Ca

A diferença entre o índice de preço e o índice de inflação


Embora todos os índices apresentados sejam “índices de preços”, nem todos
podem ser considerados índices de inflação. Nos Estados Unidos e em países
da Comunidade Europeia, por exemplo, os Índices de Preços por Atacado fo—
ram descontinuados no final da década de 1970 e substituídos por Índices de
Preços ao Produtor, que medem a variação de preços de mercadorias e serviços
recebidos pelos produtores domésticos na primeira operação de venda, isentos,
portanto, da influência direta de produtos e serviços importados e de impostos
indiretos (SOUZA, 2004). O Índice de Preços ao Consumidor avalia os efeitos
da variação de preços de bens e serviços finais para as unidades familiares.
O Índice de Preços ao Consumidor é aceito como o mais adequado índice de
inflação, praticamente em todo o mundo, pois mede as influências inflacionárias
com maior precisão do que outros índices de preços. Por esse conceito moderno de
inflação, os índices de preços, como o IGP-DI e o IGP—M, não se enquadram como
índices de inflação.
Sp:
3.2 Juros

32. 1 Introdução ' 3.2.2

O governo utiliza a taxa de juro como instrumento de política econômica e ' :º _A ta


monetária para controlar o nível de propensão ao consumo e incentivar a pou- ções, cm
pança. Se os proprietários de dinheiro forem recompensados adequadamente de dispe
por meio de juro, eles estariam dispostos a fazer a poupança, postergando o " ' , 'A pa
consumo. Em suma, o juro pode ser entendido como remuneração do capital. uma frag
Inflação e Juros 57

A taxa de juro é determinada no mercado financeiro, basicamente, em fun-


ção da oferta e procura de recursos financeiros. Porém, quanto maior for a in-
certeza do retorno do capital investido (em consequência do prazo, ambiente
econômico etc.), maior deverá ser a taxa de juro.
Quando o indivíduo A faz um empréstimo para o indivíduo B, diz-se que A
B
está aplicando (ou investindo) seu recurso financeiro (capital ou principal) e
está captando (ou tomando) o recurso financeiro de A. Numa operação finan-
ceira desse tipo, normalmente, são combinados no ato da entrega do recurso
financeiro o prazo da operação e a forma de resgate, bem como a taxa de juro
e o periodo de capitalização.
Os seguintes termos são frequentemente utilizados em uma operação fi—
nanceira.
Capital: corresponde ao recurso financeiro que seu proprietário cede
temporariamente ao tomador. E chamado também de principal.
Prazo: é o espaço de tempo que o capital fica em poder do tomador.
Forma de resgate ou amortização: pode ser de uma única vez, ao final do
prazo da operação, ou em parcelas intermediárias. Quando o tomador
devolve o capital parcialmente, ocorre a amortização do empréstimo.
Quando devolve integralmente, ocorre a liquidação.
Taxa de juro: é um percentual que se aplica ao capital, para determinar
o valor do juro. Geralmente, a taxa de juro e' expressa em forma
percentual, isto é, multiplicada por 100 e seguida do termo por cento.
Assim, para fazer os cálculos, as taxas expressas em forma percentual
devem ser divididas por 100, transformando—as em forma unitária.
Forma de pagamento de juros: determina como os juros serão pagos e
sua periodicidade.
Período de capitalização: é o espaço de tempo em que o capital rende
juro, ao fim do qual é pago ou integrado ao capital, para gerar novo
juro. Nas operações de desconto, o juro é pago no início da operação.
Spread: é a taxa de intermediação cobrada pelo intermediário financeiro.

3.2.2 Porcentagem e taxas de juros

A taxa é expressa geralmente em porcentagem, em quase todas as aplica—


ções, como, por exemplo: taxa de juro, taxa de crescimento demográfico, taxa
de dispersão etc.
nta
A palavra porcentagem, ou percentagem (per + cento + agem), represe
uma fração por cento (cem) de qualquer coisa mensurável.
58 Administração Financeira e Orçamentária ' Hoji

Um valor que represente “dez por cento” de um número qualquer pode ser A
escrito da seguinte forma: 10%. Na forma fracionária, seria escrita: 10/100. A apósc
fração mostra que o número 10 está sendo dividido por 100. Então, seria o mes- de 181
mo que escrever na forma unitária: 0,1. cida n
cálcul—
As taxas de juros são expressas em unidades de tempo: ao mês (am.), ao
trimestre (at.), ao semestre (as), ao ano (aa.) etc. Porém, as mais comuns são
TAXAS
ao mês e ao ano.
Ta
Em cálculos de juros, deve ser utilizada a forma unitária. Portanto, número
capita.
expresso em “tantos %” deve ser dividido por 100, transformando-o na forma uni—
com b
tária antes de efetuar o cálculo. E, se o cálculo referir-se à obtenção da taxa de juro,
plo: Li
o resultado deve ser multiplicado por 100, para ser expresso em “por cento”.
Pc
taxa d
3.2.3 Juro comercial e juro exato
Po
O juro comercial é calculado com taxa expressa em porcentagem, com base zo, é u
em ano comercial convencionado de 360 dias. Por essa forma de expressão, a de spre
taxa anual refere-se à taxa do período de 360 dias, a taxa semestral à do período são pa;
de 180 dias, a taxa mensal à do período de 30 dias, e assim por diante. lização
Rate) 1
O juro exato é calculado considerando o ano civil de 365 dias e de 366 dias
em anos bissextos.
3.2.5
Geralmente, as taxas de juros praticadas no mercado financeiro referem-se
ao ano comercial; porém, as partes podem contratar uma taxa de juro referen— O
ciada em período com número de dias diferentes. Por exemplo, os títulos fede- taxa b:
rais foram remunerados no passado com base em ano civil e, hoje, são remune— e pela
rados com base em ano de 252 dias úteis.
Existem operações financeiras em que as taxas de juros devem ser calculadas
com base em juros exatos, mesmo que estejam expressas com base em ano co-
mercial, pois os períodos abrangem efetivamente o calendário civil. É o caso de
operação de leasing, em que as prestações mensais são pagas 12 vezes no ano.

3.2.4 Taxas de juros fixas e flutuantes


As taxas de juros podem ser fixas ou flutuantes.

TAXAS FIXAS"
Taxas fixas são as que não se alteram durante todo o prazo da operação
financeira (aplicação ou empréstimo), mesmo que exista mais de um período
de capitalização.
A taxa é prefixada quando é determinada no ato da contratação. Exemplo:
3% ao mês, pelo prazo de 90 dias.
Inflação e Juros 59

A taxa é pós—fixada quando o valor efetivo do juro é calculado somente


após o reajuste da base de cálculo. Exemplo: IGP—M + 10% ao ano, pelo prazo
de 180 dias. Neste caso, a taxa efetiva de juros do período de 180 dias é conhe-
cida no ato da contratação, mas só pode ser aplicada após conhecida a base de
cálculo reajustada de acordo com a variação do IGP-M.

TAXAS FLUTUANTES
Taxas flutuantes (ou taxas variáveis) são as que variam a cada período de
capitalização, isto é, são fixadas novas taxas a cada período de capitalização,
com base em alguma taxa referencial de juro previamente combinada (exem—
plo: Libor, Taxa Anbid etc.).
Por ser uma espécie de indexação (que engloba a taxa de inflação e uma
taxa de juro), esse tipo de taxa proporciona maior segurança ao investidor.
Por exemplo, numa operação de empréstimo estrangeiro com três anos de pra-
zo, é utilizada uma taxa básica de juro correspondente à Libor semestral, acrescida
de spread fixo de 1% ao ano, durante todo o prazo da operação. Nesse caso, os juros
são pagos a cada seis meses e a taxa de juros pode variar a cada período de capita—
lização (semestral, neste exemplo), em função da Libor (London Interbank Offered
Rate) praticada pelo mercado no início de cada período de capitalização.

3.2.5 Estrutura da taxa de juros


O juro é a remuneração paga ao investidor pelo tomador de recursos. A
taxa bruta de juro é formada pela taxa de inflação do período de capitalização
e pela taxa de juro real (Figura 3.2).

Taxa livre
de nsco

Inflação |

Figura 3.2 Componentes da taxa de juro.


6G Administração Financeira e Orçamentária ' Hoji

A taxa de juro real pode ser dividida em duas componentes:


taxa livre de
risco (taxa de juro real “pura”) e taxa de risco. A primeira
é uma taxa que o
investidor espera receber, “praticamente” livre de risco (por exempl
o: título de
dívida do governo) ; a segunda, o investidor espera receber a
mais por estar cor—
rendo um risco.

Para apurar a rentabilidade líquida de um investimento, deve-s


e deduzir o
Imposto de Renda da taxa bruta de juros.
3.2. 7
EXEMPLO. Um título de dívida do Tesouro norte—americano é negoci
ado com O
rentabilidade bruta (taxa bruta de juro) de 5% para resgate em
um determinado ções e]
prazo. Se a inflação estimada do período é 1%, o juro real é 4%,
que é considerado préstir.
uma taxa livre de risco. Nessas condições, se uma empresa lançar
um título de (US$),
dívida com rentabilidade bruta (para o investidor) de 7% para
o mesmo período, EX
a diferença de 2% corresponderá à taxa de risco dessa empresa.
com pi
do. A t
3.2.6 Cálculo de juro real taxa ef
taxa lir
Geralmente, a inflação estimada não coincide com a inflação efetiva Pa]
. Quando
a taxa bruta de juro é maior do que a taxa de inflação do períod procedw
o de capitaliza—
ção, diz-se que a taxa de juro real é positiva; em caso contrário, variaçã
ela é negativa.
EXEMPLO. Um capital de $ 100 foi aplicado pelo prazo de dois líquida
meses, à em US:
taxa de juros de 20% no período em que a inflação foi de 15%.
No final do pra— la-se a
zo, o capital de $ 100 gerou um juro bruto de $ 20 ($ 100 ><
20%), mas ele so- 9,97% .
freu desvalorização de 15% pela inflação do período. Portan
to, o capital de
$ 100 deve ser reajustado para $ 115. Assim, o juro real ganho O c
na operação foi
de $ 5, porque $ 15 correspondem a reposição de valor do capital ção 3.5
. Comparan-
do-se o juro real em relação ao valor atualizado de $ 115, tem-se pela va;
a taxa de juro
real de 4,3478% no período.
A taxa de juro real pode ser calculada por meio da equação 3.4:

(equação 3.4)
Obt
uma apl
onde: lr= taxa de juro real; dias, eq“:

ie = taxa de juro efetiva do período;


D: taxa de desconto (inflação do período)“.
3 A taxa
foi multip.
Inflação e Juros 63

Com base na equação, 0 cálculo foi feito como segue:

1 + 0,2
— 1 : 0,043478 = 4,3478%3
1 + 0,15

3.2. 7 Cupom cambial


O cupom cambial representa a taxa de rendimento em dólar das aplica—
ções em moeda local. No mercado financeiro, as aplicações financeiras (ou em—
préstimos) em moeda local podem ser comparadas com as operações em dólar
(US$), e Vice—versa.
EXEMPLO. A taxa de juros domésticos é de 4,0% efetivo para operações
com prazo de 60 dias e espera-se uma variação cambial de 2,3% nesse perío—
do. A taxa de juros domésticos e a taxa de variação cambial estão expressas em
taxa efetiva do período de 60 dias, mas a taxa de juros em US$ e' expressa em
taxa linear.
Para transformar a taxa de juros domésticos em taxa de juros em US$,
procede—se da seguinte forma, utilizando a equação 3.5: excluindo-se a taxa de
variação cambial da taxa de juros domésticos do período considerado, a taxa
líquida efetiva de juros é de 1,661779%. Ora, sabendo-se que a taxa de juros
em US$ é expressa na forma linear, para expressa—la em período anual, calcu-
la-se a taxa proporcional a 1,661779% (0,01661779/60 >< 360 = 0,0997 ou
9,97% aa.), em que o termo “60” é o número de dias do periodo (p).
O cálculo do cupom cambial (im) em taxa anual pode ser feito pela equa—
ção 3.5, que é uma adaptação da equação 3.4, substituindo—se o deflator (D)
pela variação cambial (VC).

(equação 3.5)

Obtém-se, assim, o cupom cambial de 9,97% aa. Ou, em outras palavras,


uma aplicação financeira em moeda local, à taxa de juros de 4% no prazo de 60
dias, equivale à variação cambial + 9,97% aa.

3 A taxa de 4,3478% equivale à taxa unitária de 0,043478. Subentende—se que a taxa unitária
foi multiplicada por 100, para ser expressa em percentual.

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