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Jurisprudência do
Superior Tribunal de Justiça*
Direito Penal
CONTRAVENÇÃO PENAL. DIREÇÃO SEM HABILITAÇÃO EM VIA PÚBLICA
(ARTIGO 32). REVOGAÇÃO. OCORRÊNCIA. 1. Para além de regular inteiramente
as infrações penais de trânsito, o Código Brasileiro de Trânsito, com força de disposição
hermenêutica contextual, preceitua incidência cumulativa de normas sancionatórias e
exclui, em linha de consequência, punição penal estranha ao seu capítulo XIX (artigo
161, caput), certificando a revogação da contravenção de direção sem habilitação em
via pública. 2. Recurso provido. RHC 8.572-SP. (RSTJ, vol. 123, p. 436).
HABEAS CORPUS. DIRIGIR SEM HABILITAÇÃO. CONTRAVENÇÃO PENAL.
ARTIGO 32 DA LCP. 1. “(...) I. Dirigir veículo sem habilitação, por se tratar de
infração de mera conduta, é suficiente para configurar a contravenção prevista no art.
32 da Lei das Contravenções Penais. II. O art. 309 do Código Nacional de Trânsito não
derrogou o art. 32 do Decreto-Lei nº 3.688/41, pois apenas criou infração penal mais
grave, na hipótese do condutor que, sem habilitação, ainda tenha gerado perigo de
dano. III. Embargos acolhidos.” (EREsp 221.589/SP, Relator Ministro Gilson Dipp, 3ª
Seção, in DJ 23/10/2000). 2. Ressalva de entendimento diverso. 3. Ordem denegada.
HC 12.470-SP. (RSTJ, vol. 145, p. 589).
RECURSO EM HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. LEI
Nº 9.437/97. LEI DAS ARMAS DE FOGO. ATIPICIDADE DA CONDUTA NÃO
DEMONSTRADA NA LUZ DA EVIDÊNCIA. IMPROVIMENTO DO RECURSO.
1. A letra do artigo 4º da Lei nº 9.437/97, ela mesma, declara que o “Certificado de
Registro de Arma de Fogo, com validade em todo o território nacional, autoriza o seu
proprietário a manter a arma de fogo exclusivamente no interior de sua residência
ou dependência desta, ou, ainda, no seu local de trabalho, desde que seja ele o titular
ou o responsável legal do estabelecimento ou empresa.”. Em meio a objetividade
jurídica dos crimes elencados na Lei nº 9.437, de 20 de fevereiro de 1997, substanciada
em obséquio da incolumidade pública, está, inegavelmente, a necessidade de se
identificar o adquirente da arma, a arma, ela mesma, e a sua proveniência. 3. Para
além de identificar o nome do adquirente, o artigo 10 do Decreto 2.222, de 8 de maio
de 1997, determina, expressamente, a possibilitar o registro da arma, seja expendido
o seu endereço residencial, a fim de monitorar a sua propriedade e o local onde se
encontra. 4. Constitui decorrência lógica da interpretação da parte final do artigo 2º
da Lei nº 9.437/97 o dever de o proprietário, em ocorrendo qualquer circunstância
suscetível de alterar os dados cadastrais da arma – tal qual o é a sua localização –,
informar a alteração ao Sistema Nacional de Armas – SINARM, conduzindo, pois, dita
omissão, em tese, ao ilícito de transporte ilegal, na hipótese de a arma ser apreendida
em local diverso daqueloutro consignado no registro pelo adquirente, que não mais
possui autorização para o porte. 5. “O trânsito de arma de fogo registrada, de uma
Unidade para outra da Federação, será autorizado pela Polícia Federal e, nos limites
territoriais dos Estados e do Distrito Federal, pelas Polícias Civis, exceto se pertencer a
militar das Forças Armadas, caçador, atirador ou colecionador.” (artigo 31 do Decreto
nº 2.222/97, de 8 de maio de 1997). 6. Não revelada na luz da evidência, primus ictus
oculi, a atipicidade da conduta, já que não colacionada aos autos documentação idônea
a demonstrar que o endereço declinado pelo paciente por ocasião da aquisição da arma
é o mesmo do local em que fora encontrada, deve a questão ser apreciada em momento
*Processos em que o Exmo. Sr. Ministro Hamilton Carvalhido atuou como Relator.
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Fischer, in DJ 13/12/99). 2. De qualquer modo, certo é também que, se o réu, por seu
defensor, não faz requerimento qualquer ou reclamação, como lhe propicia o artigo
479 do Código de Processo Penal, no tempo da leitura dos quesitos na sessão de
julgamento em que foi condenado pelo Tribunal do Júri, e, ao impugnar a condenação,
não indica o quesito de atenuante específico que, a seu ver, deveria ter sido formulado
e não demonstra, como lhe cabe, o prejuízo que sofreu, não há falar em declaração
de nulidade, que é da espécie relativa, submetida, portanto, à arguição oportuna e ao
princípio pas de nullité sans grief. 3. Igualmente é seguro que a interpretação dos
incisos III e IV do artigo 484 do Código de Processo Penal conduz à afirmação de que
a quesitação da atenuante específica só tem cabida em se caracterizando, no caso, as
que ou qualquer das que integram o seu elenco legal, sem o que deve o juiz apenas,
sem mais, na individualização da resposta penal, reduzir a pena-base, em obediência
à vontade manifestada pelos jurados nessa direção. 4. A culpabilidade do réu, de seu
lado, enquanto circunstância judicial e limite da pena, é uma das circunstâncias que
determinam o estabelecimento da pena-base, não havendo qualquer óbice a que o
juiz, ao graduá-la, considere a função pública do agente. 5. E que a personalidade
do agente deve informar a individualização da pena, di-lo expressamente o artigo 59
do Código Penal, sendo pertinente, ao seu exame, como traço que a revela, a forma
como o crime foi perpetrado. Por igual, sua insensibilidade e o seu destemor à lei
penal. 6. Não está o juiz obrigado ao registro expresso de cada qual das circunstâncias
judiciais, senão daquelas que tenham efetiva função na concreta individualização da
pena. 7. Tampouco, o registro expresso de circunstâncias judiciais atuantes, na fixação
gravosa da pena-base, exclui a função implícita daqueloutras que tendem ao seu
estabelecimento no limite mínimo abstrato da lei. 8. Preceituando o Código Penal,
contudo, em seu artigo 33, parágrafo 2º, alínea “b”, que, nos casos de “(...) condenado
não reincidente, cuja pena seja superior a 4 (quatro) anos e não exceda a 8 (oito) (...)”,
o regime prisional poderá ser o semi-aberto, a imposição de regime mais rigoroso
requisita, necessariamente, fundamentação específica. 9. Writ parcialmente concedido,
para que o Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro decida quanto ao regime
inicial do cumprimento da pena. HC 20.273-RJ. (RSTJ, vol. 174, p. 540).
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. APROPRIAÇÃO INDÉBITA. INDIVIDUALI-
ZAÇÃO DA PENA. FIXAÇÃO DA PENA-BASE PARCIAL ACIMA DO MÍNIMO
LEGAL. LEGALIDADE. REPARAÇÃO DO DANO ANTES DO OFERECIMENTO
DA DENÚNCIA. OCORRÊNCIA. CAUSA DE DIMINUIÇÃO DE PENA. NÃO
INCIDÊNCIA. 1. Afora casos excepcionais de caracterizadas ilegalidades ou abuso de
poder, fazem-se estranhos ao âmbito estreito e, pois, ao cabimento do habeas corpus,
os pedidos de modificação ou de reexame do juízo de individualização da sanção
penal, na sua quantidade e no estabelecimento do regime inicial do cumprimento da
pena de prisão, enquanto requisitam a análise aprofundada dos elementos dos autos,
referentes ao fato criminoso, às suas circunstâncias, às suas consequências, aos
antecedentes, à conduta social, à personalidade e aos motivos do agente, bem como
ao comportamento da vítima. 2. A fixação da pena-base pouco acima do mínimo
legal, devidamente fundamentada, não caracteriza constrangimento. 3. A reparação
só parcial do dano não determina a incidência da causa de diminuição de pena inserta
no artigo 16 do Código Penal. 4. Ordem parcialmente conhecida e, nesta extensão,
denegada. Concessão de habeas corpus de ofício. HC 24.083-RS. (RSTJ, vol. 182,
p. 491).
HABEAS CORPUS. FURTO QUALIFICADO. PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA.
APLICABILIDADE, EM SENDO IRRISÓRIO O VALOR SUBTRAÍDO. ORDEM
CONCEDIDA. 1. O Direito Penal, como na lição de Francisco de Assis Toledo, “(...)
por sua natureza fragmentária, só vai até onde seja necessário para a proteção do bem
jurídico. Não se deve ocupar de bagatelas.” (in Princípios Básicos de Direito Penal,
Ed. Saraiva, pág. 133). 2. Cumpre, pois, para que se possa falar em fato penalmente
típico, perquirir-se, para além da tipicidade legal, se da conduta do agente resultou
dano ou perigo concreto relevante, de modo a lesionar ou fazer periclitar o bem na
intensidade reclamada pelo princípio da ofensividade, acolhido na vigente Constituição
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de expressa previsão legal, além do que cumpre ao Estado aparelhar seu sistema de
execução de penas, objetivando em tempo hábil a suspensão do benefício, sempre se
valendo do mecanismo do art. 732 do Código de Processo Penal. 3. Ordem concedida,
por maioria de votos. HC 53.572-RJ. (RSTJ, vol. 210, p. 467).
RECURSO ESPECIAL. INIMPUTABILIDADE. IMPOSIÇÃO DE MEDIDA
DE SEGURANÇA. TRATAMENTO AMBULATORIAL. DELITO APENADO
COM RECLUSÃO. POSSIBILIDADE. RECURSO IMPROVIDO. 1. A medida de
segurança, enquanto resposta penal adequada aos casos de exclusão ou de diminuição
de culpabilidade previstos no artigo 26, caput e parágrafo único, do Código Penal,
deve ajustar-se, em espécie, à natureza do tratamento de que necessita o agente
inimputável ou semi-imputável do fato-crime. 2. É o que resulta da letra do artigo 98
do Código Penal, ao determinar que, em necessitando o condenado a pena de prisão
de especial tratamento curativo, seja imposta, em substituição, a medida de segurança
de tratamento compulsório, em regime de internação em hospital de custódia e
tratamento psiquiátrico ou em regime ambulatorial, atendida sempre, por implícito,
a necessidade social. 3. Tais regimes alternativos da internação, com efeito, deferidos
ao semi-imputável apenado com prisão que necessita de tratamento curativo, a um
só tempo, certificam a exigência legal do ajustamento da medida de segurança ao
estado do homem autor do fato-crime e determinam, na interpretação do regime legal
das medidas de segurança, pena de contradição incompatível com o sistema, que se
afirme a natureza relativa da presunção de necessidade do regime de internação para o
tratamento do inimputável. 4. Recurso especial improvido. REsp 324.091-SP. (RSTJ,
vol. 191, p. 562).
RECURSO ESPECIAL. LEI 4.898/65. ABUSO DE AUTORIDADE. PRESCRIÇÃO.
1. A pena de detenção, porque privativa de liberdade, é a sanção de natureza penal
mais grave cominada aos crimes de abuso de autoridade. 2. A prescrição da pretensão
punitiva, para os crimes previstos na Lei nº 4.898/65, ocorre, in abstrato, em 2 anos,
à luz do que determina o artigo 109, inciso VI, da lei material penal. 3. A pena de
perda do cargo e inabilitação para o exercício de função pública, prevista no artigo 6º,
parágrafo 3º, alínea “c”, da Lei nº 4.898/65, é de natureza principal, assim como as
penas de multa e detenção, previstas, respectivamente, nas alíneas “a” e “b” do mesmo
dispositivo, em nada se confundindo com a perda do cargo ou função pública, prevista
no artigo 92, inciso I, do Código Penal, como efeito da condenação. 4. Recursos
especiais prejudicados, em face da declaração da extinção da punibilidade do crime.
REsp 279.429-SP. (RSTJ, vol. 187 p. 535).
HABEAS CORPUS. APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.714/98. SUBSTITUIÇÃO DA
PENA. REINCIDÊNCIA EM CRIME DOLOSO DO MESMO TÍTULO DO
CÓDIGO PENAL. INEXISTÊNCIA DE ÓBICE. 1. A despeito do inciso II do artigo
44 do Código Penal estabelecer como pressuposto para a substituição da pena privativa
de liberdade pela restritiva de direitos a não reincidência do réu em crime doloso,
tal norma deve ser interpretada à luz do parágrafo 3º do mesmo dispositivo legal,
que excepciona a reincidência genérica, quando socialmente recomendável a resposta
penal de liberdade. 2. Ordem concedida. HC 14.419-SP. (RSTJ, vol. 149, p. 506).
HABEAS CORPUS. DIREITO PENAL. LEI 9.714/98. SUBSTITUIÇÃO DA
PENA PRIVATIVA DE LIBERDADE. PENA RESTRITIVA DE DIREITOS.
IMPOSSIBILIDADE. 1. A incompatibilidade do crime de tortura com as penas
restritivas de direitos decorre de suas próprias naturezas, eis que esse delito tem a
integrá-lo, precisamente, a grave ameaça e a violência que excluem a sanção alternativa
à pena de prisão. 2. Ordem denegada. HC 25.256-MG. (RSTJ, vol. 198, p. 567).
HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. TRÁFICO ILÍCITO
DE ENTORPECENTES. SUBSTITUIÇÃO DE PENA. CRIME EQUIPARADO
A HEDIONDO. EXAME DOS REQUISITOS SUBJETIVOS. EXAME
APROFUNDADO DA PROVA. ORDEM DENEGADA. 1. A Lei dos Crimes
Hediondos, porque faz incompatíveis os delitos de que cuida com as penas restritivas
de direitos, exclui a incidência da Lei nº 9.714/98, modificativa da Parte Geral do
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Código Penal, por força do artigo 12 do próprio diploma penal material brasileiro
(“As regras gerais deste Código aplicam-se aos fatos incriminados por lei especial,
se esta não dispuser de modo diverso.”). 2. A motivação do decisum não é alcançada
pela coisa julgada (Código de Processo Civil, artigo 469, inciso I). 3. A pertinência
subjetiva da pena alternativa requisita o exame aprofundado do conjunto fático-
probatório, incabível no âmbito angusto do remédio heróico. 4. Ordem denegada.
HC 20.978-SC. (RSTJ, vol. 178, p. 481).
HABEAS CORPUS. PENAL E PROCESSUAL PENAL. USO DE DOCUMENTO
FALSO. APLICAÇÃO DA LEI Nº 9.714/98. 1. A condição de reincidente em crime
doloso exclui a pena restritiva de direito (artigo 44, inciso II, do Código Penal),
podendo, todavia, o Juiz aplicar a substituição, desde que, em face da condenação
anterior, a medida seja socialmente recomendável e a reincidência não se tenha operado
em virtude da prática do mesmo crime (Código Penal, artigo 44, inciso II, parágrafo
3º). 2. É da competência do Juízo de Execução Penal decidir sobre os pedidos de
aplicação de lei penal posterior mais benéfica (Lei nº 7.210, de 11 de julho de 1984,
artigo 66, inciso I). 3. Habeas corpus não conhecido. HC 11.834-SP. (RSTJ, vol. 146,
p. 541).
RECURSO ESPECIAL. CRIMINAL. APELAÇÃO. SUBSTITUIÇÃO DE PENA
PRIVATIVA DE LIBERDADE POR RESTRITIVA DE DIREITOS. SENTENÇA
QUE CUMULARA PENA DE MULTA. SUBSISTÊNCIA DESTA ÚLTIMA.
1. Não há confundir pena restritiva de direito consistente em prestação pecuniária com
pena de multa, certo que, enquanto esta última, à luz do artigo 49 do Código Penal
“(...) consiste no pagamento ao fundo penitenciário da quantia fixada na sentença e
calculada em dias-multa (...)”, estando o valor da condenação, em regra, balizado
entre 1/3 e 1800 salários mínimos, a prestação pecuniária, por sua vez, na letra do
artigo 45, parágrafo 1º, do mesmo diploma, “(...) consiste no pagamento em dinheiro
à vítima, a seus dependentes ou a entidade pública ou privada com destinação social,
de importância fixada pelo juiz, não inferior a 1 (um) salário mínimo nem superior a
360 (trezentos e sessenta) salários mínimos.” 2. Em havendo cominação cumulativa,
a substituição da pena prisional em restritiva de direitos – p ainda que consistente
em prestação pecuniária, não implica arredamento da pena de multa. 3. Condenado o
agente a reprimenda superior a 1 ano, e preenchendo os demais requisitos legais, pode
haver a substituição desta pena privativa de liberdade por uma restritiva de direitos e
multa ou por duas restritivas de direitos, nada impedindo a cumulação destas com a pena
de multa eventualmente cominada (artigo 44, parágrafo 2º, do Código Penal). 4. Deve o
acórdão, em homenagem ao princípio tantum devolutum quantum appellatum, cingir-
se aos limites do pedido, sob pena de nulidade do julgamento. 5. Recurso conhecido e
provido para determinar a cumulação da pena substitutiva com a multa anteriormente
fixada. REsp 254.915-SP. (RSTJ, vol. 152, p. 617).
HABEAS CORPUS. EXTORSÃO INDIRETA. REDUÇÃO DE PENA. REGIME
ABERTO. PENA RESTRITIVA DE DIREITO. IMPOSSIBILIDADE. SURSIS.
CABIMENTO. ORDEM CONCEDIDA. 1. Não faz jus à pena restritiva de direito
o condenado por crime que tenha a integrá-lo a violência ou a grave ameaça. 2. É de
se conceder, no entanto, o benefício do sursis, quando o acórdão, embora adotando
a pena-base mínima estabelecida na sentença, somente cabível ante a favorabilidade
das circunstâncias judiciais ao réu, e fixando regime que pressupõe autodisciplina e
senso de responsabilidade do condenado (Código Penal, artigo 36), qual seja, o aberto,
como inicial do cumprimento de pena que reduziu a quantum inferior a 2 anos, denega
a suspensão condicional da execução da pena prisional, ao argumento simples da
ausência de seus pressupostos subjetivos, fundando, nessa evidente contradição, o
constrangimento ilegal que grava o decisum colegiado, e se mostra evidente na sua
própria letra, de modo a ensejar que seja sanado em sede de habeas corpus. 3. Ordem
concedida. HC 24.628-MG. (RSTJ, vol. 172, p. 582).
HABEAS CORPUS. DIREITO PROCESSUAL PENAL E DIREITO PENAL.
DELITOS CONTRA A HONRA. CRIME DE IMPRENSA. PROCEDIMENTO
ESPECIAL. INOBSERVÂNCIA. PRECONCEITO DE RELIGIÃO. CRIME
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due process of law. 5. Ordem parcialmente concedida. HC 36.696-PE. (RSTJ, vol. 208,
p. 512).
RECURSO ESPECIAL. PROCESSUAL PENAL. PROVA ILEGÍTIMA.
SÚMULAS 182/STJ E 283/STF. COMPETÊNCIA. NULIDADES. EXCESSO
DE MOTIVAÇÃO DA SENTENÇA DE PRONÚNCIA. INOCORRÊNCIA.
PRISÃO PREVENTIVA. ILEGALIDADE. INÉPCIA DA DENÚNCIA. RECURSO
PARCIALMENTE CONHECIDO E DESPROVIDO. HABEAS CORPUS
CONCEDIDO DE OFÍCIO. 1. “É inviável o agravo do art. 545 do CPC que deixa
de atacar especificamente os fundamentos da decisão agravada.” (Súmula do STJ,
Enunciado nº 182). 2. “É inadmissível o recurso extraordinário, quando a decisão
recorrida assenta em mais de um fundamento suficiente e o recurso não abrange
todos eles.” (Súmula do STF, Enunciado nº 283). 3. “1. A precedência da distribuição
fixará a competência quando, na mesma circunscrição judiciária, houver mais de
um juiz igualmente competente.” (artigo 75 do Código de Processo Penal). 2. A
inobservância do disposto no artigo 75 do Código do Processo Penal consubstancia
nulidade relativa, exigindo, por isso mesmo, alegação oportuna – inocorrente na
espécie – e demonstração efetiva do prejuízo. 3. Não havendo distribuição, não há
falar em incompetência relativa do juízo em que flui a causa, precisamente porque
não fixada a competência de outro juízo, tendo plena aplicação, a regra da prevenção
“(...) toda vez que, concorrendo dois ou mais juízes igualmente competentes ou com
jurisdição cumulativa, um deles tiver antecedido aos outros na prática de algum
ato do processo ou de medida a este relativa, ainda que anterior ao oferecimento
da denúncia ou da queixa.” (artigo 83 do Código de Processo Penal). 4. “Não há
confundir critérios de determinação de competência com critérios de fixação de
competência, compreendendo estes a distribuição e a prevenção.” (RHC 11.570/MG,
da minha Relatoria, in DJ 24/6/2002). 4. “Em tema de nulidades processuais, o nosso
Código de Processo Penal acolheu o princípio pas de nullité sans grief, do qual se
dessume que somente há de se declarar a nulidade do feito, quando, além de alegada
opportune tempore, comprovado o efetivo prejuízo dela decorrente.” (HC 20.221/SP,
da minha Relatoria, in DJ 23/6/2003). 5. “(...) 2. A fundamentação das decisões do
Poder Judiciário, tal como resulta da letra do inciso IX do artigo 93 da Constituição
da República, é condição absoluta de sua validade e, portanto, pressuposto da
sua eficácia, substanciando-se na definição suficiente dos fatos e do direito que a
sustentam, de modo a certificar a realização da hipótese de incidência da norma e
os efeitos dela resultantes. 3. Tal fundamentação, para mais, deve ser deduzida em
relação necessária com as questões de direito e de fato postas na pretensão e na
sua resistência, dentro dos limites do pedido, não se confundindo, de modo algum,
com a simples reprodução de expressões ou termos legais, postos em relação não
raramente com fatos e juízos abstratos, inidôneos à incidência da norma invocada.
4. A motivação da pronúncia é condição de sua validade e, não, vício que lhe suprima
a eficácia, limitando-a, contudo, em intensão e extensão, a sua natureza específica
de juízo de admissibilidade da acusação perante o Tribunal do Júri. É que, versando
sobre o mesmo fato-crime e sobre o mesmo homem-autor, nos processos do júri,
o judicium accusationis tem por objeto a admissibilidade da acusação perante o
Tribunal Popular e o judicium causae o julgamento dessa acusação por esse Tribunal
Popular, do que resulta caracterizar o excesso judicial na pronúncia, usurpação da
competência do Tribunal do Júri, a quem compete, constitucionalmente, julgar os
crimes dolosos contra a vida (Constituição da República, artigo 5º, inciso XXXVIII,
alínea “d”). 5. A observância, portanto, dos limites da pronúncia pelo magistrado,
enquanto juízo de admissibilidade da acusação perante o Tribunal do Júri, é
elemento da condição de validade da pronúncia que se substancia na sua motivação.
6. Não há falar em excesso de motivação da decisão de pronúncia, limitando-se o
magistrado a reconhecer a existência de indícios suficientes a autorizar a submissão
dos réus ao julgamento do Tribunal Popular.” (REsp 422.719/AC, da minha
Relatoria, in DJ 2/2/2004). 6. “Encerrada a instrução criminal, fica superada a
alegação de constrangimento por excesso de prazo.” (Súmula do STJ, Enunciado nº
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de Processo Penal. 8. Recurso não conhecido. REsp 249.687-SP. (RSTJ, vol. 162,
p. 568).
HABEAS CORPUS. CRIME CONTRA O SISTEMA FINANCEIRO NACIONAL.
DIREITO PROCESSUAL PENAL. PRISÃO EM FLAGRANTE. LEGALIDADE.
ACÓRDÃO DO TRF DA 5ª REGIÃO. NÃO APRECIAÇÃO. NULIDADE. OCOR-
RÊNCIA. ORDEM CONCEDIDA. 1. A concessão de liberdade provisória, com
ou sem fiança (Código de Processo Penal, artigos 310, parágrafo único, e 343), não
desconstitui o constrangimento ilegal decorrente da nulidade do auto de prisão em
flagrante, cuja validade é pressuposto dessas cautelares penais, restritivas da liberdade
do réu ou indiciado e submetidas a revogação, caracterizando questão própria a deslinde
em habeas corpus. 2. “Quando o juiz verificar pelo auto de prisão em flagrante que o
agente praticou o fato, nas condições do artigo 19, I, II e III, do Código Penal, poderá,
depois de ouvir o Ministério Público, conceder ao réu liberdade provisória, mediante
termo de comparecimento a todos os atos do processo, sob pena de revogação.
Parágrafo único. Igual procedimento será adotado quando o juiz verificar, pelo auto
de prisão em flagrante, a inocorrência de qualquer das hipóteses que autorizam a
prisão preventiva (artigos 311 e 312).” (Código de Processo Penal, artigo 310). 3. “O
réu afiançado não poderá, sob pena de quebramento da fiança, mudar de residência,
sem prévia permissão da autoridade processante, ou ausentar-se por mais de oito dias
de sua residência, sem comunicar àquela autoridade o lugar onde será encontrado.”
(Código de Processo Penal, artigo 328). 4. “O quebramento da fiança importará a
perda de metade do seu valor e a obrigação, por parte do réu, de recolher-se à prisão,
prosseguindo-se, entretanto, à sua revelia, no processo e julgamento, enquanto não for
preso.” (Código de Processo Penal, artigo 343). 5. Ordem concedida. HC 34.156-CE.
(RSTJ, vol. 204, p. 450).
RECURSO EM HABEAS CORPUS. HOMICÍDIO QUALIFICADO. CRIME
HEDIONDO. LIBERDADE PROVISÓRIA. PERSONALIDADE DEFEITUOSA.
NECESSIDADE DO ENCARCERAMENTO DEMONSTRADA. SENTENÇA DE
PRONÚNCIA SUPERVENIENTE. RECURSO PREJUDICADO. 1. A inafiançabili-
dade do delito é expressão legal, no sistema normativo processual penal em vigor, de
custódia cautelar de necessidade presumida juris tantum, cuja desconstituição admitida
reclama prova efetiva da desnecessidade da medida, a demonstrar seguras a ordem
pública, a instrução criminal e a aplicação da lei penal, sendo desenganadamente do
réu o ônus de sua produção (Código de Processo Penal, artigo 310, parágrafo único,
323 e 324). 2. Trata-se de hipótese legal diversa daqueloutra do artigo 594 do Código
de Processo Penal, em que, em se cuidando de primário e de bons antecedentes, a
necessidade da custódia do réu deve emergir dos elementos existentes nos autos e
ser demonstrada pelo Juiz. 3. Daí por que a liberdade provisória, no caso de prisão
em flagrante, está subordinada à certeza da inocorrência de qualquer das hipóteses
que autorizam a prisão preventiva (Código de Processo Penal, artigo 310, caput e
parágrafo único), decorrente dos elementos existentes nos autos ou de prova da parte
onerada. 4. Fundamentado não apenas na abstrata natureza hedionda do delito, em
tese, cometido pelos pacientes, mas, sobretudo, no desrespeito dos agentes aos valores
morais da sociedade e à própria credibilidade do Poder Judiciário, evidenciadores de
periculosidade concreta, não há falar em constrangimento sanável em sede de habeas
corpus. 5. Em se constituindo a sentença de pronúncia no título legal da prisão do réu
(Código de Processo Penal, artigo 408), fica prejudicado o pedido de habeas corpus
que alveja custódia cautelar anterior. 6. Recurso prejudicado. RHC 12.210-SP. (RSTJ,
vol. 161, p. 533).
RECURSO ESPECIAL CRIMINAL. CRIME DE RESPONSABILIDADE DE
PREFEITO. REVOGAÇÃO DO DECRETO-LEI 201/67. INOCORRÊNCIA. 1. Ina-
plicabilidade e revogação não se confundem, não havendo falar em derrogação do
Decreto-Lei nº 201/67 pela Lei nº 8.038/90, aplicável às ações penais originárias
e, assim, aos processos por crime de responsabilidade de Prefeito, na força da
disposição constitucional que lhes deferiu privilégio de foro por prerrogativa de
função (Constituição da República, artigo 29, inciso X), subsistindo íntegra a medida
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