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SÃO PAULO
NOVEMBRO 2009
INTRODUÇÃO
Este trabalho tem por objetivo fazer uma análise comparativa entre os
de Guimarães Rosa.
Para tal, será traçado um perfil de cada personagem e serão abordados pontos
de intersecção nas suas composições que os aproxime. Uma leitura atenta prova que
brasileiro, como o processo de transformação por que passam ambos após uma
Além da leitura das duas obras, serão utilizados na análise textos críticos de
variados autores, entre eles Maria Sylvia de Carvalho Franco, Benjamin Abdala Junior
e Renato Janine.
DESENVOLVIMENTO
possui e ‘coisifica’ tudo que está à sua volta – dos funcionários à esposa. Ele
consegue tudo o que quer. Compra a fazendo São Bernardo, que dá o título ao livro, e
aumenta os domínios de suas terras; tudo à custa de atos ilícitos, pois ele não hesita
em mandar matar o dono da fazenda vizinha, Mendonça, para que este não interfira
em seus planos.
‘pequena’, Paulo Honório queria se casar para deixar um herdeiro para São Bernardo.
Ele tem controle da situação, é reconhecido por suas ações, e também controla a
é também a partir daí que ele se transforma como parte de uma tentativa de se redimir
humilhado, espancado e dado como morto. Depois desse sofrimento, é recolhido por
até o momento em que se sacrifica em favor de outra pessoa, quando Joãozinho Bem-
Bem quer matar o irmão do jagunço traidor e Nhô Augusto se interpõe. Tanto ele
livro (nesse momento o leitor ainda não sabe o que o levou a escrever) e termina
também escrevendo, “até que, morto de fadiga, encoste a cabeça à mesa e descanse
Assim como Paulo Honório, Augusto Matraga é conhecido pelos seus atos e, a
no início da história, mas muda com a gravidade dos fatos. Também atos violentos
desconhecidos.
A relação com a mulher e filhos também pode ser comparada entre os dois
personagens. Paulo Honório sempre tratou Madalena como coisa, não reconhecia que
ela era uma mulher esclarecida, estudada e que se expressava bem. Ao contrário,
Madalena, reconhece que a poderia ter tratado melhor, que poderia ter agido diferente,
mas ao mesmo tempo sabe que sua natureza não seria modificada, como atesta este
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trecho: “Se fosse possível recomeçarmos... Para que enganar-me? Se fosse possível
é o que mais me aflige.” Ele também se ressente de não ter desenvolvido uma relação
com o filho. “Nem sequer tenho amizade a meu filho”, diz Paulo Honório.
Com Augusto Matraga ocorre algo semelhante. Enquanto tem a posse de sua
por ele (FRANCO, 1975). Após seu momento de penitência, sente saudade das duas:
“Uma tristeza mansa, com muita saudade da mulher e da filha, e com um dó imenso
de si mesmo”. Matraga parece se ressentir de não ter dado o devido valor enquanto as
tinha.
o personagem perde seu dinamismo, pois está tomado pelo ciúme que sente da
reflexão e maior subjetividade. “O suicídio da mulher faz com que seu mundo perca o
sentido. Só, desiludido e melancólico, ao procurar um nexo para a sua existência, vê-
se como num beco sem saída, ou preso defronte de uma infinita superposição de
coronel mandão de uma localidade chamada Murici do início do conto, que leva uma
vida de pecado; o segundo é o Nhô Augusto penitente, recolhido pelos negros velhos,
Augusto Matraga propriamente dito, é o que resulta dos outros dois. Ele vai para Rala-
Coco, um local próximo ao Murici (novamente a circularidade) e é lá que tem sua hora
e sua vez, na morte, fazendo algo bom, interferindo na ação de um chefe de jagunços
e salvando a vida de uma pessoa inocente, provando que pode ser bom. E assim o
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próprio conto se divide em três momentos: o pecado, a graça e a colocação à prova
(JANINE, 2001).
CONCLUSÃO
mais variadas estirpes, muitas vezes com traços em comum (como o regionalismo),
com a tinta das particularidades de cada escritor, carregam marcas que os ligam e os
estudo de duas obras. Fortes e marcantes, resultado das transformações por que
passaram, Paulo Honório e Augusto Matraga não podem ser reduzidos à categoria de
tipos, pois trazem traços de humanidade muito arraigados para limitar sua abrangência
dessa forma.
BIBLIOGRAFIA
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ABDALA JUNIOR, Benjamin. “O Pio da Coruja e as cercas de Paulo Honório”.
BUENO, Luís. Uma história do romance de 30. São Paulo: Edusp; Campinas:
BOSI, Alfredo. História Concisa da Literatura Brasileira. São Paulo: Cultrix, 40ª
ed., 1994.
Literatura Brasileira.
ROSA, João Guimarães. “A hora e a vez de Augusto Matraga”. In: ROSA, João