Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
081-90
RUY LAURENTI
MARIA HELENA P. DE MELLO JORGE
O ATESTADO DE ÓBITO
Aspectos médicos, estatísticos, éticos e jurídicos
CREMESP
Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo
2015
Autores
Ruy Laurenti
Maria Helena P. de Mello Jorge
Revisão
Thaïs Souto
Apoio bibliográfico
Dinaura Paulino Franco e Ivete Rodrigues dos Anjos
Diagramação
José Humberto de S. Santos
Capa
Moacir Barbosa
Tiragem
5.000 exemplares
154 p.
ISBN 978-85-89656-24-5
1. Atestado de óbito I. Laurenti, Ruy (coord.) II. Jorge, Maria Helena P. de Mello
(coord.) III. Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo IV. Título
NLM WA 54
Os Autores
Sumário
PREFÁCIO 9
INTRODUÇÃO 11
Atestados de óbito. A obrigatoriedade e os objetivos 11
O modelo 12
O preenchimento 12
Parte 1
O ATESTADO DE ÓBITO DO PONTO DE VISTA MÉDICO 15
1.1. Considerações iniciais 15
1.2. Definições de causas de morte 19
1.3. A precisão na declaração da causa básica 22
1.4. O problema das causas múltiplas 28
1.5. O uso dos termos vagos 29
1.6. O uso de siglas 29
1.7. O intervalo de tempo entre o início da doença e a morte 30
1.8. CID 30
1.9. Exemplos sobre preenchimento de atestados de óbito 30
1.10. Casos de óbitos fetais 61
Parte 2
O ATESTADO DE ÓBITO DOS PONTOS DE VISTA ÉTICO E JURÍDICO 67
2.1. Preliminares 67
2.2. A quem fornecer. Conceitos necessários 76
2.2.1. Óbito 76
2.2.2. Nascido vivo que morre logo após o nascimento 77
2.2.3. Perdas fetais. O nascido morto 79
2.2.4. Peças anatômicas 84
2.2.5. Partes de cadáver 85
Parte 3
RESPONDENDO ÀS QUESTÕES MAIS FREQUENTES 101
ANEXOS 149
Prefácio
10
Introdução
11
O modelo
A Declaração de Óbito (DO) é um documento oficial usado em todo
o território nacional para a atestação da morte e se constitui na base do
Sistema de Informações sobre Mortalidade (SIM/MS) do país(3). O mo-
delo em vigor (anexo 1) é composto por nove blocos divididos em 59
campos, que abrangem informações capazes de fazer atingir seus obje-
tivos jurídicos e epidemiológicos referidos.
O preenchimento
O preenchimento e a consequente emissão da DO constituem-se
em um ato médico, estando, portanto, sujeitos às normas estabelecidas
pelo Código de Ética Médica.(4)
Pode parecer, à primeira vista, que somente o preenchimento das
causas que levaram ao óbito estaria afeto aos médicos. Niobey e col.,
1990(5), comentam que, em geral, os médicos consideram que as par-
tes menos nobres do atestado – como identificação e as demais – po-
deriam ser preenchidas por outras pessoas, deixando, assim, para fun-
cionários administrativos dos hospitais a tarefa de completar essas
informações(5). É preciso ficar claro, entretanto, que não é essa a de-
terminação da atual legislação do país, que estabelece como de com-
petência do médico toda a informação constante do formulário. Desta
forma, sob nenhuma hipótese deve o médico, assinar uma DO em
branco ou preencher os quesitos relativos à causa antes que a identi-
ficação esteja devidamente registrada no documento. A responsabili-
dade do médico em relação à DO, refere-se a todas as informações ali
12
13
14
PARTE 1
O atestado de óbito do
ponto de vista médico
15
16
17
18
19
20
21
22
congênitas, 14,5%. Por outro lado, citam várias doenças que deveriam
ser declaradas como causa básica em menor número de vezes.
O que fica muito claro é que este fato - erro na declaração da causa
básica - é devido, principalmente, a não ter havido, em muitos locais,
suficientes programas de esclarecimento junto aos médicos sobre o
preenchimento correto do atestado de óbito. O mesmo pode ser dito
quanto ao ensino deste assunto nas escolas médicas.
Vários outros trabalhos sobre a precisão quanto ao preenchimento
do atestado de óbito têm sido realizados, sendo clássicos os de o Bea-
denkopt e col.(25), Moriyama e col.(26,27), Moriyama(28), Jablon e col.(29).
Não é raro, também, ocorrerem erros na declaração das causas de
morte quando uma causa materna atua como causa básica de uma mor-
te perinatal e o médico não informa essa causa, mas tão somente a
complicação. Como exemplo, suponha-se um caso de grávida que
apresenta descolamento prematuro de placenta com intensa hemorra-
gia e choque, sendo que a criança nasce com anoxia grave, vindo a fale-
cer uma hora após. Nesse caso, em último lugar no atestado de óbito da
criança, deve-se informar o desprendimento prematuro da placenta e,
na linha de cima, a anoxia. É muito frequente os médicos informarem
apenas a anoxia, deixando de registrar, no devido lugar, a causa básica.
O relatório sobre os problemas de certificação das causas de morte
feito em 1958, pelo “Committee on Medical Certification of Causes of De-
ath”, dos Estados Unidos(30), expôs também importantes aspectos do pro-
blema e, citando extensa bibliografia, fez referências à falta de exatidão
dos atestados. Os autores revelam a maneira inadequada dos mesmos
serem preenchidos, acentuando, porém, que seria possível obter significa-
tiva melhora, desse ponto de vista, desde que os médicos tivessem perfei-
to conhecimento do que é pedido na declaração das causas de morte, as-
sim como um maior senso de responsabilidade ao preencher os atestados.
A mesma publicação estimou em 20 a 25% o número de atestados em que
não ficava clara a opinião do médico sobre a causa básica da morte. Por
outro lado, cita estudos feitos junto aos médicos de Filadélfia, de Cleveland
e de zonas rurais de Ohio e Virgínia, cujo propósito era identificar os
23
24
Doença de Chagas, que foi declarada como causa básica em 150 atestados,
deveria sê-lo em apenas 132; para as lesões vasculares que afetam o siste-
ma nervoso central, esses valores foram, respectivamente, 103 e 126(33).
A “Investigação Interamericana de Mortalidade na Infância”(34), que
permitiu fazer uma avaliação da qualidade das informações registradas
nos atestados de óbitos de crianças falecidas com menos de 5 anos de
Tabela 1 - Algumas doenças infecciosas declaradas como causa básica nos ates-
tados originais (declarados por médicos) e como causa básica verdadeira (conhe-
cida por investigação do caso), em menores de 5 anos, Recife, Ribeirão Preto e
São Paulo, 1968/1970 (Investigação Interamericana de Mortalidade na Infância).
ATESTADO APÓS
CIDADE/ ORIGINAL INVESTIGAÇÃO RELAÇÃO
CAUSA BÁSICA (1) (2) (2)(1)
RECIFE
Doença diarreica (009) 1.226 1.155 0,94
Tuberculose (010-019) 31 59 1,90
Coqueluche (033) 3 28 9,33
Septicemia (038) 36 21 0,58
Sarampo (055) 143 381 2,66
RIBEIRÃO PRETO
Doença diarreica (009) 190 322 1,75
Tuberculose (010-019) 3 2 0,66
Coqueluche (033) 1 7 7,00
Septicemia (038) 5 6 1,20
Sarampo (055) 26 46 1,77
SÃO PAULO
Doença diarreica (009) 863 1.198 1,39
Tuberculose (010-019) 25 26 1,04
Coqueluche (033) 19 35 1,84
Septicemia (038) 68 38 0,56
Sarampo (055) 91 156 1,71
Nota: Os números entre parênteses referem-se aos códigos das doenças na Classificação Internacional de
Doenças, 8ª Revisão. Fonte: Ref. Bibliográfica.(34)
25
ATESTADO APÓS
CIDADE/ ORIGINAL INVESTIGAÇÃO RELAÇÃO
CAUSA BÁSICA (1) (2) (2)(1)
RECIFE
Afecções maternas (760-763) 3 27 9,00
Parto distócico (764-768) 5 81 16,20
Afecções da placenta e cordão (770-771) 5 57 11,40
Lesão ao nascer, causa não especificada (772) 49 46 0,94
RIBEIRÃO PRETO
Afecções maternas (760-763) 7 19 2,71
Parto distócico (764-768) 15 48 3,20
Afecções da placenta e cordão (770-771) 7 23 3,29
Lesão ao nascer, causa não especificada (772) 332 14 0,44
SÃO PAULO
Afecções maternas (760-763) 10 105 10,50
Parto distócico (764-768) 14 168 12,00
Afecções da placenta e cordão (770-771) 15 96 6,40
Lesão ao nascer, causa não especificada (772) 58 52 0,90
Nota: Os números entre parênteses referem-se aos códigos das doenças na Classificação Internacional de
Doenças, 8ª Revisão. Fonte: Ref. Bibliográfica.(34)
26
NEOPLASIAS
Mama 390 2 35 423
Colo de Útero 196 18 68 246
Útero SOE 28 21 6 13
Pulmão 98 16 7 89
D. DO APARELHO CIRCULATÓRIO
Acidente Vascular Cerebral 569 94 102 577
Doença Isquêmica do Coração 337 149 90 278
Insuficiência Cardíaca 47 35 29 41
CAUSA EXTERNAS
Acidentes de Transporte 141 - 177 318
Suicídios 82 2 118 198
Homicídios 346 - 98 444
Causas Externas SOE 347 291 16 72
27
28
29
uma mesma sigla pode significar doenças diferentes e, nesses casos, con-
fundir o codificador e, em última análise, alterar as estatísticas de mortali-
dade. É o caso por exemplo de IRA, que pode corresponder a Insuficiên-
cia Respiratória Aguda ou Insuficiência Renal Aguda; ICC, que pode sig-
nificar Insuficiência Cardíaca Congestiva ou Insuficiência Coronária Crô-
nica; TV corresponder a Trombose Venosa ou Taquicardia Ventricular.
30
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O médico, no atestado original, não declarou a causa básica (gastroen-
terite) na Parte I, referindo apenas desidratação, que é uma complica-
ção da causa básica. Esse é um erro muito comum que deve ser evita-
do. Ainda que, quase sempre, a desidratação seja devido às síndromes
diarréicas, pode ocorrer como consequência de outros processos infec-
ciosos com quadro febril intenso. Não foi mencionado o tempo decor-
rido nem preenchidos os Campos 38 e 39.
31
FORMA CORRETA
32
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Neste caso, o médico, no atestado original, não fez nenhuma referência
à causa básica (esquistossomose). Por outro lado, mesmo tendo coloca-
do o tempo e declarado a hemorragia como causa básica, não refere
qual a localização da mesma. Esse é um aspecto negativo nas estatísti-
cas de mortalidade, visto que hemorragia sem outra especificação pode
ser até decorrente de causa violenta. Nota-se que, apesar de se tratar de
óbito de mulher em idade fértil, o Campo 37 não foi preenchido, o que
é um erro. Idem, os Campos 38 e 39.
33
FORMA CORRETA
34
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O médico colocou como causa terminal a estenose mitral e como causa
básica a insuficiência cardíaca. Isto é, informou que esta última foi a
causa daquela. Não somente existe um erro quanto à sequência, mas
também não foi informada corretamente a causa básica (febre reumáti-
ca), que aparece citada na Parte II do Atestado. O Campo 37 não foi
preenchido, embora se tratasse de óbito de mulher em idade fértil. Essa
também é uma falha bastante comum e vai obrigar o Serviço de Saúde
a promover uma investigação para saber se a falecida estava (ou havia
estado) grávida, a fim de, se for o caso, promover a devida correção
para óbito por causa materna.
35
FORMA CORRETA
36
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Embora o médico que preencheu o atestado de óbito fosse quem sem-
pre tratou o doente, inclusive, conhecendo todos os exames comple-
mentares que comprovaram os diagnósticos, esses não foram registra-
dos no atestado. O paciente não tinha câncer de pulmão, mas sim, a
localização primária da neoplasia era no estômago. No pulmão, pelo
diagnóstico feito, havia metástase. Esse é um tipo de erro muito fre-
quente: o médico declara somente as metástases e não a localização
primária, que é a causa básica, o que deturpa as estatísticas de mortali-
dade segundo causas.
Deve-se notar também que o médico não declarou as outras afec-
ções que o paciente apresentava – Hipertensão Arterial e Acidente Vas-
cular Cerebral – que deviam ser anotadas na Parte II.
37
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
É muito frequente, em casos de morte perinatais (nascidos mortos e mortes
na primeira semana de vida), o médico declarar somente anóxia ou hipóxia,
sem fazer referência à causa básica que levou a isso. É verdade que, em
muitos casos, não é fácil saber qual a causa que levou à anóxia e, às vezes, é
mesmo impossível. Nessa eventualidade, cabe somente informar a anóxia.
Porém, sempre que se conhecer o fator materno, fetal ou materno-fetal cau-
sador de anóxia, esse fator deve ser registrado como causa básica.
38
FORMA CORRETA
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O diagnóstico básico estava bem estabelecido, porém não foi possível
estabelecer qual foi a causa terminal (arritmia cardíaca? crise anóxia?
outra complicação?). Nessas circunstâncias deve ser registrada somen-
te a causa básica, não se tentando “criar” algum diagnóstico que justifi-
que a morte. O atestado original apresenta dois erros: primeiro, a sequ-
ência é impossível; de fato, uma “parada cardíaca” não leva a uma “car-
diopatia congênita” e, sim, o contrário. Em segundo lugar, o médico
39
40
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
No caso de mortes violentas (acidentes, suicídios, homicídios), por definição,
a causa básica é a “circunstância do acidente”. No caso, a “queda acidental de
andaime” e, dessa maneira, deveria estar especificada. A circunstância do aci-
dente é a chamada causa externa da lesão e a consequência (traumatismo,
ferimento, queimadura etc.) é a chamada natureza da lesão. Para efeito de
estatísticas de mortalidade segundo causa básica, somente interessa a causa
externa. O problema que ocorre é que, nesses casos de mortes violentas, quem
preenche e assina os atestados de óbito é o médico do Instituto Médico Legal
(IML). Nesse caso, é importante que o legista preencha, também, os itens es-
pecíficos relativos à violência. Bloco VII da DO (ver Parte II desta publicação).
41
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Na Parte I do atestado não fica claro o que o médico quis dizer. Neopla-
sia benigna ou maligna? Qual a localização? Na Parte II, anotou, como
causa, “Ca de seio”, quando provavelmente queria dizer “CA de mama”.
Nota-se que o intervalo de tempo entre o início da doença e a morte
também não foi referido.
42
FORMA CORRETA
43
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Ainda que informada a causa básica (eclâmpsia), esta foi declarada in-
corretamente no atestado de óbito. De fato, ela foi declarada como conse-
quência ou devido à Broncopneumonia. Na “Forma Correta”, foi de-
clarada na Parte II “gestação de 8 meses”. Informação deste tipo tem
sido frequente em casos de morte materna. Por outro lado, não foi pos-
sível precisar o tempo ou intervalo de tempo de surgimento da eclâmp-
sia. Pela história clínica, julgou-se 2 semanas, colocando, por essa ra-
zão, uma interrogação (?). O médico, no atestado original, não fez men-
ção ao tempo.
44
FORMA CORRETA
45
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O atestado original preenchido pelo médico estava correto, faltan-
do, apenas a informação relativa ao intervalo de tempo decorrido
entre o início da doença e a morte, além do preenchimento dos Cam-
pos 38 e 39.
46
FORMA CORRETA
47
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O atestado original estava correto quanto ao preenchimento das cau-
sas, inclusive, o tempo entre cada diagnóstico e a morte. Note-se que o
médico informou, ainda (embora tenha usado linha adicional), que a
paciente tinha mioma uterino há 6 meses. A incorreção apresentada re-
fere-se, apenas, ao não preenchimento dos Campos 37, 38 e 39.
48
FORMA CORRETA
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Sem comentários! Apesar de todos os diagnósticos feitos, o médico não
colocou nenhum. Escreveu apenas “parada cardíaca”, expressão que
não se recomenda utilizar, conforme comentado no item 1.5 desta pu-
blicação. Nota-se que os Campos 38 e 39 não foram preenchidos.
49
FORMA CORRETA
50
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O atestado original foi passado corretamente quanto às causas e sua
sequência, faltando, entretanto, o preenchimento dos Campos 38 e 39 e
o tempo decorrido entre cada diagnóstico e o óbito.
51
FORMA CORRETA
52
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Trata-se de um caso de morte materna. Esse grupo de causas - mater-
nas - por várias razões, constitui aquele mais mal declarado pelos
médicos. Estima-se que exista uma subenumeração de aproximada-
mente 50% dos casos. Pelo atestado original, não existe nenhuma in-
dicação de que se trata de uma morte por uma complicação da gravi-
dez. O médico, nesse caso, deve estar atento aos itens específicos do
atestado de óbito, respondendo se a mulher estava grávida no mo-
mento da morte ou se esteve grávida nos doze meses que precede-
ram o óbito (Campo 37 do Bloco V).
Aqui é importante notar, também, que o atestado de óbito citado é
o relativo à morte da mãe, sendo necessário preencher outra Declara-
ção para o filho nascido morto, anotando, na 1ª casela da DO (Campo 1
do Bloco I), que se trata de óbito fetal (ver Parte II desta publicação).
O atestado médico de causa de morte para o nascido morto seria:
53
FORMA CORRETA
54
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Ainda que o médico tenha declarado a causa básica (AIDS), não co-
locou as complicações, fato que prejudica os estudos sobre as doen-
ças associadas à AIDS (causas múltiplas como referido em 1.4 desta
publicação). Além disso, fez o registro da causa em 1b e não em 1a
como seria de se esperar, se essa foi a única causa citada. Os Cam-
pos 38 e 39 não foram preenchidos, como também não mencionado o
tempo relativo à AIDS.
55
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O atestado original está correto. O médico admitiu a hipertensão arte-
rial como sendo consequência do diabetes de 20 anos, embora não te-
nha mencionado o tempo, nem preenchido os Campos 38 e 39.
56
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Embora o atestado original esteja, praticamente, igual à forma correta,
nesses casos, após o resultado dos exames, se a causa vier a ser consta-
tada, o IML poderá enviar a informação ao Serviço de Estatística Local,
conforme referido no item 1.7 desta publicação.
Quanto à realização da necropsia em mulheres em idade fértil, é
importante o exame do útero e anexos, visando ao possível relaciona-
mento da causa com gravidez, e, portanto, correção dos casos de morte
materna. Notar que os Campos 37, 38 e 39 não foram preenchidos no
atestado original.
57
FORMA CORRETA
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Nota-se que o legista preencheu exclusivamente, a natureza da lesão,
não fazendo menção às circunstâncias do acidente responsável por es-
sas lesões. Além disso, usou apenas sigla, o que deve ser evitado. Os
Campos 38 e 39 não foram preenchidos, assim como o tempo (ver co-
mentário sobre o Caso 19).
58
FORMA CORRETA
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Ver comentário ao caso anterior (Caso 18). Além de usar sigla, o que deve
ser evitado, não fica claro qual a qualidade dessa vítima enquanto usuá-
ria da via pública, visto que o legista não colocou a circunstâncias do
acidente, nem o intervalo de tempo decorrido entre o acidente e a morte.
É possível notar que, relativamente ao Caso 18, este se refere a uma que-
da de moto (o falecido conduzia a moto), com óbito 8 dias após o aciden-
te. O Caso 18 diz respeito a atropelamento por moto, com óbito horas
após o acidente e ambos foram passados somente como TCE
59
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
A exemplo do que foi dito em relação ao Caso 12, apesar de terem sido
feitos três diagnósticos, o médico errou ao colocar, apenas, “Parada
Cardíaca” na Parte I, informando o infarto, na Parte II, por meio de si-
gla. O tempo não foi sequer mencionado.
60
61
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
De maneira geral, as declarações de morte fetal não foram bem preenchidas
pelos médicos, mesmo existindo diagnóstico da causa. No caso, declarou
apenas tratar-se de natimorto, quando, pela história, é possível esclarecer
que se trata de morte intra-útero em decorrência de uma eclâmpsia materna.
62
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Ainda que a necropsia tivesse mostrado várias malformações congêni-
tas, o médico não as informou na declaração de perda fetal. Por outro
lado, na forma correta, preferiu-se colocar como causa básica “malfor-
mações congênitas múltiplas” em vez de especificar cada uma, pois
nem sempre é fácil, nesses casos, apontar a mais importante, responsá-
vel pela morte. Optou-se por descrever todas elas na Parte II.
63
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Atestado original, o médico declarou “acidente grave com a mãe”, mas
não especificou qual, o que deveria ter feito. É possível notar, também,
que os Campos 38 e 39 não foram preenchidos, o que é aceitável, visto
tratar-se de óbito fetal.
64
FORMA CORRETA
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
Não foi possível estabelecer o(s) diagnóstico (s) responsável (is) pela
morte fetal. Nesses casos, é recomendado que o médico declare “causa
ignorada” como causa básica.
65
FORMA CORRETA
ATESTADO ORIGINAL
COMENTÁRIOS
O médico informou a “Anoxia” sendo que, entretanto, colocou a causa
desta na Parte II, o que está incorreto.
66
PARTE 2
2.1. Preliminares
O problema referente às implicações jurídicas da morte está fun-
damentalmente ligado ao conceito desse evento vital e, consequente
consideração do que se entende por cadáver, quando começa e quando
termina sua existência. Ligado ainda a esse assunto, surge o problema
de se saber qual a obrigatoriedade desse profissional em fornecer o
atestado visto que
nenhum enterramento pode ser feito sem certidão do oficial do car-
tório, extraído após a lavratura do assento de óbito feito à vista do
atestado médico(39).
67
68
Bloco I – Identificação
Este bloco destina-se a identificar a pessoa que morreu, funda-
mentalmente para atender à sua finalidade jurídica. Para tanto, essas
informações devem, sempre, ser registradas na DO à vista de um do-
cumento com foto do falecido (RG, Carteira de Trabalho, Carteira Na-
cional de Habilitação ou assemelhados). Note-se que a DO faz refe-
rência somente ao número do Cartão SUS, embora este não esteja ain-
da totalmente implantado no país, o que permite sugerir sua substi-
tuição por outro documento.
Quanto ao tipo de óbito, é importante esclarecer que, embora o
mesmo formulário seja utilizado para declarar mortes e mortes fetais, a
distinção entre os dois tipos de eventos é feita quando da apuração dos
dados nos serviços responsáveis pelas estatísticas de saúde.
O Bloco é composto por 14 Campos que, ao lado do nome do fale-
cido, vão permitir a completa identificação do indivíduo e o estudo
epidemiológico da mortalidade segundo algumas características soci-
odemográficas.
Bloco II – Residência
Além da complementação das informações acima, permite, do
ponto de vista epidemiológico, ter uma distribuição espacial dos
óbitos em cada área, o cálculo de indicadores, feito em geral segun-
do local de residência e, do ponto de vista da vigilância em saúde,
possibilitar contato com a família visando à posterior investigação
de óbito, se necessário.
69
70
71
72
PARTE I
1a: doença ou estado mórbido que causou diretamente a morte (causa
terminal)
1b, c, d: causas antecedentes (doenças ou estados mórbidos, se existirem,
que contribuíram para a causa citada em 1a, mencionando, em último lugar,
a causa básica).
PARTE II
Causas ou condições significativas que contribuíram para a morte, mas
não entraram na cadeia acima.
Bloco VI - Médico
Este Bloco objetiva identificar o médico que forneceu a DO, com
dados que permitam sua localização em caso de necessidade, por exem-
plo para esclarecimentos quanto à real causa básica da morte, sempre
que o que foi informado não possibilitar esse conhecimento.
73
74
75
76
77
Painel Nº 1
A Declaração de Nascido Vivo – DN – é o documento oficial do Ministério da
Saúde, base do Sistema de Informações sobre Nascidos Vivos – SINASC. Trata-
se de formulário específico, existente nos hospitais, e que seve ser preenchido
para todos os casos de produtos de concepção que venham à luz com vida.
Nota: o documento obrigatoriamente não necessita ser preenchido por médico,
mas deve ser fornecido à família, a fim de que o Registro Civil possa ser feito.
78
79
80
81
De 1996 em diante
Essa situação perdurou até 1996 quando entrou em vigor no Brasil
a 10ª Revisão da Classificação Internacional de Doenças, onde aparecia
o novo conceito de período perinatal. A partir dessa data, a Organiza-
ção Mundial(14) da Saúde passava a considerar como limite inferior desse
período 22 semanas de gestação:
os produtos de gestação extraídos ou eliminados do corpo da mãe a
partir de 22 semanas de gestação (peso equivalente a 500g).
82
gestação entre 20 e 27 semanas que vêm à luz sem vida (item 37 – Cam-
po V da DO revogada em 2011, ocasião em que a variável relativa ao
tempo de gestação passou a ser aberta).
Neste caso, é importante salientar que, conforme já referido nesta
publicação, a DO deve ser preenchida ressaltando, o médico, no cam-
po 1 do Bloco I, que se trata de um óbito fetal. Este fato é importante
porque as apurações estatísticas relativas a óbitos e óbitos fetais são
feitas sempre separadamente.
Com relação ao item – NOME – deve ser colocado apenas que se
trata de uma perda fetal (óbito fetal ou morte fetal), para o qual, segun-
do a lei, não há nome a ser registrado. Os hospitais, em geral, referem-
se, nesse Campo, a “nascido morto de ... (nome da mãe)”, já que esta é
que é paciente da instituição. Saliente-se também aqui que não devem
deixar de ser preenchidos os itens compreendidos no Bloco IV da DO.
Para idade gestacional menor que 20 semanas, com feto pesando
menos de 500 gramas ou medindo menos que 25 centímetros, sem qual-
quer sinal vital, o registro da perda poderia se constituir em importante
subsídio para o estudo de abortamentos espontâneos e provocados. En-
tretanto, embora pudesse ser recomendado aqui o fornecimento do ates-
tado, tem-se demonstrado que existe grande subenumeração de seus
registros(49). Assim, não é obrigatório para estes casos o fornecimento
do atestado, podendo os produtos ser incinerados no hospital ou outro
estabelecimento ou, ainda, entregues à coleta hospitalar adequada, de
acordo com as normas estabelecidas para a matéria. É preciso, entretan-
to, ficar claro que, sob nenhuma hipótese, devem ser considerados como
lixo e entregues à coleta pública comum.
Legislação federal sobre o “Regulamento técnico para o gerencia-
mento de Resíduos Sólidos de Serviços de Saúde, 2003, prevê que,”
...os resíduos por produtos de fecundação sem sinais vitais, com peso
menor que 500 gramas ou estatura menor que 25 centímetros ou idade
gestacional menor que 20 semanas que não tenham mais valor científico
ou legal e/ou quando não houver requisição prévia pela família. (Reso-
lução RDC nº 306 de 27 de dezembro de 2004 – ANVISA, MS).(57)
83
84
85
86
87
88
89
* O Regulamento do Instituto Médico Legal de São Paulo explica em seu art. 12, parágrafo único,
que a requisição de perícia médico-legal “deve trazer dados sobre a identidade do examinado,
natureza do exame, circunstâncias em que se verificou a ocorrência...”, o que, também, colabo-
ra para que o médico registre esse fato na DO.
90
91
92
93
94
95
96
97
98
Esse recurso, porém, só deverá ser invocado nos locais onde não haja
médico, pois, caso contrário (morte sobrevindo sem assistência médica,
mas existindo o profissional na localidade), este não poderá se esquivar
do fornecimento do atestado, conforme se frisou no item anterior”.
99
PARTE 3
Respondendo às questões
mais frequentes
101
QUESTÃO 1
Óbito ocorrido em ambulância.
A quem compete a emissão da Declaração de Óbito?
EMBASAMENTO LEGAL
1. A DECLARAÇÃO de óbito: documento necessário e importante. Brasília, DF :
Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Centro Brasileiro de Clas-
sificação de Doenças, 2006. 40 p. Disponível em: <http://bvsms.saude. gov.br/
bvs/publicacoes/declaracao_de_obito_final.pdf >. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
102
QUESTÃO 2
Óbito ocorrido em serviços de emergência (Pronto Socorro
ou Pronto Atendimento). Quais os procedimentos a serem
adotados quanto ao fornecimento da Declaração de Óbito?
SITUAÇÃO A
É necessário verificar se o paciente apresenta alguma suspeita de
causa não natural, caso em que o corpo deverá ser encaminhado ao
IML para necropsia. Se não houver indício de violência e existir SVO
na localidade, este deverá ser o responsável pela emissão da DO. No
caso de inexistir SVO, o próprio médico plantonista do PS fornecerá a
DO, assinalando que “chegou morto ao PS. Paciente sem sinais exter-
nos de violência. Causa não determinada”
Nota: se o médico suspeitar de alguma causa, anotar “provável causa x”
SITUAÇÃO B
A morte no PS equivale ao óbito hospitalar e, portanto, se ocorreu
nas suas dependências, a competência do fornecimento da DO é da
instituição. Já foi comentado, em outra parte desta publicação, que o
conceito de óbito hospitalar (e, por via de consequência, em PS) inde-
pende do tempo de permanência do paciente na instituição. Nesse caso,
então, o médico que atendeu o paciente é o responsável pela emissão
103
SITUAÇÃO C
Não há dúvida de que se trata de óbito hospitalar e que, portan-
to, a DO deve ser fornecida pela instituição (no caso, pelo médico
que atendeu o paciente no PS). No item relativo à causa da morte,
colocar “infarto” (ou provável “infarto”), visto que esse foi o diag-
nóstico feito pelo médico, sendo que até medicação específica foi
prescrita e aplicada.
EMBASAMENTO LEGAL
1. A DECLARAÇÃO de óbito: documento necessário e importante. Brasília,
DF : Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Centro Brasileiro
de Classificação de Doenças, 2006. 40 p. Disponível em: <http://
bvsms.saude. gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_de_obito_final.pdf >.
Acesso em: 10 abr.2015.
2. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
104
QUESTÃO 3
Qual o destino a ser dado, nos hospitais e outras instituições
de saúde, a peças anatômicas e tecidos humanos?
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Agência Nacional de Vigilância Sanitária. Resolução nº 306, de 7 de
dezembro de 2004. Dispõe sobre o Regulamento Técnico para o
105
106
QUESTÃO 4
Emissão de atestado de óbito para parente
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.931, de 17 de setem-
bro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica. Diário Oficial da União; Po-
der Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2009. Seção I, p. 90-2; Diário Oficial da
União; Poder Executivo, Brasília, DF, 13 out. 2009. Seção I, p. 173 – Retifica-
ção. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/
versao_impressao.php?id=8822. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. SÃO PAULO (Estado). Conselho Regional de Medicina do Estado de São Pau-
lo. Consulta nº 53.627, de 14 jun. 2010. A questão é técnica. Certamente
107
108
QUESTÃO 5
Ainda sobre nascidos mortos e sobre óbitos
de recém- nascidos logo após o nascimento.
Quais os documentos a serem emitidos?
1. Masculino
2. Feminino
109
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
110
111
QUESTÃO 6
Paciente doador de órgãos. De quem é a competência
quanto ao fornecimento da Declaração de Óbito?
112
113
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/
library/modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10
abr. 2015.
* No Município de São Paulo, a Secretaria Municipal de Saúde, por meio da Portaria nº 253/2007
criou a Guia de Encaminhamento de Cadáver que, embora não se refira, especificamente a casos
de morte encefálica, deve ser usada para acompanhar o corpo transferido para o SVO (causas
mal definidas) ou IML (mortes violentas ou suspeitas)
114
115
QUESTÃO 7
Paciente sem documento. Como emitir Declaração de Óbito
e de quem é a competência para a emissão?
SITUAÇÃO A
Imagine-se uma situação em que mulher grávida passa mal em via
pública é encaminhada a um hospital próximo, evoluindo para óbito
durante o primeiro atendimento, após eliminar o produto da gestação
(M-2500g, sem sinais vitais). Como a mulher estava desacompanhada e
não portava qualquer documento, pergunta-se quais os procedimen-
tos a serem adotados pelo hospital com relação a:
1º) Providenciar DO para a mulher;
2º) O que fazer com o corpo do concepto.
O corpo da pessoa sem identificação deve, por força de lei, ser en-
caminhado ao IML para providências relativas à identificação e necrop-
sia. Se o procedimento não tiver sucesso antes da emissão da DO, esta
deve ser emitida fazendo constar no lugar do nome, “Desconhecido n°
...”. Na Instituição permanecem todos os elementos capazes de promo-
ver a identificação e, quando esta puder ser realizada, o IML deve pro-
videnciar a averbação do primeiro documento.
Quanto ao concepto, deve também ser emitida a DO-fetal – nasci-
do morto – fazendo menção, no espaço correspondente ao nome da
mãe, ao fato de, não estando ainda identificada, corresponder ao “Des-
conhecido nº...”. O documento é também passível de averbação quan-
do a situação for esclarecida.
116
SITUAÇÃO B
Imagine-se situação em que médico do Serviço Público é convoca-
do para dar uma DO para paciente que morreu no domicílio em local
sem SVO e sem IML. A sequência de providências deverá ser:
1º) Ir ao local onde se encontra o corpo para verificar se há realmen-
te um óbito;
2º) Proceder a um exame externo do cadáver para a eliminação de
dúvidas quanto a se tratar de morte natural e não violenta;
3º) Se o paciente não tiver nenhum documento (supor perda ou
extravio), solicitar a algum parente para que, devidamente identifica-
do, responsabilize-se por afirmar nome e qualificação do falecido. Essa
pessoa deverá apor seu nome e assinatura em qualquer lugar da DO,
como prova de que conhece o falecido e, nessa condição, foi capaz de
fornecer seus dados básicos.
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
2. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 35.566, de 30 de setembro de 1959. Aprova
o Regulamento do Instituto Médico- Legal do Estado. Diário do Executivo;
Governo do Estado. São Paulo, 2 out. 1959. Disponível em: < http://
www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1959/decreto-35566-
30.09.1959.html>. Acesso em: 10 abr 2015.
117
QUESTÃO 8
Em que casos ou situações deve um corpo ser
encaminhado ao Instituto Médico Legal para necropsia?
Quais os conceitos de causa externa e morte suspeita?
118
EMBASAMENTO LEGAL
1. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 35.566, de 30 de setembro de 1959. Aprova
o Regulamento do Instituto Médico- Legal do Estado. Diário do Executivo;
Governo do Estado. São Paulo, 2 out. 1959. Disponível em: < http://
www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1959/decreto-35566-
30.09.1959.html>. Acesso em: 10 abr 2015.
2. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Do-
enças 10 (CID-10). Organização Mundial da Saúde; tradução Centro Cola-
borador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 10 ª ed. rev.
São Paulo: EDUSP, 2007. v.1. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/cid10/
V2008/cid10.htm>. Acesso em: 10 abr. 2015.
3. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Parecer nº 57, de 30 de setembro de
119
120
QUESTÃO 9
Sobre necropsias: autorização familiar para
a sua realização e tempo para seu início
121
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Decreto-Lei nº 3.689, de 3 de outubro de 1941. Código de Processo
Penal. Diário Oficial da União; Poder Executivo, 13 out. 1941, p. 19699. Art.
162. Disponível em: < http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Decreto-Lei/
Del3689Compilado.htm>. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
3. SÃO PAULO (Estado). Decreto nº 35.566, de 30 de setembro de 1959. Aprova
o Regulamento do Instituto Médico- Legal do Estado. Diário do Executivo;
Governo do Estado. São Paulo, 2 out. 1959. Disponível em: < http://
www.al.sp.gov.br/repositorio/legislacao/decreto/1959/decreto-35566-
30.09.1959.html>. Acesso em: 10 abr 2015.
122
QUESTÃO 10
Fratura patológica.
O médico do hospital pode fornecer a Declaração de Óbito
ou é necessário enviar o corpo para o IML?
Quem é competente para emitir a Declaração de Óbito?
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
123
QUESTÃO 11
Medico tratava de paciente que falece no domicílio.
Onde conseguir o formulário para a atestação da morte?
124
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria nº
116, de 11 de fevereiro de 2009. Regulamenta a coleta de dados, fluxo e perio-
dicidade de envio das informações sobre óbitos e nascidos vivos para os
Sistemas de Informações em Saúde sob gestão da Secretaria de Vigilância em
Saúde. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 12 fev. 2009.
Seção I, p.37-43. Disponível em: < http://www.cremesp.org.br/library/modulos/
legislacao/versao_impressao.php?id=8158>. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. SÃO PAULO (Estado). Conselho Regional de Medicina do Estado de São Pau-
lo. Consulta nº 8.243, de 10 de junho de 1997. Paciente falece no domicílio.
Disponível em: < http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/
pareceres/versao_impressao.php?id=3581>. Acesso em: 10 abr. 2015.
125
QUESTÃO 12
Rasuras, correções ou retificações na Declaração de Óbito.
Isso é possível? É legal? Como proceder?
126
127
EMBASAMENTO LEGAL
1. A DECLARAÇÃO de óbito: documento necessário e importante. Brasília, DF
: Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Centro Brasileiro de
Classificação de Doenças, 2006. 40 p. Disponível em: <http://bvsms.
saude.gov.br/bvs/publicacoes/declaracao_de_obito_final.pdf >. Acesso em:
10 abr.2015.
2. SÃO PAULO (Estado). Lei nº 5.452, de 22 de dezembro de 1986. Reorganiza os
Serviços de Verificação de Óbitos no Estado de São Paulo. Diário Oficial do
Estado; Poder Executivo, São Paulo, SP, de 23 dez. 1986. Seção 1.<Disponível
em: < http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/versao_
impressao.php?id=6129>. Acesso em: 10 abr. 2015
3. SÃO PAULO (Estado). Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo.
Consulta nº 109.198, de 19 de junho de 2009. O CREMESP recomenda que a
alteração dos dados da Declaração de Óbito deverá ser feita mediante autori-
zação do Poder Judiciário. Disponível em: < http://www.cremesp. org.br/library/
modulos/legislacao/pareceres/versao_impressao.php?id=8497>. Acesso em:
10 abr. 2015.
4. BRASIL. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria nº 116, de 11 de feverei-
ro de 2009. Regulamenta a coleta de dados, fluxo e periodicidade de envio
das informações sobre óbitos e nascidos vivos para os Sistemas de Infor-
mações em Saúde sob gestão da Secretaria de Vigilância em Saúde. Diário
Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 12 fev. 2009. Seção I, p.37-43.
Disponível em: < http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/
versao_impressao.php?id=8158>. Acesso em: 10 abr. 2015.
128
QUESTÃO 13
Investigação de óbito. O que é, em que consiste e qual
a sua finalidade? O médico é obrigado a responder às
indagações feitas pelas secretarias de saúde?
129
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.931, de 17 de setem-
bro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica. Diário Oficial da União; Po-
der Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2009. Seção I, p. 90-2; Diário Oficial da
União; Poder Executivo, Brasília, DF, 13 out. 2009. Seção I, p. 173 – Retifica-
ção. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/
versao_impressao.php?id=8822. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
3. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Portaria nº
116, de 11 de fevereiro de 2009. Regulamenta a coleta de dados, fluxo e perio-
dicidade de envio das informações sobre óbitos e nascidos vivos para os
Sistemas de Informações em Saúde sob gestão da Secretaria de Vigilância em
Saúde. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 12 fev. 2009.
Seção I, p.37-43. Disponível em: < http://www.cremesp.org.br/library/modulos/
legislacao/versao_impressao.php?id=8158>. Acesso em: 10 abr. 2015.
130
QUESTÃO 14
Ao decriminar a(s) causa(s) de morte na Declaração de Óbito,
o médico não estaria infringindo o sigilo profissional?
Não seria melhor colocá-la(s) em código?
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.931, de 17 de setem-
bro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica. Diário Oficial da União; Po-
der Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2009. Seção I, p. 90-2; Diário Oficial da
131
União; Poder Executivo, Brasília, DF, 13 out. 2009. Seção I, p. 173 – Retifica-
ção. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/
versao_impressao.php?id=8822. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação Internacional de Do-
enças 10 (CID-10). Organização Mundial da Saúde; tradução Centro Cola-
borador da OMS para a Classificação de Doenças em Português. 10 ª ed. rev.
São Paulo: EDUSP, 2007. v.1, 2 e 3. Disponível em: <http://www.datasus.gov.br/
cid10/V2008/cid10.htm>. Acesso em: 10 abr. 2015.
132
QUESTÃO 15
O que é Declaração de Óbito Epidemiológica?
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Departamento
de Análise de Situação de Saúde. Manual de Instruções para o preenchimento
da Declaração de Óbito. Brasília, DF: Ministério da Saúde, Secretaria de Vigilân-
cia em Saúde, Departamento de Análise de Situação de Saúde, 2011. (Série A.
133
134
QUESTÃO 16
É admissível que Declaração de Óbito preenchida no
formulário correto e assinada por médico devidamente
qualificado seja rejeitada por algum órgão/serviço?
O que fazer nesse caso?
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros
públicos e dá outras providências. Diário Oficial da União; Poder Executivo,
Brasília, DF, 31 dez. 1973. Seção 1. Disponível em: http://legis.senado.leg.br/
sicon/#/pesquisa/lista/documentos Acesso em: 27 abr. 2015.
2. SÃO PAULO (Estado). Lei nº 5.452, de 22 de dezembro de 1986. Reorganiza os
135
136
QUESTÃO 17
Paciente vítima de queda de motocicleta, internado durante
52 dias, morre em decorrência de septicemia. Quem fornece
e como deve ser preenchida a Declaração de Óbito?
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de novem-
bro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimento da
Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília, DF, 5
dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/library/
modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10 abr. 2015.
137
QUESTÃO 18
Cobrança pela emissão da Declaração de Óbito
138
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.931, de 17 de setem-
bro de 2009. Aprova o Código de Ética Médica. Diário Oficial da União; Po-
der Executivo, Brasília, DF, 24 set. 2009. Seção I, p. 90-2; Diário Oficial da
União; Poder Executivo, Brasília, DF, 13 out. 2009. Seção I, p. 173 – Retifica-
ção. Disponível em: http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/
versao_impressao.php?id=8822. Acesso em: 10 abr. 2015.
2. A DECLARAÇÃO de óbito: documento necessário e importante. Brasília, DF :
Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina, Centro Brasileiro de Clas-
sificação de Doenças, 2006. 40 p. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/
bvs/publicacoes/declaracao_de_obito_final.pdf >. Acesso em: 10 abr.2015.
3. OSELKA, Gabriel (Coord.). Atestado médico: prática e ética. São Paulo: Con-
selho Regional de Medicina do Estado de São Paulo, 2013. Disponível em: <
http://www.cremesp.org.br/?siteAcao=Publicacoes&acao=detalhes&
cod_publicacao=68> Acesso em: 27 abr. 2015.
139
QUESTÃO 19
Oficial de Cartório do Registro Civil questiona o Conselho
sobre a existência de duas Declarações de Óbito para a
mesma pessoa. Isso é possível? Quem errou?
140
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Conselho Federal de Medicina. Resolução nº 1.779, de 11 de no-
vembro de 2005. Regulamenta a responsabilidade médica no fornecimen-
to da Declaração de Óbito. Diário Oficial da União; Poder Executivo, Brasília,
DF, 5 dez. 2005, Seção 1, p. 121. Disponível em: <http://www.cremesp.org.br/
library/modulos/legislacao/versao_impressao.php?id=6285>. Acesso em 10
abr. 2015.
2. SÃO PAULO (Estado). Lei nº 5.452, de 22 de dezembro de 1986. Reorganiza os
Serviços de Verificação de Óbitos no Estado de São Paulo. Diário Oficial do
Estado; Poder Executivo, São Paulo, SP, de 23 dez. 1986. Seção 1.<Disponível
em: < http://www.cremesp.org.br/library/modulos/legislacao/versao_
impressao.php?id=6129>. Acesso em: 10 abr. 2015
141
QUESTÃO 20
Dúvidas sobre cremação de cadáver
EMBASAMENTO LEGAL
1. BRASIL. Lei nº 6.015, de 31 de dezembro de 1973. Dispõe sobre os registros
públicos e dá outras providências. Diário Oficial da União; Poder Executivo,
Brasília, DF, 31 dez. 1973. Seção 1. Disponível em: http://legis.senado.leg.br/
sicon/#/pesquisa/lista/documentos Acesso em: 27 abr. 2015.
2. SÃO PAULO (Município). Lei nº 7.017, de 19 de abril de 1967. Institui a prática
de cremação de cadáveres e incineração de restos mortais no Município, e
142
143
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
144
145
146
147
148
149
150
151
152
153
154
BRASÍLIA, DF
2007
Distribuição gratuita
Conselheiros responsáveis
Capa
Fotolitos e impressão
Tiragem
10.000 exemplares
CONSELHEIROS
AFONSO HENRIQUES PINTO DE A FERNANDES
ANDRE LUIS DE AQUINO CARVALHO
ANTONIO EVANILDO ALVES
ARIVALDO BIZANHA
ARMANDO JOSE CHINA BEZERRA
AUGUSTO CESAR DE FARIAS COSTA
CLAUDIO FERREIRA CAMPOS VIEIRA
EDUARDO PINHEIRO GUERRA
ERALDO PINHEIRO PINTO
FERNANDO CLAUDIO GENSCHOW
GLEIM DIAS DE SOUZA
GUSTAVO DE PAIVA COSTA
IVAN DE FARIA MALHEIROS
JAIRO MARTINEZ ZAPATA
JOAO BATISTA DE SOUSA
JOSE CARLOS DE ALMEIDA
JOSE FERREIRA NOBRE FORMIGA FILHO
JOSE HUMBERTO FRAZAO DE MENEZES
JOSE NAVA RODRIGUES NETO
LARA REGINA ROCHA FERNANDES
LUCIANNE ANDRÉIA M. DA COSTA REIS
LUCIANO DIAS BATISTA COSTA
LUCIANO DOS SANTOS FLORES
LUCILA NAGATA
LUIZ ALBERTO DE MENDONCA LIMA
LUIZ FERNANDO GALVAO SALINAS
MARIA DA GRACA BRITO DA SILVA AKUAMOA
MARIA LUIZA ALVES PENTEADO
MARIO MARCIO MOURA DE OLIVEIRA
MAURICIO LOPES DE VASCONCELLOS
ODILIO LUIZ DA SILVA
PARIZZA RAMOS DE LEU SAMPAIO
PAULO CESAR MACIEL DE MORAES
PEDRO PABLO MAGALHAES CHACEL
RENATO ANGELO SARAIVA
SERGIO ZERBINI BORGES
SIMÔNIDES DA SILVA BACELAR
SONIA ELIZABETH MARIA GADELHA DIAS
WENDEL DOS SANTOS FURTADO
APRESENTAÇÃO
Não existe no mundo profissão mais regulamentada do que a
medicina, e seu exercício é um dos mais delicados do ponto
de vista legal (Roberto Luiz D vila).
Tendo em vista essas questões, além de se ocupar das áreas médicas mais nobres
diagnoses e tratamentos de doenças , é imprescindível que o médico adquira conhe-
cimentos que complementem e amparem suas atividades básicas.
Cabe aos conselhos de medicina elaborar, apoiar e estimular ações de educação con-
tinuada sobre assuntos relacionados à ética no exercício profissional. De acordo com
o art 5.o, inciso II, da Constituição Federal, ninguém será obrigado a fazer ou deixar
de fazer alguma coisa senão em virtude de lei . A Lei Federal n. o 3.268/57 dota de
personalidade jurídica de direito público os conselhos federal e regionais de medicina
(art. 1.o), e estatui que estes são os órgãos supervisores da ética profissional em toda
a República e, ao mesmo tempo, julgadores e disciplinadores da classe médica (art.
2.o). Na qualidade de disciplinadores, têm, assim, o poder legal de determinar e fazer
cumprir normas, em geral denominadas resoluções, conquanto corroborem ou, então,
não contrariem as leis formalmente estabelecidas.
Contudo, para repelir ilicitudes, muito além das cominações, que se aplicam sempre
com desgostos e inquietações, estão as atividades educativas dos conselhos, que d e-
vem ter papel cardinal na formação médica, ora como fator preventivo de m ales, ora
como fator de conforto no exercício médico-profissional. O valor da Ética como
indispensável elo de desenvolvimento e sua ausência como causa de entraves sist e-
máticos no meio assistencial torna urgentes todas as medidas dirigidas à cientifica-
ção de sua importância. Para esse mister, existem numerosas matérias elaboradas nos
conselhos de medicina e nas legislações específicas.
Em moção contributiva a esse amplo esforço pelo amparo à ética, o Conselho Regi o-
nal de Medicina do DF divulga, em forma de manual, as orientações contidas em
pareceres e resoluções normativas sobre atestados, especialmente as oriundas do
CFM e do próprio CRM-DF, um guia utilitário por sua objetividade e praticidade,
para esclarecer os profissionais da área assistencial, administrativa e mesmo pacie n-
tes. Também se apresenta uma seleção de dúvidas sobre situações existentes no meio
médico e sugestões de solução com fulcro em documentos normativos oficiais.
Para conhecimento das questões alusivas ao tema, foram consultados médicos das
mais diversas especialidades e localidades do País, além da literatura específica. Im-
porta acrescentar que as orientações se limitam apenas ao interesse relacionado à
medicina, à doença e ao doente, não havendo, portanto, considerações correlatas às
injunções administrativas.
O leitor interessado será bem-vindo para apresentar suas sugestões e acrescentar co-
nhecimentos em benefício do doente, do médico, da medicina, de outros profissionais
assistenciais, das instituições assistenciais e, particularmente, da ética médica.
CONTEÚDO
CONSIDERAÇÕES GERAIS
TERMINOLOGIA
TIPOS DE ATESTADOS
Atestado de acompanhamento
Parecer-Consulta CRM-DF n.º 41/1998
Parecer-Consulta CRM-DF n.º 24/2004
Atestado de doença
Modelo de atestado médico
Atestado ou declaração de óbito
Atestado de saúde
Modelo de atestado de saúde
Prazo de validade dos atestados de saúde
Atestado de saúde ocupacional (ASO)
Atestado admissional
Atestado de mudança de função
Atestado de retorno ao trabalho
Atestados periódicos
Atestado demissional
Atestado de vacinação
Atestados médicos administrativos
Atestados médicos judiciários
Atestados médicos oficiosos
Atestado ou declaração de comparecimento
Modelo do atestado
Parecer-Consulta CRM-DF n.º 44/1998. Atestados de comparecimento.
Atestado para licença-maternidade e casos de abortamento
Atestado para educação ou aptidão física
Atestado para gestantes em viagens aéreas
LEGISLAÇÃO
Resolução CFM n.º 1.488/1998
Resolução CFM n.º 1.641/2002
Resolução CFM n.º 1.658/2002
Resolução CFM n.º 1.779/2005
Código Penal Brasileiro
Código de Ética Médica
Consolidação das Leis do Trabalho (CLT)
Decreto 27.048/49
Lei n.º 10.876
CONSIDERAÇÕES GERAIS
O atestado médico é de grande importância para a sociedade e faz parte das prerro-
gativas legais que o legislador concedeu ao médico. Está disciplinado pelo Conselho
Federal de Medicina e não poderá ser contemplado como documento destituído de
importância. Deverá ser sempre admitido como verdadeiro, inclusive em juízo, com
matizes renovadas nos tribunais de pequenas causas. Quando de sua contestação,
esta deverá acompanhar-se de justificativas claras e objetivas, dos motivos da dis-
cordância, sujeitando-os à responsabilidade do emitente ou, por outro aspecto, da-
quele que rejeitar um documento público revestido de fé de ofício (Vieira, 2007).
É mister que todos os atestados sejam elaborados com clareza, concisão, legibilid ade,
sem rasuras. O contrário obscuridade, verbosidade confusa, ilegibilidade e riscos
sobre as letras pode ser interpretado como indício de fraudes. É necessário sempre
verificar se o modelo oferecido pela instituição em que o médico atua está acond i-
cionado aos termos da Resolução 1.658 do Conselho Federal de Medicina. Ficará
explícito que a emissão do atestado ocorreu depois de efetuados os procedimentos
médicos dispensados ao doente. Os tempos verbais devem expressar indicação méd i-
ca, pois ordenamentos obrigatórios podem ser tomados como atitudes contrárias á
autonomia do doente. O número de dias precisa ser escrito em algarismos arábicos
com 0 à esquerda e, a seguir, por extenso, para que os dolos possam ser evitados.
TERMINOLOGIA
TIPOS DE ATESTADOS
Fazer men o a aposentadoria, auxílio-doença, afastamento do trabalho etc. são referên-
cias administrativas que o médico assistente não deveria, sob o ponto de vista da perícia,
em fun o das leis previdenciárias, fazer constar em atestado (Eduardo Henrique Rodri-
gues de Almeida, Associação Nacional de Médicos Peritos).
ATESTADO DE ACOMPANHAMENTO
No caso da declaração para acompanhante, inexistem leis que abonem essa forma
de atestado como instrumento que obrigue empregadores a fornecer licença a um
servidor para acompanhar pacientes ou prestar-lhe assistência. Assim, é facultativa a
emissão desse tipo de atestado pelo médico, assim como a sua aceitação pelo empr e-
gador, salvo se houver normas convencionais particulares no âmbito patronal ou da
categoria do servidor que, regulamentem a matéria (Conselho, 2001, p. 20). No en-
tanto, o médico pode registrar no atestado ser imprescindível, se for o caso, a presen-
ça de um cuidador como parte do tratamento. A critério do empregador, este poderá
fazer as necessárias dispensas do servidor ao trabalho tendo em vista motivo de força
maior.
Sobre esse assunto, cabe incluir alguns pareceres elaborados pelo Conselho Regional de
Medicina do Distrito Federal.
Parecer-Consulta CRM-DF n.º 41/1998. O assunto deve ser tratado sob a óptica da
concessão de licença para acompanhamento de pessoa enferma, licença esta que não
está prevista na legislação aplicada aos trabalhadores em geral. Na Lei n.º 8.112/90,
que trata do Regime Jurídico do Servidor Público, há previsão, além da licença por
motivo de doença disciplinada nos artigos 202 a 206, da concessão de licença por
motivo de doença em pessoa da família, nos artigos 81, inciso I, e 83, com algumas
restrições, quais sejam: a) o caput do artigo relaciona os familiares que poderão ense-
jar o afastamento: cônjuge ou companheiro, pais, filhos, padrasto ou madrasta, ente-
ado e dependente que viva às expensas do servidor e conste de seus registros funci o-
nais: b) o parágrafo 1.º assenta que só será deferida a licença se a assistência direta
do servidor for indispensável e não puder ser prestada simultaneamente com o exer-
cício do cargo ou mediante compensação de horário, na forma do artigo 44, inciso II;
c) o artigo 44, inciso II, estabelece a hipótese de compensação de horário até o mês
subseqüente ao da ocorrência da falta, a ser estabelecida pela chefia imediata; d) o
parágrafo 2.º estabelece que a licença tem prazo limitado de 60 dias com remuner a-
ção e mais 60 sem remuneração.
Além dessa previsão da Lei n.º 8.112/90, sabe-se da existência de acordos coletivos
de trabalho em que se prevê a concessão de licenças para acompanhar pessoas en-
fermas da família, com remunerações e critérios de concessão os mais variados. Cita-
se, como exemplo, o caso do Banco do Brasil, que concede a seus funcionários lice n-
ça para assistir pessoa enferma da família quando essa assistência for imprescindível,
assegurando-lhes 70% dos proventos gerais, não contando o período da licença como
tempo de serviço.
Diante da exposição acima, entende-se que, se não houver nenhuma previsão do as-
sunto em convenção coletiva com seus trabalhadores, a declaração não infringe a
legislação, uma vez que o código 2.065.0/4 faz referência a pessoa sadia e, portanto,
não pode ser encarado como comprovante de doença do trabalhador. O assunto não
merece a manifestação médica, a não ser no que diz respeito à informação ao setor de
pessoal de que aqueles atestados não se referem a recomendação de afastamento por
motivo de doença do empregado.
Tal atestado pode ser aceito ou não pelo empregador, cabendo a este, dentro de sua
política de assistência ao trabalhador, avaliando-se custos e benefícios de tais con-
cessões, estabelecer as condições de sua aceitação, visando a justificar a ausência ou
mesmo os atrasos ocasionais ao trabalho. Em havendo necessidade de especificar o
respectivo código da Classificação Internacional de Doenças (CID), deverá ser utili-
zado o 2065.0/4, da CID-10, que se refere à pessoa sadia que acompanha o doente.
ATESTADO DE DOENÇA
Documento em que o médico atesta que a pessoa apresenta estado mórbido, perm a-
nente ou provisório, e pode acrescentar que necessita de repouso absoluto ou relativo
durante determinado período. Há grande variedade desse tipo de atestado, desde o
atestado médico de enfermidade sem especificações a atestados de internação hosp i-
talar, atestado de tratamento ambulatorial e outros. O uso de termos como afasta-
mento do trabalho , incapacidade para o trabalho e indicações de aposentadoria,
têm sido causas de graves conflitos, já que tais determinações poderão ser legalmente
feitas por médico perito ou junta médica pela instituição empregadora (v. lei n.º
10.876, arts. 1.o e 2.o e incisos, p. ) por configurar, em muitos casos, atribuições
trabalhistas e administrativas.
ATESTADO MÉDICO
do___________________________________________
Local e data___________________________________
Assinatura____________________________________
Observações:
ATESTADO DE SAÚDE
Documento em que o médico, após exame clínico do paciente, que deve constar em
prontuário, atesta que a pessoa tem bom estado de saúde física e mental ao exame
clínico, com citação ou não da finalidade do atestado. O fornecimento de atestados
de saúde requer o exame clínico do usuário e seu respectivo registro no prontuário
(Parecer-Consulta CRM-DF n.º 2117/1995).
Esse atestado pode ser emitido em forma impressa ou manuscrita legível, em folha de
papel, timbrada ou não, observado o art. 113 do Código de Ética Médica. Mas, em
padrão geral, deverão constar nome da instituição, se for o caso, com designação do
estabelecimento específico, com o título ATESTADO DE SA DE, texto com: Ates-
to que o Sr(a). (nome completo sem abreviaturas), no momento, apresenta bom est a-
do de saúde física e mental sem morbidades constatáveis ao exame clínico geral .
Localidade e data da emissão, assinatura com carimbo (com nitidez das letras) ou
número do CRM do médico assistente (figura 2). Deixar espaço para anotação do
diagnóstico codificado (n. o da CID) ou explícito, sempre com a autorização por escri-
to e assinada pelo doente ou por seu responsável com os respectivos dados de seu
documento de identificação.
ATESTADO DE SAÚDE
Assinatura____________________________
Observações:
documento, o médico informa não ter constatado ao exame clínico, naquele momen-
to, alterações orgânicas.
Não há sentido assentar prazos quanto à sua validade, bem como admitir qualquer
forma de discriminação, contrariando um princípio fundamental de todo cidadão. O
atestado médico deve ser considerado verdadeiro por presunção, e sua recusa propi-
cia o oferecimento de reclamação tendente à garantia dos direitos representados pela
declaração.
Este documento atende à Portaria n.º 24, de 29/12/94, Diário Oficial da União, 30 -
12-94, Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalhador, com alterações introduzidas
pela Portaria n.º 8, de 8-5-96. O empregado precisa passar por avaliações médicas,
antes de ser admitido, durante a vigência do contrato de trabalho e quando for demi-
tido. Os exames são: admissional, periódico, de retorno ao trabalho, de mudança de
função e o demissional. Sem esses exames, a empresa poderá ser considerada culp a-
da por todas as doenças contraídas pelo trabalhador durante o contrato de trabalho,
respondendo inclusive por eventuais ações indenizatórias por acidente de trabalho ou
doença do trabalho.
De regra, os atestados devem ser feitos por médico do trabalho. Mas, em localidades
que não dispõem desses especialistas, outro médico poderá emitir o atestado. Alguns
cuidados, no entanto, devem ser observados, ou seja, a empresa solicitante deve dis-
ponibilizar ao médico a síntese do PCMSO, o médico necessita de registrar no ates-
tado seu endereço e telefone, o nome e o número de registro no respectivo CRM do
coordenador do Programa, registrar o tipo de risco a que o empregado está exposto
em suas atividades laborais (ruídos, calor, frio, radiações danosas ao organi smo) se
houver. O servidor não é obrigado a se submeter aos exames, sobretudo os invasi-
vos, mas o empregador deve estimulá-lo a cumprir essas normas.
Para cada exame, o médico emite o atestado em duas vias. A primeira fica arquiv ada
na empresa para eventual apresentação à fiscalização do trabalho. A segunda deve
ser entregue ao trabalhador, mediante recibo.
apto ou inapto para a função específica que o empregado vai exercer, exerce ou exer-
ceu; nome do médico encarregado do exame e endereço ou forma de contato; data e
assinatura do médico encarregado do exame e carimbo contendo seu número de in s-
crição no CRM.
Acrescenta que, no caso do ASO, o médico coordenador está submisso ao que consta
no tem 7.4.4.3 da Norma Regulamentadora n. o 7 (NR-7). Essa norma orienta e regu-
lamenta a aposição dos dados de identificação do trabalhador, a citação dos exames
complementares realizados, os dados do médico coordenador e de outros médicos
que participaram da avaliação, a definição da aptidão ou não ao trabalho relativa à
função que irá desempenhar. Orienta, ainda, que podem ser anotados os riscos in e-
rentes à função, como ruído, chumbo, calor, etc.
Ressalta que o legislador, por meio da NR-7, não esquecerá de citar a importância e o
dever com o sigilo, ao prever na nota apontada no item 7.4.5.2: "A guarda dos pron-
tuários médicos é de responsabilidade do coordenador. Por se tratar de documento
que tem informações confidenciais da saúde das pessoas, o seu arquivamento deve
ser feito de modo a garantir o sigilo dos mesmos". O ASO não pode conter informa-
ções sobre hábitos pessoais ou doenças crônicas. Estas estarão devidamente guard a-
das sob sigilo no prontuário em poder do médico coordenador, na empresa, em seu
consultório, até mesmo, informatizadas, caso se tenha certeza do sigilo previsto na
Norma Regulamentadora n. o 7. Informações sobre malformações ou defeitos físicos
igualmente deverão constar somente no prontuário, mesmo que aparentes.
ATESTADO DE VACINAÇÃO
Pode ser emitido por médicos do quadro do serviço de saúde pública da União ou
médicos em exercício de atividades privadas, devidamente credenciadas para tal fim
pela autoridade de saúde competente, conforme disposto no art. 5. o da Lei 6.529/75 e
na Portaria n. o 597/gm de 8 de abril de 2004, que dispõe o calendário obrigatório de
vacinações. Nesse atestado, registram-se o estado de paciente vacinado, com as do-
ses, datas, e a especificação da vacina aplicada.
São geralmente requisitados por juiz, ex.: atestados que os jurados justificam suas
faltas ao tribunal do júri. Qualquer atestado médico pode se tornar judicial e integrar
um processo em Juízo.
DECLARAÇÃO DE COMPARECIMENTO
compareceu a _________________________
do __________________________________
no período de _________________________
para _________________________________
Assinatura ____________________________
Observações___________________________
Não constitui propriamente um atestado, mas uma declaração. É bom que se faça a dife-
renciação entre atestado e declaração de comparecimento. A declaração não necessaria-
mente precisa ser exarada por médicos e poderá justificar uma falta, porém nunca corre-
lação diagnóstica de uma doença com a conseqüente incapacitação ao trabalho (Parecer
CFM n.o 33/1999).
A respeito de licenças por motivo de doença, buscamos subsídio na Lei n.º 605/49,
que, no seu artigo 60, trata do repouso semanal remunerado, declarando que: não
será devida a remuneração quando, sem motivo justificado, o empregado não tiver
trabalhado durante toda a semana anterior. No parágrafo 1. do citado artigo, são
mencionados os motivos justificados, referidos no caput: f) doença do empregado,
devidamente comprovada . No parágrafo 2. , se estabelece como será comprovada a
Na Lei n.º 8.112/90, que trata do Regime Jurídico do Servidor Público, há previsão
da licença por motivo de doença, disciplinada nos artigos 202 a 206. O artigo 202
prevê: Será concedida ao servidor licença para tratamento da saúde, a pedido ou
de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer
jus . No artigo 203 da mesma Lei n. 8.112/90 se estabelece como será feita a perícia
médica referida no artigo 202: Para licença até 30 dias, a inspeção será feita por
médico do setor de assistência do órgão de pessoal e, se por prazo superior, por jun-
ta médica oficial.
Nota-se que qualquer atestado médico que recomende afastamento do trabalho pode
necessitar de avaliação por médicos peritos. Esse procedimento é justificável te ndo
em vista que o médico designado para a perícia deverá ter pleno conhecimento da
atividade laborativa do examinado, sendo, portanto, o mais indicado para julgar a
interferência da doença em sua capacidade para o desempenho da atividade.
De acordo com a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), art. 392, e a Lei n.º
10.421 (v. p. ) a servidora gestante sob esse regime trabalhista tem direito à licen-
ça-maternidade de cento e vinte dias. O atestado médico notificará a data do início
do afastamento do emprego, que poderá ocorrer desde o vigésimo oitavo dia antes do
parto até a ocorrência deste. Os períodos de repouso, antes e depois do parto, poderão
ser aumentados de duas semanas cada um, mediante atestado médico. Mediante o
atestado médico, é facultado à gestante romper o compromisso resultante de qualquer
contrato de trabalho se este prejudicar a gestação (CLT, art. 394). A lei n. o 8.112,
preceitua que será concedida licença à servidora gestante por cento e vinte dias co n-
secutivos, sem prejuízo da remuneração. A licença poderá ter início no primeiro dia
do nono mês de gestação, salvo antecipação por prescrição médica. No caso de nas-
cimento prematuro, a licença terá início a partir do parto. No caso de natimorto, d e-
corridos trinta dias do evento, a servidora será submetida a exame médico e, se ju l-
gada apta, reassumirá o exercício. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis
meses, a servidora lactante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de
descanso, que poderá ser parcelada em dois períodos de meia hora (art. 209). À ser-
vidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um) ano de idade, serão
concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada. No caso de adoção ou guarda
judicial de criança com mais de 1 (um) ano de idade, o prazo de que trata este artigo
será de trinta dias (Lei n. o 8.112, arts. 207 e parágrafos, 209, 210 e parágrafo).
Documento que comprova aptidão física para exercícios, importante para atletas,
alunos no âmbito escolar, grupos ou pessoas com atividades pertinentes. O texto
deverá conter: Atestado Médico. Atesto para os devidos fins que o aluno/atleta (indicar
o nome) está apto para prática desportiva. Por ser verdade, firmo o presente (local, data,
assinatura, carimbo ou n.o do registro no CRM). O exame clínico deve constar em ficha
ou prontuário médico.
Óbito por causa natural é aquele cuja causa básica é um estado mórbido. Morte na-
tural tem como causa doença ou lesão que iniciou os eventos que levaram à morte.
Óbito não-natural ou por causa externa é o que decorre de lesão provocada por vio-
lência, qualquer que tenha sido o tempo entre o evento e a morte.
O capítulo IX da lei n.º 6.015, de 31 de dezembro de 1973, que dispõe sobre os regis-
tros públicos, determina normas sobre óbitos. O artigo 77, por exemplo, dá proibição
de sepultamento sem a certidão do oficial de registro do lugar do falecimento em
vista do atestado médico.
A declaração é também documento médico que atesta a cessação da vida de uma pes-
soa; tem valor de registro civil do fato; determina cessação e possibilita transmissão
de direitos e obrigações; propicia elementos para efetivação de condutas sanitárias
pelo poder público.
Parte V. Utilizada apenas em casos de óbito fetal ou menores de um ano, dados im-
portantes para estudos de condições materno-infantis.
Parte VI. Utilizada para qualquer tipo de óbito. Como observações úteis, no óbito de
mulheres em idade fértil, deve-se investigar sempre sobre gestação nos últimos doze
meses, usando-se os campos 43 e 44 da parte VI da declaração de óbito. O campo 49,
causas da morte, dispõe de suas partes: parte 1 com quatro linhas a , b , c e d ,
nas quais devem constar as causas que levaram à morte, organizadas em seqüência
lógica. Deve-se registrar na linha a a causa imediata do óbito e, nas linhas subse-
qüentes, as causas que deram origem às anteriores, ficando, na última linha, registr a-
da a causa básica da morte. Na parte 2, devem ser anotadas outras causas que contri-
buíram para a morte.
Parte IX. Apenas preenchida em localidades onde não há médicos e o registro tem de
ser feito por duas testemunhas.
preencher os itens com letra legível (v. art. 39 do CEM), sem abreviações nem rasu-
ras; anotar tempo aproximado entre o início da doença ou lesão e a morte;
emitir o atestado em caso de concepto que tem morte logo depois do nascimento seja
este de qualquer peso, estatura ou idade gestacional;
é erro grosseiro atestar como causa de morte ou causa básica de morte o modo de
morrer com termos vagos, como colapso cardíaco, parada cardiorrespiratória, asfixia,
falência de múltiplos órgãos, uma vez que todos morrem com parada cardiorrespir a-
tória, o que é conseqüência, não causa da morte (Alcântara, ob. cit., p. 337).
Emissão de atestado de óbito. Apenas aos médicos cabe a atribuição de emitir declara-
ções de óbito. O médico que assistiu um paciente, independentemente do tempo dispen-
sado nessa assistência, tem o dever de atestar o óbito, se decorrente de morte natural,
com os elementos diagnósticos que dispuser. Caso solicite a realização de necropsia,
esta dependerá de consentimento da família ou, em caso de recusa desta, de autorização
judicial (Parecer CRM-DF n.º 196/00). No entanto, devem ser observadas as situa-
ções e indicações específicas e legais quanto ao tipo de declaração e ao profissional
emitente, conforme relacionados a seguir, com fundamento no que declara a Resolu-
ção CFM n.º 1.779/2005 (v. p. ).
Morte natural sem assistência médica. Nas localidades com Serviço de Verificação
de Óbitos (SVO), a declaração de óbito deverá ser fornecida pelos médicos do SVO.
Nas localidades sem SVO, a declaração de óbito deverá ser fornecida pelos médicos
do serviço público de saúde mais próximo do local onde ocorreu o evento; na sua
ausência, por qualquer médico da localidade.
O médico não deve atestar um óbito sem que tenha assistido o respectivo paciente
falecido (v. art. 14 do CEM). Contudo, há exceções. Se, por exemplo, o médico
plantonista recebe um paciente com parada cardiorrespiratória e procede às mano-
bras de reanimação, mas o doente falece, deve verificar se a causa da morte é natural
ou externa. Se chegar ao diagnóstico pela anamnese tomada de acompanhantes, pre-
ferencialmente pessoas da família, e pelo exame do corpo, o médico emitirá o ate s-
tado. Se houver dúvidas, deverá encaminhar o corpo ao Serviço de Verificação de
Óbito. Se este não existir na localidade, deverá anotar no atestado que a cau sa da
morte é desconhecida (Ministério, 2006, p. 23). Assim, se o médico for plantonista,
médico substituto ou patologista responsável pela necropsia e tiver acesso ao prontuário
do paciente morto, não poderá se esquivar de fornecer a declaração de óbito por alega-
ção de desconhecimento do motivo ou dos detalhes da morte (Código de Ética Médica,
art. 114). Excetuam-se os casos de morte por violência, mesmo que seja por complica-
ção tardia do trauma. Nesse caso, encaminhar-se-á o caso à verificação médico-legal.
A causa de morte não deve ser registrada com siglas, abreviaturas, nem apenas com
códigos da Classificação Internacional de Doenças.
Morte natural com assistência médica. A declaração de óbito deverá ser fornecida,
sempre que possível, pelo médico que vinha prestando assistência ao enfermo. Se o
doente estava internado sob regime hospitalar, a declaração de óbito deverá ser for-
necida pelo médico assistente e, na sua falta, por médico substituto pertencente à
instituição, médico plantonista para doentes internados, médico designado pela insti-
tuição que prestava assistência ambulatorial ao paciente, médico assistente em pro-
gramas de atendimento domiciliar em casos de óbitos em domicílio. Se estava em
tratamento sob regime ambulatorial, a declaração deverá ser fornecida por médico
designado pela instituição que prestava assistência ou pelo SVO. A declaração de
óbito do paciente em tratamento sob regime domiciliar (Programa Saúde da Família,
internação domiciliar e outros) deverá ser fornecida pelo médico pertencente ao pro-
grama ao qual o enfermo estava cadastrado, ou pelo SVO, caso o médico não consiga
correlacionar o óbito com o quadro clínico concernente ao acompanhamento do paci-
ente.
Morte não natural. Se a localidade não dispuser de médico legista, qualquer médico
investido pela autoridade judicial ou policial terá função de perito legista. Quando o
médico for o único da cidade, será o indicado pelas autoridades policiais e jud iciárias
locais para ser o legista. Deverá examinar o corpo, anotar a natureza das lesões que
houver, as circunstâncias do evento e emitir o atestado de óbito com preench imento
dos campos 56 a 60 do bloco VIII.
Morte fetal. Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe
ficam obrigados a fornecer a declaração de óbito quando a gestação tiver duração
igual ou superior a 20 semanas ou o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500
(quinhentos) gramas e ou estatura igual ou superior a 25 cm (Resolução CFM n.º
1.779/2005, art. 2.o, inciso II e). A Resolução RDC n. o 306, de 7-12-2004, da Agên-
cia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa, www.anvisa.gov.br), dispõe como resí-
duos de serviço de saúde peças anatômicas do ser humano, tecidos, membros, órgãos
e fetos com peso inferior a 500 g, estatura inferior a 25 cm e idade gestacional menor
que 20 semanas. Se não tiver sido requisitado pela família e não tiver valor legal ou
científico será feito registro no local da geração e encaminhado para sepultamento no
cemitério com a autorização de órgão competente municipal, estadual ou do distrito
federal (itens 7.1, 7.1.1, inciso I). Se o concepto nasceu vivo e faleceu pouco instan-
tes depois do nascimento não se trata de óbito fetal, porquanto existiu vida extra-
uterina. O conceito de nascido vivo depende, exclusivamente, da presença de sinal
de vida, ainda que esta dure poucos instantes. Se esses sinais cessaram, significa que
a criança morreu e a declaração de óbito deve ser fornecida pelo médico do hospi-
tal. Não se trata de óbito fetal, dado que existiu vida extra-uterina. O hospital provi-
denciará também a emissão da declaração de nascido vivo para que a família efetue
o registro civil do nascimento e do óbito (Ministério, 2006, p. 21,22). A responsabi-
lidade do preenchimento da declaração do óbito fetal cabe ao médico que prestar a s-
sistência à gestante.
Constatação do óbito. O médico não deve, em hipótese alguma, atestar óbito sem o ter
constatado, sobretudo quando não se tratar de paciente seu (v. arts. 110 e 114 do CEM) e
o preenchimento dos dados constantes na declaração de óbito é da responsabilidade
do médico que atestou a morte (Resolução CFM n.º 1.779/2005, art. 1.º). O momento
da morte da pessoa é o momento da morte encefálica (Lei n.o 9.437, de 4-2-97, art. 3.o).
Ao examinar o corpo para constatar o óbito, deve o médico verificar se há indícios de
causas externas, inclusive envenenamentos, e anotar no campo 59 da declaração de óbito
que não detectou sinais de violência. Se houver denúncia de envenenamento e exumação
vier a comprovar, o médico estará isento de responsabilidade perante a Justiça.
o atendimento em um prontuário ou uma ficha, que pode ficar sob a guarda do médico
para as finalidades que forem necessárias. É vedado aos médicos conceder declaração
de óbito em que o evento que levou à morte possa ter sido alguma medida com intenção
diagnóstica ou terapêutica indicada por agente não-médico ou realizada por quem não
esteja habilitado para fazê-lo, devendo, neste caso, tal fato ser comunicado à autoridade
policial competente a fim de que o corpo possa ser encaminhado ao Instituto Médico
Legal para verificação da causa mortis (Resolução CFM n.º 1.641/2002, art. 1.º).
Peças anatômicas retiradas por ato cirúrgico. Para serem sepultadas, o médico
elaborará um relatório em papel timbrado com descrição do procedimento realizado,
que será apresentado ao departamento administrativo do cemitério. A Resolução
RCD n.o 306 de 7-12-2004, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa)
dispõe sobre o regulamento técnico para o gerenciamento dos resíduos de serviços de
saúde, que inclui peças anatômicas humanas e fetos com peso menor que 500 g, est a-
tura inferior a 25 cm e idade gestacional menor que vinte semanas (v.
www.anvisa.gov.br).
Antecedentes ético-legais
Resolução CFM n.º 1.641/2002 (v. p. ) Veda a emissão de declaração de óbito pelo
médico nos casos em que houve atuação profissional não médica e dá outras provi-
dências.
Lei n.º 6.015/1973, alterada pela Lei n.º 6.216/1975, artigo 77. Torna obrigatórios o
sepultamento e a certidão de óbito expedida pelo cartório com base na declaração de
óbito emitida pelo médico.
1) Morte natural
b) Nas localidades sem SVO, a declaração de óbito deverá ser fornecida pelos méd i-
cos do serviço público de saúde mais próximo do local onde ocorreu o evento; na sua
ausência, por qualquer médico da localidade.
a) A declaração de óbito deverá ser fornecida, sempre que possível, pelo médico que
vinha prestando assistência ao enfermo.
b) A declaração de óbito do doente internado sob regime hospitalar deverá ser forn e-
cida pelo médico assistente e, na sua falta por médico substituto pertencente à insti-
tuição.
Parágrafo único. Nas localidades onde existir apenas 1 (um) médico, este é o respon-
sável pelo fornecimento da declaração de óbito.
Atestar constitui ato médico em que se registram diagnose e tratamento (período de re-
pouso) em um documento. É um ato médico em que este elabora um documento no qual
registra uma afirmação baseada em procedimentos médicos, como o exame clínico do
doente. Pelo art. 2.º da Resolução n.o 1.658/2002, ao fornecer o atestado, deverá o mé-
dico registrar em ficha própria e ou prontuário médico os dados dos exames e tratamen-
tos realizados, de maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos-
peritos das empresas ou dos órgãos públicos da Previdência Social e da Justiça . As-
sim, é imprescindível que os dados do atestado sejam escritos no prontuário do paciente
como comprovação da sua emissão e para fins de controle clínico e pesquisas notada-
mente periciais (Conselho, 2006). Exemplo: Por solicitação do doente, forneci atestado
com CID-10 (escrever o código) e repouso durante oito dias a partir desta data . Pode-se
também deixar no prontuário uma cópia carbonada ou fotocópia do atestado, opção mais
prática. Tais cuidados visam também à proteção do médico contra possíveis dolos.
O atestado médico não poderá ter valor pleno e absoluto por si. Deve sempre ter o cará-
ter de um instrumento de fé pública que consubstancia um relatório pericial técnico fir-
mado por um médico e que esteja registrado em um prontuário, em um parecer ou do-
cumento similar, porquanto constitui essencialmente um meio de comprovação. Em ca-
sos de perícias, demandas judiciais, éticas, administrativas e similares, o que ficou ano-
tado no prontuário pode vir a ser a principal defesa do médico. Acrescenta-se ainda,
como reforço, que o Parecer-Consulta CRM-DF n.º 2117/1995 dispõe: “o forneci-
mento de atestados de saúde requerem o exame clínico do usuário e seu respectivo
registro no prontuário .
ATESTADO A PEDIDO
Pode ocorrer que, por não ter consigo seu carimbo, um médico emitir atestado para
seu paciente e pedir a outro colega para assinar e carimbar o atestado. É vedado ao
médico atender um paciente e pedir a outro médico que desconhece o caso, assinar e
carimbar atestado sem que este tenha feito o atendimento. O atestado é um ato médi-
co e deve estar consubstanciado pelas correspondentes anotações no prontuário assi-
nadas pelo médico emitente. O mesmo ocorre em relação a atestados com rubrica ou
assinatura de um médico e carimbo de outro colega.
ATESTADO DE FISIOTERAPEUTA
O Parecer CFM n.º 06/2001, sobre laudos, pareceres e atestados emitidos por fisiote-
rapeuta, em consulta quanto á competência do profissional fisioterapeuta para emitir
atestados médicos com prescrição de dispensa do serviço, afirma que os atestados
para afastamento do trabalho só podem ser emitidos por médicos ou, em casos espe-
cíficos, por odontólogos.
ATESTADO DE PSICÓLOGO
Conforme registra o Parecer CFM n.º 2/1986, sobre emissão de atestado de enfermi-
dade por psicólogo no Brasil, a Lei Federal n.º 4.119, de 27 de agosto de 1962, regu-
lamentada pelo Decreto n.º 53.464, de 21 de janeiro de 1964, dispõe sobre a profis-
são de psicólogo. Esse decreto, no art. 4.º, especifica as atribuições dos psicólogos,
da forma que segue.
São funções do psicólogo: (1) utilizar métodos e técnicas psicológicas com o objetivo
de: a) diagnóstico psicológico; b) orientação e seleção profissional; c) orientação psico-
pedagógica; d) solução de problemas de ajustamento. (2) Dirigir serviços de psicologia
em órgãos e estabelecimentos públicos, autárquicos, paraestatais, de economia mista
e particulares. (3) Ensinar as cadeiras ou disciplinas de psicologia nos vários níveis
de ensino, observadas as demais exigências da legislação em vigor. (4) Supervisionar
profissionais e alunos em trabalhos teóricos e práticos de psicologia. (5) Assessorar,
tecnicamente, órgãos e estabelecimentos públicos, autárquicos, paraestatais, de eco-
nomia mista e particulares. (6) Realizar perícias e emitir pareceres sobre a matéria de
psicologia. Por sua vez, a Lei 4.119, no § 2.º do art. 13, dispõe: "É da competência
do psicólogo a colaboração em assuntos psicológicos ligados a outras ciências."
ATESTADO DO ODONTOLOGISTA
O atestado será emitido em duas vias assinadas pelo profissional. A segunda via será
assinada pelo doente, que comprovará o recebimento da via original. A duração má-
xima do período de repouso do paciente é de até 72 horas. Se a intervenção odonto-
lógica demandar mais tempo, o cirurgião-dentista dará outro atestado para prorroga-
ção do tempo de repouso
(http://www.uniodonto.com.br/site/fique_atualizado.php#atestado, acessado em 12-
8-07). Só a médicos e odontólogos é permitido emitir atestados de doença.
Eventualmente, uma junta médica poderá convidar outros profissionais, tanto da área
biomédica como de outras áreas, quando estiver sendo analisado algum assunto da
competência desses últimos. Ainda assim, as conclusões e o parecer final sempre
serão da alçada exclusiva dos componentes da junta médica oficial propriamente dita.
Direito dos médicos-peritos de pedir relatórios para qualquer doença. Com base
na Resolução CFM n.o 1.658/2002, art. 6. o, parágrafos 2.o e 3.o, (v. p. ) o médico pe-
rito pode solicitar relatórios do médico assistente de um doente para consubstanciar
sua perícia, qualquer que seja o caso que lhe suscite dúvidas ou em que haja necessi-
dade de relatórios como comprovações complementares.
A lei N.º 10.876, de 2-6-2004 (v. p. ), que cria a carreira de perícia médica da Previdên-
cia Social, art. 2.o, parágrafo nico, dispõe que os peritos médicos da Previdência Soci-
al poderão requisitar exames complementares e pareceres especializados a serem reali-
zados por terceiros contratados ou conveniados pelo INSS, quando necessários ao de-
sempenho de suas atividades .
A Resolução CRM-DF n.º 119/94, art. 4.º, § 2. o, estabelece que, a fim de subsidiar
a conclusão pericial, deverá o médico da empresa ou do órgão público solicitar do
médico assistente relatório com informações necessárias para a homologação do ate s-
tado.
Parecer-Consulta CRM-DF n.º 61/1998. A Lei n.º 8.112/90, aplicável aos servido-
res públicos do Regime Estatutário, assenta: art. 203 (...) § 1.º. Para licença de até
trinta dias, a inspeção será feita por médico do setor de assistência de pess oal e, se
por prazo superior, por junta médica oficial. § 2.º. Inexistindo médico do órgão ou
entidade no local onde se encontra o servidor, será aceito atestado passado por médi-
co particular. § 3.º. No caso do parágrafo anterior, o atestado só produzirá efeitos
depois de homologado pelo setor médico do respectivo órgão. A homologação do
atestado médico está prevista somente quando inexistir médico do setor de pessoal no
local onde se encontra o servidor, devendo o médico do órgão público solicitar do
médico assistente relatório médico com as informações necessárias para a homologa-
ção do atestado.
A própria criação de juntas médicas itinerantes não resolveria o problema, pois além
do custo excessivo com as despesas de deslocamento e pagamento de diárias aos pe-
ritos médicos, em muitas ocasiões a chegada da junta já poderia encontrar o servidor
curado da afecção que ensejou sua licença médica, não havendo mais o que periciar.
No intuito de possibilitar o cumprimento do art. 203 da Lei n.º 8.112/90, os legisla-
dores incluíram no art. 230 e parágrafos da mesma lei (com redação dada pela Lei n.º
9.527/97), a opção da celebração de convênios com unidades do sistema público de
saúde ou entidades sem fins lucrativos, declaradas de utilidade pública, ou com o
INSS.
Por outro lado, como preceitua o Código de Ética Médica, o médico assistente, do
serviço público ou do setor privado, indiferentemente, deve atestar, a pedido do pa-
ciente ou do seu responsável legal, o ato médico que praticou. Na verdade, o que
deveria ser informado seriam os resultados dos exames feitos e os tratamentos pre s-
critos, aí incluídas as recomendações sobre as restrições quanto ao exercício laboral.
o médico deve justificar seus atestados quando solicitado por quem de direito (no
caso, o solicitante é o médico perito). Ao fornecer o atestado, deverá o médico re-
gistrar em ficha própria e ou prontuário médico os dados dos exames e tratamentos
realizados, de maneira que possa atender às pesquisas de informações dos médicos
peritos das empresas, ou dos Órgãos Públicos da Previdência Social e da Justi a
(Resolução CRM-DF n.º 119/94, art. 1. o, § 2.o);
os médicos peritos têm o direito de pedir relatórios para qualquer doença, conforme
consta no parágrafo segundo do artigo 4.º da Resolução CRM-DF n.º 119/94;
um segundo ou mais relatório médico sobre o enfermo deverá ser fornecido, quando
solicitado; se houver fatos novos que possam modificar o parecer pericial. Caso co n-
trário, o médico assistente poderá solicitar ao perito informações que possam subsi-
diar o novo relatório ou reiterar o anterior;
§ 4º. A empresa que dispuser do serviço médico, próprio ou em convênio, terá a seu
cargo o exame médico e o abono das faltas correspondentes ao período referido no
§ 3º somente devendo encaminhar o segurado à perícia médica da Previdência S o-
cial a incapacidade ultrapassar 15 (quinze) dias.
Sempre que possível, o trabalhador, ao ser atendido pelo médico assistente, deve
logo procurar o serviço médico de sua empresa (próprio ou credenciado) para a re a-
lização do exame pericial.
Para fornecimento de atestado médico se requer pelo menos o exame clínico do do-
ente em que esteja fundamentado o documento emitido. O exame deve constar no
prontuário de cada doente. A emissão de atestado coletivo que não contemple essa
atitude estará em desacordo com o Código de Ética Médica (Parecer-Consulta CRM-
DF n.o 010/2006).
O médico tem habilitação legal para a emissão de atestado médico, que é a tradução
do ato médico praticado, amparado por todos os requisitos que lhes conferem valida-
de, com a presunção sempre presente de que o ato médico tem por requisitos, além
da habilitação legal, a perícia técnica e a lisura profissional de quem o pratica (Pro-
cesso-Consulta CFM 05/1991).
ATESTADO SEM CARIMBO MÉDICO
Não invalida o atestado, visto que o médico não poderia ser anulado em suas ações pro-
fissionais por ausência de carimbo. Sua assinatura de praxe, ao lado do seu número de
registro no CRM de sua jurisdição, é prova documental autêntica ou que se comprove
o contrário. Por via da credibilidade, recomenda-se evitar uso de simples rubricas em
documentos formais. Carimbos e assinaturas podem ser falsificados. Assim, para fins de
comprovação e de segurança, a existência de registro no prontuário dos dados contidos
no atestado podem possibilitar comprovação de dolos. Constitui infração à ética um mé-
dico carimbar e assinar um atestado, preenchido ou não, a pedido de outro médico, por
este não estar como o carimbo, por exemplo, a menos que este último também atenda ao
respectivo doente e faça as anotações pertinentes ao atendimento no prontuário (v. ates-
tado a pedido, p. ).
ficação, ficando a critério exclusivo do médico. Pode-se observar que o atestado para
afastamento de trabalho pode ser feito em papel com a identificação do médico.
ATESTADO PRÉ-DATADO
Todos os atestados devem ser expressão da verdade sobre o que foi realizado com o
doente. Emitir atestados com datas anteriores ao dia do atendimento contraria essa
norma ética (arts. 110 e 116 do Código de Ética Médica). No entanto, o médico pode
atestar que o início do estado mórbido do enfermo ocorreu em determinado período
anterior à data constante do atestado, conquanto suas afirmações sejam consubstanc i-
adas por evidências médicas incontestes, sobretudo contidas no prontuário.
O Parecer CFM n.º 33/1999 expõe orientações sobre algumas questões pertinentes.
Pode o serviço médico de uma instituição pública conceder uma só licença, quando
o afastamento se deu em dias alternados, por exemplo, 2 e 9 do mesmo mês, desco-
nhecendo os motivos?
Fere o artigo 102 do Código de Ética Médica o médico que justifica em atestado
dirigido a outro colega o diagnóstico que motivou o afastamento do funcionário ao
trabalho? Ou este ato configuraria "justa causa", não ferindo, portanto, o referido
artigo?
Qual deveria ser a conduta ética do médico quando o servidor informa, como ca usa
de sua ausência do trabalho, uma doença diferente da que está codificada no atesta-
do trazido por ele?
Por fim, é o médico do trabalho obrigado a aceitar todos os atestados fornecidos por
outros colegas solicitando afastamento do trabalho?
É uma das mais comuns infrações à ética e das que mais comprometem o prestígio
médico. Constitui falsidade ideológica e é passível de punição legal pelo artigo 302
do Código Penal (França, 2003). É bem conhecida a frase do criminalista italiano
Vicenzo Manzini, em que se a lei fosse efetivamente cumprida, a maior parte dos
médicos seria punida, porque em certas relações o certificado médico não verdadei-
ro a regra, e o verdadeiro, exce o (Manzini, 1946). Em casos de constatação de
fraude por meio de processo ético-disciplinar, o profissional em falta incorrerá tam-
bém em afronta ao art. 110 do Código de Ética Médica, o que tem levado a apena-
ções no âmbito dos conselhos médicos.
É possível que grande parte dos profissionais da área assistencial ignorem que é gr a-
ve o caráter criminoso da emissão de atestados falsos (v. Código Penal Brasileiro,
arts. 299, 301 e 302, p. ) o que atinge aqueles que o elaboram e os que se benefici-
am com o documento frio (Coutinho, 2004). Passar atestado falso não pode ser
tomado como normal , coisa que todo o mundo faz que no fim beneficia muita
Vale considerar que é bem possível a existência de atestados médicos passados por
leigos, até com inclusão dos códigos da CID, que dispõem de carimbo médico e bl o-
cos de impressos de atestados, destinados ou não à venda para qualquer solicitante.
Cumpre notar que, em casos de solicitação de atestados frios para justificar falt as
ao trabalho, o médico, ao expressar sua justa recusa, pode orientar o solicitante a
obter o abono por intermédio da própria chefia do serviço, pois esta, diante de um
motivo justo e de força maior, tem poder legal de abonar a falta do servidor, como
proclama a lei 605, de 5-1-49, regulamentada pelo decreto 27.048, de 12-8-49, art.
6.o, em que são motivos justificados (parágrafo 1. o), que a ausência do emprega-
do, devidamente justificada, a critério da administração do estabelecimento (alínea
b).
Também a lei 8.112, de 11-12-90 estatui que o servidor perderá a remuneração do dia
em faltar o serviço sem motivo justificado (art, 44, inciso I); mas as faltas justific a-
das, decorrentes de casos fortuitos ou de força maior, poderão ser compensadas a
critério da chefia imediata, sendo assim consideradas como efetivo exercício (pará-
grafo único). Cabe também ao médico avaliador, diante de um atestado comprov a-
damente falso, formular uma denúncia no conselho regional de medicina de sua ju-
risdição e tanto o profissional que fez o documento falso quanto o seu beneficiário
cometeram atos de fraude (Coutinho, 2004, p. 257). Acrescenta-se que, em caso de
indício de falsidade no atestado, detectado por médico em função pericial, este se
obriga a representar ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdi-
o (Resolu o CFM n. o 1.658/2002, art. 6.o, §4.o). A confiança de um indivíduo
contar sempre com um atestado médico falso para ausentar-se do trabalho em um
período pré-determinado por ele próprio constituiria um dos mais prosaicos motivos
de ironia, e a emissão de tal atestado, uma das mais sérias afrontas à ética médica,
notadamente quando for fato conhecido e consentido pelos colegas de serviço, pelo
próprio chefe do serviço, pelo servidor e pelo próprio médico emissor do documento.
Ao emitir um atestado que será avaliado por perícia, pode ser boa norma que este
seja bem fundamentado e suas conclusões sejam, sempre que possível, redigidas para
evitar confronto de opiniões entre o médico-perito e o paciente, como muitas vezes
ocorre, em detrimento do bem-estar do doente. É recomendável esclarecer o paciente
quanto ao fato, para evitar que determinações conflitantes entre médico assistente e
médico perito submetam o enfermo a situações inquietantes por conflituosas. A apli-
cação, no atestado do médico assistente, dos verbos no modo subjuntivo e não no
imperativo pode ser um procedimento favorável.
Parecer-Consulta CFM n.o 56/2002. Em tese, qualquer atestado médico pode abo-
nar falta ao serviço e sua recusa por parte do empregador configura violência ao di-
reito do trabalhador, pois todo atestado médico é documento que se reveste, também,
de idoneidade, veracidade e, conseqüentemente, validade. A recusa, quando em total
obediência ao que preceitua o parágrafo 2.º do art. 6.º da Lei n.º 605/49, tem respaldo
legal e ético.
DISPOSITIVOS LEGAIS
O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei n.º
3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045, de 19 de
julho de 1958 e,
CONSIDERANDO o estabelecido no artigo 1º, inciso IV, artigo 6º e artigo 7.º, inciso
XXII da Constituição Federal; nos artigos 154 e 168 da Consolidação das Leis do
Trabalho, bem como as normas do Código de Ética Médica e a Resolução CREMESP
n.º 76/96;
CONSIDERANDO que todo médico, ao atender seu paciente, deve avaliar a possibi-
lidade de que a causa de determinada doença, alteração clínica ou laboratorial possa
estar relacionada com suas atividades profissionais, investigando-a da forma adequa-
da e, caso necessário, verificar o ambiente de trabalho;
RESOLVE:
Art. 1.º Aos médicos que prestam assistência médica ao trabalhador, independen-
temente de sua especialidade ou local em que atuem, cabe:
IV os dados epidemiológicos;
V a literatura atualizada;
Art. 3.° Aos médicos que trabalham em empresas, independentemente de sua espe-
cialidade, é atribuição:
Art. 4.° São deveres dos médicos de empresa que prestam assistência médica ao
trabalhador, independentemente de sua especialidade:
Art. 5.º Os médicos do trabalho (como tais reconhecidos por lei), especialmente
aqueles que atuem em empresa como contratados, assessores ou consultores em saú-
de do trabalhador, serão responsabilizados por atos que concorram para agravos à
saúde dessa clientela conjuntamente aos outros médicos que atuem na empresa e que
estejam sob sua supervisão nos procedimentos que envolvam a saúde do trabalhador,
especialmente com relação à ação coletiva de promoção e proteção à sua saúde.
Art. 7.º Perito-médico judicial é aquele designado pela autoridade judicial, assis-
tindo-a naquilo que a lei determina.
Art. 11. Deve o perito-médico judicial fornecer cópia de todos os documentos dis-
poníveis para que os assistentes técnicos elaborem seus pareceres. Caso o perito -
médico judicial necessite vistoriar a empresa (locais de trabalho e documentos sob
sua guarda), ele deverá informar oficialmente o fato, com a devida antecedência, aos
assistentes técnicos das partes (ano, mês, dia e hora da perícia).
Art. 13. A presente Resolução entrará em vigor na data de sua publicação, revo-
gando-se as disposições em contrário.
O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições que lhe confere a Lei n.º
3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045, de 19 de
julho de 1958, e
CONSIDERANDO que toda atividade médica deve servir aos melhores interesses da
sociedade e da humanidade;
CONSIDERANDO que atos privativos de médicos vêm sendo performados por pro-
fissionais não-médicos, o que pode provocar danos à saúde dos pacientes ou, até
mesmo, levar ao óbito;
RESOLVE:
Art. 1.º É vedado aos médicos conceder declaração de óbito em que o evento que
levou à morte possa ter sido alguma medida com intenção diagnóstica ou terapêutica
indicada por agente não-médico ou realizada por quem não esteja habilitado para
fazê-lo, devendo, nesse caso, tal fato ser comunicado à autoridade policial competen-
te a fim de que o corpo possa ser encaminhado ao Instituto Médico Legal para verifi-
cação da causa mortis.
corpo de delito, também é devida, mesmo na ausência de óbito, nos casos de lesão ou
dano à saúde induzida ou causada por alguém não-médico.
Art. 3.º Os médicos, na função de perito, ainda que ad hoc, ao atuarem nos casos
previstos nesta resolução, devem fazer constar de seus laudos ou pareceres o tipo de
atendimento realizado pelo não-médico, apontando sua possível relação de causa e
efeito, se houver, com o dano, lesão ou mecanismo de óbito.
Art. 4.º Nos casos mencionados nos artigos 1.º e 2.º deve ser feita imediata comu-
nicação ao Conselho Regional de Medicina local.
O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei n.º
3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045, de 19 de
julho de 1958, e
CONSIDERANDO que o ser humano deve ser o principal alvo da atenção médica;
CONSIDERANDO que o artigo 8.º do Código de Ética Médica determina que o mé-
dico não pode se submeter a restrições ou imposições que possam prejudicar a efic á-
cia e a correção de seu trabalho;
CONSIDERANDO que o profissional ao faltar com a verdade nos atos médicos ates-
tados, causando prejuízos às empresas, ao governo ou a terceiros, está sujeito às p e-
nas da lei;
RESOLVE:
Art. 1.º O atestado médico é parte do ato médico, sendo seu fornecimento direito
inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de honorários.
Art. 4.º É obrigatória, aos médicos, a exigência de prova de identidade aos interes-
sados na obtenção de atestados de qualquer natureza, envolvendo assuntos de saúde
ou de doença.
Art. 5.º Os médicos somente podem fornecer atestados com o diagnóstico codifica-
do ou não quando por justa causa, exercício de dever legal, solicitação do próprio
paciente ou de seu representante legal.
Art. 6.º Somente aos médicos e aos odontólogos, estes no estrito âmbito de sua pro-
fissão, é facultada a prerrogativa do fornecimento de atestado de afastamento do tra-
balho.
§ 3.º O atestado médico goza da presunção de veracidade, devendo ser acatado por
quem de direito, salvo se houver divergência de entendimento por médico da institui-
ção ou por perito.
Art. 7.º O determinado por esta Resolução vale, no que couber, para o fornecimen-
to de atestados de sanidade em suas diversas finalidades.
O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei n.º
3.268, de 30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto n.º 44.045, de 19 de
julho de 1958, e
Art. 14. O médico deve empenhar-se para melhorar as condições de saúde e os pa-
drões dos serviços médicos e assumir sua parcela de responsabilidade em relação à
saúde pública, à educação sanitária e à legislação referente à saúde.
É vedado ao médico
Art. 39. Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em
branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos m é-
dicos.
Art. 44. Deixar de colaborar com as autoridades sanitárias ou infringir a legi slação
vigente.
Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou
que não corresponda à verdade.
Art. 112. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando solici-
tado pelo paciente ou seu responsável legal.
Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não
tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como plant o-
nista, médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.
Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, ex-
ceto quando houver indícios de morte violenta;
CONSIDERANDO que a morte natural tem como causa a doença ou lesão que ini-
ciou a sucessão de eventos mórbidos que diretamente causaram o óbito;
RESOLVE:
1) Morte natural
a) A declaração de óbito deverá ser fornecida, sempre que possível, pelo méd ico que
vinha prestando assistência ao enfermo.
b) A declaração de óbito do paciente internado sob regime hospitalar deverá ser for-
necida pelo médico assistente e, na sua falta por médico substituto pertencente à in s-
tituição.
2) Morte fetal
Em caso de morte fetal, os médicos que prestaram assistência à mãe ficam obrigados
a fornecer a declaração de óbito quando a gestação tiver duração igual ou superior a
20 semanas ou o feto tiver peso corporal igual ou superior a 500 (quinhentos) gramas
e ou estatura igual ou superior a 25 cm.
Parágrafo único. Nas localidades onde existir apenas 1 (um) médico, este é o respo n-
sável pelo fornecimento da declaração de óbito.
Art. 3.º Esta resolução entra em vigor na data de sua publicação e revoga a Resolu-
ção CFM n.º 1.601/00.
Art. 299. Omitir, em documento público ou particular, declaração que dele devia
constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaração falsa ou diversa da que devia ser
escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigação ou alterar a verdade sobre
fato juridicamente relevante. Pena: reclusão, de 1 (um) a 5 (cinco) anos, e multa, se o
documento é público, e reclusão de 1 (um) a 3 (três) anos, e multa, se o documento é
particular.
Art. 301. Atestar ou certificar falsamente, em razão de função pública, fato ou cir-
cunstância que habilite alguém a obter cargo público, isenção de ônus ou de serviço
de caráter público, ou qualquer outra vantagem: pena detenção, de 2 (dois) meses a
1 (um) ano.
Art. 302. Dar o médico, no exercício da sua profissão, atestado falso. Pena: deten-
ção, de 1 (um) mês a 1 (um) ano. Parágrafo único. Se o crime é cometido com o
fim de lucro, aplica-se também multa.
É vedado ao médico
Art. 39. Receitar ou atestar de forma secreta ou ilegível, assim como assinar em
branco folhas de receituários, laudos, atestados ou quaisquer outros documentos m é-
dicos.
Art. 110. Fornecer atestado sem ter praticado o ato profissional que o justifique, ou
que não corresponda à verdade.
Art. 112. Deixar de atestar atos executados no exercício profissional, quando soli-
citado pelo paciente ou seu responsável legal.
Art. 113. Utilizar-se de formulários de instituições públicas para atestar fatos veri-
ficados em clínica privada.
Art. 114. Atestar óbito quando não o tenha verificado pessoalmente, ou quando não
tenha prestado assistência ao paciente, salvo, no último caso, se o fizer como planto-
nista, médico substituto, ou em caso de necropsia e verificação médico-legal.
Art. 115. Deixar de atestar óbito de paciente ao qual vinha prestando assistência, ex-
ceto quando houver indícios de morte violenta.
Art. 394. Mediante atestado médico, à mulher grávida é facultado romper o com-
promisso resultante de qualquer contrato de trabalho, desde que este seja prejudicial
à gestação.
Art. 395. Em caso de aborto não criminoso, comprovado por atestado médico ofi-
cial, a mulher terá um repouso remunerado de 2 (duas) semanas, ficando-lhe assegu-
rado o direito de retornar à função que ocupava antes de seu afastamento.
DECRETO 27.048/49
Aprova o regulamento da Lei 605/49, no artigo 12, §1.º e 2.º, dispõe sobre as fo r-
mas de abono de faltas mediante atestado médico.
§ 1.º A doença será comprovada mediante atestado passado por médico da empresa
ou por ela designado e pago.
Art. 1.º Fica criada, nos termos desta Lei, a Carreira de Perícia Médica da Previ-
dência Social, constituída pelos cargos efetivos de Perito Médico da Previdência So-
cial.
Art. 2.º Compete privativamente aos ocupantes do cargo de Perito Médico da Pre-
vidência Social e, supletivamente, aos ocupantes do cargo de Supervisor Médico -
Pericial da carreira de que trata a Lei no 9.620, de 2 de abril de 1998, no âmbito do
Instituto Nacional do Seguro Social - INSS e do Ministério da Previdência Social -
MPS, o exercício das atividades médico-periciais inerentes ao Regime Geral da Pre-
vidência Social de que tratam as Leis nos 8.212, de 24 de julho de 1991, e 8.213, de
24 de julho de 1991, à Lei no 8.742, de 7 de dezembro de 1993 Lei Orgânica da
Assistência Social, e à aplicação da Lei no 8.112, de 11 de dezembro de 1990, e, em
especial:
Dispõe sobre o regime jurídico dos servidores públicos civis da União, das autar-
quias e das fundações públicas federais.
Art. 202. Será concedida ao servidor licença para tratamento de saúde, a pedido ou
de ofício, com base em perícia médica, sem prejuízo da remuneração a que fizer jus.
Art. 203. Para licença até 30 (trinta) dias, a inspeção será feita por médico do setor
de assistência do órgão de pessoal e, se por prazo superior, por junta médica oficial.
§ 4.o O servidor que durante o mesmo exercício atingir o limite de trinta dias de li-
cença para tratamento de saúde, consecutivos ou não, para a concessão de nova li-
cença, independentemente do prazo de sua duração, será submetido a inspeção por
junta médica oficial. (Incluído pela Lei n.º 9.527, de 10-12-97.)
Art. 204. Findo o prazo da licença, o servidor será submetido a nova inspeção médi-
ca, que concluirá pela volta ao serviço, pela prorrogação da licença ou pela aposent a-
doria.
Art. 205. O atestado e o laudo da junta médica não se referirão ao nome ou natureza
da doença, salvo quando se tratar de lesões produzidas por acidente em serviço, d o-
ença profissional ou qualquer das doenças especificadas no art. 186, § 1.o(*).
Art. 207. Será concedida licença à servidora gestante por 120 (cento e vinte) dias
consecutivos, sem prejuízo da remuneração.
§ 1.o A licença poderá ter início no primeiro dia do nono mês de gestação, salvo an-
tecipação por prescrição médica.
§ 4.o No caso de aborto atestado por médico oficial, a servidora terá direito a 30
(trinta) dias de repouso remunerado.
Art. 208. Pelo nascimento ou adoção de filhos, o servidor terá direito à licença-
paternidade de 5 (cinco) dias consecutivos.
Art. 209. Para amamentar o próprio filho, até a idade de seis meses, a servidora lac-
tante terá direito, durante a jornada de trabalho, a uma hora de descanso, que poderá
ser parcelada em dois períodos de meia hora.
Art. 210. À servidora que adotar ou obtiver guarda judicial de criança até 1 (um) ano
de idade, serão concedidos 90 (noventa) dias de licença remunerada.
Art. 211. Será licenciado, com remuneração integral, o servidor acidentado em ser-
viço.
Art. 212. Configura acidente em serviço o dano físico ou mental sofrido pelo servi-
dor, que se relacione, mediata ou imediatamente, com as atribuições do cargo exerci-
do.
*Art. 186. § 1º Consideram-se doenças graves, contagiosas ou incuráveis, a que se refere o inciso I deste artigo, tuberculose ativa,
alienação mental, esclerose múltipla, neoplasia maligna, cegueira posterior ao ingresso no serviço público, hanseníase, cardiopatia
grave, doença de Parkinson, paralisia irreversível e incapacitante, espondiloartrose anquilosante, nefropatia grave, estados avança-
dos do mal de Paget (osteíte deformante), Síndrome de Imunodeficiência Adquirida - AIDS, e outras que a lei indicar, com base na
medicina especializada.
A Lei n.° 605, de 5 de janeiro de 1949, continua em pleno vigor. Normatiza que "a do-
ença será comprovada por médico da Previdência Social a que estiver subordinado o
empregado e na falta deste, e sucessivamente, da unidade do Serviço Social do Comér-
cio ou da Indústria, do médico da empresa ou por ela designado; do médico da repartição
federal, estadual ou municipal incumbida de assuntos da higiene ou saúde pública; ou
não existindo estes na localidade em que trabalhar, de médico da sua escolha".
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Por todo o exposto, resulta-se que é imprescindível ter o médico conhecimentos especí-
ficos sobre a elaboração e utilização dos atestados. A maioria das irregularidades exis-
tentes a respeito decorre do desconhecimento, e esse, muitas vezes, por falta de leitura
dos dispositivos que normatizam o atestado médico e suas aplicações. Em moldes gerais,
por sua importância, reiteram-se aqui alguns preceitos fundamentais.
O atestado médico fornecido por médico-assistente é oficioso, pois transmite uma opini-
ão sobre o estado do paciente, que pode ser questionada por outro médico.
Fácil legibilidade.
Sem rasuras.
REFERÊNCIAS
1. Alcântara HR, França GV, Vanrell JP, Galvão LCC, Martin CCS. Perícia Mé-
dica judicial, 2.a ed., Rio de Janeiro: Guanabara Koogan; 2006.
2. Bernasse PR. Dicionário jurídico de bolso, 1. a ed., Campinas, São Paulo: Bo-
okseller; 2000.
3. Conselho Federal de Medicina. Código de ética médica, resolução CFM
1.216/1988. Código de processo ético-profissional, resolução CFM
1.617/2001, 6. a ed., 2.a tiragem, Distrito Federal: Teixeira Gráfica e Editora;
2001.
4. Conselho Regional de Medicina de Santa Catarina. Manual de orientação éti-
ca e disciplinar, s.d., parte III, os atestados médicos e as declarações de com-
parecimento, http://200.102.6.108/homepage/etica/sumario.htm, acessado em
2-9-2007).
5. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Consultas, vol. 1, 2. a ed.,
Brasília: WMoura Editora; 2003.
6. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Consultas, vol. 2, Bras í-
lia: Estação Gráfica; 2001.
7. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Consultas, vol. 3, Bras í-
lia: WMoura Editora; 2006.
8. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Consultas, vol. 4, Brasí-
lia: Repro-Set; 2003.
9. Conselho Federal de Medicina, Pareceres 1998 2003, Brasília: Via Brasil
Consultoria e Marketing; 2004.
10. Conselho Federal de Medicina. Pareceres 1998 2003, Brasília: Via Brasil
Consultoria e Marketing; 2004.
11. Conselho Regional de Medicina do Distrito Federal. Prontuário médico do
paciente, Brasília: Starprint, 2006.
12. Coutinho LM. Código de Ética Médica comentado. 4. a ed., Florianópolis:
OAB/SC; 2004.
13. Ferreira AG. Dicionário de latim-português, Porto, Portugal: Porto Editora;
1996.
14. Formiga Filho JFN, Rocha MNC. Declaração de óbito, Ética Revista
2005;3(6):10-1.
15. Organização Pan-americana da Saúde, Organização Mundial da Saúde. CID-
10, Classificação estatística internacional de doenças e problemas relaciona-
dos à saúde, 10.a revisão, Vol. I, São Paulo: EDUSP; 2000.
16. França GV. Direito médico, 8. a ed., São Paulo: Byk; 2003.
17. http://www.portalmedico.org.br/pareceres/cfm/1999/44_1999, acessado em
22-4-07.
18. Manzini V. Trattato di diritto penale italiano. Turim: Lex; 1946. p. 798.
19. Ministério da Saúde, Conselho Federal de Medicina. Declaração de óbito: do-
cumento necessário e importante, Brasília: Ministério da Saúde; 2006.
ÍNDICE ALFABÉTICO
DA CONSULTA
A Empresa Brasileira de Infraestrutura Aeroportuária - Infraero possui
empregados em diversas localidades do Brasil e, dentro de sua rotina administrativa,
recebe destes empregados atestados médicos de saúde para fins de justificativa de
falta ao trabalho e consequente abono de frequência ao serviço.
Sobre o tema, solicitamos o cordial apoio de V.Sa. em esclarecer a
esta Empresa se o atestado médico original entregue pelo empregado, em que
conste ou não o CID, pode ser tratado como documento administrativo, sem
necessidade de atribuição como documento de acesso restrito.
Consulto ainda, se existe óbice quanto ao processo de sigilo médico
caso o referido atestado tramite pelas áreas de recursos humanos para o
procedimento de abono de faltas, área de serviço social para cumprimento de
legislação previdenciária, ou ainda, pela área jurídica para subsídios de resposta a
processos trabalhistas.
Art. 154 - Revelar alguém, sem justa causa, segredo, de que tem
ciência em razão de função, ministério, ofício ou profissão, e cuja
re ela o possa produ ir dano a outrem ( )
O Conselho Federal de Medicina, no uso das atribuições conferidas pela Lei n.º 3.268, de
30 de setembro de 1957, regulamentada pelo Decreto nº 44.045, de 19 de julho de 1958,
e
CONSIDERANDO que o ser humano deve ser o principal alvo da atenção médica;
CONSIDERANDO que o profissional que faltar com a verdade nos atos médicos
atestados, causando prejuízos às empresas, ao governo ou a terceiros, está sujeito às
penas da lei;
SGAS 915 Lote 72 | CEP: 70390-150 | Brasília-DF | FONE: (61) 3445 5900 | FAX: (61) 3346 0231| http://www.portalmedico.org.br
Brunna Pires Barbosa Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF: 032.046.081-90
CONSIDERANDO que o ordenamento jurídico nacional prevê situações excludentes do
segredo profissional;
RESOLVE:
Art. 1º O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu fornecimento
direito inalienável do paciente, não podendo importar em qualquer majoração de
honorários.
Art. 2º Ao fornecer o atestado, deverá o médico registrar em ficha própria e/ou prontuário
médico os dados dos exames e tratamentos realizados, de maneira que possa atender às
pesquisas de informações dos médicos peritos das empresas ou dos órgãos públicos da
Previdência Social e da Justiça.
Parágrafo único. Quando o atestado for solicitado pelo paciente ou seu representante
legal para fins de perícia médica deverá observar:
I - o diagnóstico;
II - os resultados dos exames complementares;
III - a conduta terapêutica;
IV - o prognóstico;
V - as conseqüências à saúde do paciente;
VI - o provável tempo de repouso estimado necessário para a sua recuperação, que
complementará o parecer fundamentado do médico perito, a quem cabe legalmente a
SGAS 915 Lote 72 | CEP: 70390-150 | Brasília-DF | FONE: (61) 3445 5900 | FAX: (61) 3346 0231| http://www.portalmedico.org.br
Brunna Pires Barbosa Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF: 032.046.081-90
decisão do benefício previdenciário, tais como: aposentadoria, invalidez definitiva,
readaptação;
VII - registrar os dados de maneira legível;
VIII - identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro
no Conselho Regional de Medicina. (Redação aprovada pela Resolução CFM nº 1851/2008)
Redação anterior:
Art. 3º Na elaboração do atestado médico, o médico assistente observará os seguintes procedimentos:
a. especificar o tempo concedido de dispensa à atividade, necessário para a completa recuperação do paciente;
b. estabelecer o diagnóstico, quando expressamente autorizado pelo paciente;
c. registrar os dados de maneira legível;
d. identificar-se como emissor, mediante assinatura e carimbo ou número de registro no Conselho Regional de
Medicina.
Art. 6º Somente aos médicos e aos odontólogos, estes no estrito âmbito de sua profissão,
é facultada a prerrogativa do fornecimento de atestado de afastamento do trabalho.
SGAS 915 Lote 72 | CEP: 70390-150 | Brasília-DF | FONE: (61) 3445 5900 | FAX: (61) 3346 0231| http://www.portalmedico.org.br
Brunna Pires Barbosa Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF: 032.046.081-90
Art. 7º O determinado por esta resolução vale, no que couber, para o fornecimento de
atestados de sanidade em suas diversas finalidades.
SGAS 915 Lote 72 | CEP: 70390-150 | Brasília-DF | FONE: (61) 3445 5900 | FAX: (61) 3346 0231| http://www.portalmedico.org.br
Brunna Pires Barbosa Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF: 032.046.081-90
Poder Judiciário
Justiça do Trabalho
Tribunal Superior do Trabalho
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
A C Ó R D Ã O
(SDC)
GMMCP/rss/rom
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
O Sindicato das Empresas de Asseio, Conservação e
Serviços Terceirizados do Estado de Santa Catarina SEAC/SC interpõe
Recurso Ordinário, às fls. 231/245.
Despacho de admissibilidade, à fl. 251.
Contrarrazões, às fls. 255/264.
A intervenção do Ministério Público dispensa o parecer
(art. 83, IV, da Lei Complementar nº 75/93).
É o relatório.
V O T O
I – CONHECIMENTO
II – MÉRITO
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
Sustenta que a cláusula transcrita extrapola o âmbito da negociação coletiva,
uma vez que afronta a legislação vigente.
Refere que o código de ética médica, aprovado pela Resolução nº 1.931/2009
do Conselho Federal de Medicina, estabelece, no item XI, que "O médico guardará
sigilo a respeito das informações de que detenha conhecimento no desempenho de
suas funções, com exceção dos casos previstos em lei". Ainda, ressalta que o código
veda ao médico "Revelar o fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício
de sua profissão, salvo por justa causa, dever legal ou autorização expressa do
paciente".
Invoca, também, o art. 5º da Resolução do CFM nº 1.658/2002 (que
normatiza a emissão de atestados médicos e dá outras providências) cujo teor
estabelece que "Os médicos somente podem fornecer atestados com o diagnóstico
codificado ou não quando por justa causa, exercício de dever legal, solicitação do
próprio paciente ou de seu representante legal".
Ainda, faz referência ao teor da Resolução do CFM de nº 1.488/1998 e,
também, de nº 1.819/2007, que, em seu art. 1º, resolve:
(...) Vedar ao médico o preenchimento, nas guias de consulta e
solicitação de exames das operadoras de planos de saúde, dos campos
referentes à Classificação Internacional de Doenças (CID) e tempo de
doença concomitantemente com qualquer outro tipo de identificação
do paciente ou qualquer outra informação sobre diagnóstico, haja vista
que o sigilo na relação médico-paciente é um direito inalienável do
paciente, cabendo ao médico a sua proteção e guarda.
O autor pretende demonstrar que a ética médica alça o sigilo de diagnóstico
ao patamar das garantias inafastáveis da relação médico/paciente, de forma a
salvaguardar o direito fundamental da inviabilidade à intimidade, inserto no art. 5º,
X, da Constituição da República.
Argumenta o Ministério Público do Trabalho que, nas relações de trabalho,
além de promover a exposição da intimidade do trabalhador, a exigência de CID nos
atestados médicos, que visam à justificação de afastamentos, pode se prestar,
também, a fins abusivos e discriminatórios, promovendo, por exemplo, a
segregação do empregado acometido por alguma doença estigmatizante.
Frisa que não há permissão legal para a inserção do CID nos atestados
médicos e que estes gozam de presunção de veracidade, "devendo ser acatado por
quem de direito, salvo se houver divergência de entendimento por médico da
instituição ou perito", nos moldes do art. 6º, 3º, da Resolução nº 1.658/2002 do
CFM.
Colaciona arestos jurisprudenciais para amparar a sua tese.
O primeiro réu defende a validade da cláusula ao argumento de que as
convenções coletivas de trabalho traduzem a vontade das partes. Pondera que a
violação do direito a intimidade, disposto no art. 5º, X, da Constituição da
República, somente ocorreria pela divulgação por parte do empregador do
diagnóstico do empregado acometido por alguma doença. Aduz que o fato de conter
a CID no atestado médico, por si só, não fere o direito constitucional a intimidade,
bem como não gera qualquer dano ao empregado. Ainda, defende que não haver
afronta às normas do Conselho Federal de Medicina, porquanto a anotação da CID
se daria no interesse do empregado, com base em norma coletiva firmada pelos
representantes dos empregados e empregadores. Sustenta que a possibilidade do
empregado gozar o benefício previdenciário está diretamente atrelada à
identificação da doença através da CID. Destaca que a exigência da CID em
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
atestado médico se justifica pela proteção ao trabalhador, tendo em vista que a
doença que o acomete poderia até mesmo vir a ter relação com o ambiente de
trabalho.
O princípio da autonomia da vontade coletiva, consagrado no art. 7º, XXVI,
da CF/88, não é absoluto, mas subordinado à lei.
A instituição de cláusula em que se estabelece a obrigação de o atestado
médico apresentado pelo empregado conter a indicação do CID (classificação
internacional de doenças), porque viola o direito de intimidade, configura afronta ao
art. 5º, inc. X, da Constituição da República.
Diante disso, as Resoluções expedidas pelo Conselho Regional de Medicina
orientam os médicos no sentido de não colocarem o CID nos atestados médicos, a
não ser mediante expressa autorização do paciente (Resoluções de nºs 1.658/2002 e
1.851/2008), vedando, ainda sua aposição nas guias de consulta e solicitação e
exames (Resolução nº 1.819/2007).
Há de se destacar que os atestados médicos apresentados pelos empregados,
para fins de abonos de faltas, contêm regulamentação própria e possuem presunção
de veracidade relativa, conforme se infere dos termos da Resolução nº 1.658/2002
do CFM, não podendo ser recusados. No caso de impugnação quanto à
autenticidade e validade do documento, incumbe à empregadora confirmá-lo,
podendo, inclusive, requisitar a instauração do competente inquérito policial e/ou
procedimento administrativo disciplinar, perante o Conselho Regional de Medicina.
Nesse sentido, cito PARECER Nº 1828/2007 CRM-PR:
O atestado médico é contemplado no Código de Ética Médica
em seus artigos 110 a 117, pela Resolução 1658/2002 do CFM, pelo
Parecer CFM 19/88 e Parecer CREMEC 10/2004
Da leitura deste material, contemplando o questionamento
referido, relacionam-se os seguintes argumentos para formular a
conclusão:
O atestado médico é parte integrante do ato médico, sendo seu
fornecimento direito inalienável do paciente. Ao fornecer o atestado,
deverá o médico registrar em ficha própria e/ou prontuário médico os
dados dos exames e tratamentos realizados para eventuais consultas de
médicos peritos das empresas ou dos órgãos públicos da Previdência
Social e da Justiça.. É obrigatória, aos médicos, a exigência de prova
de identidade aos interessados na obtenção de atestados médicos. Os
médicos somente podem fornecer atestados com o diagnóstico
codificado ou não quando por justa causa, exercício de dever legal,
solicitação do próprio paciente ou de seu representante legal. No caso
de solicitação de colocação do diagnóstico, codificado ou não, ser feita
pelo próprio paciente ou seu representante legal, esta concordância
deverá estar expressa no atestado. O atestado médico goza da
presunção da veracidade devendo ser acatado por quem de direito,
salvo se houver divergência de entendimento por médico da instituição
ou perito. Segundo o Parecer CFM 19/88, a exigência de Diagnóstico
Codificado, conforme o CID, inicialmente prevista pela Portaria
3291/1984 do Ministério Previdência e Assistência Social (MPAS)
fere os princípios mais elementares da Ética Médica, além de colocar o
profissional na condição de infrator por delito de violação do segredo
profissional, tipificado no art. 154 do Código Penal vigente. (grifei)
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
(CONSELHO REGIONAL DE MEDICINA DO PARANÁ, 2007,
disponível em: . Acesso em 29.09.2014).
A alegação de que a exigência do CID busca proteger a saúde do empregado
não se mostra razoável e eficaz na prática, uma vez que essa prevenção poderá se
efetivar, com maiores chances de sucesso, por meio de exames médicos regulares
como o admissional, periódico e demissional, além de campanhas educativas que
podem ser promovidas no ambiente de trabalho para a conscientização da
importância da prevenção com os cuidados da saúde. Outrossim, o programa de
prevenção de riscos ambientais (PPRA) e o programa de controle médico de saúde
ocupacional (PCMSO) têm importante função na busca de garantir a saúde do
empregado. Logo, não se justifica a conduta defendida pelo primeiro réu porquanto
se traduz em ofensa a direito constitucionalmente assegurado.
Quanto à suposta necessidade de identificação da doença para fins de
concessão de benefícios previdenciários, como bem colocou o Ministério Público
do Trabalho, a legislação previdenciária condiciona a percepção do auxílio-doença
ao diagnóstico da doença, por meio do exame pericial realizado pelo INSS, não se
mostrando necessária a identificação da moléstia nos atestados médicos
apresentados pelos empregados que visam apenas justificar as faltas ao trabalho.
Sobre a matéria em exame, cito o julgado:
INDENIZAÇÃO POR DANO MORAL COLETIVO.
EXIGÊNCIA DE ATESTADOS COM INDICAÇÃO DO CID.
VIOLAÇÃO À INTIMIDADE DO EMPREGADO. O atestado
médico é o meio hábil para abonar faltas ao serviço, possuindo
presunção de veracidade relativa, a qual pode ser investigada mediante
instauração de inquérito policial e representação ao Conselho Regional
de Medicina, sendo que a exigência, pelo empregador, de indicação da
doença no documento, afronta interesses coletivos, na medida em que
viola a intimidade dos empregados, impondo-se a condenação ao
pagamento de indenização por danos morais (TRT-2 - RO:
14869520125020 SP 00014869520125020041 A28, Relator: SONIA
MARIA PRINCE FRANZINI, Data de Julgamento: 06/08/2013, 3ª
TURMA, Data de Publicação: 13/08/2013).
Assim, impõe-se acolher a pretensão do Ministério Público do Trabalho para
que seja declarada a nulidade da cláusula 39 (trinta e nove) da convenção coletiva de
trabalho 2014/2014 firmada pelos réus.
Julgo procedente a ação para declarar a nulidade da cláusula 39 (trinta e nove)
da convenção coletiva de trabalho firmada pelos réus, com vigência de 1º de janeiro
de 2014 a 31 de dezembro de 2014 e registrada no Ministério do Trabalho e
Emprego sob o nº SC000123/2014. (fls. 211/214 grifos
acrescidos)
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
podendo adotar medidas necessárias a seu bem-estar. Sustenta que a norma
coletiva seria uma autorização dos empregados para que o médico preceitue
a CID no atestado. Afirma que as normas coletivas deveriam prevalecer
sobre as Resoluções do Conselho Federal de Medicina - CFM. Alega que a
violação à intimidade ocorreria apenas se divulgado o diagnóstico pelo
empregador. Assevera que os programas de prevenção de doenças não são
os únicos que asseguram a saúde do empregado. Sustenta que o
encaminhamento previdenciário pela empresa depende de prévia ciência da
CID. Alega que o acórdão regional viola a livre autonomia da negociação
coletiva, pois a cláusula beneficiaria tanto os empregadores quanto os
trabalhadores. Assevera que a cláusula não deve ser analisada
isoladamente, mas sim considerando seu conjunto, pelo princípio do
conglobamento. Aponta violação aos arts. 6º e 7º, XXVI, da Constituição
da República, 3º da Resolução nº 1.851/2008 do CFM e à Resolução nº
1.931/2009 do CFM. Colaciona arestos.
A Constituição da República, em seu artigo 5º, X,
garante a inviolabilidade da intimidade e da vida privada das pessoas,
mandamento que projeta seus efeitos também para as relações de trabalho.
O empregado é titular do direito fundamental à
intimidade e à privacidade por expressa disposição constitucional, que
deve ser respeitada pelo empregador. É direito do trabalhador o resguardo
de informações pessoais, como aquelas relativas à sua saúde.
Amauri Mascaro Nascimento, no livro Curso de Direito
do Trabalho, discorre sobre a intimidade e a privacidade nas relações
de trabalho:
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
A exigência da CID nos atestados estipulada por norma
coletiva obriga o trabalhador a divulgar informações acerca de seu estado
de saúde sempre que exercer o seu direito - garantido pelo art. 6º, §
1 , f , da Lei nº 605/1949 - de justificar a ausência no trabalho por
motivo de doença comprovada.
Essa exigência, por si só, viola o direito fundamental
à intimidade e à privacidade do trabalhador, sobretudo por não existir,
no caso, necessidade que decorra da atividade profissional.
A Resolução nº 1.685/2002 do CFM, que normatiza a
emissão de atestados médicos, preceitua no art. 3º, II, alterado pela
Resolução nº 1.851/2008 do CFM, que a previsão do diagnóstico no documento
em questão depende de autorização expressa do paciente.
O art. 5º da mencionada Resolução reforça essa
disposição ao afirmar que os médicos só podem fornecer atestados com a
previsão do diagnóstico em três hipóteses: justa causa, dever legal e
solicitação do paciente. Entretanto, o caso em tela não evidencia a
configuração de nenhuma dessas hipóteses.
Não se pode falar em autorização do paciente por meio
da norma coletiva, pois os já mencionados arts. 3º, II, e 5º da Resolução
nº 1.685/2002 do CFM exigem a autorização do próprio paciente, justamente
em virtude de a saúde estar relacionada a aspectos da intimidade e
personalidade de cada indivíduo.
No próprio âmbito da Medicina, a obrigatoriedade da
previsão da CID em atestado é vista como prejudicial ao trabalhador. Nesse
sentido, Genival Veloso de França, ao analisar a figura do atestado médico
oficial:
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
ou por dever legal. (Direito Médico, 11. ed., Rio de Janeiro:
Forense, 2013, p. 123 grifos acrescidos)
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
CONGLOBAMENTO. Não há, no ordenamento jurídico, qualquer vedação a que
sejam impugnadas, pela via judicial, cláusulas constantes de acordo ou convenção
coletiva de trabalho, cujas disposições tendem a se sobrepor às normas de ordem
pública ou que possam eventualmente desrespeitar princípios constitucionais
vigentes, estando o Ministério Público do Trabalho legitimado a fazê-lo, nos termos
dos arts. 127 da Constituição Federal, 7º, § 5º, da Lei nº 7.701/1988 e 83 da Lei nº
75/1993. Acrescenta-se que esta Corte tem mantido, de forma irredutível, seu
posicionamento no sentido de que o reconhecimento constitucional da validade dos
instrumentos normativos não implica ampla e irrestrita liberdade às partes para
flexibilização de direitos, e que a concessão de certas vantagens em determinadas
cláusulas não justifica o estabelecimento de outras normas que suprimem ou
reduzem direitos do trabalhador, legalmente previstos. Assim, não há falar em
impossibilidade jurídica do pedido. Recurso ordinário adesivo conhecido e não
provido. (RO - 50000-25.2011.5.17.0000, Relatora Ministra
Dora Maria da Costa, SDC, DEJT 15/5/2015)
PROCESSO Nº TST-RO-268-11.2014.5.12.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1000FA8AE00EE4F398.
HOMOLOGAÇÃO DE ACORDO. (...) CLÁUSULA VIGÉSIMA SEGUNDA.
ATESTADOS MÉDICOS E ODONTOLÓGICOS. EXIGÊNCIA DE
PREENCHIMENTO DO CID. A Constituição Federal elegeu a intimidade e a vida
privada como bens invioláveis. Trata-se, pois, de direito fundamental albergado no
art. 5.º, X, da Constituição Federal. A exigência de indicação expressa do CID nos
atestados médicos vai de encontro à referida diretriz constitucional, por se tratar de
ingerência na vida privada do cidadão. A cláusula 22.ª, tal como redigida, não se
coaduna com o Precedente Normativo n.º 81 desta Corte Superior, pois, além de
conter obrigação à margem da lei e da Constituição Federal, não contempla a
necessidade de convênio com a Previdência Social, no que se refere aos serviços
ofertados pelos sindicatos da categoria profissional. (...)
(RO-20238-58.2010.5.04.0000, Relatora Ministra Maria de
Assis Calsing, SDC, DEJT 19/10/2012)
ISTO POSTO
Firmado por assinatura digital em 18/08/2015 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
A C Ó R D Ã O
SDC
KA/ks/pr
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
direitos fundamentais. De acordo com o
Código de Ética Médica e com a Resolução
nº 1.658/2002, oriundas do Conselho
Federal de Medicina, é o próprio
paciente que deve autorizar a
identificação do diagnóstico. Isso se
deve ao fato de a saúde estar
relacionada a aspectos da intimidade e
personalidade de cada indivíduo.
Observa-se, no caso concreto, que o
conflito exposto não é entre norma
coletiva e Resoluções do Conselho
Federal de Medicina, mas entre norma
coletiva e preceitos constitucionais,
que protegem a intimidade e a
privacidade dos trabalhadores. A
imposição constitucional de
reconhecimento das convenções e acordos
coletivos de trabalho (art. 7º, XXVI)
não concede liberdade negocial absoluta
para os sujeitos coletivos, que devem
sempre respeitar certos parâmetros
protetivos das relações de trabalho e do
próprio trabalhador. Um desses
parâmetros é a tutela da intimidade e
privacidade do empregado. No caso,
forçoso reconhecer que a cláusula
negociada, que condiciona a validade de
atestados médicos e odontológicos à
indicação do CID (Classificação
Internacional de Doenças), afronta
normas reguladoras oriundas do Conselho
Federal de Medicina, bem como viola as
garantias constitucionais da
inviolabilidade da intimidade, vida
privada, honra e imagem (art. 5º, X, da
Constituição Federal). Recurso
ordinário a que se nega provimento.
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região ajuizou
ação anulatória, com pedido de liminar, visando a declaração de nulidade
da Cláusula Trigésima Sexta do Acordo Coletivo de Trabalho, com vigência
para o período 2016/2017, firmado entre o Sindicato dos Trabalhadores
nas Indústrias de Alimentação nos Estados do Pará e Amapá e Mercúrio
Alimentos S.A.
O Desembargador do Trabalho, Dr. Vicente Jose
Malheiros da Fonseca, deferiu o pedido liminar para que fosse imediatamente
suspensa a eficácia da CLÁUSULA TRIGÉSIMA SEXTA - ATESTADOS MÉDICOS E
ODONTOLÓGICOS do Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2017 (Id ed99406), firmado entre o
SINDICATO DOS TRABALHADORES NA INDUSTRIA DA ALIMENTAÇÃO NO ESTADO DO
PARÁ E DO AMAPÁ e MERCURIO ALIMENTOS S/A, c f e f da e ; (...) ,
consoante os termos da decisão de fls. 23/27.
O Tribunal Regional do Trabalho da 8ª Região julgou
p oceden e a a o e decla o a nulidade da Cláusula Trigésima Sexta do Acordo Coletivo
de Trabalho 2016/2017 (Id. ed99406), firmado entre o SINDICATO DOS TRABALHADORES NAS
INDUSTRIAS DA ALIMENTAÇÃO NO ESTADO DO PARÁ E DO AMAPÁ e MERCURIO
FRIGORIFICO FABRIL E EXPORTADORA DE ALIMENTOS LTDA., e ratificar a liminar
concedida, sob Id. e393400. Custas pelos réus, na quantia de R$20,00 (vinte reais), calculadas sobre
valor de R$1.000,00 (um mil reais), dado à causa , no e mo do ac d o de fl .
139/144.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de
Alimentação nos Estados do Pará e Amapá interpôs recurso ordinário contra
a decisão do Tribunal Regional (fls. 160/164), que foi admitido pelo
despacho de fl. 169.
O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região
apresentou contrarrazões, às fls. 176/183.
Dispensada remessa à Procuradoria-Geral do Trabalho.
É o relatório.
V O T O
1. CONHECIMENTO
Preenchidos os pressupostos recursais.
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
Conheço.
2. MÉRITO
O Ministério Público do Trabalho da 8ª Região ajuizou
ação anulatória perante o TRT da 8ª Região visando a nulidade da Cláusula
Trigésima Sexta do Acordo Coletivo de Trabalho 2016/2017 firmado entre
o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Alimentação nos Estados
do Pará e Amapá e Mercúrio Alimentos S.A.
O TRT de origem julgou procedente a ação anulatória
e declarou a nulidade da referida cláusula.
O Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de
Alimentação nos Estados do Pará e Amapá interpôs recurso ordinário
arguindo preliminar de ilegitimidade ativa do Ministério Público do
Trabalho. E, no mérito, insurge-se contra a decisão do TRT que declarou
nula a Cláusula Trigésima Sexta do Acordo Coletivo de Trabalho.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
"RECURSO ORDINÁRIO. AÇÃOANULATÓRIA.
ILEGITIMIDADEATIVA ad causam DO MINISTÉRIOPÚBLICODO
TRABALHO. No art. 83, inc. IV, da Lei Complementar nº 75, de
20/05/1993, confere-se legitimidade, de forma expressa, ao Ministério
Público do Trabalho para ajuizar ação anulatória de cláusula de convenção
coletiva de trabalho, no resguardo da liberdade individual de associação a
sindicato (arts. 5º, XX, e 8º, V, da CF/88).
CONTRIBUIÇÃOASSISTENCIAL. Acórdão regional em que se declara a
nulidade de cláusula de convenção coletiva de trabalho, relativa à
contribuição assistencial, exclusivamente no tocante aos trabalhadores não
filiados à entidade sindical profissional, por contrariar o princípio
constitucional da livre associação sindical. Decisão em consonância com o
Precedente Normativo nº 119 da Seção Normativa deste Tribunal. Recurso
ordinário a que se nega provimento." (Processo: ROAA -
52300-33.2006.5.17.0000 Data de Julgamento:
09/03/2009, Relator Ministro: Fernando Eizo Ono,
Seção Especializada em Dissídios Coletivos, Data de
Publicação: DEJT 07/04/2009.)
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
Magalhães Arruda, Seção Especializada em Dissídios
Coletivos, Data de Publicação: DEJT 20/11/2009).
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
[...]
§ 1º: A doença será comprovada mediante atestado passado por médico
da empresa ou por ela designado e pago.
§ 2º: Não dispondo a empresa de médico da instituição de previdência
a que esteja filiado o empregado, por médico do Serviço Social da Indústria
ou do Serviço Social do Comércio, por médico de repartição federal, estadual
ou municipal, incumbido de assunto de higiene ou saúde, ou, inexistindo na
localidade médicos nas condições acima especificados, por médico do
sindicato a que pertença o empregado ou por profissional da escolha deste.
A Resolução nº 1.658/2002, do Conselho Federal de Medicina, que
normatiza a emissão de atestados médicos (parcialmente alterada pela
Resolução nº 1851/2008), dispõe:
Art. 5º Os médicos somente podem fornecer atestados com o
diagnóstico codificado ou não quando por justa causa, exercício de dever
legal, solicitação do próprio paciente ou de seu representante legal.
Parágrafo único No caso da solicitação de colocação de diagnóstico,
codificado ou não, ser feita pelo próprio paciente ou seu representante legal,
esta concordância deverá estar expressa no atestado.
Art. 6º - Somente aos médicos e aos odontólogos, estes no estrito
âmbito de sua profissão, é facultada a prerrogativa do fornecimento de
atestado de afastamento do trabalho.
[...]
§ 3º - O atestado médico goza da presunção de veracidade, devendo
ser acatado por quem de direito, salvo se houver divergência de
entendimento por médico da instituição ou perito.
Cite-se, ainda, a Resolução nº 1.819/2007, do Conselho Federal de
Medicina, que "proíbe a colocação do diagnóstico codificado (CID) ou
tempo de doença no preenchimento das guias da TISS de consulta e
solicitação de exames de seguradoras e operadoras de planos de saúde
concomitantemente com a identificação do paciente" (parcialmente alterada
pela Resolução nº 1.976/2011):
Art. 1º Vedar ao médico o preenchimento, nas guias de consulta e
solicitação de exames das operadoras de planos de saúde, dos campos
referentes à Classificação Internacional de Doenças (CID) e tempo de
doença concomitantemente com qualquer outro tipo de identificação do
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
paciente ou qualquer outra informação sobre diagnóstico, haja vista que o
sigilo na relação médico-paciente é um direito inalienável do paciente,
cabendo ao médico a sua proteção e guarda.
Pela leitura dos dispositivos acima citados, conclui-se, tal como
apontado pelo d. Parquet, na petição inicial, que "1) o atestado médico
emitido por médico legalmente habilitado possui a presunção de veracidade
de seu conteúdo, pelo que é válido para a comprovação a que se destina,
somente podendo ser recusado em caso de discordância fundamentada por
médico ou perito; 2) o médico só deverá prestar a informação sobre a
Classificação Internacional de Doenças (CID) se solicitado pelo próprio
paciente ou de seu representante legal" (Id. 42bbed8 - Pág. 3-4) (grifo nosso).
A cláusula normativa que condiciona a validade de atestados médicos e
odontológicos à indicação do CID (Classificação Internacional de Doenças)
vai de encontro ao que estabelecem as Resoluções do Conselho Federal de
Medicina e atentam contra as garantias constitucionalmente asseguradas de
inviolabilidade da intimidade, vida privada, honra e imagem (art. 5º, X, da
Constituição Federal).
Nesse sentido, precedentes desta E. Seção Especializada
I: AÇÃO ANULATÓRIA DE CLÁUSULA CONVENCIONAL.
DIREITO À PRIVACIDADE. CLÁUSULA QUE OBRIGA QUE OS
ATESTADOS MÉDICOS APRESENTEM A CID.
INCONSTITUCIONALIDADE. Fere o direito à privacidade dos
trabalhadores cláusula de instrumento coletivo que determina que os
trabalhadores deverão suprir as ausências de CID em seus atestados médicos,
sob pena de desconto das ausências. O direito à privacidade tem assento
constitucional e deve ser respeitado pelas normas coletivas, não estando à
mercê dos interesses do empregador. Ação Anulatória que se julga
procedente (Acórdão/TRT-8ª/SE-I/AACC 0000233-91.2016.5.08.0000.
Relatora: Desembargadora Francisca Oliveira Formigosa. Julgado em
25.08.2016).
CLÁUSULAS CONVENCIONAIS. VIOLAÇÃO AOS DIREITOS
INDIVIDUAIS INDISPONÍVEIS. NULIDADE. A Constituição da
República Federativa do Brasil reconhece as convenções e acordos coletivos
de trabalho (art. 7º, XXVI) e garante a liberdade e autonomia dos Sindicatos
representativos das categorias econômicas e profissionais estipularem
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
condições de trabalho, excepcionando, inclusive, algumas hipóteses de
flexibilização de direitos do trabalhador, por meio de negociação coletiva de
trabalho (art. 7º, VI, XIII, XIV), mas essa liberdade e autonomia encontra
limites na lei e nos princípios de proteção ao trabalhador, não podendo as
entidades sindicais estipularem normas que contrariem as garantias mínimas
previstas na constituição, sob pena de nulidade. No presente caso, a regra
estipulada na cláusula do Acordo coletivo de Trabalho firmado pelos réus
não só transgride os princípios de proteção ao trabalhador, mas viola as
normas de ética médica na relação médico-paciente e atenta contra o
ordenamento jurídico constitucional, que garante ao indivíduo o direito à
inviolabilidade a sua intimidade, à vida privada, à honra e à imagem (art. 5º,
X, da CRFB).(Acórdão/TRT-8ª/SE-I/AACC 0000625-65.2015.5.08.0000.
Relator: Desembargador José Edílsimo Eliziário Bentes. Julgado em
09.06.2016).
Desse modo, entendo, assim como defendido pelo d. Parquet, que a
Cláusula Trigésima Sexta do Acordo Coletivo de Trabalho de 2016/2017,
celebrado entre os réus, deve ser anulada, pois, diante das normas e
princípios que visam a melhoria da condição social do trabalhador, está
evidente que a cláusula normativa, em questão, afronta o disposto no art. 7º,
caput, da Constituição Federal, além de violação ao direito à intimidade, vida
privada, honra e imagem (art. 5º, X, da Carta Magna).
Por fim, ratifico a liminar concedida, sob Id. e393400.
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
Apon a q e o art. 73, do Código de Ética Médica, excepcionam os casos
em que as informações do paciente podem ser reveladas, quais sejam: justa causa, dever legal e
autorização do paciente.
Postula a reforma da decisão, a fim de que seja
restabelecida a Cláusula Trigésima Sexta no Acordo Coletivo de Trabalho.
Analiso:
Eis a cláusula impugnada:
CL USULA TRIG SIMA SEXTA - ATESTADOS MÉDICOS E
ODONTOLÓGICOS.
Para justificativa da ausência ao serviço por motivo de doença, se a
EMPRESA ACORDANTE não contar com serviço médico-odontológico
próprio, esta aceitará como válidos, os atestados médicos e odontológicos
fornecidos pelos médicos e odontólogos credenciados pelo sindicato da
classe, INSS ou SUS, desde que conste o CID da doença.
Parágrafo Único - Fica estabelecido que os atestados médicos deverão
ser apresentados em até 48 (quarenta e oito hora) após a sua emissão,
devendo essa entrega ser feita pessoalmente pelo empregado ou na
impossibilidade deste por seu representante, os quais serão recebidos pelo
empregado do Departamento de Pessoal do empregador, mediante protocolo
de e e a f ec d e a EMPRESA ACORDANTE.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
Cristina Irigoyen Peduzzi, Seção Especializada em
Dissídios Coletivos, Data de Publicação:
DEJT 18/09/2015).
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
caso dos empregados, os atestados possam ser genéricos, sem qualquer indicação do motivo do
afastamento. Nesse sentido, não se pode anular cláusula firmada com a tutela sindical dos trabalhadores
com base em resolução de conselho regulador de profissão, que não é lei, e em dispositivo
constitucional de caráter genérico, garantidor do direito à intimidade, quando essa garantia
constitucional deve ser aplicada de acordo com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade, já
que o direito à intimidade não é absoluto. (...). Ademais, não se nomina a doença no atestado, mas se
coloca apenas o seu código, exigindo pesquisa sobre a sua natureza. (RO -
480-32.2014.5.12.0000 Data de Julgamento: 14/12/2015, Redator
Ministro: Ives Gandra Martins Filho, Seção Especializada em Dissídios
Coletivos, Data de Publicação: DEJT 04/03/2016).
Nesse mesmo sentido, transcrevo outro julgado:
RECURSO ORDINÁRIO EM DISSÍDIO COLETIVO.
MOTORISTAS. HOMOLOGAÇÃO PARCIAL DOS
INSTRUMENTOS NEGOCIAIS AUTÔNOMOS, FIRMADOS NO
DECORRER DA AÇÃO. (...). 3. CLÁUSULAS 18 DA CCT 2015/2016
(CATEGORIA DO FRETAMENTO) E 36 DO ACT 2015/2016
(SETOR URBANO VOTORANTIM) - ATESTADOS MÉDICOS.
EXIGÊNCIA DE COLOCAÇÃO DO CID (CLASSIFICAÇÃO
INTERNACIONAL DE DOENÇAS). Esta Seção Especializada decidiu
no julgamento do Recurso Ordinário em Ação Anulatória nº
480-32.2014.5.12.0000 (Data de Julgamento: 14/12/2015, Redator
Designado Ministro Ives Gandra Martins Filho, DEJT de 4/3/2016) que a
cláusula convencionada, de igual teor à que ora se examina, e que
expressamente exigia a menção ao CID , foi mantida ao fundamento de que
"a necessidade de conhecimento da espécie de moléstia diz respeito
justamente a saber se ela inviabiliza a modalidade laboral na qual se ativa o
empregado, inexistindo violação constitucional a respeito". Restou assente,
também, que "não se pode anular cláusula firmada com a tutela sindical dos
trabalhadores, com base em Resolução de conselho regulador de profissão,
que não é lei, e em dispositivo constitucional de caráter genérico, garantidor
do direito à intimidade, quando essa garantia constitucional deve ser
aplicada de acordo com os princípios da proporcionalidade e razoabilidade,
já que o direito à intimidade não é absoluto". Nesse contexto, dá-se
provimento ao recurso, para declarar a validade das cláusulas 18 da CCT
2015/2016 e 36 do ACT 2015/2016, com a seguinte redação: "ATESTADOS
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
MÉDICOS - A empresa, para efeito de justificação e abono de faltas e
atrasos, reconhecerá todos os atestados médicos e odontológicos, desde que
contenham o CID da doença e o CRM do médico". (RO -
6126-68.2016.5.15.0000 Data de
Julgamento: 13/03/2017, Relatora Ministra: Dora Maria
da Costa, Seção Especializada em Dissídios
Coletivos, Data de Publicação: DEJT 17/03/2017).
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
Tem-se também a Resolução 1.819/2007 do CFM, que
proíbe a colocação do diagnóstico codificado (CID) ou tempo de doença
no preenchimento das guias da TISS de consulta e solicitação de exames
de seguradoras e operadoras de planos de saúde concomitantemente com a
identificação do paciente:
Art. 1º Vedar ao médico o preenchimento, nas guias de consulta e
solicitação de exames das operadoras de planos de saúde, dos campos
referentes à Classificação Internacional de Doenças (CID) e tempo de
doença concomitantemente com qualquer outro tipo de identificação do
paciente ou qualquer outra informação sobre diagnóstico, haja vista que o
sigilo na relação médico - paciente é um direito inalienável do paciente,
cabendo ao médico a sua proteção e guarda.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
coletiva da codificação da enfermidade nos atestados médicos fere
direitos fundamentais.
Segundo a Exma. Min. Maria Cristina Irigoyen Peduzzi,
relatora do processo RO-268-11.2014.5.12.0000, na qual se discutia
questão semelhante, a exigência da CID nos atestados médicos viola, por
si só, o direito fundamental à intimidade e à privacidade do trabalhador,
sobretudo por não existir, no caso, necessidade que decorra da atividade
profissional.
Observa-se, no caso concreto, que o conflito exposto
não é entre norma coletiva e Resoluções do CFM, mas entre norma coletiva
e dispositivos constitucionais que protegem a intimidade e a privacidade
dos trabalhadores.
De acordo com os dispositivos das normas reguladoras
já mencionadas, como o Código de Ética Médica e a Resolução nº 1.658/2002,
oriundas do CFM, é o próprio paciente que deve autorizar a identificação
do diagnóstico. Isso se deve ao fato de a saúde estar relacionada a
aspectos da intimidade e personalidade de cada indivíduo, conforme
discorre Amauri Mascaro Nascimento, no livro Curso de Direito do
Trabalho:
O trabalhador e o empregador devem guardar sigilo quanto à
intimidade da vida privada. O direito à reserva da intimidade da vida privada
abrange o acesso, a divulgação de aspectos da esfera íntima e pessoal e da
vida familiar, afetiva e sexual, o estado de saúde e as convicções políticas e
religiosas. (...) O empregador não pode exigir do candidato a emprego ou
dos empregados que prestem informações relativas à sua vida privada, à sua
saúde, salvo quando particulares exigências inerentes à natureza da atividade
profissional o justifiquem ou forem estritamente necessárias e relevantes
para a avaliação da sua aptidão para o trabalho. (...) (Curso de
Direito do Trabalho: história e teoria geral do
direito do trabalho, relações individuais e coletivas
do trabalho, 27. ed., São Paulo: Saraiva)
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
Até mesmo a Lei 13.467/2017, que autoriza, em algumas
situações, a prevalência do negociado sobre o legislado, traz um rol,
no seu art. 611-B, de direitos que não podem ser reduzidos nem suprimidos
mediante negociação coletiva. Essa mesma lei incluiu na CLT o Título II-A,
que trata do dano extrapatrimonial. A nova regra diz, no seu art. 223-B,
que causa dano de natureza extrapatrimonial a ação ou omissão que ofenda
a esfera moral ou existencial da pessoa física ou jurídica, as quais são
as titulares exclusivas do direito à reparação. O art. 223-C elenca os
bens tutelados inerentes à pessoa física:
Art. 223-C. A honra, a imagem, a intimidade, a liberdade de ação, a
autoestima, a sexualidade, a saúde, o lazer e a integridade física são os bens
juridicamente tutelados inerentes à pessoa física.
ISTO POSTO
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
PROCESSO Nº TST-RO-213-66.2017.5.08.0000
Este documento pode ser acessado no endereço eletrônico http://www.tst.jus.br/validador sob código 1001F3FE2F7C1F2508.
ACORDAM os Ministros da Seção Especializada em
Dissídios Coletivos do Tribunal Superior do Trabalho: I - por
unanimidade, rejeitar a preliminar de ilegitimidade ativa "ad causam"
do Ministério Público do Trabalho; II - por maioria, vencidos os Exmos.
Ministros Ives Gandra Martins Filho, Dora Maria da Costa e Guilherme
Augusto Caputo Bastos, negar provimento ao recurso ordinário.
Brasília, 19 de fevereiro de 2019.
Firmado por assinatura digital em 27/02/2019 pelo sistema AssineJus da Justiça do Trabalho, conforme MP
2.200-2/2001, que instituiu a Infra-Estrutura de Chaves Públicas Brasileira.
Introdução
Entende-se por atestado ou certificado o documento que tem por objetivo firmar a veracidade de
um fato ou a existência de determinado estado, ocorrência ou obrigação. É um instrumento
destinado a reproduzir, com idoneidade, uma específica manifestação do pensamento médico.
O atestado ou certificado médico, portanto, é uma declaração por escrito de uma dedução médica
e suas possíveis consequências. Tem a finalidade de resumir, de forma objetiva e singela, o que
resultou do exame feito em um paciente, sua doença ou sua sanidade, e as consequências mais
imediatas. É, assim, um documento particular, elaborado sem compromisso prévio e
independente de compromisso legal, fornecido por qualquer médico que esteja no exercício
regular de sua profissão. Desta forma, tem unicamente o propósito de sugerir um estado de
sanidade ou de doença, anterior ou atual, para fins de licença, dispensa ou justificativa de faltas ao
serviço, entre outros.
Mesmo tão singelo e desprovido de formalidades o atestado médico admite, estando o médico
inscrito regularmente no Conselho Regional de Medicina competente, possuir competência para
atestar, independentemente de especialidade, desde que se sinta capacitado para tanto. Assim se
Brunna Pires Barbosa Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF: 032.046.081-90
manifesta o Parecer-Consulta CFM no 28/87.
É sempre elaborado de forma simples, em papel timbrado, podendo servir até o usado em
receituário ou, quem exerce a profissão em entidades públicas ou privadas, em formulários da
respectiva instituição. Na maioria das vezes, ele durge a pedido do paciente ou de seus
responsáveis legais.
Não tem o atestado uma forma definida, porém deve conter as seguintes partes constitutivas:
cabeçalho – onde deve constar a qualificação do médico; qualificação do interessado – que é
sempre o paciente; referência à solicitação do interessado; finalidade a que se destina; o fato
médico quando solicitado pelo paciente ou seu responsável, ou por justa causa, ou por dever
legal; suas conseqüências; e local, data e assinatura com o respectivo carimbo profissional, onde
contenham nome do médico e número de inscrição no Conselho Regional de Medicina da
jurisdição sede de sua atividade.
O atestado médico quanto a sua procedência ou finalidade pode ser: administrativo, quando serve
ao interesse do serviço ou do servidor público; judiciário, quando por solicitação da
administração da justiça; oficioso, quando dado no interesse das pessoas física ou jurídica de
direito privado, como para justificar situações menos formais em ausência das aulas ou para
dispensar alunos da prática da educação física.
Deve-se entender ainda que o atestado é diferente de declaração. No atestado, quem o firma, por
ter fé de ofício, prova, reprova ou comprova. Na declaração exige-se apenas um relato de
testemunho. Entendemos que, na área de saúde, apenas os profissionais responsáveis pela
elaboração do diagnóstico são competentes para firmarem atestados. Os demais podem declarar o
acompanhamento ou a coadjuvação do tratamento, o que não deixa, também, de constituir uma
significativa contribuição como valor probante.
Mesmo não sendo exigida certa formalidade e um compromisso legal de quem o subscreve – e,
por isso, uma peça meramente informativa e não um elemento final para decidir vantagens e
obrigações -, deve merecer o atestado todos os requisitos de comprovada validade, visto que ele
exerce uma função do mais alto interesse social. Fica o médico, portanto, no dever de dizer a
verdade sob pena de infringir dispositivos éticos e legais, seja ao artigo 73 do Código de Ética
Médica, seja por delito de falsidade de atestado médico por infração ao artigo 302 de nossa
legislação penal.
Não deve ser recusado “a priori”, como vez por outra ocorre, pois sempre se deve ter a
presunção de lisura de quem firma o atestado. Isto não quer dizer, todavia, que o atestado seja um
fato conclusivo ou consumado, ou que não tenha um limite de eficácia em certas eventualidades,
principalmente para o que ele não se destina.
O atestado gracioso, também chamado de complacente ou de favor, vem sendo concedido por
alguns profissionais menos responsáveis, desprovidos de certos compromissos e que buscam
através deste condenável gesto uma forma de obter simpatia, sem nenhum apreço ao Código de
Ética Médica.
Muitos destes atestados graciosos são dados na intimidade dos consultórios ou das clínicas
privadas, tendo como finalidade a esperteza de agradar o cliente e ampliar, pela graciosidade, os
horizontes da clientela.
O atestado falso seria aquele dado quando se sabe do seu uso indevido e criminoso, tendo por
isso o caráter doloso.
Se for fato que alguns médicos resistem, igualmente certo é também que, em alguns casos, o
profissional é induzido por questões de amizade ou de parentesco, e assim, sem uma análise mais
acurada, fornece um atestado gracioso ou falso, mesmo que seu Código de Ética diga que tal
atitude é ilícita e o Código Penal veja como infração punível. Tais sanções são justas porquanto o
Estado tem o direito de resguardar o bem jurídico da fé pública, cuja finalidade é sempre proteger
uma verdade.
A ilicitude do atestado médico está na sua falsidade ideológica. Está fraudado na sua substância,
no seu conteúdo. A sua irregularidade, portanto, está no seu teor, na sua natureza intelectual,
praticada por um agente especial que é o médico, quando subverte o exercício regular de um
direito. Na sua essência material ele pode até ser correto, pois foi firmado por alguém habilitado a
fazê-lo. A falsidade material diz respeito apenas a sua falsificação, quando por exemplo ele é
expedido por alguém que não possui habilitação legal nem habilitação profissional, ouse seja, por
alguém que não é médico.
Entre os atestados falsos há um outro tipo: o atestado piedoso. Sempre são pedidos como forma
de suavizar um diagnóstico mais severo, principalmente quando se trata de pacientes portadores
de doenças graves e incuráveis. E assim, alguns facultativos, atendendo a solicitação de
familiares, atestam enfermidade diversa, sempre de caráter benigno, na intenção de confortar o
paciente. Embora piedoso, tal gesto é reprovável.
Mesmo assim, com todo zelo que se deve ter pelo atestado, é justo dizer que ele tem seus limites.
A comprovação de uma entidade mórbida complexa e multifatorial, algumas até de origem ainda
no campo das teorias, não pode ser decidida apenas com três ou quatro linhas simplistas, apostas
num atestado médico, cuja finalidade é tão-só servir de início de informações numa comprovação
de direitos. Para tanto, existem as Juntas Médicas e por isso elas não estão adstritas aos atestados,
podendo aceitá-los no todo, na parte, ou simplesmente não os acatar.
Muitas vezes é necessário um laudo bem elaborado onde esteja realçada a descrição,
fundamentada em elementos fisiopatológicos consagrados pela Lex artis e em resultados
laboratoriais, e onde fique patente em que foi baseada esta ou aquela afirmativa. Só assim é
possível a afirmação do diagnóstico, a evolução do processo mórbido, a devida observação dos
resultados terapêuticos e o prognóstico esperado.
Hoje não se pode mais aplaudir a idéia do “é porque é”, nem muito menos a de se admitir que
alguém possa simplesmente se escudar por trás de uma autoridade que aparente condições de se
fazer sempre acreditar e valer suas opiniões.
Fora desta conduta indeclinável é subtrair de quem tem a competência de decidir os pressupostos
do seu soberano convencimento. Dizer, por exemplo, que alguém é portador deste ou daquele
mal,Pires
Brunna sem descrever
Barbosa as particularidades
Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF:que cada síndrome com suas características, sem a
032.046.081-90
comprovação dos recursos insupríveis do diagnóstico por imagem ou pelos recursos microscópios
da anatomia patológica, não levam ninguém a nenhuma convicção definitiva. Dizer pura e
simplesmente que alguém é portador de uma doença, sem qualquer justificativa de comprovação
semiológica, também não concorre para a busca da verdade que se quer revelar.
Uma particularidade bem descrita, técnica e cientificamente, tem o poder de transferir a doença
para o laudo ou de transportar o pensamento do analista para o instante em que se comprovou
determinada entidade nosológica. A boa qualidade do laudo, pelo conhecimento técnico que dá ao
julgador, é condição estrutural de imensurável e inestimável importância.
Com tais cuidados, mesmo para os resultados das análises de pesquisas clínicas, o Conselho
Federal de Medicina[3], determinou que “na área de Patologia Clínica, Citologia, Anatomia-
Patológica, Imuno-Hematologia, Radiologia, Radio-Isotopologia, Hemoterapia, Hemoterapia e
Fisioterapia sejam fornecidos sob a forma de laudos médicos firmados pelo médico responsável
pela sua execução. Estes laudos devem conter, quando indicado, uma parte expositiva e outra
conclusiva. O laudo médico fornecido é de exclusiva competência e responsabilidade do médico
responsável pela sua execução”.
Conclusões
Está mais que provado ser laudo médico ou pericial o instrumento mais valorizado nas questões
de maior complexidade na área médica, pois o atestado pela sua singeleza e carência de descrição
não alcança todas as particularidades que certos casos encerram. Daí porque só o laudo atende a
tal necessidade. Deixar de registrar e analisar tais características são simplesmente formas de
despojar quem vai analisar o laudo de uma idéia pessoal e tirar-lhe a oportunidade de se
convencer da verdadeira natureza do mal. Pelo menos, a inadmissibilidade da concessão de
interdição com base apenas em atestado médico e a imprescindibilidade do laudo pericial está na
inteligência do artigo 1.183 do Código de Processo Civil: “Decorrido o prazo a que se refere o
artigo antecedente, o juiz nomeará perito para proceder ao exame do interditando. Apresentado o
laudo, o juiz designará audiência de instrução e julgamento”. Há, portanto, necessidade de
apresentação de laudo completo e circunstanciado do estado do interditando sob pena de anulação
do processo.
Nestes casos, o laudo médico é obrigatório e não facultativo, e o exame pericial é imprescindível
para a segurança da decisão judicial (RT 715/133). Como afirmam Nelson Nery Júnior e Rosa
Maria Andrade Nery: “A lei exige a realização de perícia médica em processo de interdição, sob
pena de nulidade. A tarefa do perito consiste em apresentar laudo completo e circunstanciado da
situação físico-psíquica do interditando, sob pena do processo ser anulado. O laudo não pode se
circunscrever a mero atestado médico em que se indique por código a doença do suplicado”[4].
O primeiro e único objetivo do laudo médico ou do laudo pericial é dar à autoridade julgadora
elementos precisos para sua convicção. E por isso a substância da análise que o laudo reflete é
oferecer a imagem mais real possível do dano e do seu modo etio-patogênico do qual foi ele
resultante.
Todo dano corporal à saúde, seja físico ou psíquico, como um verdadeiro corpo lesional, carrega
no seu conjunto uma lista sem fim de detalhes que necessitam de registro para uma apurada
Brunna Pires Barbosa Lopes - brunnapiresadv@gmail.com - CPF: 032.046.081-90
interpretação. E tudo depende de quem vai valorizá-lo na medida exata de cada caso.
Não se pode considerar como elemento probante, de consistência técnica e científica, a afirmação
simples e por escrito contida num atestado, sem uma descrição judiciosa das estruturas
comprometidas, de suas causas e de seus nexos causais, capazes de justificar aquela afirmação. O
atestado, em que pese o respeito que merece seu ilustre subscritor, é um documento unilateral que
não pode se sobrepor ao lado médico.
Bibliografia
. Comentários ao Código de Ética Médica. 6ª ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan,
2010.
______ Direito Médico, 12ª edição, Rio de Janeiro: Editora Forense, 2014.
[1] in Atestado médico – considerações ético-jurídicas, na obra Desafio Éticos, Brasília: Publicação do Conselho
Federal de Medicina, 1993.
[2] In Deontologia e diceologia – normas éticas e legais para o exercício da medicina, São Paulo: Organização
Andrei Editora, 1979.
[4] in Código de processo civil comentado, São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 1999.
[5] In França, GV, Comentários ao Código de Ética Médica, 6ª. edição, Rio de Janeiro: Editora Guanabara
Koogan, 2009.
Veja também:
Castração química
O anteprojeto ao código penal brasileiro e seus excludentes de ilicitude do aborto
Em favor do direito médico
Informativo de Legislação Federal: resumo diário das principais movimentações
legislativas.