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ISSN: 2525-8761
DOI:10.34117/bjdv8n1-103
RESUMO
A hipnoterapia é uma Prática Integrativa e Complementar que por meio de um intenso
relaxamento, concentração e/ou foco, é capaz de induzir a pessoa a alcançar um estado
de consciência aumentado que permita alterar uma ampla gama de condições ou
comportamentos indesejados, permitindo assim a modulação da dor. O objetivo desse
trabalho é identificar, a partir da metodologia da Prática Baseada em Evidencias, a
eficácia da hipnose como tratamento não farmacológico na redução da dor. Este estudo
consiste em uma revisão integrativa de caráter exploratório na qual, na coleta e análise de
dados, foi utilizado o método da Prática Baseada em Evidências, para assegurar um
resultado mais eficaz, confiável e seguro. A busca eletrônica foi realizada na base de
dados PubMed, utilizando como descritores: hypnoses, hypnotherapy e anesthetic
hypnoses, pain, cronic pain e acute pain. Foram selecionadas publicações dos últimos
cinco anos e disponíveis em texto completo resultando em 14 estudos finais que atendiam
aos critérios de inclusão e exclusão. Seguindo os passos da prática baseada em evidência,
realizou-se a resposta da questão clínica, análise crítica dos estudos e a tomada de decisão
que, apesar dos estudos em sua maioria serem relativamente favoráveis ao uso, não possui
subsídios para apontar o uso da hipnoterapia na redução de dor. Por fim ressaltamos que
a assistência integral ao usuário se faz mediante constante atualização profissional,
portanto revisitar a literatura e pautar sua assistência em práticas baseadas em evidências
é essencial.
ABSTRACT
Hypnotherapy is an Integrative and Complementary Practice that, through intense
relaxation, concentration and/or focus, is able to induce the person to achieve an improved
state of achievement that allows changing a wide range of conditions or unwanted
behavior, thus allowing pain modulation. The objective of this work is to identify, based
on the Evidence-Based Practice methodology, the effectiveness of hypnosis as a non-
pharmacological treatment in reducing pain. This study consists of an integrative review
of an exploratory nature in which, in data collection and analysis, the Evidence-Based
Practice method was used to ensure a more effective, reliable and safe result. The
electronic search was performed in the PubMed database, using as descriptors: hypnosis,
hypnotherapy and anesthetic hypnosis, pain, chronic pain and acute pain. Were selected
publications from the last five years, and they were available in full text resulting in 14
final studies that met the inclusion and exclusion criteria. Following the steps of the
practice in evidence, the answer to the clinical question, the critical analysis of the studies
and the decision making, despite the fact that the majority of studies are relatively
favorable to use, there are no subsidies to point out the use of hypnotherapy in pain
reduction. Finally, we emphasize that comprehensive assistance to users is done through
constant professional updating, so revisiting the literature and guiding their assistance in
evidence-based practices is essential.
1 INTRODUÇÃO
No que diz respeito ao controle da dor é frequente a busca por tratamentos
farmacológicos. Porém os benefícios no alívio sintomático são muitas vezes limitados
quando considerados fatores como alterações do organismo, polimedicação, entre outros
(PEIXOTO, 2016).
No século 19, em uma época em que as drogas anestésicas ainda não estavam
disponíveis, a hipnose foi usada em hospitais como sedativo em centenas de intervenções
cirúrgicas (HAMMOND, 2008); porém, mesmo sendo uma das técnicas mais
reconhecidas no controle não farmacológico da dor, não se realizava, naquela conjuntura,
potencial para utilizar técnicas não farmacológicas para reduzir a dor, dentre elas, a
hipnose.
Contudo, é notório o desconhecimento e preconceito acerca dessa prática por parte
da maioria dos profissionais da saúde. No Brasil, entre as profissionais enfermeiras, essa
insciência é percebida na escassez de hipnoterapeutas e na carência de especializações
em hipnose clínica, resultando em um déficit na produção acadêmica acerca do tema, na
necessidade dos profissionais em adquirir sua especialização em outros países e
informações praticamente restritas aos bancos de dados internacionais.
Nesse estudo consideramos como definição de hipnoterapia a prática da hipnose
usada na clínica por diversos profissionais da área da saúde, desde que preconizado pelos
seus respectivos conselhos, e hipnoanalgesia como uma constituinte da hipnoterapia com
foco na diminuição/eliminação da dor. Dito isso, e compreendendo que a Enfermeira pode
utilizar-se da hipnose, mas com segurança e elementos que fundamentem sua eficácia,
constituiu-se a pergunta norteadora “O uso da hipnose é eficaz para redução da dor??”
2 OBJETIVO
Identificar, a partir da metodologia da Prática Baseada em Evidencias, a eficácia
da hipnose como tratamento não farmacológico na redução da dor.
3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 A HIPNOSE E SEUS EFEITOS NO CÉREBRO
Embora as práticas identificadas como semelhantes à hipnose sejam rastreadas
desde os tempos antigos, o termo hipnose tem sua origem atribuída a James Braid (1785-
1860) que inicialmente a considerou como uma forma de "sono nervoso". Apesar do
"hipnotismo" ter sido derivado da palavra grega antiga “hypnos” que significa sono, mais
tarde passou a entender que hipnose não era sinônimo de sono, mas sim um estado de
consciência, em algum lugar; entre vigília e sono, caracterizado por atenção concentrada
e sustentada (GAULD, 1992; ELKINS, 2015; BRAID, 1853).
O conceito de hipnose gerou muita confusão durante séculos, bem como a
definição de outros termos, como indução hipnótica, hipnotizabilidade e hipnoterapia,
devido ao não total conhecimento da sua natureza e dos mecanismos subjacentes. Após
várias controvérsias nas definições e por nenhuma delas resultarem em uma definição
clara e concisa do termo, a Divisão 30 da Associação Americana de Psicologia (APA),
4 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de revisão integrativa na qual foi utilizado o método da
Prática Baseada em Evidências (PBE) para a estruturação e análise dos resultados. A
PBE é uma metodologia difundida entre os profissionais de saúde que consiste na
utilização de evidências científicas para o auxílio na tomada de decisões sobre as
melhores condutas, assegurando a eficácia, a confiabilidade e a segurança nas práticas em
saúde (COFEN, 2015; SCHNEIDER, 2018).
Na sistematização da PBE, adotou-se o acrômio PICO – entendendo P referente
ao paciente, I relacionando-se à intervenção a ser avaliada, C para comparação entre as
intervenções e, O para outcomes ou desfechos (PEDROLO et al., 2009).
A pergunta norteadora do presente estudo foi “O uso da hipnose é eficaz para
redução da dor?”, considerando todos os pacientes (P) com dor (crônica ou aguda), sem
distinção de intensidade e frequência. A intervenção (I) foi o uso da hipnose, o
comparativo (C) foram outras formas de analgesia sem distinção (quando o estudo
apresentar comparativo) e os desfechos (O) foram os resultados apresentados sobre a
eficácia do uso.
Para identificar as melhores evidências, seguiram-se os critérios estabelecidos
pelo Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford, que
apresenta uma hierarquia para os trabalhos científicos encontrados, conforme Figura 1.
Fonte: Adapatado de O CEBM Table of Evidence Working Group = Jeremy Howick, Iain Chalmers (James
Lind Library), Paul Glasziou, Trish Greenhalgh, Carl Heneghan, Alessandro Liberati, Ivan Moschetti, Bob
Phillips, Hazel Thornton, Olive Goddard and Mary Hodgkinson. The Oxford 2011 Levels of Evidence.
5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 BUSCA DE EVIDÊNCIAS
Na busca de evidências, ao utilizar os descritores hypnosis, anesthetic hypnoses e
hypnotherapy associados a pain, acute pain e cronic pain foram encontradas 14
publicações. A identificação e seleção seguiu o fluxograma demonstrado na figura 2.
Fonte: Autoral
Quadro 1 – Caracterização dos estudos por título/autoria, objetivo, método e pacientes tratados,
2020.
PACIENTES
TITULO/AUTORIA OBJETIVO MÉTODO
TRATADOS
1. WILLIAMS, H.M; HUNTER, Avaliar a redução de sintomas de Revisão Crianças com
K; CLAPHAM, K; RYDER, C; dor e/ou ansiedade, angústia e sistemática. queimaduras.
KIMBLE, R; GRIFFIN, B. Efficacy and trauma em pacientes com
cultural appropriateness of psychosocial queimaduras pediátricas e seus
interventions for paediatric burn cuidadores após intervenções
patients and caregivers: a systematic psicossociais em aborígines e das
review. BMC Public Health. 2020. ilhas do Estreito de Torres
2. JONG, M,C; BOERS, I; VAN Comparar a eficácia de duas Ensaio clínico Crianças entre 9 e
WIETMARSCHEN, H.A. et al. técnicas mente-corpo, meditação randomizado. 18 anos, sofrendo
Hypnotherapy or transcendental transcendental ou hipnoterapia, de dor de cabeça
meditation versus progressive muscle com exercícios de relaxamento primária.
relaxation exercises in the treatment of muscular progressivo na dor de
children with primary headaches: a cabeça primária em pediatria.
multi-centre, pragmatic, randomised
clinical study. Eur J Pediatr. 2019.
3. CHI, B; CHAU, B; YEO, E; Investigar o efeito da terapia de Revisão Pacientes com
TA, P. Virtual reality for spinal cord Realidade Virtual na dor sistemática. lesão medular.
injury-associated neuropathic pain: neuropática associada à lesão da
Systematic review. Ann Phys Rehabil medula espinha em uma revisão
Med. 2018. sistemática.
4. BIRNIE, K.A; NOEL, M; Avaliar a eficácia de intervenções Revisão Crianças de 2 a 19
CHAMBERS, C.T; UMAN, L.S; psicológicas para dores e angústias sistemática. anos de idade
PARKER, J.A. Psychological relacionadas a agulhas em crianças submetidas a
interventions for needle-related e adolescentes. qualquer
procedural pain and distress in children procedimento
and adolescentes. Cochrane Database médico
Syst Rev. 2018. relacionado à
agulha.
5. AMRAOUI, J; POULIQUEN, C; Avaliar a eficácia de uma sessão Ensaio clínico Mulheres
FRAISSE, J. et al. Effects of a Hypnosis de hipnose no pré-operatório para randomizado. agendadas para
Session Before General Anesthesia on reduzir a dor no seio pós- cirurgias menores
Postoperative Outcomes in Patients operatória em pacientes de câncer de
Who Underwent Minor Breast Cancer submetidas a pequenas cirurgias mama.
Surgery: The HYPNOSEIN de câncer de mama.
Randomized Clinical Trial. JAMA
Netw Open. 2018.
6. GARLAND, E.L; BAKER, A.K; Avaliar se uma única sessão de Ensaio clínico Pacientes adultos
LARSEN, P. et al. Randomized atenção plena ou sugestão randomizado. que relataram dor
Controlled Trial of Brief Mindfulness hipnótica reduziria aguda.
Training and Hypnotic Suggestion for significativamente a Intensidade
Acute Pain Relief in the Hospital da dor aguda e o desagradável em
Setting. J Gen Intern Med. 2017. comparação com uma condição de
controle da psicoeducação.
7. BATAILLE, A; BESSET, S; Avaliar o impacto de uma sessão Ensaio clínico Pacientes adultos
SZEKELY, B. et al. Impact of a de hipnose no consumo de randomizado. agendados para
preoperative conversational hypnotic propofol para indução anestésica. um procedimento
session on propofol consumption using cirúrgico sob
closed-loop anesthetic induction guided anestesia geral.
by the bispectral index: A randomized
controlled trial. Medicine (Baltimore).
2017.
8. RAMÍREZ-CARRASCO, A; Avaliar a eficácia da hipnose Ensaio clínico Crianças que
BUTRÓN-TÉLLEZ, G.C; SANCHEZ- combinada com técnicas randomizado. nunca receberam
ARMASS, O; PIERDANT-PÉREZ, M. convencionais de gerenciamento atendimento
Effectiveness of Hypnosis in odontológico e
Nos anos 2016 e 2017 ocorreram mais publicações (4 publicações cada ano)
seguidos por 3 publicações no ano de 2018 e 1 publicação nos demais anos. Todos os
estudos foram publicados em periódicos internacionais e não houve publicações de
autores brasileiros.
Esse contexto demonstra que são estudos atuais sobre a aplicabilidade da
hipnoterapia, porém ainda escassos, tendo em vista que a técnica é utilizada há bastante
tempo e está incluída na prática de diversos profissionais da área da saúde (FERREIRA,
2003).
No Brasil, ainda não despontam pesquisas na área, o que pode ser explicado pela
hipnoterapia ter sido recentemente incluída no rol das Práticas Integrativas e
Complementares no SUS em 2018 (BRASIL, 2018). Por outro lado, temos registro de
estudos anteriores ao escopo da pesquisa acerca da aplicação da hipnose na dor torácica
não cardíaca de Domingos e Morais Filho (2006), da analgesia adjuvante e alternativa de
Vale (2010), dentre outros.
Entre as 14 publicações, 6 eram revisões sistemáticas e 8 ensaios clínicos
randomizados (ECR). Na metodologia de análise PBE, as revisões sistemáticas são as que
melhor representam evidências, pois são elaboradas a partir de um conjunto dos
resultados de ensaios clínicos randomizados. Já os ECR são os estudos de base para a
aplicabilidade do que se quer evidenciar como proposta terapêutica e necessários para
compor o arcabouço das futuras revisões sistemáticas (SOARES, 2015).
A maior parte dos estudos avaliou a dor aguda em situações de procedimentos
cirúrgicos. O enfoque maior das intervenções foi com o público de crianças com 5 estudos
(1,2,4,8,9); após 2 estudos com mulheres (5,11); 1 com idosos (13); e, 6 estudos com
pacientes adultos em diferentes contextos (3,6,7,10,12,14).
As intervenções quando se dão com um público de características semelhantes
promove maior robustez nas evidências e validação, reforçando a eficácia da terapêutica
testada. Já a variabilidade do público, é interessante quando a primeira está mais
consolidada, pois mede a efetividade e o impacto da intervenção (PEREIRA, GALVÃO,
SILVA, 2016).
tem eficácia superior à dieta em índices psicológicos. Assim, a resposta clínica é favorável
considerando os fatores psicológicos.
Ao contrário do estudo de Amraoui et al (2018) que pontuou a dor na mama
significativamente mais alta pelas pacientes no braço da hipnose, mas ambas tiveram
necessidade semelhante de analgesia de resgate, não resultando em um maior consumo
de analgésicos. A fadiga foi significativamente menor no grupo de hipnose no final da
cirurgia. Os resultados deste estudo não mostram nenhum benefício de uma curta sessão
de hipnose perioperatória na dor pós-operatória em mulheres elegíveis para uma pequena
cirurgia de câncer de mama. No entanto, concluem que a hipnose parece ter outros
benefícios em relação à fadiga e à ansiedade justificando a necessidade de novos estudos.
A resposta clínica não é favorável ao uso da hipnose para redução da dor pós-operatória
mas apresenta efeito relativo na fadiga e ansiedade.
No estudo avaliando a atenção plena, sugestão hipnótica e a psicoeducação de
Garland et al (2017), a hipnose reduziu a dor em 29%. Os autores afirmam que
intervenções programadas mente-corpo podem ser um complemento útil para o
tratamento da dor em pacientes internados e podem ser integradas de maneira econômica
no atendimento médico padrão, apresentando resposta clínica favorável a redução da dor.
Outros estudos apresentaram desfecho positivos para a hipnoterapia, como o
estudo comparando a terapia cognitivo-comportamental (TCC), hipnoterapia, ioga e auto
divulgação escrita na redução da dor abdominal recorrente em crianças e adolescentes de
Abbott et al (2017). A hipnoterapia apresentou o maior sucesso na redução da intensidade
da dor em comparação as outras terapias e o único estudo de efeito a longo prazo relatou
benefício contínuo da hipnoterapia em comparação aos cuidados usuais após cinco anos,
com 68% relatando sucesso do tratamento em comparação com 20% dos controles.
Na comparação da hipnose com o grupo controle do ensaio de Corman et al
(2016), a hipnose também reduziu significativamente o desconforto do paciente se
mostrando mais eficaz. Os autores concluíram que a hipnose pode ser um método
alternativo ou complementar de melhorar significativamente o conforto do paciente
durante o ecocardiograma transesofágico, em pacientes que, de outra forma, receberiam
apenas anestesia tópica e classificam o processo como seguro e promissor em termos de
ajudar a reduzir os efeitos colaterais. Outro estudo que apresentou resposta clínica
favorável ao uso da hipnose foi de Ardigo et al (2016) que evidencia que a intensidade da
dor crônica diminuiu significativamente após as sessões de hipnose, mostrando que a
hipnose teve um efeito analgésico mais prolongado em comparação à massagem durante
toda a internação. Os autores afirmam que a hipnose pode ser uma ferramenta valiosa no
tratamento da dor crônica e sugerem que os profissionais de saúde que cuidam de
pacientes idosos com dor crônica devem ser treinados nessa modalidade de tratamento,
para que possam ser aplicados em conjunto com o tratamento farmacológico.
As publicações apontam em sua maioria efeitos favoráveis ou relativamente
favoráveis ao uso da hipnose para redução da dor. A resposta clínica efetiva foi apontada
em 5 publicações é substancial para inferir que a hipnoterapia causa efeito positivo na
redução da dor. Todos estudos classificados com resposta clínica relativa demonstram um
grau de eficácia da hipnoterapia, bem como, os 3 estudos de resposta clínica inconclusiva
e o estudo não favorável que, apesar de não trazerem dados estatísticos significantes para
o uso da técnica de hipnose na dor, apontam que esta tem algum efeito positivo na dor ou
traz desfechos secundários com redução de fadiga e ansiedade.
conclusões das revisões sistemáticas possuem um peso maior para a futura tomada de
decisão.
Contudo, para essas revisões seguir os padrões de análise também são de extrema
importância. Elas devem ser conduzidas com seleção independente, realizada pelo menos
por 2 pesquisadores, em várias bases de dados, com extração independente. A avaliação
da qualidade metodológica deve estar incluída e a análise de confundimento também,
considerando as diferenças dos estudos e fontes de heterogeneidade. O peso dos estudos
é calculado e demonstra-se se uma intervenção possui muita ou pouca variância; quanto
maior a variância, menor o peso e menor a constatação da eficácia da intervenção
(PEREIRA, GALVÃO, SILVA, 2016).
Todas as revisões sistemáticas analisadas foram registradas nas bases de Revisões
Sistemáticas como a Colaboração Cochrane, seguiram seus critérios e utilizaram-se de
escalas e outros instrumentos para mensuração dos resultados, portanto suas estruturas
metodológicas e operacionais possuíam credibilidade e qualidade. Os ensaios clínicos,
portanto, abarcados nessas revisões foram rigorosamente analisados, mas os autores
trazem a ressalva que possuíam heterogeneidade nas suas estruturas metodológicas o que
pode implicar na variabilidade dos pesos considerados.
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo objetivou responder, a partir da metodologia da Prática Baseada em
Evidencias, à pergunta “O uso da hipnose é eficaz para redução da dor? ”. Dito isso,
consideramos que o objetivo proposto foi alcançado. Com a análise pela PBE pode-se
afirmar que a hipnoterapia tem eficácia na redução da dor em diferentes contextos e
intensidades, porém essa eficácia ainda não é bem definida. A heterogeneidade
metodológica, como falta de mensuração ou não padronização de uma escala de medição,
baixo número de participantes em alguns estudos, revisões sistemáticas agregando um
número pequeno de estudos, entre outros, limitou a qualidade das evidências e tornou-as
relativas ou até mesmo inconclusivas, refletindo na tomada de decisão.
Os estudos encontrados foram suficientes para a elaboração desse artigo, não
havendo assim a necessidade de adotar um escopo de anos maior. Uma das limitações
dessa pesquisa foi incluir apenas os estudos completos gratuitos e utilizar apenas uma
base de dados. Incluir as publicações com custo e outras bases aumentaria o número de
publicações analisadas. Optar por não incluir textos que tratassem de auto hipnose
também reduziu o total de estudos, porém entende-se que a auto hipnose apresenta uma
metodologia diferente de aplicação e análise e englobar esses estudos junto aos de
hipnoterapia causariam adversidades na comparação.
Muitos estudos sinalizaram os benefícios da hipnoterapia na redução da ansiedade
e do desconforto, como fadiga e náuseas. Assim, considera-se importante avaliar em
outras pesquisas o impacto da hipnose em sintomas secundários associados a dor.
Registra-se também que são necessários estudos maiores envolvendo outros contextos,
como por exemplo a aplicabilidade da hipnoterapia em situações de emergência como o
trauma, a fim de avaliar a eficácia da hipnose clínica em diferentes intensidades de dor.
Por fim, alerta-se aos profissionais da área da saúde que negligenciam as Práticas
Integrativas e Complementares, em especial a hipnoterapia, devido à falta de
conhecimento e ao preconceito: a assistência integral ao usuário se faz mediante constante
atualização profissional, portanto revisitar a literatura e pautar sua assistência em práticas
baseadas em evidências é essencial.
Ressalta-se também que é importante a enfermeira se apropriar de medidas não
farmacológicas, como a hipnoterapia, tendo em vista que são as profissionais que
permanecem o maior tempo em cuidado aos usuários/pacientes e o caráter prescritor de
analgésicos é limitador de sua atuação.
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