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Brazilian Journal of Development 1634

ISSN: 2525-8761

Hipnoterapia na redução da dor: prática baseada em evidências

Hipnoterapy in pain reduction: evidence-based practice

DOI:10.34117/bjdv8n1-103

Recebimento dos originais: 07/12/2021


Aceitação para publicação: 08/01/2022

Bruna Moura Silva


Bacharelanda em Enfermagem pela Universidade Estadual de Santa Cruz
Universidade Estadual de Santa Cruz
Campus Soane Nazaré de Andrade, Rod. Jorge Amado, Km 16 - Salobrinho, Ilhéus -
BA, 45662-900
E-mail: brunamourauesc@gmail.com

Sharon Shirley Well Oliveira


Enfermeira. Mestre em Enfermagem, Especialista em Gestão Hospitalar e Educação
Profissional na área de saúde. Docente Assistente do DCSAU/UESC
Universidade Estadual de Santa Cruz
Campus Soane Nazaré de Andrade, Rod. Jorge Amado, Km 16 - Salobrinho, Ilhéus -
BA, 45662-900
E-mail: sswoliveira@uesc.br

João Luis Almeida da Silva


Enfermeiro. Doutor em Ciências. Docente Assistente do DCSAU/UESC
Universidade Estadual de Santa Cruz
Campus Soane Nazaré de Andrade, Rod. Jorge Amado, Km 16 - Salobrinho, Ilhéus -
BA, 45662-900
E-mail: jlasilva@uesc.br

RESUMO
A hipnoterapia é uma Prática Integrativa e Complementar que por meio de um intenso
relaxamento, concentração e/ou foco, é capaz de induzir a pessoa a alcançar um estado
de consciência aumentado que permita alterar uma ampla gama de condições ou
comportamentos indesejados, permitindo assim a modulação da dor. O objetivo desse
trabalho é identificar, a partir da metodologia da Prática Baseada em Evidencias, a
eficácia da hipnose como tratamento não farmacológico na redução da dor. Este estudo
consiste em uma revisão integrativa de caráter exploratório na qual, na coleta e análise de
dados, foi utilizado o método da Prática Baseada em Evidências, para assegurar um
resultado mais eficaz, confiável e seguro. A busca eletrônica foi realizada na base de
dados PubMed, utilizando como descritores: hypnoses, hypnotherapy e anesthetic
hypnoses, pain, cronic pain e acute pain. Foram selecionadas publicações dos últimos
cinco anos e disponíveis em texto completo resultando em 14 estudos finais que atendiam
aos critérios de inclusão e exclusão. Seguindo os passos da prática baseada em evidência,

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realizou-se a resposta da questão clínica, análise crítica dos estudos e a tomada de decisão
que, apesar dos estudos em sua maioria serem relativamente favoráveis ao uso, não possui
subsídios para apontar o uso da hipnoterapia na redução de dor. Por fim ressaltamos que
a assistência integral ao usuário se faz mediante constante atualização profissional,
portanto revisitar a literatura e pautar sua assistência em práticas baseadas em evidências
é essencial.

Palavras-Chave: Enfermagem, Terapias complementares, Hipnose Clínica,


Hipnoterapia, Dor, Prática Baseada em Evidências.

ABSTRACT
Hypnotherapy is an Integrative and Complementary Practice that, through intense
relaxation, concentration and/or focus, is able to induce the person to achieve an improved
state of achievement that allows changing a wide range of conditions or unwanted
behavior, thus allowing pain modulation. The objective of this work is to identify, based
on the Evidence-Based Practice methodology, the effectiveness of hypnosis as a non-
pharmacological treatment in reducing pain. This study consists of an integrative review
of an exploratory nature in which, in data collection and analysis, the Evidence-Based
Practice method was used to ensure a more effective, reliable and safe result. The
electronic search was performed in the PubMed database, using as descriptors: hypnosis,
hypnotherapy and anesthetic hypnosis, pain, chronic pain and acute pain. Were selected
publications from the last five years, and they were available in full text resulting in 14
final studies that met the inclusion and exclusion criteria. Following the steps of the
practice in evidence, the answer to the clinical question, the critical analysis of the studies
and the decision making, despite the fact that the majority of studies are relatively
favorable to use, there are no subsidies to point out the use of hypnotherapy in pain
reduction. Finally, we emphasize that comprehensive assistance to users is done through
constant professional updating, so revisiting the literature and guiding their assistance in
evidence-based practices is essential.

Keywords: Nursing, Complementary Therapies, Clinical Hypnosis, Hypnotherapy, Pain,


Evidence-Based Practice.

1 INTRODUÇÃO
No que diz respeito ao controle da dor é frequente a busca por tratamentos
farmacológicos. Porém os benefícios no alívio sintomático são muitas vezes limitados
quando considerados fatores como alterações do organismo, polimedicação, entre outros
(PEIXOTO, 2016).
No século 19, em uma época em que as drogas anestésicas ainda não estavam
disponíveis, a hipnose foi usada em hospitais como sedativo em centenas de intervenções
cirúrgicas (HAMMOND, 2008); porém, mesmo sendo uma das técnicas mais
reconhecidas no controle não farmacológico da dor, não se realizava, naquela conjuntura,

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estudos científicos que demonstrassem sua eficácia e efetividade, permanecendo no


campo empírico (KENDRICK, 2016).
Com o avanço da medicina científica, pautada no biologicismo e focada nos
aspectos de causa-efeito comprovados por testagem, o uso da hipnose foi prejudicado
pela “falta de subsídios clínicos”, criando-se desconfiança e aversão da classe médica que
a afastou dos hospitais, restringindo-a aos palcos e considerando sua prática na saúde
como charlatanismo (FACCO, 2016).
Na crescente mudança de paradigma do conceito de saúde, com entendimento do
ser humano além de seus aspectos fisiológicos, a compreensão do cuidado e do processo
de adoecimento evoluem e começam a considerar, inclusive, outros processos como a
perturbação energética, em que os sintomas são reflexo das questões assimiladas pelo ser,
pautada no paradigma Vitalista ou Holístico, com embasamento nas pesquisas e estudos
da física quântica (QUEIROZ, 2000). Nessa transformação de modelos, a Organização
Mundial de Saúde passou a reconhecer técnicas e práticas tradicionais de outros modelos
de atenção à saúde que abordam um cuidado mais amplo no sentido biopsicossocial e
espiritual.
A partir dessas concepções, em 2006 no Brasil, institui-se a Política Nacional de
Práticas Integrativas e Complementares (PNPIC) no SUS, publicada na forma das
Portarias Ministeriais nº 971 em 03 de maio de 2006, e nº 1.600, de 17 de julho de 2006,
que considera outros sistemas e recursos que buscam estimular os mecanismos naturais
de prevenção de agravos e recuperação da saúde por meio de tecnologias eficazes e
seguras, com ênfase na escuta acolhedora, no desenvolvimento do vínculo terapêutico e
na integração do ser humano com o meio ambiente e a sociedade (BRASIL, 2006).
Em 2017, o Ministério da Saúde incluiu 14 novas PICS na PNPIC e, em 2018
mais 10; entre elas a hipnoterapia, definida na Política como um conjunto de técnicas que,
pelo relaxamento e concentração, induz a pessoa a alcançar um estado de consciência
aumentado que permite alterar comportamentos indesejados. Dentre esses, é possível
alterar estados de medo, fobias, insônia, depressão, angústia e estresse, bem como, é uma
estratégia não farmacológica que atua especialmente na modulação dolorosa (BRASIL,
2018; MACIEL, 2019).
Apesar do longo legado que a hipnoterapia deixou em registros na clínica médica,
sua eficácia na redução da dor ainda é bastante discutida. A enfermeira, como profissional
envolvida no cuidado e acompanhamento do paciente 24 horas, é uma agente em

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potencial para utilizar técnicas não farmacológicas para reduzir a dor, dentre elas, a
hipnose.
Contudo, é notório o desconhecimento e preconceito acerca dessa prática por parte
da maioria dos profissionais da saúde. No Brasil, entre as profissionais enfermeiras, essa
insciência é percebida na escassez de hipnoterapeutas e na carência de especializações
em hipnose clínica, resultando em um déficit na produção acadêmica acerca do tema, na
necessidade dos profissionais em adquirir sua especialização em outros países e
informações praticamente restritas aos bancos de dados internacionais.
Nesse estudo consideramos como definição de hipnoterapia a prática da hipnose
usada na clínica por diversos profissionais da área da saúde, desde que preconizado pelos
seus respectivos conselhos, e hipnoanalgesia como uma constituinte da hipnoterapia com
foco na diminuição/eliminação da dor. Dito isso, e compreendendo que a Enfermeira pode
utilizar-se da hipnose, mas com segurança e elementos que fundamentem sua eficácia,
constituiu-se a pergunta norteadora “O uso da hipnose é eficaz para redução da dor??”

2 OBJETIVO
Identificar, a partir da metodologia da Prática Baseada em Evidencias, a eficácia
da hipnose como tratamento não farmacológico na redução da dor.

3 REVISÃO DE LITERATURA
3.1 A HIPNOSE E SEUS EFEITOS NO CÉREBRO
Embora as práticas identificadas como semelhantes à hipnose sejam rastreadas
desde os tempos antigos, o termo hipnose tem sua origem atribuída a James Braid (1785-
1860) que inicialmente a considerou como uma forma de "sono nervoso". Apesar do
"hipnotismo" ter sido derivado da palavra grega antiga “hypnos” que significa sono, mais
tarde passou a entender que hipnose não era sinônimo de sono, mas sim um estado de
consciência, em algum lugar; entre vigília e sono, caracterizado por atenção concentrada
e sustentada (GAULD, 1992; ELKINS, 2015; BRAID, 1853).
O conceito de hipnose gerou muita confusão durante séculos, bem como a
definição de outros termos, como indução hipnótica, hipnotizabilidade e hipnoterapia,
devido ao não total conhecimento da sua natureza e dos mecanismos subjacentes. Após
várias controvérsias nas definições e por nenhuma delas resultarem em uma definição
clara e concisa do termo, a Divisão 30 da Associação Americana de Psicologia (APA),

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em 24 de março de 2014 aprovou, por unanimidade, uma definição revisada (ELKINS,


2015). Sendo esta:
● Hipnose: Um estado de consciência que envolve atenção concentrada e
consciência periférica reduzida, caracterizada por uma capacidade aprimorada de
resposta a sugestões;
● Indução hipnótica: Um procedimento projetado para induzir hipnose;
● Hipnotizabilidade: A capacidade de um indivíduo de experimentar alterações
sugeridas na fisiologia, sensações, emoções, pensamentos ou comportamento
durante a hipnose;
● Hipnoterapia: O uso da hipnose no tratamento de um distúrbio ou preocupação
médica ou psicológica.
A hipnose, segundo Spiegel (1991), é vista como um estado de atenção
concentrada, envolvendo concentração focal e absorção interna com uma suspensão
relativa de periféricos da consciência, que apresenta três componentes:
● Absorção: Tendência a se envolver plenamente em uma experiência perceptiva,
imaginativa ou ideacional;
● Dissociação: Separação mental de componentes da experiência que normalmente
seriam processados juntos;
● Sugestionabilidade: Capacidade de resposta a pistas sociais, levando a uma maior
tendência a cumprir as instruções hipnóticas, representando uma suspensão do
julgamento crítico.
A hipnose incorpora vários componentes, como relaxamento, atenção
concentrada, imagens, processamento interpessoal e sugestões (JENSEN E
PATTERSON, 2015). Alguns pesquisadores acreditam que a hipnose está relacionada a
um estado alterado de consciência, enquanto outros assumem que esses fenômenos
podem ser explicados por conceitos psicológicos, como expectativas clínico-paciente
(VANHAUDENHUYSE, 2013).
Compreende-se que a hipnose tem o poder de modular circuitos cerebrais. O
relaxamento e a absorção hipnótica levam à ativação do córtex cingulado anterior (CCA),
córtex somatossensorial e motor, bem como uma diminuição da perfusão dos lobos
temporais. O relaxamento também é paralelo ao aumento da perfusão do córtex occipital
e da redução da perfusão no tronco cerebral, cerebelo, tálamo, ângulos basais e córtex
pré-frontal, enquanto a absorção é paralela ao aumento da perfusão do tronco cerebral,

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córtex pré-frontal e diminuição da perfusão occipital (FACCO, 2016; RAINVILLE,


1999; RAINVILLE, 2003).
Contudo, o relaxamento e a absorção hipnótica estão longe de ser a mesma coisa.
De fato, a hipnose é uma atividade mental dinâmica muito complexa, onde uma ampla
gama de padrões cerebrais pode ser detectada de acordo com tarefas específicas. A
hipnose tem a capacidade de ativar o córtex cingulado, uma área crucial na percepção da
dor, monitoramento de conflitos entre estímulos incongruentes, excitação, atenção,
cognição, emoção, motivação e controle dos movimentos (FACCO, 2016; RAZ, 2005;
CASIGLIA, 2010).

3.2 HIPNOTERAPIA NA DOR


Estudos de resultados clínicos sobre dor aguda e crônica, bem como estudos
neurofisiológicos em laboratório, demonstraram que a hipnose é eficaz, além dos
tratamentos com placebo e que tem efeitos mensuráveis na atividade em áreas cerebrais
que se sabe estarem envolvidas no processamento da dor (JENSEN, 2014).
Sugestões hipnóticas para induzir uma experiência de dor em condições de
repouso, diferentemente da dor imaginada, ativam várias áreas do cérebro, incluindo
tálamo, ACC, ínsula, córtices pré-frontal e parietal, um centro semelhante a dor real. Por
outro lado, a analgesia hipnótica é mediada por uma mudança de ativação e conectividade
de várias áreas, incluindo aquelas pertencentes à neuromatriz da dor (córtices
somatossensoriais e pré-motores contralaterais, córtex parietal, córtex pré-frontal, ínsula,
putâmen, ACC estriado, amígdala e tálamo) (FACCO, 2016; DERBYSHIRE, 2004;
FAYMONVILLE, 2003; VANHAUDENHUYSE, 2009).
Além disso, instruções hipnóticas específicas podem permitir que se module
eletivamente a atividade dos componentes avaliativos-cognitivos ou motivacionais-
efetivos da neuromatriz da dor. Os efeitos da hipnose na neuromatriz e na percepção da
dor são complexos e podem variar de acordo com o protocolo hipnótico adotado. Como
resultado, só é possível moldar constantemente as principais áreas da neuromatriz da dor
ativada pela hipnose, onde o ACC desempenha um papel central (FACCO, 2016;
RAINVILLE, 1999).
Segundo um estudo não concluído, a hipnose em indivíduos altamente
hipnotizáveis permite uma analgesia completa, resultando na desativação do córtex
somatossensorial (FACCO, 2016). Estudos de Zachariae (1998) e Benedetti (2007)
relatam que a analgesia hipnótica não parece estar relacionada ao sistema opioide,

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diferentemente da analgesia placebo e da analgesia produzida por outras técnicas não


farmacológicas, como a acupuntura, sugerindo a hipótese da possibilidade de combiná-
las para obter efeitos máximos. Mas que, por outro lado, uma comunicação negativa tem
um efeito nocivo, levando ao aumento da percepção da dor, hiperalgesia e alodinia.

3.3 HIPNOSE COMO PRÁTICA DO PROFISSIONAL DA SAÚDE


É papel de todo profissional da área da saúde atuar na redução da dor, seja direta
ou indiretamente. A aplicação da hipnose clínica como atenuante da dor é executada com
êxito por diversos profissionais como odontólogos, médicos, psicológos e enfermeiras,
atribuindo a hipnose cada um à sua prática.
A hipnose é um recurso ilimitado e na odontologia é aplicada principalmente em
portadores de odontofobia a partir de sugestões hipnóticas que facilitam a assistência,
diminui a dor e proporcionam um maior conforto para aquele paciente. Essas sugestões
atuam na anestesia local, no controle salivar e do sangramento, como analgésico no pós-
operatória, no relaxamento da língua e da musculatura envolvida para tratamento de
trismos, no tratamento de luxação das articulações temporo-mandibulares, na adaptação
a próteses e na adaptação a aparelhos ortodônticos (DOMICIANO, 2008).
Na psicologia, a hipnose clínica tem uma gama de possibilidades na sua aplicação
podendo ser considerada a profissão que mais valoriza a hipnoterapia atualmente. Em um
estudo de Gonçalves (2019), na entrevista com diversos profissionais, psicólogos
hipnoterapeutas informaram que optaram pela hipnose pela necessidade de uma técnica
complementar e adicional à sua prática diária e para proporcionar um acompanhamento
psicoterapêutico aos seus pacientes. Relatam também que o uso da hipnoterapia tem mais
sucesso em casos de ataques de pânico, compulsividade alimentares, no desempenho
escolar ou profissional, nas fobias, quadros de ansiedade e conflitos diários, sendo uma
ótima ferramenta complementar a outras terapêuticas,
O uso na medicina e na enfermagem são muito semelhantes, tendo uma grande
aplicação no tratamento de câncer, durante a gestação e no parto, no tratamento de
transtornos mentais como ansiedade e síndrome do pânico, em procedimentos cirúrgicos
e na redução dos efeitos colaterais pós-operatórios, tais como a intensidade da dor e a
necessidade de medicação para dor e náusea como mostra Kekecs (2014). Na
enfermagem, a hipnose tem sido considerada uma intervenção da enfermeira estabelecida
pelo NIC 5920 podendo ser uma atuação independente ou em colaboração com outros
profissionais. De acordo com alguns estudos como o de Álvarez (2019) é possível elevar

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o limiar de dor ao nível da anestesia cirúrgica sem a necessidade de medicamentos,


devendo a enfermeira incorporar a hipnose clínica ao gerenciamento do cuidado.

4 METODOLOGIA
O presente estudo trata-se de revisão integrativa na qual foi utilizado o método da
Prática Baseada em Evidências (PBE) para a estruturação e análise dos resultados. A
PBE é uma metodologia difundida entre os profissionais de saúde que consiste na
utilização de evidências científicas para o auxílio na tomada de decisões sobre as
melhores condutas, assegurando a eficácia, a confiabilidade e a segurança nas práticas em
saúde (COFEN, 2015; SCHNEIDER, 2018).
Na sistematização da PBE, adotou-se o acrômio PICO – entendendo P referente
ao paciente, I relacionando-se à intervenção a ser avaliada, C para comparação entre as
intervenções e, O para outcomes ou desfechos (PEDROLO et al., 2009).
A pergunta norteadora do presente estudo foi “O uso da hipnose é eficaz para
redução da dor?”, considerando todos os pacientes (P) com dor (crônica ou aguda), sem
distinção de intensidade e frequência. A intervenção (I) foi o uso da hipnose, o
comparativo (C) foram outras formas de analgesia sem distinção (quando o estudo
apresentar comparativo) e os desfechos (O) foram os resultados apresentados sobre a
eficácia do uso.
Para identificar as melhores evidências, seguiram-se os critérios estabelecidos
pelo Centro de Medicina Baseada em Evidências da Universidade de Oxford, que
apresenta uma hierarquia para os trabalhos científicos encontrados, conforme Figura 1.

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Figura 1- Nível das evidências

Fonte: Adapatado de O CEBM Table of Evidence Working Group = Jeremy Howick, Iain Chalmers (James
Lind Library), Paul Glasziou, Trish Greenhalgh, Carl Heneghan, Alessandro Liberati, Ivan Moschetti, Bob
Phillips, Hazel Thornton, Olive Goddard and Mary Hodgkinson. The Oxford 2011 Levels of Evidence.

As evidências de nível I foram as consideradas para as buscas de evidências e


análise da PBE (revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados). Os artigos foram
da base de dados MEDLINE da Biblioteca Nacional de Medicina dos Estados Unidos,
utilizando-se das ferramentas de busca do PubMed. A escolha dessa base de dados é
pautada por ser uma das maiores em artigos na área biomédica.
Foram utilizados os descritores MeSH (Medical Subject Headings) utilizados para
indexar artigos do PubMed: hypnoses, hypnotherapy e anesthetic hypnoses associados ao
operador booleano AND a pain, cronic pain e acute pain.
Entre os critérios de inclusão, foram abrangidas ainda as seguintes características:
estudos realizados em seres humanos; textos completos e gratuitos, publicações dos
últimos 5 anos (2015 a 2020) por ser o período de tempo preconizado na metodologia
PBE e considerado satisfatório por abranger os estudos mais atualizados acerca do tema.
Este estudo incluiu também os artigos que tratavam de desconforto, entendendo como
sinônimo de dor.
Já nos critérios de exclusão foram descartados: artigos de evidências nível II, III,
IV e V; artigos que não relacionem a hipnoterapia com a dor; artigos que não responderam
à pergunta norteadora; estudos com ausência de mensuração quantitativa dos resultados
da dor; protocolos e estudos não concluídos; e, artigos que utilizaram a auto hipnose.

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A análise dos resultados seguiu as etapas da metodologia PBE e seus


pressupostos. Dessa forma, estão sistematizados em: Busca de Evidências, Resposta à
Questão Clínica, Análise Crítica dos Estudos e Tomada de Decisão, constituídos a partir
da análise dos desenhos dos estudos, objetivos, metodologia aplicada, vieses, resultados
e conclusões.

5 RESULTADOS E DISCUSSÃO
5.1 BUSCA DE EVIDÊNCIAS
Na busca de evidências, ao utilizar os descritores hypnosis, anesthetic hypnoses e
hypnotherapy associados a pain, acute pain e cronic pain foram encontradas 14
publicações. A identificação e seleção seguiu o fluxograma demonstrado na figura 2.

Figura 2- Seleção dos artigos

Fonte: Autoral

A partir dessa seleção elaborou-se o quadro 1 a seguir, com a caracterização dos


estudos em relação ao título/autoria, objetivo, método e pacientes que receberam a
intervenção.

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Quadro 1 – Caracterização dos estudos por título/autoria, objetivo, método e pacientes tratados,
2020.
PACIENTES
TITULO/AUTORIA OBJETIVO MÉTODO
TRATADOS
1. WILLIAMS, H.M; HUNTER, Avaliar a redução de sintomas de Revisão Crianças com
K; CLAPHAM, K; RYDER, C; dor e/ou ansiedade, angústia e sistemática. queimaduras.
KIMBLE, R; GRIFFIN, B. Efficacy and trauma em pacientes com
cultural appropriateness of psychosocial queimaduras pediátricas e seus
interventions for paediatric burn cuidadores após intervenções
patients and caregivers: a systematic psicossociais em aborígines e das
review. BMC Public Health. 2020. ilhas do Estreito de Torres
2. JONG, M,C; BOERS, I; VAN Comparar a eficácia de duas Ensaio clínico Crianças entre 9 e
WIETMARSCHEN, H.A. et al. técnicas mente-corpo, meditação randomizado. 18 anos, sofrendo
Hypnotherapy or transcendental transcendental ou hipnoterapia, de dor de cabeça
meditation versus progressive muscle com exercícios de relaxamento primária.
relaxation exercises in the treatment of muscular progressivo na dor de
children with primary headaches: a cabeça primária em pediatria.
multi-centre, pragmatic, randomised
clinical study. Eur J Pediatr. 2019.
3. CHI, B; CHAU, B; YEO, E; Investigar o efeito da terapia de Revisão Pacientes com
TA, P. Virtual reality for spinal cord Realidade Virtual na dor sistemática. lesão medular.
injury-associated neuropathic pain: neuropática associada à lesão da
Systematic review. Ann Phys Rehabil medula espinha em uma revisão
Med. 2018. sistemática.
4. BIRNIE, K.A; NOEL, M; Avaliar a eficácia de intervenções Revisão Crianças de 2 a 19
CHAMBERS, C.T; UMAN, L.S; psicológicas para dores e angústias sistemática. anos de idade
PARKER, J.A. Psychological relacionadas a agulhas em crianças submetidas a
interventions for needle-related e adolescentes. qualquer
procedural pain and distress in children procedimento
and adolescentes. Cochrane Database médico
Syst Rev. 2018. relacionado à
agulha.
5. AMRAOUI, J; POULIQUEN, C; Avaliar a eficácia de uma sessão Ensaio clínico Mulheres
FRAISSE, J. et al. Effects of a Hypnosis de hipnose no pré-operatório para randomizado. agendadas para
Session Before General Anesthesia on reduzir a dor no seio pós- cirurgias menores
Postoperative Outcomes in Patients operatória em pacientes de câncer de
Who Underwent Minor Breast Cancer submetidas a pequenas cirurgias mama.
Surgery: The HYPNOSEIN de câncer de mama.
Randomized Clinical Trial. JAMA
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LARSEN, P. et al. Randomized atenção plena ou sugestão randomizado. que relataram dor
Controlled Trial of Brief Mindfulness hipnótica reduziria aguda.
Training and Hypnotic Suggestion for significativamente a Intensidade
Acute Pain Relief in the Hospital da dor aguda e o desagradável em
Setting. J Gen Intern Med. 2017. comparação com uma condição de
controle da psicoeducação.
7. BATAILLE, A; BESSET, S; Avaliar o impacto de uma sessão Ensaio clínico Pacientes adultos
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preoperative conversational hypnotic propofol para indução anestésica. um procedimento
session on propofol consumption using cirúrgico sob
closed-loop anesthetic induction guided anestesia geral.
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2017.
8. RAMÍREZ-CARRASCO, A; Avaliar a eficácia da hipnose Ensaio clínico Crianças que
BUTRÓN-TÉLLEZ, G.C; SANCHEZ- combinada com técnicas randomizado. nunca receberam
ARMASS, O; PIERDANT-PÉREZ, M. convencionais de gerenciamento atendimento
Effectiveness of Hypnosis in odontológico e

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Combination with Conventional de comportamento durante que receberiam


Techniques of Behavior Management in anestésico de infiltração. um anestésico
Anxiety/Pain Reduction during Dental local no primeiro
Anesthetic Infiltration. Pain, Res atendimento.
Manag. 2017.
9. ABBOTT, R.A; MARTIN, A.E; Determinar a eficácia de Revisão Crianças e
NEWLOVE-DELGADO, T.V. et al. intervenções psicossociais para sistemática. adolescentes com
Psychosocial interventions for recurrent reduzir a dor em crianças em idade dor abdominal
abdominal pain in childhood. Cochrane escolar com dor abdominal recorrente.
Database Syst Rev. 2017. recorrente.
10. PETERS, S.L; YAO, C.K; Comparar os efeitos da Ensaio clínico Pacientes com
PHILPOTT, H; YELLAND, G.W; hipnoterapia direcionada ao randomizado. síndrome do
MUIR, J.G; GIBSON, P.R. intestino com a dieta baixa em intestino irritável.
Randomised clinical trial: the efficacy fermentação de oligossacarídeos,
of gut-directed hypnotherapy is similar dissacarídeos, monossacarídeos e
to that of the low FODMAP diet for the polióis sobre sintomas
treatment of irritable bowel syndrome. gastrointestinais e índices
Aliment Pharmacol Ther. 2016. psicológicos e avaliar os efeitos
aditivos.
11. MADDEN,, K; MIDDLETON, P; Examinar a eficácia e a segurança Revisão Mulheres em
CYNA, A.M; MATTHEWSON, M; da hipnose no tratamento da dor sistemática. trabalho de parto.
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childbirth. Cochrane Database Syst
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12. CORMAN, I; BOUCHEMA, Y; Determinar o valor aditivo da Ensaio clínico Pacientes com
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Geriatr. 2016. intensidade.
14. KISELY, S.R; CAMPBELL, L.A; Avaliar os efeitos de intervenções Revisão Pessoas que
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specific chest pain in patients with no peito inespecífica.
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Nos anos 2016 e 2017 ocorreram mais publicações (4 publicações cada ano)
seguidos por 3 publicações no ano de 2018 e 1 publicação nos demais anos. Todos os
estudos foram publicados em periódicos internacionais e não houve publicações de
autores brasileiros.
Esse contexto demonstra que são estudos atuais sobre a aplicabilidade da
hipnoterapia, porém ainda escassos, tendo em vista que a técnica é utilizada há bastante
tempo e está incluída na prática de diversos profissionais da área da saúde (FERREIRA,
2003).

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No Brasil, ainda não despontam pesquisas na área, o que pode ser explicado pela
hipnoterapia ter sido recentemente incluída no rol das Práticas Integrativas e
Complementares no SUS em 2018 (BRASIL, 2018). Por outro lado, temos registro de
estudos anteriores ao escopo da pesquisa acerca da aplicação da hipnose na dor torácica
não cardíaca de Domingos e Morais Filho (2006), da analgesia adjuvante e alternativa de
Vale (2010), dentre outros.
Entre as 14 publicações, 6 eram revisões sistemáticas e 8 ensaios clínicos
randomizados (ECR). Na metodologia de análise PBE, as revisões sistemáticas são as que
melhor representam evidências, pois são elaboradas a partir de um conjunto dos
resultados de ensaios clínicos randomizados. Já os ECR são os estudos de base para a
aplicabilidade do que se quer evidenciar como proposta terapêutica e necessários para
compor o arcabouço das futuras revisões sistemáticas (SOARES, 2015).
A maior parte dos estudos avaliou a dor aguda em situações de procedimentos
cirúrgicos. O enfoque maior das intervenções foi com o público de crianças com 5 estudos
(1,2,4,8,9); após 2 estudos com mulheres (5,11); 1 com idosos (13); e, 6 estudos com
pacientes adultos em diferentes contextos (3,6,7,10,12,14).
As intervenções quando se dão com um público de características semelhantes
promove maior robustez nas evidências e validação, reforçando a eficácia da terapêutica
testada. Já a variabilidade do público, é interessante quando a primeira está mais
consolidada, pois mede a efetividade e o impacto da intervenção (PEREIRA, GALVÃO,
SILVA, 2016).

5.2 RESPOSTA A QUESTÃO CLÍNICA


A resposta à questão clínica vincula-se a eficácia da intervenção que se quer
comprovar através dos resultados e desfechos apontados pelos autores dos estudos. Sendo
assim, com a análise dos desfechos, obtivemos evidência inconclusiva à questão clínica
no estudo de Ramírez-Carrasco et al (2017), que apesar de uma diferença estatística
marginal ser encontrada na frequência cardíaca entre o momento basal e o anestésico,
sendo menor no grupo hipnótico, não foram encontradas diferenças estatisticamente
significativas para a dor.
Já na revisão sistemática de Williams et al (2020) sobre a eficácia das terapias
psicossociais (preparação processual e distração, realidade virtual, musicoterapia, terapia
de vida infantil e gerenciamento do estresse e a hipnoterapia) na redução da dor, apesar
dos autores apontarem uma redução dos níveis de dor durante a terceira mudança de

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curativo, redução da ansiedade pré-remoção da segunda e terceira mudança de curativos


e redução significativa da gravidade do comprometimento do trauma auto relatado pelo
paciente com a hipnoterapia, em comparação ao tratamento padrão de cada estudo, não
houve comparação específica dos métodos e as evidências não foram conclusivas.
O mesmo ficou evidente na revisão sistemática de Madden et al (2016). Apesar
de um estudo constar que as mulheres do grupo hipnose apresentaram escores médios de
dor menores do que as do grupo controle, outro estudo maior não encontrou diferença na
memória da dor do parto. Haviam evidências mistas sobre os benefícios da hipnose para
intensidade da dor, satisfação com a experiência do parto e sintomas depressivos pós-
natais. Os dados dos estudos estavam disponíveis para análise, mas eles não puderam ser
combinados devido a diferenças nos métodos de medição. Os autores evidenciam que,
apesar dos poucos estudos avaliando o uso da hipnose no trabalho de parto e parto, pode-
se afirmar que a hipnose reduz o uso geral de analgesia durante o trabalho de parto, mas
não o uso peridural, apontando a necessidade de mais pesquisas de alta qualidade para
avaliar completamente sua utilidade clínica para o manejo da dor no cuidado à
maternidade.
A revisão sistemática de Kisely et al (2015) que compara a hipnoterapia com a
terapia de relaxamento, controle de hiperventilação,
psicoterapia/conversação/aconselhamento, grupo controle (cuidado padrão/placebo) e
grupo sem intervenção também apresentou evidências inconclusivas em comparação as
outras terapias, mas apresentou evidência favorável em relação aos grupos controles. Na
revisão, mostra que a hipnoterapia apresentou taxas de melhora geral na dor, mas os
autores afirmam que essas conclusões são limitadas por alta heterogeneidade nos
resultados e baixo número de participantes nos estudos individuais.
Já o estudo de Jong et al (2019) que comparou a hipnoterapia e a meditação
transcendental ou exercícios de relaxamento muscular progressivo, e a revisão sistemática
de Birnie et al (2018) sobre os efeitos da distração, da terapia cognitivo-comportamental
combinada, da hipnose, da preparação/informação, da respiração, da sugestão e da
alteração de memória na redução da dor de crianças e adolescentes, apesar de
apresentarem resposta clínica favorável, as evidências são relativas.
O primeiro evidenciou uma redução de > 50% dos dias de dor de cabeça em 41%
das crianças diretamente após o tratamento e em 47% nos 9 meses de acompanhamento
no grupo da hipnoterapia e os autores concluíram que as 3 técnicas não farmacológicas,
adicionadas aos cuidados médicos padrão, reduzem efetivamente o número de cefaleias

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primárias em crianças sem eventos adversos, porém não foram conclusivos em


demonstrar a especificidade da hipnoterapia. Já no segundo, apesar das evidências de
baixa qualidade para dor auto relatada, sofrimento auto relatado e medidas
comportamentais de dor e sofrimento, os ensaios apoiam a eficácia e o uso da hipnose
para dor e angústia e reafirmam a necessidade de pesquisas adicionais avaliando a eficácia
da hipnose administrada por diferentes profissionais em diferentes ambientes pediátricos
uma vez que a maioria desses ensaios é publicada por um único grupo de pesquisa,
predominantemente em crianças com câncer.
Outra evidência relativa foi o ensaio clínico de Bataille et al (2017) uma vez que
apresentou a diminuição na hetero-avaliação do movimento do braço no grupo da hipnose
tanto durante a injeção de propofol quanto na reação facial na colocação do acesso
venoso, mas os autores não observaram diferença no consumo de propofol para avaliar o
efeito de uma sessão hipnótica de conversação na indução da anestesia usando uma
ferramenta automatizada para administração de propofol. Assim, afirmam apenas a
redução nas reações aos estímulos dolorosos pré-anestésicos e à ansiedade.
Um estudo de Chi et al (2018) com terapias de realidade virtual (ilusão virtual,
caminhada virtual, treinamento aumentado de realidade virtual; caminhada virtual e
estimulação transcraniana por corrente contínua e hipnose de realidade virtual) na
redução da dor neuropática evidenciou que o alívio da dor foi relatado após cada sessão,
com redução média da intensidade da dor na escala de estimativa numérica de 36% e
desagradável de 33% com o uso da hipnose. A duração média da analgesia após as sessões
foi de 3,9 horas sem dor e 12,2 horas com dor reduzida. Os resultados sugerem que,
embora o uso da hipnose de realidade virtual seja limitado a analgesia de curto prazo, ele
pode fornecer horas de redução da dor por sessão. Os autores afirmam que o estudo é
limitado pela qualidade da evidência, mas que a realidade virtual mostra promessa no
aumento da terapia de hipnose para a dor. Apesar o viés de comparação entre as terapias,
pode-se concluir que o estudo apresenta evidência relativa uma vez que apresenta resposta
clínica favorável a diminuição da dor.
No estudo de Peters et al (2016), na comparação entre dieta baixa em FODMAP
(sigla em inglês para carboidratos de cadeia curta que são mal absorvidos no intestino
delgado e são propensos a absorver água e fermentar no cólon) e a hipnoterapia, os autores
concluíram que todos os sintomas individuais melhoraram em cada grupo de tratamento
e que os efeitos duráveis da hipnoterapia direcionada ao intestino são semelhantes aos da
dieta baixa em FODMAP para alívio dos sintomas gastrointestinais, mas a hipnoterapia

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tem eficácia superior à dieta em índices psicológicos. Assim, a resposta clínica é favorável
considerando os fatores psicológicos.
Ao contrário do estudo de Amraoui et al (2018) que pontuou a dor na mama
significativamente mais alta pelas pacientes no braço da hipnose, mas ambas tiveram
necessidade semelhante de analgesia de resgate, não resultando em um maior consumo
de analgésicos. A fadiga foi significativamente menor no grupo de hipnose no final da
cirurgia. Os resultados deste estudo não mostram nenhum benefício de uma curta sessão
de hipnose perioperatória na dor pós-operatória em mulheres elegíveis para uma pequena
cirurgia de câncer de mama. No entanto, concluem que a hipnose parece ter outros
benefícios em relação à fadiga e à ansiedade justificando a necessidade de novos estudos.
A resposta clínica não é favorável ao uso da hipnose para redução da dor pós-operatória
mas apresenta efeito relativo na fadiga e ansiedade.
No estudo avaliando a atenção plena, sugestão hipnótica e a psicoeducação de
Garland et al (2017), a hipnose reduziu a dor em 29%. Os autores afirmam que
intervenções programadas mente-corpo podem ser um complemento útil para o
tratamento da dor em pacientes internados e podem ser integradas de maneira econômica
no atendimento médico padrão, apresentando resposta clínica favorável a redução da dor.
Outros estudos apresentaram desfecho positivos para a hipnoterapia, como o
estudo comparando a terapia cognitivo-comportamental (TCC), hipnoterapia, ioga e auto
divulgação escrita na redução da dor abdominal recorrente em crianças e adolescentes de
Abbott et al (2017). A hipnoterapia apresentou o maior sucesso na redução da intensidade
da dor em comparação as outras terapias e o único estudo de efeito a longo prazo relatou
benefício contínuo da hipnoterapia em comparação aos cuidados usuais após cinco anos,
com 68% relatando sucesso do tratamento em comparação com 20% dos controles.
Na comparação da hipnose com o grupo controle do ensaio de Corman et al
(2016), a hipnose também reduziu significativamente o desconforto do paciente se
mostrando mais eficaz. Os autores concluíram que a hipnose pode ser um método
alternativo ou complementar de melhorar significativamente o conforto do paciente
durante o ecocardiograma transesofágico, em pacientes que, de outra forma, receberiam
apenas anestesia tópica e classificam o processo como seguro e promissor em termos de
ajudar a reduzir os efeitos colaterais. Outro estudo que apresentou resposta clínica
favorável ao uso da hipnose foi de Ardigo et al (2016) que evidencia que a intensidade da
dor crônica diminuiu significativamente após as sessões de hipnose, mostrando que a
hipnose teve um efeito analgésico mais prolongado em comparação à massagem durante

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toda a internação. Os autores afirmam que a hipnose pode ser uma ferramenta valiosa no
tratamento da dor crônica e sugerem que os profissionais de saúde que cuidam de
pacientes idosos com dor crônica devem ser treinados nessa modalidade de tratamento,
para que possam ser aplicados em conjunto com o tratamento farmacológico.
As publicações apontam em sua maioria efeitos favoráveis ou relativamente
favoráveis ao uso da hipnose para redução da dor. A resposta clínica efetiva foi apontada
em 5 publicações é substancial para inferir que a hipnoterapia causa efeito positivo na
redução da dor. Todos estudos classificados com resposta clínica relativa demonstram um
grau de eficácia da hipnoterapia, bem como, os 3 estudos de resposta clínica inconclusiva
e o estudo não favorável que, apesar de não trazerem dados estatísticos significantes para
o uso da técnica de hipnose na dor, apontam que esta tem algum efeito positivo na dor ou
traz desfechos secundários com redução de fadiga e ansiedade.

5.3 ANÁLISE CRÍTICA DOS ESTUDOS


A etapa de análise crítica dos estudos prevê avaliar metodologicamente os estudos,
a sua operacionalização e aspectos éticos, no intuito de identificar possíveis vieses na
estruturação, condução aos resultados e generalizações com validade interna e externa
(PEDROLO et al, 2009).
Nos ensaios clínicos é importante avaliar a seleção de população e amostra, grupo
de comparação, randomização, cegamento, desfecho e análise estatística. As
comparações da hipnose com placebo, no caso de dor, não são adequadas por haver outros
tipos de analgesia. A randomização é necessária, pois representa a semelhança na
probabilidade de alocação do grupo controle e de intervenção na distribuição homogênea
das variáveis e controle de fatores de confusão. O ideal é a ocultação da alocação para
reduzir viés de seleção e o cegamento na aplicabilidade da intervenção, que minimiza
tendenciosidade (PEREIRA, GALVÃO, SILVA, 2016).
Na análise estatística é importante a apresentação dos intervalos de confiança e
medidas, pois o valor de p value apenas distancia ou aproxima o resultado da hipótese
nula, mas não quantifica se uma intervenção é melhor ou pior que outra e em que grau de
confiabilidade (PEDROLO et al, 2009)
Os aspectos éticos são imprescindíveis para dimensionar a benesse ou o risco de
uma intervenção e os participantes precisam ter ciência dessa questão, bem como, um
comitê de avaliação ética é importante para dirimir riscos desnecessários e proteger os
participantes (PEREIRA, GALVÃO, SILVA, 2016).

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Tendo em vista essas considerações, ao analisar os ensaios clínicos, todos foram


com seleção aleatória randomizada. A randomização computadorizada foi explicitada
somente nos ensaios de Jong et al (2019) Corman et al (2016), Peters et al (2016) e Ardigo
et al (2016).
Os tamanhos amostrais foram calculados por intenção de tratar, utilizando-se no
grupo controle outra intervenção já testada para redução de dor, ou seja, nenhum estudo
utilizou placebo. Mesmo em estudos que comparavam mais de uma terapêutica com a
hipnose, sempre havia um grupo controle com intervenção clássica, como por exemplo,
uso de analgésicos.
O ensaio clínico de Peters et al (2016), diferente dos demais, não utilizou-se de
cegamento, o que condiciona um viés importante para os resultados apresentados.
Em relação a mensuração dos resultados frente à rejeição da hipótese nula, todos
seguiram a tendência da maioria dos estudos na área da saúde, que considera p value <
0,05. Contudo, o poder estatístico, que é a medida da confiança em detectar o efeito da
hipnose, citado em todos os estudos, considerou 80% nos ensaios de Jong et al (2019),
Garland et al (2017) e Peters et al (2016). Bataille et al (2017) considerou 90% e os demais
95%. É importante ressaltar que o poder estatístico vincula-se a intenção de tratar e o
alcance de 95% é um limiar bastante alto, como definem Pereira, Galvão e e Silva (2016).
Não foi possível identificar se os estudos que apresentaram esse valor referiam-se
realmente a esse alcance ou foi um equívoco metodológico de confundimento com o
intervalo de aleatoriedade considerado para rejeição ou aceite de hipótese nula.
Os testes estatísticos para análise foram diversos, mas seguiram os formatos e
estruturas operacionais condizentes com os objetivos propostos, como por exemplo, a
preocupação na análise de distribuição normal e escolha de teste apropriado, assim como,
utilização de testes de comparação de grupos com modelos de regressão logística,
produzindo maior confiabilidade. Todos os testes foram operacionalizados com o uso de
software estatístico de mensuração quantitativa, o que proporciona maior credibilidade.
Em relação aos aspectos éticos, fica clara a observância dos critérios de
beneficência e risco elencados pelos autores, apesar se serem sucintos na descrição dos
mesmos.
No que se refere às revisões sistemáticas, como o intuito é de sumarizar os
resultados de um conjunto de ensaios clínicos randomizados, é importante utilizar-se da
meta-análise que resulta de uma nova medida de associação (PEREIRA, GALVÃO,
SILVA, 2016). Como procura-se avaliar o efeito da hipnose na redução da dor, as

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conclusões das revisões sistemáticas possuem um peso maior para a futura tomada de
decisão.
Contudo, para essas revisões seguir os padrões de análise também são de extrema
importância. Elas devem ser conduzidas com seleção independente, realizada pelo menos
por 2 pesquisadores, em várias bases de dados, com extração independente. A avaliação
da qualidade metodológica deve estar incluída e a análise de confundimento também,
considerando as diferenças dos estudos e fontes de heterogeneidade. O peso dos estudos
é calculado e demonstra-se se uma intervenção possui muita ou pouca variância; quanto
maior a variância, menor o peso e menor a constatação da eficácia da intervenção
(PEREIRA, GALVÃO, SILVA, 2016).
Todas as revisões sistemáticas analisadas foram registradas nas bases de Revisões
Sistemáticas como a Colaboração Cochrane, seguiram seus critérios e utilizaram-se de
escalas e outros instrumentos para mensuração dos resultados, portanto suas estruturas
metodológicas e operacionais possuíam credibilidade e qualidade. Os ensaios clínicos,
portanto, abarcados nessas revisões foram rigorosamente analisados, mas os autores
trazem a ressalva que possuíam heterogeneidade nas suas estruturas metodológicas o que
pode implicar na variabilidade dos pesos considerados.

5.4 TOMADA DE DECISÃO


No que diz respeito a saúde é comum o surgimento de inúmeras inovações. Para
isso, a tomada de decisão necessita estar pautada em princípios científicos, a fim de
selecionar a intervenção mais adequada, uma vez que existem diferenças entre esperar
que estes avanços tenham resultados positivos e verdadeiramente saber se eles funcionam
(SCHMIDT E DUNCAN, 2003). Esse movimento na prática baseada em evidências
surge como um elo que interliga os resultados da pesquisa e sua aplicação prática, uma
vez que conduz a tomada de decisão no consenso das informações mais relevantes para o
melhor cuidar (PEDROLO et al,2009).
Em relação a tomada de decisão, é importante considerar a triangulação da busca
de evidências, a resposta à questão clínica e a análise crítica dos estudos. Sendo assim, na
busca de evidências foram considerados: estudos atuais dos últimos 5 anos para garantir
maior atualização das evidências encontradas; base de dados confiável como a PUBMED
por ser uma das maiores em artigos na área biomédica; e, inclusão de estudos com nível
de evidência I, ou seja, apenas revisões sistemáticas e ensaios clínicos randomizados
garantindo maior confiabilidade dos dados. Os estudos foram metodologicamente

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estruturados e conduzidos com rigor científico apropriado, produzindo desfechos e


resultados pertinentes aos seus objetivos, permitindo inferir que possuíam validade
interna e externa.
Quanto à resposta clínica: 5 estudos foram favoráveis, 5 apresentaram evidências
relativas, 3 apresentaram evidências inconclusivas e 1 estudo não foi favorável a eficácia
da hipnoterapia na redução da dor. Dos estudos favoráveis, 1 era revisão sistemática e 4
ensaios clínicos randomizados, já os estudos com evidências relativas eram compostos
por 3 revisões sistemáticas e 2 ensaios clínicos randomizados. Os que tiveram resposta
clínica inconclusiva foram 2 revisões sistemáticas e 1 ensaio clínico randomizado e, por
fim, o estudo que demonstrou não ser favorável ao uso da hipnoterapia para redução da
dor foi um ensaio clínico randomizado.
Considerando essa conjuntura e o nível de importância das revisões sistemáticas,
podemos afirmar que a hipnoterapia possui evidências relativas, na sua maior parte, para
a redução da dor. Os autores enfatizam que há necessidade de aprimorar as pesquisas
nesse campo. Nas revisões sistemáticas, em especial, é apontado que os métodos
utilizados são heterogêneos, o que inclina as evidências para essa relatividade, tornando-
se necessário constituir estruturas metodológicas mais alinhadas para permitir a
replicação. Sendo assim, a tomada de decisão não possui subsídios para apontar o uso da
hipnoterapia na redução de dor.

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Esse estudo objetivou responder, a partir da metodologia da Prática Baseada em
Evidencias, à pergunta “O uso da hipnose é eficaz para redução da dor? ”. Dito isso,
consideramos que o objetivo proposto foi alcançado. Com a análise pela PBE pode-se
afirmar que a hipnoterapia tem eficácia na redução da dor em diferentes contextos e
intensidades, porém essa eficácia ainda não é bem definida. A heterogeneidade
metodológica, como falta de mensuração ou não padronização de uma escala de medição,
baixo número de participantes em alguns estudos, revisões sistemáticas agregando um
número pequeno de estudos, entre outros, limitou a qualidade das evidências e tornou-as
relativas ou até mesmo inconclusivas, refletindo na tomada de decisão.
Os estudos encontrados foram suficientes para a elaboração desse artigo, não
havendo assim a necessidade de adotar um escopo de anos maior. Uma das limitações
dessa pesquisa foi incluir apenas os estudos completos gratuitos e utilizar apenas uma
base de dados. Incluir as publicações com custo e outras bases aumentaria o número de

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publicações analisadas. Optar por não incluir textos que tratassem de auto hipnose
também reduziu o total de estudos, porém entende-se que a auto hipnose apresenta uma
metodologia diferente de aplicação e análise e englobar esses estudos junto aos de
hipnoterapia causariam adversidades na comparação.
Muitos estudos sinalizaram os benefícios da hipnoterapia na redução da ansiedade
e do desconforto, como fadiga e náuseas. Assim, considera-se importante avaliar em
outras pesquisas o impacto da hipnose em sintomas secundários associados a dor.
Registra-se também que são necessários estudos maiores envolvendo outros contextos,
como por exemplo a aplicabilidade da hipnoterapia em situações de emergência como o
trauma, a fim de avaliar a eficácia da hipnose clínica em diferentes intensidades de dor.
Por fim, alerta-se aos profissionais da área da saúde que negligenciam as Práticas
Integrativas e Complementares, em especial a hipnoterapia, devido à falta de
conhecimento e ao preconceito: a assistência integral ao usuário se faz mediante constante
atualização profissional, portanto revisitar a literatura e pautar sua assistência em práticas
baseadas em evidências é essencial.
Ressalta-se também que é importante a enfermeira se apropriar de medidas não
farmacológicas, como a hipnoterapia, tendo em vista que são as profissionais que
permanecem o maior tempo em cuidado aos usuários/pacientes e o caráter prescritor de
analgésicos é limitador de sua atuação.

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