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Olá Paula,

Não quero te sobrecarregar de atividades, mas temos um material tão bom que é uma pena
desperdiça-lo...

Assim que puder, dê uma lida neste texto e deixe a sua impressão sobre ele lá no nosso fórum
(escolha o que achar mais adequado).

Um abraço,
 
Carmen
 
Carmen L.T.M Conti - Franca/SP
carmen.ae@uol.com.br
Aprender a Empreender pela Internet
http://educacao.sebrae.com.br
suportesebrae@open-school.com

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O mal do século

Artigo de Dailton Felipini *


Boletim RHO Empreendedor - Fevereiro/2004

Todo começo de semestre é a mesma coisa: aquela multidão de olhos acompanhando a


entrada do professor no primeiro dia de aula. Olhos alegres, aborrecidos, atentos,
esperançosos, desconfiados, cansados... mas todos refletindo um sonho comum: arrumar um
bom emprego ao final do curso. E é justamente aí, que a coisa pega.

Anualmente cerca de um milhão e meio de jovens são lançados no mercado de trabalho, boa
parte dos quais, vai engrossar as estatísticas como desempregado. O índice de desemprego
elaborado pelo IBGE (PME) em julho apontava para 12,8% ou seja, quase 5 milhões de
desempregados nas principais regiões metropolitanas do Brasil. Outros órgãos apresentam
números ainda maiores. A frieza econômica equaciona o problema da seguinte forma: oferta de
emprego muito menor do que a demanda. Possíveis causas: globalização que traz para o país
produtos mais baratos em detrimento da industria nacional, ainda não preparada para a
competição; desenvolvimento tecnológico que substitui homens por máquinas ou
computadores em trabalhos de menor valor intelectual; diminuição nas taxas de crescimento, o
que impede a plena absorção da nova mão de obra gerando neodesempregados; e vai por ai
afora. Sem dúvida, todos esses fatores tem relação com o problema em maior ou menor grau,
mas no caso brasileiro, um aspecto chama a atenção. O Brasil penaliza a geração de
empregos! Nós devemos ser no mundo, o país que mais onera a folha de pagamentos das
empresas com impostos, taxas, burocracia, normas... e coisas do gênero. E isso é um grande
estímulo a não contratação.

Os números saltam aos olhos: bem menos da metade dos trabalhadores tem carteira assinada.
Só não vê quem não quer. E diferentemente dos problemas citados inicialmente que são
estruturais e nem sempre dependem de nossa vontade para serem resolvidos, trata-se aqui de
um problema de legislação que pode ser modificado pelos nossos representantes, se assim o
quiserem. Li dias atrás, um interessante artigo do professor Marcos Cintra no qual ele propunha
a desoneração de encargos sobre a folha de pagamentos em troca de um aumento de 0,5% na
CPMF. A idéia é estimular a geração de empregos e renda, através da troca da tributação do
trabalho pela tributação da economia informal. Sem entrar no mérito da proposta, acho que ela
coloca o dedo na ferida ao apontar uma importante causa do desemprego e oferecer uma
solução, portanto deveria ser aprofundada e debatida com seriedade.

Voltando aos jovens do início do artigo, existe um descompasso muito grande entre as
expectativas e a realidade que os espera no mercado. Os pais se esforçam para pagar uma
boa escola para que os filhos possam no futuro conseguir um bom e estável emprego, a
Universidade os prepara para serem bons empregados, a família os cobrará por um salário
todo fim do mês com carteira assinada, férias, 13º e Fundo de Garantia. Mas emprego é
definitivamente um espécime em extinção o que torna crucial uma mudança de enfoque.
Devemos pensar menos em emprego e mais em trabalho. O importante é adquirir o
conhecimento que vai gerar valor no mercado, não importando a forma com a qual esse
conhecimento é transacionado, se através de carteira, consultoria, terceirização, contrato de
compra e venda de serviço... ou outra. A verdade é que com a intenção de ajudar, o governo é
um grande atravessador nas relações entre o comprador e o vendedor de trabalho, ele fica com
metade do valor transacionado, e pior de tudo, usa pessimamente esses recursos. Acho que os
jovens devem sempre pensar como empreendedores, ser donos de seu destino, nunca
abandonar um sonho por medo de se arriscar num empreendimento. O Brasil está cheio de
oportunidades, não só na Internet mas também em diversos outros setores como agroindústria,
exportação, turismo.. entre outros e, além disso, mesmo que se trabalhe como empregado para
uma empresa, é importante sempre pensar nela como se fosse dono. Na pior das hipóteses
será um bom treino para quando isso realmente vier a ocorrer.

* Dailton Felipini é mestre em Administração pela Fundação Getúlio Vargas, consultor e


professor de Planejamento e Gestão de Empresas Pontocom na Universidade Ibirapuera e
editor do site: www.e-commerce.org.br.

Março/2004

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