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3º Trim.

de 2020: OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a


reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias

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3º Trimestre de 2020 - CPAD
OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a reconstrução de
Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias
Comentários da revista da CPAD: Eurico Bérgsten
Comentário: Ev. Caramuru Afonso Francisco

ESBOÇO Nº 5
LIÇÃO Nº 5 – ZOROBABEL RECOMEÇA A CONSTRUÇÃO DO TEMPLO
A reconstrução do templo resultou de um despertamento espiritual.

INTRODUÇÃO
- Na sequência do estudo do período da formação da “Comunidade do Segundo Templo” como exemplo de
avivamento para nossos dias, veremos a retoma da reconstrução do templo, narrada em Esdras 5 e 6.

- O templo só foi reconstruído porque ocorreu um despertamento espiritual mediante a ação dos profetas
Ageu e Zacarias.

I – DEUS LEVANTA AGEU E ZACARIAS PARA DESPERTAR O POVO

- Deixamos o povo de Judá entorpecido espiritualmente após a ação violenta dos samaritanos que impediu a
continuidade das obras do templo, numa intimidação que paralisou os judeus, que, assim, passaram a cuidar
única e exclusivamente de suas vidas, abandonando a reedificação da casa do Senhor, que tinha sido o
motivo principal de seu retorno para a Terra Prometida.

- O povo acomodou-se com aquela situação e, de igual modo, Zorobabel, que era o governador, que não
procurou reverter a situação, apesar de ter uma ordem do rei Ciro pra a construção do templo, bem como ser
a ordem do rei Cambises II uma ordem provisória que, portanto, comportava uma alteração.

- A história registra que Cambises II reinou 6 anos, tendo morrido em Damasco, quando regressava do
Egito, que havia conquistado. Após a sua morte, houve uma luta pelo poder na Pérsia, com os magos
governando durante um ano, com o que não concordaram os nobres persas que acabaram por eleger como
rei a Dario, filho de Histaspe, que era pessoa próxima de Zorobabel.
OBS: Estes fatos são narrados por Flávio Josefo: “...Cambises reinou só sesi anos e morreu em Damasco, ao seu regresso do Egito, que havia
subjugado. Os magos, depois de sua morte, governaram o reino, durante um ano, com poder absoluto. Mas os chefes das sete principais famílias
da Pérsia depuseram-nos e elegeram para rei, de comum acordo, Dario, filho de Histaspe....” (Antiguidades Judaicas, XI.3, 438. In: História dos
hebreus. Trad. de Vicente Pedroso, v.1, p.235).

- Entretanto, Deus não começou a agir somente com este mudança de governo, pondo alguém a quem
Zorobabel tinha acesso, mas, também, já tinha começado a mostrar ao povo o Seu desagrado com a atitude
tomada por eles de desprezo às coisas de Deus.

- O profeta Ageu é quem nos dá conhecimento do que Deus começou a fazer para procurar despertar os
judeus. Diz-nos o homem de Deus que os judeus começaram a ter colheitas pequenas e a padecer
dificuldades econômico-financeiras (Ag.1:6).

- O povo havia retornado à Terra Prometida e, por conseguinte, voltara a valer o pacto firmado com Deus
nos montes Ebal e Gerizim (Dt.27; Js.8:30-35), o chamado “pacto palestiniano”, no qual um dos primeiros
sinais que Deus dava ao povo de que eles estavam a desobedecer-Lhe era a destruição das sementeiras, a
perda da produtividade da terra (Lv.26:16; Dt.28:22).

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reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias

- Cabe aqui um esclarecimento importante. Este pacto palestiniano foi firmado entre Deus e Israel, de modo
que o condicionamento da prosperidade material à obediência está restrito a Israel e, mesmo assim, enquanto
ele estivesse na Terra Prometida. Não tem respaldo bíblico, portanto, estender-se esta promessa à Igreja e
fora do contexto da posse da terra de Canaã.

- Os judeus começaram a padecer necessidades, seu esforço para ter uma melhoria das condições de suas
vidas na terra estavam sendo frustrados e era esta um forma de Deus mostrar ao povo que eles estavam
desprezando as coisas de Deus e que deveriam priorizar seu relacionamento com Ele.

- Flávio Josefo conta que o novo rei, Dario, convocou todos os governadores do reino para um
banquete após ter sido entronizado e, em virtude disto, Zorobabel teve de ir para esta festividade.

- Por ocasião daquela festividade, Dario teria proposto um enigma a três convidados, um dos quais o próprio
Zorobabel, o qual foi muito feliz ao expor que a verdade é o que há de mais poderoso, motivo por que o rei
Dario lhe concedeu que fizesse um pedido e Zorobabel, então, pediu que se lhe fosse permitido reconstruir o
templo em Jerusalém e a própria cidade, tendo, então, o rei consentido com a petição.
OBS: O episódio é narrado por Flávio Josefo no seu livro Antiguidades Judaicas, no capítulo 4 do Livro XI.

- Este episódio não é narrado nas Escrituras, mas não há motivo para dele duvidarmos, visto que isto se
coaduna perfeitamente com a narrativa bíblica. Deus criou uma situação para que o governador deixasse a
sua inércia e ele aproveitou a oportunidade para conseguir a autorização real.

- Quando Zorobabel retornou a Jerusalém, convocou o povo para recomeçar a obra e, então, o Senhor,
ante o ajuntamento do povo, levantou dois profetas para confirmar que aquilo era algo proveniente da parte
de Deus, os profetas Ageu e Zacarias, que foram usados para conclamar o povo a recomeçar a obra.

- Desde o retorno do cativeiro, Deus não havia levantado profetas. No cativeiro, Deus levantara Ezequiel
e Daniel como profetas, sendo certo que lá também profetizou Jeremias, cujo ministério começara antes do
cativeiro. Mas, desde o retorno, não havia ainda sido levantado qualquer profeta para o povo.

- A falta de profeta no meio do povo pode ser considerado como tendo um dos fatores porque houve
tão rápido desânimo no meio dos judeus quando da ação violenta dos samaritanos. Salomão ensina que
não havendo profecia, o povo se corrompe (Pv.29:18) e era bem este o caso: não havendo profetas, o povo
logo voltou ao torpor espiritual.

- No entanto, além de estar a falar pela natureza e de ter provocado situação que retirou a inércia do
governador, agora o Senhor levantava na falta de um, dois profetas para confirmar a necessidade de
reconstrução do templo.

- Ageu foi levantado para denunciar o abandono e o menosprezo do povo para com a obra de
reconstrução do Templo, mostrando aos judeus que as dificuldades que estavam a passar em virtude da
perda da produtividade da terra eram consequências desta atitude. Por terem querido um bem-estar material,
por terem reduzido a vida na terra como algo puramente terreno, estavam a se frustrar, pois nem sequer o
bem-estar material almejado estava sendo alcançado (Ag.1:2-11).

- Porventura, não é isto o que, por vezes, acontece a cada um de nós? Quando passamos a nos dedicar às
coisas desta vida, quando não mais nos importamos com o reino de Deus e a sua justiça, passando a viver
como um verdadeiro gentio, como alguém completamente desligado do Senhor, o Senhor não busca nos
acordar com dificuldades na área material, para ver se despertamos do “profundo sono do jardim’?

- Devemos, aliás, glorificar a Deus se isto nos acontece, pois é sinal de que Ele ainda não nos abandonou,
não nos deixou à nossa própria sorte, quer ainda nos restaurar, quer ainda nos vivificar.

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- Ageu mostra ao povo que eles haviam preferido ter bem-estar material, mas que isto lhes seria negado, pois
o Senhor não os havia trazido para a Terra Prometida com este objetivo. O intento de Deus era fazer com
que Seu povo assumisse a condição de Sua propriedade peculiar dentre os povos, de povo santo e nação
sacerdotal, do povo de onde viria o Messias, e isto exigia deles um comportamento completamente diferente,
um relacionamento com Deus, que tinha de começar pela reconstrução do Templo.

- Ageu, então, não só aponta o juízo divino, como também traz a solução para o povo: deveriam eles subir o
monte, trazer madeira e edificar a casa e, então, o Senhor Se agradaria e seria glorificado.

- Mas, para que ficasse bem demonstrado que se tratava de uma palavra vinda da parte de Deus, que afirma
que o testemunho de dois ou três é verdadeiro (Dt.17:6; 19:15; Mt.18:16), Deus levanta também o profeta
Zacarias.

- Zacarias, por sua vez, traz uma mensagem de chamado à conversão, dizendo que, se o povo tornasse
para Ele, Ele tornaria para eles (Zc.1:3-6), advertindo o povo para que não cometer o erro dos seus pais, que,
por causa disso, tinham perdido a posse da Terra Prometida.

- Desprezar a Deus e deixar de dar prioridade ao reino de Deus e sua justiça, como nos mostra o profeta
Zacarias, era uma direção rumo à perdição, rumo à destruição. Deus não muda e o que era errado naquele
tempo, continua sendo hoje em dia. Não menosprezemos nem desprezemos a obra do Senhor, convertamo-
nos enquanto é tempo.

- As duas profecias animaram o povo, o governador Zorobabel e o sumo sacerdote Jesua (ou Josué, como
é chamado no livro de Zacarias) e, como resultado, o povo voltou a edificar a casa do Senhor. O povo havia
sido despertado com as palavras dos mensageiros de Deus, mudado de direção, o que implicava em
arrependimento e conversão.

- O objetivo da profecia é, portanto, em primeiro lugar, trazer à consciência do povo de Deus o que o
Senhor deseja e o que está sendo feito, a fim de que o povo possa tomar uma decisão de voltar a servir a
Deus, de agradar-Lhe e de, assim, resolver fazer-Lhe a vontade.

- Em nossos dias, ainda há profetas. Na verdade, na Igreja, a profecia é tanto um ministério (Ef.4:11), quanto
um dom carismático (I Co.12:10) e seu exercício é fundamental para que nos mantenhamos na direção
divina a fim de agradar-Lhe e fazer-Lhe a vontade. Jamais podemos desprezar as profecias (I Ts.5:20).

II – OS INIMIGOS OPÕEM-SE NOVAMENTE À RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

- A decisão pelo cumprimento da vontade de Deus não ficaria sem reação por parte dos inimigos.
Durante sete anos, a vontade dos samaritanos havia prevalecido e, agora, eram retomadas as obras de
reedificação do templo.

- Como dizia o saudoso pastor Severino Pedro da Silva, o inimigo “insiste, persiste e não desiste”. Assim
que se soube que os judeus reiniciaram as obras do templo, o governador dos samaritanos, Tatenai, assim
como Setar-Bozenai e seus companheiros foram até Jerusalém questionar a atitude dos israelitas.

- Os inimigos vieram em conjunto para tentar parar a obra de reconstrução. As forças malignas sempre agem
unidas, pois, como ensinou o Senhor Jesus, um reino dividido será devastado, será assolado, não podendo
subsistir (Mt.12:25; Lc.11:17).

- Muitos se enganam achando que os homens maus lutam entre si, já que egoístas, individualistas e
soberbos, mas isto não é verdadeiro. Ainda que os homens no pecado se odeiem e, em função deste ódio,
prejudiquem-se a si mesmos, enganando e sendo enganados (II Tm.3:13), o fato é que se encontram todos

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debaixo do jugo do pecado (Jo.8:34), debaixo do comando do princípio deste mundo. Em sendo assim, todos
se voltam contra os santos, todos se unem para fazer a vontade do seu senhor, que é inimigo de Deus e do
Seu povo.

- Por isso, por exemplo, vemos, com muita clareza, nestes tempos finais da dispensação da graça, a união de
grupos que têm projetos de poder diferentes e até conflitantes no mundo contra a Igreja. Embora haja uma
luta entre eles pelo domínio e controle do mundo, todos eles estão unidos contra a Igreja e os valores do
reino de Deus. Tatenai e Setar-Bozenai estavam com os seus companheiros e todos tinham o mesmo intuito:
impedir que os judeus servissem a Deus.

- Os inimigos queriam saber quem tinha dado ordem para eles reiniciarem a construção, como também quem
eram os nomes dos homens que estavam construindo o edifício (Ed.5:3,4).

- O inimigo é atrevido e fica querendo se imiscuir em nosso relacionamento com o Senhor, fica querendo se
intrometer na obra de Deus sem que tenha sido chamado para tanto. Como ensina o apóstolo Paulo, não
devemos dar lugar ao diabo (Ef.4:27).

- Quando o inimigo aparece nas Escrituras, fá-lo na condição de um intruso. Aparece no jardim do Éden,
sem ter sido convidado para ali estar. Aquele não era lugar onde pudesse estar e, apesar disso, conseguiu
abrir um diálogo com Eva e o resultado disso foi que conseguiu que o primeiro casal fosse expulso daquele
local, onde estavam por direito.

- Paulo, ao escrever aos colossenses, falou daqueles que querem dominar a seu bel-prazer os outros, com
pretexto de humildade, sendo intrometidos (Cl.3:18), tendo, também, aos coríntios, lembrado que não
devemos nos fazer servos dos homens (I Co.7:23), mostrando que não devemos expor a nossa intimidade
com Deus para ninguém. Temos o direito de estar a sós com o Senhor (Mt.6:6).

- Não se deve admitir, portanto, que pessoas estranhas à comunhão com Cristo, pessoas do mundo interfiram
em nosso relacionamento com o Senhor, venham a nos inquirir e questionar com relação ao que Deus nos
mandou fazer ou não fazer.

- Os principais dos sacerdotes e os anciãos do povo, depois que o Senhor Jesus purificou o templo, foram
questioná-l’O com que autoridade fazia Ele aquilo e Nosso Salvador respondeu-lhes com uma outra
pergunta, a fim de que eles falasse se o batismo de João era do céu ou dos homens. Como eles se recusaram
a responder, o Senhor também não disse com que autoridade fazia o que fazia, precisamente porque queria
nos ensinar que não devemos, em absoluto, abrir mão de nossa intimidade com Deus e permitir que o
inimigo se intrometa ou interfira neste relacionamento.

- Observemos que as condições materiais eram as mesmas praticamente de sete anos antes, quando os
samaritanos vieram e, com violência, impediram a continuidade da obra. Agora, vinham os samaritanos por
meio de suas autoridades, com seus companheiros, certamente com uma força semelhante a que agira sete
anos antes, mas, ao contrário, em vez de recuar, os judeus simplesmente ignoraram aquela movimentação,
nem sequer dando resposta.

- Os judeus prosseguiam desarmados, sem exército. Se a situação era a mesma, porque, agora, tinham uma
atitude diferente? Porque resolveram confiar no Senhor, decidir obedecer-Lhe.

- Isto é agir por fé, ou seja, confiar inteiramente em Deus, saber que se está a agradar-Lhe e que, em fazendo
isto, nada de mal pode nos acontecer e os desígnios divinos serão cumpridos. É por este motivo que o
escritor aos hebreus afirma que é impossível agradar a Deus sem fé.

- Em palestra dada “on line” para a I Semana Escatológica da União das Mocidades das Assembleias de
Deus do Nordeste, em 2 de junho de 2020, o pastor Eliel Gaby mostrou que não se pode confundir fé com

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credibilidade. Fé é agir sem considerar as circunstâncias, fiar-se única e exclusivamente em Deus, enquanto
que a credulidade é agir a partir de um raciocínio, de uma avaliação das circunstâncias, de uma observação
dos prós e dos contras.

- Sete anos antes, os judeus haviam agido com credulidade, ou seja, viram que os samaritanos eram dotados
de força armada, tinham em seu poder uma ordem real para suspensão das obras e, portanto, impossível seria
resistir-lhes. Era melhor obedecer-lhes e deixar de reconstruir o templo.

- Sete anos depois, porém, eles passaram a agir por fé. Continuavam desarmados, não tinham como enfrenta-
los militarmente, mas estavam a fazer o que o Senhor havia mandado e, portanto, o Senhor haveria de
protegê-los. Não sabiam eles como, mas a vontade do Senhor prevaleceria. Não se intimidaram, não deram
qualquer oportunidade para os samaritanos se intrometerem no que estavam a fazer e esperaram única e
exclusivamente no Senhor.

- Flávio Josefo noticia que os samaritanos agiram do mesmo modo que antes, ou seja, utilizaram-se do
mesmo expediente. Quem havia mudado eram os judeus, que reagiram de outra maneira. Estavam
despertados espiritualmente, confiavam em Deus e isto fez toda a diferença. A propósito, o famoso
historiador registrou que os judeus trabalhavam com ardor, ou seja, o trabalho era efetuado com convicção e
devoção ao Senhor. Aleluia!
OBS: “...Sisina [como Josefo chama Tatenai – observação nossa] e os que o acompanhavam ficaram satisfeitos com estas razões e não
impediram a continuação dos trabalhos, mas indagaram antes, da vontade do rei e para isso escreveram-lhe. No entanto, os judeus temiam que
esse príncipe se arrependesse da permissão concedida, mas os profetas Ageu e Zacarias disseram-lhes que nada temessem nem de Dario nem dos
persas porque eles estavam informados da vontade de Deus sobre aquele assunto. Assim tranquilizaram-se e continuaram a trabalhar, com o
mesmo ardor...” (Antiguidades Judaicas XI.4, 442. In: op.cit., v.1, p.238).

- Os anciãos do povo, dirigidos por Deus, apenas disseram aos samaritanos que eram servos do Deus
dos céus e da terra e que estavam a reedificar a casa que há muitos anos havia sido construída por um rei de
Israel e que estavam a reedificá-la por ordem do rei Ciro (Ed.5:11-15).

- O que aconteceu? A obra continuou a ser realizada e os samaritanos não puderam impedi-la. Como
isto se deu? Nem o texto sagrado no-lo diz. Mas o que a Bíblia nos relata é que “os olhos de Deus estavam
sobre os anciãos dos judeus, e não os impediram até que o negócio veio a Dario, e, então, responderam por
carta sobre isso” (Ed.5:5).

- A Bíblia não diz como aconteceu, mas diz o principal, ou seja, que Deus protegeu o Seu povo e não
permitiu que os samaritanos impedissem a continuidade da obra. Como dizia o saudoso pastor Severino
Pedro da Silva, “quando nós começamos, Deus começa conosco”. Os judeus recomeçaram a obra e o Senhor
Se encarregou de impedir que os inimigos a interrompessem.

- Os samaritanos, obviamente, não se conformaram. Ante o desprezo que receberam dos judeus e o
impedimento para fazerem cessar a obra, recorreram, uma vez mais, ao governo persa, mandando nova
acusação ao rei Dario, onde denunciaram a retomada dos trabalhos da casa de Deus e dizendo da resposta
que se lhes havia sido dada, pedindo, inclusive, que se pesquisasse se o que os judeus disseram era verdade
(Ed.5:6-17).

III – DARIO CONFIRMA A ORDEM DE RECONSTRUÇÃO DO TEMPLO

- Conforme já se disse supra, Zorobabel era próximo de Dario e havia obtido daquele rei a autorização para
reconstruir o templo, uma ordem verbal, porém, até porque havia uma ordem neste sentido da parte do rei
Ciro e o costume dos persas era a irrevogabilidade dos decretos reais, de sorte que não se tinha necessidade
de uma nova ordem.

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- Ao receber a carta vinda dos samaritanos, o rei persa tinha de agir conforme a lei e, assim, mandou
buscarem nos arquivos do reino a ordem do rei Ciro que havia sido mencionada na carta dos samaritanos
(Ed.6:1).

- A referida ordem foi encontrada num palácio em Acmetá, no reino da Média. Diante de tal achado, o rei
Dario, então, mandou resposta a Tatenai, ordenando que deixassem os judeus reconstruir o templo, já
que esta era a vontade dos reis da Pérsia e que, inclusive, fornecessem, segundo a ordem de Ciro, todo o
necessário seja para a construção, seja para o serviço da casa de Deus (Ed.6:2-10).

- Como se não bastasse isso, o rei Dario ainda decretou que quem impedisse a reconstrução, um
madeiro se arrancaria da sua casa e seria ele pendurado no madeiro e de sua casa se faria um
monturo (Ed.6:11), tendo também clamado a Deus que derribasse todos os reis e povos que estendessem
sua mão para mudarem ou destruírem a casa de Deus (Ed.6:12).

- Deus mudava completamente o quadro. Em vez de “enquadrarem” os judeus como rebeldes e malvados,
o Senhor fazia com que o governo persa os reconhecesse como fiéis súditos e abençoadores, que estavam a
edificar a casa ao Deus que poderia, inclusive, proteger o império persa, ao Deus poderoso que zelava pela
Sua casa e que estava acima de todos os homens, inclusive os reis, inclusive o rei da Pérsia, que era o “dono
do mundo” de então.

- Os samaritanos é que foram “enquadrados” e ameaçados de serem amaldiçoados, uma vez que todo aquele
que é morto pendurado no madeiro é maldito (Dt.21:23; Gl.3:13). Cumpria-se, assim, mais uma promessa
divina, feita a Abraão, quando ainda se chamava Abrão, segundo a qual seriam amaldiçoados todos os que
amaldiçoassem os descendentes do patriarca (Gn.12:3).

- Devemos amar os nossos inimigos (Mt.5:44), jamais podemos desejar-lhes mal, pois sabemos que assim
agem porque estão escravizados pelo adversário de nossas almas. Devemos desejar ardentemente que eles
creiam em Cristo, alcancem a salvação e, deste modo, deixarão de ser nossos inimigos para se tornarem
nossos irmãos.

- Entretanto, não podemos deixar de reconhecer esta verdade bíblica, qual seja, a de que todos quantos
recusarem ser salvos e decidirem permanecer no pecado e tiverem prazer em prejudicar os servos do Senhor,
em fazer-lhes oposição, a eles está reservada a condenação eterna, serão malditos e sofrerão a justa
retribuição pelos seus erros.

- O rei Dario, ao exarar o seu decreto, foi usado por Deus. Quem quisesse impedir a construção da casa de
Deus, perderia a sua própria casa e ainda morreria pendurado no madeiro, seria maldito.

- Neste decreto, há uma figura de uma grande verdade bíblica. Quem quiser destruir a casa de Deus, será
maldito e terá a sua própria casa destruída. Ora, a casa de Deus somos nós (Hb.3:6) e todos quantos
quiserem nos destruir, destruirão a si mesmos, serão malditos. Por isso, amados irmãos, jamais nos voltemos
contra os genuínos e autênticos servos do Senhor. Se o fizermos, estaremos construindo a nossa própria
destruição. Por isso, até, o texto sagrado diz que “se alguém destruir o templo de Deus, Deus o destruirá;
porque o templo de Deus, que sois vós, é santo” (I Co.3:17).

- Outros veem, neste decreto de Dario, uma figura da própria crucifixão do Senhor, que, inclusive, faria
cessar a própria validade espiritual do templo que se estava a reconstruir. O templo ia ser reconstruído e
quem o derribasse seria maldito e sua casa se tornaria um monturo e o próprio Deus deveria fazê-lo.

- Ora, sabemos todos que foi exatamente o que ocorreu. Quando Jesus subiu ao Calvário, na condição de
sumo sacerdote (pois o sumo sacerdócio levítico havia cessado ante o rasgar das vestes proporcionado por
Caifás no julgamento de Cristo perante o Sinédrio – Mt.26:65 c.c. Lv.21:10), mudou o decreto, fazendo um
sacrifício fora da porta (Hb.13:12) e, por isso, fez-Se maldição por todos nós, morrendo na cruz. Seu

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sacrifício, perfeito e feito uma única vez (Hb.10:10), ou seja, o decreto do rei mostra que o templo
perduraria, teria efeito até que alguém morresse Se fazendo maldição em nosso lugar.

- Assim, inclusive, se entende porque, apesar do decreto de Dario, Deus permitiu que o templo fosse
derribado no futuro, como aliás profetizou o próprio Senhor Jesus (Mt.24:1,2), porque, na verdade, a
vigência dele como casa de Deus cessou quando o Senhor expiou o pecado da humanidade, tanto que o véu
do templo se rasgou de alto a baixo (Mt.27:51).

- Diante da ordem do rei Dario, os samaritanos e todos aqueles que haviam se oposto à reedificação do
templo rapidamente cumpriram o que se ordenara, deixando os judeus em paz.

IV – A REINAGURAÇÃO DO TEMPLO

- Os judeus prosseguiram o seu trabalho e eram animados a tanto pelos profetas Ageu e Zacarias
(Ed.6:14). Deus não somente conclamou o povo a dar reinício às obras, mas continuou a falar com o povo
através de Seus mensageiros, para mostrar que estava com eles durante a execução da obra.

- Nosso Deus é Senhor e, como tal, tem toda a autoridade para nos mandar fazer isto ou aquilo. Entretanto,
Deus não é um “mandão”, não é um “chefe”, mas, sim, um verdadeiro “líder”, um “companheiro’, que tem
prazer em estar ao lado do homem, em acompanhá-lo e trabalhar com ele nos embates desta peregrinação
terrena a que estão os seres humanos submetidos.

- O Senhor Jesus tinha um grande consolo nesta verdade sagrada, tanto que fez questão de dizer a Seus
discípulos que, mesmo quando todos O abandonassem, Ele não estaria só, porque o Pai jamais O
abandonaria (Jo.16:32). Cristo mesmo prometeu estar conosco todos os dias até a consumação dos séculos
(Mt.28:20).

- Deus não deixou Seu povo sozinho em meio às obras, mas os consolou e os exortou através de Seus
profetas, Ageu e Zacarias, enquanto se fazia a reconstrução da Sua casa.

- Ageu foi usado pelo Senhor para reafirmar esta companhia divina com o Seu povo (Ag.1:13) e, quando o
povo teve esta consciência, desde Zorobabel e Josué e todo o povo, isto os encorajou a trabalhar com mais
intensidade e vontade (Ag.2:14).

- O avivamento espiritual traz esta consciência da companhia do Senhor. Passamos a entender e a


experimentar que o Espírito Santo é o Consolador, o Paráclito, ou seja, Aquele que está ao nosso lado, que
não nos deixa e que nos ajuda a nos aperfeiçoar e, em nos aperfeiçoando, faremos uma obra aperfeiçoada,
como, aliás, acontecia com o povo judeu na reconstrução da casa de Deus (Ed.6:14).

- Ageu, também, foi usado por Deus para revelar aos judeus que aquela segunda casa teria uma glória
maior que a da primeira (Ag.2:1-9), porque nela viria o Desejado de todas as nações (Ag.2:7), deixando
claro aos judeus que aquela casa seria a quem teria a presença do Messias, que seria descendente de
Zorobabel, a quem, também, foram feitas promessas pelo profeta (Ag.2:20-23).

- Deus continuava a confirmar o que havia revelado a Daniel. Seu objetivo era que o povo se preparasse
para a chegada do Messias, para ser o povo santo e a propriedade peculiar de Deus dentre todos os povos, a
fim de que pudesse alcançar a redenção.

- No entanto, em meio a estas promessas, o mesmo profeta Ageu é usado para lembrar o povo de que tudo
isto somente seria possível se eles se mantivessem em santidade e que o Senhor somente aceitaria aquela
obra se fosse ela feita por um povo que se separasse do pecado e das abominações dos povos em redor
(Ag.2:10-19).

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- Hoje não é diferente. Teremos a companhia do Espírito Santo na realização da obra do Senhor, faremos
com que o Cristo Se manifeste em nós, marcharemos em direção à redenção eterna, se, e somente se,
tivermos uma vida de santificação, sem a qual ninguém verá o Senhor (Hb.12:14). Temos esta consciência?
Pensemos nisto.

- A reconstrução durou quatro anos. No sexto ano de Dario, no dia terceiro do mês de Adar (que
corresponde aos nossos meses de novembro/dezembro), o templo foi consagrado a Deus pelos filhos de
Israel, pelos sacerdotes e pelo resto dos filhos do cativeiro (Ed.6:16).

- O texto diz que a consagração foi feita com alegria, ou seja, não havia mais aquela divisão que ocorrera
no levantamento do altar entre os mais jovens e os mais velhos. O saudosismo havia sido superado, todos
estavam alegres, porque todos estavam animados e com esperança, sabendo que, naquele templo, haveria de
se dar a redenção de Israel, de que o plano de Deus para com o Seu povo prosseguia e que ninguém poderia
impedir que os desígnios divinos se cumprissem no povo de Deus.

- A consagração deu-se com uma oferta de sacrifícios para a expiação do pecado de todo o Israel
(Ed.6:17). Não há como nos consagramos ao Senhor, não há como nos constituirmos como Sua casa, como
“morada de Deus no Espírito”, como “templo santo do Senhor” (Ef.2:21,22), senão nos confessarmos que
somos pecadores e pedirmos para sermos lavados no sangue de Jesus Cristo, que nos purifica de todo o
pecado (I Jo.1:7).

- Não há avivamento espiritual sem que se fale em arrependimento e confissão de pecados. Não há
avivamento se não houver conversões, se vidas não se entregarem a Cristo Jesus.

- Todos os sacerdotes e levitas, devidamente preparados, estavam prontos para efetuar o serviço da
consagração e temos aqui mais uma característica do genuíno e autêntico avivamento: a disposição e a
prontidão para o trabalho por parte dos membros em particular do povo de Deus. Todos estavam prontos
para “o ministério de Deus” (Ed.6:18).

- Qual a preparação que fizeram os sacerdotes e levitas? Todos tinham se purificado como se fossem
um só homem e todos estavam limpos (Ed.6:19). A disposição e prontidão para o trabalho é precedida da
disposição e prontidão para a santificação. Devemos nos santificar par que, então, trabalhemos na obra do
Senhor.

- A celebração em torno da reinauguração do templo terminou somente alguns meses depois, no mês de Nisã
ou Abibe (correspondente aos nossos meses de março/abril), quando, então, os judeus celebraram a Páscoa e
a Festa dos Pães Asmos, com alegria e gratidão por causa da mudança que Deus havia feito no coração do
rei da Pérsia (Ed.6:20-22).

- O povo judeu celebrou a Páscoa, a festa que lhes lembrava a libertação do Egito, a festa que lhes
lembrava o seu chamado como povo de Deus. Haviam reconstruído o templo para serem o povo daquele
Deus que os havia libertado da escravidão..

- Um avivamento espiritual põe-nos em volta da mesa do Senhor, leva-nos a um contínuo fortalecimento


participando do corpo e do sangue de Cristo, a nossa páscoa (I Co.5:7), pois, quando participamos
dignamente da comemoração da morte do Senhor até que Ele venha, obtemos fortaleza, saúde e vida
espirituais.

- Um avivamento espiritual traz sempre um reforço na comunhão entre os irmãos (e a Páscoa


representava esta comunhão), como também nos mantém conscientes de quem éramos, a necessidade de
sermos irmãos e termos comunhão com o Senhor no presente e nos fazlembrar que, mui brevemente, o
Senhor virá buscar aqueles que O agradam.

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3º Trim. de 2020: OS PRINCÍPIOS DIVINOS EM TEMPOS DE CRISE: a
reconstrução de Jerusalém e o avivamento espiritual como exemplos para os nossos dias
- O templo estava reconstruído, uma etapa havia terminado neste projeto divino para constituir o Seu povo
para a vinda do Messias. Mas o anjo Gabriel dissera que o caminho da redenção não começaria com a
reconstrução do Templo, mas, sim, com a ordem para a reedificação de Jerusalém (Dn.9:25). Quando isto se
daria? É o que veremos na próxima lição.

Colaboração para o Portal Escola Dominical – Ev. Caramuru Afonso Francisco

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