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MAGISTRATURA E MINISTÉRIO PÚBLICO ESTADUAIS


Fernando Gajardoni
Direito Processual Civil
Aula 10

ROTEIRO DE AULA

Tema: PROCEDIMENTO COMUM: PETIÇÃO INICIAL II

2. PEDIDO

➢ Ampliação/alteração do pedido e limites (329 CPC)

Em regra, o autor formula o pedido, a causa de pedir próxima e remota, os fundamentos de fato e de direito, bem como
seus limites no bojo da própria peça inicial. Contudo, pode ser necessária, no curso do processo, a alteração do pedido ou
da causa de pedir.

Art. 329 do CPC. O autor poderá:


I - Até a citação, aditar ou alterar o pedido ou a causa de pedir, independentemente de consentimento do réu;
II - Até o saneamento do processo, aditar ou alterar o pedido e a causa de pedir, com consentimento do réu, assegurado
o contraditório mediante a possibilidade de manifestação deste no prazo mínimo de 15 (quinze) dias, facultado o
requerimento de prova suplementar.
Parágrafo único. Aplica-se o disposto neste artigo à reconvenção e à respectiva causa de pedir.

- Até a citação – a alteração do pedido ou da causa de pedir é livre (não confundir com o art. 485, § 4º, CPC) – como o
réu ainda não foi citado, sequer sabe da existência do processo porque, para ele, o processo começa com a citação (art.
240). Como o réu ainda não foi citado, pode se alterar livremente o pedido porque, assim, ele será citado já à luz do novo
pedido ou da nova causa de pedir.

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Art. 240 do CPC. A citação válida, ainda quando ordenada por juízo incompetente, induz litispendência, torna litigiosa a
coisa e constitui em mora o devedor, ressalvado o disposto nos arts. 397 e 398 do Código Civil.

➢ ATENÇÃO: Essa regra não se confunde, entretanto, com a regra da desistência (art. 485, § 4º) porque, neste
dispositivo, fica claro que o autor pode desistir da ação sem o consentimento do réu não até a citação, e sim até
que ele tenha apresentado a contestação.

Art. 485 do CPC. O juiz não resolverá o mérito quando:


(...)
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.

- Da citação até ao saneamento – só será permitida a alteração do pedido ou da causa da pedir com a concordância do
réu

➢ Saneamento: vem do verbo sanear → é o momento no qual o juiz corrige e afasta as preliminares, resolvendo as
pendências processuais (art. 357 do CPC);

➢ Entretanto, em uma ação de dano moral na qual o autor quer aumentar o pedido para dano moral e material
e acrescentar causa de pedir para os fatos, após a citação, o réu jamais concordaria, certo? Depende. Isto porque
se o réu não concordar com essa alteração de pedidos, a ação prosseguirá com os pedidos e causas de pedir
originárias e o autor é livre para propor uma nova ação formulando os pedidos “não permitidos” pelo réu. Assim,
o réu pode achar melhor responder a um processo só do que a dois e acabar concordando com a ampliação do
pedido solicitada pelo autor.

- Após o saneamento – vedado

➢ Qual a lógica de se vedar a alteração de pedido ou causa de pedir após o saneamento? O saneamento é o
momento no qual o juiz estabiliza a situação probatória daquele processo, afastando as preliminares, resolvendo
as questões processuais pendentes, decidindo sobre quais provas ainda serão produzidas, fixando as questões de
fato e de direito controvertidas e, desta feita, todo o processo estará pronto para caminhar à luz daquele pedido
e daquela causa de pedir.

Se fosse permitida a alteração do pedido ou causa de pedir nesse momento processual, as partes e o juiz teriam que
caminhar “para trás” com o processo a fim de se adequar o feito e, somente então, fazer novo saneamento. Por isso o
legislador fez a opção política de não permitir, após o saneamento, a alteração do pedido ou da causa de pedir.

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Caso o autor ainda queira alterar o pedido ou a causa de pedir depois do saneamento do processo, deve propor nova
ação.

➢ Com base no negócio jurídico processual (art. 190 do CPC), poderiam as partes flexibilizar essa regra do art.
329, ou seja, poderiam as partes permitir a alteração do pedido ou da causa de pedir até mesmo após o
saneamento? Essa questão é extremamente controvertida e dividida na doutrina, ainda inexiste resposta da
jurisprudência acerca do tema.

1ª Corrente: Há quem entenda que, se o legislador estabeleceu um limite claro de que após o saneamento ninguém deve
alterar o pedido ou a causa de pedir, trata-se de norma cogente, não podendo ser desafiada por negócios jurídicos
processuais.

2ª Corrente: Outros entendem que, sendo capazes as partes e sendo o direito passível de autocomposição, haveria plena
disponibilidade de praticamente qualquer regra no processo e, por isso, as partes poderiam, por meio de negócio jurídico
processual, afastar o regramento art. 329. Esse é o posicionamento que parece mais adequado ao professor.

Art. 190 do CPC. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes
estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus,
poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.

➢ Cumulação de pedidos (cumulação objetiva)

Existe a plena possibilidade de as partes formularem os mais diversos pedidos, em uma mesma demanda, sem a
necessidade de que sejam conexos entre si, observadas as regras a seguir.

CUMULAÇÃO DE PEDIDOS – ESPÉCIES

➢ CUMULAÇÃO DE PEDIDOS PRÓPRIA (327 CPC) (“e”) → essa é a verdadeira cumulação de pedidos, porque a parte
redige a petição inicial já cumulando os vários pedidos e requerendo a procedência de todos.

Art. 327 do CPC. É lícita a cumulação, em um único processo, contra o mesmo réu, de vários pedidos, ainda que entre eles
não haja conexão.

§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:


I - Os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - Seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

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§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor
empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos
procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.

§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.

a) Simples (sem relação entre pedidos): os pedidos são autônomos, inexistindo dependência entre si;

Exemplo 1: na ocorrência de um evento danoso, o autor requer o dano moral e dano material. É cumulação própria
simples porque o juiz pode conceder o pedido de dano moral e não o de dano material e vice-versa, podendo, ainda,
conceder os dois ou negar os dois → pedidos independentes entre si;

Exemplo 2: existem dois créditos contra um indivíduo. Um é decorrente de um acidente de trânsito e o outro é em virtude
de um empréstimo. O autor pode cobrar os dois e o juiz pode conceder o crédito de acidente de trânsito e não o de
empréstimo e vice-versa, podendo, ainda, conceder os dois ou negar os dois → pedidos independentes entre si.

b) Sucessiva (pedidos dependentes): a análise do pedido posterior depende do acolhimento do pedido anterior,
porque os pedidos guardam uma relação de dependência entre si → mais comum na prática.

Exemplo 1: ação de investigação de paternidade e alimentos. O juiz só pode apreciar o pedido de alimentos se a
investigação de paternidade for procedente.

Exemplo 2: rescisão de contrato e reintegração de posse e perdas e danos. A rescisão de contrato é o pressuposto para a
análise dos outros dois pedidos. Rescisão de contrato e reintegração de posse é uma cumulação própria sucessiva de
pedidos porque um é dependente do outro. Já a cumulação com perdas e danos é cumulação própria simples, porque o
juiz pode conceder ou negar esse pedido independentemente dos demais.

➢ CUMULAÇÃO DE PEDIDOS IMPRÓPRIA (326 CPC) (“ou”) → a parte formula vários pedidos a fim de que o juiz
acolha algum deles.

Art. 326 do CPC. É lícito formular mais de um pedido em ordem subsidiária, a fim de que o juiz conheça do posterior,
quando não acolher o anterior.
Parágrafo único. É lícito formular mais de um pedido, alternativamente, para que o juiz acolha um deles.

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a) Eventual ou subsidiária (com ordem de preferência): entre as várias opções que o autor dá, é estabelecida uma
ordem de preferência entre os pedidos. A parte quer o primeiro pedido. Se, eventualmente, não for possível,
requer que seja analisado o segundo. Se, eventualmente, não for possível o segundo, requer seja analisado o
terceiro e assim por diante;

Exemplo 1: aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença. A parte alega ser portadora de uma incapacidade definitiva
pedindo, primeiro, a aposentadoria por invalidez. O pedido de auxílio-doença é subsidiário, caso a incapacidade da parte
não seja definitiva e sim temporária;

Exemplo 2: art. 500 do Código Civil 1. Esse dispositivo aponta as opções que tem o adquirente de uma área menor na
compra e venda ad mensuram → pedir a área faltante, abatimento do preço ou a rescisão do contrato.

b) Alternativa (sem ordem de preferência) (DIFERENTE de pedido alternativo: 325 CPC): é uma hipótese muito
parecida com a anterior, da subsidiariedade, mas a parte não apresenta uma ordem de preferência entre os
pedidos.

Exemplo 1: aposentadoria por invalidez ou auxílio-doença. A parte requer um dos benefícios previdenciários, mas não
sabe a extensão de sua incapacidade (se é definitiva ou temporária). Diante da necessidade de perícia, requer os dois
benefícios, imputando ao juiz fazer a escolha do benefício adequado de acordo com o laudo pericial;

Exemplo 2: art. 500 do Código Civil 2. Esse dispositivo aponta as opções que tem o adquirente de uma área menor na
compra e venda ad mensuram → o juiz fará uma das três opções (determinar que se complemente a área faltante,
abatimento do preço ou a rescisão do contrato);

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Art. 500 do CC. Se, na venda de um imóvel, se estipular o preço por medida de extensão, ou se determinar a respectiva
área, e esta não corresponder, em qualquer dos casos, às dimensões dadas, o comprador terá o direito de exigir o
complemento da área, e, não sendo isso possível, o de reclamar a resolução do contrato ou abatimento proporcional
ao preço.
§ 1º Presume-se que a referência às dimensões foi simplesmente enunciativa, quando a diferença encontrada não exceder
de um vigésimo da área total enunciada, ressalvado ao comprador o direito de provar que, em tais circunstâncias, não
teria realizado o negócio.
§ 2º Se em vez de falta houver excesso, e o vendedor provar que tinha motivos para ignorar a medida exata da área
vendida, caberá ao comprador, à sua escolha, completar o valor correspondente ao preço ou devolver o excesso.
§ 3º Não haverá complemento de área, nem devolução de excesso, se o imóvel for vendido como coisa certa e discriminada,
tendo sido apenas enunciativa a referência às suas dimensões, ainda que não conste, de modo expresso, ter sido a venda
ad corpus.

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Exemplo 3: revisão da cláusula 15 do contrato ou rescisão contratual.

➢ Qual a diferença de cumulação de pedidos imprópria alternativa e o pedido alternativo do art. 325 do CPC? Na
cumulação de pedidos imprópria alternativa, são formulados vários pedidos diferentes, conforme os três
exemplos acima. Já no caso do pedido alternativo, o pedido é um só e a alternatividade reside na prestação e não
no pedido.

Art. 325 do CPC. O pedido será alternativo quando, pela natureza da obrigação, o devedor puder cumprir a prestação
de mais de um modo.
Parágrafo único. Quando, pela lei ou pelo contrato, a escolha couber ao devedor, o juiz lhe assegurará o direito de cumprir
a prestação de um ou de outro modo, ainda que o autor não tenha formulado pedido alternativo.

Exemplo de PEDIDO ALTERNATIVO (art. 325): celebrado um contrato entre as partes, em que “A” se comprometeu a
entregar cinquenta sacas de café ou o valor equivalente em dinheiro. “A” não cumpre a obrigação. Quando “B” ingressa
com a ação, o pedido é um só: o cumprimento do contrato. O que é alternativo não é o pedido e sim a forma de
cumprimento da prestação → “A” pode entregar as cinquentas sacas de café ou o valor equivalente em dinheiro.

➢ CUMULAÇÃO DE PEDIDOS SUPERVENIENTE (reconvenção- 343 CPC) – vem depois da propositura da ação, como
no caso da hipótese do art. 329, estudada acima.

Exemplo da reconvenção 3: “A” entra com uma ação contra “B” e faz um pedido só. “B” apresenta contestação e
reconvenção, formulando novo pedido → cumulação de pedidos superveniente.

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Art. 343 do CPC. Na contestação, é lícito ao réu propor reconvenção para manifestar pretensão própria, conexa com a
ação principal ou com o fundamento da defesa.
§ 1º Proposta a reconvenção, o autor será intimado, na pessoa de seu advogado, para apresentar resposta no prazo de
15 (quinze) dias.
§ 2º A desistência da ação ou a ocorrência de causa extintiva que impeça o exame de seu mérito não obsta ao
prosseguimento do processo quanto à reconvenção.
§ 3º A reconvenção pode ser proposta contra o autor e terceiro.
§ 4º A reconvenção pode ser proposta pelo réu em litisconsórcio com terceiro.
§ 5º Se o autor for substituto processual, o reconvinte deverá afirmar ser titular de direito em face do substituído, e a
reconvenção deverá ser proposta em face do autor, também na qualidade de substituto processual.
§ 6º O réu pode propor reconvenção independentemente de oferecer contestação.

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Cumulação de Pedidos PRÓPRIA Cumulação de Pedidos IMPRÓPRIA Cumulação de Pedidos SUPERVENIETE
Simples (sem relação entre Eventual ou subsidiária (com ordem Reconvenção – (343 CPC): é a outra
pedidos): busca êxito em todos, de preferência) parte que formula o pedido cumulado de
independentes entre si forma superveniente

Sucessiva (pedidos dependentes): Alternativa (sem ordem de


relação de prejudicialidade entre si preferência)

➢ ATENÇÃO: Alguns doutrinadores dizem que a reconvenção é uma espécie de cumulação de pedidos heterogênea
porque a cumulação de pedidos é oriunda de partes diferentes.

Requisitos para a cumulação – art. 327, § 1º, CPC (independentemente de conexão entre os pedidos)

Art. 327 do CPC


(...)
§ 1º São requisitos de admissibilidade da cumulação que:
I - Os pedidos sejam compatíveis entre si;
II - Seja competente para conhecer deles o mesmo juízo;
III - Seja adequado para todos os pedidos o tipo de procedimento.

a) Identidade de partes: principalmente no tocante ao réu.

b) Competência do juízo para todos os pedidos (Súmula n. 170 STJ): pode se cumular os pedidos, ainda que eles
não tenham conexão entre si, mas desde que o juízo no qual se formulam esses pedidos sejam igualmente
competentes para a apreciação de todos.

Exemplo: uma pessoa havia contratado uma empregada doméstica e essa pessoa se apaixona pela empregada, começa
a namorar com ela e deixa de pagar o salário que lhe era devido porque eles se casam. Depois de dois anos, ela ingressa
com o pedido de divórcio a fim de definir guarda de filhos, alimentos, divisão de patrimônios e cobrando os seis meses de
salário não pagos → essa cumulação não pode existir, porque existe conflitos de pedidos entre as competências da Justiça
Estadual X Justiça do Trabalho.

Súmula n. 170 STJ: Compete ao juízo onde primeiro for intentada a ação envolvendo acumulação de pedidos, trabalhista
e estatutário, decidi-la nos limites da sua jurisdição, sem prejuízo do ajuizamento de nova causa, com o pedido
remanescente, no juízo próprio.

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c) Identidade procedimental (ATENÇÃO: 327, § 2º, CPC) → rito comum.

Exemplo: rescisão contratual e reintegração de posse. A rigor, não se pode usar o rito especial da possessória, devendo
ser adequado ao rito comum.

➢ O dispositivo permite, contudo, que o juízo do rito comum se valha de algum instituto do rito especial
correspondente a fim de se flexibilizar o procedimento 4 → o réu pode pedir a proteção especial da posse na
própria contestação (regra de rito especial aplicável ao rito comum).

Art. 327 do CPC:


(...)
§ 2º Quando, para cada pedido, corresponder tipo diverso de procedimento, será admitida a cumulação se o autor
empregar o procedimento comum, sem prejuízo do emprego das técnicas processuais diferenciadas previstas nos
procedimentos especiais a que se sujeitam um ou mais pedidos cumulados, que não forem incompatíveis com as
disposições sobre o procedimento comum.

- Os três requisitos acimas são aplicáveis a todos os tipos de cumulação de pedidos, inclusive a imprópria.

d) Compatibilidade entre os pedidos (inaplicável somente à cumulação IMPRÓPRIA – 327, § 3º, CPC)

Art. 327 do CPC:


(...)
I - Os pedidos sejam compatíveis entre si;
(...)
§ 3º O inciso I do § 1º não se aplica às cumulações de pedidos de que trata o art. 326.

3. ADMISSIBILIDADE DA INICIAL

Quando o juiz recebe uma petição inicial, ele tem três grandes opções a serem tomadas:

(i) Verificar que a inicial não está correta e determinar sua emenda;

(ii) Indeferir a inicial sem honorários;

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Art. 556 do CPC. É lícito ao réu, na contestação, alegando que foi o ofendido em sua posse, demandar a proteção
possessória e a indenização pelos prejuízos resultantes da turbação ou do esbulho cometido pelo autor.

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(iii) Admissão da ação.

3.1. Emenda (321, 139, IX e 6º, CPC)

Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de
mérito justa e efetiva.

Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
(...)
VI - Dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do
conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
(...)
IX - Determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;

Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos
e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, DETERMINARÁ que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias,
a emende ou a complete, INDICANDO COM PRECISÃO o que deve ser corrigido ou completado.
(...)

➢ ATENÇÃO: Caso a emenda a ser realizada pelo autor for muito complexa e exigir reunião de vários documentos,
o juiz poderá dilatar o prazo de 15 dias à luz do art. 139, VI, CPC, supra;

➢ O ideal é que o juiz indique com precisão tudo que deve ser corrigido ou completado pelo autor em uma única
decisão, conforme o princípio da cooperação (art. 6º, CPC), a fim de se evitar sucessivas emendas que tumultuam
o andamento da marcha processual;

➢ A emenda à inicial é direito da parte. Portanto, tendo “conserto”, o juiz é obrigado a oportunizar a emenda à
inicial. Se o juiz indefere a inicial sem oportunizar essa emenda, tal decisão é nula porque afronta diretamente os
dispositivos acima.

3.2. Indeferimento (sem honorários) → o réu sequer será citado. Existem duas espécies de indeferimento da
inicial:

a) Sem análise do mérito (330 e 485, I, CPC) (SEM COISA JULGADA MATERIAL):

Art. 330. A petição inicial SERÁ INDEFERIDA quando:

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I - For inepta; → a EMENDA deve ser determinada antes


II - A parte for manifestamente ilegítima;
III - O autor carecer de interesse processual;
IV - Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321

Petição Inicial INEPTA Definição está no § 1º desse art. 330 do CPC


Parte manifestamente ILEGÍTIMA Legitimidade é condição da ação
Autor carece de interesse processual Interesse processual é um juízo duplo de necessidade e adequação
Não atendidas as prescrições dos arts. 106 e 321 Advogado atuando em causa própria / emenda à inicial
.

§ 1º Considera-se inepta a petição inicial quando:


I - Lhe faltar pedido ou causa de pedir;
II - O pedido for indeterminado, ressalvadas as hipóteses legais em que se permite o pedido genérico;
III - Da narração dos fatos não decorrer logicamente a conclusão; → “sem pé nem cabeça”
IV - Contiver pedidos incompatíveis entre si. → cumulação imprópria que o indivíduo faz como própria, indivíduo que
pede aposentadoria por invalidez e auxílio-doença, o que é vedado pela lei.

Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:


I -Indeferir a petição inicial.

➢ Não fazendo coisa julgada material, e sendo possível a correção do vício, a parte pode corrigir o vício e apresentar
novamente a inicial, conforme caput do art. 486.

Art. 486. O pronunciamento judicial que não resolve o mérito não obsta a que a parte proponha de novo a ação.
§ 1º No caso de extinção em razão de litispendência e nos casos dos incisos I, IV, VI e VII do art. 485, a propositura da nova
ação depende da correção do vício que levou à sentença sem resolução do mérito.
§ 2º A petição inicial, todavia, não será despachada sem a prova do pagamento ou do depósito das custas e dos honorários
de advogado.
§ 3º Se o autor der causa, por 3 (três) vezes, a sentença fundada em abandono da causa, não poderá propor nova ação
contra o réu com o mesmo objeto, ficando-lhe ressalvada, entretanto, a possibilidade de alegar em defesa o seu direito.

b) Com análise do mérito (julgamento liminar de improcedência pedido): arts. 332, CPC e 17, § 8º, da Lei
8.429/92 – Lei de Improbidade Administrativa (COM COISA JULGADA MATERIAL) (ROL TAXATIVO DO 332?)

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➢ Técnica do contraditório útil: toda vez que o contraditório for inútil, o juiz não precisa nem ouvir o réu.

Art. 17 da Lei n. 8.429/92. A ação principal, que terá o rito ordinário, será proposta pelo Ministério Público ou pela pessoa
jurídica interessada, dentro de trinta dias da efetivação da medida cautelar.
(...)
§ 8o Recebida a manifestação, o juiz, no prazo de trinta dias, em decisão fundamentada, REJEITARÁ A AÇÃO, se
convencido da inexistência do ato de improbidade, da improcedência da ação ou da inadequação da via eleita.

Art. 332 do CPC. Nas causas que dispensem a fase instrutória (as provas já apresentadas são suficientes ou a questão é
somente de direito), o juiz, independentemente da citação do réu, julgará liminarmente improcedente o pedido que
contrariar:

I - Enunciado de súmula do Supremo Tribunal Federal ou do Superior Tribunal de Justiça;


II - Acórdão proferido pelo Supremo Tribunal Federal ou pelo Superior Tribunal de Justiça em julgamento de recursos
repetitivos;
III - Entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência;
IV - Enunciado de súmula de tribunal de justiça sobre direito local.
§ 1º O juiz também poderá julgar liminarmente improcedente o pedido se verificar, desde logo, a ocorrência de decadência
ou de prescrição.
(...)

➢ Art. 332, § 1º: nesta hipótese de decadência ou prescrição, o julgamento também é de improcedência de plano.
Analisado esse dispositivo, podemos chegar em duas conclusões:

(i) No sistema do CPC/15, pode ocorrer o reconhecimento da prescrição e da decadência previstas em lei de ofício;

(ii) Ao se reconhecer a prescrição ou a decadência, o julgamento é de improcedência e não de extinção sem mérito.

➢ Obs. 1: diferentemente do que ocorre no indeferimento da inicial sem análise do mérito, temos, nos exemplos
da Lei de Improbidade Administrativa e no art. 332 do CPC, que há a formação da coisa julgada material, sendo
aplicáveis os efeitos do art. 502 do CPC 5.

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Art. 502 do CPC. Denomina-se coisa julgada material a autoridade que torna imutável e indiscutível a decisão de mérito
não mais sujeita a recurso.

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➢ Obs. 2: o rol constante do art. 332 é taxativo, ou é possível a aplicação de todos os precedentes qualificados do
art. 927 (dispositivo mais amplo) na situação do 332? Segundo o entendimento do professor, o art. 332 disse
menos do que queria dizer e, por conta de uma compatibilização lógica com o art. 927, existe a possiblidade de
aplicar os precedentes qualificados do art. 927 no disposto no art. 332 → o art. 332 requer uma interpretação
extensiva.

3.3. Aplicação do art. 10 CPC às hipóteses de indeferimento sem análise de mérito ou com análise de mérito (487,
parágrafo, e 927, § 1º, CPC)

➢ O entendimento largamente dominante por decorrência do que consta do art. 927, § 1º, é que, em ambas as
hipóteses de deferimento da inicial, à luz do contraditório participativo, o juiz teria, antes de decidir, que dialogar
com a parte.

Entretanto, existem duas exceções que permitem ao juiz o indeferimento da inicial sem ouvir a parte contrária, ou seja,
sem aplicar o art. 10 do CPC.

➢ Exceção 1: quando a parte antecipa o debate → na própria inicial, o autor já explica ao juiz os motivos pelos quais
tal súmula não é aplicável ao seu caso concreto, apontando, de forma específica a distinção entre os casos ou
superação do precedente. Suponhamos que o juiz, pelo contrário, entende que tal súmula se aplica ao caso. Como
a parte já teve oportunidade de se manifestar, não é necessário o contraditório.

➢ Exceção 2: prescrição e decadência → por conta da regra do art. 487, parágrafo único, do CPC, essa é a ressalva
de que se trata o dispositivo.

Art. 10 do CPC. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não
se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de
ofício.

Art. 487 do CPC.


(...)
Parágrafo único. Ressalvada a hipótese do § 1º do art. 332, a prescrição e a decadência não serão reconhecidas sem
que antes seja dada às partes oportunidade de manifestar-se.

Art. 927 do CPC.


(...)

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§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º, quando decidirem com fundamento neste
artigo.

3.4. Recurso do indeferimento (331 e 332, § 2º a 4º, CPC) (honorários)

Em ambas as hipóteses de indeferimento da inicial, com ou sem resolução do mérito, a decisão proferida pelo juiz é uma
sentença e, contra sentença, o recurso cabível é apelação.

➢ Essa apelação tem uma regra de processamento própria, conforme os dispositivos abaixo. Existem três
particularidades:

(i) Juízo de retratação no prazo de 5 dias → o processo prossegue;

(ii) Se o juiz não se retratar e manter a sentença de indeferimento, determinará a citação do réu a fim de que ele
apresente contrarrazões e não contestação porque, em primeira instância, o réu já ganhou (inicial indeferida);

(iii) Se o tribunal julgar o recurso e mantiver a sentença de indeferimento, fixa os honorários para o advogado do réu.

➢ E se o tribunal reformar a decisão? Nessa hipótese, não são fixados os honorários, porque o processo vai começar
a correr de novo na primeira instância (nova citação, contestação, réplica, etc.).

Art. 331 do CPC. Indeferida a petição inicial, o autor poderá apelar, facultado ao juiz, no prazo de 5 (cinco) dias, retratar-
se.
§ 1º Se não houver retratação, o juiz mandará citar o réu para responder ao recurso.

§ 2º Sendo a sentença reformada pelo tribunal, o prazo para a contestação começará a correr da intimação do retorno
dos autos, observado o disposto no art. 334.

§ 3º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença.

Art. 332 do CPC. Nas causas que dispensem a fase instrutória, o juiz, independentemente da citação do réu, julgará
liminarmente improcedente o pedido que contrariar:
(...)
§ 2º Não interposta a apelação, o réu será intimado do trânsito em julgado da sentença, nos termos do art. 241.

§ 3º Interposta a apelação, o juiz poderá retratar-se em 5 (cinco) dias.

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§ 4º Se houver retratação, o juiz determinará o prosseguimento do processo, com a citação do réu, e, se não houver
retratação, determinará a citação do réu para apresentar contrarrazões, no prazo de 15 (quinze) dias.

PROCEDIMENTO COMUM: AUDIÊNCIA DE CONCILIAÇÃO/MEDIAÇÃO

1. Ato inaugural dos processos de rito comum (art. 334 CPC) (ritos especiais?) → a audiência ocorrerá sempre que:

(i) Não for caso de emenda ou indeferimento da petição inicial;

(ii) Apenas no rito comum → inexistindo nas ações monitórias, de consignação em pagamento, dissolução parcial de
sociedade e as demais ações de rito especial.

➢ Em alguns ritos especiais, contudo, existe a audiência de conciliação/mediação: ação de alimentos (Lei n.
5.478/68), ações de família (art. 695 do CPC) e nas ações possessórias quando tiver litígio coletivo pela posse da
terra de força velha (art. 565 do CPC) → não é caso de audiência INAUGURAL, salvo disposição específica do rito
especial correspondente.

Art. 334 do CPC. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do
pedido, o juiz DESIGNARÁ audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias,
devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.

2. Conciliadores e mediadores (165/175 e 334, §§ 1º e 2º, CPC) → sendo possível, essas audiências serão realizadas,
preferencialmente, por conciliadores e mediadores (ambos são facilitadores do diálogo).

➢ Isso quer dizer que o juiz não pode fazer a audiência conciliatória inaugural do art. 334? O ideal é que ele não
faça. Principalmente porque, entre os deveres do conciliador e do mediador, um dos princípios regentes é o da
confidencialidade (art. 166 do CPC 6) e, se fosse o juiz que presidisse tal audiência com esse princípio, existiria
uma tendência natural das partes de esconderem aspectos relevantes do conflito.

Art. 334 do CPC. (...)


§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação,
observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.

6
Art. 166 do CPC. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da
autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.

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➢ Muitos doutrinadores apontam que, nesse dispositivo, existe uma vedação à atuação do juiz, sob pena de
contaminação dos debates ali travados.

§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da
data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.

CONCILIAÇÃO MEDIAÇÃO
Atuação mais ativa, sugerindo soluções ao conflito Atuação mais passiva, não podendo sugerir soluções

Melhor técnica em conflitos “passageiros”, onde não Melhor técnica em conflitos “perenes, permanentes”, em
exista vínculo anterior entre as partes → cobrança, que as partes continuarão convivendo → ações de família,
acidente de trânsito, indenizações, etc. direito de vizinhança, etc.

➢ Para aprofundar os estudos nas diferenças entre os institutos da conciliação e mediação, o professor insiste na
leitura aprofundada do art. 165, § 2º e 3º do CPC.

3. Casos de não realização (334, § 4º)

Art. 334 do CPC. (...)


(...)
§ 4º A audiência não será realizada:
I - Se ambas as partes manifestarem, EXPRESSAMENTE, desinteresse na composição consensual;
II - Quando não se admitir a autocomposição.

a) direitos que não admitem autocomposição (Fazenda Pública?) → No caso da Fazenda Pública, depende de lei
autorizando a elaboração de acordos.

b) quando ambas as partes manifestarem expresso desinteresse (manifestação de desinteresse - 334, § 5º)
(litisconsórcio - 334, § 6º e 335, § 1º, CPC) → o autor manifesta seu desinteresse na petição inicial e o réu até 10
dias antes da realização da audiência. Se os dois não quiserem, começa a fluir a partir da petição do réu o prazo
de 15 dias para a contestação.

Art. 334 do CPC. (...)


(...)

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§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição,
apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.

§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.

Art. 335 do CPC. (...)


(...)
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no inciso II será, para
cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.

➢ Os dispositivos deixam claro que a audiência conciliatória ou de mediação somente não ocorrerá se autor e réu
manifestarem, EXPRESSAMENTE, seu desinteresse por ela, mas e se tiver omissão das partes? Essa omissão
importa em anuência, levando à realização da audiência.

c) outras hipóteses de dispensa? (Enunciado 35 da ENFAM – juiz) (partes?) → tema controvertido e sem resposta
da jurisprudência, até o presente momento.

A discussão dos dois itens anteriores é a que está na lei, ideal para provas objetivas. Já esse item “c” provém de discussão
doutrinária e da aplicação prática dos institutos em tela.

➢ Há a possibilidade, na prática, de dispensa da audiência se apenas uma das partes se manifestar? Na doutrina,
existe quem sustente (dentre outros, Fernanda Tartuce) que, bastaria a negativa de uma parte em participar da
audiência de conciliação, para que o juiz não designe a audiência e o fundamento dessa corrente doutrinária é
que o art. 166 do CPC traz, entre outros princípios, o da autonomia da vontade → se uma parte diz que não quer,
ela não deveria ser obrigada a participar.

Relembrando que essa é uma boa construção acadêmica, mas não é o que está na lei. Para provas objetivas, o ideal é
sustentar que somente se as duas partes, expressamente, manifestarem seu desinteresse é que deixará de ocorrer a
audiência de conciliação/mediação.

➢ O juiz poderia dispensar a audiência de conciliação em outras hipóteses além das previstas acima? De acordo
com o Enunciado n. 35 da ENFAM, o juiz tem o poder de flexibilizar o procedimento, mudar o rito, para atender
as particularidades do direito material/da causa. Assim sendo, o juiz poderia deixar de marcar a audiência em
outras hipóteses, conforme os seguintes exemplos:

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Exemplo 1: não tiver mediador e conciliador na comarca e, a fim de não se contaminar pelo princípio da confidencialidade
da conciliação e da mediação, o juiz poderia deixar de marcar → é possível desde que o Judiciário não use desse artifício
para deixar, deliberadamente, de realizar esses atos, o que contraria frontalmente o disposto no art. 3º do CPC e na
Resolução n. 125 do CNJ;

Exemplo 2: hipótese de que o histórico das partes contraria a ideia da audiência de conciliação ou de mediação → se o
juiz sabe que, nas últimas cinquenta audiências, a Fazenda não celebrou acordo, inexiste lógica em continuar marcando
para casos iguais.

Enunciado n. 35 da ENFAM: Além das situações em que a flexibilização do procedimento é autorizada pelo art. 139, VI,
do CPC/2015, pode o juiz, de ofício, preservada a previsibilidade do rito, adaptá-lo às especificidades da causa, observadas
as garantias fundamentais do processo.

4. Consequências do não comparecimento pessoal/representante (334, § 8º) (Enunciado n. 61 da ENFAM)

Art. 334 do CPC. (...)


(...)
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à
dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor
da causa, revertida em favor da União ou do Estado.

➢ No Juizado Especial Cível, o legislador sancionou de forma distinta e, se o autor não comparece, o processo é
extinto sem resolução do mérito (art. 51 da Lei n. 9.099/95). Se quem não comparece é o réu, operam-se os
efeitos da revelia (art. 20 da Lei n. 9.099/95).

➢ E se o autor não se manifestar, pode, mesmo assim, ser sancionado? De acordo com o enunciado n. 61 da
ENFAM, sim.

Enunciado n. 61 da ENFAM: Somente a recusa expressa de ambas as partes impedirá a realização da audiência de
conciliação ou mediação prevista no art. 334 do CPC/2015, não sendo a manifestação de desinteresse externada por uma
das partes justificativa para afastar a multa de que trata o art. 334, § 8º.

5. Intervalo entre as audiências (334, § 12)

Art. 334 do CPC. (...)

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(...)
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de
20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte.

6. Litisconsórcio, audiência e prazo de contestação (334, § 6º e 335, § 1º) → no caso de litisconsórcio, será
desmarcada a audiência de conciliação apenas se todos declinarem.

Se existe somente um autor e um réu e esse réu diz que não quer a audiência, o prazo para a contestação começa a fluir
a partir dessa petição em que ele demonstrou o desinteresse (art. 335, II).

Entretanto, na hipótese de vários réus, não se aguardará a juntada de todos os pedidos, conforme dispositivo abaixo:

Art. 335 do CPC. (...)


(...)
§ 1º No caso de litisconsórcio passivo, ocorrendo a hipótese do art. 334, § 6º, o termo inicial previsto no inciso II será,
para cada um dos réus, a data de apresentação de seu respectivo pedido de cancelamento da audiência.

➢ No caso de um autor contra quatro réus, o juiz designou a audiência porque, apesar de o autor expressamente
não querer, os quatro réus também têm que manifestar desinteresse.

O réu 1 protocola o pedido de cancelamento 30 dias antes da audiência, começa a fluir o prazo para contestação para ele.
O réu 2 protocola o pedido de cancelamento 15 dias antes da audiência, começa a fluir o prazo para contestação para ele.
O réu 3 protocola o pedido de cancelamento 12 dias antes da audiência, começa a fluir o prazo para contestação para ele.
O réu 4 protocola o pedido de cancelamento 10 dias antes da audiência, começa a fluir o prazo para contestação para ele.

➢ Todos declinaram da audiência conciliatória, todos dentro do prazo → cada qual com seu próprio prazo para
apresentar a contestação, contado a partir do protocolo do seu pedido de cancelamento da audiência
conciliatória.

➢ O problema reside no fato de que, quando se tem vários litisconsortes, fica difícil prever como cada um deles vai
agir, podendo acontecer de o autor não querer a audiência, o juiz marcar.

➢ Os réus 1, 2 e 3 protocolam pedido de cancelamento (deveria fluir o prazo para a contestação, mas, se tiver
audiência, o prazo de todos é contado a partir da audiência), mas o réu 4 não fala nada → a audiência vai ocorrer.

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Conforme os litisconsortes passivos vão peticionando o pedido de cancelamento, começa a fluir o prazo
de cada um para a contestação
EM RESUMO
Se um deles desistir, a rigor ninguém precisaria contestar porque, ocorrendo a audiência, o prazo para
contestação começa a fluir depois desse ato (art. 335, I, CPC)

7. Audiência e alegação de incompetência (340, §§ 3º e 4º CPC) → algumas vezes acontece de a parte ajuizar a
demanda no lugar errado (domicílio do réu é em Franca/SP e a ação fora ajuizada em São Paulo/SP). Essa
competência relativa, territorial, deve ser alegada pela parte (Súmula n. 33 do STJ).

Súmula n. 33 do STJ: A incompetência relativa não pode ser declarada de ofício.

➢ Teria, essa parte, que se deslocar para a São Paulo/SP a fim de participar da audiência de conciliação para,
somente depois, arguir a incompetência relativa em sede contestatória (art. 337 7)? O art. 340, §§ 3º e 4º tentou
resolver esse problema → o juiz, ao se verificar incompetente, pode cancelar a audiência conciliatória marcada
em São Paulo/SP, tornando prevento o juízo de Franca/SP.

Art. 340 do CPC. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro
de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.
(...)
§ 3º Alegada a incompetência nos termos do caput, será suspensa a realização da audiência de conciliação ou de
mediação, se tiver sido designada.

§ 4º Definida a competência, o juízo competente designará nova data para a audiência de conciliação ou de mediação.

➢ ATENÇÃO: os dispositivos acima autorizam o réu a “antecipar” a contestação, a fim de arguir a incompetência
relativa do juízo e não ter que arcar com custos do deslocamento para comparecer a uma indesejada audiência
de conciliação, distribuída no domicílio errado – São Paulo/SP.

7
Art. 337 do CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:
(...)
II - Incompetência absoluta e relativa;

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➢ Esse juiz de São Paulo/SP é que vai decidir se é incompetente ou não. Se entender que é competente, remarca a
audiência em sua própria comarca, que deverá acontecer. Se entender que é incompetente, encaminha os autos
ao juízo correto, em Franca/SP → se tornando o correto prevento para o julgamento.

Alguns doutrinadores, com os quais o professor concorda, alegam, inclusive, que não precisa se tratar de uma antecipação
da contestação, bastando uma simples petição para arguir a incompetência relativa territorial e requerer o cancelamento
da audiência conciliatória.

PROCEDIMENTO COMUM: RESPOSTA DO RÉU

1. Generalidades sobre as respostas do réu

1.1. A resposta do réu como ônus (diferença com obrigação/dever) (diferente do processo penal) → no Processo
Penal, a defesa é compulsória. Ainda que o réu não queira se defender, o juiz nomeará um defensor.

➢ DEVER: sujeição passiva, cujo cumprimento não dispensa a continuidade do cumprimento/da sujeição do dever.
Pode ser imposto e o descumprimento gera sanção.

Exemplo: dever de lealdade e boa-fé processuais (art. 5º e 77 do CPC) → durante o processo, na sentença, na execução.
O dever de lealdade cumprido na inicial não dispensa o autor de continuar cumprindo com o dever de lealdade quando
da interposição de recurso ou na execução. Sanções = multas de litigância de má-fé dos arts. 80 e 81 do CPC.

➢ OBRIGAÇÃO: muito parecido com o dever. A obrigação é, também, uma sujeição cujo cumprimento, entretanto,
a esgota. A parte que cumpriu com a obrigação, nunca mais terá que cumprir com a mesma obrigação. Do mesmo
modo que o dever, a obrigação também pode ser imposta e seu descumprimento gera sanção.

Exemplos: obrigação de pagar as custas do processo e ao advogado que postula em causa própria de declarar na petição
inicial o seu endereço (106 do CPC). Cumpridas essas obrigações, estão cessadas → Se o indivíduo não paga as custas do
processo, mesmo tendo sido intimado para tanto, extingue o processo sem análise do mérito. Não indicado o endereço
do advogado, ele será intimado a emendar a inicial, sob pena de extinção do processo sem resolução do mérito.

➢ ÔNUS: também é uma sujeição, mas, diferente do dever e da obrigação, não pode ser imposto porque é um
imperativo do próprio interesse. Isto porque, se a pessoa pratica a sujeição que o ônus lhe impõe, a
sorte/vantagem é dessa pessoa. De outro modo, se a pessoa não pratica a sujeição que o ônus lhe impõe, sofre
os prejuízos por isso → “o azar é só seu, se não fizer”.

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Exemplos: respostas do réu. Se o réu se defender, é bom para ele. Contudo, se ele não se defender, o azar será só dele
→ efeitos da revelia e presunção de veracidade dos fatos alegados pelo autor (art. 340 do CPC).

➢ São outros exemplos de ônus o recurso e a produção probatória.

1.2. Espécies de Respostas

a) TÍPICAS: contestação e reconvenção (inexistência de exceções rituais? – CPC/73) → no CPC/15, em regra, não
existem mais essas “exceções rituais” porque houve a concentração de todas as defesas na peça da contestação
(incompetência, impugnação do valor da causa, impugnação à justiça gratuita e todas as demais teses) em peça
única, que é a contestação.

➢ Exceção: arguição de impedimento e suspeição (art. 146 do CPC 8) → não é ritual, não tem rito próprio, sendo
apresentada em petição separada da contestação, nos mesmos autos (tanto o réu quanto o autor).

b) ATÍPICAS: reconhecimento jurídico do pedido (487, III, CPC), intervenção de terceiros (exemplos: denunciação
à lide, chamamento ao processo, etc.) → atípicas porque não foram tratadas pela lei como sendo mecanismos
de respostas do réu.

Exemplo 1: no reconhecimento jurídico do pedido, o réu concorda com o direito do autor. É uma resposta do réu, mas a
lei não deu essa denominação ao instituto.

Exemplo 2: as intervenções de terceiro. Em um acidente de trânsito, o réu nem nega que foi responsável pelo evento
danoso, mas promove a denunciação à lide para a seguradora porque, apesar de saber terá que arcar com os prejuízos
do autor, quer ser reembolsado pela seguradora do veículo.

Acontece o mesmo com os devedores solidários e o chamamento ao processo → criar distintos títulos executivos.

Art. 487 do CPC. Haverá resolução de mérito quando o juiz:


(...)
III - Homologar:
a) O reconhecimento da procedência do pedido formulado na ação ou na reconvenção;

8
Art. 146 do CPC. No prazo de 15 (quinze) dias, a contar do conhecimento do fato, a parte alegará o impedimento ou a
suspeição, em petição específica dirigida ao juiz do processo, na qual indicará o fundamento da recusa, podendo instruí-
la com documentos em que se fundar a alegação e com rol de testemunhas.

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b) A transação;
c) A renúncia à pretensão formulada na ação ou na reconvenção.

1.3. Classificação das defesas (02 modalidades)

CLASSIFICAÇÃO DAS DEFESAS (as duas teorias a seguir não se negam, sendo igualmente importantes)

Teoria de Gaio – mais tradicional

a) Defesa processual (contra a admissibilidade) (337 CPC) → aquela contra a admissibilidade da ação, anterior à
análise do mérito.

i) própria/peremptória → OBJETIVO: extinção sem mérito

Exemplos: falta das condições da ação, inépcia da petição inicial, litispendência, coisa julgada ou qualquer falta de
pressuposto processual de existência, positivo ou negativo. Se o juiz acolher tais defesas, extingue o processo sem análise
do mérito, conforme art. 337.

ii) imprópria/dilatória → OBJETIVO: retardamento do processo (dentro dos limites da boa-fé processual)

Exemplos: alegação de incompetência, conexão e continência, conforme art. 337.

Art. 337 do CPC. Incumbe ao réu, antes de discutir o mérito, alegar:


I - Inexistência ou nulidade da citação;
II - Incompetência absoluta e relativa;
III - Incorreção do valor da causa;
IV - Inépcia da petição inicial;
V - Perempção;
VI - Litispendência;
VII - Coisa julgada;
VIII - Conexão;
IX - Incapacidade da parte, defeito de representação ou falta de autorização;
X - Convenção de arbitragem;
XI - Ausência de legitimidade ou de interesse processual;
XII - Falta de caução ou de outra prestação que a lei exige como preliminar;
XIII - Indevida concessão do benefício de gratuidade de justiça.

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(...)

b) Defesa de mérito (ou substancial) (336 CPC) → a discussão aqui não é mais processual, sendo discussão de direito
material, no tocante ao mérito do processo e o julgamento será improcedente ou procedente.

i) direta (nega fatos e/ou consequências jurídicas)

Exemplos: autor ingressou com uma ação contra mim, dizendo que eu bati no carro dele e eu contesto alegando que não
bati o carro. Autor ingressa com uma ação contra mim reclamando um dano, eu contesto alegando que o dano não existe.

ii) Indireta (admite os fatos, mas opõe a eles fatos extintivos, modificativos e/ou impeditivos)

Exemplos: o réu, em ação de acidente de trânsito, admite que bateu na traseira do veículo do autor, porém alega que o
autor estava dando ré indevidamente. O devedor confessa a existência da dívida em ação de cobrança, entretanto alega
que já pagou. Prescrição e decadência, porque fato até ocorreu, mas já houve perecimento da pretensão ou do direito.

Art. 336 do CPC. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito
com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.

Teoria das Exceções – mais moderna

Exceção, em sentido lato, é sinônimo de defesa.

a) Exceções (em sentido estrito) → são as defesas que não podem ser conhecidas de ofício pelo juiz e, a cujo
respeito, se opera a preclusão, salvo se a lei autorizar a alegação a qualquer tempo.

i) Processuais: extinção sem mérito;

Exemplos: incompetência relativa (art. 65 do CPC), a convenção de arbitragem (art. 337, §§ 5º e 6º). Se a parte não alegar,
o juiz não pode pronunciá-las de ofício.

ii) De mérito: o juiz não pode pronunciar de ofício e, se a parte não alegar, o juiz não pode conhecer, salvo
se a lei autorizar a alegação a qualquer tempo.

Exemplo 1: formas de pagamento em geral (a parte deve alegar que, no caso, houve compensação, dação em pagamento,
novação ou extinção por qualquer outra modalidade).

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Exemplo 2: decadência convencional, aquela estabelecida no contrato para além dos limites previstos em lei, como a
garantia estendida (art. 211 do CC 9). Nesse caso, não se opera a preclusão, porque esse dispositivo do Código Civil faz
parte da ressalva, autoriza a alegação a qualquer tempo → não permite que o juiz, contudo, a alegue de ofício.

b) Objeções → matérias que o juiz pode pronunciar de oficio (deve ouvir a parte contrária) e, a cujo respeito, não se
opera a preclusão.

i) Processuais: condições da ação, incompetência absoluta e pressupostos processuais em geral de ofício e


em qualquer grau de jurisdição (art. 485, § 3º, do CPC).

Exemplo 1: condições da ação e pressupostos processuais em geral levam à extinção do processo sem resolução do
mérito;

Exemplo 2: incompetência absoluta leva ao retardamento do processo, com a remessa dos autos ao juízo competente.

ii) De mérito: raríssimas na prática. O juiz pode pronunciá-las de ofício e levam à improcedência do pedido.

Exemplos: prescrição e a decadência legal (prevista em lei), salvo em recurso especial ou extraordinário, onde não se
pode mais reconhecer a prescrição e a decadência porque não teve prequestionamento nas instâncias superiores.

➢ ATENÇÃO: o examinador tem a tendência de confundir, nos casos práticos das questões de concurso público, as
regras concernentes à decadência convencional, que é exceção, do art. 211 do CC X decadência legal (prevista em
lei), que é objeção.

2. CONTESTAÇÃO

2.1. Princípios regentes do tema

a) Princípio da eventualidade (336 CPC). 03 Exceções: 342 CPC → o réu tem o ônus de concentrar toda a matéria
de defesa na contestação. Portanto, como regra, o réu não terá mais a oportunidade, depois da contestação, de
arguir novas teses de defesa.

9
Art. 211 do CC. Se a decadência for convencional, a parte a quem aproveita pode alegá-la em qualquer grau de jurisdição,
mas o juiz não pode suprir a alegação.

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De acordo com essa regra, por conseguinte, considerando que é o único momento processual para apresentação de tais
defesas, o réu pode apresentar teses incompatíveis entre si, desde que praticadas com boa-fé.

➢ Exemplo: alguém ajuíza ação contra o professor pleiteando danos morais por ter se sentindo ofendido como parte
(advogado ou promotor) em uma sentença por ele proferida. O polo passivo já está incorreto porque, conforme
estudamos, a responsabilidade do funcionário público é do órgão ao qual ele está vinculado, sem prejuízo de
eventual direito à ação regressiva.

➢ O professor se defende alegando que, preliminarmente, o juízo é incompetente porque o domicílio do réu é
Franca/SP e a ação foi ajuizada em São Paulo/SP. Ainda preliminarmente, o réu é parte ilegítima porque, a
responsabilidade pelo funcionário público, de acordo com entendimento pacificado no STF, é subsidiária (contra
o Estado e, se o Estado entender que o funcionário agiu com dolo ou culpa grave, ingressará com ação regressiva);

➢ Já no mérito, o professor alega que não foi ele que assinou a sentença, apesar de, no corpo da sentença, constar
seu nome, no dia em que a sentença foi publicada, ele estava de folga e quem assinou foi um juiz substituto;

➢ Se, eventualmente, o juiz da causa considerar que foi o professor que assinou a sentença, inexiste dano moral
porque se trata de mero aborrecimento, não havendo publicidade porque o processo tramitou em segredo de
justiça;

➢ Se, eventualmente, existiu o dano moral, a correção monetária não é desde o ajuizamento da ação e sim desde a
data da fixação do dano moral;

Súmula n. 362 do STJ: A correção monetária do valor da indenização do dano moral incide desde a data do arbitramento.

➢ E se, eventualmente, teve dano moral com correção monetária desde o ajuizamento da ação, os juros de mora
não podem ser desde a data do evento e sim desde a data da citação.

Art. 405 do CC. Contam-se os juros de mora desde a citação inicial.

Exceções ao princípio da eventualidade (art. 342 do CPC) → hipóteses excepcionais nas quais o réu poderá alegar teses
de defesa depois da contestação.

Art. 342 do CPC. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - Relativas a direito ou a fato superveniente;

➢ Ocorrência de fatos novos ou superveniência de lei nova aplicável ao caso.

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II - Competir ao juiz conhecer delas de ofício;

➢ Se o juiz pode conhecer de ofício, não preclui, porque se trata de objeção conforme a teoria das exceções.

III - Por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.

➢ Decadência convencional do art. 211 do CC.

b) Princípio da impugnação especificada dos fatos alegados na inicial (341 CPC). 04 Exceções

Réu deve Depois de


Fato 1 contestar contestado, o
especificamente fato vira questão

Réu deve Depois de


Fatos da Inicial Fato 2 contestar contestado, o
especificamente fato vira questão

PONTO - se
Fato 3 x presume
verdadeiro

Somente quando os fatos narrados pela petição inicial viram questões, o juiz deve apreciá-las, também de forma
especificada e motivada.

O fato 3 não foi impugnado pelo réu. Como não houve impugnação específica, o fato não virou questão e sim um ponto
“final”, que se presume verdadeiro → art. 344 e 374, III, do CPC.

➢ Exemplo: alguém ajuíza contra você uma ação de acidente de trânsito alegando que você, no ato da colisão,
amassou a traseira, a lataria lateral e o para-choque do veículo do autor.

➢ Você contesta dizendo que não houve dano na traseira nem no para-choque, porque a colisão foi lateral.

➢ Você fica silente em relação ao dano lateral causado ao veículo do autor. Esse fato vira um ponto, passando a ser
presumido como verdadeiro pelo juiz o quanto alegado pelo autor na petição inicial, condenando-se, ao final o
réu ao pagamento dos reparos na lataria lateral do veículo do autor.

Exceções ao princípio da impugnação especificada dos fatos (art. 341 do CPC) → os fatos não impugnados, nessas
hipóteses excepcionais, não serão presumidos como verdadeiros pelo juiz.

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Art. 341 do CPC. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição
inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, SALVO SE:

I - Não for admissível, a seu respeito, a confissão;

➢ Fato que não pode ser confessado não pode ser presumido como verdadeiro porque, se não pode o “mais” (o réu
confessar), não pode o “menos” (o réu não impugnar e presumir como verdadeiro tal fato) → quem disciplina
esses fatos que não podem ser confessados é o direito material (Direito Civil), sendo aqueles referentes a direitos
indisponíveis .

➢ Exemplos: a parte não pode, voluntariamente, renunciar algo como seu estado de capacidade para os atos da
vida civil. O indivíduo não pode concordar com a interdição, abrindo mão do controle de suas finanças,
exemplificativamente, porque, mesmo ante a concordância, é necessário o exame pericial. Outro exemplo é o
exame de paternidade, não bastando a confissão.

II - A petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;

➢ Fenômeno da prova legal (art. 406 do CPC 10). Esse dispositivo estabelece que, quando for da substância do ato a
escritura pública, nenhum outro documento pode provar esse fato.

➢ Exemplo: a propriedade de imóvel só se prova por escritura pública, com base no art. 108 do CC 11.

III - Estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.

➢ No exemplo dado acima do dano apenas lateral ao veículo do autor, o réu contesta dizendo que não houve dano
na traseira e no para-choque do veículo, mas fica silente em relação ao dano na lateral, tal ponto se presume
verdadeiro → porque não houve a impugnação especificada.

➢ Ainda no mesmo exemplo, depois de citado o réu se manifesta alegando que não foi o carro dele que causou o
dano ao veículo do autor porque, inclusive, no dia do acidente, seu carro estava em reparos na oficina mecânica.

10
Art. 406 do CPC. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais
especial que seja, pode suprir-lhe a falta.

11
Art. 108 do CC. Não dispondo a lei em contrário, a escritura pública é essencial à validade dos negócios jurídicos que
visem à constituição, transferência, modificação ou renúncia de direitos reais sobre imóveis de valor superior a trinta
vezes o maior salário mínimo vigente no País.

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Com esse tipo de alegação, o réu negou a existência do acidente de veículo por culpa sua e os três os danos dele
decorrentes → essa defesa, em seu conjunto, por mais que não houve impugnação específica, é suficiente para
afastar todas as alegações.

Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e
ao curador especial.

➢ A essas figuras (defensor público, advogado dativo e curador especial), não se aplica o ônus da impugnação
especificada dos fatos, principalmente no tocante ao art. 72 do CPC → permitida a denominada contestação “por
negativa geral”.

Art. 374 do CPC. Não dependem de prova os fatos:


(...)
III - admitidos no processo como incontroversos;

2.2. Conteúdo da defesa processual (preliminares) (337 CPC)

O professor recomenda a leitura atenta do dispositivo completo e fará a análise de alguns pontos, apenas.

a) incompetência (afasta o juízo e não o juiz – o que afasta a figura do juiz é o impedimento ou a suspeição)
(arguição no domicílio do réu e 334 – 340, § 1º e 2º) → feita na contestação tanto para a incompetência absoluta
(objeção – pode de ofício) quanto para a relativa (exceção).

Se a parte não arguir a incompetência relativa no prazo da contestação, ocorrerá o fenômeno da prorrogação de
competência e o juiz que era “ruim” para o processo, se torna “bom” para o processo.

Art. 340 do CPC. Havendo alegação de incompetência relativa ou absoluta, a contestação poderá ser protocolada no foro
de domicílio do réu, fato que será imediatamente comunicado ao juiz da causa, preferencialmente por meio eletrônico.

§ 1º A contestação será submetida a livre distribuição ou, se o réu houver sido citado por meio de carta precatória, juntada
aos autos dessa carta, seguindo-se a sua imediata remessa para o juízo da causa.

§ 2º Reconhecida a competência do foro indicado pelo réu, o juízo para o qual for distribuída a contestação ou a carta
precatória será considerado prevento.

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b) impugnação ao valor da causa (fim do incidente) → o regramento se dá pelos arts. 291-293 do CPC. O valor
da causa é relevante para a fixação das custas processuais a serem pagas na distribuição. Também é relevante no
que tange os honorários advocatícios (art. 85, §§ 2º e 3º, CPC) em sentenças de improcedência, extinção e
sentenças declaratórias e constitutivas.

Caso o juiz não observe de ofício, a parte poderá arguir na contestação, já que não existe mais uma exceção própria para
impugnar o valor da causa → não impugnou, ocorre a preclusão.

c) impugnação à gratuidade judiciária (fim do incidente da Lei 1.060/50) → também na contestação ante a
inexistência de exceção imprópria para impugnar a concessão de gratuidade judiciária ao autor.

d) arguição de ilegitimidade (338 e 339 CPC) (nomeação à autoria) → os dispositivos abaixo substituem o
instituto da nomeação à autoria, previsto no CPC/73.

Art. 338 do CPC. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o
juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.

Parágrafo único. Realizada a substituição (opção 1), o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao
procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos
termos do art. 85, § 8º.

Art. 339 do CPC. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida
sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos
decorrentes da falta de indicação.

§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a
substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338.

§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir (opção 2), como litisconsorte
passivo, o sujeito indicado pelo réu.

➢ Exemplo: o réu se considera parte e ilegítima e aponta, para o autor quem deveria ser, legitimamente, o polo
passivo da demanda.

OPÇÃO 1: o autor concorda com a sucessão, exclui o réu arguinte e entra o terceiro indicado. Nesse caso, a sentença do
juiz que extingue o processo quanto ao arguinte fixará os honorários de 3 a 5% do valor da causa ao advogado do arguinte,
haja vista que o trabalho dele foi menor, somente de arguir a ilegitimidade de parte.

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OPÇÃO 2: o autor concorda com a inclusão do terceiro indicado, mas não com a exclusão do réu arguinte. Nesse caso, o
juiz simplesmente manda inserir o terceiro e mantém o réu arguinte no polo passivo → hipótese de litisconsórcio ulterior.

OPÇÃO 3: o autor não concorda com a substituição, alegando que o polo passivo realmente deve ser ocupado pelo réu
arguinte. Nesse caso, o processo segue normalmente contra o réu arguinte, réu originário, e, ao final, o juiz decide se esse
réu era parte legítima ou ilegítima.

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