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MICROFONES E CAPTAÇÃO DO SOM

Gravar e samplear vozes e instrumentos acústicos ou elétricos é a tarefa mais crítica de


um estúdio. Ainda mais por não haver regras preestabelecidas sobre qual a melhor forma de se
captar cada som. Como ponto de partida, vale a pena conhecermos os procedimentos mais
comuns de captação e os microfones mais usados pelos estúdios mundo afora.
A maioria dos microfones é construída
para um propósito específico, embora as
especificações de alguns modelos permitam que
sejam usados para mais de um tipo de trabalho.
Há vários tipos de microfones, para diversas
finalidades, como os modelos desenvolvidos para
cinema, rádio, TV, eventos ao vivo, laboratórios de zoologia e de perícia judicial, microfones
de lapela, de espionagem, de computador, de telefone e de secretárias eletrônicas, entre outros.
Nos estúdios de gravação existem microfones específicos para a
captação de todo tipo de voz ou instrumento musical, como também há
modelos mais versáteis para uso geral. Informe-se, não deixe de testá-
los e compará-los com os concorrentes em condições acústicas normais
e iguais antes de comprar. E compre o que o seu ouvido mandar.
É de vital importância a escolha do local mais adequado dentro
da sala de gravação, aquele onde os sons têm maior naturalidade. Do
mesmo modo, devemos sempre experimentar o posicionamento correto
do microfone diante da fonte sonora. Essas duas precauções são mais
valiosas até do que a própria escolha do microfone.
Pré-amplificadores. Os microfones trabalham em níveis de volume mais baixos do
que os instrumentos eletrônicos, como teclados, baterias ou aparelhos como as mesas e as
placas de som. Para operarem em níveis compatíveis com os dos demais equipamentos, os
microfones precisam ser pré-amplificados, isto é, amplificados antes de entrarem no sistema
de som.

© 2006 Sérgio Izecksohn/Curso de Home Studio® – Todos os direitos reservados.


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Podemos utilizar pré-amplificadores avulsos para os microfones e enviar o som dali


para a placa de som. Existe uma grande quantidade de bons modelos no mercado. Por outro
lado, podemos utilizar os preamps dos canais de uma mesa de som, o que costuma sair bem
mais em conta. Veja mais em Mesas de Som.

Conexões. Os microfones podem ser ligados diretamente à mesa, caso não


disponhamos de um pré-amplificador específico para eles. A mesa deve ter entradas
balanceadas no formato Cannon XLR de três pinos para uma melhor qualidade do som.
O microfone usa uma saída balanceada, que contém um terceiro fio que neutraliza
ruídos e interferências eletromagnéticas no seu sinal. A saída balanceada do microfone é
conectada à mesa através de um cabo com plugues XLR (ou Cannon). Alternativamente, se a
mesa ou o pré-amplificador tiver entradas balanceadas no formato P10, usamos plugues P10
balanceados de 1/4 de polegada, chamados também de banana estéreo, plugues de fones ou
TRS. Veja mais em Cabos e Conectores.

Atuação. Os microfones para gravação, quanto ao seu modo de funcionamento, se


dividem em dois grupos principais: dinâmicos e a condensador.

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Microfones dinâmicos, os também chamados microfones duros, baseados numa


bobina móvel acoplada à membrana, têm em geral uma resposta um tanto “dura”, só captando
bem a fonte sonora próxima à membrana. Esses modelos são os mais
recomendados para captar sons de maior intensidade ou pressão, como
percussão, metais (sopros) e alto-falantes de guitarra. Com sua resposta fraca
para sons mais distantes, são muito úteis para os pequenos estúdios sem
tratamento acústico, assim como para o uso no palco, já que
são resistentes a ruídos de manuseio.

Microfones a condensador. Bem mais sensíveis que os dinâmicos, são mais usados
em estúdios de gravação e de TV, otimizando a qualidade sonora. Ideais para captar vozes e
instrumentos com sons de média ou pouca intensidade, desde que num ambiente acústico
tratado. Também chamados de microfones a eletreto ou capacitivos, esses modelos precisam
de energia elétrica para alimentar o condensador.
Phantom power. Geralmente, a mesa de som ou o pré-amplificador tem uma chave de
phantom power, que envia uma corrente elétrica com a tensão de 48 Volts para o condensador
através do próprio cabo de áudio do microfone. Os outros tipos de microfones, como os
dinâmicos, ignoram esta energia “fantasma” (ou seja, invisível, sem um cabo próprio).
Ligando o PHANTOM. É importante, para proteger o
equipamento, seguirmos passo a passo a ordem correta ao
ligarmos e, depois, ao desligarmos a chave PHANTOM das
mesas de som:
1) corte o som do canal (acione a
chave MUTE);
2) conecte o cabo ao microfone e
depois à entrada do canal da mesa;
3) ligue a chave PHANTOM e aguarde
uns 30 segundos;
4) abra o som do canal, desligando a
chave MUTE, e ajuste o seu ganho.
Para desligar a chave PHANTOM:
1) corte o som do canal;
2) desligue a chave PHANTOM e
aguarde meio minuto;
3) desconecte o cabo do canal da mesa
e, depois, do microfone.
Microfonia ou feedback é a realimentação ou o retorno do som captado pelo
microfone a ele próprio após o som ser amplificado e reproduzido pelo alto-falante O
microfone não pode estar na mesma sala que um alto-falante ligado reproduzindo o seu som,

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pois será inevitável a microfonia. Durante a gravação, capte os sons em outra sala, isolada
acusticamente, ou use fones de ouvido em vez dos alto-falantes.
Áreas de captação. Microfones podem captar o áudio vindo de várias direções com
diferentes curvas de atuação, popularmente chamadas unidirecionais e multidirecionais. Fora
dessa área, a captação se reduz a níveis muito baixos. Dependendo dos modelos, podem atuar
de uma única maneira ou de várias, escolhidas num seletor. É importante observarmos os
diagramas polares dos manuais para conhecermos a sua área de captação. Os ícones de cada
diagrama costumam vir desenhados no próprio microfone.

Unidirecionais. Os microfones unidirecionais são chamados assim por captarem


melhor os sons que vêm da sua frente. De acordo com a abrangência de sua atuação (captando
os sons em áreas mais estreitas ou mais largas), eles podem se classificar como cardióides,
supercardióides e hipercardióides.
Os microfones cardióides captam melhor os sons
emitidos dentro de uma área em forma de coração, diante
da cápsula e a moderada distância. Quanto mais a fonte
sonora se posicionar à frente da cápsula do microfone,
maior será o ganho. Quanto mais ela se afastar da frente da
cápsula, girando em torno do microfone, menor o nível do
som captado. Por trás do microfone a captação é anulada.
Os supercardióides e os hipercardióides têm essa
área de captação frontal ainda mais estreita. Embora
também captem os sons mais próximos (ou mais fortes) que
vêm de trás, eles não são capazes de captar sons
transversais ou diagonais.
Se, por um lado, esses microfones são insuficientes
para captar o som de uma área mais larga, como um coro,
por outro lado, reduzem os vazamentos de ruídos externos
na gravação, sendo ainda mais úteis em gravações de várias
fontes sonoras com vários microfones e nos estúdios sem
isolamento acústico.
Onidirecionais. Mais conhecidos como microfones
omnidirecionais ou multidirecionais, captam o som que
vem de todas as direções. São ideais para gravação de
seções de orquestras e coros, além de permitir boa captação
em um ambiente sem vazamentos.
Figura-de-8. Captação de duas
regiões esféricas, uma à frente e a
outra atrás do microfone, isolando os
sons laterais. Boa para gravar duas fontes sonoras posicionadas uma
diante da outra. Também chamado de bidirecional.

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Multidirecionais. Microfones que permitem selecionar entre


os diversos diagramas polares através de uma chave seletora. No
entanto, o termo também se refere aos microfones onidirecionais e
figura-de-8.

PZM. Pressure Zone Microphone, boundary mike


ou microfone de ambiente é um tipo de microfone com o
formato achatado, geralmente pendurado em uma parede
lateral da sala de gravação. Seu elemento é afixado
suspenso sobre um dos lados de uma folha de material
reflexivo ao som. Por isso mesmo seu padrão de captura é o
mais aberto possível, assemelhando-se a uma semi-esfera,
registrando sons provenientes de todas as direções em
relação à sua superfície superior.
Colecionando microfones. Existe uma infinidade de modelos de microfones para
estúdios de gravação e muitas excelentes fábricas. Os modelos aqui citados são os mais
freqüentemente encontrados em grandes, médios e pequenos estúdios, devido à sua qualidade,
versatilidade, seu custo/benefício ou outros fatores.
Se o seu home studio é
básico, sem tratamento acústico,
ainda não é o momento apropriado
para adquirir uma coleção de
microfones para todas as
finalidades. Neste caso, o uso de um
ou dois microfones dinâmicos,
desses que se usam nos palcos, como o Shure SM57 para os instrumentos e o
Shure SM58 para as vozes, por exemplo, ou mesmo um só, pode ser uma solução
natural. Dinâmicos e, portanto, pouco sensíveis a sons mais distantes, além de
unidirecionais (cardióides), esses modelos compensam bastante a ausência do
isolamento e do tratamento acústico. Econômicos com relação à qualidade,
permitem a poupança para os próximos investimentos.
O estúdio de médio porte pode adotar, para uso geral, o muito versátil
AKG C 414, sem nunca abrir mão do Shure SM57 para captação de guitarra e
percussões. Os modelos da Neumann, como o U 87 e o TLM 103 são mais
sofisticados e bem mais caros, embora menos versáteis que o C 414.

Para o pequeno estúdio com


isolamento e algum tratamento acústico,
surgiram nos últimos anos muitos modelos
de microfones a condensador com ótima
relação custo/benefício. Entre eles, os
mais populares são os Behringer B-1, B-2,
C-3, os ótimos MXL (Marshall) V69, V67
e outros modelos básicos.

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Para home studios maiores, a aquisição dos microfones segue a sua própria vocação.
Gravar bateria, por exemplo, demanda a compra de um kit de microfones específicos para os
tambores e pratos, além da necessidade de uma sala especial para a sua captação. Também por
isso a maioria dos home studios opta pelo uso das baterias virtuais e dos loops.
A mais recente inovação é o microfone com saída USB diretamente
conectada ao computador. Em outras palavras, um microfone com uma interface de
áudio interna. O pioneiro Samson C01U é uma alternativa para orçamentos mais
apertados.
Qualquer que seja a sua escolha, lembre-se que o mais importante é sempre o
posicionamento do microfone e da fonte sonora durante a captação.
Vejamos, então, aqui, algumas técnicas e os microfones mais usados para a
captação de vozes e dos instrumentos mais comuns:
Voz. Os microfones a condensador são os mais apropriados. Os mais usados nos
estúdios comerciais são o Neumann U 87 e o AKG C 414. O AKG C 3000B, de menor custo,
assim com os modelos citados da Behringer e da MXL são alternativas usuais para um home
studios de porte médio.
O microfone deve ficar sempre no pedestal, com suspensão própria e uma tela para
filtrar o som da voz e barrar a emissão mais forte do ar, que causa o indesejável “puf” ou
“pop” na gravação. A distância varia de acordo com a potência vocal do cantor, geralmente
entre uns oito e uns trinta centímetros, na altura dos olhos ou um pouco abaixo.

Usando um microfone dinâmico (no pequeno estúdio), devemos posicioná-lo a 45


graus da boca do cantor e a distância será de um a cinco centímetros.
Após “passarmos o som” não devem ser feitos outros ajustes de volume durante a
gravação. Toda a dinâmica fica por conta do cantor e de seu posicionamento diante do
microfone. Os demais ajustes só serão realizados na mixagem. Caso ocorra um pico no sinal
de áudio durante a gravação, devemos interrompê-la. Observamos onde ocorreu o pico (no
preamp, no canal da mesa, na placa de som ou no retorno), corrigimos o nível e reiniciamos a
gravação.

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Violão. Temos aqui várias opções de captação. Em um ambiente acústico ideal, o


violão com cordas de nylon será captado por um ou dois microfones a condensador, como os
citados aqui para voz, a uns trinta centímetros do
tampo frontal do instrumento e a uns sessenta
centímetros um do outro (se usarmos dois).
Evitamos posicionar o microfone próximo à
boca do violão, de onde o ar sai com muita pressão.
Na maioria dos home studios, uma boa opção é
começar experimentando posicionar o microfone a
condensador, ou mesmo o dinâmico, a poucos
centímetros da parte inferior do tampo do violão,
geralmente na parte de trás. Use um fone de ouvido para escolher as melhores posições do
violão e do microfone.
Nos violões com captação elétrica, podemos combinar o som do microfone com o som
direto, plugando o violão em um segundo canal da mesa. O ideal é gravarmos em várias pistas
para então dosarmos os níveis dos sons, cuidando para evitar cancelamentos por defasagem.
O violão com cordas de aço, atuando em conjunto com outros instrumentos de
harmonia, pode ser captado por um microfone que realce
as altas freqüências (agudos), como o AKG C-391 ou o
Shure SM-81.
Guitarra. A captação da guitarra costuma ser feita através de microfones dinâmicos,
como o Shure SM-57, captando o alto-falante do amplificador a uns dez ou quinze
centímetros. O microfone aponta perpendicularmente para o centro do raio do cone do alto-
falante. O amplificador deve estar em outra sala, isolado da técnica. Após definirmos o timbre
no amplificador da guitarra, buscamos reproduzi-lo nos monitores do estúdio através dos
equalizadores da mesa. Usa-se também a gravação em linha através de um pré-amplificador
ou um simulador de amplificadores como o Pod.

Baixo. Pode ser conectado diretamente à mesa, ou via amplificador, ou microfonado


ou de várias formas combinadas. Microfonado, segue os padrões da guitarra, usando Shure
SM 57, AKG D 112, ElectroVoice RE 20 ou Sennheiser MD
421. Em linha, o som é mais nítido. As cordas têm que estar
novas, o instrumento regulado e, se usar captação ativa,
bateria nova. O ideal é experimentar até se alcançar a
sonoridade desejada. O custo/hora do home studio costuma ser
bem menor que nos estúdios de maior porte, o que permite
uma experimentação maior.

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Bateria. Usam-se vários microfones diferentes, em geral dinâmicos para as peles e a


condensador para os pratos. Para o bumbo, o mais comum é o AKG D112, dentro do bumbo.
Sobre a caixa, Shure SM57, voltado para a pele superior, a uns 5cm. Os tom-tons usam
Sennheiser MD 421 e surdo, Eletro Voice RE 20, posicionados como na caixa. Contratempo,
Shure SM 94. Os pratos podem ser captados por dois microfones overall do tipo lapiseira,
como o Shure SM 81.

AKG D 112, Shure SM 57, SennheiserMD 421, ElectroVoice RE 20, Shure SM 94 e SM 81

Nunca é demais experimentarmos outras opções de captação, já que o que realmente


importa é o resultado. A boa execução vocal ou instrumental é o fator mais importante para
uma gravação de qualidade. Não deixe para recuperar a qualidade na mixagem. As melhores
soluções são encontradas na hora de gravar.

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