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Estratégia empresarial, longevidade

e sustentabilidade financeira: estudo de Caso


Supermercado em Pitangui-MG
Doge Palhares Júnior
Mestrando Administração na Faculdade Novos Horizontes
E-mail: <dpalharesjr@gmail.com>.

Christian Moisés Tomaz


Mestrando Administração pela Faculdade Novos Horizontes
E-mail: <christian.tomaz@live.com>.

Wendel Alex Castro Silva


Doutor em Administração pela Universidade Federal de Minas Gerais
Professor de Administração na Faculdade Novos Horizontes
E-mail: <wendel.silva@unihorizontes.br>.

Resumo

O sucesso organizacional nesse estudo está alicerçado em Estratégia empresarial, longevidade e sus-
tentabilidade financeira em estudo de caso em um supermercado no interior de minas, trazendo a luz
da teoria clareza ao empresário que muitas vezes não observa detalhes importantes ao empreender.
Com objetivo de identificar fatores que ameaçam e fatores que oportunizam tal sucesso, bem como
analisar o contexto gerencial em micros e pequenos negócios ressaltando pontos que atuam positiva-
mente no desempenho e na evolução empresarial de modo a contribuir para que Micros e Pequenas
Empresas possam vir a serem sustentáveis financeiramente e consequentemente longevas. Baseado em
estudo empírico teórico com abordagem qualitativa e estudo de caso podendo observar que muito há
para se fazer para que as organizações micro e pequenas possam crescer ainda mais se observado a
necessidade de um conhecimento mais ampliado sobre gestão de negócios.
Palavras-chave: empreendedorismo, estratégia, longevidade, sustentabilidade financeira.

Introdução Ao observar Micros e Pequenas Empresas


depara-se com a triste realidade da falta de prepa-
ro de empresários e gestores em relação ao conhe-
A Estratégia empresarial consiste basica-
cimento das habilidades financeiras e contábeis e
mente no planejamento sistemático que se deve
da falta de planejamento que por sua vez existe,
empreender num esforço constante de determinar
ficando em desvantagem ao serem comparados
a longevidade e o sucesso das organizações corro-
com médias e grandes empresas.
borando o conceito de sustentabilidade financeira
Sobre pequenos varejistas, Moreira (2014)
de capacidade para o cumprimento das obriga-
diz que: “Quanto a questões legais, como fiscais e
ções para com fornecedores e custos de transação
tributárias, de higiene e vigilância sanitária, estão
e oportunidades conseguindo-se manter perma-
sujeitos às mesmas exigências dos grandes super-
nentemente no mercado em longo prazo.
mercadistas, assim como em relação a elementos

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DOI: 10.18256/2359-3539/reit-imed.v1n2p31-42
D. P. Júnior, C. M. Tomaz, W. A. C. Silva

de competitividade [...]” concluindo-se assim que vador e, também, um estrategista Gerber (2004).
o cenário se mostra desfavorável ao pequeno va- Moreira (2014, p. 20) relata que “O interesse
rejo supermercadista Moreira (2014). pela gestão conduz o empreendedor a focar, ana-
Questões de como entender o que é empreen- lisar e compreender o setor escolhido, com apoio
dedorismo abre portas no sentido de qualificação em um conjunto de ações assertivas que garanta
dos envolvidos para realizar negócios saudáveis e a sustentabilidade financeira e a longevidade do
duradouros que permitam alcançar a sustentabili- empreendimento”.
dade financeira e a longevidade nas organizações, Xisto (2007, p. 16) constata que “O mode-
utilizando-se de estratégia empresarial. lo usual do desenvolvimento sustentável enfoca
Na visão de se obter sucesso nessas questões aspectos econômicos, sociais e ambientais, com
é que se interroga sobre quais seriam as estraté- maior destaque a esse último”. Nesse sentido en-
gias empresariais capaz de assegurarem a longe- tendemos que a perpetuidade das organizações
vidade de uma empresa no setor supermercadista? esta ligada nos dias de hoje a fatores que não so-
O objetivo desta pesquisa é de identificar fa- mente apresentam resultado financeiro sustentável
tores que ameaçam bem como fatores que opor- explicitamente, mas que diretamente fazem parte
tunizam a longevidade empresarial e a sustenta- do alcance da sustentabilidade como um todo.
bilidade financeira das organizações, permitindo A necessidade de conhecer o caminho a ser
sucesso ou fracasso de empresários que empreen- percorrido é de máxima importância para o in-
dem negócios dos mais variados tipos e comple- divíduo que quer empreender, sabendo onde pisa
xidade, bem como analisar o contexto gerencial e qual o norte a seguir. São várias as dificuldades
em micros e pequenos negócios ressaltando pon- que circulam o caminho deixando a estrada mais
tos que atuam positivamente no desempenho e tortuosa e cheia de armadilhas para o empreen-
na evolução empresarial de modo a contribuir dedor. Objetivos requerem rigor e muita estraté-
para que Micros e Pequenas Empresas possam gia para serem alcançados e às vezes precisam ser
vir a serem sustentáveis financeiramente e conse- readequados para que alcance o sucesso desejado.
quentemente longevas. O presente estudo apresenta-se com a inten-
Órgãos competentes como o SEBRAE – Ser- ção de alertar futuros empreendedores, empresá-
viço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas rios, administradores, estudiosos e pesquisadores
Empresas - revelam dados que permitem enten- a atentarem para a necessidade do planejamento
der o que e como ocorre com Micros e Pequenas como estratégia para o sucesso empresarial tra-
Empresas levando-se em conta a falta de preparo zendo em seu resumo um breve relato do conteú-
de gestores em relação a uma gestão eficiente que do em discussão.
permita alcançar sustentabilidade financeira e a Na introdução apresenta-se a finalidade e os
longevidade empresarial; e a ABRAS – Associação objetivos a serem alcançados, o problema em dis-
Brasileira de Supermercados - que mais especifi- cussão e a justificativa pelo interesse no assunto.
camente trata do que se verificam no setor vare- No desenvolvimento apresenta-se o referencial
jista supermercadista em relação à sua expansão teórico a metodologia baseada em pesquisa se-
e crescimento, estratégias e inovação de maneira miestruturada em um questionário e entrevista
a sustentar o crescimento do setor Moreira (2014). in loco da empresa estudada e os resultados apu-
A longevidade empresarial está diretamente rados à luz da teoria.
ligada à questão do empreendedorismo, da ino- Baseando-se em estudo de caso, aprofun-
vação, do planejamento, isto é, às características damento bibliográfico e discussão proposta em
que compõem o perfil do empreendedor que os artigos com abordagens similares em um estu-
diferenciam dos demais empresários e investido- do empírico teórico de método qualitativo que
res nas diversas áreas. possa esclarecer sobre a necessidade de conhecer
Tais características podem ser entendidas por planejamento e estratégia empresarial, inovação
diferenciar o comportamento individual que se- e sustentabilidade financeira antes de empreen-
gundo Gerber (2004, p. 6) afirma que o empreen- der de fato o tão sonhado negócio e as conclu-
dedor é uma pessoa visionária, sonhadora, adepta sões respondem sobre a necessidade de investir e
a mudança, criativa que “[...] cria oportunidade aprofundar no assunto.
dentre possibilidades, transformando o caos em
harmonia”. E ainda que o empreendedor é um ino-

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Estratégia empresarial, longevidade e sustentabilidade financeira…

Referencial teórico entendimento diante do que ocorre nesse sentido


Minello e Scherer (2012).
Entende-se como empresário a pessoa que é
No presente tópico são abordadas as defini-
dona de uma empresa e a administra, portanto
ções de empreendedor, administrador e gerente,
dono de um empreendimento. Como empregado
demonstrando as suas peculiaridades, bem como a
entende-se aquela pessoa que trabalha em uma
empresa, a interelação e, evidentemente, focando-se
empresa.
nas características de empreendedor. Tais elemen-
Tanto um quanto o outro podem ser em-
tos auxiliam na compreensão do objeto de estudo.
preendedores desde que sejam observadas as ca-
Empreender significa por em execução algo
racterísticas que os identifiquem, ou não.
com fim determinado, portanto cabe nesse mo-
Dornelas (2005, p. 32) relata que “o em-
mento parametrizar as ramificações contidas na
preendedor é um administrador, mas com dife-
nuance do que se relaciona com a longevidade e
renças consideráveis em relação aos gerentes ou
a sustentabilidade financeira do empreendimento
executivos de organizações tradicionais, pois os
partindo-se do princípio que planejar é a princi-
empreendedores são mais visionários que os ge-
pal estratégia para o sucesso, tanto individual
rentes”.
quanto coletivo.
Consegue-se identificar então que existe
Gerber (2004, p. 49) diz que:
uma diferença nesse sentido e que ambos são
destacados por características atenuantes e deter-
O Modelo Empreendedor observa uma empresa
como se ela fosse um produto em uma pratelei- minada pessoa não pode ser vista como empreen-
ra, competindo pela atenção do cliente contra dedor pelo fato de ter empreendido um negócio.
toda a prateleira de produtos (ou empresas) con- Tais características de um empreendedor são
correntes; dito de outra maneira, o Modelo Em- evidentes, segundo Dornelas (2005, p. 33) eles são
preendedor tem menos a ver com o que é feito visionários, sabem tomar decisões, são indivíduos
em uma empresa e mais com a maneira como que fazem a diferença, sabem explorar ao máximo
as coisas são feitas. A mercadoria não é o mais as oportunidades, são determinados e dinâmicos,
importante, mas sim o modo pelo qual ela é ofe- são dedicados, são otimistas e apaixonados pelo
recida. Quando o Empreendedor cria o modelo, que fazem, são independentes e constroem o pró-
ele observa o mundo e pergunta: “Onde está a
prio destino, ficam ricos, são lideres e formadores
oportunidade?” Ao identifica-la, ele, então, volta
à prancheta de desenho e constrói a solução para de equipes, são bem relacionados (networking),
as frustações que identificou em um certo grupo são organizados, planejam, possuem conheci-
de clientes, uma solução na forma de empresa, mento, assumem riscos calculados, cria valor para
que se parece e age de maneira bastante especí- a sociedade, o que confirma a comparação nessa
fica, a maneira como o cliente (não o Empreen- pesquisa Dornelas (2005).
dedor) precisa, em aparência e resultado Gerber Características mais comuns identificadas
(2004, p. 49). por McClelland, (1961) em empreendedores de su-
cesso destacam-se a busca de oportunidade e ini-
Entender esse ponto é relevante para distin- ciativa, persistência, comprometimento, exigência
guir o que faz a diferença ao categorizar as atitu- de qualidade e eficiência, correr riscos calculados,
des que envolvem o individuo reciprocamente ao estabelecimento de metas, busca de informações,
seu negócio, ao sucesso do mesmo bem como o planejamento e monitoramento sistemático, per-
próprio fracasso. suasão e rede de contatos, independência e auto-
Quanto ao comportamento resiliente e os confiança sendo sua teoria fundamentada na mo-
estilos de enfrentamento de empreendedores que tivação psicológica composta pelas necessidades
vivenciaram o insucesso, Minello e Scherer (2012) de realização, afiliação e poder McClelland (1961).
objetivaram em seu artigo analisar de forma a Desse modo a falha na gestão e falta de co-
contribuir com a ampliação do conhecimento evi- nhecimento do que envolve os setores do comér-
denciando que tal comportamento e estilo podem cio, indústria e serviços como: carga tributária
ser caracterizados, durante a descontinuidade do elevada, escassez de crédito, fiscalização, concor-
negócio levando-se em conta a individualidade do rência, inadimplência, recessões, clientes, capi-
sujeito, isto é, cada um tem suas características tal de giro, finanças, conhecimentos gerenciais,
próprias não devendo ser essa uma questão gene- ponto comercial, desconhecimento do mercado,
ralizada remetendo-se cada vez mais na busca de qualidade do produto ou serviço oferecido, mão

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de obra, instalações inadequadas, entre outras si- diversas características que rechaçam pela dife-
tuações que dimensionam a falta de planejamen- rença dos demais sujeitos. Embora não compro-
to tanto no curto como nos médio e longo prazo, vado cientificamente tal fato, sabe-se que existe
poderia ser bastante atenuada. empreendedores inatos, que realmente já detém
A pesquisa realizada pela GEM (2009) re- todas as condições, competências e características
vela que a Taxa de Atividade Empreendedora no identificadas, como que partes isoladas e identifi-
Brasil, o que representourepresentou 17,5% em cadas como objeto de estudo corroborando Dor-
2009; contudo, o medo do fracasso atingiu um nelas (2005, p. 40) que diz que “Até alguns anos
percentual de 26,2% e 33,3% em empreendedores atrás, acreditava-se que o empreendedor era inato,
iniciantes e em todos os empreendedores respon- que nascia com um diferencial e era predestina-
dentes respectivamente. Constatado na referida do ao sucesso nos negócios”. E continua, “Pessoas
pesquisa sobre conhecimento eles relatam que: sem essas características eram desencorajadas a
“Esse conhecimento é considerado como recur- empreender. Como já se viu isso é mito”.
so estratégico para a vida das pessoas e dos em- Não que haja uma dislexia em relação a
preendimentos, o que evidencia a importância quem não é empreendedor. Estudos mostram e
dos recursos intangíveis”..., deixando claro que comprovam que tais habilidades podem e devem
o empreendedor criativo que desenvolve e utili- ser apreendidas pelos demais, o que requer não
za-se de suas características e colaboram para a só estimulo nesse sentido, mas conscientização
diminuição do insucesso empresarial Minello e Dornelas (2005).
Scherer (2012). Dolabela (2003) discute a questão do apren-
Entendendo-se que ser empreendedor dife- dizado sobre empreendedorismo entendendo que
re-se de ser empresário e administrador, ou seja, este por ser de caráter estratégico deve ser en-
que as competências nesse caso são distintas e não sinado e ampla e profundamente discutido em
fazem parte do mesmo objeto é que se faz ciente universidades, adotado como cultura já nos pri-
de onde partir para chegar a um denominador meiros níveis da educação. Para ele as escolas de-
comum. Tendo-se um empresário empreendedor, veriam educar seus alunos, alicerçados nos pilares
estar-se-á diante de uma pessoa com competên- de autonomia e independência capacitando-os a
cias distintas, ao passo que enquanto empresá- inovar, assumindo riscos de modo a orientá-los
rio ou administrador simplesmente a questão da no sentido dos mesmos colaborarem para o de-
competência em áreas não estratégicas se limita senvolvimento do país Dolabela (2003).
consideravelmente Dornelas (2005). Como saber se determinado individuo é ou
Em suma, o empresário “pessoa jurídica” não empreendedor, é parte que cabe a educadores
explora atividade econômica e negocial, que exer- comprometidos, para que se desvele o que está
ce os atos empresariais; e, não aos seus sócios (ti- oculto em cada ser humano cabendo ensinar des-
tulares de quotas sociais ou ações); o gerente, pro- pertando o interesse das pessoas em aprender a
tagonista do processo administrativo, que tem aprender. No Brasil somente a partir dos anos 80
função de destaque na empresa deve ter como ca- houve estimulo através de ações e políticas de es-
racterística uma alta necessidade de poder, desde tímulo para o empreendedorismo, que até então o
que essa necessidade esteja sob controle e atenda governo não havia se preocupado, o que contras-
com eficácia os resultados da organização e não ta com iniciativas empreendedoras observadas
para satisfazer o ego do líder; e o empreendedor na história desde tempos mais remotos Dutra e
apresenta características como a capacidade de Previdelli (2003).
encontrar oportunidades onde ninguém mais Segundo Oliveira, Silva e Araújo (2012, p. 6)
viu, visionários, sabem tomar decisões, são indi- “Dentre as pesquisas identificadas na academia,
víduos que fazem a diferença, são determinados e tanto nacional quanto estrangeira, percebe-se
dinâmicos, são otimistas e apaixonados pelo que maior frequência de estudos sobre o comporta-
fazem, ficam ricos, são bem relacionados, plane- mento empreendedor, sendo poucos os diretamen-
jam, assumem riscos calculados, são dedicados, te relacionados com as MPE’s”. E completa: “Con-
entre outras qualidades. (AcessoCont, 2015; Ma- tudo, a orientação empreendedora tem mostrado
ximiano, 2006; Dornelas, 2001). ser importante para a manutenção e crescimento
De acordo com Dornelas (2005) e Oliveira, das organizações, contribuindo para o avanço e
Silva e Araujo (2012), estudos apresentaram o em- sua longevidade Oliveira, Silva e Araújo (2012)”.
preendedor explicitando já conter em seu DNA as

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O conhecimento sobre empreendedorismo e empregado porque é sua fonte de subsistência e


as experiências adquiridas se revelam como fator provisão; aos acionistas pela possibilidade de ga-
de longevidade para as organizações. nhos sobre o investimento; ao governo por gerar
Jesus, Silva e Melo (2009) apud Venturoli impostos; à sociedade pela produção de bens e
(2004) conceituam: “Longevidade significa a qua- serviços Brasil et al (2006).
lidade daquele que tem muita idade, essa por sua Sustentabilidade é o que permite por de-
vez está sempre relacionado com a expectativa de terminado período de tempo a manutenção ou
duração da vida influenciada pelos fatores do am- permanência de certa condição referente a um
biente”. processo ou sistema para a satisfação de longo
Empresas longevas mesmo em turbulência prazo de atividades necessárias a realizações que
tem capacidade reativa de se reconstituir a partir se espera. É complexa por atender a um conjun-
de erros em determinadas fases de suas vidas, pelo to de variáveis interdependentes, isto é, variáveis
desempenho extraordinário de longo prazo con- de dependência reciproca, uma depende de outro
seguindo sobrepor adversidades Jesus et al (2009). Xisto (2007).
Levando-se em conta o ciclo de vida das or- Nesse aspecto, ações empreendedoras que ga-
ganizações, Jesus et al (2009) descrevem-no por rantem sustentabilidade financeira e consequente-
etapas sendo a partir da existência, quando do mente a longevidade é a gestão do capital de giro
início da organização, estágio de sobrevivência da organização, a gestão financeira humana - su-
marcado pela busca do crescimento, a fase de su- cessão de aspectos comportamentais, gestão de
cesso marcado pela formalização e controle, es- riscos operacionais relacionados à imagem e aos
tabilidade e lucratividade, renovação que é o en- aspectos ambientais e sociais e a geração de valor
xugamento da estrutura e finalmente o declínio e competitividade Matias (2007a).
pelo desaparecimento ou estratégia de saída, não Segundo Moreira (2014) “Essas formas de
sendo esta última fase condicionada necessaria- ações empreendedoras são adequadas à realidade
mente à morte da organização Jesus et al (2009). das pequenas empresas brasileiras e, portanto ade-
Considera-se Micro e Pequenas Empresas no quadas aos pequenos varejistas supermercadistas”.
Brasil aquelas que por sua vez tem um faturamen- Schumpeter (1997, p. 53) relata que “... po-
to de até 3,6 milhões segundo a Lei Complemen- demos dizer que os valores dos bens individuais
tar 123/06 do Estatuto Nacional da Microempresa formam um sistema de valores para cada pessoa,
e da Empresa de Pequeno Porte em um exercício cujos elementos separados são mutuamente de-
fiscal, ou aquelas segundo o SEBRAE com até 99 pendentes”.
empregados na indústria e construção civil e 49 O sistema de valores em toda a economia ex-
no comércio e prestação de serviços. pressa por um indivíduo, contendo suas relações
Dados do Portal Brasil Empreendedor BRA- pessoais, tais como pontos de vista, econômico,
SIL (2012) mostram que as Micro e Pequenas Em- métodos de produtividade, entre vários outros fa-
presas no Brasil representam 20% do PIB (Pro- tores. Cada pessoa tem uma maneira diferente de
duto Interno Bruto) sendo estas responsáveis por pensar, agir e nunca também está ciente de todo o
60% dos 94 milhões de empregos, constituindo sistema de valores. No entanto, em contrapartida,
99% dos 6 milhões de estabelecimentos formais a qualquer momento você está abaixo do limiar
existentes no país BRASIL (2012). da consciência. Além desses fatores, na tomada
Pesquisa do SEBRAE (1999) apurou a taxa de decisões no que diz respeito ao seu compor-
de mortalidade nas organizações com três anos tamento econômico não faz com todo o cuidado,
de idade bem como fatores relativos a essa taxa para baixo para a aplicação de fatos expressos
e constatou-se que o porte da empresa é deter- pelo sistema de valores. Na rotina da vida diária,
minante para sua longevidade, experiência e co- deliberando de acordo com o senso comum, e usa
nhecimento, dedicação integral no primeiro ano certos ativos, tendo em conta as suas experiências
de vida e conhecimento de técnicas de gestão do e atribuição de seu valor. No entanto, a nature-
empresário são fatores de sucesso. za e a estrutura estão relacionados com o sistema
Sobre a insolvência de uma empresa, Xisto de valores. Os valores, a forma com que se ajusta
(2007, p. 16) relata em sua dissertação que, “... é em conjunto, são construídos pelos utilizadores
altamente prejudicial”, tanto para os donos como ano após ano. Este sistema de valores mostra um
a todos os stakeholders. A empresa interessa ao padrão e uma estabilidade muito explícito. Em

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qualquer situação econômica a tendência é para te gerando valor nos seus resultados Xisto (2007).
voltar ao caminho principal e recuperar os mes- Segundo Mintzberg, Ahlstrand e Lampel
mos valores que já estão implementados. E, mes- (2006) “Estratégia é um padrão, isto é, consistên-
mo quando o processo é interrompido, há sempre cia em comportamento ao longo do tempo.”
uma funcionalidade de continuidade; porque, As pessoas provavelmente diriam que estra-
mesmo se o ambiente externo permanece inalte- tégia seria um plano ou um planejamento – uma
rado nunca fazem algo completamente novo, mas direção, um guia ou curso de ação futuro, um ca-
apenas adaptações condições que já tinha sido minho para ir de um lugar a outro... Mintzberg
feito. Finalmente, o sistema de valores que são et al (2006).
usados e as várias combinações apresentado por A julgar por essa concepção se todos os ato-
ele será o ponto de cada novo período econômi- res que desejam realizar um empreendimento
co de partida, para que possamos dizer que tem tivesse esse entendimento, certamente o sucesso
bons pontos a seu favor. seria a magnificência das organizações.
Empresas devem ter perspectiva de longo Em sua concepção, Gerber (2004, p. 98) ex-
prazo o que é fundamental para o desenvol- plana sobre o que vem a ser objetivo estratégico:
vimento econômico. A força empreendedora
incentiva o crescimento da nação que ocorre na [...] Seu objetivo estratégico é uma declaração
medida em que as empresas alcancem a sustenta- bastante clara do que sua empresa precisa fazer
bilidade promovendo a longevidade do negócio para alcançar o Objetivo Primário: é a visão do
Shumpeter (1997). produto acabado que é e como será sua empresa.
Moreira (2007, p. 23) coloca que “a sustenta- Nesse contexto, sua empresa é um meio e, não,
um fim, é um veículo para melhorar sua vida em
bilidade é tratada por várias abordagens de forma
vez de sugar a vida que você tem. Seu Objetivo
sistêmica, tais como social, a econômica, a cultu- Estratégico não é um plano de negócios, é um
ral e a ecológica, ela se propõe a ser meio de confi- produto de seu Plano de Vida, bem como sua Es-
gurar a civilização e a atividade humana”, e com- tratégia e Plano de Negócios. Seu plano de vida
pleta “de tal forma que a sociedade, seus membros molda sua vida e a empresa que deve servi-la;
e suas economias possam preencher suas neces- seu Plano e sua Estratégia de Negócios oferecem
sidades e expressar seu potencial no presente, ao a estrutura dentro da qual sua empesa deve ope-
mesmo tempo, planejando e agindo de forma a rar todo o tempo para realizar se Plano de Vida.
ter sucesso na manutenção dos recursos futuros” Seu Plano e sua Estratégia de Negócios são um
modo de comunicar a qualquer pessoa a direção
Moreira (2007).
que sua empresa está tomando, como pretende
Dias (2011) considera que economicamen- chegar lá e os marcos específicos a serem alcan-
te, empresas devem ser viáveis sustentando o seu çados de modo que a Estratégia e o Plano fun-
papel social dando retorno aos investimentos cionem Gerber (2004, p. 98).
realizados pelo capital privado; do ponto de vis-
ta social as empresas devem satisfazer requisitos Compreender o que é estratégia e seu sig-
como boas condições de trabalho aos emprega- nificado na organização não significa ditar con-
dos, contemplar a diversidade cultural existente ceitos e criar definições, mas de entender que se
na sociedade participando de atividades socio- trata de um processo interativo entre as pessoas,
culturais em seu entorno; e obedecer aos crité- ambiente, organização e planejamento que tem
rios ambientais adotando processos produtivos grande importância praticá-la socialmente como
de desenvolvimento com postura responsável de um todo Whittington (2004).
maneira a não poluir ou contaminar o ambiente Rêgo, Valadão Jr. e Souza (2013) relatam que:
natural; sendo que estas três dimensões, Econô-
mica, Social e Ambiental devem estar em perfeito Uma vez que os projetos decorrem do desdobra-
equilíbrio e harmonia e transigir nesse tripé pode mento ou direcionamento estratégico, esses estão
acarretar em desequilíbrio do sistema não permi- inter-relacionados e, portanto justifica a impor-
tindo sua sustentabilidade Dias (2011). tância de práticas formais para a seleção e priori-
zação do portfólio de projetos. A abordagem prá-
Para Xisto (2007) uma organização sustentá-
tica da estratégia evidencia esta inter-relação, ao
vel financeiramente e longeva, a gestão de seus re-
passo que os projetos são compreendidos como
cursos físicos, humanos e financeiros devem estar um processo que envolve a interação social.
em perfeita harmonia trabalhando conjuntamen- Do ponto de vista das ferramentas, artefatos e

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Estratégia empresarial, longevidade e sustentabilidade financeira…

tecnologia utilizados na atividade de fazer es- Quanto aos meios constitui de estudo de caso
tratégia, entende-se aqui que as reuniões de pla- em um Supermercado em Pitangui, cidade inte-
nejamento e controle de projetos compreendem riorana situada a 130 Km da capital, sobre estra-
episódios de prática de estratégia, os quais são tégia empresarial, longevidade e sustentabilidade
capazes de associar as rotinas geradas interna-
financeira, com aplicação de questionário e uma
mente com práticas externas, como a interação
com o cliente e demais stakeholders do projeto e
entrevista com o sócio da empresa, corroborando
a contínua busca por novos métodos, processos a recente pesquisa realizada por Moreira (2014).
e tecnologia para atender às restrições desafia- Fundamenta-se em uma pesquisa bibliográ-
doras de prazo, custo, escopo, qualidade, dentre fica que Vergara (2009, p. 43) descreve como sen-
outras Rêgo, Valadão Jr. e Souza (2013). do ““... o estudo sistematizado desenvolvido com
base em material publicado em livros, revistas,
Gerber (2004) expõe, “Todos querem ‘se or- jornais, redes eletrônicas, isto é, material acessível
ganizar’, mas quando você sugere que eles iniciem ao público em geral”. E ainda, “ Fornece instru-
criando um Gráfico da Organização, tudo o que mental analítico para qualquer outro tipo de pes-
você recebe são olhares de dúvida e, às vezes, de quisa, mas também pode esgotar-se em si mesma
hostilidade”. Vergara (2009, p. 43).
Na coleta de dados foi aplicado um questio-
nário que integra a pesquisa de Moreira (2014,
Metodologia p. 136), e uma entrevista visando à interpretação
das respostas obtidas nesse questionário.
Nesta pesquisa foi utilizada abordagem qua- O entrevistado, sócio da empresa Supermer-
litativa, onde visou-se identificar e analisar fatores cado em Pitangui, foi comunicado sobre o pro-
que ameaçam ou oportunizam o sucesso empre- pósito da pesquisa com ciência em seu emprego
sarial em uma organização permitindo alcance acadêmico, o qual se prontificou a receber e a cola-
de longevidade empresarial e sustentabilidade borar com a mesma. Trata-se de filho do dono, que
financeira direcionado pela estratégia, em estudo por sua vez vem sendo preparado para a sucessão,
de caso em um supermercado na cidade de Pitan- e nessa fase especificamente está estudando o 6º
gui-MG, permitindo corroborar com os estudos ano do curso de Administração de Empresas.
levantados por Moreira (2014). Na entrevista foi levantada a questão de falta
Em pesquisa qualitativa ocorre utilização de planejamento. Foi perguntado por que a em-
de técnicas quantitativas como forma auxiliar presa não faz planejamento para possíveis perdas
para levantamento de dados, permitindo uma (contingências), uma vez que o mesmo concor-
triangulação dos mesmos que se complementam dou parcialmente que tal planejamento assegura-
permitindo transparência no fenômeno observa- ria melhores condições evitando possíveis perdas
do Flick (2009). decorrentes do risco nas operações, que assim
Trata-se de Paradigma Interpretativo com respondeu:
abordagem social da regulação, e sua concepção
[...] por falta de conhecimento e também por ter
de análise da sociedade é subjetiva, isto é, indivi- uma gestão amadora (ENTREVISTADO).
dual, pessoal, do sujeito.
Tem método dialético, pois se opõe a cor-
rente positivista e sua linearidade, observando-
se as constantes transformações com foco nos
Apresentação e análise de
processos. Entende-se que a sociedade constrói o resultados
homem e ao mesmo tempo é por ele construída
Vergara (2009). Considerando os resultados obtidos na pes-
É uma pesquisa teórico empírica, quanto quisa de Moreira (2014) é que se baseia essa pes-
aos fins explicativa, pois segundo Vergara (2009, quisa de modo a corroborar a realidade expressa
p. 42), “a investigação explicativa tem como prin- em sua amostra levantada na cidade de Belo Ho-
cipal objetivo tornar algo inteligível, justificar-lhe rizonte ao relacionarem-se com estudo de caso na
os motivos. Visa portanto esclarecer quais fatores cidade interiorana de Pitangui MG, evidenciando
contribuem de alguma forma, para a ocorrência que se aproxima muito a realidade dos fatores es-
de determinado fenômeno”. tudados em relação ao entendimento do empresa-

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riado no que tange as questões levantadas nesse São três checkouts disponíveis no supermer-
estudo sobre a longevidade empresarial e a sus- cado o que comparado a capital mineira represen-
tentabilidade financeira das mesmas. tam apenas 15% da amostra realizada na pesquisa
O Supermercado em Pitangui é uma empre- de Moreira (2014, p. 87) e mais de 9.000 itens ativos
sa de mais de 15 anos de existência, enquadran- cadastrados o que mais uma vez estabelece parâ-
do-se na realidade dos 45% levantados na amos- metros muito próximos da realidade da capital mi-
tra de Moreira (2014, p. 82) e seu proprietário neira, pois supermercados com essa média de itens
tem 52 anos de idade com formação escolar em ativos representaram 50% da amostra de Moreira
2º grau completo, corroborando Moreira (2014, (2014, p. 89) sendo um faturamento médio mensal
p. 81) em sua amostra que somente 42% dos pro- de R$ 200.000 (duzentos mil reais), também repre-
prietários de supermercados possuem ensino mé- sentando pela pesquisa de Moreira (2014, p. 90) um
dio completo. total de 18% de supermercados com faturamento
Quanto a assuntos como a questão da Res- entre R$ 150 e R$ 300 mil por mês.
ponsabilidade Social Corporativa, onde a empresa Quanto à gestão do negócio observa-se
tem um ganho em relação à prestação de serviços certa negligência, principalmente tratando-se
de qualidade, bons preços, atendimento persona- de empresa com idade de 15 anos. A questão de
lizado à comunidade com o mínimo de dano ao um acompanhamento sistemático que envolva
meio ambiente, pode-se verificar que a empresa controles financeiros deixa vulnerável o caixa da
preocupa-se mais internamente na distribuição empresa, bem como toda sua estrutura contábil.
física de seu ambiente. O supermercado possui Mesmo tendo conhecimento da importância de
seções de mercearia, hortifrúti, frios e laticínios, tais controles os mesmos ficam em segundo plano
carnes e aves, peixaria e padaria, as principais e são feitos precariamente não permitindo nenhu-
conforme Moreira (2014, p. 83) excluindo-se as
ma administração de seus resultados, o que difi-
seções de bazar e pet shop.
cultaria qualquer tomada de decisão em momento
Foi perguntado ao entrevistado o porquê da
de novos investimentos ou de superação de crises.
empresa ainda não possuir um plano formal de
Xisto (2007, p. 15) relata:
relacionamento com a comunidade e se a empre-
sa pretende ter esse plano formal junto à comu- Considerado um aspecto de suma importância
nidade visando uma responsabilidade social com para as organizações se perpetuarem ao longo
maior abrangência em âmbito externo. O mesmo do tempo, a sustentabilidade organizacional
respondeu que: precisa ser observada em todos os departamen-
tos da empresa de maneira conjunta pra que não
[...] nossa empresa tenta oferecer o melhor para haja a destruição de valor na soma dos resulta-
sociedade porém falta conhecimento em diver- dos Xisto (2007).
sos aspectos, como plano de relacionamento
com a comunidade (ENTREVISTADO).
Tratando-se o entrevistado ser estudante do
curso de administração de empresas, nota-se sua
Para atendimento conta com 06 empregados
preocupação em relação aos aspectos referentes
contando os familiares e os donos. Nesse quesi-
a gestão financeira da empresa, e mesmo con-
to os supermercados na capital mineira contam
cordando totalmente da necessidade da empresa
com um número bem maior, pois se observa que
possuir um fluxo de caixa, observa-se que o mes-
somente 15% da amostra têm entre 11 a 20 cola-
mo não existe.
boradores Moreira (2014, p. 86).
Outro fato agravante observado nesse es-
Em cidades interioranas pode-se notar um
tudo é o princípio contábil da entidade. O entre-
fluxo menor de clientes, cujo mesmos já estão
vistado concorda que patrimônio pessoal e patri-
habituados a compras pequenas com maior fre-
quência durante o dia, o que difere da realidade mônio empresarial são coisas distintas e por isso
na capital. não devem se misturar, mas não é o que ocorre no
O Supermercado em Pitangui Tem uma área Supermercado em Pitangui. Ele diz:
de 300 m2, que segundo Moreira (2014, p. 86): “O
[...] não existe um controle dentro da empresa,
varejo supermercadista tem a maior concentra-
mistura muitas despesas e gastos que não fazem
ção dos estabelecimentos entre 200 m2 e 500 m2,
parte da loja, empresa mistura muita conta de
representando dois terços da amostra (66,6%) outros investimentos, sempre existe retiradas do
sendo 40 o total de supermercados nesta faixa...”.

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Estratégia empresarial, longevidade e sustentabilidade financeira…

caixa para arcar com outras despesas. Deveria Quando houve interesse da nossa empresa,
ter um fluxo de caixa para melhor andamento da achamos que o valor cobrado pela rede era alto
empresa (ENTREVISTADO). pelo que iria ser fornecido, porem existe muitas
vantagens percebidas (ENTREVISTADO).
Sobre estratégia empresarial, constatou-se a
inexistência de qualquer planejamento direciona- Conforme Moreira (2014, p. 92) as redes não
do que viabilize conquistar algum objetivo, salvo a possuem atividades entre si (interredes), sua ati-
preparação do entrevistado para possível sucessão. vidades atendem somente aos associados (intrar-
A empresa não possui visão, missão e valo- rede) em relação às compras coletivas por meio
res definidos, e mesmo concordando totalmente de centrais de compras ou através de centro de
com a importância de adotar esse procedimento, distribuição, permitindo melhores negociações
quando perguntado o motivo de a empresa não diretamente com fornecedores além de importan-
ter o mesmo responde: tes estratégias de vendas, promoções, utilizando-
se de tabloides de ofertas uniformizando preços
[...] pelo fato de ser uma empresa de muitos anos dos produtos, além de publicidades especificas
no mercado, os proprietários tem uma politica de que garantem uma divulgação efetiva (Marke-
gestão muito ultrapassada... (ENTREVISTADO). ting) e também uma gestão de recursos humano
diferenciada Moreira (2014, p. 94).
Como estratégia, observou-se também que o As peculiaridades observadas foram distin-
mesmo não faz parte de nenhuma rede de super- tamente levantadas em pesquisa e confirmadas
mercados como estratégia para os negócios da fa- por entrevista.
mília. Embora perceba vantagens em se organizar
em redes e percebendo também algumas desvan-
tagens quanto às mesmas, não viram a viabilidade Conclusões
de se associar a uma rede.
Perguntou-se então: Embora você tenha Mais do que casuísmo seria necessário enve-
concordado totalmente com as várias vantagens redar-se por estudos sobre o empreendedorismo,
percebidas em optar por REDES como: Aprovei- o que faria diferença na população a nível mun-
tar competências e utilizar know how das outras dial. As características empreendedoras baseadas
empresas; Dividir riscos e custos de explorar no- na condução diária de todas as coisas seriam de
vas oportunidades; Exercer uma pressão maior no notável contribuição para a soberania de todos os
mercado, aumentando a força competitiva, possi- empreendimentos.
bilitando benefícios ao cliente; Aumentar o poder Baseando-se neste preambulo parte-se do
de compra e melhoria no poder de barganha junto princípio que o momento é oportuno ao estudo
aos fornecedores; Sobrevivência ante a concorrên- tanto sobre o empreendedorismo levando se em
cia; Acesso a um maior número de fornecedores; conta o fator longevidade e sustentabilidade fi-
A operação com um mix mais qualificado e um nanceira norteada pela estratégia empresarial,
melhor relacionamento com os clientes; Fortale- entenda-se planejamento empresarial o processo
cimento da união e da integração dos associados; que envolve o sucesso empresarial.
Crescimento e a sobrevivência no mercado; Con- A questão pode ser até mesmo conjuntural
quista de melhores prazos para pagamento; Au- e oportuna para desmistificar o fenômeno qua-
mento das vendas; Redução de custos; Aumento litativamente entendendo-se a preocupação dos
da rentabilidade; você também concordou par- diversos autores em alertar para essa realidade
cialmente e totalmente com algumas desvanta-
de forma a mudá-la livrando os diversos atores
gens listadas como: Diferenças culturais entre os
da eminente frustação de fracasso amenizando-a
membros; Diferenças educacionais entre os mem-
positivamente quanto a triste realidade estatísti-
bros; Diferenças entre o tamanho das lojas par-
ca, direcionando esforços para capacitar empre-
ticipantes; Excesso de burocracias legais interna
sas a serem longevas.
na rede; Falta de cooperação e comprometimento
A sustentabilidade financeira nas organiza-
entre os associados; Dificuldade para unificação
ções refere-se a um cotidiano estável nas operações
e padronização do mix ; As vantagens sobressaí-
de curto, médio e longos prazos, demonstrando
ram-se em relação às desvantagens, por que a em-
um fluxo de caixa saudável e apropriado para a so-
presa não está associada a uma rede?
brevivência e continuidade destas operações.

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D. P. Júnior, C. M. Tomaz, W. A. C. Silva

Tratando-se de empreendimento, significa- Referencias bibliográficas


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ainda que o mesmo possa ser modificado para se
duais e coletivos. 3ª ed. Brasília: Agência de educação
adequar ao objetivo de origem Matias (2007b). para o desenvolvimento.
Não obstante, entrando em meio ao sucesso
Dornelas, José Carlos A. (2001). Empreendedorismo:
ou fracasso que as organizações podem propiciar
transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro:
ao investidor seja como acionista, proprietário ou Campus.
a fornecedores, clientes internos e externos, é que
a estratégia empresarial cabe se destacar permi- Dornelas, José Carlos A. (2008). Empreendedorismo:
transformando idéias em negócios. Rio de Janeiro. 2ª
tindo em suas ações vislumbrar a quem quer que
edição. Ed. Elsevier.
seja transparência com seu fluxo de atividades e
que possibilite acreditar no sucesso e creditar em Dutra, Ivan de S.; Previdelli, José J. (2012). Perfil
do empreendedor versus mortalidade de empresas:
investir com confiança, correndo risco calculado
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Apesar de não ser proposto no objetivo do Atibaia / sp. Anais... Atibaia / SP: Enampad.
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D. P. Júnior, C. M. Tomaz, W. A. C. Silva

Business strategy, longevity and financial sustainability:


case Study Supermarket in Pitangui-MG

Abstract

The organizational success in this study is grounded in business strategy, longevity and financial
sustainability on a case study in a supermarket inside mine, bringing the light of clarity theory the
entrepreneur who often do not notice important details to undertake. To identify factors that threaten
and factors that nurture such success, as well as analyze the managerial context in micro and small
businesses emphasizing points that act positively on performance and business developments to con-
tribute to micro and small businesses are likely to be financially sustainable and therefore enduring.
Based on theoretical empirical study with qualitative approach and case study can observe that there
is much to do to micro and small organizations can grow further been observed the need for a broader
understanding of business management.
Keywords: entrepreneurship, strategy, longevity, financial sustainability.

Rev. de Empreendedorismo, Inovação e Tecnologia, 1(2): 31-42, 2014 - ISSN 2359-3539 42

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