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Wagner Henrique Lemos

Economista e Especialista em Administração Pública

A INFORMAÇÃO NA RELAÇÃO CUSTO-BENEFÍCIO DA EDUCAÇÃO REGULADA


PELO ESTADO

Qualquer análise das informações Emenda Constitucional nº. 14/1996 e


relacionadas ao financiamento da Emenda Constitucional nº. 53/2006), aqui
educação estatal nos municípios sob a em Banânia continua a falácia do nirvana
óptica do Sistema de Informações sobre de que o homeschooling por exemplo, é
Orçamentos Públicos em Educação inviável devido a desigualdade social.
(SIOPE) nos remete a lembrarmos da Porém, ao mesmo tempo a avaliação da
importância de trazer à baila as medidas na educação tem sido através do Saebe,
tentativa de diminuir a assimetria Enem, Prova Brasil, ANA e Paebes
informacional diante da utilização dos (aplicado no Estado do Espírito Santo), não
recursos alocados pelo Estado. E para tal, sendo levado em consideração (a título de
pretende-se através do registro, da comparação) as avaliações como Pirls,
classificação e sumarização em termos Pisa e Timms. Ademais, avaliações
monetários, verificar as transações e semelhantes a esses três últimos deveriam
eventos ocorridos de caráter orçamentário ser aplicadas aos profissionais do
e financeiro diante da accountability, no magistério, possibilitando uma verificação
entanto, tal fato se resume a um ato da correlação entre as avaliações
meramente declaratório. Esse sistema internacionais e os dispositivos normativos
onde são lançadas as informações sobre referentes a disponibilidade de recursos
as receitas e despesas da educação, tem a voltados aos mesmos (relação custo-
importância em apurar os indicadores benefício).
econômicos da educação como: A normativa estatal na Educação é um
acompanhamento e monitoramento da tanto contraditória uma vez que por
aplicação dos recursos do FUNDEB; o exemplo o Manual do Usuário do SIOPE
mínimo de 60% voltado para o pagamento anexo à Portaria nº de 2018/MEC informa
dos professores; o máximo de 40% em que seriam bloqueadas as transferências
ações de MDE; máximo de 5% para investir voluntárias de órgãos federais para o ente
no ano seguinte (referente ao saldo), ou em caso descumprimento de aplicação
seja, deve-se utilizar 95% do recurso mínima de recursos na área da Educação,
disponível do ano vigente; mínimo de 25% no entanto, o § 3º do art. 25 da Lei de
para estados e municípios, sendo que para Responsabilidade Fiscal (2000) dispõe que
a União é de 18% do gasto. para fins da aplicação das sanções de
Deste modo, a priori, o SIOPE constituiria suspensão de transferências voluntárias
em assegurar a transparência e publicidade constantes desta Lei Complementar,
das informações sobre o financiamento e excetuam-se aquelas relativas a ações de
investimentos do Estado em educação e educação, saúde e assistência social, ou
instrumentalizaria a atuação de qualquer seja, o Estado invariavelmente incorre em
indivíduo no acompanhamento dos dados uma antinomia ou mesmo em um
mediante a divulgação dos mesmos na nonsense.
internet, além de permitir o acesso as A Assimetria informacional do Estado
informações não restritas diante da Lei de (agente) para com os indivíduos (principal),
Acesso a Informação. normalmente resulta em risco moral dado a
Por outro lado, tendo em vista o natureza do primeiro em expandir sempre
financiamento da Educação cooptada pelo que os indivíduos conseguirem realizar o
Estado, através da Constituição Federal de cálculo econômico, consequentemente
1988, a qual traz a estrutura de ameaçando a existência do agente.
participação de contribuição de cada ente
da Federação (com alterações através da

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