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PODER JUDICIÁRIO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO

TRIBUNAL DE JUSTIÇA DE SÃO PAULO


ACÓRDÃO/DECISÃO MONOCRÁTICA
H O REGISTRADO(A) SOB N°

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'03175930*
Vistos, relatados e discutidos estes autos de
Agravo de Instrumento n° 990.10.136019-5, da Comarca
de São Paulo, em que é agravante M. S. S. P. sendo
agravado A.P.S.P.

ACORDAM, em 9* Câmara de Direito Privado do


Tribunal de Justiça de São Paulo, proferir a seguinte
decisão: "DERAM PROVIMENTO PARCIAL, NOS TERMOS QUE
CONSTARÃO DO ACÓRDÃO. V. U.", de conformidade com o
voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos


Desembargadores GRAVA BRAZIL (Presidente sem voto),
ANTÔNIO VILENILSON E JOÃO CARLOS GARCIA.

São Paulo, 24 de agosto de 2010.

VIVIANI NICOLAU
RELATOR
PODER JUDICIÁRIO
SÃO PAULO

VOTO N° 5183
AGRV.N0 990.10.136019-5
COMARCA SÃO PAULO
AGTE. MSSP
AGDA. APSP

"AGRAVO - Execução de alimentos -


Impugnação à cobrança - Indeferimento da
pretensão - Inconformismo do executado -
Acolhimento parcial - Súmula 358 do STJ - O
cancelamento de pensão alimentícia de filho que
atinge a maioridade está sujeito à decisão
judicial, mediante contraditório, ainda que nos
próprios autos - Agravante que não ajuizou ação
de exoneração - Exclusão das prestações
vencidas e não exigidas, anteriores à data da
citação, em razão da prescrição - Inviabilidade de
se considerar a data do ajuizamento da ação de
execução, tendo em vista o oferecimento de
aditamento à inicial e o fornecimento de endereço
incorreto do executado - Demora na citação que
não pode ser imputada ao serviço judiciário, mas
à exeqüente - Decisão reformada, em parte -
Recurso parcialmente provido ".

Trata-se de agravo de instrumento


interposto contra a decisão prolatada pela MM. Juíza da I a Vara
de Família e Sucessões do Foro Regional de Penha de França, da
Comarca de São Paulo que, em "ação de execução de alimentos",
proposta por APSP, em face de MSSP, processo n°
006.08.117641-5, tem o seguinte teor: "Trata-se de impugnação à
cobrança, pela via executiva, de pensões alimentícias mensais em
atraso. O devedor impugnou a cobrança por sustentar que quando a
execução foi ajuizada, em novembro de 2008, exigindo-se prestações
superiores a dois anos retroativos, a alimentada já atingira a
maioridade. Além disso, argüiu a prescrição das prestações anteriores
a dois anos. A credora refutou, na íntegra, os argumentos expendidos.
Decido. A impugnação oferecida merece acolhida apenas para excluir
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PODER JUDICIÁRIO
SAO PAULO

as prestações vencidas e não exigidas anteriores à data do


ajuizamento da ação (26.11.2008) pela ocorrência de prescrição, nos
termos do art. 206, parágrafo 2o, do Código Civil. Na inicial, a
credora alegou estar matriculada em instituição de ensino superior, o
que não foi afastado pelo devedor. A despeito da maioridade,
portanto, tal circunstância impede a cessação da obrigação
alimentar, que destarte fica mantida, perdurando até os vinte e quatro
anos, desde que continua a freqüência a curso superior. Anote-se,
ainda, que a exeqüente possui legitimidade ativa para cobrar apenas o
que lhe é devido, jamais a outrem. Isto posto, determino à credora que,
em dez dias, traga nova conta atualizada do débito, observando os
parâmetros consignados nesta decisão. No silêncio, arquivem-se" -
(fls. 108).
Inconformado, recorre o executado
MSSP, postulando a concessão de efeito suspensivo ao recurso.
Alega em síntese que, efetuou o pagamento da última pensão
alimentícia à filha em abril de 2006, eis que nascida aos
21/04/1988 (fls. 20), passou a ser absolutamente capaz,
extinguindo-se, automaticamente, a obrigação alimentar,
na forma do artigo 1.635, III, do Código Civil, vez que, houve a
cessação do pátrio poder. Afirma também que as parcelas
alimentícias com vencimento anterior a setembro de 2007, estão
prescritas, aplicando-se o prazo prescricional de 02 (dois) anos,
previsto no art. 206, § 2o, do Código Civil. Requer, pois,
a reforma da r. decisão em exame, nos termos e para os fins
colimados nas razões de fls. 02/10.
A r. decisão recorrida foi prolatada
no dia 09.03.10 (fls. 108), sendo publicada no dia 17.03.10 (fls.
110). O agravo foi interposto no dia 26/03/10 - (fls. 02). Cópias
das procurações foram juntadas às fls. 46 e 74. O preparo não foi
recolhido, em razão do benefício da gratuidade da justiça (fls.
86).
O efeito pretendido foi negado (fls.
112/113). A agravada não apresentou resposta (fls. 118).
A lide envolve partes maiores e capazes,
tornando desnecessária a intervenção do Ministério Público.

E O RELATÓRIO.
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O recurso comporta provimento parcial.


A ação de execução de alimentos foi
proposta no dia 25/11/08 (fls. 13/18), requerendo a citação do
executado para pagamento das prestações vencidas no período de
maio/2006 a junho/2008. O aditamento à inicial foi recebido às
fls. 59, determinando a intimação do executado para efetuar o
pagamento do débito indicado, que indicou o imóvel apontado às
fls. 78 e ss. à penhora e rejeitado pela exeqüente às fls. 90,
ensejando a impugnação do executado ofertada às fls. 93 e ss.
A ilustre magistrada acolheu em parte o
pleito do executado, apenas para excluir as prestações vencidas e
não exigidas, anteriores à data do ajuizamento da ação, pela
ocorrência de prescrição (art. 206, § 2o, do Código Civil),
rejeitando, no restante, a impugnação do ora agravante.
A r. decisão merece pequeno reparo.
O advento da maioridade civil, por si,
não autoriza a automática extinção da obrigação alimentar. E
assegurada ao alimentando a comprovação da necessidade aos
alimentos, derivada, agora, da relação de parentesco (artigo 1.694
do Código Civil).
Tal questão foi pacificada pelo Colendo
Superior Tribunal de Justiça, ao editar a Súmula n.° 358: "O
cancelamento de pensão alimentícia de filho que atingiu a maioridade
está sujeito à decisão judicial, mediante contraditório, ainda que nos
próprios autos ".
Afasta-se, assim, a tese da exoneração
automática, decorrente da maioridade.
Assim o fato da agravada ter atingido a
maioridade (nascida aos 21/04/1988 - certidão de fls. 20), não
faz cessar automaticamente a obrigação alimentar.
Observa-se ainda que o agravante não
ajuizou, no momento oportuno, ação de exoneração da pensão
alimentícia.
É evidente, portanto, que o agravante
não pode simplesmente suspender o pagamento da pensão
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alimentícia da filha que atinge a maioridade civil enquanto não


houver decisão judicial que a determine.
Ressalto que a agravada está
matriculada em curso de nível superior (fls. 35/39).
Não há que se falar em ausência de
título executivo, de certeza ou de liquidez.
No que diz respeito à prescrição, razão
assiste ao agravante.
A ação de execução foi ajuizada no dia
25/11/08 (fls. 13). O executado somente foi citado no dia
05/09/09 (fls. 71). A demora na citação não pode ser imputada,
no caso concreto, ao serviço judiciário.
Foi oferecido aditamento à inicial no
mês de fevereiro de 2009 (fls. 57) e no dia 08/05/09, a exeqüente,
ora agravada, voltou a peticionar fornecendo o endereço correto
do executado. Esclareceu que, por equívoco, na petição inicial
constou o número errado do imóvel residencial (fls. 65).
Nesse contexto, devem ser excluídas as
prestações vencidas e não exigidas, anteriores à data da citação.
Ante o exposto, dá-se provimento
parcial ao recurso. . ^^

VIVI£M>flCOLAU
^tíelator

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