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com INFORME C3, Porto Alegre, v. 10, n. 4 (Ed. 23), Dez. - 2018. (ISSN: 2177-6954) - www.informec3.weebly.com
edição 23
ano 10, nº 04
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
Organização:
Aline Zeller Branchi
Ananyr Porto Fajardo
Elisandro Rodrigues
Maria Marta Borba Orofino
Rodrigo de Oliveira Azevedo
Thaiani Farias de Castilhos
artigos
artigos
INFORME
“Dizer que são coisas informes é dizer não que
não têm formas, mas que suas formas não
encontram em nós nada que permita
substituí-las por um ato de traçado ou
reconhecimento nítido. E, de fato, as formas
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Organização: FOTOS
Processo C3 - Grupo de Pesquisa Alexandre Medeiros
Estudos do Corpo William Schumacher
artigos
Informe C3 / v. 10, n. 04 (edição 23), Dez, 2018. Informe C3. – Porto Alegre, RS: Processo
C3 e Estudos do Corpo, 2018. On line. 422 p. Disponível em: www.informec3.weebly.com
Informe C3 - Periódico Eletrônico
ISSN: 2177-6954
Processo C3
1. Artes. 2. Educação. 3. Corpo. 4. Cultura. 5. Pesquisa. 6. Moda. 7. Saúde. 8. Ensino Estudos do Corpo
Porto Alegre
C3
Contatos:
submissao.informec3@gmail.com
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O conteúdo apresentado pelos colaboradores (textos, imagens...) não são de responsabilidade do Processo C3 e
da Revista Eletrônica Informe C3. Nem todo opinião expressa neste meio eletrônico ou em possível verão impressa,
expressam a opinião e posicionamento dos organizadores, editores e responsáveis por este veículo.
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APRESENTAÇÃO
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APRESENTAÇÃO
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
ESCREVER
Elisandro Rodrigues
Marta Orofino
Rodrigo de Oliveira Azevedo
Thaiani Farias de Castilhos
SAÚDE
de Conclusão de Residência (TCR). A RMS/GHC está publicando, no ano de
2018, seu terceiro livro intitulado “Formação em serviço para o SUS: fazer e
pensar na integralidade da atenção”. O primeiro é de 2010, “Residências em
Saúde: fazeres e saberes na formação em saúde”; o segundo, de 2014, “RIS/
artigos
artigos
GHC: 10 anos fazendo e pensando em atenção integral à saúde”. O dossiê
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e o livro são compostos apenas com trabalhos oriundos dos processos de
pesquisa dos residentes durante seus processos de ensino em serviço.
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15 anos. No seu início, contava apenas com 03 programas de residência.
Hoje, conta com 6 Programas Multiprofissionais e 1 em Área Profissional da
Saúde. A Residência é uma modalidade de pós-graduação, lato sensu, que
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NOSOCRÔNICAS
simbolismos nos seus rituais de saúde e nos convoca a criar e resignificar;
A contar histórias em que, rapidamente, mudam-se lugares, proporções,
visões e pontos de vista. Uma distinta e singular forma dramática, onde
os objetos são manipulados à vista das crianças com o terapeuta
no centro do espaço. Seu trabalho está baseado na imaginação,
curiosidade e conhecimento a partir de exercícios e improvisações.
As imagens e
NOSOCRÔNICAS é uma exposição de tecnoimagens construídas
por assemblagem que se aproximam dos conceitos operatórios
pertinentes aos readymades e objet trouvé. Inventariados por Diego
o artista desse
Kurtz produtos do percurso criativo, investigativo e experimental
da sua trajetória artística e profissional no Hospital da Criança
Conceição. Através de uma vivência estética inspirada no universo
Dossiê
dos procedimentos e dos objetos hospitalares, o autor nos convida
a desemoldurar olhares sobre as coisas e os acontecimentos do
trabalho. Convoca nossos corpos sensivelmente a fim de (re)significar
nossas práticas e o encontro com as coisas e com os outros.
artigos
Vivência estética inspirada no universo dos procedimentos e objetos
hospitalares. Um convite para desemoldurar as práticas do cuidado
cotidiano em saúde e a convocação do corpo sensível para o
encontro com o outro.
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criativos gerados por ela nos espaços de educação potencializa tanto
os processos de aprendizagem como os de atuação, em especial na
promoção da saúde onde linguagem e sensibilidade são essenciais.
Diego Kurtz
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FISIOTERAPIA APÓS TRATAMENTO A LONGITUDINALIDADE NA ATENÇÃO PLANTAS MEDICINAIS NA ATENÇÃO
CIRÚRGICO PARA O CÂNCER DE MAMA PRIMÁRIA EM SAÚDE PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA
Aline Tarta Zwick.........................................29 Daniela da Silva Champe .......................165 ALTERNATIVA NO CUIDADO
EM SAÚDE
USO DE PROTOCOLOS DE PRÉ-NATAL DE O PAPEL DO ENFERMEIRO DA SAÚDE MEN- Marcelo Melo Silva
BAIXO RISCO NA ATENÇÃO PRIMÁRIA À TAL NA ATENÇÃO ESPECIALIZADA: UMA Luciane Kopittke ...........................297
SAÚDE REVISÃO (2001-2017)
Ana Zilda de Castro Reck Francielle Martins Lampert QUAL A PREVALÊNCIA DE ANEMIA
SUMÁRIO
Margaret Schneider ..................................47 Thaiani Farias de Castilhos ......................187 EM GESTANTES?
Mírian Benites Machado
ALTERAÇÕES FUNCIONAIS APÓS NARRATIVAS EM SAÚDE: POSSIBILITANDO Betina Soldateli
TRATAMENTO CIRÚRGICO PARA O RELATOS DE ENCONTROS Sandra Maria Pazzini Muttoni ......313
CÂNCER DE MAMA Liege Ramos Alflen
Bianca Vieira Fernandes ..........................65 Maria Marta Borba Orofino .....................205 FORÇA DE TRABALHO NECESSÁRIA
PARA UMA EQUIPE DA ESTRATÉGIA
BUSCA POR ASSISTÊNCIA ODONTOLÓGICA ACOLHIMENTO: TECNOLOGIA ESTRATÉGICA DE SAÚDE DA FAMÍLIA: MÉDICOS E
EM UNIDADE DE PRONTO ATENDIMENTO: À ATENÇÃO PRIMÁRIA EM SAÚDE ENFERMEIROS
AS PERSPECTIVAS DO USUÁRIO EM UMA Luana da Piedade Primon Mirvana Martins Nascimento Xavier
CAPITAL BRASILEIRA Circe Jandrey Pereira
Bruna Lucian Petry Janaína Kettenhuber ...............................223 Desirée dos Santos Carvalho ......327
Circe Jandrey
Egídio Demarco .........................................79 PROMOÇÃO DE CIDADANIA: UM RELATO COSTURANDO NARRATIVAS ACERCA
DA EXPERIÊNCIA QUE DEU LUZ À DO ACESSO A UMA UNIDADE DE
A IMPORTÂNCIA DA INSERÇÃO CULTURAL AUTONOMIA DO USUÁRIO SAÚDE DE PORTO ALEGRE
PARA UM USUÁRIO DA SAÚDE MENTAL Luiza Bohnen Souza Simone de Azevedo Corrêa ........351
Carmela Slavutzky Cristiane Camponogara Baratto
Ana Lúcia Valdez Poletto .........................99 Vanessa Azambuja de Carvalho ...........243 ANÁLISE DA SAÚDE NA MÍDIA:
RELAÇÕES DE PODER E PRODUÇÃO
AVALIAÇÃO DO ESTOQUE DOMICILIAR DE MOVIMENTOS E RESISTÊNCIAS NA DE SENTIDOS
MEDICAMENTOS DE PACIENTES CONSTITUIÇÃO DE UMA EQUIPE DE APOIO Stefania Rosa da Silva
ACAMADOS NO TERRITÓRIO DE UM MATRICIAL EM UNIDADE DE SAÚDE DE Alexandra Jochims Kruel
SERVIÇO DE PORTO ALEGRE Cristianne Maria Famer Rocha ....369
ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE Luíza Maria da Rocha Zunino
Cassiela Roman Ana Celina de Souza ...............................259 O SENTIDO DO GRUPO NA UNIDADE
Evelise de Souza Streck DE INTERNAÇÃO DA ONCOLOGIA/
Luciane Kopittke ......................................115 RELAÇÃO ENTRE NÚMERO DE DENTES E HEMATOLOGIA DO HOSPITAL NOSSA
VARIÁVEIS SOCIOECONÔMICAS EM UMA SENHORA DA CONCEIÇÃO:
SOBRE O CUIDADO À POPULAÇÃO TRANS POPULAÇÃO DE HIPERTENSOS E DIABÉTICOS RESIGNIFICANDO ESTE MOMENTO
EM UM CAPS AD III DE UM SERVIÇO DE SAÚDE DA ZONA NORTE Taniele Saldanha de Souza
Cristiane Camponogara Baratto DE PORTO ALEGRE, RS Maria Marta Orofino .....................385
Lívia Zanchet ............................................129 Maiara Mundstock Jahnke
Idiana Luvison ALEITAMENTO MATERNO: PERCEP-
DOCÊNCIA NA SAÚDE: PROMOVENDO Julio Baldisserotto .....................................281 ÇÃO DAS MÃES
COLETIVOS ORGANIZADOS Thainara Fontoura Brandolt da Ro-
Aline Iara de Sousa cha
Daniel Demétrio Faustino-Silva Lena Azeredo de Lima
Jussara Mendes Lipinski Margarita Silva Diercks .................399
Jeane Felix ...............................................149
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Foto: Wagner Ferraz
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Artigo 1
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FISIOTERAPIA
RESUMO: O objetivo deste artigo foi analisar a fisioterapia em mulheres
com complicações após cirurgia para o câncer de mama. Foram
incluídas 111 mulheres, encaminhadas para fisioterapia entre jan/2007
e dez/2015. As condutas mais utilizadas foram cinesioterapia, analgesia
APÓS
e dessensibilização. O momento de encaminhamento à fisioterapia foi
tardio em sua maioria e apresentou associação significativa com a
presença de dor (p = 0,003). Já o início precoce da fisioterapia associou-
se com a presença de síndrome da rede axilar (p < 0,0001). Houve
TRATAMENTO
diferença significativa entre o número de atendimentos das pacientes
que tinham linfedema (p = 0,001) e dor (p = 0,03), necessitando de mais
atendimentos. A fisioterapia tem papel fundamental na prevenção e
CIRÚRGICO
recuperação de alterações funcionais.
Palavras-chave: Câncer de Mama. Complicações Funcionais.
Fisioterapia.
DE MAMA
ABSRACT: The objective of this article was to analyze physiotherapy in
artigos
artigos
111 women were referred to physical therapy between 2007/Jan and
2015/Dec. The most used procedures were kinesiotherapy, analgesia
and desensitisation. The time of referral to physiotherapy was late in the
majority and presented a significant association with the presence of
pain (p = 0.003). Early physiotherapy was associated with the presence
of axillary web syndrome (p <0.0001). There was a significant difference
between the number of patients who had lymphedema (p = 0.001) and
pain (p = 0.03), requiring more physiotherapeutic care. Physiotherapy
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has a fundamental role in the prevention and recovery of functional Em virtude disso, o tratamento para o câncer de mama
alterations. deve ter sua abordagem por uma equipe multidisciplinar visando o
Keywords: Breast Cancer. Functional Complications. Physiotherapy. tratamento integral ao paciente (BRASIL, 2004). Dentro dela, surge
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artigos
independente da abordagem utilizada, poderão apresentar inúmeras período compreende desde o início das atividades no ambulatório
complicações físicas e funcionais que, de forma geral, são dolorosas, em questão até o desenvolvimento deste estudo. Prontuários e fichas
incapacitantes e podem comprometer a recuperação, acarretando com informações incompletas foram excluídos do estudo, bem
em diminuição da qualidade de vida e riscos no desempenho das como aquelas pacientes que tiveram perda de seguimento ou foram
atividades de vida diária (BREGAGNOL; DIAS, 2010). As alterações encaminhadas a outro serviço de fisioterapia, restando um total de
mais comumente encontradas são: problemas respiratórios; necrose 111 mulheres.
cutânea; seroma; lesões nervosas; dor; fraqueza e disfunção articular Para coleta sistemática dos dados, foi elaborada uma planilha
no membro superior envolvido; complicações cicatriciais; linfedema; eletrônica no software Microsoft Excel onde foram registradas as
cordões axilares; entre outras (BREGAGNOL; DIAS, 2010; NASCIMENTO
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oncológico realizado; momento do encaminhamento ao serviço Rede Axilar (SRA); 8,1%, tratamento para linfedema (tabela 1). Das 111
de fisioterapia, sendo considerado tratamento precoce até 30 dias mulheres, 55,8% tiveram duas condutas associadas em seu tratamento;
e tardio após este período; presença de complicações funcionais 18,9% três; 8,1% quatro procedimentos. Todas as pacientes receberam
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Foram estudados os dados de 111 mulheres que realizaram Tabela 2. Comparações entre momento do encaminhamento à fisioterapia e
tratamento cirúrgico para o câncer de mama. A mediana de idade foi complicações funcionais.
de 53,50 anos (P 25-75 33-83) no momento do encaminhamento para o Momento do encaminhamento
Complicação funcional
Ambulatório de Fisioterapia. Em relação ao tipo histológico do tumor a Precoce Tardio Valor-p
maioria das pacientes (85,6%) apresentou carcinoma ductal invasivo; Dor 32,5% 67,5% 0,003*
também foram encontrados carcinoma lobular invasivo (10,8%)
Alteração de sensibilidade 46,8% 53,2% 0,227
e carcinoma ductal in situ (3,6%). Quanto à abordagem cirúrgica
SRA 80% 20% < 0,0001*
realizada constatou-se a predominância da mastectomia com
artigos
artigos
linfadenectomia axilar (LA) (33,3%), seguida de quadrantectomia com Escápula alada 50% 50% 0,606
LA (28,8%), quadrantectomia com biópsia do linfonodo sentinela (BLS) Linfedema 28,6% 71,4% 0,409
(22,5%) e mastectomia com BLS (15,3%). Todas as pacientes realizaram Restrição de ADM 39,4% 60,6% 0,572
ou estavam realizando tratamento oncológico concomitante. Diminuição de FM 41,2% 58,8% 1
Com relação às condutas fisioterapêuticas utilizadas, variaram Fonte: Elaborada pela autora
conforme as complicações relatadas por cada mulher: 97,3%
realizaram cinesioterapia, que incluía exercícios passivos ou ativos Não foi utilizado um protocolo de reabilitação durante os
(assistidos, livres e/ou resistidos), com uso de bastão, faixa elástica ou atendimentos fisioterapêuticos analisados neste estudo. Desta forma,
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caneleira adaptada, e alongamentos de membros superiores; 59,5% não foi estipulado a quantidade de atendimentos a serem realizados
analgesia; 37,8%, dessensibilização; 15,3%, manobra para Síndrome da por cada paciente, variando este número de acordo com a sua
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necessidade. A mediana de atendimentos foi de 7 (2-80); sendo que (JAMMAL, 2008). No presente estudo não é realizada a intervenção pré-
61,3% realizaram o máximo de 10 atendimentos, e 12,6% precisaram cirúrgica devido à organização do hospital e número de profissionais.
de 21 ou mais atendimentos. Houve diferença estatística significativa
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artigos
o câncer de mama (JAMMAL, 2008). Em estudo de Nascimento et
al. (2012) em que foram analisados 707 prontuários, demonstrou-se A segunda intervenção mais realizada de acordo com esta
a eficácia da fisioterapia ao constatar que no Hospital da Mulher pesquisa foram métodos analgésicos, que incluíram a estimulação
Professor Doutor José Aristodemo Pinotti (CAISM) a maioria das elétrica nervosa transcutânea (TENS) e a crioterapia. A TENS utiliza a
pacientes (55%) apresentou melhora da função do membro superior corrente elétrica para induzir a analgesia. O método funciona com
homolateral à cirurgia e ausência de complicações ao final do eletrodos acoplados à pele, através de uma fina camada de gel,
Programa de Reabilitação Fisioterapêutica, recebendo alta deste. O para permitir a transmissão dos impulsos elétricos para a região a ser
tratamento fisioterapêutico pode iniciar no pré-operatório, quando as estimulada. O mecanismo mais aceito para o seu efeito analgésico é
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mulheres devem ser orientadas quanto à postura que irão adquirir no a ‘teoria da comporta’ descrita por Melzack e Wall (1965), em que há
pós-operatório e à importância em aderir à fisioterapia precocemente a participação de um mecanismo neurofisiológico de controle da dor
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situado na medula espinhal. Trata-se de um recurso não invasivo, de maioria visível no exame físico pós-operatório, quando as pacientes
fácil aplicação, que pode ser utilizado em diversos pacientes (jovens, realizam abdução do membro superior afetado; pela dor originada
adultos e idosos) com possibilidades de induzir analgesia prolongada. na axila e/ou no olécrano irradiando ou não para a porção inferior do
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
da TFC, devido às características do serviço e de acordo com as
alterações podem ser classificadas como anestesia, hipossensibilidade
possibilidades da paciente envolvida. Inclui cinesioterapia, orientações
ou hipersensibilidade. Bergmann et al. (2006), Cerqueira et al. (2009)
quanto aos cuidados com a pele e automassagem linfática e
e Nascimento et al (2012) sugerem a aplicação de dessensibilização
enfaixamento compressivo ou luva/braçadeira. Os materiais para
com diferentes texturas em casos de parestesia em região inervada
contenção não são fornecidos pelo hospital, sendo necessário que a
pelo intercostobraquial.
paciente adquira por conta própria, o que pode limitar o tratamento.
A SRA é definida como vasos linfáticos esclerosados que formam Os recursos fisioterapêuticos que provocam calor superficial e profundo,
faixas fibrosas na axila e ocorrem após interrupção do fluxo linfático por exemplo, infravermelho e ondas curtas, não devem ser aplicados
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na axila pela linfadenectomia axilar ou pela dissecção do linfonodo no membro superior afetado, pois favorecem a ultrafiltração arterial
sentinela. É caracterizada pela presença de uma rede axilar em sua para o interstício podendo desencadear o linfedema (BERGMANN et
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artigos
de sessões, mas com predominância para até 10 atendimentos
encaminhadas de forma tardia, com complicações já instaladas. No
(61,3%). As pacientes que procuraram atendimento por queixa de
mesmo estudo destacou-se a forte associação entre o início precoce
dor ou linfedema necessitaram de mais atendimentos até a alta da
da fisioterapia e a ausência de complicações pós-cirúrgicas, o que
fisioterapia em comparação com outras complicações, com valores
reforça a efetividade do início imediato do tratamento fisioterapêutico
estatisticamente significativos (p = 0,03 e p = 0,001, respectivamente).
na prevenção dessas alterações.
Estes números podem ser explicados pelo difícil manejo dessas
No presente estudo, todas as pacientes já possuíam alguma
complicações e a aceitação pela paciente da permanência deles
complicação, impedindo a avaliação deste evento. Porém, constatou-
após a cirurgia.
se a associação significativamente estatística da presença de dor com
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artigos
NOGUEIRA, Erica Alves; OLIVEIRA, Ana Cristina Gonçalo. Fisioterapia NASCIMENTO, Simone Lyra do; OLIVEIRA, Riza Rute de; OLIVEIRA,
em mastologia oncológica: rotinas do Hospital do Câncer III/INCA. Mariana Maia Freire de; AMARAL, Maria Teresa Pace de. Complicações
Revista Brasileira de Cancerologia. Vol. 52, n. 1, p. 97-109, 2006. e condutas fisioterapêuticas após cirurgia por câncer de mama:
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Controle do estudo retrospectivo. Fisioterapira e Pesquisa. Vol. 1, n. 3, p. 248-255,
câncer de mama: document de concenso. Rio de Janeiro, 2004. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Instituto Nacional do Câncer. Estimativa NOGUEIRA, Erica Alves; BERGMANN, Anke; PAIXÃO, Ellen da; THULER,
2016. Incidência de câncer no Brasil. Rio de Janeiro, 2016. Luiz Claudio Santos. Alterações Sensitivas, Tratamento Cirúrgico do
Câncer de Mama e Nervo Intercostobraquial: Revisão da Literatura.
BREGAGNOL, Rafael Klegues; DIAS, Alexandre Simões. Alterações Revista Brasileira de Cancerologia. Vol. 56, n. 1, p. 85-91, 2010.
Funcionais em Mulheres Submetidas à Cirurgia de Mama com
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Linfadenectomia Axilar Total. Revista Brasileira de Cancerologia. Vol. RETT, Mariana Tirolli; MESQUITA, Paula de Jesus; MENDONÇA, Andreza
56, n. 1, p. 25-33, 2010. Rabelo Carvalho; MOURA, Danielly Pereira; SANTANA, Josimaria Melo
de. A cinesioterapia reduz a dor no membro superior de mulheres
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Artigo 2
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
USO DE
RESUMO: Entre as atividades realizadas pelos enfermeiros na Atenção
Primária à Saúde, está o acompanhamento do pré-natal. Para isso,
é necessário que esse cuidado seja baseado em conhecimentos e
em evidências científicas. Os protocolos assistenciais são instrumentos
PROTOCOLOS
que auxiliam o fazer dos processos de trabalho e servem de respaldo
para as ações desses profissionais. O objetivo desta pesquisa foi
analisar a utilização de protocolos assistenciais de pré-natal de baixo
risco pelos enfermeiros do Serviço de Saúde Comunitária do Grupo
DE PRÉ-NATAL
Hospitalar Conceição (GHC) do Município de Porto Alegre/Brasil.
Foram entrevistados cinco enfermeiros, todos informando que utilizam
o protocolo de pré-natal de baixo risco do GHC e, com isso, se sentem
DE BAIXO RISCO
mais seguros e respaldados para realizar suas atividades.
PALAVRAS-CHAVE: Atenção Primária à Saúde. Enfermagem em Saúde
Pública. Enfermagem. Pré-Natal.
PRIMÁRIA À ABSTRACT: Among the activities carried out by the nurses at the Primary
Health Care there is the prenatal care attendance. Therefore, it is
artigos
artigos
SAÚDE
necessary that this care must be based on scientific knowledge and
evidences. The assistential protocols are instruments that assists the
work process and serve as a support for all these professionals’ actions.
The main objective of this research was to analyze the use of low
risks prenatal assistential protocols by the Community Health Service
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nurses from Grupo Hospitalar Conceição (GHC) in Porto Alegre city. parturiente, puérpera e ao recém-nascido (BRASIL, 2013; BRASIL, 1987).
Five nurses had been interviewed, all affirming to use GHC’s low risk Na consulta de enfermagem, além da competência técnica,
prenatal protocol and so, feeling safer and supported to perform their
é importante que o enfermeiro faça uma escuta qualificada sobre
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
Dentre as atividades realizadas pelos enfermeiros na APS, está Os protocolos podem ajudar a definir, padronizar e revisar
continuamente a maneira de processar a atenção
o acompanhamento do pré-natal, que consiste em proporcionar o
direta à saúde e as ações de organização do serviço.
desenvolvimento da gestação, visando o parto de um recém-nascido Competência profissional é uma exigência: elaboração e
acompanhamento da utilização de protocolos é excelente
saudável e a qualidade da saúde materna (BRASIL, 2013).
oportunidade de educação permanente em saúde.
Segundo o Ministério da Saúde o enfermeiro pode realizar (WERNECK, 2009, p.76).
inteiramente a pré-natal de baixo risco na rede de atenção básica.
Essa atividade esta garantida na Lei do Exercício Profissional, Um estudo (RODRIGUES, NASCIMENTO e ARAÚJO, 2011) realizado
regulamentada pelo Decreto nº 94.406/87 Art. 8º, inciso II, alínea “h”, na no interior de Minas Gerais com enfermeiros de Estratégia Saúde da
qual consta que ao enfermeiro incumbe, como integrante da equipe
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suas ações prestadas à gestante como parte do pré-natal, apenas Os participantes da pesquisa foram esclarecidos sobre os objetivos da
as consultas médicas. Sobre os protocolos, os enfermeiros os veem mesma e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.
como um documento que normatiza as ações, serve de respaldo, os Também foi garantido aos participantes privacidade na aplicação do
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
e agendadas previamente. As informações foram gravadas em um prestar uma assistência humanizada à mulher desde o início de sua
aparelho celular e após foram transcritas na íntegra pela autora gravidez, a solicitação de exames complementares, a realização
e entrevistadora dessa pesquisa para garantir a veracidade das de testes rápidos e a prescrição de medicamentos previamente
informações. estabelecidos em programas de saúde pública e em rotina aprovada
Os dados foram analisados pela técnica de análise temática pela instituição de saúde (BRASIL, 2013).
proposta por Minayo (2010), que compreende três etapas: Pré- No presente estudo, todos os enfermeiros citaram que realizavam
Análise, Exploração do Material e Tratamento dos Resultados Obtidos consulta de enfermagem como uma forma de assistência ao pré-natal
e Interpretação. de baixo risco. Com isso, percebe-se que a consulta de enfermagem
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O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do é uma prática fortalecida entre os enfermeiros do serviço, bem como
Grupo Hospitalar Conceição (CEP/GHC), projeto: 17048 de 12/04/2017. as ações que compõem a consulta de enfermagem como o exame
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artigos
(grupos ou atividades de sala de espera) também é considerada uma
Segundo o Ministério da Saúde, dentre as atribuições assistenciais
função do enfermeiro (BRASIL, 2013).
do enfermeiro da Estratégia Saúde da Família estão: realização de
Realizo consulta individual, já tive experiência com trabalho
consulta de enfermagem, solicitação de exames complementares,
com grupo. E4
prescrição/transcrição de medicamentos, conforme protocolos e
A saúde da mulher também foi citada como um tipo de normas assistenciais estabelecidos nos Programas do Ministério da
assistência no pré-natal com a coleta para exame citopatológico do Saúde e as disposições legais da profissão (BRASIL, 2002).
colo do útero. O Caderno de Atenção Básica sobre Atenção ao Pré- Para tanto, é necessário que o profissional enfermeiro disponha
Natal de Baixo Risco ainda cita como função do enfermeiro o exame de algum material que possa seguir e que sirva de respaldo para
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clínico das mamas (BRASIL, 2013). realizar as atividades de sua competência, fundamentado em
conhecimentos científicos e baseado em evidências científicas.
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Todos os enfermeiros entrevistados nesse estudo citaram que do GHC ele não diferencia muito a atividade do enfermeiro
e a atividade do médico. Então algumas coisas eu vejo, eu
utilizam o protocolo de pré-natal de baixo risco do Grupo Hospitalar faço, porque estão no protocolo, mas eles não tem essa
Conceição, provavelmente por ser o protocolo da instituição da qual distinção. Diferente, por exemplo, de alguns protocolos do
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O protocolo do Ministério da Saúde de Pré-Natal de Baixo Risco Através dessas falas, pode-se perceber a necessidade de se
também foi citado por um participante. especificar a atuação de cada profissional no protocolo de pré-
O protocolo do GHC e do Ministério da Saúde. E5 natal de baixo risco. Mesmo que algumas atividades possam ser
compartilhadas por várias profissões, é importante que as competências
Protocolos específicos de enfermagem para o pré-natal de de cada categoria sejam descritas e reconhecidas a fim de fortalecer
baixo risco e proporcionar mais segurança para o profissional que está atuando.
O protocolo de enfermagem é um instrumento que vai normatizar
e respaldar as ações dos enfermeiros, uma vez que é baseado em Potencialidades no uso de protocolos de pré-natal de baixo
conhecimentos científicos e no exercício da profissão. (MINAS GERAIS, risco
2006). As principais potencialidades dos protocolos assistenciais de
Nesse estudo, todos entrevistados citaram que os protocolos pré-natal de baixo risco citadas foram a de servir de respaldo para os
que utilizavam não eram específicos para enfermeiros. profissionais e transmitir segurança nas suas ações.
Não, é só o protocolo de pré-natal ele é geral, ele é para
artigos
artigos
outros profissionais consultarem da equipe. Mas exclusivo da
enfermagem, fazer prescrição de medicamento, solicitar os
enfermagem não tem. E2
exames. E1
Não, é multiprofissional. É mais médico e enfermeiro os
Sim, porque nos respalda com relação as nossas ações, as
protocolos. E5
nossas atividades e é uma fonte de consulta importante.
Eu utilizo o geral. E3
Nem sempre a gente vai lembrar de tudo. E3
Eu acho que qualifica o meu trabalho, acho que qualifica a
A falta de especificidade de cada profissional nas atividades assistência, me ajuda no sentido de orientar nas condutas. Eu
acho que o protocolo ajuda a gente a lembrar de algumas
descritas no protocolo também foi citada: condutas que às vezes a gente se perde. E4
(...) a maioria dos protocolos do serviço eles colocam como:
consulta puerperal, consulta gestante, diz que pode ser feito O fato dos protocolos serem baseados em evidências científicas
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Eu acho que os protocolos institucionais eles fortalecem e capacitações foi citado por um entrevistado.
respaldam a prática do profissional enfermeiro. Uma vez Olha eu vou te dizer assim, nesses últimos dois anos, 2016 e
que os protocolos, a própria construção do protocolo se 2017, eu não participei da atualização. Na gerência tem toda
dá baseado em evidências científicas. Então, geralmente
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artigos
uso de protocolos foi a falta de formação para a sua utilização. A NASCIMENTO e ARAÚJO, 2011) sobre o uso de protocolo de
maioria dos entrevistados diz não ter realizado formação para o uso enfermagem para assistência de pré-natal também mostrou a falta
dos protocolos de pré-natal de baixo risco. de capacitação teórica e prática de assistência à gestante como
aspectos dificultadores em relação ao uso dos protocolos.
Não. E2
Para alguns sim. Agora da gestante eu não recordo de ter A subutilização dos protocolos também foi citada:
participado de nenhuma capacitação assim, foi mais a
leitura mesmo. Pegar o protocolo e me apropriar de forma Eu acho que ele é pouco utilizado. Tem um potencial bem
mais individual. E4 bacana, mas as pessoas, enfim, acabam esquecendo
muitas vezes e até porque como a gente tem facilidade
Na fala do E4 percebe-se que ele se atualizou através da leitura de estar discutindo casos com outros profissionais, a gente
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Eu acho que eles são subutilizados. Eles poderiam ser melhor mas dai pelo protocolo municipal de saúde da mulher. De
utilizados e tem muitos antigos, acho que eles teriam que saúde da mulher? Não de gestante? (entrevistador) Não de
ser revistos. Muitas vezes a gente recebe só notificações de gestante, aí do município de Porto Alegre. O GHC não tem
algumas coisas que mudaram, mas não muda o local de esse mais abrangente assim, que seria o acolhimento. Mas só
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artigos
medicamentos para as mulheres no pré-natal de baixo risco. A maioria (BRASIL, 2016).
dos medicamentos prescritos pelos enfermeiros foram o Ácido Fólico e Dos cinco entrevistados, apenas um não realiza prescrições.
o Sulfato Ferroso, sendo que todos citaram estar seguindo o protocolo Com isso, percebe-se que a prescrição de medicamentos é uma
do Grupo Hospitalar Conceição de Pré-Natal de Baixo Risco. Além atividade forte e presente nas consultas de pré-natal e de saúde da
disso, foi mencionada a prescrição no caso de vaginoses. mulher, que acaba sendo abordada no pré-natal também, como
no exemplo das vaginoses. Novamente o protocolo de pré-natal de
Sim, o ácido fólico, sulfato ferroso, se tiver alguma vaginose
aí a gente segue o protocolo de abordagem sindrômica no baixo risco do Grupo Hospitalar Conceição foi mencionado como
que se refere a gestante né. E1
o mais utilizado por ser um material da própria instituição em que os
O paracetamol foi citado apenas por um entrevistado, que diz
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artigos
e Dificuldades dos Enfermeiros da Estratégia de Saúde da Família. Rev
Acredita-se que esse estudo poderá auxiliar na reflexão sobre o
Esc Enferm USP, 2011.
uso de protocolos assistenciais pelos enfermeiros atuantes no Serviço
WERNECK, Marcos Azeredo Furkim. Protocolo de cuidados à saúde e
de Saúde Comunitária do GHC e do município de Porto Alegre, e que de organização do serviço / Marcos Azeredo Furkim Werneck, Horácio
o mesmo venha para ressaltar a importância desse instrumento para Pereira de Faria e Kátia Ferreira Costa Campos. Belo Horizonte: Nescon/
uma assistência integral e de qualidade. UFMG, Coopmed, 2009. 84p.
Referências bibliográficas
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Artigo 3
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
ALTERAÇÕES
do procedimento cirúrgico em mulheres com câncer de mama.
Método: Trata-se de um estudo descritivo, retrospectivo. Foram
consultados 111 prontuários eletrônicos e fichas de avaliação
Fisioterapêutica de mulheres submetidas à cirurgia por câncer de
FUNCIONAIS
mama no Hospital Nossa Senhora da Conceição, do Rio Grande do
Sul, que realizaram acompanhamento fisioterapêutico no ambulatório
de fisioterapia. Resultados: As complicações mais prevalentes
foram dor (69,3%), alteração de sensibilidade (68,5%) e restrição de
APÓS
ADM (59,4%). Conclusão: os tratamentos para o câncer de mama
foram responsáveis por uma alta prevalência de complicações em
membro superior homolateral à cirurgia. O ideal é que o programa de
TRATAMENO
reabilitação fisioterápica tenha início o mais precocemente possível,
visando prevenir o aparecimento de tais complicações.
Palavras-chave: Câncer de mama. Tratamento cirúrgico. Alterações
funcionais.
PARA CÂNCER ABSTRACT: Objective: to identify the functional changes resulting from
artigos
artigos
the surgical procedure in women with breast cancer. Method: This is a
descriptive, retrospective study. A total of 111 electronic records and
DE MAMA
physical therapy records of women submitted to breast cancer surgery
at the Hospital Nossa Senhora da Conceição in Rio Grande do Sul,
Brazil, were consulted in the physiotherapy outpatient clinic. Results: The
most prevalent complications were pain (69.3%), sensitivity alteration
(68.5%) and ADM restriction (59.4%). Conclusion: treatments for breast
cancer were responsible for a high prevalence of complications in the
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upper limb homolateral to the surgery. Ideally, the physiotherapeutic A fisioterapia desempenha um importante papel, na prevenção
rehabilitation program should begin as early as possible to prevent the e no tratamento de complicações após cirurgia por câncer de mama,
onset of such complications.
contribuindo para o retorno às atividades de vida diária e melhora
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
desempenho das atividades de vida diária (AVDS) (BREGAGNOL, precoce até 30 dias e tardio após este período; e presença de
2010). complicações físicas funcionais avaliadas pelo fisioterapeuta e
As alterações mais comumente encontradas são infecção, relatada pela própria paciente.
necrose cutânea; seroma; parestesia; dor; diminuição de força Na análise estatística, as variáveis quantitativas foram
muscular e amplitude de movimento (ADM) do membro envolvido; descritas através de média e desvio padrão ou mediana e intervalo
síndrome da rede axilar e linfedema como complicação tardia interquartílico, enquanto que as variáveis categóricas foram expressas
(BREGAGNOL, 2010; NASCIMENTO et al., 2012; NASCIMENTO et al., em frequência e porcentual.
2010). Os dados foram analisados no programa SPSS (Statistical
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Package for the Social Sciences) versão 19.0. Este estudo foi aprovado
pelo Comitê de Ética em Pesquisa do Grupo Hospitalar Conceição,
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artigos
foram lesionadas (axila, região medial do braço e/ou parede anterior
Discussão
do tórax do lado afetado) pelos tratamentos do câncer de mama.
Os resultados obtidos no presente estudo demonstraram uma
Os sintomas incluem sensações de choque, queimação, agulhada
média de idade de 54,4 anos, variando entre 33 a 83 anos. A literatura
dolorosa e aperto nas regiões axilar, medial ou superior do braço
aponta a idade como sendo o principal fator de risco para o câncer
e/ou no tórax. A dor é descrita também como súbita e intensa e, e
de mama. As taxas de incidência aumentam rapidamente até os 50
pode iniciar imediatamente após a cirurgia, seis meses ou até um ano
anos. Após essa idade, o aumento ocorre de forma mais lenta (BRASIL,
após o tratamento, persistindo com o repouso e aumentando durante
2016). Dados similares a estes foram observados, nos estudos de Anjos,
as atividades diárias, respondendo muito pouco aos fármacos.
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Outra complicação frequente observada, foi as alterações manipulação da axila, como parte do tratamento do câncer de
de sensibilidade ocorridas em 68,4% dos casos. Sendo geralmente mama decorrente de lesão parcial ou total do nervo torácico
associadas à lesão do nervo intercostobraquial, que inerva a face longo ou nervo de Bell, foi encontrada em 18% das participantes.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
apresentaram esta complicação. A principal hipótese que explicaria fatores associados ao seu aparecimento constituem a própria
o surgimento destes cordões fibrosos seria a interrupção do fluxo linfadenectomia axilar, a radioterapia na cadeia de drenagem, o
linfático na axila, seja por trombose dos vasos linfáticos ou resultantes índice de massa corpórea, o trauma e a infecção no braço (BASTION
de alterações cicatriciais (FUKUSHIMA et al., 2011). Menezes et al., et al., 2005) Sampaio et al., 2013, observou-se uma ocorrência de
2008, avaliaram o perfil das pacientes pós-cirurgia de câncer de linfedema em 16,9% das pacientes, e dentre as variáveis clínicas
mama com síndrome do cordão axilar. Das 112 pacientes avaliadas, associadas, apenas a mastectomia radical com a retirada de
7,1% apresentaram cordão linfático, acarrentando na restrição de linfonodos, mostrou-se um fator de risco para o desenvolvimento de
amplitude de movimento do ombro e consequente na qualidade linfedema em mulheres com câncer de mama.
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de vida. A escápula alada, uma alteração cirúrgica, durante a O momento do encaminhamento destas pacientes à
reabilitação fisioterapêutica foi em sua maioria tardia. O ideal é
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que o programa de reabilitação fisioterápica tenha início o mais Cancerologia. Vol. 55, n. 2, p. 115-120. 2009.
precocemente possível, visando prevenir o aparecimento de tais
FERREIRA V.T., et al. Caracterização da dor em mulheres após
complicações (NASCIMENTO et al., 2012). No entanto, esta pesquisa
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
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Artigo 4
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ODONTOLÓGICA
Circe Jandrey, SSC/GHC, Porto Alegre/RS 2
Egídio Demarco, SSC/GHC, Porto Alegre/RS 3
EM UNIDADE
RESUMO
ATENDIMENTO: AS
série de prejuízos para o sistema como filas, lentidão no atendimento,
insatisfação, estresse na equipe e pacientes, diminuição na qualidade
do atendimento e, ainda, aumento nos gastos públicos com saúde.
PERSPECTIVAS DO
Este estudo teve por objetivo identificar motivos que levaram usuários
vinculados ao Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar
Conceição (SSC/GHC) a buscarem assistência odontológica de
USUÁRIO EM UMA
urgência na UPA Moacyr Scliar/Porto Alegre-RS em horários de
atendimentos regular das Unidades de Saúde (US) durante o período
de abril a julho no ano de 2017. A investigação foi realizada por
CAPITAL BRASILEIRA
meio de análise do sistema de informações e entrevista telefônica
através de um questionário estruturado composto por 5 questões. Os
resultados apontaram que, para essas condições, houve – em média
– atendimento de 20 usuários/mês no período acompanhado, com
artigos
artigos
O questionário foi aplicado a 50 usuários dentre aqueles atendidos
no período; entre os entrevistados, a dor de dente foi o motivo mais
frequente da procura (62%); 80% procuraram a urgência odontológica
da UPA pela primeira vez, sendo que 98% tinham conhecimento por
sua US de referência. O estudo indica que 26,7% dos usuários buscam
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a UPA por não conseguirem atendimento na sua US, enquanto 17,8% Ambulatory Health Care.
dos respondentes desconhecem a existência de dentista na sua US
ou de atendimento a urgências; 15,6% dos participantes acreditam
que a UPA é mais rápida ou mais perto de onde estavam e 11,1% Introdução
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artigos
Results also indicate that 26.7% of users seek ECU because they can As UBS têm como principal orientação ser a porta de entrada
not get care in their HU, while 17.8% of respondents are unaware of preferencial ao sistema de saúde. Sua função é integrar as ações
the presence of a dentist in their HU or emergency care; 15.6% of the
participants believe that the ECU is faster or closer to where they were programáticas e de demanda espontânea; articular ações de
and 11.1% report previous assistance in the HU without resolution. For promoção à saúde, prevenção de agravos, vigilância à saúde,
the period in question, it is possible to infer that SSC/GHC Health Units
receive a large amount of their users’ acute demand/consultation day tratamento e reabilitação, trabalho em equipe; criam-se relações de
since this demand corresponds to 0.08% of the population covered vínculo e responsabilização entre as equipes e a população adstrita,
by this service (90,000 inhabitants). This study presents limitations due
to the dependence of telephone contact with users, where there is a garantindo a continuidade das ações de saúde e a longitudinalidade
significant sample loss, but presents relevant information as a basis for do cuidado, e também estimulam a participação popular e o controle
future studies with larger samples.
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As UPAs, normalmente, dão respostas rápidas às necessidades à criação do Programa de Residência Médica em Medicina
dos usuários, principalmente nas queixas agudas e graves, promovendo Comunitária, em 1980, possibilitando, posteriormente, em 1982, a
cuidados paliativos e acesso a diferentes tecnologias (no serviço ou criação da primeira unidade do SSC, com o objetivo de aperfeiçoar
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artigos
de abril de 2017, tomando por referência uma lista de usuários da área
nas áreas clínica, cirúrgica, odontológica e pediátrica. Conta com
de abrangência da SSC/GHC, os quais haviam sido atendidos no setor
uma equipe de 197 profissionais do GHC, de caráter multiprofissional
de odontologia da UPA Moacir Scliar na semana do referido mês.
composta por médicos, odontólogos, enfermeiros, técnicos em
Desta lista foram excluídos atendimentos realizados em dias não úteis,
radiologia, assistentes sociais, serviço de nutrição, farmacêuticos,
além daqueles ocorridos em horários de fechamento das US. Além da
técnicos de enfermagem, auxiliares administrativos e segurança. No
utilização de data e o horário, foi coletado o número de registro do
ano de 2015, atendeu mais de 110 mil pacientes.
usuário no Sistema de Informação do GHC, para posterior acesso a
O Serviço de Saúde Comunitária (SSC) do GHC é constituído seu contato telefônico.
por uma rede de doze unidades de Atenção Primária à Saúde (APS),
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foi explicado o motivo da ligação e posteriormente, houve a leitura referenciado pela equipe do Consultório na Rua4. O usuário não foi
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE). A partir do incluído entre os entrevistados pela dificuldade no contato telefônico
consentimento do usuário, a entrevista foi efetuada. Todo o material e fragilidade de vínculo com a US.
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artigos
No período selecionado para realização de entrevistas, a UPA ao maior número de horas à tarde se comparado à manhã; ou ainda
sofreu uma reforma estrutural com duração aproximada de 1 mês, pode ser atribuído à cultura organizacional de cada comunidade
deslocando, assim, o atendimento odontológico para outro espaço ou região que apresenta o hábito de buscar, frequentemente, o
físico. Este fato, no entanto, não parece ter afetado a procura pelo atendimento à tarde.
serviço nesse período, permanecendo a média de atendimentos
de 20 usuários cadastrados no SSC/mês. Registra-se, também, que, Dos 80 integrantes do grupo atendido no período em estudo,
durante a terceira semana do mês de maio, não houve procura foi obtido contato telefônico, para aplicação do questionário, com
por atendimento nos horários estudados, apenas um usuário foi
4 Este constitui-se em uma modalidade de atendimento extramuros dirigida aos usuários
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54 usuários (67,5%). Para cada integrante foram efetivadas até 3 odontológica em 87,7% dos usuários pesquisados.
tentativas de ligação em turnos diferentes. A impossibilidade do
No campo da odontologia, tem sido apontada a necessidade
contato pode ter ocorrido por diversos fatores, como cadastros
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artigos
A primeira pergunta da entrevista versou sobre o motivo da saúde e cria vínculo com os profissionais a partir desse contato inicial,
procura pela UPA, conforme a Tabela 2, e a dor de dente foi a causa mais é favorecido seu envolvimento com a instituição (GOMIDE, PINTO,
frequente de busca para 31 pessoas (62%) na urgência odontológica. FIGUEIREDO, 2012).
De certo modo, esse era um achado esperado, uma vez que vários
Indagados sobre suas US de referência, 49 usuários (98%) tinham
problemas na cavidade bucal culminam, comumente, no desfecho
conhecimento de qual seria a sua, o que sugere que os usuários ou
dor dentária (PINTO et al., 2012). O mesmo estudo relata tal condição
alguém de seu entorno acessam ou já acessaram serviços da US.
como queixa predominante em 78% da população estudada em uma
Esse resultado é importante porque possibilita inferir, para o grupo
Estratégia de Saúde da Família; de modo semelhante, Lacerda et al
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cabe observar que 28 entrevistados (62,2%) já utilizaram os serviços US Sesc 2 2,5 5.333
US Barão de Bagé 4 5 3.973
odontológicos de sua US, sem que, contudo, estejam disponíveis US Parque dos Maias 5 6,3 8.991
US Leopoldina 11 13,8 12.614
US Jardim Itu 5 6,3 8.381
informações sobre as formas de acesso empregadas.
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artigos
Alguns usuários (6,3%) atendidos na UPA não estavam com seus final de semana.
endereços residenciais atualizados, aparecendo como vinculados ao Tabela 4. Distribuição do grupo estudado quanto a busca de atendimento na UPA.
Porto Alegre. 2017.
SSC/GHC no Sistema de Informação, mesmo sem mais residir nesta
área, conforme informação após contato telefônico. Motivo da busca pela UPA Frequência Total
Indicado pela US 2 4,4
Tentou atendimento na US e não conseguiu 12 26,7
Tabela 3. Distribuição da população estudada em suas Unidades de Saúde de Por causa do horário 2 4,4
Desconhecimento que na US tinha dentista e/ou
referência. Porto Alegre. 2017. 8 17,8
atendia urgências
Não sei qual meu posto ou não frequento 2 4,4
A UPA é mais perto e/ou mais rápida 7 15,6
População Amigos/Conhecidos me indicaram a UPA 1 2,2
Unidade de Saúde de Foi atendido na US, porém sem resolução 5 11,1
Frequência Total (%) Adscrita Greve/Férias do dentista/questões administrativas 2 4,4
Referência
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É possível relacionar a diversidade de motivos para busca por sentido a ampliação do acesso a APS é medida indissociável com
atendimento odontológico na UPA com distintos fatores influenciando vistas ao aprimoramento da gestão e à utilização eficiente de serviços
esta escolha. Ainda que o usuário nem sempre se prenda à norma de emergência (GARCIA, REIS, 2014).
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artigos
inserção do cidadão no sistema e no cuidado à sua saúde, afirmando adscritos a três unidades do SSC (US Costa e Silva, US Conceição e
a importância da criação de estratégias de comunicação com US Jardim Leopoldina); para duas elas – Conceição e Leopoldina –, é
usuários como forma de melhorar a atenção ofertada (ANDRULIS, possível atribuir esse resultado ao quantitativo populacional adscrito
2000). muito superior ao das demais unidades; importa salientar, ainda, que
cargas horárias profissionais distintas entre as diferentes US do SSC
Embora a procura por atendimento de urgência na UPA tenha
podem interferir nesse resultado; em outras palavras, uma US com
sido pequena durante o período estudado, as dificuldades de acesso
menor carga horária profissional e maior quantitativo populacional
na APS (demora na marcação de consultas, com meses de espera,
pode apresentar maior procura pelo atendimento na UPA.
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buscado primeiramente atendimento em sua US, mas sem sucesso. locorregionais de atenção integral às urgências em conformidade
Mesmo que 17,8% dos entrevistados desconheçam a existência de com a política nacional de atenção às urgências. Diário oficial da
união da república federativa do Brasil. Brasília, DF, 2009.
atendimento odontológico regular e/ou de urgência em sua US, 15,6%
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BRASIL, MINISTÉRIO DA SAÚDE. Acolhimento à demanda espontânea: FONSECA D. A. V. et. al. Influence of the organization of primary care
artigos
artigos
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Artigo 5
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DA INSERÇÃO
dução de vida e autonomia na trajetória de um usuário de saú-
de mental. A pesquisa utilizou a metodologia qualitativa e foi
analisada através da Análise de Conteúdo de Bardin. Os resultados
encontrados foram que o usuário ao qual foi ofertada uma rede
de cultura e saúde obteve um cuidado diferenciado, conseguindo
CULTURAL PARA
modificar sua vida, retomar seu trabalho e sua vida social e cultural.
Palavras-chave: Cultura. Saúde mental. Humanização. Inserção social.
Clínica ampliada.
UM USUÁRIO DA
SAÚDE MENTAL
THE IMPORTANCE OF CULTURAL INSERTION FOR AN USER OF
MENTAL HEALTH
ABSTRACT: This study has an interest in addressing how cultural insertion
(activities such as community radio, political and artistic events) can
make a difference in relation to the quality of life and autonomy for
artigos
artigos
an user of mental health. The research used qualitative methodology
and was analyzed through the Bardin Content Analysis. The results
showed that people using a network of culture and health activities
obtained a differentiated care, thus improving their life conditions,
work return capability, as well as social and cultural life circumstances.
Keywords: Culture. Mental health. Humanization. Social insertion.
Expanded care.
tegrada em Saúde do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), Porto Alegre/RS. Turma 2015.
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Em minha trajetória na residência, encontrei diferentes modos de Mais adiante, no mesmo ano de 2015, com colegas residentes,
pensar e promover o cuidado em saúde mental. Fui me identificando usuários e trabalhadores dos serviços de saúde mental do GHC, fui ao
com os pressupostos da Reforma Sanitária Brasileira e Reforma Mental Tchê3, em São Lourenço do Sul. Em uma perspectiva voltada
Psiquiátrica, com o entendimento de que o doente mental deve ser para o bem-estar do usuário e sua família, estavam mais de seis mil
respeitado como cidadão em sua essência, em suas diferenças e pessoas em prol de uma saúde mental mais digna e humana. Minha
que possa contar com uma rede de atenção psicossocial. Segundo visão de cuidado realmente mudou. Observar o quanto a inserção em
Vasconcelos et al. (2016, p. 314): espaços políticos e culturais eram importantes, na vida dos usuários.
No plano macroestrutural da Reforma Sanitária Brasileira, O quanto isso fazia a diferença em relação ao seu processo de
as mudanças no modelo assistencial provocaram avanços autonomia. Nesse período também me interessei em acompanhar e
consideráveis na redefinição de práticas de saúde.
Foram propostas novas concepções sobre o processo participar do Programa Quartas Intenções4, em que estive em contato
saúde-doença e modos de organização das instituições com usuários de serviços de saúde mental extremamente politizados.
cuidadoras. Com isso, foi possível dar um salto de qualidade
no planejamento de processos terapêuticos. O campo Questionei-me, a partir de então, o quanto a cultura pode contribuir
da saúde mental acompanhou tais transformações, para produção de saúde
pautando-se na atenção psicossocial e suas dimensões
artigos
artigos
teórico-conceitual, técnico-assistencial, jurídico-política e
No mês de setembro de 2015, ingressei no Programa Quartas
sociocultural. Nessa perspectiva, as práticas devem produzir
a continuidade da vida do usuário, num processo de Intenções da rádio AMORB (Associação de Moradores do Bairro Rubem
reconstrução da cidadania, de entendimento, bem como
Berta – POA/RS). O programa é desenvolvido por usuários, profissionais
do exercício real dos seus direitos, da possibilidade de vê-los
reconhecidos, e a capacidade de praticá-lo. de saúde e residentes dos serviços de saúde mental. Segundo Lewis
et al. (2013), a realização do programa foi pensada a partir de um
Ingressei na Residência após ser estimulada pelo professor da
Faculdade de Educação UFRGS, Ricardo Burg Ceccin, quando estudei
3 Encontro de saúde mental, promovido pela Prefeitura de São Lou-
dois semestres como aluna especial em 2012 e 2013, para tentar o renço do Sul/RS, em que profissionais da saúde, usuários e familiares reúnem-
se para refletir e pensar sobre os rumos da Política de Saúde Mental no RS.
Doutorado, que no final não se concretizou ainda.
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convite da Associação de Moradores a profissionais de serviços de despertou a atenção pelo seu empoderamento no tratamento, sendo
saúde mental com a proposta de ampliar o espaço de debate em corresponsável no processo de produção de sua própria saúde. Isso é
saúde mental, articulando ações de cultura e saúde, e promovendo comum ao que diz a Política Nacional de Humanização (2013).
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O caminhar de Pedro
No cuidado de Pedro, a cultura, a música e a arte foram Metodologia
fundamentais na construção de uma nova rede: CAPS AD III, O estudo utilizou-se da abordagem qualitativa a partir de
Programa Quartas Intenções da Rádio AMORB, Chalé da Cultura – entrevistas semiestruturadas, em que o usuário contou sobre a
artigos
GHC e Geração POA-SMS (Secretaria Municipal de Saúde). Segundo experiência do processo de seu tratamento relacionado à sua
artigos
o folheto 20 Anos do Geração POA: 1996-2016: inserção cultural e social. Ele participa de diversas atividades culturais
O Geração POA é um serviço da Prefeitura Municipal de e políticas.
Porto Alegre, componente da Rede de Atenção Psicossocial
(RAPS) no eixo da Reabilitação Psicossocial. Promove ações Foram realizados três encontros em diferentes locais da Zona
em saúde, educação, cultura e economia solidária através
Norte de Porto Alegre, região de fácil acesso ao usuário. As entrevistas
do trabalho.... Acessam pessoas a partir de 16 anos, que
tenham desejo de trabalhar e que sejam usuárias da Rede foram filmadas após consentimento do usuário mediante a assinatura
de Atenção Psicossocial. O encaminhamento é feito através
do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido, o qual ele leu em sua
do Sistema Único de Saúde (SUS) de referência do usuário
(Unidades Básicas e/ou Serviços de Saúde Mental). íntegra. O projeto teve sua aprovação no CEP com o número 15316.
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Desde 2015, quando ingressei na Residência, este usuário me Esta pesquisa respeitou os aspectos éticos previstos na
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Resolução n. 466/12, do Conselho Nacional de Saúde (CNS) (BRASIL, A análise dos dados permitiu o desdobramento de três categorias:
2012). A pesquisa foi previamente apresentada para aprovação à Saúde mental e singularidades; Redes e locais de circulação; e arte,
cultura e autonomia.
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artigos
entrevistas e, posteriormente, procedeu-se a identificação dos trechos potencialidades e de produção de vida e de singularidade.
selecionados para o registro e sua análise.
Foi então buscar ajuda no CAPS AD III de um grupo hospitalar
As perguntas norteadoras das entrevistas foram: O que mudou da Zona Norte de Porto Alegre. Este foi o início de um processo, como
na tua vida a partir do contato com a arte e a cultura? A oferta de salientou:
espaços culturais fez diferença no teu tratamento? As inserções nestes ...mudar por dentro é que é o difícil, saber dizer não, saber
que não pode saber que, mesmo que um dia tenha gosta-
espaços de cultura te levaram a uma maior autonomia?
do daquilo (SPAs), nunca te fez bem, não te trouxe nada e
te levou tudo, não te trouxe nada que diga, oh, venci algu-
ma coisa fazendo aquilo ali, não venceu, tu só perdeste, daí
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Ele ficou 30 dias no hospital para desintoxicação no ano de A rede de atenção à saúde é composta pelo conjunto
de serviços e equipamentos de saúde que se dispõe num
2014. Mais adiante, uns meses após ter ingressado, retornou ao CAPS
determinado território geográfico, seja ele um distrito
AD III. Os técnicos do serviço já o tinham convidado para participar
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O conceito de Ponto de Cultura envolve a construção de Segundo o relatório da Reforma Psiquiátrica e Política de Saúde
uma rede articulada, ou seja, um ponto só se torna Ponto de
Cultura a partir do momento que interage e se integra com Mental no Brasil, Conferência Regional de Reforma dos Serviços de
os demais Pontos de Cultura e com outras organizações da Saúde Mental – 15 Anos depois de Caracas (2005, p. 25):
sociedade civil.
A construção de uma rede comunitária de cuidados é
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Pedro começou a se relacionar com diversos locais culturais, fundamental para a consolidação da Reforma Psiquiátrica.
artigos
A articulação em rede dos variados serviços substitutivos
entre eles Geração POA, Chalé da Cultura, Rádio AMORB – Programa ao hospital psiquiátrico é crucial para a constituição de
Quartas Intenções, grupo de música Tocante, como segue o relato: um conjunto vivo e concreto de referências capazes de
acolher a pessoa em sofrimento mental. Esta rede é maior,
...aí comecei a me relacionar com pessoas da área cultural no entanto, do que o conjunto dos serviços de saúde
tipo Chalé da Cultura, o pessoal lá do Gera POA, e dali para mental do município. Uma rede se conforma na medida em
diante minha ideia é divulgar o Tocante, é desenvolver o que são permanentemente articuladas outras instituições,
Tocante, é tocar sozinho se for o caso também, mas é nunca associações, cooperativas e variados espaços das cidades.
me desvincular disto aí, muita coisa, a rádio, me esqueci da A rede de atenção à saúde mental do SUS define-se assim
rádio, na rádio também fazia muita intervenção ao vivo, tocava como de base comunitária.
também.
As conexões entre cultura e saúde auxiliaram muito no
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...fez bastante diferença a cultura no tratamento, no CAPS social, redes formadas, apoio familiar, auxílio da cultura no seu trajeto
teve o grupo Tocante, depois o Geração POA que me foi de tratamento. Nessas falas aparece o quanto Pedro se empoderou,
apresentado pelo CAPS, teve a rádio, o Chalé era uma
coisa prazerosa... está muito mais autônomo e independente depois que iniciou
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
para a invenção das normas que regulam a vida, para os
processos de criação que constituem o mais específico do
homem em relação aos demais seres vivos. Políticas porque
é na polis, na relação entre os homens que as relações
sociais e de poder se operam, que o mundo se faz.
Pedro ensinando violão na oficina de férias do Geração
POA, 2017.
Pedro segue complementando onde poderia trabalhar:
Gostaria de fazer um pós-graduação em musicoterapia Por estar desejando o tratamento, a partir de suas singularidades
para tratar as pessoas, porque a música ajudará outras alinhavou sua própria rede intersetorial de saúde e cultura.
pessoas como eu fui ajudado nestes últimos dois ou três
anos.
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que possamos contar com arte e cultura no cuidado em saúde. nização. 2004. Disponível em: <http://bvsms.saude.gov.br/bvs/ publi-
cacoes/ humanizasus_2004.pdf>. Acesso em: 10/1/2015.
______. Lei n. 10.216/01. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/
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Regional de Reforma dos Serviços de Saúde Mental: 15 Anos depois
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Artigo 6
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
DOMICILIAR DE
Esp. Evelise de Souza Streck, Passo Fundo/RS 2
Dra. Luciane Kopittke, GHC, Porto Alegre/RS 3
RESUMO: A assistência domiciliar caracteriza-se por prestar cuidados à
MEDICAMENTOS
saúde de pacientes que se encontram incapacitados para deslocarem-
se aos serviços de saúde, entre eles verificar os medicamentos em
uso. O objetivo do estudo foi avaliar a farmácia caseira de pacientes
acamados no território de uma Estratégia Saúde da Família (ESF) no sul
DE PACIENTES
do Brasil. Nas residências visitadas, os medicamentos são armazenados
na sala (44%), no quarto (33%) e 67% realiza o descarte na ESF.
Sobre os medicamentos utilizados pelos pacientes, os cuidadores
desconhecem informações como: dose prescrita (88%), horário
ACAMADOS
prescrito (84%) e interação com outros medicamentos ou alimentos
(88%), evidenciando que a atuação do farmacêutico junto à equipe de
saúde do serviço pode qualificar a assistência domiciliar desenvolvida.
Palavras-chave: Armazenamento de Medicamentos. Assistência
NO TERRITÓRIO
Domiciliar. Assistência Farmacêutica. Atenção Primária à Saúde.
Cuidador. Medicamento.
DE ATENÇÃO
artigos
artigos
patients who are unable to go to health services, including checking
the medicines in use. The objective of the study was to evaluate the
PRIMÁRIA À SAÚDE
home pharmacy of patients bedridden in the territory of a Family
Health Strategy (FHS) in the south of Brazil. In the residences visited,
medicines are stored in the room (44%), in the bedroom (33%) and
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67% lead to FHS for discard. Regarding medicines used by patients, inadequado, pode ocorrer desperdício do fármaco, facilitar o consumo
caregivers are unaware of information such as: prescribed dose (88%), irracional, propiciando agravos à saúde, bem como aumentar o risco
prescribed time (84%) and interaction with other medications or foods
(88%), evidence that the performance of the pharmacist with the de casos de intoxicação por estes agentes, principalmente em crianças
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
com validade duvidosa, podendo acarretar em problemas à saúde Foram coletadas informações sobre os medicamentos, conhecimento
(RIBEIRO & HEINECK, 2010; BECKHAUSER et al., 2012). dos cuidadores em relação ao tratamento prescrito e medicamentos
utilizados pelos pacientes.
Estudos demonstram que a farmácia caseira é corriqueira,
sendo encontrado pelo menos um medicamento em mais de 90% O estudo foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa do
das residências avaliadas (SCHENKEL et al., 2005; DAL PIZZOL et al., Grupo Hospitalar Conceição (CEP/GHC) em abril de 2015 (Projeto:
2006; TOURINHO et al., 2008; RIBEIRO & HEINECK, 2010; LASTE et al., 15057) e o seu desenvolvimento seguiu os preceitos éticos previstos da
2012). Outro aspecto relevante é a observação das condições de Resolução nº 466 de 2012, do Conselho Nacional de Saúde (BRASIL,
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Resultados 67% dos cuidadores levam à ESF, o que demonstra atenção para o
Dos 12 pacientes acamados assistidos pela ESF, nove cuidadores, descarte apropriado.
de diferentes pacientes, aceitaram participar do estudo. A idade dos
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Feminino 8 (88)
artigos
Masculino 1 (11)
Escolaridade O achado do estudo é relevante frente ao empenho dos
Ensino fundamental incompleto 4 (40)
Ensino fundamental 2 (20) profissionais de saúde, principalmente o farmacêutico, na busca pelo
Ensino médio 2 (20)
Ensino superior incompleto 1 (10) URM (MENDES et al., 2014). Quando os medicamentos são isentos de
Tempo de acompanhamento do
acamado prescrição há o favorecimento da prática da automedicação, muitas
Menos de 1 ano 1 (10)
4 a 7 anos 5 (50)
10 a 15 anos 2 (20) vezes por se tratar de medicamentos que têm um acesso facilitado e,
16 a 20 anos 1 (10)
Fonte: Elaborado pelos autores também, pelo estímulo do consumo em nossa sociedade (BUENO et al.,
2009; LOCH et al., 2015). Além disso, a falta de tempo para procurar um
Nas residências visitadas, os medicamentos são armazenados
profissional da saúde e a busca por uma solução imediata favorecem
na sala (44%) e no quarto (33%) livres da exposição à luz, calor,
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para a saúde do indivíduo ao invés de agir como uma ferramenta prescrita, a forma e o horário de administração e, principalmente,
terapêutica para o tratamento de problemas agudos ou crônicos de entre as possíveis interações entre medicamentos e/ou alimentos. Estes
saúde (MENDES et al., 2014). são fatores que contribuem para a organização dos medicamentos
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artigos
lixo comum) (BUENO et al., 2009), podem causar contaminação do solo A visita domiciliar é o momento em que o farmacêutico pode
e do meio ambiente. No estudo, a maioria dos cuidadores leva à ESF, avaliar o uso de medicamentos prescritos ou não, que compõem
por conhecerem os prejuízos causados ao ambiente e por saberem o estoque domiciliar, identificar condições de armazenamento e
que por meio da unidade de saúde o descarte é realizado por uma auxiliar sobre o descarte apropriado. Além de fornecer orientações e
empresa, que atende o município, especializada e licenciada para informações sobre os medicamentos aos cuidadores, de forma que
este tipo de serviço. eles ampliem os seus conhecimentos sobre o tratamento prescrito ao
paciente e tenham os cuidados pertinentes com a farmácia caseira
Sobre os conhecimentos dos cuidadores em relação aos
(BRASIL, 2010; BRASIL, 2017).
medicamentos utilizados pelos pacientes, nota-se que carecem de
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maiores informações sobre qual é o uso dos medicamentos, a dose Em casos de problemas de adesão ou uso incorreto do
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tratamento medicamentoso, o farmacêutico pode agir junto aos BRASIL, 2012a. Ministério da Saúde. Secretaria de atenção à Saúde.
Departamento de Atenção Básica. Caderno de atenção domiciliar.
profissionais da ESF, cuidador e paciente para orientar sobre o seu uso Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Departamento
correto e propor estratégias que facilitem a adesão ao tratamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da Saúde, 2012.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
de assistência domiciliar na atenção primária à saúde; organizado por assistidas por uma equipe de profissionais da Estratégia de Saúde da
José Mauro Ceratti Lopes. Porto Alegre: Serviço de Saúde Comunitária Família. Rev Bras Med Fam Comunidade. Rio de Janeiro, v. 10, n. 37, p.
do Grupo Hospitalar Conceição, 2003. 1-11, 2015.
BRASIL, 2010. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. MENDES, L. V. P.; LUIZA, V. L.; CAMPOS, M. R. Uso racional de
Departamento de Atenção Básica. Diretrizes do NASF: Núcleo de medicamentos entre indivíduos com diabetes mellitus e hipertensão
Apoio a Saúde da Família. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção arterial no município do Rio de Janeiro, Brasil. Ciência & Saúde Coletiva,
à Saúde, Departamento de Atenção Básica. Brasília: Ministério da v. 19, n. 6, p. 1673-1684, 2014.
Saúde, 2010.
PINHEIRO, M. R. Serviços Farmacêuticos na Atenção Primária à Saúde.
BRASIL, 2011. Portaria n. 2488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política Rev Tempus Actas Saúde Coletiva, p. 15-22, 2010.
Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes
e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia QUINALHA, J. V.; CORRER, C. J. Instrumentos para avaliação da
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Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de farmacoterapia do idoso: uma revisão. Rev. Bras. Geriatr. Gerontol., v.
Saúde (PACS). Brasília: Ministério da Saúde, 2011. 13, n. 3, p. 487-489, 2010.
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Artigo 7
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
SOBRE O
Resumo: É notável a importância dos profissionais da saúde mental
se apropriarem das discussões a respeito da população LGBT, em
especial da transexualidade, pois a ela cabem demandas específicas
de saúde, bem como um maior uso e abuso de álcool e outras
drogas. Desta forma, propusemos um processo reflexivo na equipe
CUIDADO À
de um CAPSad III a respeito do atendimento a transexuais quando
tais pacientes necessitam de permanência noturna no serviço, onde
os leitos são separados pela binária masculino/feminino. Objetivamos
apresentar, por meio de narrativas, o que foi enunciado pela equipe.
POPULAÇÃO
Foram realizados grupos focais e sua análise foi feita pelo método
narrativo proposto por Onocko-Campos e Furtado.
Palavras-chave: Transexualidade. Saúde mental. Profissionais de
saúde. Álcool e outras drogas. Cuidado em saúde.
CAPS AD III
Abstract: It is remarkable the importance of mental health professionals
to appropriate the discussions about LGBT population, specially the
transsexual people, because of their specific health demands, and
the larger use of alcohol and other drugs. By this way, we purpose a
reflexive process with a team from one CAPSad III regarding the care
provided to transsexuals when such patients need night care in the
service, where the beds are separated by the male/female binary.
We aim to present, through narratives, what was stated by the team.
artigos
artigos
Focal groups were conducted and their analysis was made using the
narrative method proposed by Onocko-Campos e Furtado.
1 O trabalho de conclusão da residência, bem como os artigos que dele derivam, não
teriam a mesma implicação e qualidade se não tivessem sido acompanhados pela Psicóloga
Eliana Dable de Melo, trabalhadora do Grupo Hospitalar Conceição. Por isso, agradecemos
pelas suas discussões e contribuições valiosas durante o processo de pesquisa, análise e
escrita.
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Key words: Transsexuality. Mental health. Health professionals. Alcohol se dá/daria a atenção a uma paciente4 transexual com questões
and other drugs. Health care. de saúde mental, realizamos uma pesquisa sobre este tema em dois
serviços (CAPSad III e internação psiquiátrica em hospital geral),
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
316 LGBTs apontou que 70,9% dos indivíduos utilizavam álcool e que
e posteriormente transformadas em narrativas por meio da extração
os indivíduos que sofreram violência psicológica e verbal foram os
de seus núcleos argumentais, conforme o método proposto por
que mais consumiram algum tipo de droga. Entender as situações
Onocko-Campos e Furtado (2008). Os participantes encontraram-
de riscos e agravos aos quais o grupo LGBT está exposto contribui
para que suas reais necessidades possam aparecer e que se possa 4 Optamos por utilizar a terminologia “pacientes” em respeito ao modo de dizer da
equipe. De acordo com os profissionais, os pacientes preferem ser assim chamados, pois o
desenvolver ações preventivas aos problemas associados ao uso termo “usuários”, preconizado pelo SUS, é o mesmo utilizado pejorativamente quando se faz
do álcool e outras drogas, entre outros, a partir de uma perspectiva referência a “usuários de drogas”.
Pensando ser relevante levar a equipe à reflexão sobre como 6 A equipe da época contava com 33 profissionais, 1 estagiário de enfermagem e
10 residentes (6 da ênfase de saúde mental, 2 da saúde da família e comunidade e 2 da
psiquiatria).
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se em um segundo grupo focal para discutir e validar as narrativas entre as pessoas trans, sendo que apenas encontramos dados relativos
construídas, dando seguimento à proposta metodológica em questão, a internações hospitalares. Segundo Arán e Murta (2009), na maioria
participativa. Todos os participantes consentiram sua participação das internações médico-hospitalares, esses homens e mulheres ficam
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artigos
a possibilidade de deixar um quarto inteiro reservado para a paciente em geral nos espaços de discussão dos pacientes para estimular a
do caso hipotético, caso houvesse vagas, mas a maioria da equipe reflexão, diminuindo a incidência de preconceito e exclusão nos
entendeu que, se isso acontecesse, seria uma forma de segregação. espaços de convivência.
Deixar uma paciente sozinha, para eles, seria reconhecer que ela tem O preconceito, segundo a equipe, poderia gerar violência
uma diferença negativa e isso não seria terapêutico. A equipe ainda contra a paciente, o que é contraditório, já que ela está em um espaço
apontou em tom de brincadeira que, se o critério para um quarto de cuidado: “Reconhecemos que, daqui a pouco, o lugar que é pra
individual fosse ter alguma “diferença”, deveriam ser criados quartos ser protetivo e que deve zelar para que a pessoa diminua o uso de
para todas as possibilidades de diferenças entre os pacientes. drogas ou outro objetivo, faz com que a pessoa reviva situações de
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Ainda são poucas as pesquisas a respeito da utilização de leitos abuso aqui dentro” (extrato da narrativa).
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Segundo a pesquisa de Parente et al. (2015), os indivíduos que levando à ideia de que o/a transexual “é a pessoa que nasceu com
sofreram violência de ordem psicológica e verbal foram os que mais o corpo errado e assumiu o estereótipo daquele gênero com o qual
consumiram algum tipo de droga ao longo da vida, sendo o álcool se identifica, independente de ter realizado cirurgia ou não” (extrato
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artigos
entendimento de transexualidade que os participantes da pesquisa homossexual.
têm. Surgiram várias frentes pelas quais eles puderam pensar essa Ainda quanto ao biológico e corporal, a equipe tentou
condição, desde a necessidade ou não de cirurgia para legitimar a identificar a importância da cirurgia para a afirmação da identidade
transição de gênero, as visões biológica e cultural e o espectro da trans. Um membro da equipe entendia a cirurgia como essencial para
transexualidade. que não se visse a pessoa como um homem por baixo das roupas
Uma das definições que a equipe lançou mão para explicar femininas. Boa parte da equipe compartilhou de dúvidas semelhantes
a transexualidade foi a de ver a pessoa como alguém que não se quanto à cirurgia ser critério de diferenciação entre a transexualidade
identifica com o gênero designado no nascimento. Outra definição e o travestilidade, ou mesmo da masculinidade para a feminilidade.
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também foi a de alguém que não se identifica com o próprio corpo, É interessante notar que a própria equipe se corrigia quando, em
alguns momentos em que havia a troca de pronome “ela” por “ele”
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ao se referir ao caso, e quando alguém falava em ser “totalmente” ou horário e em salas muito próximas, o que possibilitava brincadeiras
“praticamente” mulher, no intuito de afirmar que são mulheres a partir que simula a entrada dos pacientes no outro grupo, em ambos os
do momento em que se consideram como tais. casos. Essa consideração sobre o desejo da paciente fez com que a
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artigos
equipe identificou inicialmente duas atividades grupais e, por isso, as mesmas não podem ser usadas como instrumento de
semanais oferecidas pelo serviço que serviram como norte
para as discussões e questionamentos sobre a questão LGBT reprodução da desigualdade e da discriminação, como bem aponta
no serviço: o Grupo de Homens e o Grupo de Mulheres. a equipe.
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equipe como de aspecto masculinizado que ficou em um quarto gênero e sexualidade para discussão nas equipes de saúde mental,
feminino na permanência noturna. Ter ficado neste leito e quarto com intuito de fortalecer discursos que possibilitem um cuidado de
causou um constrangimento inicial nas outras pacientes, mas a saúde integral e sem exposição a sofrimento e vulnerabilidade por
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artigos
sofreu em serviços de atenção à saúde e que, para se proteger de recordar-se de momentos que não dizem respeito à transexualidade
uma possível repetição, se manifesta escondendo ou alterando essa em si, mas a sexualidades não normativas, como a homossexualidade,
identidade. Podemos nomear isso como preconceito antecipado, por exemplo. Um membro da equipe contou uma experiência pessoal
experiências anteriores ruins que barram o/a paciente de mostrar- de uma amiga que tinha atração apenas por uma mulher específica
se como é antes mesmo de tentar. Assim como dito anteriormente e não por outras mulheres, e isso o fez questionar a respeito da
com Duarte (2011), sobre os serviços de saúde não tratarem apenas homossexualidade enquanto vivência única para cada pessoa.
da saúde sexual das pessoas LGBT, pontuamos que uma abordagem Nesse sentido, outro membro da equipe relatou que uma
restrita ao problema com álcool e outras drogas, deixando de colega de outro trabalho foi casada com um homem e teve um
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trabalhar a questão da saúde sexual e de gênero, pode não ser filho com ele. Quando do falecimento deste marido, ela conheceu
tão efetiva. Por isso, reiteramos a necessidade de trazer os temas de
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uma mulher que a apoiou, deu carinho e elas acabaram por ter a revisão dos currículos da graduação da área da saúde a fim de
um relacionamento e casar. Segundo essa pessoa, a amiga não capacitar a abordagem e tratamento das questões vinculadas à
era lésbica anteriormente a essa experiência, validando a ideia de
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artigos
desconhecimento de leis e portarias que tratem da população sociais feitas para acabar com a felicidade das pessoas”. Esse
trans. Para Cardoso e Ferro (2012) o desconhecimento das leis reflete participante se referia ao preconceito que existe e que se inscreve na
também o desconhecimento das redes de apoio e das políticas constituição do indivíduo, o qual internaliza isso e acaba por se privar
públicas e configura uma barreira para o atendimento e cuidado de experiências que fujam do esperado socialmente. Privar-se de
integral da pessoa pelos serviços. Aproximar-se destas legislações experiências em função do preconceito, também pode caracterizar
qualificaria, portanto, os serviços prestados nas mais diversas áreas. a existência de um preconceito antecipado arraigado na nossa vida
É nesse sentido que Muller e Knauth (2008) ressaltam a social.
importância de ampliar o debate sobre gênero e diversidade sexual Duarte (2011) nos conta que a cultura midiática hegemônica
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entre os profissionais de saúde, pois dessa forma se estaria qualificando contribui para a solidificação de modelos e conceitos sexistas,
o atendimento a essa população. Os autores também propõem
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artigos
que consideramos importantes referir. Uma das dúvidas levantadas por sua questão sexual, ela também pode ser atendida apenas pela
pela equipe foi sobre a seriedade do projeto de lei conhecido sua demanda de saúde mental. Queremos salientar aqui que o ideal
popularmente como “cura gay”. Alguns membros da equipe é que tudo seja trabalhado conjuntamente, tanto com a pessoa
chamaram esse projeto de ridículo, sem fundamento, enquanto outros quanto com a equipe, com os outros pacientes e extra-muros, para
achavam se tratar de uma brincadeira e não um projeto real. que as realidades mudem e as vulnerabilidades diminuam.
Também foi disparada uma dúvida sobre as diferenças entre os Como bem apontou a equipe do CAPSad III, é necessário
termos utilizados para falar da população LGBT, como por exemplo, envolver todos os presentes na cena da ocupação de leitos para
lésbica e “machorra” ou “sapatona”, bissexual e “gilete”. Alguns evitar repetição de situações de violência e para que se possa ser
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membros da equipe explicaram que os termos lésbica e bissexual são efetivo no atendimento das demandas. Faz-se relevante, portanto,
“politicamente corretos” e os outros são considerados pejorativos e ouvir e considerar o desejo dos usuários nos processos decisórios do
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serviço. Isso reforça os princípios da saúde mental que se pautam na v.6, nº2, p.1-14, 2008.
crescente autonomia e protagonismo do usuário. PARENTE, Jeanderson Soares, et al. Álcool, drogas e violência:
Há muito o que refletir e fazer para mudar essa realidade e implicacões para a saúde de minorias sexuais. Reprodução e
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
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artigos
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Artigo 8
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DOCÊNCIA
Jeane Felix, Universidade Federal da Paraíba, João Pessoa/PB.4
NA SAÚDE:
potente, destacam-se as atividades vivenciadas no âmbito do Núcleo
de Educação, Avaliação e Produção Pedagógica em Saúde da
Universidade Federal do Rio Grande do Sul (EducaSaúde/UFRGS), em
parceria com o Ministério da Saúde onde foram realizadas atividades
PROMOVENDO
de formação, por meio de ações da Educação à Distância (EAD). A
proposta foi organizar e executar processos educativos de profissionais
de diversas áreas para atuação no Sistema Único de Saúde (SUS). As
atividades propostas pelo Núcleo do Educa Saúde foram realizadas
com a participação de coordenadores(as), tutores(as) e cursistas.
COLETIVOS
Cada um(a), no e pelo seu trabalho, assumiu o compromisso de
modificar as práticas dos ambientes nos quais desempenham seus
saberes e fazeres profissionais. Neste texto, tomamos como campo de
experiências o Curso de Especialização Docência na Saúde.
ORGANIZADOS
Palavras-chave: Ensino. Saúde. Sistema Único de Saúde. Educação
Superior.
artigos
artigos
1 Graduada em Enfermagem (1999), mestre em Enfermagem pela UFRGS (2002), especialista
em Saúde Pública (2006) e Docência na Saúde pelo EducaSaúde UFRGS (2015). Atua como
enfermeira no Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição e orientadora
da Residência Integrada em Saúde.
4 Graduada em Pedagogia (2002), mestre em Educação pela UFPB (2005) e doutora (2012)
e pós-doutora (2015) em Educação pela UFRGS. Professora do Centro de Educação da
Universidade Federal da Paraíba.
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TEACHING IN HEALTH: PROMOTING ORGANIZED qualidade de vida, não agindo de maneira autônoma e automática,
COLLECTIVES mas pensando sobre cada um de seus fazeres para torná-los
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artigos
pessoal e de prazer, seja pela produção de seu próprio sustento ou pelo Núcleo do Educa Saúde foram realizadas com a participação de
vendendo sua força de trabalho. coordenadores(as), tutores(as) e cursistas e cada um(a), no e pelo
Desse modo, vemos que, ao longo do tempo, homens e seu trabalho, assumiu o compromisso de modificar as práticas dos
mulheres se organizaram para que sua força de trabalho coletiva ambientes nos quais desempenham seus saberes e fazeres profissionais.
pudesse ajudá-los a realizar suas tarefas em menor tempo e com Assim, cada participante frente a sua prática profissional específica
maior qualidade. estava comprometido com os interesses, necessidade e saberes
Assim, a formação de coletivos organizados não é uma ideia que se construíam no grupo. Neste texto, tomamos como campo de
nova, o que entendemos como novo é a formação de coletivos que experiências o Curso de Especialização Docência na Saúde, sobre o
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busquem nos diferentes “fazeres”, em seu cotidiano de trabalho, qual falaremos adiante.
novas tecnologias que possam melhorar este, de forma a ampliar a Dessa maneira, a partir da reflexão sobre coletivos,
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objetivamos refletir sobre nossas experiências como formadores(as), seus respectivos(as) orientadores(as) de aprendizagem, responsáveis
tutores (as) e orientadora de aprendizagem, em um curso voltado à por apoiar o trabalho dos(as) docentes-tutores(as) de cada região.
formação de docentes, para a área de saúde, de todas as regiões do Assim, este texto surgiu na tentativa de contar uma parte da
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artigos
IES. Esses(as) docentes integrariam o coletivo na condição de cursistas portanto, ser protagonista, e o coletivo sul definiu por protagonismo
(UFRGS/MS, 2015a). a ideia de tomar a frente, trazer ao debate, fazer perguntas, mas
Nessa proposta, docentes-cursistas de cada instituição deveriam também ajudar a construir as respostas, assumir compromissos e
atuar, conjuntamente, em coletivos de três participantes para cada responsabilidades frente a nós mesmos e aos outros, trabalhando em
projeto. O trabalho seria desenvolvido por esse conjunto de docentes, prol de algo que nos instigava e complementava como profissionais e
o que por si só já estimulou a formação de vários pequenos coletivos pessoas.
que, ao longo dos dezoito meses de duração do curso, construíram e Na perspectiva do exercício do protagonismo, o curso partiu,
implementaram um projeto de intervenção no seu espaço de trabalho então, da compreensão de uma docência que se afirma “por sua ética
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e ensino. A formação dos(as) docentes-cursistas, ao longo do percurso, e política. Ética da afirmação da vida, política das aprendizagens.
deu-se pelo acompanhamento direto de docentes-tutores(as) e de Por isso, não é uma didática dos métodos, das escolas de métodos”
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(UFRGS/MS, 2015a, p.15). Nessa concepção, o(a) docente envolvido(a) não foram esquecidas ou deixadas à margem das outras práticas,
- fosse ele (a) cursista, tutor(a) ou orientador(a) de aprendizagem -, uma vez que reconhecer, nos atravessamentos de saberes e fazeres,
“transmite a si mesmo como aprendente, não informações; constrói
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artigos
imobilizar o nosso potencial criativo, que visualiza, propõe e opera que contemplassem diferentes saberes e sujeitos eos apoiasse na
mudanças por meio do protagonismo dos envolvidos, tanto nas construção de redes que incluíssem e valorizassem a sua dimensão e
universidades como nas unidades de saúde, assim como os usuários(as) toda subjetividade:
para ocupar o lugar ativo da Educação Permanente em
envolvidos(as), que são partes fundamentais dessa teia do processo Saúde precisamos abandonar (desaprender) o sujeito
de ensino-aprendizagem. que somos, por isso mais que sermos sujeitos (assujeitados
pelos modelos hegemônicos e/ou pelos papéis instituídos)
precisamos ser produção de subjetividade: todo o tempo
Das bases teórico-metodológicas que sustentaram nossas abrindo fronteiras, desterritorializando grades (gradis) de
comportamento ou de gestão do processo de trabalho.
experiências no Docência na Saúde Precisamos, portanto, também trabalhar no deslocamento
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Para além dos conceitos teóricos, práticas docentes diversas dos padrões de subjetividade hegemônicos: deixar de ser
os sujeitos que vimos sendo, por exemplo, que se encaixam
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em modelos prévios de ser profissional, de ser estudante, de cuidado em saúde. Corroborando essa ideia, Tauchen e Borges (2013)
ser paciente (confortáveis nas cenas clássicas e duras da
clínica tradicional, mecanicista, biologista, procedimento- afirmam que:
centrada e medicalizadora. (CECCIM, 2005, p 7). professores inovadores buscam romper, ao longo de seus
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artigos
forma organizada e integrada. Na formação de profissionais, é preciso
se construíram em decorrência das propostas do curso tanto nos
que estejamos atentos(as) às necessidades dos(as) acadêmicos(as)
espaços de reflexão teórica como na prática cotidiana. Ressalta-
como profissionais em formação inicial que são. Deve-se oportunizar
se que utilizamos o conceito de rizomas de acordo com Deleuze e
o desenvolvimento de atividades que possam preparará-los para
Guatarri (1995), já o protagonismo foi discutido com e entre os(as)
compreender as demandas dos(as) usuários(as) que atenderão, para
trabalhadores(as) do SUS, fomentando a prática reflexiva e propositiva
cuidar de cada usuário(a) em suas singularidades e particularidades,
na construção, desconstrução e ou transformação dos(as) profissionais.
para escutá-los(as) e para respeitar suas escolhas de vida e de
As atividades aconteceram com a utilização de metodologias ativas
saúde. Para isso, acreditamos que é fundamental formar profissionais
onde se oportunizou a transformação das práticas tradicionais de
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participativa, dialógica e centrada nos processos de trabalho. subjetividades e de individualidades em um modo de se potencializar
O trabalho aconteceu sob forma de seminários de núcleo e de as nossas aprendizagens na docência. Nesse sentido, muitos foram os
campo, por meio de discussões, que fizeram emergir o processo de
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artigos
Considerações Finais
profissionais de saúde de uma unidade básica, proposto como um
A proposta do Curso Docência na Saúde enquanto uma
espaço de trocas de vivências coletivas e individuais, experiências
formação continuada de profissionais para trabalho no SUS, por
culturais e de afeto que movimentaram a reconstrução de saberes
meio de EAD, apresentou limitações e potências. Entre as limitações,
no processo de ensino-aprendizagem, ferramenta que foi estimulada
destacamos nossa própria inexperiência com atividades EAD. No
também no Curso de Docência. De forma geral, todas as propostas
entanto, este coletivo destaca a oportunidade como uma aventura,
do uso de tecnologias avançaram tanto de forma conceitual como
não por inconsistência ou insegurança na proposta, mas por instigar-
prática no nosso cotidiano de trabalho
nos a caminhar por espaços nunca antes transitados. Nestes, em muitos
Cabe destacar também que ainda na elaboração e
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Já entre as potências, destacamos os novos aprendizados de janeiro: Ed. 34, 1995. 94 p. (Coleção TRANS).
e, frente a eles, instaurou, ampliou e potencializou-se nosso novo DELEUZE, Gilles. Diferença e repetição; tradução Luiz Orlandi, Roberto
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AUSUBEL, David Paul; NOVAK, Joseph Donald; HANESIAN, Helen. UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO SUL; MINISTÉRIO DA
Psicologia educacional. (trad. de Eva Nick et al.) Rio de Janeiro: SAÚDE. Docência na Saúde: uma proposta didático-pedagógica Eixo
Interamericana, 1980. 625 p. 4 [documento eletrônico]. Universidade Federal do Rio Grande do Sul,
Núcleo de Educação, Avaliação e Produção Pedagógica em Saúde
BARROS, Maria Elisabeth Barros de. Desafios ético-políticos para (Educa Saúde), Ministério da Saúde. Brasília, DF: UFRGS/MS, 2015b.
a formação dos profissionais de saúde: transdisciplinaridade e
integralidade. In: PINHEIRO, R.; CECCIM, R.B.; MATTOS, R. (Orgs.).
Ensinar saúde: a integralidade e o SUS nos cursos de graduação na
área da saúde. Rio de Janeiro: IMS/UERJ, Cepesq, Abrasco, 2005.
artigos
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p.131-52
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Artigo 9
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
A
como este se constitui no trabalho desenvolvido por uma Unidade
de Saúde na perspectiva de seus trabalhadores e usuários, realizou-
se a coleta dos dados por meio de grupo focal, entrevistas e análise
de prontuários. Identificou-se que a longitudinalidade se caracteriza
por elementos como a afetividade e a disponibilidade. O tempo de
LONGITUDINALIDADE
vinculação do usuário com a Unidade de Saúde, a resolutividade
e a postura acolhedora da equipe foram apontados como fatores
que favorecem a longitudinalidade. Também se evidenciou que a
vinculação longitudinal não ocorre de forma homogênea entre os
NA ATENÇÃO
membros da família que são acompanhados pela Unidade de Saúde.
Palavras-chave: Longitudinalidade. Atenção Primária em Saúde.
Saúde da Família e Comunidade.
artigos
pointed as factors that favor longitudinality. It was also evidenced that
the longitudinal attachment does not occur homogeneously among
family members who are followed up by the Health Unit.
Keywords: Longitudinality. Primary Health Care. Family and
Community Health.
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Introdução direitos sociais. Esse direcionamento foi freado pela guinada neoliberal
O presente artigo é fruto da pesquisa realizada no Trabalho de que se instaurava no Brasil na mesma época, caracterizada pela
Conclusão da Residência Integrada em Saúde – TCR/RIS – na ênfase contrarreforma do Estado – reformas orientadas para o mercado –
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artigos
APS é a “porta de entrada, considerada como acessibilidade
8.080/90), que reivindicou a criação do Sistema Único de Saúde e primeiro contato no sistema de serviços de saúde e o lócus de
(SUS). Nesse contexto, a saúde passa a ser um direito universal da responsabilidade pela atenção aos pacientes e população no
população brasileira garantida pelo Estado através de políticas decorrer do tempo” (STARFIELD, 2002, p. 9). De acordo com Starfield
sociais e econômicas (BRASIL, 1988). Outra mudança essencial foi (2002), a APS se difere dos outros níveis assistenciais por apresentar
a concepção de saúde ampliada como bem-estar físico, mental e quatro atributos: atenção ao primeiro contato, longitudinalidade,
social (BRASIL, 1990). integralidade e coordenação. Desses atributos, a longitudinalidade
Dessa maneira, a Constituição de 1988 vislumbrou um horizonte tem sido considerada característica central e exclusiva da APS.
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de proteção social – tardiamente comparado a outros países - na Cunha (2009) faz uma revisão de literatura sobre longitudinalidade
direção da reforma democrática do Estado e da promulgação dos e constata que o referencial brasileiro não utiliza este termo, substitui por
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outros conceitos como vínculo, continuidade e vínculo longitudinal, o descritivos, narrativos e subjetivos, fornecidos pelos sujeitos que
que dificulta a análise em função da variação de nomenclaturas e, por vivenciaram uma experiência, delimitada por um tempo, espaço
vezes, de significados. Desta forma, o autor define longitudinalidade e contexto social. Segundo Minayo (2000), este tipo de estudo se
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artigos
se realizou um grupo focal com objetivo de coletar, a partir do diálogo
Adotando-se este referencial teórico, o presente estudo tem e do debate, informações acerca de um tema específico (CRUZ NETO
como objetivo, analisar como se constitui o atributo da longitudinalidade et al., 2002). Foram convidados para o grupo focal, 09 trabalhadores
no trabalho desenvolvido na Unidade de Saúde Santíssima Trindade, da US, sendo que 08 deles participaram. O grupo teve duração de
na perspectiva de seus trabalhadores e usuários. 120 minutos e o tema central foi a longitudinalidade e, como eixos
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norteadores, os elementos: fonte regular de cuidados de atenção no questionário com perguntas abertas, utilizado por Cunha (2009).
primária; estabelecimento de vínculo duradouro e; continuidade
Os dados obtidos foram tratados a partir de análise de conteúdo,
informacional, conforme roteiro previamente construído4. Os critérios
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artigos
principal objeto da prática é a produção do cuidado e não a cura ou
Para obter informações do ponto de vista dos usuários que
a promoção da saúde.
acessam os serviços da US, 03 usuários foram convidados para
participar de entrevista. Esses foram indicados pelos mesmos Os trabalhadores da US que participaram das pesquisa
trabalhadores citados anteriormente e selecionados de acordo com consideram que a equipe de saúde exerce o cuidado em saúde de
o mesmo critério de tempo de vinculação de seleção dos prontuários. forma disponível e acolhedora frente às demandas de saúde dos
Destes, 02 participaram das entrevistas semi-estruturadas, baseadas usuários. Para eles, um fato que ilustra essa postura foi a ocasião em
que se disponibilizaram a prestar assistência em dois territórios, quando
foi iniciado o processo de remoção da comunidade. Aponta-se que
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4 Roteiro construído a partir dos estudos de Almeida e Macinko, que testaram a versão
brasileira do PCA-tools (instrumento de avaliação da APS formulado pela Universidade Johns esta história comum entre comunidade e US - a remoção - se traduz
Hopkins) e a partir da adaptação de Elenice Machado da Cunha (2009) que pesquisou sobre
Vínculo Longitudinal na Atenção Primária em sua tese de doutorado. em falas de afetividade e empatia bastante evidentes nos relatos do
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trabalhadores identificaram que os usuários acessam outros cuidados
A análise de prontuários também reforça: grande parte (80%) dos
externos à US, no entanto, essas outras opções se dão de forma conjunta
prontuários mostraram que os usuários utilizaram os serviços da US no
ou complementar com o cuidado oferecido pela US, constatação
último ano. Cunha (2009) destaca que esses elementos são essenciais
essa que se confirma através da fala dos usuários entrevistados. Os
para que a US seja reconhecida com fonte regular de cuidado.
trabalhadores relataram inclusive que esses atendimentos externos
Acerca dessa questão, os trabalhadores trouxeram um a US (foram citados benzeduras, chás, atendimento farmacêutico,
contraponto bastante relevante entre “o que se oferece” e “como atendimento em clínicas populares ou pronto atendimento) são
se oferece”. Mesmo considerando que há oferta de acesso, informados aos profissionais de referência da US, de forma que estes
eles expressaram a preocupação acerca da resolutividade do
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dos achados de uma pesquisa de tema semelhante desta, realizada atendidos pela US, tendem a realizar acompanhamento de saúde com
em 2011, na mesma US, a qual apresentou que a procura dos serviços referências (profissionais de saúde) mais definidas. Já, os pacientes
de emergências hospitalares pelos usuários era bastante frequente. mais novos (tempo de vinculação) tendem a optar pelo profissional
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artigos
dentre eles principalmente do interesse e preferência do usuário, da
essencialmente, o profissional médico. Entende-se que este dado não
disponibilidade do profissional de saúde e da viabilidade de um sistema
dialoga com a perspectiva de ampliação da dimensão cuidadora
de agenda que possibilite a marcação de retornos e continuidades
da equipe, e isto pode reduzir a integralidade da atenção. Merhy
de atendimentos.
(2000) reforça que todo profissional de saúde é sempre um operador
Um dado bastante relevante, que indica a relação entre o do cuidado, independente de seu núcleo profissional, e este, uma vez
vínculo e a relação ao longo do tempo, é a percepção de alguns sendo o profissional de referência atua como um operador do cuidado
trabalhadores de que usuários mais antigos, isto é, há mais tempo e um articulador com os demais núcleos de saberes profissionais.
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que há situações distintas onde o vínculo com um profissional de vinculação com um profissional é o conhecer, os usuários relataram
referência, não necessariamente o profissional médico, pode produzir confiança e satisfação com o fato do seu profissional de referência
uma relação terapêutica bastante resolutiva para as demandas do lhe conhecer bem, saber seu histórico de saúde, seu contexto de vida
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artigos
da resolutividade e do acolhimento, são indissociáveis nas práticas e a assistência a ele prestada, de caráter legal, sigiloso e científico”
em saúde. De acordo com Assis et al. (2010) o acolhimento adota a (VASCONCELLOS et al., p. 173, 2008). Os prontuários da US pesquisada
“escuta, a identificação de problemas e intervenções resolutivas para são constituídos de pastas de papéis, onde o registro é realizado por
enfrentamento e resolução de problemas” (ASSIS et al., 2010, p. 23). escrita à mão e contém informações de todos os membros da família
que residem na mesma casa.
Os dados que representam a opinião dos usuários concordam
com este último grupo de trabalhadores. Quando questionados sobre De acordo com as contribuições dos trabalhadores da equipe,
os motivos de vinculação, também foram citados elementos como um registro realizado com qualidade nos prontuários dá subsídios e
disponibilidade, interesse e dedicação. No entanto, a característica pode garantir a continuidade do atendimento ou acompanhamento
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mais citada nas falas dos usuários que repercute diretamente na dos usuários pelo mesmo ou por outros profissionais, favorecendo o
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vínculo deste usuário com a equipe de saúde. Entretanto, consideram estão registradas nos documentos.
que tais informações não dão conta do “conhecer” o usuário.
Este dado pode indicar algumas características acerca dos
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artigos
por exemplo, os diagnósticos, houve consenso de que é importante com uma equipe de saúde ou com um profissional de referência é
registrar no prontuário. algo avaliado de acordo com a especificidade de cada situação,
das necessidades de saúde do mesmo e de qual modalidade de
Considerando os dados levantados nos prontuários, observa-
acompanhamento lhe trará mais benefícios.
se que os registros, em sua maioria, apresentam informações do
universo biológico e se restringem às consultas no consultório. Ou Ao debruçar-se sobre a longitudinalidade nesses processos de
seja, informações ampliadas do contexto dos usuários (aspectos trabalho, foram observadas algumas necessidades que merecem
sociais, econômicos, psicológicos, familiares, etc), bem como outras novos estudos e análises, tais como: a comunicação entre US e
atividades de promoção e prevenção da saúde ou outras formas comunidade no que se refere à corresponsabilidade do cuidado;
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de atendimento (visitas domiciliares, participação em grupos de a medição da resolutividade do cuidado em saúde oferecido pela
educação em saúde, participação no conselho local de saúde) não US; e o fortalecimento do espaço do controle social e do trabalho
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intersetorial frente as demandas da comunidade. ________. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde.
Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS:
Para finalizar destacam-se dois achados que podem interferir Documento base para gestores e trabalhadores do SUS. 4. ed. Brasília:
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artigos
BRASIL. Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011. Aprova a Política - 254.
Nacional de Atenção Básica, estabelecendo a revisão de diretrizes
GIL, Carmem Zeli de Vargas. Da Vila Dique ao Porto Novo. Extensão
e normas para a organização da Atenção Básica, para a Estratégia
popular, rodas memórias e remoções urbanas. São Leopoldo: Oikos,
Saúde da Família (ESF) e o Programa de Agentes Comunitários de
2013.
Saúde (PACS).
MINAYO, Maria Cecília de Souza. O desafio do conhecimento –
________. Constituição da República Federativa do Brasil: Promulgada
pesquisa qualitativa em saúde. 7ª edição. São Paulo: Hicitec/Abrasco,
em 5 de outubro de 1988. Brasília, DF: Senado Federal, 1988.
2000.
________. Lei nº 8.080, de 19 de setembro de 1990. Dispõe sobre as
MERHY, Emerson Elias. Em busca da qualidade dos serviços de saúde:
condições de promoção e recuperação da saúde, a organização e o
os serviços de porta aberta para a saúde e o modelo tecno-assistencial
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artigos
STARFIELD, Bárbara. Atenção Primária, equilíbrio entre necessidades
de saúde, serviços e tecnologia. Brasília: UNESCO, Ministério da Saúde,
2002.
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Ilara Hammerli Sozzi de. Registros em saúde: avaliação da qualidade
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0102-311X.
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artigos
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Artigo 10
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
O PAPEL DO
RESUMO: O perfil do enfermeiro em Saúde Mental (SM) permeia fatores
históricos, socioeconômicos e culturais. A SM surgiu no Brasil no séc.
XIX e têm como marcos a Lei n°10.216/01 e a criação dos dispositivos
substitutivos. Este estudo analisa os conteúdos em artigos científicos
ENFERMEIRO DA
quanto ao papel do enfermeiro da SM na atenção especializada
(2001-2017). Com a análise de conteúdo emergiram 4 categorias
da Enfermagem: nos seus fazeres, Socializadora, Educadora e
Afetuosa. Os enfermeiros buscam reconhecimento efetivo e cabe
SAÚDE MENTAL
a eles desmistificarem sua prática e divulgarem seu trabalho, tanto
no ambiente de trabalho quanto na academia, salientando sua
competência, conhecimento, compromisso profissional, alicerçados à
prática da enfermagem, visando transformar e conquistar seu espaço.
Palavras-chave: Enfermagem Psiquiátrica. Saúde Mental. Cuidados
NA ATENÇÃO
de enfermagem.
ESPECIALIZADA:
THE ROLE OF THE MENTAL HEALTH NURSE IN SPECIALIZED
ATTENTION: A REVIEW (2001-2017)
ABSTRACT: The Mental Health (MH) nurse profile permeates historical,
UMA REVISÃO
socioeconomic and cultural factors. The SM appeared in Brazil in the
19th century having as landmarks Law No. 10,216/01 and the creation of
substitute devices. This study analyzes the contents of scientific articles
regarding the role of the nurse of MS in specialized care (2001-2017).
(2001-20017)
artigos
artigos
With the analysis of content emerged 4 categories of Nursing: in their
actions, Socializing, Educating and Affective. Nurses pursue effective
recognition and it is up to them to demystify their practice and
publicize their work, both in the work environment and in the academy,
emphasizing their competence, knowledge, professional commitment,
based on the practice of nursing, wishing to transform and conquer
their space.
Keyworks: Psychiatric Nursing. Mental Health. Nursing Care.
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artigos
Segundo Foucault (1978) o feito de Pinel teve repercussão e Janeiro, por meio do Decreto n°791 de 27 de setembro de 1890. Era
influência em outros países. Em 1792 William Tuke criou o primeiro administrada academicamente por médicos psiquiatras e buscava a
asilo humanizado, na cidade de York - Inglaterra. No século XVIII, obtenção de mão de obra (MACHADO et. al., 1978).
era do Iluminismo, William Cullen, psiquiatra de Edimburgo - Escócia, A década de 1970 foi o berço da Reforma Psiquiátrica Brasileira,
estabeleceu a primeira categorização das doenças psíquicas. E no que teve como precursores a reforma sanitária e o movimento
mesmo período a filosofia denominada Trancendental criada pelo antimanicomial, trazendo à tona a situação precária e não efetiva
alemão Immanuel Kant emergia no cenário da saúde mental, onde dos manicômios e asilos (LUZ, 1994). A reforma psiquiátrica no Brasil vai
se defendia que todos trazem formas e conceitos prévios que devem além de apenas desinstitucionalizar os pacientes de asilos e hospitais
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ser considerados no tratamento da loucura. públicos e conveniados (por suas condições precárias e animalização
Com a consolidação do capitalismo, após a Revolução de seus internos), mas também uma transformação dos modelos
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assistenciais, dos paradigmas e das ações corporativas centradas no profundamente a prática do enfermeiro na saúde mental especializada
manicômio e suas práticas (FURTADO; CAMPOS, 2005). este estudo busca analisar os conteúdos vinculados a artigos científicos
Este modelo asilar e manicomial perdurou durante anos no quanto ao tema do papel do enfermeiro na saúde mental na atenção
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
outras drogas) e As Estratégias de Desinstitucionalização (Serviços total de 11 estudos que preenchem os requisitos estipulados para essa
Residenciais Terapêuticos) (BRASIL, 2011). pesquisa.
Tais dispositivos utilizam-se das chamadas tecnologias leves que A síntese dos dados foi realizada através da técnica de análise
devem estar presente no fazer deste novo modelo de assistência. As de conteúdo (MORAES, 1999). Esta técnica inicia com o processo de
tecnologias leves exigem do profissional a escuta, o acolhimento ao preparação, visando identificar as diferentes amostras de informação
paciente no sentido amplo da palavra, o vínculo, a responsabilização, a serem analisadas e iniciar o processo de codificação de materiais.
e habilidades para lidar com os altos graus de incerteza intrínseca Em seguida iniciou-se o processo de unitarização, que consiste em
desse trabalho (MERHY, 2002). revisitar os materiais e realizar uma classificação denominada “unidade
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categorização, sendo criado um agrupamento de dados classificados conformação de um padrão de práticas com a produção de valores,
por semelhança ou analogia, que devem manter os seguintes critérios: demarcando a identidade de uma área de saber e de sua prática
serem válidas, pertinentes ou adequadas, obedecer à exaustividade profissional. O campo consiste num espaço de limites imprecisos
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artigos
que há uma preocupação com a qualidade do serviço prestado, SADÍGURSKI, 2002). Cabe ao enfermeiro, ainda, atentar para sinais
a educação e aperfeiçoamento da equipe de enfermagem, bem e sintomas que os pacientes possam apresentar (LOBO; MATTIOLLI;
como o treinamento interno para questões específicas do núcleo SANTOS, 2008; SADÍGURSKI, 2002), atividades burocráticas (OLIVEIRA;
(ABIRACHED, 2017; LIMA et. al., 2010; DIAS; ARANHA E SILVA, 2010; ALESSI, 2003; SADÍGURSKI, 2002) e atuar em situações de crise
SILVA et. al., 2009; LOBO; MATTIOLLI; SANTOS, 2008; SILVEIRA; ALVES, (SADÍGURSKI, 2002).
2003; SADÍGURSKI, 2002). A Enfermagem em seus fazeres aparece como sendo um
Campos (2000) trás que a institucionalização de saberes e sua norteador e não definidor de papéis ou limitador de tarefas. Reconhece
organização em práticas ocorrem pela conformação de núcleos e que possuem atividades restritas aos enfermeiros, técnicos e auxiliares
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de campos. O núcleo nada mais é do que os conhecimentos e a e consegue desempenhar com maestria tais demandas.
Faz-se importante salientar que somente a técnica dos fazeres não
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é suficiente para que o enfermeiro tenha suas funções contempladas, diversos. Desta forma, podem-se criar condições de possibilidades
é importante o conhecimento científico específico e a ética profissional para que o enfermeiro tenha subsídios necessários para um trabalho
para um desempenho de suas atribuições (JESUS et. al., 2010; AVILA mais qualificado e universal.
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artigos
Segundo França (2008) é possível e fundamental a tomar, sinais e sintomas, efeitos adversos (ABIRACHED, 2017; DIAS;
instrumentalização do antigo doente mental para a cidadania, ARANHA E SILVA, 2010; SILVA et. al., 2009).
buscando um engajamento em árduo e criativo trabalho de A educação aparece como instrumento facilitador, sendo
construção de projetos terapêuticos voltados para a inclusão social. uma forma de cuidar na enfermagem e transcender os preceitos
De acordo com mesmo autor é possível uma terapêutica além- básicos do cuidado, o que potencializa a capacidade de cuidar do
muros, com vistas a participações em eventos públicos, passeios, enfermeiro, promove a intervenção de forma construtiva nas relações
grupos de discussão, atividades recreativas, visitas domiciliares entre desenvolvidas entre os sujeitos (FERRAZ et. al., 2005).
outras, fazendo com que o trabalho profissional, o projeto terapêutico Tais práticas educativas devem permitir aos pacientes a
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singular e a pluralidade de saberes possam transitar por campos oportunidade de conhecer e reconhecer a obtenção de destreza
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para a tomada de decisões, buscando uma melhor qualidade de lugar do enfermeiro nas equipes multiprofissionais da Rede de Atenção
vida (FIGUEIREDO, RODRIGUES-NETO, LEITE, 2010). Psicossocial.
Enfermagem Educadora talvez seja a categoria mais ampla da A enfermagem muitas vezes se vê diante de um dilema, sem a
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
campo das práticas em saúde mental. A Enfermagem Afetuosa não clínico, corroborando para intensificar a indefinição da importância
busca substituir outras relações (familiares), mas servir de ponte, criando do fazer do enfermeiro para a equipe de saúde, os pacientes e a
vínculos e buscando uma maior adesão do paciente ao tratamento sociedade de um modo geral.
de maneira humaniza. Para Silveira (2012), a satisfação no trabalho provoca melhoras
significativas na assistência direta ao paciente, provocando assim
Conclusão uma maior qualidade no serviço prestado.
O campo da saúde mental trouxe importantes desafios à As competências do enfermeiro em saúde mental sofreram
enfermagem. Distanciar-se de procedimentos mais regrados, alterações ao longo dos anos, passando de observação e aplicação
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protocolos e normas operacionais pré-estabelecidas trouxe a da terapêutica médica para atividades administrativas, que segundo
necessidade de revisão de práticas e, de certa forma, de reconstruir o
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Reinaldo e Pillon (2007) o distanciou de seu objeto de trabalho. Por meio deste estudo foi possível identificar algumas propostas
Os enfermeiros acabam ficando mais vinculados a questões de para que o enfermeiro possa efetivamente assumir seu papel na
organização do serviço, ou até mesmo burocráticos, assistentes atenção à saúde mental. A relevância deste estudo se deve a
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
BERTONCELO, N. M. F.; FRANCO, F. C. P. Estudo bibliográfico de
trajetória histórica, ainda é preciso à conquista de seu papel tanto publicações sobre a atividade administrativa da enfermagem em
pela equipe multiprofissional, quanto pela sociedade. Identifica-se um saúde mental. Revista Latino-Americana de Enfermagem, Ribeirão
engajamento advindo dos enfermeiros em saúde mental, mas ainda Preto, v. 9, n.5, p.83-90, 2001.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n. 3.088, de 23 de dezembro
há o que galgar em busca de um reconhecimento efetivo. Cabendo de 2011. Institui a Rede de Atenção Psicossocial para pessoas com
aos próprios enfermeiros desmistificarem o seu fazer e divulgarem sofrimento ou transtorno mental e com necessidades decorrentes do
o seu trabalho, tanto no ambiente de trabalho quanto no ramo uso de crack, álcool e outras drogas, no âmbito do Sistema Único de
Saúde (SUS). Diário Oficial da União, Brasília, 23 de dezembro de 2011.
acadêmico, salientando assim sua competência, conhecimento,
BRASIL. Ministério de Educação e Cultura. Lei n. 9.394, de 20 de
compromisso profissional, alicerçados à prática da enfermagem, dezembro de 1996. Estabelece as Diretrizes e Bases da Educação
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poderão transformar e conquistar seu espaço junto a equipe de saúde Nacional. Brasília, 20 de dezembro de 1996.
multidisciplinar. BRASIL, Ministério da Saúde. Legislação em saúde mental: 1990-2004,
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artigos
LOBO, G. O.; MATTIOLLI, T. C.; SANTOS, S. A. Esquizofrenia: perspectiva SILVEIRA, M. R.; ALVES, M. O enfermeiro na equipe de saúde mental:
histórica e assistência de enfermagem. Cuidarte enfermagem. Belo o caso dos CERSAMS de Belo Horizonte. Revista Latino-Americana de
Horizonte, v. 2, n. 2, p. 192-203, 2008. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 11, n. 5, p. 645-651, 2003.
LOBOSQUE, A. M. Experiências da loucura. Rio de Janeiro: Garamond, SILVEIRA, R. C. C. P. O cuidado de enfermagem e o cateter de Hickman:
2001. a busca de evidências. ACTA Paulista de Enfermagem, Ribeirão Preto,
LUZ, M. T. A história de uma marginalização: a política oficial de saúde v. 18, n. 3, p. 276-284, 2005.
mental ontem, hoje, alternativas e possibilidades. In: AMARANTE, P. SILVEIRA, R. S. et al. Percepção dos trabalhadores de enfermagem
(Org.). Psiquiatria Social e Reforma Psiquiátrica. Rio de Janeiro: Fiocruz, acerca da satisfação no contexto do trabalho na UTI. Enfermagem
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MACHADO, R.; LOUREIRO, Â.; LUZ, R.; MURICY, K. Danação da norma: a VILLA, E. A.; CADETE, M. M. M. Portas abertas: novas possibilidades
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medicina social e constituição da psiquiatria no Brasil. Rio de Janeiro: no ensino da enfermagem psiquiátrica. Revista Latino-Americana de
Edições Graal, 1978. Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 6, p. 13-19, 2000.
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artigos
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Artigo 11
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
EM SAÚDE:
ocorridos entre duas pessoas, as quais ocupavam lugares distintos
no espaço institucional de saúde, sendo um usuário de um serviço
de saúde voltado para a população em situação de rua e uma
trabalhadora Terapeuta Ocupacional, em constante formação.
Tendo como base o trabalho humanizado e como ferramentas a
POSSIBILITANDO
escuta, o afeto e o vínculo. Utilizando as narrativas como um método
provedor do debate reflexivo acerca da produção do cuidado em
saúde neste contexto, dando visibilidade para uma população que é
estigmatizada e marginalizada todos os dias. A utilização das narrativas
RELATOS DE
como metodologia vem ao encontro da proposta da liberdade em
contar a essência do indivíduo que estava em cena, produzindo
um novo sentido para sua trajetória de vida através de seus relatos,
potencializando o seu modo de estar no mundo, dando nome e um
ENCONTROS
lugar para aquele sujeito, que aqui terá suas histórias de algum modo
eternizadas.
Palavras-chave: Narrativas. Cuidado humanizado. Escuta.
artigos
ABSTRACT: The present work aimed through narratives to report the
experiences of a care in a Doctor’s Office. In which, from the lines
described below, they refer to the meetings that took place between
two people, who occupied different places in the institutional health
area, being a user of a health service aimed at the street population
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and a worker Occupational Therapist, in constant formation. Based on Jorge e Brêda (2011, p. 86) definem as práticas do Consultório na
humanized work and as tools of listening, affection and bonding. Using
narratives as a method that provides reflective debate about the Rua como sendo, genuinamente, o cuidado na rua, apresentando
production of health care in this context, giving visibility to a population um contexto dinâmico, onde a imprevisibilidade integra a rotina
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
O desejo em abordar o cotidiano da população em situação passava a imagem nítida do lugar... “estrada de chão, sem vizinhos
de rua foi o disparador para o que hoje se consiste em narrativas, por perto, engenho”.
oriundas do encontro com o senhor que aqui chamarei de Neto Como atividade, ordenhar as vacas, carpir, acordar cedo e
Dar visibilidade para uma população que é estigmatizada muito esforço físico. Esses eram os marcos presentes em todos os relatos
e marginalizada todos os dias, em todos os lugares do mundo, da época em que vivera nessa localidade pertencente à Gravataí, a
fez-se necessário após o contato com os sujeitos atendidos no qual morara até os dezenove anos.
Consultório na Rua, onde a necessidade de compreender a história “Vim para Porto Alegre e nunca mais voltei, não sei se minha mãe
de vida dessas pessoas para entender o que produzia sentido ou meu pai existem e não sei das minhas irmãs”... “Ontem o Pedrinho,
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para eles, enquanto indivíduos, era a todo momento necessária. meu irmão mais velho, veio me dar um almoço e uns trocados, ele é
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inspetor da delegacia”... “Sou padeiro e confeiteiro, sei fazer massa grande. Conforme o tempo foi passando, fomos compreendendo que
folhada, prefiro fazer doces”... “ Trabalhei em três padarias, uma delas todo o dia realmente era um novo dia, como uma página a ser escrita,
é bem famosa, fica lá na Esquina Democrática”... “ Morei com a que poderia ser direcionada pela memória remota ou pela memória
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
O Menino da Porteira era o mais presente, mas apresentado de as dezoito.
diferentes formas, algumas com entusiasmo, peito estufado e olhos O início de nosso contato se deu quando eu, recém chegada
brilhantes, em outros, com lágrimas e tristeza. ao Consultório na Rua, na companhia da minha dupla de trajetória
Para aquele senhor de estatura mediana, com uma leve dos serviços no percurso da Residência Multiprofissional em Saúde,
curvatura na região cervical, os dias variavam constantemente, um ainda estávamos nos apropriando do campo, conhecendo a equipe.
dia poderia ser outono de mil novecentos e setenta e poucos, e no Era por volta do meio dia, um dia de sol, em uma segunda-feira,
outro de dois mil e um. durante os burburinhos e conversas paralelas quando nos foi dito:
Alguns dias a cor da pele era clara e suas sardas aparentes, “Vocês têm que conhecer o Sr. Neto, é um senhorzinho muito
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mescladas com a ação do tempo pelos seus sessenta e sete anos, outros simpático, mas com um funcionamento paranoide, tentamos vincular
dias sua pele era escurecida pela poeira e escondida sob a barba ele ao serviço, mas ele é sempre muito arredio.”. Durante esse diálogo,
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as informações se deram por duas pessoas, uma em sincronia com a “Macaquinho é isso que os moradores deixam pendurados
outra, na perfeita complementação das falas. nas grades para que possamos pegar”, enquanto abria a sacola e
“É preciso iniciar o tratamento de tuberculose” - dizia uma avistava uma vasilha com sopa, a qual dissera que pegaria na volta.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
generoso com as demais em uma carteira velha de cigarro. Neto não tinha contato com o irmão há mais de quinze anos,
“Vocês sabem o que é macaquinho?” - respondi-lhe que o que impossibilitaria que houvesse o visitado no final de semana,
não, assim como Patricia, minha dupla, a qual mais tarde ele faria na mesma casa em que nos passava o endereço, pois agora quem
referência à Patricia Pilar cada vez que era chamada por alguém morava na residência era seu sobrinho, ou, ainda, que ganharia
perto dele, ou então quando lesse em seu crachá. Não sabíamos dinheiro de seu irmão quando o encontrara na praça.
do que se tratara, até porque antes que pudéssemos falar que era o O que tivemos confirmação pelo discurso do familiar é que Neto
animal, ele já nos informou que não era, então, aproximando-se de morara na garagem de seu irmão logo que chegou a Porto Alegre,
uma grade de um prédio e pegando uma sacola pendurada no lado que tinha saído de lá pois tinha conflitos com sua cunhada e que havia
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externo, nos informou: trabalhado como padeiro e confeiteiro. Também, confirmamos que
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havia morado na Bom Jesus com sua prima por um período, porém, a ser utilizados, sem tanta confiança de que funcionariam, mas, em
que havia tido filhos com ela foi veemente negado pela esposa de uma dessas vezes, ele mostrara o que ficara guardado em seu bolso,
seu sobrinho, referindo que isso era uma história delicada na família. referindo que sua ida se dera em decorrência dele.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
relógio de luz em frente à igreja que costumava dormir, e que, depois risco epidemiológico para sociedade, uma vez que o sujeito esteja
já não eram mais nem lembradas que um dia existiram. bacilífero, o que correspondia à realidade de Neto. Essa era uma das
Novas estratégias surgiam quando notávamos os avanços metas a ser atingida pelo serviço do Consultório na Rua, evidenciada
dessas dificuldades, como a necessidade de realizar o almoço no pelo panorama atual de Porto Alegre, que se caracteriza como a
Consultório, uma vez que se tornou frequente após dispormos a ele Capital do País com maior incidência.
o recipiente em uma sacola, horas depois, ele retornar sem a mesma Deve-se destacar, também, a dificuldade de adesão ao
e ser questionando se havia deixado lá o seu almoço. Em um desses tratamento, por ser necessário o uso prolongado da medicação,
episódios, após uma recapitulação de seus passos, resgatamos a que, dependendo da constatação do número de cruzis existentes
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sacola esquecida no banco da praça que ficara em frente ao serviço. no usuário, poderá consistir na ingesta de três comprimidos de três
Bilhetes lembrando a necessidade de ir ao Consultório passaram
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de realizar o tratamento de tuberculose, dava-se principalmente, vivências, indo de encontro à responsabilidade de dar voz às memórias
devido a fragilidade dos serviços da Assistência Social do Município construídas com ele, diante da sua vida.
de Porto Alegre, que não dispunham de equipamentos de abrigagem Com a provocação de repassar alguns dos sentimentos
que dessem aporte a pessoas com questões de saúde grave como envolvidos durantes as abordagens, acredito que a empatia e afeto
a tuberculose, somada a questões de saúde mental, como as quais presentes a cada escuta ou combinação com Neto possam ter
Neto apresentara. sido divididas, evidenciando a importância destas nos avanços da
A desorganização de N em virtude do quadro demencial, terapêutica, na busca por sua maior qualidade de vida.
precisou ser acolhida de forma primordial na busca de um lar para Escrever estas narrativas foi um modo de relembrar e vivenciar
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ele, pois, a mudança abrupta de seu território poderia desencadear esse percurso terapêutico, realizado em conjunto, de modo
compartilhado. As breves páginas do livro da sua vida ficaram
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registradas de um modo diferente daquele relatado em prontuário, espera do atendimento na Emergência, nem que o vínculo já criado
buscando dar corpo àquele senhor de estatura mediana, olhos azuis com a equipe foi o que sustentou que ele colocasse a máscara
e andar curvado, que falecera três meses após ir morar na Casa Lar, para entrar no carro, assim como não evadisse e nem fizesse uso do
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artigos
e logo em seguida liberado. Acompanhamos até o Consultório onde durante essas vivências. Pode-se afirmar que é possível utilizar relatos
realizou TDO de TB e recebeu alimentação. Combinamos de retornar carregados de sentimento, sem perder o profissionalismo, e que é
no dia seguinte para segmento do tratamento e realização da troca necessário permitir se afetar sem cruzar a linha tênue da transferência
do curativo. Segue em acompanhamento”. e da contratransferência. Que tão importante quanto o cuidado, o
No dia 20/07/16, uma nova evolução, na qual evoluo que Neto exercício do registro humanizado se faz necessário, dando voz, vez,
realizou o tratamento com tuberculostático e na qual refiro avaliação sentido, sentimento às histórias de vida que nos são contatadas, assim
de perda de memória recente significativa. como a história de Neto.
O que não consta nas evoluções foi a necessidade de, no Sendo assim, deve ser destacada a importância de um cuidado
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dia 19, criar-se estratégias para que ele aceitasse permanecer na humanizado que priorize as necessidades do usuário, que a escuta e o
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Referências Bibliográficas
artigos
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Artigo 12
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ACOLHIMENTO:
Dra Circe Jandrey, SSC/GHC, Porto Alegre/ RS2
Janaína Kettenhuber, SSC/GHC,Porto Alegre/ RS3
TECNOLOGIA
RESUMO: Objetivou-se produzir um relato sistematizado e reflexivo
sobre o processo de Acolhimento com Equipe de Escuta (EE) ocorrido
na Unidade de Saúde Jardim Leopoldina (USJL), Porto Alegre/RS,
entre 2006 e 2010. Através de entrevista em profundidade com nove
ESTRATÉGICA
integrantes da equipe – e posterior análise temática de conteúdos
proposta por Minayo (2004) – identificam-se motivos para suspensão
do formato. Atribuíram-se diferentes significados para Acolhimento,
apontando complementaridade e distanciamento entre vivências
À ATENÇÃO
e referencial teórico utilizado em sua conformação. Demanda
excessiva, número insuficiente de profissionais e pressão para rapidez
no atendimento produziram sobrecarga, sofrimento e estresse laboral,
com encerramento desse formato. Frente às dificuldades apontadas,
não houve consenso sobre sua melhor conformação.
PRIMÁRIA EM
PALAVRAS-CHAVE: Acolhimento. Atenção Primária à Saúde. Acesso
aos Serviços de Saúde. Humanização da assistência.
artigos
report of the process of user embracement listening team (EE) that
occurred at the Jardim Leopoldina Health Unit (USJL) in Porto Alegre/
RS, Brazil, between 2006 and 2010. The qualitative data were produced
through interviews with nine members of the USJL workteam and the
results were discussions using the thematic analysis proposed by Minayo
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(2004); the data suggested that different meanings were assigned to na assistência ofertada na USJL. Além de revisão de literatura sobre
the term user embracement, indicating detachment among living a temática, compilaram-se experiências externas, realizando-
experiencies and theoretical references. Excessive demand, lack
of professionals in the listening team’s rota and pressure for quick se, também, diagnóstico de acesso e demanda estimada local.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
vulnerabilidades e intervenções resolutivas para o seu enfrentamento
enfermagem, ações de agentes comunitários, pessoal técnico-
(BRASIL, 2006).
administrativo, farmácia, nutrição, odontologia, psicologia e serviço
Em 2006, durante a constituição do Conselho Local de Saúde
social. O número de profissionais atuantes na USJL é equivalente
(CLS) no território de abrangência da Unidade de Saúde Jardim
a cinco equipes de Saúde da Família; são realizados atendimentos
Leopoldina (USJL) – SSC/GHC, dificuldades para acesso foram o
individuais, interconsultas, visitas domiciliares, assistência farmacêutica
principal problema identificado pela comunidade usuária. Formado
um Grupo de Trabalho sobre o tema, produziu-se o Projeto “Leopoldina
Acolhe” com a intencionalidade de debater e fomentar mudanças 5 Ações programáticas constituem conjuntos de atividades que visam à organização
de respostas dos serviços de saúde para problemas e/ou necessidades específicas da
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e atividades coletivas com metodologias variadas. trabalho no período entre 2006 e 2010, estabelecendo-se sua
No presente momento, a forma de acesso à demanda divisão em três grupos: o primeiro esteve composto por profissionais
espontânea é realizada através de acolhimento pela enfermagem. que participavam da EE como acolhedores- agente comunitário
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Metodologia
artigos
Realizou-se um estudo descritivo com abordagem qualitativa equipe de escuta como porta de entrada; 3- demanda espontânea:
dos resultados, aplicando-se a técnica de entrevista em profundidade a enfermagem é responsável? 4- comparações entre formas de
para produção de dados (MINAYO, 2004). O projeto investigativo acolher. Na sequência, os resultados são apresentados e discutidos
foi submetido ao Comitê de Ética em Pesquisa do Grupo Hospitalar conforme essa categorização.
Conceição, com aprovação pelo Parecer Nº 10881412.9.0000.5530.
Perspectivas de acolhimento
As entrevistas foram realizadas nas dependências da USJL.
Foi possível identificar a atribuição de múltiplos sentidos
Foram entrevistados profissionais integrantes da equipe de
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ao termo acolhimento, os quais, combinados entre si, apontam em atitudes dos sujeitos a cada encontro no serviço de saúde, leva-
complementaridade (TEIXEIRA, 2003; BRASIL, 2011). Em suas diversas nos à dimensão acolhimento postura. Essa dimensão, associada à
definições, o acolhimento expressa aproximação entre sujeitos, resolubilidade e responsabilização da assistência à saúde (BRASIL,
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Nessa acepção, o acolhimento diálogo é visto como um Acolhimento demanda ampliação na oferta de serviços e de
distribuidor, tendo o papel de tudo receber, interligar e mover por esse cuidados na APS e é necessário estímulo gerencial para sua construção.
espaço, conectando conversas (TEIXEIRA, 2003). Nesse sentido, ações de educação permanente, materializadas em
reuniões de equipe com discussões sobre como configurá-lo, podem
Ainda que, para uma das entrevistadas, o acolhimento seja
contribuir com essa intenção:
efetivado de forma fragmentada, limitando-se à recepção do usuário
artigos
artigos
[...] a minha preocupação era um pouco maior, no sentido
no serviço de saúde, para os demais participantes, o ato de receber de que a equipe, como um todo, tivesse um conhecimento,
alguém em sua chegada ao serviço é entendido como condição pelo menos das coisas que estavam sendo escrita sobre o
acolhimento, a gente se preparou bastante pra implantação
mediadora do processo, sendo indispensável em todos os momentos do acolhimento [...] a gente foi pensando formas de adaptar
de encontro entre trabalhadores e usuários. essas coisas aqui pra nós [...] T5.
[...] eu pensava que acolhimento era uma forma de acesso
né, depois eu fui entender [...] que era uma postura, hoje, A interconexão da tríade acolhimento diálogo, acolhimento
assim, depois de algum tempo, eu acho que acolhimento postura e acolhimento reorganização do serviço reconfigura e
é tudo isso, [...] mas ele é mais uma forma de postura da
equipe [...] T4. renova as ações dos serviços de saúde (GUERRERO, 2013); traz, em
suas definições, a participação do usuário como corresponsável pela
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A compreensão de que o acolhimento não deve ser efetivado reconstrução das práticas de saúde.
como prática isolada, e sim como conjunto de práticas, traduzidas
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Sobre a diversidade de interpretação e permeabilidade atribuída O entrevistado (T5) faz referência ao modelo de prática
ao acolhimento, os dados produzidos pelo estudo convergem para prevalente no atendimento à saúde, que estabelece o profissional
o que está exposto na literatura; o mais importante não é a busca como autoridade detentora de conhecimento e habilidades, a
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artigos
doença, da dor, escutar as histórias que constroem essas
pessoas [...] era o acolhimento que eu acreditava, que até outras modalidades de assistência. Estabelecer essa equivalência
hoje eu acho que deve ser feito [...] é muito instável fazer seria favorecer perspectivas que categorizam sofrimentos e sintomas
acolhimento, nós trabalhadores temos que estar preparados
pra isso, não tem como a gente ir para o acolhimento em diagnósticos; esse aspecto, apontado por cinco dentre os
pensando que vai acontecer isso, que a resposta vai ser participantes do estudo, seria condição que tem se tornado cada vez
essa, não [...] e isso deixa os trabalhadores inseguros [...] T6.
mais frequente:
[...] a equipe dividida com os modos de entender a saúde,
eu acho que a nossa equipe é bem dividida nesse sentido, Alguns trabalhadores entendiam que para fazer acolhimento
que acreditam que se pode compartilhar com o usuário e tinha que ter um número de consultas [médicas] para
outra que não, e é mais fácil sabe, é tu poder falar com a agendar, como não tinha, as pessoas acabavam muito
pessoa e ser unicamente prescritivo, tu tem uma dor nas inseguras de dizer não, de construir um plano junto com
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costas, tu vai para um médico que vai prescrever [...]T5 o usuário [...], de trazer para ele pensar junto o que fazer
então [...] eu acho que esse não é só o comportamento
quando não tem consulta, eu acho que deveria ser o
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comportamento sempre [...] o acolhimento proporcionava Conforme os entrevistados, demanda excessiva, número
isso, que a gente pudesse construir junto com o usuário que
forma de tratamento ele poderia receber aqui na unidade insuficiente de profissionais na escala da EE, pressão por rapidez no
[...]T6. atendimento e o medo da agressividade de usuários produziram
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artigos
[...] o sofrimento do trabalhador era muito grande, por não
conseguir corresponder às demandas dos usuários [...] a
maioria da equipe não aguentava mais aquela forma de Ao gerar tensionamentos contínuos na equipe USJL, a noção de
ficar dizendo não pro usuário [...] em momento algum, eu vi acolher permanece fundamentalmente centrada no atendimento à
dizerem que não é melhor pro usuário e sim de que a outra
parte, de que a gente não conseguia dar conta [...] T4. demanda espontânea e prossegue como motivo para muitas reuniões.
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e/ou fortalecimento de vínculos (positivos ou não). Eu acho que o nosso modelo de acolhimento sobrecarrega
uma categoria em especial, que é o enfermeiro [...] o
Segundo os entrevistados, algumas dificuldades identificadas enfermeiro fica responsável por todo acolhimento, de todo
usuário que chega, é muito pesado e eu acho que nós temos
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artigos
também, porque daí ele fica só ali [...] o enfermeiro sempre conformação para acolhimento (mesmo quando restrita à ideia de
fica sozinho [...] ficou uma decisão muito solitária, isso era
uma coisa que era pra ser discutida entre um profissional e o recepção), pois, em ambos os formatos, os participantes referiram
outro, então eu acho que era muito mais produtivo [equipe dificuldades.
de escuta] do que como ta agora [...] T2.
Dois entrevistados posicionaram-se claramente contra um
Todos os profissionais, em algum momento da entrevista,
possível retorno ao formato anterior. O excerto a seguir mostra essa
referiram a importância da presença da Enfermagem no processo
posição, propondo inclusive, que uma população menor ou o trabalho
de acolhimento às demandas espontâneas. As falas, inclusive, não
em micro equipes facilitaria o acolhimento:
consolidaram uma visão única sobre qual profissional da enfermagem
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depois de dividir as equipes, talvez trabalhando por território, do trabalho e à população acolhida, salientando-se que o formato
mas como tá não [...] T8.
atual recebe, unicamente, a demanda assistencial não programada.
Por outro lado, a importância de voltar a pensar acolhimento
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Referências Bibliográficas
Algumas considerações à guisa de conclusão
BRASIL, Ministério da Saúde. Secretária Executiva, Núcleo Técnico da
A concepção de acolhimento reportada pela maioria dos Política Nacional de Humanização. Humaniza SUS- Política Nacional
entrevistados desse estudo sugere distanciamento entre suas de Humanização: a humanização como eixo norteador das práticas
de atenção e gestão em todas as instâncias do SUS. Brasília. 2004.
experiências vividas e as referências teóricas discutidas para embasar
o processo. Registram que acolhimento é uma pratica possível de BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo
Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas
estar presente em todas as relações de cuidado. Contudo, ainda que
praticas de produção de saúde. 2ª ed. Brasília. 2006.
o acolhimento deva ocorrer em todo encontro entre profissional e
BRASIL. Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde,
usuário – enquanto tecnologia leve do processo de atenção à saúde–
Departamento de Atenção Básica. Acolhimento à demanda
e que essa postura seja observada em espaços e práticas distintos da espontânea. Brasília. 2011.
USJL, os entrevistados não a identificaram como tal.
BRASIL. Ministério da Saúde, Grupo Hospitalar Conceição, Serviço de
Todos os participantes referiram que acolhimento centrado na EE Saúde Comunitária. Diretrizes para o planejamento 2013. Orientações
para a organização da assistência nas unidades de saúde e centros
artigos
artigos
apresentava dificuldades. Percebeu-se um emaranhado de emoções de apoio psicossocial. Porto Alegre. 2013.
causado por trabalhar com acesso a partir da EE, produzindo-se
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 311 de 8 de
sofrimento laboral. No entanto, algumas pessoas conseguiam lidar fevereiro de 2007.
com as situações apontadas à EE, utilizando o espaço para construir/
COFEN. Conselho Federal de Enfermagem. Resolução nº 358 de 15 de
compartilhar com usuários. outubro de 2009.
Ao comparar os formatos anterior e atual de acolhimento, FERREIRA, S.S.R. et al. As ações programáticas em serviços de atenção
identificaram-se semelhanças, tais como estar diretamente ligado à primária à saúde. Rev Brasileira Saúde da Família. v.23, n.3, p.48-55,
Jul./Set. 2009.
recepção do usuário no serviço de saúde, permanecer restrito a um
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grupo de profissionais e centrado na figura da Enfermagem. Entretanto, GUERRERO, P. O acolhimento como boa prática na atenção básica à
saúde. Texto & Contexto Enferm. v.22, p. 132-40, Jan./Mar. 2013.
foram observadas diferenças, especialmente, quanto à organização
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Artigo 13
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
PROMOÇÃO
Esp. Luiza Bohnen Souza, Porto Alegre/RS 1,
Esp. Cristiane Camponogara Baratto, Porto Alegre/RS 2
Esp. Vanessa Azambuja de Carvalho, Porto Alegre/RS 3
UM RELATO DA
cidadania, a fim de promover o empoderamento dos usuários para
que pudessem ocupar de forma mais efetiva espaços de construção
política da sua própria saúde. Esse texto busca descrever essa
experiência. A oficina ocorreu entre os anos de 2015 e 2016, totalizando
mais de quarenta e cinco encontros. Foram vistos temas como direitos
EXPERIÊNCIA
e deveres do cidadão, a Reforma Psiquiátrica e Políticas de Saúde
Mental, entre outros. O grupo se organizou para ocupar espaços
políticos, como assembléias e atos públicos a fim de defender pautas
de interesse da saúde mental e da população usuária de álcool e
AUTONOMIA DO
PROMOTION OF CITIZENSHIP: A REPORT OF THE EXPERIENCE
THAT GAVE LIGHT TO THE AUTONOMY OF THE USER OF
HEALTH
USUÁRIO ABSTRACT: In the history of the anti-asylum struggle, the rescue of the
right to citizenship is important. In the work of the Integrated Residency
artigos
artigos
to promote the empowerment of users so that they can more effectively
Psicologia Clínica na Terapia Sistêmica de Família, Casal e Individual pelo INFAPA; Especialista
em Saúde da Família e Comunidade pela Residência Integrada em Saúde do Grupo
Hospitalar Conceição; e Mestranda de Psicologia Social e Institucional pela UFRGS. Email:
azambujadecarvalho@gmail.com
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occupy political spaces in the construction of their own health. This text aprofundando conhecimentos e criando novas possibilidades de
seeks to describe this experience. The workshop took place between cuidado integral à população de usuários de álcool e outras drogas.
2015 and 2016, totaling over forty-five meetings. We work with topics
such as rights and duties of the citizen, Psychiatric Reform and Mental A metodologia empregada foi descritiva, reflexiva e analítica.
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artigos
GHC, criada por residentes multiprofissionais da Residência Integrada os Serviços Residenciais Terapêuticos (SRT), os Centros de Convivência
em Saúde do GHC, de duas ênfases em destaque, a ênfase em Saúde e Cultura, as Unidades de Acolhimento (UAs) e os leitos de atenção
Mental e a ênfase em Saúde da Família e Comunidade. O contexto integral (em Hospitais Gerais, nos CAPS III). Faz parte dessa política o
da residência multiprofissional nos permite ter inúmeras experiências, programa de Volta para Casa, que oferece bolsas para pacientes
desde ensaios como profissionais do SUS como uma grande política, egressos de longas internações em hospitais psiquiátricos (BRASIL,
até a imersão em um sistema de cuidado específico, como o caso da 2013). Essa articulação em rede diversificada e conectada define a
atenção em saúde mental. Nesse sentido, as autoras deste trabalho aposta organizativa da luta antimanicomial dentro do SUS.
vivenciaram um período de formação no CAPS AD III Passo a Passo, Entretanto, existem retrocessos nas gestões de saúde mental
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a noção de saúde está em disputa, populações que vivem à margem Juntamente ao conceito de cidadania e para viabilizá-lo
estão em risco de não serem ouvidas em suas demandas por direitos. em um contexto de atenção à saúde mental, falamos também
A população de usuários de álcool e outras drogas configura-se como em empoderamento do usuário. Segundo Vasconcelos (2000),
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
vinculado às práticas de saúde mental é empenhar-se no desafio de
O conceito central da oficina é o da cidadania, o qual tem forjar participação com respeito à diversidade nos territórios. Para elas,
imensa importância para o trabalho na saúde mental. Entendemos a cada canto da cidade pode ser cenário para fazer saúde, já que
cidadania como uma medida de convivência social que emerge das seu propósito é o pleno gozo do direito à vida de qualidade. Assim,
lutas cotidianas por novos direitos ou pela garantia dos já existentes, a aposta da Oficina de Cidadania ampliou-se, como relataremos
através da participação direta dos cidadãos (ESPIRITO-SANTO, 2009). adiante, e passou a ocupar os espaços da cidade, fazendo saúde e
Numa sociedade pautada pela cidadania, a escuta, a discussão de promovendo cidadania e empoderamento para além das paredes
argumentos e o planejamento constroem condições de materializar institucionais. Em concordância com Afonso e colaboradores (2010),
em práticas cotidianas a saúde como direito das pessoas e interesse pensamos a oficina como um trabalho estruturado, com foco em
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da sociedade (SCARPARO, LEITE, SANTOS, 2013). torno de uma questão central. Espaço no qual, independentemente
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do número de encontros, os participantes se propõem a elaborar uma de cuidado mais horizontalizados, norteados pelo empoderamento e
questão, em um contexto social. A oficina usa informação e reflexão, pela auto ou co-gestão tenham menores investimentos nos serviços.
trabalhando com os significados afetivos e vivências relacionadas aos A oficina ocorreu de abril/15 a fevereiro/16, totalizando
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
um funcionamento semelhante em termos da centralidade dos do serviço. Assim, falava-se apenas o nome e o fato interessante/
profissionais na condução do cuidado, a Oficina de Cidadania veio inusitado sobre si, na primeira vez em que a pessoa participava,
numa corrente contra-hegemônica de colocar o usuário em primeiro dizia de onde vinha ou sua profissão/area de estudo, mas a partir
plano na condução e organização dos encontros e com intuito de de uma participação mais seguida, falava-se da vida de cada um,
tornar-se autogestionada pelos usuários com o passar do tempo. proporcionando uma camaradagem entre os participantes.
Vasconcelos (2000) bem aponta que, nos principais países latino- Após esse ínicio de descontração, estabeleceu-se conjuntamente
americanos, os profissionais da saúde e da saúde mental tendem a regras para a distribuição do disparador e para a discussão. Lia-se o
ser a figura central no processo de tratamento e cura devido à cultura texto, dividindo ele em parágrafos, espontaneamente, os participantes
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terapêutica acentuada. Isso faz com que, historicamente, os dispositivos liam um parágrafo cada um. Depois da leitura, começava a discussão
das informações vistas. Comumente, tirava-se dúvidas sobre algum
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dado ou conceito específico, essa ação poderia ser feita por Vasconcelos (2000), os movimentos sociais e o movimento dos usuários
qualquer participante, sendo que a fala não centrava-se na equipe em saúde mental, mais do que lutar por direitos civis, também lutam
das residentes. Muitos usuários tinham uma trajetória no movimento por direitos sociais especiais, como: direito ao tratamento específico e
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artigos
direitos e deveres dos usuários, maior empoderamento e apropriação Portanto, é possível afirmar que a oficina provocou mudança nas
das temáticas. Isso deu luz à autonomia e à cidadania das pessoas relações usuário-equipe-serviço.
participantes a partir da construção coletiva de políticas dos serviços Durante o processo de construção das atividades, buscou-
da rede de saúde mental. se sempre, de forma democrática, flexibilizar as maneiras de operar
Como podemos ver, muitos dos temas sugeridos pelos a oficina, pautando-se na proposta de autogestão, onde o grupo
participantes da oficina estavam relacionados a seu contexto de vida e independesse da figura do trabalhador do serviço para existir. Porém,
de tratamento, além de caracterizarem uma luta contra a segregação não foi um processo fácil, uma vez que as residentes mentoras da
e estigmatização do louco/usuário de drogas e pela recuperação oficina estavam ali também imprimindo o seu desejo, e o tempo se
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de sua capacidade de decidir sobre os destinos de sua vida. Para fez necessário para que esse fosse um desejo coletivo. Os encontros
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tornaram-se autogestionados com o passar da experiência, tendo ao local da oficina sem um profissional que os acompanhasse. Mais
suas primeiras experimentações quando, por motivo de eventos, uma vez se evidencia a dificuldade em trabalhar a autonomia de forma
o grupo de residentes se ausentou e outros membros da equipe se
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Referências Bibliográficas
artigos
brasileira e desinstitucionalização no Brasil. Sua análise, ao que nos
parece ainda atual, aponta para a discussão de que as necessidades AFONSO, Maria Lúcia M.; ABADE, Flávia Lemos; AKERMAN, Deborah;
básicas, sociais e econômicas do momento histórico levavam os COELHO, Carolina Marra Simões; MEDRADO, Kelma Soares; PAULINO,
Juliane Rosa; PIMENTA, Sara Deolinda Cardoso. Oficinas em dinâmica
usuários a uma maior dependência dos serviços sociais, de saúde e de grupo: um método de intervenção psicossocial. 3. ed. São Paulo:
de saúde mental estatais, bem como dos respectivos profissionais e Casa do Psicólogo, 2010.
especialistas. BRASIL. Caderno de Atenção Básica: Saúde Mental – Número 34.
Esses pontos foram evidenciados pelo relato da oficina. Ao Brasília: Ministério da Saúde, 2013.
propor e tentar realizar um encontro da oficina sem a presença das ______. O SUS de A a Z: garantindo saúde nos municípios. 3ª ed. Brasília:
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residentes facilitadoras, este não ocorreu. Os participantes relutaram Ministério da Saúde, 2009.
por achar que os profissionais não deixariam os pacientes se dirigirem
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Artigo 14
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
MOVIMENTOS E
PORTO ALEGRE.
RESISTÊNCIAS NA
Luíza Maria da Rocha Zunino, Secretaria Municipal de Educação e
Cultura, Xangri-lá/RS1
Me. Ana Celina de Souza, SSC/GHC, Porto Alegre/RS 2
DE UMA EQUIPE
da Família e Comunidade. No contexto, ocorria uma mudança do
arranjo organizacional do cenário de prática, a equipe da unidade de
saúde reorganizou sua atuação em equipes de referência e equipe
de apoio matricial. O objetivo da pesquisa foi analisar a constituição
desta equipe de apoio e configurou-se como um estudo qualitativo,
DE APOIO
cartográfico, com uso de observação participante, diário de campo
e grupos focais. A análise parte de “cenários” referentes a três
analisadores: residência, constituir equipe de apoio e apoiar equipes.
Esses caracterizam os movimentos que levaram a uma ambivalência
MATRICIAL EM
nos modos de atuação e denotam o modo processual da mudança,
dotado de forças que ora resistem e ora impulsionam as próprias
mudanças.
Palavras-chave: Apoio matricial. Atenção Primária à Saúde. Saúde da
UNIDADE DE
Família. Residência Multiprofissional em Saúde.
SAÚDE DE PORTO
artigos
artigos
TEAM OF MATRICIAL SUPPORT IN PORTO ALEGRE HEALTH UNIT.
ABSTRACT: The writing emerges from my insertion as a psychologist
at a Multiprofessional Residence in Health, with emphasis on Family
ALEGRE
and Community Health. In that context, there was a change in the
organizational arrangement of the practice scenario, when the health
service team reorganized its performance into reference teams and
a matrix support team. The purpose of the research was to analyze
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the constitution of this support team and it was set up as a qualitative, (BRASIL, 2012), além de experiências trazidas pelos residentes para o
cartographic study with the use of participant observation, field diary campo de prática. A aposta neste modo de organização objetivava
and focus groups. The analysis starts from “scenarios” referring to
three analyzers: residence, constituting support team and supporting aumentar a resolutividade e integralidade das ações de saúde da
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
do cuidado e uma b) equipe de apoio matricial para as categorias
Pasche e Hennington (2011) destacam que “é necessário apontar
previstas no Núcleo de Apoio de Saúde da Família (NASF) (BRASIL,
2012).5 O arranjo foi inspirado na Política Nacional de Atenção Básica
Terapeuta Ocupacional; Médico Geriatra; Médico Internista (clinica médica), Médico do
Trabalho, Médico Veterinário, profissional com formação em arte e educação (arte educador)
e profissional de saúde sanitarista, ou seja, profissional graduado na área de saúde com pós-
3 Número do registro na Plataforma Brasil – CAEE: 52982916.8.0000.5530 graduação em saúde pública ou coletiva ou graduado diretamente em uma dessas áreas.”.
Na unidade a equipe era formada por quatro profissionais contratadas e seis residentes
4 Nas ações de vigilância a equipe atuava a partir de “cinco áreas” que abarcavam Assistentes sociais, Psicólogas, Nutricionistas e Terapeutas Ocupacionais. Profissionais da
a divisão geográfica do território. Estas divisões geográficas se mantiveram e formaram cinco Farmácia e Psiquiatria não se inseriram no processo de trabalho junto à equipe de apoio por
equipes de referência, que passaram a ser vinculadas à população específica de sua área conta de diferença na organização específica destes núcleos.
de referência.
6 Segundo Merhy (1998), o trabalho em saúde engloba tecnologias duras, leve-duras
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5 Segundo a Política Nacional de Atenção Básica (BRASIL, 2012) os profissionais que e leves. As tecnologias duras se referem aos aparelhos/máquinas e ferramentas de trabalho,
compõem o NASF podem ser: “Médico Acupunturista; Assistente Social; Profissional/Professor já as leve-duras tratam dos saberes profissionais estruturados. O autor conceitua, no trabalho
de Educação Física; Farmacêutico; Fisioterapeuta; Fonoaudiólogo; Médico Ginecologista/ em saúde, as tecnologias leves como as que abordam a dimensão relacional e cuidadora do
Obstetra; Médico Homeopata; Nutricionista; Médico Pediatra; Psicólogo; Médico Psiquiatra; encontro entre trabalhador-usuário.
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artigos
e a análise a partir dos dados produzidos, trago um breve apanhado gestão compartilhada eapoio pedagógico/educação permanente,
teórico situando este contexto de mudanças organizacionais nos que se dá entre ambas as equipes (FIGUEIREDO, 2012). Deste ponto
serviços de saúde. de vista, partiu-se de um entendimento de trabalhadores que trazem
consigo a dimensão do trabalho vivo em ato, do cuidado em saúde
que se produz e modifica os próprios sujeitos envolvidos. Assim, falar de
Aproximações teórico-analíticas: Apoio matricial, mudanças
organizacionais e trabalho vivo em ato. modos de organização de serviço é também falar do modo como as
Equipes de referência e apoio matricial são conceitos diferentes forças e afetos se dispõem e se inter-relacionam a partir dos
criados por Campos (1999) a partir de uma proposta de modelo encontros produzidos entre os diversos atores envolvidos na produção
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organizacional que visa, entre outros, aumentar a interdisciplinaridade, do cuidado em saúde (CECILIO, 2011; MERHY, CHAKKOUR, 2007).
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Deste modo, para compreendermos reunião da equipe de apoio e eleitas, a partir de consulta em livro ata
os elementos que apóiam a persistência e a mudança das reuniões, as equipes com maior e menor número. Deste modo, os
institucional, (...) se faz necessário ter em conta o próprio grupos foram coordenados pela pesquisadora em conjunto com a
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
e frases ouvidas ou pensadas colaboram na produção de dados de a fim de multiplicar sentidos e inaugurar novos questionamentos.
uma pesquisa e transformam essas experiências fragmentadas em
Assim, antes de apontar valores, atitudes, percepções dos
conhecimento e modos de fazer (BARROS, KASTRUP, 2015; PASSOS,
sujeitos individuais, a pesquisa está interessada nas vozes dos atores
KASTRUP, ESCOSSIA, 2015). O diário de campo foi um espaço para
sociais, dos sujeitos coletivos, de posições ocupadas pelos sujeitos. O
relatos regulares após as experiências em campo que abordaram
foco não está sobre a representação do objeto, mas sim dos signos
tanto informações objetivas e descritivas quanto as impressões que
e forças circulantes que são as pontas do processo de pesquisa que
emergiram nestes encontros.
podem ir modificando e ressignificando o campo de forças e, por
Também foram realizados grupos focais com duas das cinco consequência, modificam também as perguntas, questionamentos e
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equipes de referência. Para sua escolha, foi utilizado como critério o percurso de pesquisa (KASTRUP, 2015).
o número de casos discutidos ao longo de um ano no espaço da
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Cartografar e constituir-se como equipes: movimentos e Figura 1. Esquema representativo da análise a partir dos analisadores
(enumerados).
resistências do trabalho e da pesquisa.
No primeiro momento, a mudança do arranjo foi instituinte,
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artigos
Apoiar equipes: produção de espaços entre equipes.
Cenário: Quando houve a divisão das equipes a organização da
equipe de apoio se fez inicialmente a partir de encontros nos momentos
de reunião de equipes de referência, para organização do modo de
trabalho e discussão de casos. Estes encontros eram referenciados
como “ida às áreas”. Logo em seguida, foi também disponibilizado
o espaço da própria reunião da equipe de apoio como mais um
momento para discussão de casos, o que posteriormente acabou
se tornando o espaço pactuado para isso. Quando da efetivação
da mudança suspendeu-se as discussões nas reuniões de equipe de
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devido ao fato da necessidade das equipes se organizarem no seu fortemente vinculado ao “espaço do NASF”, deste modo apareceram
novo processo de trabalho. Estas “idas às áreas” foram retomadas discursos no sentido de que “o NASF não fazia nada”. Em vista
cerca de 8 meses mais tarde, após uma discussão no espaço do
disso, chegou o momento em que se conversou em encontro de
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artigos
mais acessou a equipe de apoio matricial via espaço de reunião viu
a relação de forma mais burocratizada, ao contrário da outra, que processo, que eles também estavam se apropriando, principalmente
ainda acessava via formas antigas (“bater na porta ao lado”, livre vinculado a nova posição da equipe de apoio, que se efetivava
demanda). A confusão para uns manteve a mesma forma de antes, naquele momento de realização do grupo, do retorno das “idas às
que era mais próxima, já pra quem respeitou o fluxo estabelecido, áreas”. A “mistura”, esse “não reconhecimento” como equipe de
sentiu-se distante, sem retorno. Essa ambivalência pareceu produzir apoio levantou a questão de que a equipe de referência pudesse
certo distanciamento. A equipe de apoio ficou distante das equipes esperar coisas desta outra equipe que não fossem de responsabilidade
de referência, pois a disponibilização de apenas um espaço pareceu da mesma, mas de competência das próprias equipes.
verticalizar a relação.
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se como equipes de referências apoiadas e equipe apoiadora; ora e houve tentativas de inventar modos de estar “fora” (construir
como uma certa resistência ao que o imaginário carrega sobre o um “puxadinho”, ir para outro local), pois avaliaram que o não
novo arranjo; e ora ainda como uma potencialidade de percorrer o reconhecimento da equipe relacionava-se com o fato de estarem
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artigos
Neste contexto, há uma imagem de pano de fundo sobre o
referência. Nesta perspectiva, a equipe de apoio matricial acabou
“NASF” como política, que se trata do apoiador de muitas equipes em
sendo colocada como um lugar, a partir da referência do “espaço
diversas unidades de saúde. Portanto, refere-se a outras experiências
NASF”. Deste ponto de vista, não houve um reconhecimento de ambas
que não partem desta unidade de saúde e apareceram no discurso
as equipes, o que é peça-chave para produção do apoio matricial
como algo que precisa de um distanciamento físico para ocorrer. No
que visa produção de encontro entre equipes (coletivos), ao contrário
mesmo sentido, é referido que a partir disso se produz distanciamento
de encontro apenas “entre trabalhadores” (CAMPOS; DOMITTI, 2007).
das equipes de referência. Assim, a própria política do NASF era vista
como produtora de distanciamento entre as equipes. Neste caso, o fato de acessar de várias formas também foi
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identificação do novo, gerando certa confusão e novas resistências. para o primeiro e segundo ano e, com o novo arranjo organizacional,
No entanto, a horizontalidade produziu-se mais a partir dessas fez-se uma primeira organização da inserção das residentes sendo as
relações chamadas informais, parecendo que algo do novo arranjo de primeiro ano inseridas nas equipes de referências e as de segundo
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
da residência multiprofissional. De certo modo, a discussão acerca da
Além disso, assim como as contratadas, as profissionais residentes
constituição da equipe de apoio envolveu de modo significativo a
de segundo ano também se inseriram de modos diferentes, conforme
residência, mas ainda de modo sutil as equipes da unidade como um
a organização do seu núcleo profissional. Os núcleos de Nutrição e
todo.
Terapia Ocupacional previam vivências em matriciamento em outras
Assim, a residência operou como força instituinte, que lançou unidades de saúde ao longo do segundo ano. Isto por um lado, se
ao novo, ao propor em conjunto com outras profissionais a nova configura como potente, pois traz diversos olhares e experiências.
organização com a constituição de uma equipe de apoio matricial. A No entanto, por outro, como ainda está em processo, essa é uma
mudança no arranjo exigiu mudanças no modo de organização dos manutenção de algumas organizações prévias à mudança e que
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residentes em campo. A residência tem matrizes curriculares diferentes também dizem respeito a um modo mais amplo de organização dos
núcleos no programa de residência.
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artigos
vão se transformando em reflexão nos trabalhadores, alterando
experiência cartográfica. In: PASSOS, E. KASTRUP, V. ESCOSSIA, L.
constantemente o processo de trabalho. Assim, há desdobramentos da. (Orgs.) Pistas do método da cartografia: pesquisa-intervenção e
e problematizações realizadas a partir dessa mudança, o que confere produção de subjetividade. Porto Alegre: Sulina, 2015
um caráter instituinte para esse processo e produz um trabalhador FIGUEIREDO, E. N. Estratégia Saúde da Família e Núcleo de Apoio
que reflete a partir de sua prática. Neste caso o componente da à Saúde da Família: diretrizes e fundamentos. In: Especialização em
educação permanente em saúde é crucial para a mudança do Saúde da Família. Módulo Político Gestor (Material didático). São
Paulo: UNA-SUS/UNIFESP, 2010-2011.
modelo de atenção, tanto pela via dos encontros de discussão entre
FLEURY, S. Reforma sanitária brasileira: dilemas entre o instituinte e o
trabalhadores como pela residência.
instituído. Ciênc. saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 14, n. 3, p. 743-752,
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2009 .
MERHY, E. E. A perda da dimensão cuidadora na produção da saúde −
Uma discussão do modelo assistencial e da intervenção no seu modo
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Artigo 15
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
POPULAÇÃO DE
de saúde bucal de pessoas portadoras de DM. Estudo transversal,
amostragem aleatória dos pacientes inscritos na ação Hiperdia do
Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição.
Participaram do estudo 2482 sujeitos. 60% dos sujeitos consideravam a
HIPERTENSOS E
saúde bucal como positiva, 64% referiram terem menos de 20 dentes e
77% afirmaram não ter dificuldade de mastigar. Apenas 11% já tinham
sido encaminhados ao dentista. O número de dentes esteve associado
com escolaridade, renda e idade. Os resultados demonstram que o
artigos
HYPERTENSIVE AND DIABETICS OF A HEALTH SERVICE IN THE
PORTO ALEGRE, RS
NORTHERN ZONE OF PORTO ALEGRE, RS
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ABSTRACT: Diabetes Mellitus (DM) is apublic health problem with a (BRASIL, 2006).
high mortality burden in the world. Health teams should be aware of
the oral health conditions of the patient with diabetes and work in an Como as doenças crônicas são problemas complexos, é
integrated way to ensure better results in controlling blood glucose.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
em países ricos quanto nos de média e baixa renda (BRASIL, 2009). de cicatrização (ALVES, 2006).
Alguns poucos fatores de risco são responsáveis pela maior parte da
Já a Hipertensão Arterial Sistêmica é diagnosticada a partir da
morbidade e mortalidade decorrentes das DCNT, entre eles estão
hipertensão arterial (PA maior ou igual a 140/90 mmHg), podendo
a hipertensão arterial, diabetes mellitus, dislipidemia, sobrepeso,
gerar complicações como doença cerebrovascular, doença arterial
obesidade, sedentarismo e tabagismo (CASADO, 2009).
coronariana, insuficiência cardíaca, doença renal crônica e doença
Estima-se que, atualmente, existam 17 milhões (35% da arterial periférica, sendo que a importância na identificação e no
população com idade igual ou acima de 40 anos) de portadores de controle desta doença está em evitar estas complicações (BRASIL,
2006).
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(1,7%) tinham ensino superior. Grande parte dos indivíduos, 1513 (61%),
artigos
“Hiperdia”. O critério de inclusão era ter pelo menos uma consulta
estavam classificados em relação à renda pela ABEP na classe C. Nas
médica com registro de diagnóstico do problema. Os critérios de
classes A e B estavam 580 (23,4%) e nas classes D e E estavam 261
exclusão foram os seguintes: participantes que negaram serem
(10,1%).
portadores das doenças ou quando não tinham autonomia cognitiva
para responder o questionário. A amostra foi calculada para se Em relação à saúde geral, 1638 (66%) indivíduos apresentavam
ter o número mínimo necessário para encontrar significância, com somente HAS, 160 (6,4%) tinham diabetes mellitus e 667 (26,9%)
poder de 80% e confiança de 95%. A esse número acrescentou-se 10% apresentavam as doenças de forma concomitante. Dois terços dos
para manutenção do número mínimo de sujeitos em caso de perdas indivíduos consultaram com o médico nos últimos seis meses antes da
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e recusas e 30% para maior estabilidade estatística. A amostragem entrevista e 23% são acompanhados por enfermeiro.
final após as perdas e recusas resultou em um total de 2482 sujeitos.
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5. Presença de DM 0,001
Em relação ao uso dos serviços odontológicos, apenas 696 Sem DM 1637 (66,5) 629 1008
Com DM 826 (33,5) 261 565
indivíduos (28%) tiveram alguma consulta com dentista nos seis meses 6. Faixa etária p<0,001
20-40 89 (3,6) 82 7
anteriores à entrevista, sendo que 356 (14,3%) referiram consultar em 40-60 831 (33,5) 479 352
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
somavam 563 (22,7%) indivíduos. A dificuldade de mastigação foi Fonte: Elaborado pelos autores, 2013
relatada por 565 (22,8%) dos indivíduos, sendo que 1917 (77,2%) não
Foram calculadas a razão de prevalência bruta e
referiram ter dificuldades de mastigar nenhum tipo de alimento.
ajustada em relação ao número de dentes com as variáveis
Considerando a avaliação da saúde bucal como positiva sexo, faixa etária, presença de DM, classificação da Abep e
(excelente, muito boa e boa) e negativa (regular e ruim), 1497 (60,3%) escolaridade (Tabela 2). Pode-se perceber que as variáveis
a consideravam positiva, e apenas 983 (39,6%) consideravam sua classificação da Abep e presença de DM perderam força.
saúde bucal com sendo negativa Tabela 2. Razão de prevalências bruta e ajustada em relação ao número de
dentes (0 a 19 dentes e 20 dentes ou mais).
O número de dentes foi relacionado às variáveis conforme a Razão de prevalência Razão de prevalência
bruta (IC 95%) ajustada (IC 95%)
tabela 1. Encontrou-se relação significativa entre número de dentes e 10. Sexo
Feminino 1,17 (1,09-1,25) 1,13 (1,05-1,21)
as variáveis dificuldade de mastigação, tabagismo, presença de DM, Masculino 1 1
11. Faixa etária
idade, sexo, escolaridade e renda (Abep). Não foi observada relação 20-40 1 1
40-60 5,39 (2,63-11,01) 5,68 (2,63-12,24)
estatisticamente significativa entre número de dentes e a avaliação 60-75 9,37(4,60-19,09) 9,36 (4,35-20,15)
75-85 11,28 (5,53-22,98) 10,60 (4,92-20,85)
85-101 12,09 (5,97-24,65) 11,22 (5,19-24,26)
de saúde bucal positiva ou negativa. 12. Presença de DM
Sem DM 1 1
Tabela 1. Número de dentes presentes (de 0 a 19 dentes e 20 dentes ou mais) Com DM 1,11 (1,05-1,18) 1,06 (1,00-1,12)
13. C l a s s ific a ç ã o
relacionado às variáveis do estudo. Abep
N (%) Total 20 dentes Menos de Valor de p AeB 1 1
artigos
artigos
ou mais N 20 dentes N C 1,32 (1,20-1,44) 1,09 (1,00-1,18)
D e E 1,52 (1,37-1,69) 1,11 (1,00-1,23)
(%) (%) 14. Escolaridade
1. Avaliação da 0,074 4 .série do fundamental 3,67 (2,05-6,55)
a
2,71 (1,57-4,70)
Saúde Bucal incompleta
Positiva 1497 (60,3) 560 936 4a.série do fundamental 3,37 (1,89-6,03) 2,74 (1,59-4,71)
Negativa 983 (39,6) 333 649 completa
2. Dificuldade de p<0,001
Fundamental Completo 2,51 (1,40-4,51) 2,27 (1,32-3,91)
mastigação Médio Completo 1,92 (1,07-3,46) 1,93 (1,12-3,33)
Sim 565 (22,8) 136 429 Superior Completo 1 1
Não 1917 (77,2) 757 1158
3. Tabagismo 0,007 Fonte: Elaborado pelos autores, 2013
Nunca fumou 1303 (52,5) 483 818
Já fumou, mas parou 803 (32,4) 257 546
Fumante 376 (15,1) 153 223
4. Presença de HAS e 0,001 Discussão
DM
C3
Só HAS 1638 (66) 629 1008 Diversos estudos têm demonstrado que existe relação entre a
Só DM 160 (6,4) 61 98
HAS e DM 667 (26,9) 200 467 perda de dentes e as características socioeconômicas de indivíduos
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(JUNG, RYU, JUNG, 2011; HUNG, 2005; Al-SHAMMARI et al 2005). Além encontramos a relação entre saúde bucal e dieta. As pessoas com
de buscar esta associação, pesquisadores têm levantado dados menos dentes referem ter maior dificuldade de mastigação.
interessantes quando relacionam número de dentes e aspectos de
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
apenas a presença de dor. Problemas como doença periodontal foi significativamente menor entre os indivíduos com menos dentes.
ou ausência de dentes não causam dor, recebendo uma avaliação Concluíram que houve uma relação significativa entre a ingestão de
positiva por parte dos indivíduos. nutrientes, como minerais e vitaminas dos alimentos, e perda de dentes.
Este fato tem grande importância na população do presente estudo
Mulheres que têm poucos dentes possuem uma dieta não
que se mostra com grande perda dentária e presença de doenças
saudável quando comparadas a mulheres com 25 a 32 dentes, com
crônicas, como HAS e DM, que estão diretamente relacionadas a
diminuição na ingestão de frutas e vegetais, o que pode causar
alimentação.
um aumento no risco de doenças cardiovasculares. Sendo assim, a
C3
dieta pode explicar parcialmente a associação entre saúde bucal Segundo Hung (2003), existe uma relação temporal entre
e doenças cardiovasculares. (HUNG, 2005). Neste estudo, também perda dentária e alterações na dieta, o que aumenta o risco de
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desenvolvimento de doenças crônicas. Sendo assim, o estudo concluiu saúde oral e problemas vasculares, concluiu-se que o dentista deve dar
que avaliações na dieta e recomendações podem ser incorporadas um aconselhamento nutricional ajudando os pacientes a manter uma
nas visitas ao dentista, o que traria benefício aos pacientes (HUNG et dieta saudável após as extrações, sendo que deve-se contraindicar
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
de se estudar a saúde bucal nesta população. Estudos mostram que positiva pode estar relacionada a não ter mais dentes em boca. Estas
a perda de dentes também foi relacionada à presença de placa na extrações mutiladoras, que, muitas vezes, são vistas como “resolução
artéria carótida, onde a prevalência da placa é de 46% em pacientes dos problemas bucais”, trazem problemas sérios relacionados à
com 0 a 9 dentes perdidos e de 60% em pacientes com mais de 10 alimentação e qualidade de vida.
dentes perdidos (Desvarieux, 2003). Estudo que acompanhou uma
população durante 12 anos, observou que pessoas com 24 dentes ou
menos tinham maior risco de acidente vascular cerebral que aquelas Referências Bibliográficas
com 25 dentes ou mais (Joshipura et al, 2002). ALVES, C. ET al. Atendimento odontológico do paciente com diabetes
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C3
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292 293
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artigos
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Artigo 16
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
PLANTAS
Marcelo Melo Silva, Porto Alegre/RS 1
Dra. Luciane Kopittke, GHC, Porto Alegre/RS2
MEDICINAIS
RESUMO: O uso de plantas medicinais no cuidado em saúde é
uma prática milenar que vem sendo substituída por medicações
industrializadas. Este trabalho é uma revisão de literatura que investiga
o uso de plantas medicinais no cuidado em saúde dos usuários por
profissionais da Atenção Primária em Saúde (APS). Foi realizada busca
NA ATENÇÃO
nas bases de dados BVS, PubMed e SciELO utilizando os descritores:
medicinal plants, primary health care, family health strategy e health
services. Médicos e enfermeiros foram os profissionais mais estudados. A
maioria deles desconhece políticas sobre o uso de plantas medicinais.
PRIMÁRIA À
As plantas são pouco usadas na APS como uma forma de cuidado. A
falta de abordagem do tema Práticas Integrativas e Complementares
(PICs) na graduação e ausência de capacitações foram apontadas
como a principal causa da não utilização dessa prática.
Palavras Chave: Plantas Medicinais. Atenção Primária a Saúde.
SAÚDE: UMA
Estratégia Saúde da Família.
ALTERNATIVA NO
ALTERNATIVE IN HEALTH CARE
ABSTRACT: The use of medicinal plants in health care is a ancient
practice that has been replaced by industrialized medications. This
CUIDADO EM
paper is a literature review and aims to investigate the use of medicinal
plants in health care to users indicated by Primary Health Care (PHC)
professionals. A search was performed in BVS, PubMed and SciELO
databases, using the descriptors: medicinal plants, primary health
artigos
care, family health strategy and health services. Physicians and nurses
artigos
SAÚDE
were the most studied professionals. Most of them unknow the policies
of the use of medicinal plants. Medicinal plants are underused by
health professionals in PHC as care form. The lack of Integrative and
Complementary Practices (ICP) approach in undergraduate and the
absence of training were cited as the main cause to the non-use of this
do Sul (1998), Mestrado em Ciências Médicas pela Fundação Universidade Federal de Ciências da
Saúde de Porto Alegre (2004) e Doutorado em Ciências da Saúde, Atualmente é farmacêutica do
Serviço de Saúde Comunitária do Grupo Hospitalar Conceição, docente na Escola GHC, membro do
Centro de Pesquisa em Atenção Primária à Saúde (CEPAPS/GHC) e do NATS/GHC.
C3
296 297
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artigos
recomendou-se a incorporação, no Sistema Único de Saúde (SUS), gestores na sua implementação, bem como guia de orientações aos
das práticas de saúde como fitoterapia, acupuntura e homeopatia, profissionais na assistência.
contemplando as terapias alternativas e práticas populares. A Unidade Básica de Saúde (UBS) é o local em que profissionais
Recomendou-se, ainda, o incentivo a fitoterapia na assistência de saúde acolhem os usuários por meio da escuta ativa e presenciam
farmacêutica com participação da população na elaboração e relatos de experiências com a prática do saber popular, entretanto
normas para utilização (BRASIL, 2006a). deve-se realizar uma escuta sem impor o conhecimento científico
No ano de 2006 foram criadas a Política Nacional de Plantas
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artigos
o uso (ALVIM et al., 2006).
Sendo assim, é imprescindível que os profissionais de saúde
tomem conhecimento desse tema, afim de se prepararem para
abordar os usuários sobre a utilização das plantas medicinais no
cuidado em saúde.
Visto que o uso das plantas medicinais é uma prática milenar
utilizada pela civilização e o uso indiscriminado de medicação
alopática tem se tornado um problema de saúde pública, essa
C3
prática surge como uma opção no cuidado em saúde na atenção Fonte: Elaboração própria.
primária, onde os problemas tratados são mais sensíveis à utilização
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artigos
Quadro 2 - Informações dos artigos população.
Categoria Profissional Modalidade Local do Um estudo realizado com 21 enfermeiros coordenadores da
ID Tipo de Estudo
dos estudados do Serviço Estudo
Médicos,
UBS com Cascavel Atenção Básica ou enfermeiros indicados por estes, em 21 cidades
Enfermeiros, Auxiliar
A1 Qualitativo de Enfermagem
programa de e Foz do do RS, corrobora com esse levantamento, onde 17 enfermeiros
fitoterapia e Iguaçu -
e Técnica de
sem PR desconheciam a PNPMF (SOUZA, 2013).
Enfermagem
Coordenadores de US, Diferente do artigo A6, onde foi citada a resistência cultural
Enfermeiros, Médicos,
UBS com e sem Porto dos usuários como um dos impedimentos, o artigo A5 que abordou
A2 Qualitativo Nutricionista e área
ESF Alegre - RS
de graduação não práticas de cuidado à saúde de 12 camponesas (sendo 6 Agentes
especificada
C3
Cirurgiões dentistas, Serviços de Manaus - Comunitárias de Saúde) no interior do estado de SP, demonstrou que
A3 Etnobotânico
usuários e Raizeiros Saúde Pública AM essas práticas são valorizadas por essas usuárias e trabalhadoras.
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302 303
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O uso de plantas medicinais foi apontado como uma prática de A4, que analisou as ações de promoção à saúde e prevenção de
cuidado à saúde e as participantes ensinam e aprendem sobre o agravos realizadas pelo profissional farmacêutico, desenvolvidas em
cuidado nas relações entre elas. Também relataram com admiração grupos de usuários de uma Unidade de Saúde da Família da cidade
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
profissionais de saúde em cinco cidades do interior do estado do Rio pelos profissionais. No artigo A3, que teve como amostra 150 cirurgiões
de Janeiro. Este estudo apontou que 27% dos entrevistados julgam dentistas do sistema público de Manaus, mostrou que 90% deles não
que as terapias complementares não são seguras por provocarem se sentiram capacitados para aplicar essa terapia, pois diferente de
efeitos colaterais, sendo a razão de 41% dos profissionais entrevistados alguns estudos realizados com usuários, onde a maioria acredita que
não as indicarem. o uso de chás não traz malefícios a saúde (LOPES, 2015), os profissionais
Um método simples e de baixo custo que pode ser usado na de saúde reconhecem que essa prática necessita de estudo pois
APS para abordagem de um determinado tema com um número pode haver riscos à saúde quando não empregada corretamente.
maior de usuários, são os grupos de educação em saúde, prática que Em relação aos profissionais que prescrevem e indicam plantas,
C3
é incentivada pela PNAB. Esse método foi o tema abordado no artigo o artigo A1 investigou 10 profissionais de UBS no Paraná em relação
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a indicação de plantas medicinais e fitoterapia em seu trabalho. de maneira informal, onde muitas vezes os usuários recorrerem a
Apenas (2) dois profissionais tinham capacitação e prescreviam o benzedeiras, raizeiros, curandeiros, dentre outros.
uso de plantas para os pacientes, apontando ainda que a maioria Percebe-se que as plantas medicinais são utilizadas em alguns
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
0,9% citaram ter adquirido esse conhecimento com profissionais de Recomenda-se que haja uma reformulação nos currículos de
saúde. Percebe-se que nos estudos que abordam usuários sobre o graduação na área da saúde e que seja enfocado o uso de plantas
conhecimento das plantas, também revelam ser uma prática pouco medicinais, bem como outras PICs, visto que a ausência na graduação
difundida por profissionais de saúde. seguido da falta de capacitações dos serviços foi a maior dificuldade
Esse dado vai ao encontro dos artigos analisados, onde os apontada pelos profissionais.
profissionais de saúde por vezes utilizam chás em seu cuidado em
saúde, mas não as indicam aos usuários. Com a falta de suporte em Referências Bibliográficas
relação às plantas medicinais que os usuários encontram ao recorrer
C3
ao sistema oficial de saúde, esse cuidado é realizado, em sua maioria, ALVIM, N. A. T. et al. O uso de plantas medicinais como recurso
terapêutico: das influências da formação profissional às implicações
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306 307
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artigos
Escola de Enfermagem da USP, Ribeirão Preto, v.45, n.1, p.47-54, 2011.
DUTRA, M. G. Plantas medicinais, fitoterápicos e saúde pública: Um
diagnóstico situacional em Anápolis, Goiás. 2009. 112f. Tese (Mestrado
Multidisciplinar em Sociedade, Tecnologia e Meio Ambiente)-Centro
Universitário de Anápolis UniEVANGÉLICA.
FONTOURA, A. Utilização de medicamentos por gestantes em
atendimento pré-natal em uma maternidade do município de Ribeirão
Preto – SP. 2009. 121F. Dissertação (Mestrado). Faculdade de Ciências
Farmacêuticas de Ribeirão Preto – Universidade de São Paulo, Ribeirão
Preto.
GAIA, M.C.M. Saúde como prática da liberdade: as práticas de famílias
C3
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artigos
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Artigo 17
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
PREVALÊNCIA
do diagnóstico e rastreio, que atualmente não são padronizados,
dificultando o manejo clínico. O objetivo deste estudo foi medir
a prevalência e a severidade da anemia e anemia ferropriva em
gestantes. Estudo transversal retrospectivo, com avaliação de exames
DE ANEMIA EM
laboratoriais, em gestantes que foram internadas na unidade de alto
risco de um hospital público no período de seis meses. Foram incluídas
322 gestantes no estudo, a maioria adultas e brancas. A população
apresentou mais anemia (47,8%) do que anemia ferropriva (6,5%). O
GESTANTES?
número de mulheres anêmicas aumentou com o avanço da gestação.
A diferenciação da anemia é fundamental para um tratamento
precoce adequado.
Palavras-chave: Anemia. Anemia ferropriva. Gestação.
artigos
affect this population, therefore is necessary a differentiation between
anemia types through screening, which are not currently standardized,
hindering clinical management. This study aimed to measure the
prevalence and severity of anemia and iron deficiency in a sample
of pregnant women. A cross-sectional retrospective study evaluated
C3
312 313
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laboratorial exams of pregnant women admitted in a public hospital alteração da hemoglobina devido a depleção das reservas de ferro
in a six-month period.322 pregnant women were enrolled in the study,
predominantly white adults. The population developed more anemia (ÖZDEMIR, 2015).
(47.8%) thaniron deficiency (6.5%). It was observed that the number of A suplementação de ferro na gestação é indicada como medida
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
no diagnóstico e diferenciação da anemia, e pode estar instalada
mesmo antes da alteração da hemoglobina detectada por exame dificuldade no aprendizado, necessitando de maior período para seu
em amostra sanguínea (DARNTON-HILL, MKPARU, 2015). desenvolvimento intelectual (DARNTON-HILL, MKPARU, 2015; SAMIMI
Muitos pesquisadores avaliaram a prevalência da AF em et al., 2014). Ainda, a deficiência pode causar prematuridade, baixo
gestantes brasileiras levando em conta apenas o resultado da peso ao nascer, abortos e mortalidade materna (SAMIMI et al., 2014). O
hemoglobina (CORTÊS, LIRA, COITINHO, 2009). Nesses estudos custo médio, em estimativa de 10 países em desenvolvimento, gerado
detectou-se um aumento progressivo da anemia de acordo com o pela anemia por deficiência de ferro chega a 4,05% do Produto
período gestacional, sendo o último trimestre o período com maior Interno Bruto (PIB) desses países. Dessa forma, subestimar o impacto
número de gestantes anêmicas, com taxas de até 52,3%. Existem três desse déficit nutricional é um erro, pois segundo o Relatório do Banco
C3
estágios na deficiência de ferro, e apenas no último estágio ocorre a Mundial, em um ano, um milhão de pessoas vão a óbito devido à AF,
C3
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que está entre os 10 fatores de risco para doenças no mundo (THE Resultados
WORD BANK, 2004). Preencheram os critérios de inclusão no estudo 324 gestantes.
A severidade da anemia em uma população é classificada Dentre estas, houve duas perdas por exames incompletos, totalizando
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
2013; ABIOYE, 2016; WHO/UNICEF/UNU, 2001; BAIN, BATES, 2001, 19p). diagnóstico de anemia ferropriva e deficiência de ferro é recomendado
O período gestacional foi dividido em trimestres, conforme a idade o exame complementar da ferritina, porém, neste estudo, não foi
gestacional (IG): primeiro IG ≤13 semanas, segundo IG entre 14 e 27 possível realizar esta avaliação devido a ausência de solicitação desse
semanas, terceiro IG ≥28 semanas. exame na amostra estudada (OMS, 2013; RADLOWSKI, JOHNSON,
As variáveis quantitativas foram descritas por média e desvio 2013). Não foi encontrado outro exame de avaliação férrica. Para
padrão e as qualitativas por frequências absolutas e relativas. Para isso, foram utilizados os demais parâmetros hematimétricos, que,
avaliar associações utilizou-se o teste Qui-quadrado de Pearson. O segundo a literatura, auxiliam na identificação e exclusão dos tipos de
nível de significância adotado foi de 5% (p≤0,05) e as análises foram anemia (CHANDRA et al., 2012; SES-SP, 2010; TANER, 2016). Os achados
C3
realizadas no programa SPSS versão 20.0. apontam maior prevalência de anemia quando comparado com a
AF, contudo, esses resultados podem ter influência da suplementação,
C3
316 317
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além da ausência de exames que medem as reservas de ferro. saúde pública e de desenvolvimento econômico e intelectual das
No estudo de prevalência de anemia de Taner et al. mais de 40% populações, o impacto gerado pela anemia por deficiência de ferro
das mulheres estavam anêmicas, também, foi encontrado associação deve ser considerado na avaliação de custos para a implantação
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
ferro, garantindo melhor tratamento (CHANDRA et al., 2012; LOPEZ estudo demonstra que a anemia se agrava com o avanço da gestação,
et al., 2015). A recomendação do Colégio Americano de Obstetras apontando a necessidade de rastreio e maior diferenciação para a
e Ginecologistas é o rastreamento da anemia e a implementação suplementação de forma correta, pois o grau de inflamação também
de terapia com ferro se a anemia ferropriva é confirmada (SHORT, avança nesta fase. Sabendo dos potenciais fatores pró-oxidantes do
DOMAGALSKY, 2013). ferro, torna-se necessário acompanhamento laboratorial, bem como
Quanto aos custos dos exames para o diagnóstico da anemia, avaliação da alimentação para a melhor conduta.
juntos -hemograma completo e ferritina - podem custar em média 20
reais, segundo dados do Sistema de Gerenciamento da Tabela de
C3
C3
318 319
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artigos
Vínculo com USGHC* 139 (44,6) 18 – 28 85 84 0,204 11 158 0,925
Sim 10 (3,2)
Não 29 – 39 54 66 1 113
5 (1,6) >40 2 8
317 (98,4) Número de
Total 322 Gestações
*USGHC = Unidade de Saúde do Grupo Hospitalar Conceição 1 53 58 105 6
Fonte: Elaborado pelas autoras.
2 33 44 0,543 72 5 0,810
≥3 68 66 124 10
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322 323
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CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
C3
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Artigo 18
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
TRABALHO
Mirvana Martins Nascimento Xavier Pereira, Universidade Federal do
Piauí/PI 1
Ma. Desirée dos Santos Carvalho, GHC, Porto Alegre/RS.2
PARA UMA
Estratégia de Saúde da Família (ESF) no município de Porto Alegre.
Realizou-se levantamento bibliográfico e documental sobre a força
de trabalho recomendada e sobre as ações e serviços dos programas
e políticas prioritários considerando uma população de 2000, 3000 e
EQUIPE DA
4000 usuários por equipe, assim como, os dados do município para
análise de caso a partir de informações disponibilizadas em locais
de domínio público no período entre junho de 2015 e fevereiro de
2016. Os resultados apontam que a força de trabalho de médicos
ESTRATÉGIA
e enfermeiros para compor a equipe mínima de ESF sugerida pelo
Ministério da Saúde é insuficiente para desenvolver todas as ações
prioritárias recomendadas. Este estudo gerou resultados com potencial
para utilização como instrumento de planejamento de ações efetivas
a partir de uma realidade específica.
DE SAÚDE
Palavras-chave: Recursos Humanos em Saúde. Atenção Primária à
Saúde. Sistema Único de Saúde.
artigos
TEAM: PHYSICIANS AND NURSES
MÉDICOS E
ABSTRACT: The purpose of this study was to estimate the work force
of physicians and nursing staff necessary for a Family Health Strategy
(ESF-Estratégia de Saúde da Família) team, in the municipality of Porto
Alegre. A bibliographical and documental research carried out was
ENFERMEIROS
concern on the number of professionals needed to cover the actions
C3
326 327
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and services suggested in the current priority health public programs aspectos relacionados às ações e programas prioritários implantados
and policies, considering a population of 2000, 3000 and 4000 users per
staff, as well, public municipality data, between June 2015 and February nas ESF, o cumprimento de metas e o alcance dos indicadores de
2016. The results indicate that the work force of physicians and nursing saúde para realizar o planejamento da força de trabalho. Para tanto é
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
definido, e é responsável por, no máximo, 4.000 e, no mínimo, 2000
pessoas (BRASIL, 2013); sendo a média recomendada de 3000, e é A cidade de Porto Alegre, no Rio Grande do Sul, Brasil, foi escolhida
corresponsável no cuidado com a saúde desta população. Deve-se por ser o campo de atuação da pesquisadora durante a Residência
respeitar os critérios de equidade para essa definição. Recomenda- Integrada em Saúde, usando como base os dados populacionais do
se levar em conta o grau de vulnerabilidade das famílias do território Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) Censo 2010 (BRASIL,
para determinar o número de pessoas a serem atendidas por equipe, 2010) para estimar o público-alvo das ações prioritárias.
ou seja, “[...] quanto maior o grau de vulnerabilidade, menor deverá Porto Alegre conta com área total de 496, 684 Km², e densidade
ser a quantidade de pessoas por equipe” (BRASIL, 2012, p. 55). demográfica de 2.837,53 hab/Km². Possui uma população de
C3
Nesta perspectiva, também é necessário levar em consideração 1.409.351 pessoas, sendo composta por 653.787 (46,39%) homens e
755.564 mulheres. O município conta com 53 unidades Básicas de
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328 329
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Saúde (UBS), 7 centros de saúde e 107 equipes – Unidades de Saúde propostos em publicações oficiais do MS ou literatura. Alguns parâmetros
da Família (2010). Segundo dados do Departamento de AB do MS, em para o dimensionamento foram propostos pela pesquisadora, a partir
janeiro de 2016, a capital do RS contava com 178 ESF implantadas, de fundamentação teórica desenvolvida em outros municípios e
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
Em casos específicos como o rastreamento para Câncer (Ca) • Nº de procedimentos (P): número de procedimentos
artigos
de Colo Uterino e para o rastreamento de Ca de mama, ao invés de necessários para atender as necessidades de saúde conforme
12 meses, foi realizada a divisão pela periodicidade recomendada o programa ou política preconiza;
para o exame. No caso do rastreamento de Ca de colo de útero foi
• Tempo de procedimento em horas (T): Tempo que leva
dividido por, 36 meses, pois depois de dois resultados bons, pode se
para fazer cada procedimento em horas;
repetir o exame a cada três anos. No caso do rastreamento do Ca de
mama, foi dividido por 24 meses, pois este deve ser realizado a cada • Horas de trabalho necessárias para os programas
dois anos (BRASIL, 2015). pesquisados (ideal) (HN): Tempo x número de procedimentos.
Estimar através de cálculos matemáticos simples, quantas horas
C3
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330 331
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ou 4000 pessoas de uma ESF de Porto Alegre. Fonte: Elaborada pelas autoras com base nos dados do Censo IBGE 2010, no
documento ¨Parâmetros SUS¨, nos dados do SINASC 2013 e no protocolo da AB:
Saúde das mulheres. O somatório da população dividida por grupos não totaliza o
Os dados coletados foram tabulados em planilha eletrônica
somatório geral da população, uma vez que aqui foram descritos procedimentos
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
Diabéticos de médio risco 37.310 Censo IBGE 2010
de risco habitual).
Diabéticos de alto risco 18.655 Censo IBGE 2010
Diabéticos de muito alto risco 3.731 Censo IBGE 2010 No que se refere a realização da consulta do puerpério, o Guia
Gestantes 20.726 SINASC 2013 de apoio tomada de decisão para o acolhimento com identificação
Gestantes de risco habitual 17.617 SINASC 2013
de necessidades das Unidades de Saúde da Atenção Básica de
Hipertensos 231.429 Censo IBGE 2010
Hipertensos de baixo risco 97.572 Censo IBGE 2010 Porto Alegre sugere para organização da construção das agendas
Hipertensos de risco moderado 81.000 Censo IBGE 2010 dos profissionais da US, que este atendimento seja realizado como:
Hipertensos de alto risco 57.857 Censo IBGE 2010
Mulheres de 25-64 anos
Consulta de enfermagem pais-bebê, a cada 60 minutos, tendo em
419.252 Censo IBGE 2010
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332 333
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artigos
e avaliar os exames previstos no protocolo assistencial local (BRASIL,
3 (BRASIL, 2015).
2013).
Para o atendimento das crianças de 0 a 12 meses calculou-se
Sugere-se um respaldo maior para o profissional enfermeiro,
4 consultas de enfermagem para RN com peso ≥ 2,500g e 6 consultas
como a criação de protocolos específicos para o atendimento de
de enfermagem para RN com peso < 2,500g a cada 30 minutos. Serão
diabéticos e hipertensos, o que não existe até o momento em Porto
necessários para este atendimento dedicação de 10,20 horas/mês
Alegre. Por isso, todas os atendimentos individuais para esses grupos
de enfermeiro. Para o atendimento de crianças de 12 a 24 meses e 1
foram programados para categoria médica, somando 54,82 horas por
consulta de enfermagem, serão necessárias 2,40 horas de dedicação
mês.
C3
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e o rastreamento é uma estratégia relevante no combate a esta demanda imediata, supervisão e gerenciamento. Justifica-se a
doença, de baixo custo e fácil de ser desenvolvida na AB. Para esta utilização de mesmo parâmetro para ambos os profissionais uma vez
ação calculou-se 2 procedimentos, considerando que o rastreamento que o município recomenda que as construções das agendas tenham
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
para atividades no território, participação em reuniões de equipe, imediato, equilibrando-se assim esta divisão em 50%, visto que os dois
atendimentos domiciliares e 20% para ações educativas, capacitações, profissionais devem permanecer como apoiadores durante todo o
dentre outras atividades demandas pelo serviço (BRASIL, 2015). horário de funcionamento da US.
Este parâmetro foi adaptado em proposta realizada pelo Foi acrescido ao total de horas semanais encontradas para
presente estudo, distribuído em porcentagem da carga horária ambos os profissionais, um Índice de Segurança Técnica (IST) de
semanal, sendo 20% para atividades no território, reuniões de equipe, 15%, pois todas as demandas foram calculadas para o atendimento
atendimento domiciliar para ambos os profissionais, 10% para aos usuários acontecer em todos os meses do ano por enfermeiro
C3
atividades e ações educativas, capacitações, entre outras, atividades e médico. Sem IST, algum atendimento ficará comprometido no
demandadas pelo serviço e; 50% para atividades de acolhimento, momento em que um profissional encontrar-se em atestado médico,
C3
336 337
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licença e férias. Enfim não é possível manter uma US acolhedora, com Pré-natal (gestantes
risco habitual POA) 17617 3 0,5 3,13 4,69 6,25
50% dos profissionais de nível superior em férias, por exemplo, o que
Consulta de puerpério 8809 1 1 1,04 1,56 2,08
ocorre pelo menos uma vez ao ano. Consulta de
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
a seguinte fórmula: População/2.000 (BRASIL, 2013). Importa destacar
Tabela 3. Atividades relacionadas ao médico
que a qualificação da AB deve ser uma preocupação das três esferas
de governo. Equipes que atendam a uma população muito grande, Horas de Trabalho Necessárias/
Médico
mês
provavelmente encontram dificuldade em realizar ações preventivas
Pop. Nº Tempo
e de promoção da saúde, foco da ESF. Atividades Pop/2000 Pop/3000 Pop/4000
alvo proc. proc.
Pré-natal (gestantes risco
Tabela 2. Atividades relacionadas ao enfermeiro. habitual POA) 17617,00 3,00 0,30 1,88 2,81 3,75
Consulta de puerpério 8809,00 1,00 1,00 1,04 1,56 2,08
Consulta médica para
Horas de Trabalho Necessárias/mês crianças de 0 a 12 meses
C3
(RN com peso ≥ 2,500g) 19068,00 3,00 0,30 2,03 3,04 4,06
Enfermeiro Consulta médica para
Pop. Tempo crianças de 0 a 12 meses
Atividades Nº proc.. Pop/2000 Pop/3000 Pop/4000
alvo proc. (RN com peso < 2,500g) 1658,00 7,00 0,30 0,41 0,62 0,82
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338 339
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artigos
Carga horária
semanal 42 47 52 delas competências específicas no desenvolvimento de ações, que
Carga horária
semanal + IST devem ter como prioridade a promoção e a prevenção da saúde,
15% 63 71 78
Fonte: Elaborada pelas autoras com base no Censo do IBGE 2010, nos Parâmetros com vistas a descentralização da gestão destes serviços. Assim,
SUS, no SINASC 2013, no protocolo da AB: Saúde das mulheres, no Guia de apoio à
tomada de decisão para o acolhimento com identificação de necessidades das ratifica-se a importância do planejamento das ações cada vez mais
Unidades de Saúde da Atenção Básica de Porto Alegre e no Dimensionamento de descentralizadas e regionalizadas para atender as necessidades de
Recursos Humanos para o Sistema Único de Saúde de Campinas: Atenção Básica.
saúde da população assistida com qualidade.
Identifica-se que a força de trabalho de médicos e enfermeiros de qualidade da AB, auxiliando no planejamento e avaliação da
para compor a equipe mínima de ESF sugerida pelo MS, levando em
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340 341
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artigos
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Departamento de Atenção Básica. Diretrizes para o cuidado
das pessoas com doenças crônicas nas redes de atenção à
saúde e nas linhas de cuidado prioritárias. Brasília, 2013.
BRASIL. Ministério da Saúde. Protocolos da Atenção Básica:
Saúde das Mulheres [recurso eletrônico] / Ministério da Saúde,
Instituto Sírio-Libanês de Ensino e Pesquisa – Brasília: Ministério
da Saúde, 2015.
BRASIL. Ministério da Saúde. Histórico da cobertura de Saúde
C3
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342 343
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Nº de consultas/
ano (2) - (Média
por paciente/
Anexo 1. Demonstrativo do caminho percorrido para chegar aos dados das tabelas 2 e 3 para ano- para Diabéticos: 6,9% da população de 18
Consulta médica/
a população de Porto Alegre, RS, Brasil. diagnóstico e Médico
solicitação
0,3h
anos e mais. Estrato de Risco médio
de Exames Diabéticos=. 50% dos diabéticos
acompanhamento
de patologia 1081.443: 74.620= 37.310
Parâmetros de
Parâmetro para o clínica x Nº de
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
0,5/0,3h
Consulta de Nº de consultas/ anterior + proporção de nascimentos enfermagem médico realização de população geral – estimativa nacional.
enfermagem para ano (1) x Nº de não registrados - número de óbitos busca ativa / 14.094
Enfermeiro 0,5h diagnóstico.
crianças de 12 a 24 crianças de 12 ocorridos no período neonatal (=
meses a 24 meses Nascidos vivos × fator correção sub 01 coleta de
registro × 0,98) 20.311 Rastreamento Câncer Enfermeiro / material para exame Mulheres de 25 a 64 anos. 419252 ÷ 2=
Nº de consultas/ 0,5h/0,3h
colo do útero médico Citopatológico/3 209626
ano (2) - (Média anos
por paciente/
ano- para Diabéticos: 6,9% da população de
Consulta médica/ Rastreamento Ca de Enfermeiro / Mulheres entre 50 e 69 anos. 164303 ÷2
solicitação 18 anos e mais. Estrato de Risco Baixo 01mamografia/2
0,5h/0,3h
diagnóstico e Médico 0,3h Mama médico anos. = 82152
de Exames Diabéticos=. 20% dos diabéticos
acompanhamento
de patologia 1.081.443: 74.620= 14.924
clínica x Nº de Porcentagem
diabéticos de da carga
Atividades no território,
risco baixo. horária
reuniões de equipe, Enfermeiro 8h/semana População adstrita
semanal. 20%
atendimento domiciliar
de 40horas
C3
semanais
Porcentagem
Atividades de
da carga
acolhimento e
horária 20h/
demanda imediata, Enfermeiro População adstrita
semanal. 50% semana
supervisão e
de 40horas
gerenciamento
semanais
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Atividades e Porcentagem
ações educativas, da carga
capacitações, entre horária
Enfermeiro 4h/semana
outras, atividades semanal. 10%
demandadas pelo de 40 horas População adstrita
serviço semanais
Porcentagem
da carga
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
C3
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artigos
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Artigo 19
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
COSTURANDO
RESUMO: Este artigo faz uso da cartografia como instrumento de
pesquisa em razão da subjetividade da proposta de mapear a história
do acesso a uma unidade de saúde da zona norte de Porto Alegre em
seus 30 anos de existência, mesmo tempo de vida do Sistema Único
de Saúde (SUS) do Brasil. O acesso à unidade de saúde, ou seja, aos
NARRATIVAS
cuidados com a saúde, ocorre diariamente e de maneira dinâmica,
envolvendo personagens, trabalhadores e usuários, cujas histórias de
vida se mesclam, e a construção dos processos de trabalho é permeada
pelo afeto. Com a adoção da cartografia como metodologia, foram
ACERCA DO
realizadas entrevistas com cinco trabalhadores e quatro integrantes
da comunidade de modo a se promover o mapeamento das histórias
de vida e captar nos rastros das falas, as narrativas, a percepção de
como foi sendo construído, ao longo dos anos, o acesso a essa unidade
ACESSO A UMA
de saúde. Os dois anos de participação ativa nesse contexto, em
contato direto com o objeto do estudo, tornou propícia a construção
de um saber teórico em conjunto com a coleta de dados embasada
por uma sensibilidade reflexiva. Ao costurar essas narrativas, pude
conversar e pensar sobre temas variados, como acesso, acolhimento,
UNIDADE DE
atenção domiciliar, afeto, cuidado, processo de trabalho, equipe
multiprofissional, levantamento epidemiológico, interferências políticas
e econômicas no processo de trabalho da equipe, adoecimento,
morte, prevenção e reabilitação, que se constituem em aspectos
SAÚDE DE PORTO
importantes no dia a dia da unidade de saúde pesquisada.
PALAVRAS-CHAVE: Acesso aos Serviços de Saúde. Atenção Integral à
Saúde. Cartografia.
ALEGRE
COSTURING NARRATIVES ABOUT ACCESS TO A HEALTH UNIT
artigos
artigos
OF PORTO ALEGRE
C3
350 351
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the construction of work processes is permeated by affection. With the Alegre, costurando narrativas de usuários e trabalhadores sobre
adoption of cartography as methodology, were carried out interviews esse tema. Acesso, segundo o Dicionário da Língua Portuguesa,
with five employees and four community members to promote mapping
of life stories and capture in the tracks of the lines, the narratives, the significa aproximação, chegada, entrada, admissão, alcance.(
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
e recuperação da saúde. Essas ações que norteiam o SUS são interativa que inclui o envolvimento e o relacionamento entre as partes,
desenvolvidas de acordo com as diretrizes previstas no artigo 198 da compreendendo acolhimento como escuta do sujeito e respeito
Constituição Federal e obedecem a princípios como: universalidade por seu sofrimento e história de vida. Se por um lado o “cuidado em
do acesso, integralidade, preservação da autonomia e igualdade da saúde”, seja dos profissionais ou de outros relacionamentos, pode
assistência (BRASIL,1990). diminuir o impacto do adoecimento, por outro a falta de “cuidado”
A universalidade do acesso determina, segundo Weber (2006), – ou seja, o descaso, o abandono, o desamparo – pode agravar o
uma verdadeira revolução na maneira de lidar com os direitos dos sofrimento dos pacientes e aumentar o isolamento social causado
cidadãos brasileiros. Este presente texto tem como objetivo pensar pelo adoecimento.
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no acesso a uma unidade básica de saúde, do município de Porto Um dos diferenciais do SUS está na integralidade do cuidado
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desse indivíduo/família que acessa, que busca atenção e uma acesso do usuário naquele momento?; (d) Como se deu esse acesso
resposta ao seu sofrimento para além de sua condição biológica. ao longo dos anos e como está agora, sob o seu ponto de vista?; (e)
Se você tivesse a oportunidade de gerenciar, de definir esse acesso,
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artigos
a ajuda da comunidade. O posto, desde então, oferece atividades
usuários: (a) Desde quando o(a) senhor(a) utiliza o serviço de saúde
de promoção, prevenção, atividades curativas e de reabilitação
da unidade pesquisada?; (b) Como se deu seu acesso à unidade de
aos indivíduos e às suas famílias. Durante a entrevista, o senhor
saúde ao longo desses anos de existência?; (c) O senhor(a) se lembra
Palmeira, um dos usuários entrevistados, pegou algumas fotografias
da primeira vez em que foi a unidade de saúde? Como foi? Quem o
que guarda com carinho em uma escrivaninha de sua sala e mostrou
recebeu?; (d) Onde estava situada a unidade de saúde?; (e) Como é
imagens de médicos, da equipe, da unidade antiga e da construção
o seu acesso neste momento?; (f) O que o senhor(a) faz para obter o
da unidade atual. As fotografias guardadas por 30 anos ilustram a
cuidado de saúde?
narrativa emocionada dos momentos que marcaram a construção
Aos funcionários foram feitas as seguintes perguntas: (a) Desde
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se entrelaçavam e se faziam vida população. Segundo os entrevistados, essa incorporação foi fruto de
um acordo estabelecido entre o Grupo Hospitalar Conceição (GHC)
Sobre o Acesso Naquele Tempo e a Prefeitura de Porto Alegre em troca de medicamentos:
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artigos
“Mil pessoas não eram moradores” (Sra. Camomila). Esse problema
continua presente, como pode ser constatado no relato de uma das
Outra moradora expressa um outro ponto de vista sobre o que
trabalhadoras entrevistadas:
“A gente está sempre trabalhando essa coisa dos fora de área, mas muito acontece na unidade: “O atendimento é muito bom, só que o pessoal
a gente sabe e muitos a gente não faz nem ideia e continua atendendo. abusa e quem tem necessidade mesmo não consegue marcar uma
Eu sou meio frouxa nisso... Eu sei que essa pessoa não tem outro lugar pra
procurar e, se a gente não der o atendimento, o que ela vai fazer? Pessoas consulta” (Sra. Amora).
que não estão mais aqui e a gente atende, porque essas pessoas não têm Em relação ao conceito de necessidade vis-à-vis, o da
pra onde ir.” (Sra.Tulipa)
demanda por serviços, segundo Sancho e Kurokawa (2013, p.379),
representa outro acontecimento que promoveu o crescimento da 2 Dados de documentos buscados na unidade de saúde pesquisada e dados atuais
fornecidos por uma Agente de Saúde Comunitária dessa unidade.
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ainda representa um dilema para os decisores da área da saúde. de se proceder à vigilância em saúde. O trabalho assim realizado, além
Jesus & Assis (2010,p.164), citando Giovanella & Fleury, entendem de aproximar os profissionais dos diferentes núcleos, possibilita, com as
que a relação oferta/demanda pode ser entendida como a relação discussões de casos, que todos participem do processo do cuidado,
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artigos
uma psicóloga, uma assistente social, duas auxiliares de serviços aglutinadoras e abriam suas portas para que o encontro dos grupos,
gerais, treze agentes comunitários de saúde, um vigilante, três como o grupo do desabafo que era coordenado por uma agente
residentes de medicina, duas residentes de nutrição, duas residentes de saúde. Neste momento os grupos existentes fazem suas reuniões
de odontologia, duas residentes de psicologia, duas residentes de dentro da própria unidade de saúde.
serviço social e seis estagiários, sem contar os apoios matriciais em O fluxo de agendamento para os diferentes profissionais da
Nutrição, Medicina Interna e Psiquiatria. Alguns destes profissionais equipe varia de acordo com o que o núcleo profissional considera mais
têm contrato temporário, desta forma o número de profissionais se adequado. Pessoas cadastradas no Programa Hiperdia (hipertensão
modifica com frequencia. e diabetes), gestantes e crianças em puericultura têm suas consultas
O território é dividido em áreas de Vigilância, estratégia bastante reservadas nas agendas de seus(suas) médicos(as). Os idosos podem
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interessante por possibilitar um trabalho interdisciplinar com o objetivo agendar por telefone das 17 às 18 horas nas sextas-feiras.
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Segundo os entrevistados, sempre foi grande o número de não é nada agradável dizer não, porque eu sei que a pessoa
não está ali me procurando por uma bobagem, ela está ali
idosos: atualmente (2016) são 2.261 idosos com mais de 60 anos, 457 porque realmente precisa.”(Sra Jasmim)
com mais de 80 anos e 90 com mais de 90 anos. Evidentemente,
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E o afeto?
artigos
artigos
O sentimento de não atender a todos que precisam.
São 30 anos de convivência com muitos moradores da
O sentimento de frustração ficou evidente em muitos relatos dos
comunidade onde está situada a unidade de saúde. Alguns profissionais
trabalhadores entrevistados, por não conseguirem ser resolutivos em
estão presentes desde o início dos atendimentos, assim como alguns
muitas das demandas das pessoas/famílias que os procuram, apesar
moradores. Suas vidas transcorreram lado a lado, com casamentos,
de todo esforço e empenho da equipe em atender a todos, como
filhos, formaturas, netos, separações, óbitos, doenças, vínculos...
pode ser observado nos relatos abaixo:
“Às vezes a gente tem que dizer um não para o paciente, Vínculo que atravessa gerações:
mas não é um não, não, é escutar o que o paciente precisa “Esses dia eu atendi uma mãe e uma criança, e ela tinha
e tentar entender como a gente pode ajudar ele mesmo se mudado e voltou. Então eu atendi a criança, e ela
que efetivamente a gente não possa fazer aquilo naquele disse: ah, Doutora, a senhora não deve se lembrar de mim,
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ficou vinculada. Os pacientes se vinculam muito. Tem um ou O afeto, segundo os relatos e as observações pessoais nesses
outro que não se acerta e tem esse direito.” (Sra.Rosa)
dois anos de convivência com a equipe, foi sendo construído ao
longo desses 30 anos e ensinado aos profissionais que vão chegando.
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artigos
“Eu cansei de ver os profissionais médicos, no final de seu saúde comunitária porque nós somos uma comunidade,
turno, depois de atender os pacientes, ligar para para dizer nós equipe e nós comunidade. Nós todos somos uma
que iriam sair de férias, mas deixar um encaminhamento..” comunidade., Tudo faz parte desse mesmo processo, e é
(Sra.Jasmim) um processo vivo. Não é um processo estruturado, direitinho,
cheio de regrinhas escrito na parede e que a gente vai fazer
O afeto aparece nos mínimos detalhes: exatamente aquilo que tá ali...”(Sra. Jasmim)
“Tem um grupo de pessoas que se esforça mesmo, realmente,
para tentar melhorar a vida dos outros, em cada coisinha Os fluxos e os processos de trabalho foram se adaptando às
que a gente faz, mesmo que seja uma coisinha boba, como
preparar uma festinha no dia do idoso e fazer decorações necessidades sempre que era preciso:
com balões. Isso é uma preocupação da equipe com a “...a gente está diariamente num processo de construção,
saúde das pessoas também, com o bem-estar, com as olhando criticamente pro que a gente está fazendo,
pessoas se sentirem bem no ambiente.”( Sra.(Jasmim) revendo, repensando e se adaptando às modificações que
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“Nós, Graças a Deus, temos o postinho, que é maravilhoso.” estão acontecendo na nossa comunidade, no nosso cenário
(Sra. Amora) político, no cenário econômico. Tudo interfere no nosso
andamento, no nosso processo de trabalho.” (Sra. Jasmim)
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A vida da comunidade se mescla à vida da equipe, à nossa Actas Saúde Coletiva.[Online]. 2013, vol.7,n.2, p.204.
vida, nos transformando a cada momento, e é preciso se deixar MINISTÉRIO DA SAÚDE. CONSELHO NACIONAL DE SAÚDE. Carta dos
contaminar, se deixar misturar. A condução do processo de coleta de Direitos dos Usuários da Saúde. 3ª edição. Série E. Legislação de Saúde.
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artigos
DICIONÁRIO de Português on line.
DICIONÁRIO DA EDUCAÇÃO PROFISSIONAL EM SAÚDE . Fundação
Oswaldo Cruz. Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio.Rio de
Janeiro-RJ. 2009.
JESUS, W. L. A.; ASSIS, M. M. A. Revisão sistemática sobre o conceito de
acesso nos serviços de saúde: contribuições do planejamento. Rev.
Ciência & Saúde Coletiva.[Online]. January 2010, vol.15, n.1, pp.161-
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Artigo 20
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ANÁLISE DA
Dr. Cristianne Maria Famer Rocha, UFRGS, Porto Alegre/RS3
SAÚDE NA MÍDIA:
saúde e produção de subjetividades, sendo objeto de pesquisa deste
artigo. Como intenção principal, procurou-se responder de que modo
a mídia tem veiculado as notícias referentes à saúde, em um jornal
de circulação diária. A metodologia utilizada foi a quanti-qualitativa
RELAÇÕES
com análise descritiva e identificação de temáticas, títulos e atores,
em série-histórica. Dentre os principais resultados, aparece a temática
Saúde no Mundo com maior frequência de veiculação, assim como
os títulos positivos, os quais totalizam 213. Referente aos atores, há um
destaque para a Administração Pública Direta e Indireta e para a
DE PODER E
categoria médica como sujeito ativo, enquanto os usuários-cidadãos
assumem papel de sujeitos passivos das ações.
Palavras-Chave: Comunicação. Mídia. Saúde.
PRODUÇÃO DE
HEALTH ANALYSIS IN THE MEDIA: POWER AND SENSE
PRODUCTION RELATIONS
SUMMARY: The media is a production space of various health conditions
SENTISO
and production of subjectivities, being object of research for this article.
As main intention, tried to answer how the media has broadcasted the
news regarding health, in a daily newspaper. The methodology used
was qualitative with quantitative descriptive analysis and identification
of themes, titles and actors in historical series. Among the main results,
artigos
artigos
the World Health theme with higher frequency of publication, as well
as the positive bonds, which amount to 213. For the actors, there is an
emphasis on the direct and indirect public administration and for the
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medical category as subject active, while the users-citizens assume saúde, constituíram-se estratégias econômicas e ideológicas. A partir
role of taxable persons.
de 1945, a interface comunicação-saúde passou a assumir caráter
Keywords: Communication. Media. Health. mais heterogêneo, sendo cada vez mais associada a um conjunto
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
implicações com outros setores e áreas da atividade humana.
instrumentos”. A segunda, por sua vez, refere-se aos “modos pelos quais
A comunicação está presente no campo da saúde o conceito de saúde é apropriado, veiculado, mediado e posto em
durante toda a trajetória da gestão pública brasileira, devendo circulação pelas várias mídias em nosso país” (XAVIER, 2006, p.43 e 44).
ser considerada como processo das políticas de saúde (FAUSTO-
A saúde divulgada pela mídia tem sido relacionada ao consumo
NETTO, 1995). Em uma retrospectiva histórica, Cardoso (2003) refere
condicionado pelo acesso a produtos/serviços que produzem saúde
que, na década de 1920, marcada por importantes transformações
(PITTA, 1995). Nas palavras de Coelho e Fonseca (2007, p. 66), a saúde
no pensamento médico-sanitário, a comunicação começou a ser
é, pois, objeto de consumo no qual “contamos com o poder de
utilizada com o intuito de promover a mudança de comportamento
persuasão das ideias de prazer e de felicidade que são constantemente
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e Biz (2005, p. 61-62) afirmam que a mídia exerce uma influência já Com vistas a responder ao seguinte problema de pesquisa: “de
impregnada onde “o que existe, o que tem valor, o que traz resposta, que modo a mídia tem veiculado as notícias referentes à saúde?”, o
o que legitima e dá densidade significativa ao nosso cotidiano. objetivo geral se constituiu em analisar as notícias que versaram sobre
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
interpretação subjetiva da própria autora sobre as palavras que
No entanto, aquele generaliza estes, reelaborando-os de forma
os compunham, considerando seu significado, bem como pela
descontextualizada e destituída de identidade (SERRA; SANTOS, 2003).
sensação que elas provocaram para a pesquisadora, ou seja, ao
Nesse sentido, salienta-se a importância de um olhar sobre que remeteram e a que pensamentos se ligaram. Notícias positivas
os discursos midiáticos, no campo da saúde, dada a potência geraram sensações boas, uma vez que provocaram a ideia de união,
com que têm de produzir efeitos de verdade. Assim, o presente mobilização e ação em prol de um bem maior. Negativas, por sua
trabalho aponta para a importância dos meios de comunicação vez, geraram pensamento de decepção, preocupação e incerteza.
como determinantes de saúde e sua influência na construção Enquanto as nulas não induziram a pensamentos específicos,
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de subjetividades, assumindo, papel fundamental nas políticas tendo em vista que tiveram como caráter maior neutralidade.
públicas de saúde e, por conseguinte, na gestão em saúde.
Por fim, agruparam-se as matérias em temáticas
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artigos
e sua relação com o trabalho, judicialização, greves;
da pesquisa abordou os dois meses anteriores à campanha eleitoral,
• Contaminações: prevalência e incidência de casos de variadas
o mês em que ocorreu e o subsequente.
doenças;
O Gráfico, a seguir, detalha as quantidades de matérias por
• Campanha Política: propostas de campanha, relacionadas ao
temática e por mês.
tema, dos candidatos às eleições.
Resultados
Distribuição das matérias
A distribuição das 591 matérias, objeto desta pesquisa, relativas aos
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Figura 2: Total de temáticas/mês novembro cai significativamente. Semelhante explicação pode se dar
para Reclamações, com a diferença de que há crescimento e posterior
estabilização em outubro e novembro, meses que correspondem ao
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O mês de outubro foi o que vinculou maior número de notícias Classificação das notícias: positivas, negativas e nulas
referentes à saúde, sendo 176, seguido do mês de novembro, com A análise dos títulos em Positivo, Negativo e Nulo, de cunho interpretativo
147, agosto, com 139, e setembro, com 129. Tal fato demonstra que da autora, tal como indicado anteriormente, gerou o gráfico a seguir:
não houve um padrão linear no quantitativo de notícias veiculadas.
Figura 3: Análise dos títulos
Como é possível observar, a temática Saúde no Mundo pode
ter ocorrido em maior número no mês de outubro, considerando o surto
de ebola. Tal situação se manteve no mês de novembro em que ainda
emergiam casos de ebola. Os meses de agosto e setembro, por sua
vez, não tiveram tal possível fator influenciador em grau acentuado.
Campanhas de Saúde apresentou maior número de notícias no mês
de outubro, seguido do mês de novembro, o que pode ser relacionado
artigos
artigos
às incisivas Campanhas Outubro Rosa e Novembro Azul. Em VISA/SS,
percebe-se queda significativa nos meses de setembro e outubro,
com aumento acentuado no mês de novembro.
A temática Investimentos tem maior percentual no mês
de agosto, com importante queda e se estabilizando nos meses
de setembro, outubro e novembro, fato que demonstra que, com
a proximidade das eleições, veicularam-se menos matérias de
Fonte: Elaborado pela autora
promoção da situação. Quanto a Capacitações/orientações, o
aumento gradual nos meses de agosto, setembro e outubro pode ter
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os nulos (209), fato também evidenciado mês a mês. Títulos nulos Federação Nacional das Escolas Particulares; Sindicato das
possuem interpretação singular, tendo em vista que, quando se fala, Instituições de Ensino Privado do RS; pesquisadores.
faz-se de algum lugar e com alguma intenção. Apesar de serem mais • Ministério Público: enquanto órgão independente e autônomo.
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
• Administração Pública Indireta: Autarquias (Anvisa, ANS, IPE); “Projeto orienta gestantes” em que as gestantes nada mais são do
Fundações; Instituições Filantrópicas; Coordenadores de Serviços. que receptoras da ação, sujeitos passivos, uma vez que quem realiza
• Organizações prestadoras de serviço de saúde: ONGs; o projeto são profissionais de saúde, enquanto as gestantes recebem
Associações; voluntariado; Liga Feminina de Combate ao Câncer; as orientações como espectadoras.
Instituto Oswaldo Cruz; Sindicato dos Hospitais e Clínicas de Porto
Alegre. Considerações Finais
• Instituições privadas de saúde: Hospitais privados (Hospital Mãe A mídia, enquanto instrumento da comunicação, exerce
de Deus, São Lucas da PUC, Ernesto Dorneles); Centro Integrado diariamente poder sobre seu público, reproduzindo discursos e
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de Emergências Médicas (Ciem); Unimed. perpetuando práticas socioculturais. Neste processo, há a substituição
• Instituições públicas e privadas de ensino/pesquisa: Universidades;
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de maneiras de comunicar, indutoras de novas percepções, da saúde vigente. Psicologia & Sociedade, Belo Horizonte, v. 2, n. 19,
concepções e relações. p. 65-69, 2007.
Especificamente relativo ao objeto de pesquisa, os títulos das FAUSTO-NETO A. Percepções acerca dos campos da saúde e da
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
BASTIANI, G. A saúde feminina na mídia, Porto Alegre. (Monografia SÁNCHEZ, F. M. Os meios de comunicação e a sociedade.
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Graduação em Comunicação e Cultura da Escola de Comunicação, Oswaldo Cruz, 2011.
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Artigo 21
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
DE INTERNAÇÃO
sentido referente ao momento em grupo realizado na internação
oncológica com atividades lúdicas recreativas, realizadas por uma
equipe multidisciplinar de residentes no período de hospitalização,
DA ONCOLOGIA/
na internação adulta Onco-hematológica do Hospital Nossa Senhora
da Conceição de Porto Alegre. Os dados foram obtidos através de
entrevista semi-estruturada em pesquisa qualitativa, e interpretados
através da Análise de Conteúdo de Bardin, no mês de maio de 2015.
RESIGNIFICANDO ESTE ABSTRACT: The present study aimed to analyze the production of
meaning related to the moment in a group performed at the oncologic
artigos
team of residents during the hospitalization period, at the adult onco-
hematological hospitalization of the Hospital Nossa Senhora da
Conceição de Porto Alegre. The data were obtained through a semi-
structured interview in qualitative research, and interpreted through
the Bardin Content Analysis, in the month of May, 2015. It was identified
that the participation of the activities performed in a group provides
a break in the routine and interaction between the patients, among
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other evidenced items. HNSC – Hospital Nossa Senhora Conceição/ POA, que de acordo com
KEYWORKS: Group. Oncology-hematology. Meaning production. a Portaria nº 741 de dez./2005 é normatizado enquanto um UNACON33
- Unidade de Assistência de Alta Complexidade em Oncologia,
CORPO - ARTES - EDUCAÇÃO - MODA - CULTURA - SAÚDE
artigos
durante este difícil período em suas vidas, com a luta contra o câncer?
A interação com os demais pacientes internados, o convívio e Despertados estes questionamentos fundamentou-se este
a troca entre os mesmos, o vínculo estabelecido e reforçado com problema em projeto de pesquisa. Através do levantamento de
a equipe multidisciplinar auxiliam nestas sequenciais internações que referencial teórico pouco se observa sobre o lúdico no ambiente
representam alterações significativas em suas vidas. hospitalar voltado ao público adulto, no entanto evidenciou-se nesta
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reflexão que o ato de interagir, estar em grupo fugindo da dura rotina As categorias identificadas nas entrevistas foram analisadas e
hospitalar, vem ser de grande valia para os pacientes internados na consideradas com referencial teórico pertinente, contribuindo para
oncologia, independente da idade, sexo ou contexto social. tal reflexão.
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artigos
Após a realização das entrevistas individuais, com autorização
grupo, o sujeito nº 04 coloca que:
para áudio estas foram transcritas de forma integral, sendo as respostas A gente sai do leito, brinca, a gente ri. Conhece outras
categorizadas em Núcleos de Sentidos de acordo com a frequência pessoas dá vontade de ir de novo, com as brincadeiras a
gente pode se divertir, no inicio da internação não dava
das palavras/ sentido da mensagem que foi transmitida. Sendo esse pra ir, era só as quimioterapias, achava que só tinha isso...
o... tinha que ter mais grupo vezes na semana, pode aumentar
o tempo em 15 min. meia hora.... quando vê já são 16 horas,
objetivo a análise de conteúdo: dar visibilidade às 17 horas ... nós sai aliviado. (sujeito nº 04)
representações e significados que estão presentes na
comunicação, tal se deve ao fato da análise de conteúdo
partir do pressuposto de que os textos podem nos dizer muito 5 O paciente neutropênico está mais predisposto a adquirir infecção, seja por bactérias
ou por fungos.
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De acordo com o exposto, evidencia a importância de sorrir, No decorrer das atividades alguns sujeitos sentiam-se a vontade
alegrar-se em um ambiente tão hostil quanto o hospital. Ao mesmo de participar do momento em grupo, no entanto não da atividade
tempo os sujeitos passam a se dar conta de algumas limitações e desenvolvida, gostavam e tinham a liberdade de estar presente
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intensa esta necessidade de espairecer, interagir com outras pessoas, Refletindo sobre a vivência no grupo enquanto equipe
sentir-se pertencente a este espaço e mais do que isso sentir que este multiprofissional e coordenadores das atividades, é despertado um
espaço lhe pertence também. sentimento de desafio em elaborar atividades que contemplassem
artigos
artigos
Através das colocações dos sujeitos é possível visualizar este o momento de descontração com atividades variadas pensando
movimento, como quando em sua fala surge, por exemplo, que: nas necessidades dos usuários respeitando sua cultura e limitações.
Vai para espairecer, pra ficar mais tranqüilo, não fico Visando a integralidade dos sujeitos que
pensativo... Foi bom, foi bom porque a gente pega e se
diverte bastante e sai um pouco fora do ar, né? Daquela Os profissionais de saúde devem levar em conta no momento
preocupação do dia a dia, assim do dia a dia do hospital. de sua atuação, que a fase de hospitalização não é um
Não sei se os outros hospitais tem...mas deveria ter, porque mero momento de instituição hospitalar, esta fase repercute
pelo menos a pessoa, ele não fica depressivo. Porque o várias esferas na vida do paciente, o que pode se configurar
ruim é que fica depressão, e a pessoa ela quer dispersar o como fator desencadeante para emergência de transtornos
pensamento, ela tem motivo pra seguir. Então tendo uma emocionais. As emoções e sentimentos dos pacientes
coisa assim, a depressão ela vai, ela some, vai se divertir hospitalizados dizem muito do seu processo de adoecer e
um pouco, sai fora daquele ritmo, vai pra outro ritmo. Eu
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Um desafio encarado com respeito e carinho o que A Profa. Dra. Marcia Regina Cubas (2012, p. 470) lembra que
proporcionava ao longo deste caminho uma formação de vínculos este é nosso desafio:
entre equipe e usuário/família, facilitando o processo de hospitalização
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artigos
Mesmo em espaços aparentemente mais áridos, onde o
que se tem para oferecer é, não raro, o sofrimento e a dor,
cuidado conforme um olhar ampliado em saúde.
também a afetividade, a empatia, a compaixão, o gostar Contemplar esta atividade que ocorre na unidade de internação,
fazem-se presentes e preenchem os interstícios do mundo
do hospital. Se, a principio parecia-nos que a vivência da
questionando seu sentido vem a ser um movimento a fim de qualificar
hospitalização seguia uma lógica mecânica, pautando-se cada vez mais este momento, valorizando iniciativas como estas em
apenas na divisão de um mesmo exíguo espaço com outras
pessoas estranhas, outra foi no entanto a face que nos foi
outras unidades hospitalares, reafirmando que o cuidado em saúde
apresentada. vai além da doença e sim olhar de forma integral ao sujeito e sua
família que a vivenciam de forma intensa.
Considerando o acima apresentado reflete-se que promover
A potencialidade deste espaço se descreve através dos sujeitos
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para interagir com os demais não se vendo como único com este Quimioterápico e seus Familiares. Revista Brasileira de Cancerologia
diagnóstico; distraindo e relaxando; quebrando o ritmo da rotina 2012; 58(4): 619-627
hospitalar, fortalecendo seu processo de enfrentamento perante o PINHEIRO, Glícea Rodrigues; BOMFIM, Zulmira Aurea Cruz. Afetividade
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artigos
estamos falando? ISSN 0103-5150, Fisioterapia. Mov., Curitiba, v.25, N.3,
p.469-479, jul/set. 2012
GIULIANO, Renata Carolina; SILVA, Luciana Marcia dos Santos;
OROZIMBO, Nataly Manhães. Reflexões sobre o “Brincar” no Trabalho
Terapêutico com Pacientes Oncológicos Adultos. Psicologia Ciência e
Profissão, 2009, 29(4), 868-879.
MOTTA, Alessandra Brunoro; EMUNO, Sônia Regina Fiorim. Brincar
no hospital: Estratégia de enfrentamento da hospitalização infantil.
Psicologia em Estudo, MARINGÁ, v.9 n1, p.19-28, 2004.
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Artigo 22
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ALEITAMENTO
Dra. Margarita Silva Diercks, Porto Alegre/RS³
MATERNO:
aleitamento materno partindo da percepção das mães de uma
unidade de saúde de Porto Alegre-RS que introduziram outros alimentos
aos bebês antes dos quatro meses. Foi um estudo qualitativo descritivo-
exploratório, com entrevistas realizadas entre junho/julho de 2017, além
PERCEPÇÃO DAS
de revisão dos prontuários das famílias, obtendo uma amostra final
de quatro mães. Quanto a análise dos dados, usou-se a metodologia
de Bardin, 2011. Identificou-se 18 categorias empíricas agrupadas em
4 categorias de análise: o significado de “dar de mamar”; principais
dificuldades ao amamentar; tempo de aleitamento materno exclusivo
MÃES
e inclusão de outros alimentos; e rede de apoio: equipe de saúde e
família. As vantagens em amamentar são indiscutíveis, porém não se
pode culpabilizar as mães pela sua interrupção quando se conhecem
os múltiplos fatores envolvidos. O fato de amamentar exigir muito
tempo, tornando-se uma “tarefa desgastante”, pareceu ser algo
decisivo para a continuidade dessa prática, assim como a falta de
apoio paterno, familiares, equipe de saúde e escolas infantis.
Palavras-chave: Aleitamento Materno. Relações mãe-filho. Estudo
qualitativo.
artigos
ABSTRACT: Objective of knowing the difficulties found in breastfeeding
from the perception of the mothers of a health unit of Porto Alegre-
RS that introduced other foods to the babies before four months.
It was a descriptive-exploratory qualitative study, with interviews
conducted between June / July 2017, and a review of the families’
charts, obtaining a final sample of four mothers. As for the analysis of
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the data, we used the methodology of Laurence Bardin, 2011. We dificuldades para amamentar e, na maioria das vezes, quando vêm
identified 18 empirical categories grouped into 4 categories of analysis: para consulta de puericultura, já desmamaram e introduziram por
the meaning of “suckling”; major difficulties in breastfeeding; time
of exclusive breastfeeding and inclusion of other foods; and support conta outros alimentos à criança.
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artigos
Visando promover o aleitamento materno exclusivo até o sexto mês
Realizados telefonemas para reagendamento das entrevistas, ficaram
e complementar até os dois anos de vida, além de orientar acerca
marcadas em horário de almoço das mães, no entanto, nenhuma mãe
da introdução alimentar. São realizadas visitas domiciliares pelas
compareceu. A última tentativa foi visitar as mães sem agendamento
acadêmicas da UFCSPA e nutricionistas residentes do Programa da
para abordá-las pessoalmente. Do total da amostra, três mães foram
Saúde da Família e Comunidade do GHC, contando também com
contatadas e aceitaram participar. Uma mãe esteve na unidade
ACS. Sabe-se através destes dados, que das 29 crianças visitadas em
nesse período e aceitou participar.
2016, 15 desmamaram antes dos 4 meses.
A coleta de informações, realizada entre junho/julho-2017,
Mesmo com esse monitoramento, muitas mães “escapam”
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protocolo número 2004073. As entrevistas eram semi estruturadas, com Teve apoio do esposo Rede de apoio: equipe de saúde e
família
8 perguntas abertas e as respostas foram registradas por gravador Não teve apoio do esposo
de voz. Uma revisão dos prontuários das famílias complementou as
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familiar, presença ou não de intercorrências na gestação e/ou no Não teve apoio da equipe de saúde
Legenda: LM (leite materno); AME (aleitamento materno exclusivo); FI (fórmula
parto. infantil)
Na análise dos dados foi usada a metodologia de Bardin, 2011. Fonte: Elaborada pela autora.
artigos
tudo que o bebê precisa até os 6 meses de vida, até como proteção
Escola infantil não aceitar LM
AME por alguns dias Tempo de aleitamento materno contra várias doenças para ele e a mãe (BRASIL, 2010).
exclusivo e inclusão de outros
AME por três meses e meio alimentos
O estudo mostrou que as mães têm conhecimento sobre esses
Introdução de FI benefícios os quais são os primeiros a serem lembrados por elas:
Introdução de suco/chá/água/água de “Dar de mamar é a coisa mais importante que tem. Tanto no sentido da
aveia ou ameixa saúde do bebê, que vai de todas as prevenções que o leite materno ajuda e na
nutrição também, na alimentação dele… é uma coisa assim excepcional!” (M2)
“É muito importante né. Para a saúde do bebê, para aquele primeiro contato com
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“Ah eu acho muito importante por causa da aproximação do bebê com a mãe. têm nos cartazes uma forma de memorizar informações enquanto
Eu não tive neh, mas eu acho muito importante para aproximar”.(M4)
aguardam na sala de espera, e só aproveitam o que está mais
destacado chamando mais atenção.
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artigos
Fonte: http://www.radiocampoaberto.com.br, acesso em outubro/2017. mais prejuízos do que benefícios, em função de se organizar um
espaço de conflito e ansiedade. Nestes casos, isso poderia funcionar
Nas Campanhas de Aleitamento Materno divulgadas no país, o
como um dos elementos que contribuiriam para dificultar a prática
foco na maioria das vezes são os benefícios do aleitamento materno
da amamentação prazerosa, gerando condições desfavoráveis ao
para o bebê. Poucas vezes é lembrado o significado afetivo do ato
estabelecimento do tipo de vínculo necessário entre a mãe e o seu
de “dar de mamar”. Na figura 1 podemos observar através da frase:
bebê (WINNICOTT et al, 1994).
“Mais vida e proteção ao seu bebê”, onde o afeto, o primeiro contato
mãe-bebê, o vínculo e aproximação da mãe e a criança não são Principais dificuldades ao amamentar
citados. Os benefícios para a mãe, que são inúmeros, nem sequer
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são mencionados na Campanha. Na maioria das vezes, as pessoas Sobrecarga de tarefas/ter outros filhos: Em um estudo qualitativo
e descritivo, transversal, foram analisadas as alegações maternas para
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o desmame, através de entrevistas a 9 mães, no Hospital Universitário de Esse é um aspecto que pode acarretar uma sobrecarga às
Brasília em 2016 (CRUZ, 2016). Durante o processo de amamentação, mães, prejudicando não só questões relacionadas à amamentação,
é exigido das mães dedicação em tempo integral, pela oferta de mas também as outras atividades que a própria sociedade impõe.
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artigos
Essa dificuldade das mães em atender igualmente os dois filhos, introdução da fórmula infantil já no hospital. M3 é mãe de gêmeos,
foi percebida também na fala de M3, que sendo mãe de gêmeos um deles ficou internado na neonatal do Hospital por 3 meses, devido
e um deles ter sido internado por três meses, teve dificuldades em a prematuridade (37 semanas) e extremo baixo peso. M4 teve um
manter o aleitamento materno quando ambos estavam em casa. O afastamento não desejado pelo bebê ter contraído meningite ainda
fato de os dois necessitarem de leite materno, atrapalhou um pouco no hospital logo após ela ter tido infecção por conta da cesárea.
quanto à disponibilização deste para ambos:
Relatos de M3 e M4:
“O que foi mais difícil pra mim, é porque no começo até que tava tranquilo, depois
quando veio o outro, aí ficou mais complicado, porque aí os dois queriam mamar “O que ficou mais tempo no hospital, ele mamou mais quando veio pra casa,
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junto, aí apertou de vez. Acho que a produção de leite não foi suficiente pra os assim eu consegui fazer ele mamar mais, mas lá no hospital também eles davam
dois”. (M3) a fórmula, ele desde o primeiro dia ele já começou com a fórmula lá, ele colocou
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sondinha, não dava mamá nos primeiros dias e aí ele ficou”.(M3) que reforça a hipótese, estabelecida pelo senso comum, de que a
“O meu bebê teve meningite após o nascimento, ficou 20 dias no hospital, acho amamentação constitui uma expressão do amor materno. Sentimentos
que dar de mamar é muito importante por causa da aproximação do bebê com de realização e orgulho por ser mãe apareceram através das falas
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aí eu tive que entrar com a fórmula, disseram que não tinham como manipular
artigos
muito importante. Tudo que eu mais queria era ser capaz de amamentar meu
próprio filho. Mas não pude”. (M4) né. Tive que adequar uma fórmula que ela aceitasse na escolinha, então a gente
entrou com fórmula com três meses e meio”. (M1)
Na literatura os resultados são semelhantes aos encontrados
Assim como M1, outras mães introduziram a FI e outros líquidos
neste estudo. Um estudo quantitativo-qualitativo buscou caracterizar
de forma precoce aos seus bebês, pelos mais diversos motivos:
e analisar a percepção de mães, que amamentaram seus filhos até
que estes completassem seis meses de vida. A coleta de dados ocorreu “Um parou com três meses e não quis mais saber, porque começou a mamar
junto a FI, então queria só mamadeira. E o outro quando voltou da neo ainda dei
por meio de entrevista semi-estruturada, entre os meses de janeiro a mais um pouquinho, mas com 5 meses já não tava mais mamando. O médico
outubro/2006. Participaram do estudo 142 mães, em Piracicaba-SP. disse, vamos ter que intercalar porque eram dois gêmeos, daí a gente começou a
dar aguinha, cházinho, a FI. A primeira vez que eu dei o mamá, ele queria muito,
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Observou-se que 41 mães (40,6% da amostra) forneceram respostas muito e na mamadeira sai mais né, aí eu dava o peito e ele mamava, mas daqui a
que expressavam alguma forma de “realização e satisfação”, o pouco já estava com fome, aí a gente já dava a FI.” (M3l)
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“Já no hospital ele saiu tomando fórmula né, ele tava tomando a FI¹, e aí a FI¹ avaliadas no período peri-natal e em visitas domiciliares no primeiro,
começou a trancar ele e aí eu passei pra FI², a FI² também trancou ele, deu cólica
nele. Daí ele passou pra FI³ e também não se adaptou. Daí ele começou a se terceiro e sexto mês de vida, pesquisou a influência paterna na
adaptar com a FI4. Que foi só fórmula que eu dei mesmo, não tive condições de duração do aleitamento materno através da percepção das mães
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pra fora. Acho que faltou um pouco disso. Talvez poderiam me ajudar. E parece
artigos
bastante, foi que o meu marido não conseguiu os 5 dias de dispensa pra me
ajudar quando eu vim pra casa. Então eu vim pra casa sozinha, com o meu nenê que tem uma injeção também que se toma depois de quem faz cesárea, pra
e na realidade eu não sabia o que fazer porque eu nunca tinha tido filho e nunca descer o leite, que também não me deram, acho que poderia ter sido útil”.(M2)
tinha tido contato com criança pequena também, então eu não tinha experiência
nenhuma.” (M2) “Sim elas vieram. Elas vieram aqui, disseram assim: tenta intercalar com eles
mesmos, um mama no peito, aquele que mamou no peito o outro toma a FI, daí
depois faz o contrário.” (M3)
As que tiveram apoio valorizaram essa ajuda:
“Eu precisei de ajuda e eu procurei a unidade de saúde e eu fui recebida, fui
“Graças a Deus tinha bastante gente que tinha que ficar muito indo e voltando, ajudada, fui orientada, procurei mais de uma vez, nesse retorno pro serviço
tinha bastante gente, a minha mãe, a minha sogra, a minha cunhada. Tive eu recebi bastante ajuda, recebi receitas, recebi orientações importantes, eu
bastante mãos para me ajudar e apoio.” (M3) consegui me guiar e consegui passar pela fase crítica, recebi a ajuda necessária
né. Não foi a minha realidade não ter ajuda”.(M1)
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Mais importante que o início precoce e a frequência às Tabela 2: Resultados da análise dos prontuários de família.
consultas de pré-natal e puericultura é as atitudes dos profissionais,
consideradas como indicadores indiretos da qualidade da assistência. Dados do Prontuário M1 M2 M3 M4
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artigos
dos 6 meses (2 VD’s
A partir da análise do prontuário de família das participantes, EZ (UTI Neo realizadas)
natal):
conforme itens descritos anteriormente, também foram avaliados o
28 dias (FI +
número e descrição das consultas de puericultura realizadas, além AM misto)
depois só FI
de dados referentes ao aleitamento materno e introdução de outros (até 5 meses)
Legenda: DMG (Diabetes Mellito Gestacional); US (Unidade de Saúde); T. Bipolar
alimentos ao bebê. (Trantorno Bipolar; PA (pressão arterial); EP (gêmeo 1); EZ (gêmeo 2); AM (aleitamento
materno); FI (fórmula infantil); VD’s (visitas domiciliares).
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como fator preponderante à introdução precoce da alimentação do leite e uma lactação mais precoce e efetiva se o parto for vaginal,
complementar. Um estudo qualitativo, baseado no quadro conceitual pois o primeiro contato mãe-filho ocorre mais precocemente e não
da vulnerabilidade e do cuidado em saúde, utilizou grupos focais há o fator da dor incisional ou o efeito pós-anestésico da cesárea,
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artigos
materno em mulheres diabéticas. A corte demonstrou que a principal pois não houve saturação das informações, proporcionando que
razão referida pelas mães diabéticas para o desmame precoce foi a as singularidades de cada mãe fossem exploradas. A dificuldade
produção insuficiente de leite. A realização de partos cesarianos, o de obtenção da amostra foi uma limitação deste estudo, que pode
atraso na lactogênese pela glicemia flutuante da mãe durante e após demonstrar a dificuldade das mães externarem aspectos relacionados
o parto, a internação em unidades neonatais e risco aumentado para à amamentação.
infecções, são alguns dos fatores que podem reduzir a capacidade
Ressalta-se a importância de fortalecer o papel do ACS na
de mães diabéticas a amamentar (NEUBAUER et al, 1993; SOLTANI,
prevenção da introdução precoce da alimentação complementar
2008).
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encontradas no aleitamento materno, podendo assim, acionar a fatores de influência na sua decisão e duração. Revista Nutrição,
equipe de saúde quando necessário. Campinas, 19(5):623-630, 2006.
MARQUES, ES. et al. Mitos e crenças sobre aleitamento materno.
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