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Preparatório para o concurso do INSS – 2015 (CESPE) – Direito Administrativo!

Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública


Prof. Fabiano Pereira

Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública

Olá!

Fico muito feliz em saber que você deseja conhecer os “atalhos” para
garantir uma excelente produtividade na prova de Direito Administrativo do
concurso do INSS. Doravante, iremos estudar os principais tópicos da disciplina
em conformidade com as questões elaboradas pelo CESPE, banca que será
responsável pela elaboração das provas.
Em relação ao nosso curso, tente alcançar o máximo de produtividade.
Para isso, é necessário e imprescindível que você resolva todas as questões que
forem apresentadas, bem como envie para o fórum todas as dúvidas que
surgirem. Independentemente de sua experiência em concursos públicos
(iniciante ou profissional), aproveite a oportunidade para esclarecer todos
aqueles pontos que não foram bem assimilados durante a aula.
No mais, lembre-se sempre de que o curso está sendo desenvolvido para
atender às suas necessidades, portanto, as críticas e sugestões serão
prontamente acatadas, caso sirvam para aumentar a produtividade das aulas
que estão sendo ministradas.
Caso você ainda tenha alguma dúvida sobre a organização ou
funcionamento do curso, fique à vontade para esclarecê-las através do e-mail
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br.

Até a próxima aula!

Fabiano Pereira
fabianopereira@pontodosconcursos.com.br

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SUMÁRIO – Teoria Geral do Direito Administrativo

1. Conceito de Direito Administrativo .............................................. 03


1.1. Critério legalista ou exegético ......................................... 03
1.2. Critério do Poder Executivo ............................................. 03
1.3. Critério do serviço público ............................................... 03
1.4. Critério das relações jurídicas .......................................... 04
1.5. Critério teleológico ou finalístico ..................................... 04
1.6. Critério negativista ou residual ....................................... 04
1.7. Critério da Administração Pública .................................... 04

2. Função de governo e função administrativa ................................ 06

3. Fontes do Direito Administrativo ................................................ 10

4. Sistemas administrativos ........................................................... 13

4.1. Sistema do contencioso administrativo ........................... 13

4.2. Sistema de jurisdição única ............................................. 14

5. Regime jurídico-administrativo ................................................... 16

6. Resumo de Véspera de Prova – RVP ............................................ 19

7. Princípios do Direito Administrativo ............................................ 21

8. Questões comentadas .................................................................. 74

9. Relação de questões com gabaritos ........................................... 96

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1. Conceito de Direito Administrativo


São vários os critérios utilizados pela doutrina para conceituar o Direito
Administrativo, portanto, é necessário que você conheça as principais
características de cada um deles para responder às questões de prova:

1.1. Critério legalista ou exegético


Por esse critério, o Direito Administrativo era compreendido como
sinônimo de direito positivo, ou seja, um conjunto de leis administrativas
que regulam a Administração Pública de um determinado Estado.
Foram várias as críticas apresentadas contra esse critério, pois limitava o
Direito Administrativo a um conjunto de leis, desconsiderando os princípios, a
doutrina e a jurisprudência, que também integram o campo de abrangência
dessa importante disciplina.

1.2. Critério do Poder Executivo


Segundo o critério do Poder Executivo, o Direito Administrativo pode ser
conceituado como o conjunto de princípios e regras que disciplina a
organização e o funcionamento do Poder Executivo.
Por razões óbvias, esse conceito não conseguiu se fixar, pois é
incontroverso que os Poderes Legislativo e Judiciário também exercem
funções administrativas regidas pelo Direito Administrativo. É o que ocorre,
por exemplo, quando o Presidente de Tribunal de Justiça publica ato de
remoção de magistrado para outra comarca. Nesse caso, o procedimento será
regido pelo Direito Administrativo.
Ademais, é importante destacar que o Poder Executivo não se restringe
ao exercício de atividades administrativas, também exercendo funções
políticas ou de governo.

1.3. Critério do serviço público


Seguido por Duguit, Bonnard e Gastón Jèze, o critério do serviço público
restringia o Direito Administrativo à organização e prestação de serviços
públicos, não fazendo nenhuma distinção entre a atividade jurídica do Estado e
o serviço público, que é atividade material.

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Entretanto, é sabido que várias são as atividades finalísticas exercidas


pela Administração Pública, a exemplo do fomento, polícia administrativa e
intervenção administrativa, o que tornou esse critério insuficiente para a
conceituação do Direito Administrativo.

1.4. Critério das relações jurídicas


Define o Direito Administrativo como um conjunto de normas
responsáveis por regular as relações entre a Administração e os
administrados.
Apesar de ser defendido por Otto Mayer e Laferrière, trata-se de um
critério muito restritivo e incompleto, pois outros ramos do Direito também
regulam as relações entre os particulares e a Administração, a exemplo do
Direito Tributário, Direito Constitucional, Direito Penal, dentre outros.

(CESPE/Procurador – TC DF/2012) De acordo com o critério legalista, o


direito administrativo compreende o conjunto de leis administrativas vigentes no
país, ao passo que, consoante o critério das relações jurídicas, abrange o
conjunto de normas jurídicas que regulam as relações entre a administração
pública e os administrados. Essa última definição é criticada por boa parte dos
doutrinadores, que, embora não a considerem errada, julgam-na insuficiente
para especificar esse ramo do direito, visto que esse tipo de relação entre
administração pública e particulares, também se faz presente em outros ramos.
Assertiva considerada correta pela banca examinadora.

1.5. Critério teleológico ou finalístico


Esse critério apresenta o Direito Administrativo como o conjunto de
princípios e regras que disciplina a atividade material do Estado (atividade
administrativa) voltada para o cumprimento de seus fins coletivos.
Em que pese ter sido defendido inclusive por Oswaldo Aranha Bandeira de
Mello (com algumas ressalvas), esse critério associou o Direito Administrativo
aos fins do Estado, o que o tornou impróprio.

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1.6. Critério negativista ou residual


Tem por objeto as atividades desenvolvidas pela Administração Pública
para a consecução de seus fins estatais, excluindo-se as atividades legislativa
e judiciária. Também é insuficiente este critério, pois restringe o Direito
Administrativo à atividade a ser exercida.

1.7. Critério da Administração Pública


Pelo critério da Administração Pública, o Direito Administrativo pode ser
definido como um conjunto de princípios e regras que regulam a
Administração Pública.
No Brasil esse critério foi adotado por Hely Lopes Meirelles, que o utilizou
na elaboração de seu conceito de Direito Administrativo, que estudaremos na
sequência.

Não é comum você encontrar em provas questões versando sobre os critérios


utilizados para conceituar o Direito Administrativo. No mesmo sentido, também não
são comuns questões abordando o conceito de Direito Administrativo formulado pelos
principais doutrinadores. De qualquer forma, em respeito ao “princípio da precaução”,
aconselho que você conheça os mais relevantes para fins de concursos públicos.

A professora Maria Sylvia Zanella Di Pietro conceitua o Direito


Administrativo como “o ramo do direito público que tem por objeto órgãos,
agentes e pessoas jurídicas administrativas que integram a Administração
Pública, a atividade jurídica não contenciosa que exerce e os bens de que se
utiliza para a consecução de seus fins, de natureza pública”.
Perceba que a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro exclui do
âmbito do Direito Administrativo a regência de atividades contenciosas
da Administração Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa
está inserida no seu conceito de Direito Administrativo.

(CESPE/Arquiteto – Câmara dos Deputados/2012) De acordo com o


critério da administração pública, o direito administrativo é o ramo do direito
público que regula a atividade jurídica contenciosa e não contenciosa do Estado,
bem como a constituição de seus órgãos e meios de atuação. Assertiva
considerada incorreta pela banca examinadora.

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Por sua vez, José dos Santos Carvalho Filho afirma ser o Direito
Administrativo “o conjunto de normas e princípios que, visando sempre ao
interesse público, regem as relações jurídicas entre as pessoas e os órgãos do
Estado e entre este e as coletividades a que devem servir”.
O professor Hely Lopes Meirelles formulou o conceito de Direito
Administrativo mais explorado pelas bancas examinadoras, ao declarar que
esse ramo do Direito Público caracteriza-se como o “conjunto harmônico de
princípios jurídicos que regem os órgãos, os agentes e as atividades públicas
tendentes a realizar concreta, direta e imediatamente os fins desejados pelo
Estado”.
Sobre o conceito apresentado pelo saudoso professor, é necessário
esclarecer que as expressões que grifei trazem algumas repercussões para
efeitos de prova.
Primeiramente, é válido ressaltar que não está inserida no âmbito do
Direito Administrativo a atividade legislativa do Estado, já que abstrata (tem
por objetivo regular uma quantidade indeterminada de situações futuras que
se enquadrem nos termos da lei). O Direito Administrativo restringe-se às
atividades concretas (específicas), a exemplo da prestação de serviços
públicos, a construção de escolas e hospitais, a nomeação de aprovados em
concursos públicos, o exercício de polícia administrativa etc.
A atividade administrativa é também uma atividade direta, pois o
Estado é “parte” nas relações jurídicas de direito material e não precisa ser
provocado para agir (não precisa ser acionado por um particular para tapar
um buraco na rua, por exemplo). A Administração pode tapar o buraco
independentemente de solicitação do particular. Indireta é a atividade do
Poder Judiciário, pois necessita de provocação para que seja aplicada a um
caso em concreto (em regra, o Poder Judiciário somente atuará após a
propositura de eventual ação judicial).
Por último, lembre-se de que a atividade administrativa é imediata e,
portanto, de sua atuação fica afastada a atividade mediata do Estado, que é a
denominada “ação social” (atividade de traçar as diretrizes sociais que devem
ser seguidas pelo Estado), que incumbe ao Governo.

2. Função de governo e função administrativa

Será que existem diferenças entre as expressões “governar” e


“administrar”? Podemos considerá-las expressões sinônimas?

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Bem, eis uma dúvida que surge com muita frequência, mas que pode ser
facilmente dirimida.
Para responder às questões de prova, lembre-se sempre de que a função
de governo (também denominada de “função política”) não se confunde com
a função administrativa.
A primeira é responsável pelo estabelecimento de metas, objetivos e
diretrizes que devem orientar a atividade administrativa, sempre pautada no
texto constitucional e caracterizando-se por ser uma atividade soberana
(porque somente se subordina ao texto constitucional), de comando e
direção. São aquelas que se relacionam com a superior gestão da vida política
do Estado e que são essenciais à sua própria existência, a exemplo da
decretação de intervenção federal, a celebração de tratados internacionais, a
sanção ou veto a projeto de lei, entre outros. São atividades de comando,
coordenação, direção e planejamento.
A segunda (função administrativa) é atividade subalterna (de execução),
porque está inteiramente subordinada à lei e tem por objetivo simplesmente
executar as políticas públicas que foram traçadas pela primeira (função de
governo).
O Governo é exercido pelos poderes Executivo e Legislativo, que,
conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e diretrizes
que devem embasar a atuação da Administração Pública. O Poder Judiciário
não exerce função de governo, apesar de possuir a prerrogativa de controlá-
la, quando forem violados os limites constitucionais.
Como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso público,
preferencialmente aqueles que esbarram na remuneração de R$ 15.000,00
(quinze mil reais), vamos começar a “inventar” exemplos para que você possa
assimilar o conteúdo. Se você acertar a questão na prova lembrando-se do
exemplo, já estou satisfeito!
Exemplo: Analisemos a notícia abaixo, veiculada no site globo.com, em
03/03/2009, de autoria dos jornalistas Soraya Aggege e Catarina Alencastro.

“Desmatamento: Amazônia perdeu duas cidades do Rio em 6


meses

O desmatamento na Amazônia Legal atingiu pelo menos 2.639


quilômetros quadrados de agosto de 2008 a janeiro deste ano, o
equivalente a uma área superior ao dobro da cidade do Rio de
Janeiro. Os dados foram divulgados nesta terça pelo Instituto
Nacional de Pesquisas Aeroespaciais (Inpe)”.

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Ficou assustado com a notícia? O Presidente da República também.


Sendo assim, no ano de 2009 ele convocou uma reunião extraordinária com o
Ministro do Meio Ambiente e com o Presidente do Congresso Nacional para
discutir a elaboração de políticas públicas com o objetivo de reduzir o nível de
desmatamento na Amazônia.
Na reunião, ficou acertado que o Poder Executivo enviaria para o
Congresso Nacional um projeto de lei criando regras mais restritivas ao
desmatamento na Amazônia, bem como proposta de criação de mais 2.000
(dois mil) cargos públicos de fiscalização perante os órgãos e entidades que
integram o Sistema Nacional do Meio Ambiente. Por outro lado, o Poder
Legislativo assumiu o compromisso de aprovar o referido projeto.
Pergunta: Na reunião acima, diante dos “acordos” e das decisões que
foram tomadas, colocou-se em prática a função de governo ou a função
administrativa?
É lógico que a função de governo! Mas por quê? Porque foram apenas
estabelecidas diretrizes e políticas públicas para reduzir o índice de
desmatamento. Até agora, a conversa está só na vontade, na teoria. Ninguém
ainda colocou em prática as novas propostas com o objetivo de realmente
diminuir o índice de desmatamento.
Pergunta: Quem vai para o interior da floresta fiscalizar se os
madeireiros estão cortando árvores ilegalmente? O Presidente da República, o
Ministro de Estado ou Presidente do Congresso Nacional?
Nenhum deles! O Presidente da República e o Ministro do Meio Ambiente
(Poder Executivo), juntamente com o Presidente do Congresso (Legislativo),
são responsáveis apenas por elaborar e aprovar as políticas públicas de
combate ao desmatamento, conforme lhes autoriza a Constituição Federal
(função de governo).
Por outro lado, quais serão os órgãos e entidades responsáveis por
executar as políticas públicas que foram estabelecidas pelo Governo,
fiscalizando o cumprimento da referida lei quando esta entrar em vigor e
começar a produzir os seus efeitos?
A Administração Pública, através da função administrativa, ou seja,
de seus órgãos e entidades incumbidos de atividades de execução. No
exemplo apresentado, ficará sob a responsabilidade do IBAMA, bem como dos
demais órgãos e entidades de proteção e fiscalização do meio ambiente, a
missão de “colocar a mão na massa” para “fazer valer” a lei que foi
“pensada” e aprovada pelo governo.

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3. Fontes do Direito Administrativo

Segundo o dicionário Larousse da Língua Portuguesa, o vocábulo fonte


significa ”lugar em que continuamente nasce água”; “princípio, origem, causa”.
Nesse contexto, ao estudarmos as fontes do Direito Administrativo, iremos ao
encontro dos instrumentos que respaldam, estruturam e originam esse célebre
ramo do Direito Público.

3.1. Leis
A lei é a mais importante fonte do Direito Administrativo brasileiro, sendo
considerada uma fonte primária. Nesse caso, a expressão “lei” deve ser
entendida em sentido amplo, abrangendo as normas constitucionais, os
atos normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal
(emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas
provisórias, leis delegadas, decretos e resoluções), os tratados e acordos
internacionais, os estatutos e regimentos e, ainda, os denominados atos
normativos secundários (os atos administrativos editados por agentes
públicos, a exemplo dos decretos regulamentares, portarias, instruções
normativas, entre outros).
A Administração Pública deve sempre observar os mandamentos previstos
nesses instrumentos normativos para exercer a atividade administrativa.
Qualquer conduta administrativa exercida sem amparo legal é, no mínimo,
ilegítima, e, portanto, deverá ser anulada pela própria Administração ou pelo
Poder Judiciário.
Existem autores que somente consideram como fontes do Direito
Administrativo as normas constitucionais e os atos normativos primários, ou
seja, aqueles que encontram amparo no texto constitucional, a exemplo das
espécies legislativas previstas nos artigos 59 e 84, VI da CF/88.
Entretanto, apesar de tal entendimento, as bancas examinadoras têm
optado por considerar qualquer ato normativo, seja primário ou secundário,
como fonte do Direito Administrativo.
É claro que existem matérias que devem ser disciplinadas exclusivamente
por lei formal (aprovada pelo processo legislativo previsto na Constituição
Federal), a exemplo do que ocorre quando a Administração visa interferir na
esfera de atuação dos particulares ou, ainda, quando a Constituição Federal
expressamente a requer.

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Por outro lado, caso a Administração tenha por objetivo regular questões
administrativas internas ou desenvolver atividades que não restrinjam
liberdades individuais, poderá se valer dos atos normativos secundários (atos
administrativos).

3.1.1. Tratados e acordos internacionais


Não restam dúvidas de que os tratados e acordos internacionais, quando
versarem sobre matérias afetas à Administração Pública, também serão fontes
do Direito Administrativo.
A Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção, por exemplo,
impõe aos seus signatários (inclusive o Brasil) a obrigatoriedade de adoção de
vários instrumentos de controle da Administração Pública, além da
necessidade de criação de outras medidas que aumentem a transparência dos
gastos públicos e atos praticados por servidores.
A Convenção foi assinada em 9 de dezembro de 2003, na cidade de
Mérida, no México, tendo sido posteriormente ratificada pelo Decreto Legislativo
nº 348, de 18 de maio de 2005 , e promulgada pelo Decreto Presidencial nº
5.687, de 31 de janeiro de 2006.

3.2. A jurisprudência
Podemos conceituar a jurisprudência com o conjunto reiterado de
decisões dos Tribunais, acerca de um determinado assunto, no mesmo
sentido. É válido esclarecer que várias decisões monocráticas (proferidas por
juízes de primeira instância, por exemplo) sobre um mesmo assunto, proferidas
no mesmo sentido, não constituem jurisprudência. Para que tenhamos a
formação de jurisprudência, é necessário que as decisões tenham sido
proferidas nos Tribunais.
No Direito brasileiro, a jurisprudência não possui efeito vinculante, ou
seja, não obriga o órgão judiciário de instância inferior a decidir nos moldes do
entendimento jurisprudencial do Tribunal. Mesmo existindo um conjunto de
decisões proferidas anteriormente pelo Tribunal, em um mesmo sentido, o juiz
de instância inferior pode decidir em sentido contrário, pois é livre para formar
o seu convencimento.
É necessário que você tenha muita atenção para não confundir
jurisprudência com súmula. A primeira, conforme afirmado anteriormente,
trata-se de um conjunto de decisões, no mesmo sentido, sobre um mesmo
assunto (exemplo: atualmente, existem várias decisões do Superior Tribunal

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de Justiça declarando que o candidato, desde que aprovado dentro do número


de vagas disponibilizadas no edital, possui direito líquido e certo à nomeação,
portanto, trata-se de jurisprudência), não possuindo caráter vinculante.
Já a segunda (súmula) é o enunciado que resume o entendimento de
um Tribunal a respeito de matéria que ele já tenha discutido reiteradas vezes,
não restando mais divergência a respeito. No caso dos candidatos aprovados
dentro do número de vagas, já seria perfeitamente possível a edição de uma
súmula pelo Superior Tribunal de Justiça, pois não existe mais discussão acerca
da existência do referido direito. Entretanto, a referida súmula ainda não foi
criada, restando apenas a jurisprudência para socorrer o candidato.
Atenção: Com a promulgação da EC 45/04, o Supremo Tribunal Federal
passou a ter a prerrogativa de editar súmulas vinculantes, com respaldo no
artigo 103-A da Constituição Federal de 1988. As súmulas vinculantes diferem
das súmulas “simples”, pois as primeiras, que somente podem ser editadas
pelo Supremo Tribunal Federal, devem ser obrigatoriamente obedecidas
pelos juízes de instâncias inferiores, ao contrário das súmulas “simples”, que
servem apenas de “orientação”, não possuindo cunho obrigatório.

3.3. Os costumes
O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais,
não escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a
consciência de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do
Direito Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou
deficiências existentes em nossa legislação administrativa.
Os costumes não podem ser admitidos se violadores da legislação vigente
(contra legem). Sobre os costumes praeter legem (além da lei), ainda que
admitidos em algumas situações especiais, não criam normas impostas
obrigatoriamente aos agentes públicos. Pode ser que atualmente uma
determinada atividade administrativa esteja sendo exercida com base em
costume, o que não impõe a obrigatoriedade de sua manutenção para casos
futuros, já que a lei pode substituí-lo a qualquer momento.

(CESPE/Fiscal da Receita Estadual – SEFAZ AC/2009) Os costumes são


fontes do direito administrativo, não importando se são contra legem, praeter
legem ou secundum legem. Assertiva considerada incorreta pela banca
examinadora.

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3.4. Doutrina
A doutrina representa a opinião dos juristas, cientistas e teóricos do
Direito sobre a melhor interpretação ou possíveis interpretações das normas
administrativas. Tem a função de esclarecer e explicar o correto conteúdo
das leis, bem como influenciar a própria criação de novas leis.
Trata-se de fonte secundária do Direito Administrativo, sendo muito
utilizada para suprir as omissões ou deficiências das leis, que, não raramente,
apresentam um alto grau de complexidade, principalmente se analisadas pelo
cidadão leigo.

3.5. Princípios gerais do direito


Os princípios são postulados fundamentais universalmente reconhecidos
no mundo jurídico, sejam eles expressos ou implícitos. Também são
considerados fontes do Direito Administrativo, já que servem de fundamento e
de base para a criação da própria legislação administrativa, conforme
estudamos na sequência.

4. Sistemas administrativos
Com o objetivo de fiscalizar e corrigir os atos ilegítimos ou ilegais
praticados pela Administração Pública, foram desenvolvidos dois grandes
sistemas de controle que podem ser adotados pelos Estados, em todos os níveis
de governo (esfera federal, estadual, distrital e municipal): o do contencioso
administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário
ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês).

4.1. Sistema do contencioso administrativo ou sistema francês:


como o próprio nome declara, esse sistema nasceu na França, em 1790. Nos
países que adotam esse sistema (o que não acontece no Brasil), existe uma
dualidade de jurisdições. De um lado encontra-se a jurisdição
administrativa, encarregada de resolver os conflitos e demandas de interesse
da Administração; de outro, o Poder Judiciário, encarregado de solucionar os
demais litígios surgidos no seio da sociedade e que não representem interesse
direto da Administração.
No sistema do contencioso administrativo, os atos praticados pela
Administração Pública sujeitam-se, exclusivamente, à jurisdição especial
administrativa que, na França, possui como órgão supremo o Conselho de
Estado. Nesse caso, as demandas de interesse da Administração são resolvidas

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internamente, dentro da própria Administração. São raras as situações nas


quais as demandas de interesse da Administração poderão ser analisadas pelo
Pode Judiciário, sendo possível citar: a) demandas provenientes de atividades
públicas de caráter privado; b) demandas que se refiram à propriedade privada;
c) conflitos que envolvam questões de estado e capacidade das pessoas e de
repressão penal.
As decisões proferidas no contencioso administrativo, a exemplo do que
ocorre no Poder Judiciário, também fazem coisa julgada material, tornando-
se insuscetíveis de recursos.

É muito comum você encontrar em provas questões referindo-se ao “Conselho de


Estado Francês”, principalmente no tópico sobre “sistemas administrativos”.
Mas o que é esse Conselho?
O Conselho de Estado Francês é órgão encarregado de decidir, em última instância, as
matérias administrativas que envolvem a Administração Pública francesa. Apesar de
não integrar a estrutura do Poder Judiciário, este não poderá rever as decisões
proferidas pelo Conselho, cujas decisões também são consideradas definitivas.

No Brasil, não existem órgãos administrativos dotados de competências


semelhantes às do Conselho de Estado Francês, já que as decisões
administrativas podem ser revistas pelo Poder Judiciário. Assim, deve ficar
bem claro que o sistema do contencioso administrativo não é adotado no
âmbito da Administração Pública brasileira.

4.2. Sistema de jurisdição única ou sistema inglês: Também


conhecido como sistema judicial, caracteriza-se pelo fato de que todos os
litígios surgidos no âmbito social, sejam de interesse da Administração ou
exclusivamente de particulares, podem ser solucionados pela justiça comum
(Poder Judiciário). É o sistema adotado no Brasil.
A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 5º, XXXV, declara
expressamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”.

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Sendo assim, mesmo que a Administração já tenha proferido decisão


sobre uma determinada matéria (aplicação de uma penalidade a servidor
público, imposição de multa a particular, revisão de processo administrativo
etc.), é assegurado àquele que se sentir prejudicado recorrer ao Poder
Judiciário para discutir novamente a questão.
Exemplo: Imagine que um particular tenha sido multado pela suposta
prática de infração de trânsito. Nesse caso, se o particular não concordar com a
multa aplicada, poderá escolher entre recorrer administrativamente ou, então,
ingressar com uma ação judicial diretamente no Poder Judiciário, sem sequer
ter passado antes pela esfera administrativa.
No Brasil, apenas o Poder Judiciário possui a prerrogativa de proferir
decisões irrecorríveis, com força de coisa julgada material. Nenhuma
decisão proferida pela Administração possui caráter definitivo em relação aos
particulares, que podem ainda provocar o judiciário com o objetivo de alterar a
decisão administrativa que não lhes tenha sido favorável.
O mesmo não ocorre com a Administração Pública. Quando esta confere
na esfera administrativa um direito ao administrado, não pode,
posteriormente, pelo mesmo ou outro órgão, recorrer ao Poder Judiciário com o
objetivo de ter a sua própria decisão anulada, operando-se, assim, o que a
doutrina denomina “coisa julgada administrativa”.
Sendo assim, se um direito é legitimamente concedido ao particular, após
devido processo administrativo, não poderá a Administração acionar
posteriormente o Judiciário com o objetivo de ter a sua decisão modificada.
Isso seria um grande contra-senso, um absurdo e geraria uma inaceitável
insegurança jurídica para o particular que, mesmo após ter conseguido decisão
favorável da Administração em processo administrativo, ainda correria o risco
de ter aquela decisão revista a pedido da própria Administração, contudo
agora no Poder Judiciário.

Como não poderia ser diferente, o CESPE também já abordou o


tema em suas provas diversas vezes, a exemplo do que ocorreu no
concurso para o cargo de Analista Judiciário do Tribunal Regional
Eleitoral da Bahia, realizado em 2010, oportunidade na qual considerou
incorreta a seguinte assertiva: “Como exemplo da incidência do princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional relativos aos atos administrativos no
ordenamento jurídico brasileiro, é correto citar a vigência, entre nós, do sistema
do contencioso administrativo ou sistema francês”.

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5. REGIME JURÍDICO-ADMINISTRATIVO

Na execução de suas atividades administrativas, a Administração Pública


pode submeter-se a dois grandes regimes jurídicos: de Direito Público ou de
Direito Privado.
Nos termos do artigo 173 da Constituição Federal de 1988, quando o
Estado estiver explorando diretamente atividade econômica (que somente será
permitido quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a
relevante interesse coletivo), submeter-se-á ao regime próprio das
empresas privadas, inclusive quanto aos direitos e obrigações civis
comerciais, trabalhistas e tributários.
Nesse caso, ao relacionar-se juridicamente com os particulares, a
Administração não gozará das prerrogativas (também denominadas de
“privilégios) que são concedidas às entidades que são regidas pelo Direito
Público. Será estabelecida, assim, uma relação horizontal entre a
Administração e os particulares, que serão nivelados com os mesmos direitos e
obrigações.
Assim, é possível concluir que as empresas públicas (Caixa Econômica
Federal, por exemplo) e as sociedades de economia mista (Banco do Brasil,
Banco do Nordeste, Petrobrás etc.) exploradoras de atividades econômicas,
serão regidas pelas mesmas regras de seus concorrentes no mercado, ou seja,
as regras de Direito Privado.
A Administração Pública não possui a faculdade de optar pelo regime
jurídico que melhor atenda às suas necessidades. Caso esteja atuando na
exploração de atividade econômica, submeter-se-á obrigatoriamente às
regras de Direito Privado.
Entretanto, é válido esclarecer que mesmo quando explorando atividades
econômicas, não será total a sua submissão às regras de Direito Privado, pois,
ainda assim, tais entidades terão que se curvar aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência, além de outros inerentes
ao Direito Público. Ademais, algumas “vantagens” também podem ser
asseguradas a essas entidades, como acontece no caso da prerrogativa de foro
perante a justiça federal das empresas públicas federais.
A Administração Pública também pode ter as suas atividades regidas
pelas regras de Direito Público, situação na qual se apresentará em situação
de superioridade em relação aos particulares. Nesse caso, será estabelecida
uma relação vertical entre a Administração e os administrados, consequência
do denominado regime jurídico-administrativo.

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que serve de fundamento ao princípio da legalidade, um dos esteios do Estado


de Direito; de outro lado, a de necessidade de satisfação dos interesses
coletivos, que conduz à outorga de prerrogativas e privilégios para a
Administração Pública, quer para limitar o exercício dos direitos individuais em
benefício do bem-estar coletivo (poder de polícia), quer para a prestação de
serviços públicos.
Sendo assim, ao deparar-se em prova com alguma questão lhe
perguntando quais são os princípios básicos que estruturam o denominado
regime jurídico-administrativo, você já sabe a resposta: princípio da supremacia
do interesse público sobre o interesse privado (prerrogativas), indisponibilidade
do interesse público (sujeições) e, segundo a professora Di Pietro, princípio
da Legalidade.

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RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. Pelo critério da Administração Pública, o Direito Administrativo pode ser


definido como um conjunto de princípios e regras que regulam a
Administração Pública.
2. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro exclui do âmbito do Direito
Administrativo a regência de atividades contenciosas da Administração
Pública. Somente a atividade jurídica não contenciosa está inserida no seu
conceito de Direito Administrativo.
3. A função de governo é exercida pelos poderes Executivo e Legislativo,
que, conjuntamente, são responsáveis por elaborar as políticas públicas e
diretrizes que devem embasar a atuação da Administração Pública. De outro
lado, a função administrativa é exercida pelos órgãos de execução da
Administração Pública, que colocam em prática as decisões de Governo.
4. A lei é a mais importante fonte do Direito Administrativo brasileiro, sendo
considerada uma fonte primária. Nesse caso, a expressão “lei” deve ser
entendida em sentido amplo, abrangendo as normas constitucionais, os
atos normativos primários previstos no artigo 59 da Constituição Federal
(emendas constitucionais, leis complementares, leis ordinárias, medidas
provisórias, leis delegadas, decretos e resoluções), os tratados e acordos
internacionais, os estatutos e regimentos e, ainda, os denominados atos
normativos secundários (os atos administrativos editados por agentes
públicos, a exemplo dos decretos regulamentares, portarias, instruções
normativas, entre outros).
5. O costume pode ser entendido como um conjunto de regras informais, não
escritas, praticado habitualmente no interior da Administração com a
consciência de que é obrigatório. Os costumes são considerados fontes do
Direito Administrativo porque, em vários momentos, suprem lacunas ou
deficiências existentes em nossa legislação administrativa.
6. Com o objetivo de fiscalizar e corrigir os atos ilegítimos ou ilegais
praticados pela Administração Pública, foram desenvolvidos dois grandes
sistemas de controle que podem ser adotados pelos Estados, em todos os níveis
de governo (esfera federal, estadual, distrital e municipal): o do contencioso
administrativo (também chamado de sistema francês) e o sistema judiciário

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ou de jurisdição única (também conhecido como sistema inglês). No Brasil,


adota-se o sistema de jurisdição única.
7. O regime jurídico-administrativo foi construído tendo como base dois grandes
princípios jurídicos: a supremacia do interesse público sobre os interesses
privados e a indisponibilidade dos interesses públicos. Esses dois princípios
conferem ao citado regime o caráter de Direito Público e suas especificidades,
bem como sua natureza jurídica.

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SUMÁRIO – Princípios da Administração Pública

1. Considerações iniciais .................................................................. 22


1.1. Princípios expressos e implícitos ...................................... 23
1.2. Colisão entre princípios .................................................... 26
1.3. Princípios Básicos ............................................................. 27

2. Princípios constitucionais expressos


2.1. Princípio da legalidade ...................................................... 28
2.2. Princípio da impessoalidade .............................................. 33
2.3. Princípio da moralidade ..................................................... 37
2.4. Princípio da publicidade ................................................... 44
2.5. Princípio da eficiência ....................................................... 49

3. Princípios implícitos
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o
privado............................................................................................. 52
3.2. Princípio da indisponibilidade do interesse público .......... 54
3.3. Princípio da razoabilidade e da proporcionalidade ............ 56
3.4. Princípio da autotutela ..................................................... 59
3.5. Princípio da tutela ............................................................ 62
3.6. Princípio da segurança jurídica ......................................... 63
3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos ................ 65
3.8. Princípio da motivação ...................................................... 67
3.9. Princípio da especialidade ................................................. 70

4. Super R.V.P ............................................................................. 72

5. Questões comentadas .............................................................. 74

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1. Considerações iniciais
Os princípios administrativos estruturam, orientam e direcionam a
edição de leis administrativas e a atuação da Administração Pública, pois não
existe um sistema jurídico formado exclusivamente de leis.
Os princípios contêm mandamentos com um maior grau de abstração, já
que não especificam ou detalham as condutas que devem ser seguidas pelos
agentes públicos, pois isso fica sob a responsabilidade da lei. Entretanto, no
momento de criação da lei, o legislador deverá observar as diretrizes traçadas
nos princípios, sob pena de sua invalidação.
Como bem afirma o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, “[...]
violar um princípio é muito mais grave que transgredir uma norma qualquer. A
desatenção ao princípio implica ofensa não apenas a um específico
mandamento obrigatório, mas a todo o sistema de comandos. É a mais grave
forma de ilegalidade ou inconstitucionalidade, conforme o escalão do princípio
atingido, porque representa insurgência contra todo o sistema, subversão de
seus valores fundamentais, contumélia irremissível a seu arcabouço lógico e
corrosão de sua estrutura mestra. Isso porque, por ofendê-lo, abatem-se as
vigas que o sustêm e alui-se toda a estrutura nelas esforçada”1.
Para que fique nítida a importância dos princípios, basta analisar o
conteúdo do inciso III, artigo 1º, da Constituição Federal de 1988, que prevê a
dignidade da pessoa humana como um fundamento da República
Federativa do Brasil.
Mas o que significa isso? Significa que todas as leis criadas em nosso país,
assim como todos os atos e condutas praticados pela Administração Pública e
pelos particulares, devem orientar-se pelo respeito à dignidade da pessoa
humana.
O princípio da dignidade da pessoa humana assegura que o ser humano
tem direito a um “mínimo existencial”, ou seja, o direito a condições mínimas
de existência para que possa sobreviver dignamente. Inseridos nesse “mínimo
existencial” estariam, por exemplo, o direito à alimentação, a uma renda
mínima, à saúde básica, ao acesso à justiça, entre outros.
Para se garantir o efetivo cumprimento dos direitos relativos ao “mínimo
existencial”, não é necessário aguardar a criação de uma ou várias leis. A
simples existência do princípio no texto constitucional, por si só, é capaz de
assegurar a necessidade de seu cumprimento.

1
MELLO, Celso Antônio Bandeira de. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros,
2008.

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Assim, sempre que um indivíduo sentir-se violado em sua dignidade


humana em virtude de uma ação ou omissão do Estado, poderá recorrer ao
Judiciário para exigir as providências cabíveis.
O Superior Tribunal de Justiça, por exemplo, no julgamento do Recurso
Especial 950.725/RS2, garantiu a um paciente portador de grave doença
muscular o recebimento gratuito de medicamento, mesmo não integrante da
listagem do SUS.
Ao determinar que a Administração fornecesse o medicamento ao
paciente, o STJ fundamentou a sua decisão no princípio da dignidade
humana, já que não existia nenhuma regra expressa (lei) que garantisse a
gratuidade do medicamento ou a sua inclusão na lista geral do SUS.

1.1. Princípios expressos e implícitos


A responder às questões de prova, lembre-se sempre de que os princípios
administrativos se dividem em expressos e implícitos.
Princípios expressos são aqueles taxativamente previstos em uma
norma jurídica de caráter geral, obrigatória para todas as entidades políticas
(União, Estados, Municípios, Distrito Federal e seus respectivos órgãos
públicos), bem como para as entidades administrativas (autarquias,
fundações públicas, empresas públicas e sociedades de economia mista).
Não interessa se a norma jurídica de caráter geral possui status
constitucional ou infraconstitucional, mas sim se é de cunho obrigatório
para toda a Administração Pública, em todos os níveis.
É possível encontrarmos princípios expressos previstos em nível
constitucional, como constatamos no caput do artigo 37 da Constituição
Federal. Esse dispositivo estabelece a obrigatoriedade de a Administração
respeitar os princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
publicidade e eficiência.
Da mesma forma, existem princípios que estão expressos somente na
legislação infraconstitucional. É o que se constata na leitura do artigo 3º da
Lei de licitações, que determina a obrigatoriedade de respeito aos princípios da
legalidade, moralidade, publicidade, vinculação ao instrumento convocatório,
julgamento objetivo, dentre outros.

2
Recurso Especial nº. 950.725/RS, rel. Ministro Luiz Fux. Superior Tribunal de Justiça. Julgado
em 06.05.2008 e publicado no DJU em 18.06.2008.

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Esses princípios são considerados expressos porque é possível


identificar, claramente, o “nome” de cada um deles no texto legal ou
constitucional. É o que acontece, por exemplo, com o princípio da moralidade.
O nome desse princípio não é “princípio do respeito à ética e à moral”, mas sim
MORALIDADE, com todas as letras!
Em alguns casos, os princípios estarão expressos em leis que não são de
observância obrigatória para toda a Administração Pública brasileira, mas
somente para determinado ente político. Podemos citar como exemplo a Lei
9.784/99, que regula o processo administrativo no âmbito federal.
Em seu artigo 2º, a lei 9.784/99 declara que a Administração Pública
obedecerá, entre outros, aos princípios da legalidade, finalidade, motivação,
razoabilidade, proporcionalidade, moralidade, ampla defesa, segurança jurídica,
eficiência, do interesse público e do contraditório.
Tais princípios são considerados expressos somente para a
Administração Pública Federal (União, seus respectivos órgãos e entidades
da administração indireta), pois estão previstos em uma norma jurídica que é
de observância obrigatória apenas para a Administração Pública Federal.
Os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não podem ser
considerados expressos para o Distrito Federal ou para o meu maravilhoso
município de Montes Claros – MG (terra do “terremoto”), pois a referida lei é
federal.
O Estado de Minas Gerais, por exemplo, possui uma lei própria
regulando os processos administrativos que tramitam no âmbito estadual (lei
14.184/02). Assim, os princípios previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99 não
serão expressos em relação ao Estado de Minas Gerais, pois não têm caráter
obrigatório em relação a este.
Da mesma forma, no artigo 2º da lei estadual mineira está previsto que a
Administração Pública obedecerá, dentre outros, aos princípios da legalidade,
impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, motivação, razoabilidade,
eficiência, ampla defesa, do contraditório e da transparência.
Observe que na lei federal não consta a obrigatoriedade de respeito ao
princípio da transparência, que somente será expresso em relação ao Estado
de Minas Gerais.
Por outro lado, princípios implícitos são aqueles que não estão
previstos expressamente em uma norma jurídica de caráter geral, pois são
consequência dos estudos doutrinários e jurisprudenciais.

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São princípios cujos nomes não irão constar claramente no texto


constitucional ou legal, mas que, de qualquer forma, vinculam as condutas e
atos praticados pela Administração Pública.
Um bom exemplo para facilitar o entendimento é o princípio da
eficiência. Esse princípio somente foi introduzido no caput, do artigo 37, da
Constituição Federal de 1988, a partir de 04 de junho de 1998, com a
promulgação da Emenda Constitucional 19. Apenas a partir dessa data é que
esse princípio passou a ser expresso.
Apesar disso, antes mesmo de ter sido incluído expressamente no caput
do artigo 37 da Constituição Federal, tal princípio já era considerado
implicitamente obrigatório para toda a Administração Pública brasileira pelos
Tribunais do Poder Judiciário.
O Ministro Luiz Vicente Cernichiaro, do Superior Tribunal de Justiça, em
1996, ao julgar o Recurso em Mandado de Segurança – RMS 5.590-6/DF3,
declarou que a “Administração Pública é regida por vários princípios. Além dos
arrolados no art. 37, da Constituição da República: legalidade, impessoalidade,
moralidade e publicidade, outros se evidenciam na mesma Carta Política. Sem
dúvida, não se contesta, urge levar em conta ainda o princípio da eficiência,
ou seja, a atividade administrativa deve voltar-se para alcançar resultado e
interesse público”.
Assim, constata-se que mesmo antes de ser incluído no texto
constitucional (em 04 de junho de 1998), o princípio da eficiência tinha
caráter obrigatório para toda a Administração Pública brasileira, mas era
considerado implícito, porque ainda não estava “escrito” no caput, do artigo
37, da CF/1988.

(CESPE/Analista Judiciário - TRT 15ª Região 2009) O art. 37 da


Constituição Federal não é taxativo, pois, outros princípios existem, previstos em
leis esparsas, ou, mesmo, não expressamente contemplados no direito objetivo,
aos quais se sujeita a Administração Pública. Assertiva considerada correta
pela banca examinadora.

3
Recurso em Mandado de Segurança 5.590/95 DF, rel. Ministro Luiz Vicente Cernicciaro.
Superior Tribunal de Justiça. Diário da Justiça, Seção I, p. 20.395.

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1.2. Colisão entre princípios


Não há hierarquia entre os princípios administrativos, apesar de vários
autores afirmarem que o princípio da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado é o princípio fundamental do Direito
Administrativo.
Isso não significa que o princípio da supremacia do interesse público
sobre o interesse privado se sobreponha aos demais princípios, mas apenas
que irá amparar e fundamentar o exercício das atividades finalísticas da
Administração Pública.
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete
(administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da
colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada
caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer.
Não é correto afirmar que o princípio “x” sempre deverá prevalecer em
face do princípio “y”, ou vice-versa. Somente ao analisar o caso em concreto é
que o intérprete terá condições de afirmar qual princípio deve prevalecer. Para
a ponderação de princípios, o intérprete poderá valer-se de outros princípios,
principalmente o da proporcionalidade.
No caso em concreto, o juiz irá analisar se a aplicação de ambos os
princípios é adequada e necessária e, se realmente for, não irá excluir
totalmente a incidência de um em detrimento do outro. Deverá, sim, reduzir o
alcance de um princípio ou, em alguns casos, de ambos, a fim de se chegar a
uma decisão que atenda às expectativas de ambas as partes e mantenha os
efeitos jurídicos de ambos.

(Agente Técnico Legislativo ALSP/2010) Os princípios da Administração


Pública se aplicam, em igual medida e de acordo com as ponderações
determinadas pela situação concreta, a todas as entidades integrantes da
Administração direta e indireta. Assertiva considerada correta pela banca
examinadora.

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2. Princípios constitucionais expressos

2.1. Princípio da legalidade


Historicamente, a origem do princípio da legalidade baseia-se na Magna
“Charta Libertatum”, imposta pelos barões ingleses ao rei João Sem–Terra, no
ano de 1215, caracterizando-se como o primeiro esforço inglês de tentar
restringir o poder absolutista do rei.
No referido documento estava expresso que "nenhum homem livre será
detido ou sujeito à prisão, ou privado de seus bens, ou colocado fora da lei, ou
exilado, ou de qualquer modo molestado, e nós não procederemos nem
mandaremos proceder contra ele senão mediante um julgamento regular pelos
seus pares ou de harmonia com a lei do país".
Atualmente, o princípio da legalidade pode ser estudado sob dois
enfoques distintos: em relação aos particulares e em relação à
Administração Pública.
Em relação aos particulares, o princípio da legalidade está consagrado
no inciso II, artigo 5º, da Constituição Federal de 1988, segundo o qual
"ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em
virtude da lei".
Isso significa que, em regra, somente uma lei (ato emanado do Poder
Legislativo) pode impor obrigações aos particulares.
Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os
indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o
administrador público só pode atuar onde a lei autoriza”.
Para ficar mais fácil o entendimento do princípio da legalidade em
relação aos particulares, imaginemos o seguinte: Após ter sido aprovado
no concurso para o cargo de Técnico do Seguro Social, você decidiu
comemorar a sua vitória em uma churrascaria. Depois de muitos “refrigerantes”
bebidos e muita carne consumida, foi solicitado ao garçom o valor da conta,
que a apresentou no montante de R$ 330,00 (trezentos e trinta reais), sendo
R$ 300,00 (trezentos reais) de consumo e mais R$ 30,00 (trinta reais) relativos
ao famoso “10%”.
Como não tivemos o atendimento merecido (faltou agilidade e,
principalmente, qualidade no serviço), imediatamente você decidiu informar que
não pagaria o valor de R$ 30,00 (trinta reais) constante na nota, pois aquela
cobrança não seria justa.

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Com o objetivo de exigir o pagamento, o gerente da churrascaria


compareceu à mesa e afirmou que a referida cobrança estava informada, com
letras garrafais, no cardápio. Além disso, alegou também que tal cobrança
estava amparada em Convenção Coletiva firmada entre o Sindicato dos
restaurantes, churrascarias, bares, meios de hospedagem e similares e o
Sindicato dos Garçons.
Pergunta: Nesse caso, você poderá ou não ser obrigado a pagar o valor
de R$ 30,00 (10%) calculado sobre o montante do consumo? (Antes de
responder à pergunta, é necessário que você saiba que Convenção Coletiva não
é lei, pois não foi votada no Poder Legislativo).
Muito simples. Você não é obrigado a pagar o valor de R$ 30,00 porque
essa exigência não foi estabelecida através de lei. E, conforme previsto no
inciso II, artigo 5º, da CF/1988, para obrigar alguém a fazer alguma coisa é
imprescindível o respaldo legal.

No julgamento do recurso de apelação nº 2001.01.00.037891-8/DF, de relatoria do


Desembargador Souza Prudente, o Tribunal Regional Federal da 1ª Região considerou
ilegítima a cobrança obrigatória de gorjeta sem amparo legal, ao decidir que “O
pagamento de acréscimo pecuniário (gorjeta), em virtude da prestação de serviço,
possui natureza facultativa, a caracterizar a ilegitimidade de sua imposição, por mero
ato normativo (Portaria nº. 4/94, editada pela extinta SUNAB), e decorrente de
convenção coletiva do trabalho, cuja eficácia abrange, tão-somente, as partes
convenientes, não alcançando a terceiros, como no caso, em que se pretende
transferir ao consumidor, compulsoriamente, a sua cobrança, em manifesta violação
ao princípio da legalidade, insculpido em nossa Carta Magna (CF, art. 5º, II) e ao
Código de Defesa do Consumidor (Lei nº. 8.078/90, arts. 6º, IV, e 37, § 1º), por
veicular informação incorreta, no sentido de que a referida cobrança estaria
legalmente respaldada”.

Atenção: O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também


é conhecido como princípio da autonomia da vontade, pois é assegurada a
liberdade para os indivíduos agirem da maneira que entenderem mais
conveniente, salvo na existência de proibição legal.
Em relação à Administração, o princípio da legalidade assume um
enfoque diferente. Nesse caso, está previsto expressamente no caput, do artigo
37, da Constituição Federal de 1988, significando que a Administração Pública
somente pode agir se existir uma norma legal autorizando.

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Segundo o professor Celso Antônio Bandeira de Mello, o princípio da


legalidade “implica subordinação completa do administrador à lei. Todos os
agentes públicos, desde o que ocupe a cúspide até o mais modesto deles,
devem ser instrumentos de fiel e dócil realização das finalidades normativas”.
Num primeiro momento, pode até parecer que a necessidade de
autorização legal para que a administração possa agir estaria “engessando” a
atividade administrativa, além de incentivar o ócio. Entretanto, não é esse o
objetivo do referido princípio.
Na verdade, o princípio da legalidade é uma exigência que decorre do
próprio Estado de Direito, que impõe a necessidade de submissão ao império da
lei. A Administração Pública somente poderá atuar quando autorizada ou
permitida por lei. A vontade da Administração é a que decorre da lei e,
portanto, os agentes públicos somente poderão fazer o que a lei permitir
ou autorizar.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no
caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa
e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.
Assim, é correto concluir que, em situações excepcionais, os
particulares podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa
também em virtude de medida provisória ou decretos que instituem estado
de defesa ou estado de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter
excepcional e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar
de não se caracterizaram como lei em sentido formal.

(Procurador/PGDF 2007) Em face da sistemática constitucional do Estado


brasileiro, regido que é pelo fundamento do Estado Democrático de Direito, a
plenitude da vigência do princípio da legalidade (art. 37, caput, da CF) pode
sofrer constrição provisória e excepcional. Assertiva considerada correta pela
banca examinadora.

Pergunta: Mas o que é lei em sentido formal?

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É aquela que, em regra, origina-se no Poder Legislativo, com a


participação do Poder Executivo e em conformidade com o processo
legislativo previsto no texto constitucional. Para que seja caracterizada como
formal é irrelevante o conteúdo da lei, sendo suficiente que tenha respeitado o
processo legislativo previsto na Constituição Federal. Nesse caso, poderá
inovar no ordenamento jurídico, criando obrigações e deveres aos
administrados.
Pergunta: Aproveitando a oportunidade, o que seria, então, a lei em
sentido material?
Lei em sentido material é aquela cujo conteúdo possui caráter genérico
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de pessoas) e abstrato
(aplicável a um número indefinido e indeterminável de situações futuras),
independentemente do órgão ou entidade que a tenha criado. Nesse caso,
não interessa o processo ou o órgão de criação, mas o seu conteúdo, que deve
ser normativo. É o caso, por exemplo, de um decreto regulamentar editado
pelo Presidente da República, que, por ser ato administrativo secundário, não
pode criar direitos e obrigações, mas apenas explicar o texto legal para permitir
a sua fiel execução.
Em sentido material, podemos incluir tanto as leis em sentido formal
(aquelas que foram criadas através do processo legislativo constitucional, a
exemplo das leis ordinárias) como qualquer ato normativo com caráter geral e
abstrato (a exemplo dos decretos regulamentares), independente de sua
origem.

Como o CESPE gosta muito de novidade jurisprudencial, aconselho que você


fique atento ao teor da decisão proferida pelo Supremo Tribunal Federal no
julgamento do Recurso Extraordinário nº 646.491, cuja decisão foi publicada
no DJE de 23 de novembro de 2011.
Na oportunidade, a Ministra Carmem Lúcia, relatora do processo, afirmou que
"Em face do princípio da legalidade, pode a administração pública, enquanto
não concluído e homologado o concurso público, alterar as condições do
certame constantes do respectivo edital, para adaptá-las à nova legislação
aplicável à espécie, visto que, antes do provimento do cargo, o candidato tem
mera expectativa de direito à nomeação ou, se for o caso, à participação na
segunda etapa do processo seletivo."

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É necessário ficar atento também aos comentários dos professores


Marcelo Alexandrino e Vicente Paulo, que afirmam que a atividade
administrativa não pode ser contra legem (contra a lei) nem praeter legem
(além da lei), mas apenas secundum legem (segundo a lei). Nesses termos,
os atos eventualmente praticados em desobediência a tais parâmetros são atos
inválidos e, portanto, podem ter sua invalidade decretada pela própria
Administração que o haja editado ou pelo Poder Judiciário.

No julgamento do Mandado de Segurança nº 30.177/DF, de


relatoria do Ministro Marco Aurélio de Mello, cuja decisão foi
publicada em 24/04/2012 (o que a transforma em forte
candidata para a elaboração de uma questão nos próximos
concursos), o Supremo Tribunal Federal decidiu que “As
etapas do concurso prescindem de disposição expressa em
lei no sentido formal e material, sendo suficientes a previsão
no edital e o nexo de causalidade consideradas as atribuições
do cargo”.

(Analista Judiciário – TRT 22ª Região/2010) Em decorrência do princípio da


legalidade, a Administração Pública não pode, por simples ato administrativo,
conceder direitos de qualquer espécie, criar obrigações ou impor vedações aos
administrados; para tanto, ela depende de lei. Assertiva considerada correta
pela banca examinadora.

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Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública
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Em suma, o princípio da impessoalidade impõe que as condutas


praticadas por agentes públicos tenham o objetivo precípuo de satisfazer o
interesse público, sem favorecer ou prejudicar determinados grupos ou
categorias em razão de condições pessoais.
Em relação ao segundo aspecto, o princípio da impessoalidade afirma
que os atos praticados pela Administração Pública não podem ser utilizados
para a promoção pessoal de agente público, mandamento expresso na
segunda parte, do § 1º, artigo 37, da Constituição Federal de 1988:
§ 1º. A publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos
órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo ou de
orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens
que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores
públicos.

Os atos praticados pelos agentes púbicos devem ser imputados à


entidade política (União, Estados, Municípios e Distrito Federal) ou
administrativa (autarquias, empresas públicas, sociedades de economia
mista, fundações públicas e consórcios públicos de direito público) às quais se
encontram vinculados, portanto, não poderão ser utilizados para a promoção
pessoal de quem quer que seja.

De acordo com a Constituição da República, os atos dos agentes públicos geram


responsabilidade objetiva para o Estado e não para a pessoa deles próprios, a
não ser na hipótese de o poder público comprovar a ocorrência de dolo ou culpa,
em ação regressiva. Essa imputação dos atos do agente público ao Estado
representa a concretização do princípio da impessoalidade, consoante uma de
suas concepções teóricas (Juiz Substituto/TJBA 2005/CESPE). Assertiva
correta.

Pergunta: O prefeito da minha cidade, cujo apelido é Tamanduá, pode


eleger como símbolo da administração municipal um tamanduá (animal), com
uma enxada nas costas, e colocar um adesivo em cada veículo do município?
Penso que não! Nesse caso, qualquer administrado que olhar para o
adesivo em um veículo público estará vendo a “imagem” do prefeito, que tem
como apelido o mesmo nome do animal que foi “escolhido” como símbolo da
administração municipal.

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Outra pergunta: É possível que um Governador de Estado apareça nas


propagandas institucionais veiculadas na televisão e pagas com recursos
públicos, noticiando que “ele” foi o responsável pela construção da escola “y”,
do asfaltamento da estrada “z”, pela reforma do hospital “X” etc.?
Também não, pois, nesse caso, ele estaria se autopromovendo através de
propaganda custeada com recursos públicos. Ademais, os atos praticados
durante a sua gestão devem ser imputados ao Estado e não à figura do
Governador.
Esse tema é constantemente debatido no Supremo Tribunal Federal,
portanto, são comuns as questões de prova sobre o assunto. A título de
exemplo, cita-se a decisão proferida no julgamento do recurso extraordinário nº
191.668/RS, de relatoria do Ministro Menezes Direito.

O caput e o parágrafo 1º do artigo 37 da Constituição Federal impedem que


haja qualquer tipo de identificação entre a publicidade e os titulares dos
cargos alcançando os partidos políticos a que pertençam. O rigor do
dispositivo constitucional que assegura o princípio da impessoalidade vincula
a publicidade ao caráter educativo, informativo ou de orientação social é
incompatível com a menção de nomes, símbolos ou imagens, aí incluídos
slogans, que ca racterizem promoção pessoal ou de servidores públicos. A
possibilidade de vinculação do conteúdo da divulgação com o partido político
a que pertença o titular do cargo público mancha o princípio da
impessoalidade e desnatura o caráter educativo, informativo ou de
orientação que constam do comando posto pelo constituinte dos oitenta.

Sob um terceiro aspecto, o princípio da impessoalidade pode ser


estudado como uma aplicação do princípio da finalidade, pois o objetivo
maior da Administração deve ser sempre a satisfação do interesse público.
A finalidade deve ser observada tanto em sentido amplo quanto em
sentido estrito. Em sentido amplo, a finalidade dos atos editados pela
Administração Pública sempre será a satisfação imediata do interesse público.
Em sentido estrito, é necessário que se observe também a finalidade
específica de todo ato praticado pela Administração, sempre prevista em lei.
Pergunta: Qual é a finalidade em sentido amplo, por exemplo, de um
ato administrativo de remoção de servidor?
Satisfazer o interesse público, assim como todo e qualquer ato editado
pela Administração.

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Todavia, é importante esclarecer que ao violar a moral comum, é possível que o agente
público também esteja violando a moral administrativa, pois, em vários momentos,
apesar de distintas, ambas se assemelham.

No mesmo sentido, o CESPE abordou o tema nos seguintes


moldes:

(Juiz Substituto/TJBA 2005/CESPE) A moralidade administrativa possui


conteúdo específico, que não coincide, necessariamente, com a moral comum da
sociedade, em determinado momento histórico; não obstante, determinados
comportamentos administrativos ofensivos à moral comum podem ensejar a
invalidação do ato, por afronta concomitante à moralidade administrativa.
Assertiva correta.

Em razão da obrigatoriedade de respeito ao princípio da moralidade,


veda-se à Administração Pública qualquer comportamento que contrarie os
princípios da lealdade e da boa-fé. Além disso, observe-se que o princípio deve
ser respeitado não apenas pelos agentes públicos, mas também pelos
particulares que se relacionam com a Administração Pública. Em um processo
licitatório, por exemplo, é muito comum o conluio entre licitantes com o
objetivo de violar o referido princípio, conforme informa a professora Di Pietro.
Afirma ainda a professora que, em matéria administrativa, sempre que se
verificar que o comportamento da Administração ou do administrado que com
ela se relaciona juridicamente, embora em consonância com a lei, ofende a
moral, os bons costumes, as regras de boa administração, os princípios de
justiça e de equidade, além da ideia comum de honestidade, haverá ofensa ao
princípio da moralidade administrativa.
Em virtude de o conceito de moral administrativa ser um pouco vago,
impreciso, cuidou-se o legislador de criar a Lei 8.429/92, estabelecendo
hipóteses que caracterizam improbidades administrativas, bem como
estabelecendo as sanções aplicáveis a agentes públicos e a terceiros, quando
responsáveis pela prática de atos coibidos pelo texto normativo.
A doutrina majoritária entende que a “probidade administrativa” seria
uma espécie do gênero “moralidade administrativa”, já que estaria relacionada
mais propriamente com a má qualidade de uma administração, não se
referindo, necessariamente, à ausência de boa-fé, de lealdade e de justeza do
administrador público.

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Fique atento às questões de concursos, pois, a qualquer momento, você


pode se deparar com uma questão em prova afirmando que “probidade” e
“moralidade” são expressões idênticas, informação que, segundo a doutrina
majoritária, não procede.
Entre os atos de improbidade administrativa coibidos pela lei 8.429/92,
estão aqueles que importam enriquecimento ilícito, os que causam
prejuízos ao erário e os que atentam contra os princípios da
Administração Pública, que serão estudados em aula específica sobre o
tema.
O parágrafo 4º, artigo 37, da CF/1988, não se descuidou de assegurar o
respeito à moralidade administrativa, asseverando que:
§ 4º Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos
direitos políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos
bens e o ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei,
sem prejuízo da ação penal cabível.

Ainda com o objetivo de resguardar a moralidade administrativa, a


Constituição Federal também contemplou, em seu inciso LXXIII, artigo 5º, a
Ação Popular, regulada pela Lei 4.717/65. Por meio dessa ação constitucional
qualquer cidadão pode deduzir a pretensão de anular atos praticados pelo
poder público e que estejam contaminados de imoralidade administrativa.
É importante esclarecer também que, na maioria das vezes, quando um
ato praticado pela Administração viola um princípio qualquer, como o da
impessoalidade, legalidade, publicidade, eficiência, entre outros, estará violando
também, consequentemente e num segundo plano, o princípio da moralidade.

2.3.1. Vedação ao nepotismo – Súmula vinculante nº 13 do STF


O dicionário Larousse da Língua Portuguesa conceitua nepotismo como
“distribuição de cargos públicos entre parentes ou amigos; favoritismo,
proteção escandalosa4”.
Com o intuito de impedir a prática do nepotismo no âmbito da
Administração Pública Brasileira, o Supremo Tribunal Federal, em
29/08/2008, publicou a Súmula Vinculante nº 13, que assim dispõe:

4
LAROUSSE, Ática. Dicionário da Língua Portuguesa. 1. ed. p. 690.

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No julgamento do recurso extraordinário nº 579.951-4/RN, ao fazer


referência à Resolução nº 7 do Conselho Nacional de Justiça, que veda o
nepotismo no âmbito do Poder Judiciário, o Supremo Tribunal Federal
ratificou o entendimento de que não é necessária a existência de lei formal
para proibir o nepotismo no âmbito da Administração Pública brasileira, pois a
proibição decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da
CF/1988:
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. VEDAÇÃO NEPOTISMO. NECESSIDADE DE LEI FORMAL.
INEXIGIBILIDADE. PROIBIÇÃO QUE DECORRE DO ART. 37, CAPUT, DA CF. RE PROVIDO
EM PARTE.

[...]. I. Embora restrita ao âmbito do Judiciário a Resolução 7/2005 do Conselho Nacional


de Justiça, a prática do nepotismo nos demais Poderes é ilícita.

II. A vedação do nepotismo não exige a edição de lei formal para coibir a prática.
III. Proibição que decorre diretamente dos princípios contidos no art. 37, caput, da CF.

IV – Precedentes.
V – RE conhecido e parcialmente provido para anular a nomeação do servidor,
aparentado com agente político, ocupante de cargo em comissão.

2.3.1.1. Nepotismo cruzado


O texto da súmula vinculante nº 13 também veda a prática do
nepotismo cruzado, isto é, o ajuste mediante designações recíprocas
realizadas por autoridades públicas distintas.
É o que ocorre, por exemplo, quando o Juiz da 1ª Vara Cível da comarca
de Montes Claros/MG nomeia como sua assessora a esposa do Juiz da 2ª Vara
Criminal da cidade de Sete Lagoas/MG. Em contrapartida, este decide nomear
como assessor o irmão daquele. Enfim, nada mais do que uma “troca de
favores”.
O Supremo Tribunal Federal está atento às práticas de nepotismo
cruzado, repelindo-as, no caso em concreto, quando violadoras da súmula
vinculante nº 13:
EMENTA: MANDADO DE SEGURANÇA. TRIBUNAL DE CONTAS DA UNIÃO. NEPOSTISMO
CRUZADO. ORDEM DENEGADA.
(...) No mérito, configurada a prática de nepotismo cruzado, tendo em vista que a
assessora nomeada pelo impetrante para exercer cargo em comissão no Tribunal
Regional do Trabalho da 17ª Região, sediado em Vitória-ES, é nora do magistrado que
nomeou a esposa do impetrante para cargo em comissão no Tribunal Regional do
Trabalho da 1ª Região, sediado no Rio de Janeiro-RJ.

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A nomeação para o cargo de assessor do impetrante é ato formalmente lícito. Contudo,


no momento em que é apurada a finalidade contrária ao interesse público, qual seja,
uma troca de favores entre membros do Judiciário, o ato deve ser invalidado, por
violação ao princípio da moralidade administrativa e por estar caracterizada a sua
ilegalidade, por desvio de finalidade.
Ordem denegada. Decisão unânime. (Mandado de Segurança nº 24.020/DF. Rel.
Min. Joaquim Barbosa. Publicado no DJE em 13/06/2012).

2.3.1.2. Exceção ao nepotismo: cargos políticos.


Ao proferir o seu voto no julgamento do recurso extraordinário nº
579.951-4/RN, o Ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal, afirmou
que devem ser excluídos da abrangência da súmula vinculante nº 13 os
denominados cargos políticos, a exemplo dos Ministros, Secretários Estaduais
e Secretários municipais.
Sendo assim, não há qualquer ilegitimidade se o Prefeito nomear a sua
irmã como Secretária Municipal de Saúde, desde que atenda aos requisitos
exigidos pelo cargo. No mesmo sentido, é lícita a nomeação do pai do
Governador para o cargo político de Secretário Estadual de Obras.
"Então, quando o art. 37 refere-se a cargo em comissão e função de confiança, está
tratando de cargos e funções singelamente administrativos, não de cargos políticos.
Portanto, os cargos políticos estariam fora do alcance da decisão que tomamos na ADC
nº 12, porque o próprio capítulo VII é Da Administração Pública enquanto segmento do
Poder Executivo. E sabemos que os cargos políticos, como por exemplo, o de secretário
municipal, são agentes de poder, fazem parte do Poder Executivo. O cargo não é em
comissão, no sentido do artigo 37. Somente os cargos e funções singelamente
administrativos - é como penso - são alcançados pela imperiosidade do artigo 37, com
seus lapidares princípios. Então, essa distinção me parece importante para, no
caso, excluir do âmbito da nossa decisão anterior os secretários municipais, que
correspondem a secretários de Estado, no âmbito dos Estados, e ministros de
Estrado, no âmbito federal." (Recurso Extraordinário nº 579.951-4/RN. DJe
24/10/2008).

Esse entendimento foi posteriormente ratificado pelo Supremo Tribunal


Federal, conforme se constata no julgamento do Agravo Regimental na
Reclamação 6650/PR:
AGRAVO REGIMENTAL EM MEDIDA CAUTELAR EM RECLAMAÇÃO. NOMEAÇÃO DE IRMÃO
DE GOVERNADOR DE ESTADO. CARGO DE SECRETÁRIO DE ESTADO. NEPOTISMO.
SÚMULA VINCULANTE Nº 13. INAPLICABILIDADE AO CASO. CARGO DE NATUREZA
POLÍTICA. AGENTE POLÍTICO. ENTENDIMENTO FIRMADO NO JULGAMENTO DO RECURSO
EXTRAORDINÁRIO 579.951/RN. OCORRÊNCIA DA FUMAÇA DO BOM DIREITO.

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2.4. Princípio da publicidade


O princípio da publicidade impõe que a Administração Pública conceda aos
seus atos a mais ampla divulgação possível entre os administrados, pois só
assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade das condutas
praticadas pelos agentes públicos. Ademais, a publicidade de atos, programas,
obras e serviços dos órgãos públicos deverão ter caráter educativo, informativo
ou de orientação social.
O referido princípio encontra amparo no caput do artigo 37 da
Constituição Federal de 1988, bem como no inciso XXXIII, artigo 5º, que
declara expressamente:
XXXIII - Todos têm direito a receber dos órgãos públicos
informações de seu interesse particular, ou de interesse coletivo
ou geral, que serão prestadas no prazo da lei, sob pena de
responsabilidade, ressalvadas aquelas cujo sigilo seja
imprescindível à segurança da sociedade e do Estado.
Conforme é possível constatar da leitura do citado dispositivo
constitucional, nem toda informação de interesse particular ou de interesse
coletivo ou geral serão disponibilizadas aos interessados, pois foram
ressalvadas aquelas que coloquem em risco a segurança da sociedade e do
Estado.
Exemplo: Suponhamos que você tenha formulado uma petição
administrativa destinada ao Ministro de Estado da Defesa solicitando as
seguintes informações: quantidade de tanques de guerra que estão em
atividade no Brasil; número do efetivo de homens da Marinha, Exército e
Aeronáutica, e os endereços dos locais onde ficam guardados os equipamentos
bélicos das Forças Armadas.
Pergunta: Será que o Ministro de Estado da Defesa irá lhe fornecer as
informações solicitadas?
É lógico que não, pois tais informações são imprescindíveis à segurança
da sociedade e do Estado. Imagine o que pode acontecer ao nosso país se essas
informações forem parar em mãos erradas? (Hugo Chávez, por exemplo...
brincadeira...)
O inciso IX, artigo 93, da CF/1988, estabelece também que todos os
julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, entretanto,
podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e
aos seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do
direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público
à informação.

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Em decorrência do inciso IX, artigo 93, da CF/1988, as ações que versem


sobre direito de família (divórcio, separação judicial, alimentos, investigação de
paternidade, entre outras) tramitarão no Poder Judiciário protegidas pelo sigilo,
ou seja, as informações serão restritas somente às partes.
Além disso, no caso em concreto, quando o juiz vislumbrar a existência de
interesse público, poderá determinar o “segredo de justiça” em um
determinado processo judicial a fim de se garantir a efetiva prestação
jurisdicional e o princípio da duração razoável do processo (assegurados no
inciso LXXVIII, artigo 5º, da CF/88).
E não para por aí...
É importante destacar também que a divulgação oficial dos atos
praticados pela Administração ocorre, em regra, mediante publicação no Diário
Oficial, isso em relação à União, aos Estados e ao Distrito Federal. Em relação
aos Municípios, pode ser que algum não possua órgão oficial de publicação de
seus atos (Diário Oficial). Nesse caso, a divulgação poderá ocorrer mediante
afixação do ato na sede do órgão ou entidade que os tenha produzido.
Exemplo: Caso o ato seja de titularidade do Poder Executivo, poderá ser
afixado no quadro de avisos localizado no saguão da Prefeitura. Caso o ato
tenha sido editado pelo Poder Legislativo, poderá ser afixado no saguão da
Câmara de Vereadores, em um quadro de avisos, a fim de que todos os
interessados possam ter acesso e consultá-los quando necessário.
Pergunta: O que pode ser feito quando um indivíduo solicita informações
perante órgãos ou entidades públicas e essas informações são negadas ou
sequer o pedido é respondido?
Bem, nesse caso, é necessário que analisemos as diversas situações:
1ª) Se as informações requeridas são referentes à pessoa do requerente
(informações particulares) e foram negadas pela Administração, será possível impetrar
um habeas data (inciso LXXII, artigo 5º, da CF/1988) perante o Poder Judiciário para
se ter acesso obrigatório a tais informações;
2ª) Se as informações requeridas são de interesse pessoal do requerente, mas
relativas a terceiros (um amigo, por exemplo) e forem negadas pela Administração,
será possível impetrar um mandado de segurança perante o Poder Judiciário para se
ter acesso obrigatório a tais informações;
3ª) Caso tenha sido requerida a expedição de uma certidão de contagem de
tempo de serviço perante o INSS, relativa à pessoa do requerente, e a entidade
administrativa tenha se recusado a fornecê-la, a ação constitucional cabível não mais
será o habeas data, mas sim o mandado de segurança. Nesse caso, violou-se o
direito líquido e certo à certidão e não o direito à informação.

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Parte da doutrina entende que economicidade seria um gênero, do qual


a eficiência, a eficácia e a efetividade seriam suas espécies.
Fique atento às dicas fornecidas pela banca em suas provas. Quando a
questão referir-se à relação custo/benefício ou resultado/qualidade com
menor investimento, primeiramente, tente encontrar entre as alternativas o
princípio da economicidade. Caso não o encontre, busque estão o princípio da
eficiência como resposta.
Segundo a professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, o princípio da
eficiência pode ser estudado sob dois aspectos: em relação ao modo de
atuação do agente público e em relação ao modo de organizar, estruturar
e disciplinar a Administração Pública.
Em relação ao primeiro aspecto (atuação do agente público), é importante
que você entenda que a introdução do princípio da eficiência no texto
constitucional repercutiu diretamente nas relações entre servidores e
Administração Pública.

(CESPE/Procurador de Contas TCE AP/2010) O princípio constitucional da


eficiência, que rege a Administração Pública, apresenta-se em relação ao modo
de organizar, estruturar e disciplinar a Administração Pública, não apenas em
relação a atuação do agente público. Assertiva considerada correta pela
banca.

Exemplo: Antes da promulgação da Emenda Constitucional nº. 19/98,


constava no artigo 41 da CF/88 que os servidores públicos estáveis somente
perderiam o cargo em virtude de sentença judicial transitada em julgado ou
mediante processo administrativo em que lhe fosse assegurada ampla defesa.
Atualmente, após a promulgação da referida EC 19/98, introduziu-se no
artigo 41 da CF/88 mais uma hipótese que pode ensejar a perda do cargo pelo
servidor público: procedimento de avaliação periódica de desempenho,
na forma de lei complementar, desde que assegurada a ampla defesa.
Além disso, o mesmo artigo 41 da CF/88 passou a prever também a
obrigatoriedade de o servidor submeter-se a uma avaliação especial de
desempenho, realizada por comissão instituída para essa finalidade, como
condição para a aquisição da estabilidade.

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3. Princípios implícitos
3.1. Princípio da supremacia do interesse público sobre o
interesse privado
Apesar de não estar previsto de forma expressa no texto constitucional,
o princípio da supremacia do interesse público perante o interesse privado pode
ser encontrado no artigo 2º da Lei 9.784/99. Assim, como a citada lei é
federal, esse princípio somente pode ser considerado expresso para a
Administração Pública Federal.
Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a
Administração Pública irá atuar com superioridade em relação aos demais
interesses existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma
relação jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, já que esta
se encontra em situação de superioridade.

No concurso público para o cargo de Analista Administrativo do


Ministério Público da União, realizado em 2004, a seguinte assertiva foi
correta a seguinte assertiva: “Um dos princípios informativos do Direito
Administrativo, que o distingue dos demais ramos, no disciplinamento das
relações jurídicas, sob sua incidência, é o da supremacia do interesse público
sobre o privado”.

Apesar de tal supremacia, o interesse público não se sobrepõe de forma


absoluta ao interesse privado, pois o próprio texto constitucional assegura a
necessidade de obediência ao direito adquirido, ao ato jurídico perfeito e à
coisa julgada (artigo 5º, XXXVI).
Para responder às questões de prova, lembre-se de que a doutrina
majoritária considera esse princípio como o basilar do denominado “regime
jurídico-administrativo”.
Está lembrado (a) do regime jurídico-administrativo?
Não?? Estão vou refrescar a sua memória...
Para fins de concursos públicos, entenda o regime jurídico-administrativo
como o conjunto de normas que concedem à Administração Pública uma série
de prerrogativas, ou seja, benefícios que não existiriam em uma relação
jurídica entre particulares.

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Exemplo: Imagine que um determinado Município tenha firmado contrato


administrativo com a Construtora Cimentão, após regular processo licitatório,
para a construção de 100 (cem) casas populares. Entretanto, em função da
crise econômica mundial (que tem sido desculpa para tudo), o Município decidiu
diminuir em 20% (vinte por cento) a quantidade de casas que seriam
construídas, alterando unilateralmente o contrato.
Pergunta: No exemplo apresentado, o Município pode alterar
unilateralmente o contrato, reduzindo para 80 (oitenta) o número de casas a
serem construídas?
Sim, pois a Lei 8.666/93 (Lei geral de Licitação) estabelece tal
possibilidade no parágrafo 1º de seu artigo 65, que declara que “o contratado
fica obrigado a aceitar, nas mesmas condições contratuais, os acréscimos ou
supressões que se fizerem nas obras, serviços ou compras, até 25% (vinte e
cinco por cento) do valor inicial atualizado do contrato, e, no caso particular de
reforma de edifício ou de equipamento, até o limite de 50% (cinqüenta por
cento) para os seus acréscimos”.
No exemplo citado, é fácil perceber que a redução do número de casas
construídas está amparada no interesse público. No momento da assinatura
do contrato, a economia brasileira e a mundial estavam em ritmo acelerado,
com fartura de crédito e investimentos nacionais e internacionais. Contudo, em
virtude da crise mundial, o interesse público passou a exigir do Município certa
cautela, o que, em tese, justificou a redução do número de construção de casas
inicialmente estabelecido.
Sendo assim, é possível concluir que o princípio da supremacia do
interesse público sobre o interesse privado consiste, basicamente, no exercício
de prerrogativas públicas (vantagens) que afastam ou prevalecem sobre os
interesses particulares, em regra.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello nos ensina que o “princípio
da finalidade impõe que o administrador, ao manejar as competências postas
ao seu encargo, atue com rigorosa obediência à finalidade de cada qual. Isto é,
cumpre-lhe cingir-se não apenas à finalidade própria de todas as leis, que é o
interesse público, mas também à finalidade específica abrigada na lei a que
esteja dando execução.”
Alguns autores afirmam que o princípio da finalidade nada mais é do que
o próprio princípio da supremacia do interesse público. Isso porque tanto o
legislador, no momento da elaboração da lei, quanto o administrador, no
momento de sua execução, devem sempre vislumbrar a satisfação do interesse
coletivo. A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro, por exemplo, afirma que os
princípios da supremacia do interesse público e o da finalidade são um só.

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Prover cargos públicos com os “chegados” que o auxiliaram na campanha,


os famosos “cabos eleitorais”. Portanto, a exigência de concurso público impede
que o Prefeito possa contratar esses seus “apadrinhados”, dispondo do
interesse público.
Da mesma forma acontece com a obrigatoriedade de licitação.
Suponhamos que o Município necessite adquirir 50 (cinquenta) computadores.
Imaginemos agora que o filho do Prefeito tenha uma loja de informática e que
possua, de pronta entrega, todos os computadores que o Município precisa
adquirir. Ora, seria muito fácil para o Prefeito ligar para o filho dele e solicitar a
entrega dos computadores no local indicado, sem precisar fazer licitação.
Entretanto, nesse caso, o Prefeito estaria dispondo do interesse público, o
que é vedado pelo princípio em estudo. Para adquirir os referidos
computadores, o Município terá que se sujeitar à licitação.
Como consequência da indisponibilidade do interesse público, veda-se
ainda que a Administração renuncie ao recebimento de multas, tributos,
receitas, entre outros, exceto se houver previsão legal.
Não se admite, por exemplo, que um Auditor Fiscal da Receita Federal
realize um “acordo” com um contribuinte qualquer, concedendo-lhe desconto de
50% sobre o total que a União tem a receber, caso o pagamento seja efetuado
à vista.
Ora, o agente público somente pode negociar “descontos” com o
particular se existir previsão legal. Caso contrário, estará violando
expressamente o princípio da indisponibilidade do interesse público, pois abriu
mão de recursos que obrigatoriamente deveriam ser pagos pelo contribuinte.
No mesmo sentido, o artigo 2º da Lei 9.784/99 determina que a
administração deve sempre perseguir o interesse coletivo ou geral, sendo
vedada a renúncia total ou parcial de poderes ou competências, salvo
autorização em lei.

No julgamento do recurso extraordinário nº 253.885, de relatoria da


Ministra Ellen Gracie, o STF decidiu que “Em regra, os bens e o
interesse público são indisponíveis, porque pertencem à coletividade.
É, por isso, o Administrador, mero gestor da coisa pública, não tem
disponibilidade sobre os interesses confiados à sua guarda e
realização. Todavia, há casos em que o princípio da indisponibilidade
do interesse público deve ser atenuado, mormente quando se tem
em vista que a solução adotada pela administração é a que melhor

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O princípio da razoabilidade, assim como o da proporcionalidade, é


considerado implícito, já que não está previsto em uma norma jurídica de
caráter geral. Entretanto, é válido destacar que ambos os princípios estão
previstos no artigo 2º da Lei 9.784/99, sendo considerados expressos para a
Administração Pública Federal.

(Auditor Federal de Controle Externo/TCU 2010/CESPE) Os princípios da


razoabilidade e da proporcionalidade estão expressos no texto da CF. Assertiva
considerada incorreta pela banca examinadora.

Da mesma forma, o princípio da razoabilidade também é considerado


expresso para o Estado de Minas Gerais, já que a Constituição Estadual
Mineira, em seu artigo 13, o consagrou entre os princípios de observância
obrigatória para a Administração Pública Estadual.
Art. 13 – A atividade de administração pública dos Poderes do
Estado e a de entidade descentralizada se sujeitarão aos
princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade,
eficiência e razoabilidade.
A professora Lúcia Valle Figueiredo, na tentativa de distinguir a
proporcionalidade da razoabilidade, informa que a proporcionalidade pressupõe
a adequação entre os atos e as necessidades, ou seja, “só se sacrificam
interesses individuais em função dos interesses coletivos, de interesses
primários, na medida da estrita necessidade, não se desbordando que seja
realmente indispensável para a implementação da necessidade pública5”.
O princípio da proporcionalidade também pode ser entendido como
princípio da “proibição de excesso”, já que o fim a que se destina é justamente
limitar as ações administrativas que ultrapassem os limites adequados. Em
outras palavras, significa dizer que tal princípio impõe à Administração Pública a
necessidade de adequação entre meios e fins, sendo vedada a imposição de
obrigações, restrições e sanções em medida superior àquelas estritamente
necessárias ao atendimento do interesse público (inciso VI, artigo 2º, da Lei
9.784/99).

5
FIGUEIREDO, Lúcia Valle. Curso de Direito Administrativo. São Paulo: Malheiros, 2008.

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Para fins de concurso público, que é o nosso foco principal, é importante


que você saiba as características tanto da razoabilidade quanto da
proporcionalidade, pois algumas bancas examinadoras elaboram questões
como se ambos fossem sinônimos.
Os princípios da razoabilidade e proporcionalidade também devem ser
observados pela autoridade administrativa no momento de imposição de
penalidades a servidores públicos, pois, caso contrário, o ato poderá ser revisto
pela própria Administração ou pelo Poder Judiciário.
Foi o que ocorreu, por exemplo, no julgamento do mandado de segurança
nº 17.490/DF, de relatoria do Ministro Mauro Campbell Marques, julgado em
14/12/2011. Na oportunidade, o Superior Tribunal de Justiça anulou
penalidade de demissão aplicada a servidor público federal em desconformidade
com os princípios da razoabilidade e proporcionalidade, nos seguintes termos:
SERVIDOR PÚBLICO. PAD. DEMISSÃO. PRINCÍPIOS. RAZOABILIDADE.
PROPORCIONALIDADE. Trata-se de mandado de segurança em que se pretende
desconstituir ato do ministro de Estado da Justiça pelo qual o ora impetrante foi demitido
do cargo de policial rodoviário federal em razão de conduta irregular consistente na
omissão em autuar e reter veículo por infração de trânsito (ausência de pagamento do
licenciamento anual), apurada em procedimento administrativo disciplinar (PAD). Ocorre
que tanto a comissão processante quanto a Corregedoria Regional da Superintendência
da Polícia Rodoviária Federal e a Corregedoria-Geral do Departamento de Polícia
Rodoviária Federal concluíram que o impetrante deveria ser penalizado com suspensão,
visto que não houve reiterada atuação ilícita, tampouco obtenção de vantagem
pecuniária ou de qualquer outra espécie pelo servidor. Todavia, a autoridade coatora,
apoiada no mesmo contexto fático, acolheu o parecer da consultoria jurídica e,
discordando dos pareceres mencionados, aplicou a pena máxima de demissão (art. 132,
caput, IV e XIII, da Lei n. 8.112/1990). Diante disso, a Seção concedeu a segurança ao
entendimento de que, embora a autoridade coatora não esteja adstrita às conclusões
tomadas pela comissão processante, a discordância deve ser fundamentada em provas
convincentes que demonstrem, de modo cabal e indubitável, ter o acusado praticado
infração capaz de ensejar a aplicação daquela penalidade máxima em reprimenda à sua
conduta irregular. Na hipótese dos autos, a autoridade coatora não indicou qualquer
outra evidência fática concreta que justificasse a exacerbação da pena de suspensão
anteriormente sugerida. Dessa forma, a aplicação da pena de demissão mostra-se
desprovida de razoabilidade, além de ofender o princípio da proporcionalidade e o
disposto no art. 128 da Lei n. 8.112/1990, diante da ausência no PAD de qualquer
menção à prática de outras condutas irregulares que pudessem interferir na convicção de
que se trata de servidor público possuidor de bons antecedentes ou de que o impetrante
tenha se valido das atribuições de seu cargo para lograr proveito próprio ou em favor de
terceiros ou, ainda, de que sua atuação tenha importado lesão aos cofres públicos.
Assim, a Seção determinou a reintegração do impetrante ao cargo de policial rodoviário
federal, assegurando-lhe o imediato ressarcimento dos vencimentos e demais vantagens
desde a data da publicação do ato demissionário. MS 17.490-DF, Rel. Min. Mauro
Campbell Marques, julgado em 14/12/2011.

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Art. 55. Em decisão na qual se evidencie não acarretarem lesão ao


interesse público nem prejuízo a terceiros, os atos que apresentarem
defeitos sanáveis poderão ser convalidados pela própria Administração.
A possibilidade de a Administração controlar a legalidade de seus próprios
atos não afasta a atuação do Poder Judiciário. Caso a Administração se depare
com uma situação de ilegalidade e não adote as providências cabíveis, poderá o
particular ingressar com uma ação judicial para pleitear a anulação da situação
de ilegalidade, se for de seu interesse.
Não são somente os atos ilegais que podem ser revistos pela
Administração, mas também os atos legais, quando forem inoportunos e
inconvenientes. Neste último caso, o ato está em perfeita conformidade com
a lei, mas a Administração decide revogá-lo, pois a sua manutenção não
atende mais ao interesse público.
Exemplo: Após ter sido aprovado no estágio probatório, um servidor
público federal compareceu ao Departamento de Recursos Humanos do órgão
público em que trabalha e pleiteou uma licença para o trato de interesses
particulares (iremos estudá-la posteriormente), por 02 (dois) anos. Após
analisar o pedido, já que se trata de ato discricionário, a Administração Pública
decidiu concedê-lo, pois era um momento oportuno (já que existia uma
quantidade razoável de servidores trabalhando – cinco – enquanto a média dos
últimos anos sempre foi três). Além disso, também era conveniente conceder
a licença, pois, segundo informações informais do servidor, o prazo de dois
anos seria utilizado para dedicar-se exclusivamente à conclusão de uma pós-
graduação lato sensu, sobre tema relacionado à sua área de atuação no serviço
público.
Todavia, assim que a licença foi concedida, coincidentemente, várias
situações inesperadas ocorreram. Dos quatro servidores que continuaram
exercendo as suas funções no órgão público, um foi escalar o pico Everest nas
férias (servidor recém-aprovado no concurso da Receita Federal do Brasil e que
não estava conseguindo gastar a integralidade dos vencimentos, sendo
obrigado a inventar “moda”) e morreu congelado. Outro decidiu abrir uma
pousada em Monte Verde/MG (lugarzinho gostoso para sentir frio, comer e
descansar) e pediu exoneração do serviço público. Todos esses acontecimentos
ocorreram no curto espaço de 06 (seis) meses após o início da licença para o
trato de interesses particulares, solicitada pelo primeiro servidor.
Pergunta: Diante da legalidade da licença, inicialmente concedida pelo
prazo de dois anos, poderia a Administração posteriormente revogá-la,
alegando inconveniência e inoportunidade em sua manutenção?

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Essa possibilidade de mudança de orientação é inevitável, porém, gera


uma grande insegurança jurídica, pois os interessados nunca sabem quando
a sua situação será passível de contestação pela própria Administração Pública.
Daí a regra que proíbe a aplicação retroativa de nova interpretação,
prevista no artigo 2º, XIII, da Lei 9.784/99:
Art. 2º, parágrafo único: Nos processos administrativos, serão
observados, entre outros, os critérios de:
XIII - interpretação da norma administrativa da forma que melhor
garanta o atendimento do fim público a que se dirige, vedada aplicação
retroativa de nova interpretação.

Desse modo, a nova interpretação somente poderá ser aplicada a casos


futuros, não prejudicando situações que já estavam consolidadas com base na
interpretação anterior.
A Constituição Federal de 1988 vai ainda mais longe, pois declara em seu
artigo 5º, XXXVI, que nem mesmo a lei poderá prejudicar ato jurídico perfeito,
direito adquirido e a coisa julgada.

3.6.1. Princípio da boa-fé e proteção à confiança


Maria Sylvia Zanella di Pietro assim dispõe sobre o princípio da boa-fé:
Pode-se dizer que o princípio da boa-fé deve estar presente do lado da
Administração e do lado do administrado. Ambos devem agir com lealdade, com
correção. O princípio da proteção à confiança protege a boa-fé do
administrado; por outras palavras, a confiança que se protege é aquela que o
particular deposita na Administração Pública. O particular confia em que a
conduta da Administração esteja correta, de acordo com a lei e com o direito. É
o que ocorre, por exemplo, quando se mantêm atos ilegais ou se regulam os
efeitos pretéritos de atos inválidos7.

No julgamento do recurso em mandado de segurança nº 24.715∕ES, de


Relatoria do Ministro Napoleão Nunes Maia Filho, o Superior Tribunal de
Justiça se valeu dos princípios da proteção à confiança e da boa-fé para
impedir que a Administração debitasse na remuneração de servidor público
valores que supostamente teriam sido recebidos indevidamente, por falha
administrativa:

7
DI PIETRO, Maria Sylvia Zanella. Direito Administrativo. 24. ed., p.88.

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AGRAVO REGIMENTAL. RECURSO ORDINÁRIO EM MANDADO DE SEGURANÇA.


ADIANTAMENTO DE REMUNERAÇÃO DESTINADA À CARREIRA DE MAGISTÉRIO.
PAGAMENTO INDEVIDO À IMPETRANTE EM RAZÃO DO GOZO DE LICENÇA
ESPECIAL REMUNERADA. MÁ APLICAÇÃO DA LEGISLAÇÃO PELA
ADMINISTRAÇÃO PÚBLICA. RECEBIMENTO DE BOA-FÉ. PRETENSÃO
ADMINISTRATIVA DE RESTITUIÇÃO DOS VALORES. IMPOSSIBILIDADE. RECURSO
DESPROVIDO.

1. É incabível a exigência de restituição ou a procedência de descontos referentes a


valores pagos em decorrência de interpretação equivocada ou má aplicação da legislação
regente pela própria Administração, quando constatada a boa-fé do beneficiado.
2. O requisito estabelecido para a não devolução de valores pecuniários indevidamente
recebidos é a boa-fé do servidor que, ao recebê-los na aparência de serem corretos,
firma compromissos com respaldo na pecúnia; a escusabilidade do erro cometido pelo
agente, autoriza a atribuição de legitimidade ao recebimento da vantagem.
3. Não há que se impor a restituição pelo Servidor de quantias percebidas de boa-fé e
por equívoco do erário, ainda que a título de adiantamento de remuneração destinada à
carreira de magistério, porquanto tais valores não lhe serviram de fonte de
enriquecimento ilícito, mas de sua subsistência e de sua família.

4. Recurso desprovido.

(AgRg no RMS 24715/ES - Relator Ministro NAPOLEÃO NUNES MAIA FILHO - DJe
13/09/2010)

No concurso público para a função de Técnico de nível superior do


Ministério das Comunicações, realizado em 2013, o CESPE considerou
correto o seguinte enunciado: “a administração pública não pode exigir a
devolução ao erário dos valores recebidos de boa-fé pelo servidor público,
quando estes tiverem sido pagos indevidamente em função de errônea
interpretação ou má aplicação da lei”.

3.7. Princípio da continuidade dos serviços públicos


O princípio em estudo declara que o serviço público deve ser prestado de
maneira contínua, o que significa dizer que, em regra, não é passível de
interrupção, em virtude de sua alta relevância para toda a coletividade.
Podemos citar como exemplo de serviços públicos que não podem ser
interrompidos a segurança pública, os serviços de saúde, transporte,
abastecimento de água, entre outros.

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Apesar da obrigatoriedade de prestação contínua, é válido ressaltar que


os serviços públicos podem sofrer paralisações ou suspensões, conforme
previsto no § 3º, artigo 6º, da Lei 8.987/1995, em situações excepcionais:
§ 3º. Não se caracteriza como descontinuidade do serviço a sua interrupção em
situação de emergência ou após prévio aviso, quando:
I - motivada por razões de ordem técnica ou de segurança das instalações; e,
II - por inadimplemento do usuário, considerado o interesse da coletividade.

Para que o serviço seja prestado de forma contínua, não é necessário que
seja prestado todos os dias, mas sim com regularidade. O exemplo cotidiano de
serviço prestado com regularidade, mas não todos os dias, é o de coleta de
lixo. É muito comum encontramos localidades em que o lixo somente é
recolhido duas vezes por semana, mas a população tem plena ciência da
frequência do serviço, o que não lhe retira a eficiência, a adequação e a
continuidade.
Todos aqueles que prestam serviços públicos estão submetidos a certas
restrições necessárias à manutenção de sua continuidade, entre elas é possível
citar:
1ª) Restrição ao direito de greve: Segundo o artigo 37, VII, da
Constituição Federal de 1988, os servidores públicos somente podem exercer
o direito de greve nos termos e nos limites definidos em lei específica.
Todavia, é válido destacar que até o momento a referida lei específica não foi
criada, mas, no julgamento dos mandados de injunção 670, 708 e 712, o
Supremo Tribunal Federal decidiu que os servidores públicos poderão utilizar a
Lei 7.783/89, que regula a greve dos trabalhadores celetistas, até que o
Congresso Nacional providencie a criação da lei a que se refere o artigo 37, VII,
da CF/88.
2º) Impossibilidade de alegação da exceção do contrato não
cumprido em face da Administração Pública: Em regra, o particular não
pode interromper ou suspender a execução de serviços públicos que estejam
sob a sua responsabilidade, mesmo que o contrato esteja sendo
desrespeitado pela Administração, como acontece na falta dos pagamentos
devidos. A impossibilidade de interrupção ou suspensão decorre da aplicação
restrita da exceção do contrato não cumprido (“exceptio non adimpleti
contratus”) nas relações jurídicas amparadas pelo regime jurídico-
administrativo, já que este tem o objetivo de assegurar à Administração
prerrogativas que facilitem a satisfação do interesse público. Somente em
situações especiais, a exemplo de atraso nos pagamentos devidos por prazo
superior a 90 dias, o particular poderá alegar a cláusula da exceção do contrato
não cumprido em face da Administração.

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Desse modo, é importante esclarecer que a impossibilidade de o particular


alegar que a Administração não cumpriu a sua obrigação no contrato, para
deixar de prestar o serviço público, não é absoluta.
Com o objetivo de evitar abusos e arbitrariedades por parte da
Administração, o legislador estabeleceu, no artigo 78, incisos XIV, XI e XVI, da
Lei de Licitações, hipóteses nas quais o particular poderá rescindir o contrato
ou optar pela suspensão dos serviços:
 A suspensão de execução do contrato, por ordem escrita da
Administração, por prazo superior a 120 (cento e vinte) dias, salvo
em caso de calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou
guerra, ou ainda por repetidas suspensões que totalizem o mesmo prazo,
independentemente do pagamento obrigatório de indenizações pelas
sucessivas e contratualmente imprevistas desmobilizações e mobilizações
e outras previstas, assegurado ao contratado, nesses casos, o direito de
optar pela suspensão do cumprimento das obrigações assumidas até que
seja normalizada a situação;
 O atraso superior a 90 (noventa) dias dos pagamentos devidos pela
Administração decorrentes de obras, serviços ou fornecimento, ou
parcelas destes, já recebidos ou executados, salvo em caso de
calamidade pública, grave perturbação da ordem interna ou guerra,
assegurado ao contratado o direito de optar pela suspensão do
cumprimento de suas obrigações até que seja normalizada a situação;
 A não liberação, por parte da Administração, de área, local ou objeto para
execução de obra, serviço ou fornecimento, nos prazos contratuais, bem
como das fontes de materiais naturais especificadas no projeto;

3.8. Princípio da motivação


O princípio da motivação impõe à Administração Pública a obrigação de
apresentar as razões de fato (o acontecimento, a circunstância real) e as
razões de direito (o dispositivo legal) que a levaram a praticar determinado
ato.
A necessidade geral de motivação dos atos administrativos não está
prevista expressamente no artigo 37 da Constituição Federal de 1988, mas
consta no artigo 93, X (em relação aos atos administrativos editados pelo Poder
Judiciário) e 129, § 4º (em relação aos atos administrativos editados pelo
Ministério Público).
Em termos gerais, o princípio da motivação pode ser considerado
implícito, pois não existe previsão expressa na Constituição Federal de 1988
de que os atos editados pelo Poder Executivo também devam ser motivados. É
claro que se a Constituição Federal impõe a obrigatoriedade de motivação dos

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atos administrativos do Poder Judiciário e do Ministério Público,


implicitamente, também a estende aos atos editados pelo Poder Executivo,
que é aquele que possui na edição de atos administrativos a sua função
principal, típica.
A Lei 9.784/99, inciso VII, artigo 2º, declara expressamente que nos
processos administrativos federais serão indicados os pressupostos de fato e
de direito que determinarem a decisão.
Além disso, afirma no § 1º, do artigo 50, que a motivação deve ser
explícita, clara e congruente, podendo consistir em declaração de
concordância com fundamentos de anteriores pareceres, informações, decisões
ou propostas, que, neste caso, serão parte integrante do ato, o que a doutrina
convencionou chamar de motivação aliunde.
A imposição de que a motivação seja explícita, clara e congruente
deriva, dentre outros, dos princípios do devido processo legal, do contraditório e
da ampla defesa.
Para que o administrado ou mesmo os agentes públicos (nos casos em
que estiverem respondendo a um processo administrativo, por exemplo)
possam contestar ou defender-se dos atos administrativos praticados pela
Administração, é necessário que tenham pleno conhecimento de seu conteúdo.
Sendo assim, no momento de motivar o ato, o administrador não pode
limitar-se a indicar o dispositivo legal que serviu de base para a sua edição. É
essencial ainda que o administrador apresente, detalhadamente, todo o
caminho que percorreu para chegar a tal conclusão, bem como o objetivo que
deseja alcançar com a prática do ato.
Agindo dessa maneira, o administrador estará permitindo que os
interessados possam exercer um controle efetivo sobre o ato praticado, que
deve respeitar as diretrizes do Estado Democrático de Direito, o princípio da
legalidade, da razoabilidade, proporcionalidade, do devido processo legal, entre
outros.
Pergunta: Será que todos os atos administrativos devem ser motivados?
Diante do que escrevi até o momento, parece que sim, não é? Bem, para
fins de concursos públicos, devemos ficar atentos a essa pergunta. Embora
renomados professores como Diógenes Gasparini e Maria Sylvia Zanella Di
Pietro, por exemplo, entendam que todos os atos administrativos devam ser
motivados, sejam eles vinculados ou discricionários, é válido destacar que
existe uma exceção muito cobrada em concursos públicos: a nomeação e
exoneração de servidores ocupantes de cargos em comissão (cargos de
confiança).

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No momento de nomear um cidadão para ocupar cargo público em


comissão (aquele em que não é necessário ser aprovado em concurso público e
que possui atribuições de direção, chefia e assessoramento, como o cargo de
Secretário Municipal, por exemplo), a autoridade competente não está obrigada
a apresentar os motivos, por escrito, que a levaram a optar pelo cidadão “a”,
em vez do cidadão “b”.
Da mesma forma, acontece na exoneração. A autoridade competente não
está obrigada a apresentar, por escrito, os motivos que a levaram a “dispensar”
o ocupante do cargo em comissão, independentemente de quais sejam.
Sendo assim, como o nosso objetivo é ser aprovado em um concurso
público, fique atento a essa exceção que comprova que nem todos os atos
administrativos precisam ser motivados.
Por fim, não confunda o motivo do ato administrativo (que iremos
estudar posteriormente) com a necessidade de motivação. O primeiro é a
razão de fato e de direito que justificou a edição do ato. O segundo nada mais é
que a exposição dos motivos, por escrito, detalhadamente.
Exemplo: Imagine que o Departamento de Recursos Humanos de um
determinado órgão público tenha solicitado ao servidor “X” a apresentação de
algumas informações e documentos para proceder à atualização de seus dados
cadastrais. Contudo, apesar da solicitação formal da Administração,
imotivadamente, o servidor se recusou a fornecê-los. Diante do exposto, o
servidor será punido com uma advertência em virtude de não ter apresentado
as informações e documentos solicitados (motivo), mas, no momento da
aplicação da penalidade, a Administração deverá explicar por escrito o
“porquê” de ter sido aplicada a referida advertência (motivação).

No concurso para o cargo de Procurador do Distrito Federal, realizado


em 2007, foi considerada correta a seguinte assertiva: “À luz do Princípio
da Motivação, a validade do ato administrativo depende do caráter prévio ou da
concomitância da motivação pela autoridade que o proferiu com relação ao
momento da prática do próprio ato”.

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ambiente; executar as ações supletivas de competência da União, de


conformidade com a legislação ambiental vigente, dentre outras.
Ora, nesse contexto, caso o Presidente do IBAMA decida emitir ordens no
sentido de direcionar a atuação da entidade para uma finalidade diferente
daquela prevista na lei, estará violando expressamente o princípio da
especialidade, dentre outros.

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RESUMO DE VÉSPERA DE PROVA - RVP

1. Não existe hierarquia entre os diversos princípios administrativos. Caso


ocorra uma colisão entre princípios, o juiz deverá ponderar, em cada caso,
conforme as circunstâncias, qual princípio deve prevalecer;
2. Para responder à questões sobre o princípio da legalidade, lembre-se:
enquanto os indivíduos, no campo privado, podem fazer tudo o que a lei não
proíbe, o administrador público só pode atuar onde a lei autoriza;
3. O princípio da legalidade, em relação aos particulares, também é conhecido
como princípio da autonomia da vontade;
4. Nas campanhas publicitárias dos órgãos e entidades integrantes da
Administração Pública não poderão constar nomes, símbolos ou imagens que
caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos;
5. É muito comum você encontrar em provas questões que se referem à
remoção de servidores com o objetivo de punição ou aplicação de
penalidade a servidores. Entretanto, a remoção não possui essas finalidades,
mas sim o objetivo de suprir a necessidade de pessoal. Portanto, caso seja
usada para punir um servidor, restará caracterizado, nesse caso, o famoso
“desvio de finalidade” ou “desvio de poder”;
6. Os atos de improbidade administrativa importarão a suspensão dos direitos
políticos, a perda da função pública, a indisponibilidade dos bens e o
ressarcimento ao erário, na forma e gradação previstas em lei, sem prejuízo
da ação penal cabível (Essa é certa na prova!);
7. A publicação do ato administrativo em órgão oficial de imprensa não é
condição de sua validade, mas sim condição de eficácia;
8. Nem todas as informações constantes em bancos de dados públicos serão
disponibilizadas aos cidadãos, pois existem algumas que são imprescindíveis à
segurança da sociedade e do Estado e, portanto, serão sigilosas;
9. O princípio da eficiência está relacionado diretamente com o princípio da
economicidade, que impõe à Administração Pública a obrigatoriedade de
praticar as atividades administrativas com observância da relação custo-
benefício;
10. Respaldada pelo princípio da supremacia do interesse público, a
Administração irá atuar com superioridade em relação aos demais interesses
existentes na sociedade. Isso significa que será estabelecida uma relação
jurídica “vertical” entre o particular e a Administração, que se encontra em
situação de superioridade;

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11. O ato discricionário pode ser revisto pelo Poder Judiciário caso viole os
princípios da razoabilidade ou da proporcionalidade;
12. De uma forma geral, os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade
são considerados implícitos;
13. A Administração pode anular seus próprios atos, quando eivados de vícios
que os tornam ilegais, porque deles não se originam direitos; ou revogá-los,
por motivo de conveniência ou oportunidade, respeitados os direitos
adquiridos, e ressalvada, em todos os casos, a apreciação judicial;
14. Os serviços públicos devem ser prestados de forma contínua, sem
interrupções, exceto nos casos de emergência ou mediante aviso prévio,
quando for necessário, por exemplo, efetuar a manutenção técnica (Princípio da
continuidade dos serviços públicos);
15. Em regra, todos os atos administrativos devem ser motivados. Todavia,
para fins de concursos públicos, lembre-se que a motivação não é obrigatória
nos atos de nomeação e exoneração para os cargos de confiança.

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QUESTÕES COMENTADAS- BATERIA “CESPE”


(CESPE∕Analista Técnico – MJ∕2013) Com referência aos princípios do
direito administrativo e aos poderes da administração, julgue os
próximos itens.
1. As restrições impostas à atividade administrativa que decorrem do
fato de ser a administração pública mera gestora de bens e de
interesses públicos derivam do princípio da indisponibilidade do
interesse público, que é um dos pilares do regime jurídico-
administrativo.
O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do
interesse público sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público
pela administração, ou seja, erige-se sobre o binômio “prerrogativas da
administração — direitos dos administrados”. O princípio da indisponibilidade do
interesse público impõe para a Administração Pública uma série de limitações
ou restrições denominadas “sujeições”, que realmente têm o objetivo de
resguardar o interesse público. Assertiva correta.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE RO∕2013) Quanto aos


princípios jurídicos aplicáveis à administração pública, julgue os itens a
seguir.
2. De acordo com a doutrina, o regime jurídico-administrativo abrange
tanto as regras quanto os princípios, os quais são considerados
recomendações para a atividade da administração pública.
Os princípios não são considerados meras recomendações para a atividade da
Administração Pública, pois possuem caráter impositivo, mandamental,
determinando diretrizes para a atuação dos agentes, entidades e órgãos
públicos. Assertiva incorreta.

3. A atribuição do nome de determinado prefeito em exercício a escola


pública municipal constitui infringência ao princípio constitucional da
impessoalidade, mesmo que tenha caráter educativo, informativo ou de
orientação social.
Ao realizar a divulgação dos atos, programas, obras e serviços realizados pela
Administração Pública, o gestor público não pode se valer da oportunidade para
promover o seu nome ou imagem perante a sociedade, apresentando-se como
se fosse o único responsável pelos feitos administrativos. Também não pode ser

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aproveitar do fato de exercer função pública (o que lhe garante respeito e


prestígio perante outras autoridades) para atribuir o seu nome ou de parentes
vivos a bens públicos. Não restam dúvidas de que tal conduta viola
frontalmente o princípio da impessoalidade. Assertiva correta.

(CESPE∕Assistente Técnico Administrativo – MI∕2013) Julgue os itens


abaixo, acerca do direito administrativo.
4. Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e a lei constituem as
principais fontes do direito administrativo.
Segundo o Dicionário Larousse da Língua Portuguesa, o vocábulo fonte significa
”lugar em que continuamente nasce água”; “princípio, origem, causa”. Nesse
contexto, as fontes do Direito Administrativo são as formas pelas quais a
disciplina jurídica é levada ao conhecimento dos seus destinatários,
manifestando-se através lei, sua fonte maior, e também por meio da
doutrina, jurisprudência e costumes administrativos. Assertiva correta.

5. Fere a moralidade administrativa a conduta do agente que se vale da


publicidade oficial para autopromover-se.
A CF∕1988, em seu art. 37, § 1º, dispõe que “a publicidade dos atos,
programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter
educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar
nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de
autoridades ou servidores públicos”. Assertiva correta.

6. Não viola o princípio da legalidade a exoneração de ofício de servidor


público por abandono de cargo.
A Lei nº 8.112∕1990, em seu art. 132, II, dispõe expressamente que o
abandono de cargo público pode ensejar a demissão do servidor público, após
regular processo administrativo. Assim, caso o servidor público seja exonerado
de ofício, violar-se-á o princípio da legalidade, pois o mandamento legal deixará
de ser observado. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Advogado – SERPRO∕2013) No que concerne aos princípios


constitucionais do direito administrativo, julgue os seguintes itens.

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7. O princípio da isonomia pode ser invocado para a obtenção de


benefício, ainda que a concessão deste a outros servidores tenha-se
dado com a violação ao princípio da legalidade.
O Supremo Tribunal Federal, através da súmula nº 339, consolidou o
entendimento de que “não cabe ao Poder Judiciário, que não tem função
legislativa, aumentar vencimentos de servidores públicos sob fundamento de
isonomia”. Assertiva incorreta.

8. O princípio da publicidade vincula-se à existência do ato


administrativo, mas a inobservância desse princípio não invalida o ato.
O Decreto Federal nº 1.171/1994, em seu inc. VII, afirma que “salvo os casos
de segurança nacional, investigações policiais ou interesse superior do Estado e
da Administração Pública, a serem preservados em processo previamente
declarado sigiloso, nos termos da lei, a publicidade de qualquer ato
administrativo constitui requisito de eficácia e moralidade, ensejando sua
omissão comprometimento ético contra o bem comum, imputável a quem a
negar”.
Nesses termos, deve ficar claro que o princípio da publicidade não se vincula à
existência do ato administrativo, mas sim à sua eficácia. O ato administrativo
perfeito, isto é, aquele que já percorreu todo o trâmite necessário à sua edição
será considerado existente ainda que não tenha sido publicado no Diário Oficial.
Porém, antes da publicação oficial, será ineficaz. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Advogado – TELEBRAS∕2013) A respeito do direito


administrativo e da administração pública, julgue os itens a seguir.
9. Os critérios unidimensionais ou simples conceituam o direito
administrativo levando em consideração um só elemento, a exemplo do
que ocorre com o critério legalista.
O critério legalista ou exegético restringe o Direito Administrativo a uma
única dimensão, isto é, somente às leis, deixando de lado os princípios,
jurisprudência e demais fontes. Por isso também é conhecido por critério
unidimensional ou simples. Assertiva correta.

(Perito Médico Previdenciário/INSS 2010/CESPE) Acerca do direito


administrativo, julgue os itens a seguir.

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10. Segundo a Escola Legalista, o direito administrativo pode ser


conceituado como o conjunto de leis administrativas vigentes em
determinado país, em dado momento.
Vários são os critérios utilizados para se definir o conceito e o objeto de estudo
do Direito Administrativo. Para a Escola Legalista, o Direito Administrativo
realmente se restringia a um conjunto de leis administrativas, conceito que,
com o passar dos anos, acabou sendo superado. Isso porque o Direito
Administrativo é muito mais amplo, abrangendo ainda os princípios, a
jurisprudência e a doutrina.
A professora Maria Sylvia Zanella di Pietro afirma que, em suas origens, na
França, o Direito Administrativo tinha por objeto apenas a interpretação das leis
administrativas. Os doutrinadores limitavam-se a compilar as leis existentes e a
interpretá-las com base principalmente na jurisprudência dos Tribunais
administrativos, formando a chamada Escola Exegética, Legalista, Empírica ou
Caótica, “para a qual o Direito Administrativo era compreendido como
sinônimo de direito positivo”.
Apesar de o critério legalista não ter conseguido apresentar um satisfatório
conceito para o Direito Administrativo, é importante destacar que o texto da
assertiva está correto, pois simplesmente traduziu o entendimento da Escola
Legalista.

11. O sistema administrativo ampara-se, basicamente, nos princípios da


supremacia do interesse público sobre o particular e da
indisponibilidade do interesse público pela administração.
A expressão “sistema administrativo”, que, no contexto da assertiva, foi
utilizada como sinônimo de regime jurídico-administrativo, realmente está
amparada nos princípios da supremacia do interesse público sobre o particular e
da indisponibilidade do interesse público.
O princípio da supremacia do interesse público sobre o particular assegura à
Administração Pública uma série de prerrogativas (vantagens) em face dos
particulares, colocando-a em uma posição privilegiada, em um patamar
superior em relação às demais pessoas (a possibilidade de alteração
unilateral dos contratos administrativos e a presunção de legitimidade de
seus atos são exemplos de prerrogativas da Administração).
De outro lado, o princípio da indisponibilidade do interesse público tem por
objetivo evitar que o administrador público se aproprie do interesse coletivo,
atuando como se fosse o seu legítimo proprietário. Desse modo, as atividades
administrativas estão sujeitas a determinadas restrições, a exemplo da

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obrigatoriedade de realização de concurso público para a contratação de


pessoal, exigência de publicação dos atos administrativos, respeito ao princípio
da legalidade, etc. Perceba que tais restrições (sujeições) não existem em
relação aos particulares, pois têm por fim resguardar o interesse público.
Assertiva correta.

12. A jurisprudência não é fonte de direito administrativo.


A jurisprudência, que pode ser conceituada como o conjunto de decisões
proferidas por um tribunal, sobre determinado tema, no mesmo sentido,
também é fonte de direito administrativo, o que torna incorreta a assertiva.
Fique atento, pois não podemos denominar de jurisprudência uma decisão
isolada de juiz ou tribunal. É necessário que tenhamos um conjunto de
decisões. A título de exemplo, destaca-se que a atual jurisprudência do Superior
Tribunal de Justiça é no sentido de que os candidatos aprovados dentro do
número de vagas disponibilizadas em edital possuem direito líquido e certo à
nomeação, dentro do prazo de validade do certame. Como o Superior Tribunal
de Justiça já proferiu várias decisões assegurando esse direito aos candidatos,
não se trata de uma “simples decisão”, mas de jurisprudência.
Por último, destaca-se que também são fontes de Direito Administrativo a lei
(em sentido amplo), os costumes e a doutrina.

13. (CESPE∕Juiz Substituto – TJ MA∕2013) Consoante aos princípios da


administração pública, assinale a opção correta.
a) De acordo com o princípio da publicidade, toda e qualquer atividade
administrativa deve ser autorizada por lei.
b) Dado o princípio da legalidade, deve o administrador público pautar
sua conduta por preceitos éticos.
c) A obrigação de a administração pública ser impessoal decorre do
princípio da moralidade.
d) A eficiência constitui princípio administrativo previsto na CF.

Comentários
a) Analisando-se o inteiro teor da assertiva, não restam dúvidas de que o seu
conteúdo está se referindo ao princípio da legalidade e não ao princípio da
publicidade. Assertiva incorreta.

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b) É o princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37,


caput, da Constituição Federal de 1988, que impõe que agentes públicos e
particulares que se relacionem com a Administração Pública atuem com
honestidade, boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais preceitos
éticos. Assertiva incorreta.
c) O princípio de direito administrativo que objetiva o tratamento igualitário e
impessoal aos administrados por parte da administração, representando um
desdobramento do princípio da isonomia, é o princípio da impessoalidade.
Assertiva incorreta.
d) O princípio da eficiência, previsto expressamente no texto constitucional,
exige que a atividade administrativa seja exercida com presteza, perfeição e
rendimento funcional. É o mais moderno princípio da função administrativa,
que já não se contenta em ser desempenhada apenas com legalidade, exigindo
resultados positivos para o serviço público e satisfatório atendimento das
necessidades da comunidade e de seus membros. Assertiva correta.
Gabarito: Letra d.

14. (CESPE∕Juiz substituto – TJ MA∕2013) Com base na interpretação


judicial do direito administrativo, assinale a opção correta.
a) Não viola o princípio da igualdade a não realização por órgãos e
entidades da administração pública de processo seletivo para
contratação de estagiário, por não constituir tal recrutamento uma
forma de provimento de cargo público.
b) A circunstância de inexistir previsão específica para a interposição
de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo afasta o poder-
dever da administração de examinar a validade do ato administrativo.
c) Conforme entendimento do STF, há risco de grave lesão à ordem
pública, bem como de efeito multiplicador, na decisão judicial que
determina remoção de servidor para acompanhar cônjuge transferido a
pedido, quando não há interesse público em removê-lo.
d) Cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha
rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão
recorrida.
Comentários
a) No julgamento da Ação Direta de Inconstitucionalidade nº 3.795/DF, cujo
acórdão foi publicado inicialmente no DJE de 24/05/2011, o Supremo Tribunal
Federal decidiu que lei distrital que proíbe a realização de processo seletivo

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para o recrutamento de estagiários pelos órgãos e entidades do Poder Público


do Distrito Federal viola os princípios da impessoalidade (art. 37, caput,
CF/1988) e igualdade (art. 5º, caput, CF/1988). Assertiva incorreta.
b) No julgamento do agravo regimental em recurso extraordinário nº 462.136,
cujo acórdão foi publicado no DJE de 01∕10∕2010, o Supremo Tribunal Federal
decidiu que “a circunstância de inexistir previsão específica para a interposição
de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo não afasta o poder-dever da
administração de examinar a validade do ato administrativo que implica a
constituição do crédito tributário, ainda que não provocada, respeitadas a forma
e as balizas impostas pelo sistema jurídico (Súmula 473/STF)”. Assertiva
incorreta.
c) No julgamento da suspensão de tutela antecipada 407∕PE, de relatoria do
Ministro Cezar Peluso, o Supremo Tribunal Federal assim decidiu:
SERVIDOR PÚBLICO. Acompanhamento de cônjuge transferido a pedido.
Remoção. Deferimento. Inadmissibilidade. Inobservância do princípio da
isonomia. Risco de lesão à ordem pública. Efeito multiplicador presente. Decisão
paradigmática. Suspensão de Segurança deferida. Agravo regimental
improvido. Há risco de grave lesão à ordem pública, bem como de efeito
multiplicador, na decisão judicial que determina remoção de servidor
para acompanhar cônjuge transferido a pedido, quando não há
interesse público em removê-lo.
(STF - STA: 407 PE , Relator: Min. CEZAR PELUSO, Data de Julgamento:
18/08/2010, Tribunal Pleno, Data de Publicação: DJe-164 DIVULG 02-09-2010
PUBLIC 03-09-2010 EMENT VOL-02413-01 PP-00026)
Nesses termos, não restam dúvidas de que o texto da assertiva simplesmente
reproduziu o julgado do STF. Assertiva correta.
d) A súmula 636 do STF dispõe que “não cabe recurso extraordinário por
contrariedade ao princípio constitucional da legalidade, quando a sua verificação
pressuponha rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela
decisão recorrida". Assertiva incorreta.
Gabarito: Letra c.

(CESPE∕Defensor Público – DPE RR∕2013 - adaptada) Considerando os


princípios aplicáveis à administração pública e a jurisprudência do STF,
julgue os itens seguintes.

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15. Se um servidor administrativo estadual tiver um pedido


administrativo negado pela administração pública, a admissibilidade de
recurso administrativo que vier a ser oferecido por esse servidor estará
condicionada ao depósito prévio da taxa recursal.
A súmula 21 do Supremo Tribunal Federal é expressa ao afirmar que “é
inconstitucional a exigência de depósito ou arrolamento prévios de dinheiro ou
bens para admissibilidade de recurso administrativo”. Assertiva incorreta.

16. Caso o presidente de autarquia estadual pretenda nomear seu


sobrinho para o cargo de diretor administrativo dessa entidade, não
haverá óbice jurídico para a nomeação, já que a vedação ao nepotismo
depende da edição de lei formal.
Em razão da súmula vinculante nº 13 do STF, que veda o nepotismo
(inclusive na forma cruzada), os primos são os únicos parentes (4º grau) do
presidente da autarquia estadual que podem ser nomeados para cargos em
comissão ou função gratificada. Sobrinhos são parentes de 3º grau, portanto,
enquadram-se na proibição ao nepotismo, que independe da edição de lei
formal, pois encontra fundamento nos princípios da impessoalidade, moralidade
e legalidade. Assertiva incorreta.

17. O princípio da publicidade exige que a administração pública dê


ampla divulgação dos seus atos, inclusive fornecendo, gratuitamente,
certidões para a defesa de direitos e o esclarecimento de situações de
interesse pessoal quando solicitadas.
A CF∕1988, em seu art. 5º, XXXIV, dispõe que são a todos assegurados,
independentemente do pagamento de taxas a obtenção de certidões em
repartições públicas, para defesa de direitos e esclarecimento de situações de
interesse pessoal. Assertiva correta.

18. O STF entende, com base no princípio da ampla defesa, que, em


processo administrativo disciplinar, é obrigatório que a defesa técnica
seja promovida por advogado.
A súmula vinculante nº 5 do Supremo Tribunal Federal dispõe que “a falta de
defesa técnica por advogado no processo administrativo disciplinar não ofende
a constituição”. Portanto, a contratação de advogado para acompanhamento de
processo administrativo disciplinar é uma faculdade assegurada ao
administrado. Assertiva incorreta.

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(Oficial Técnico de Inteligência – Direito/ABIN 2010/CESPE) Em


relação ao regime jurídico dos servidores e empregados públicos e à Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), julgue o item abaixo.
19. De acordo com o princípio da legalidade e da impessoalidade, os
empregos públicos das empresas públicas e sociedades de economia
mista devem ser criados por lei, exigindo-se prévia aprovação em
concurso público para o provimento inicial desses empregos.
O inc. II, do art. 37, da CF/1988, dispõe que “a investidura em cargo ou
emprego público depende de aprovação prévia em concurso público de provas
ou de provas e títulos, de acordo com a natureza e a complexidade do cargo ou
emprego, na forma prevista em lei, ressalvadas as nomeações para cargo em
comissão declarado em lei de livre nomeação e exoneração”.
A exigência de aprovação em concurso público para provimento de
emprego público está prevista expressamente no texto constitucional,
consequência dos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade,
eficiência e isonomia. Sendo assim, o erro da assertiva não está relacionado
aos princípios apresentados em seu texto, mas sim à necessidade de lei para
a criação de empregos públicos.
Isso porque o art. 61, § 1º, II, “a”, da CF/1988, prevê a iniciativa
privativa do Presidente da República sobre as leis que disponham sobre “a
criação de cargos, funções ou empregos públicos na administração direta e
autárquica ou aumento de sua remuneração”. Ora, perceba que somente os
empregos públicos integrantes dos quadros da Administração Direta e
autárquica precisam ser criados por lei, obrigatoriedade que não se estende
aos empregos públicos das sociedades de economia mista e empresas públicas.
Nesse último caso, os empregos públicos podem ser criados através de
atos internos, autorizados pelo próprio regimento da instituição, o que torna
incorreta a assertiva.

(Agente Técnico de Inteligência/ABIN 2010/CESPE) Julgue os itens


subsequentes, acerca dos princípios, poderes e atos administrativos.
20. Se determinada unidade da Federação constituir grupo de trabalho
para avaliar a situação funcional dos professores da rede pública de
ensino e esse grupo, contrariando a legislação de regência, colocar,
equivocadamente, inúmeros servidores em padrões superiores àqueles
a que fariam jus, a administração, tão logo verifique a ilegalidade,
deve, antes de desfazer o equívoco cometido, dar aos servidores

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indevidamente beneficiados a oportunidade do exercício do direito ao


contraditório e à ampla defesa.
No caso apresentado, constata-se que o grupo de trabalho praticou um
ato ilegal, que, por consequência, deve ser anulado. Entretanto, o
entendimento do Supremo Tribunal Federal é no sentido de que a anulação do
ato somente pode ocorrer mediante a instauração de processo administrativo
prévio, através do qual sejam assegurados o contraditório e a ampla defesa aos
interessados.
A título de exemplo, destaca-se a decisão proferida no julgamento do
Agravo Regimental em Agravo de Instrumento nº 710085/SP, publicado em
05/03/2009, de relatoria do Ministro Ricardo Lewandowski, no qual o Supremo
Tribunal Federal afirmou que “o entendimento da Corte é no sentido de que,
embora a Administração esteja autorizada a anular seus próprios atos quando
eivados de vícios que os tornem ilegais (Súmula nº 473), não prescinde do
processo administrativo, com obediência aos princípios constitucionais da ampla
defesa e do contraditório”. Assertiva correta.

21. O princípio da impessoalidade decorre, em última análise, do


princípio da isonomia e da supremacia do interesse público, não
podendo, por exemplo, a administração pública conceder privilégios
injustificados em concursos públicos e licitações nem utilizar
publicidade oficial para veicular promoção pessoal.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da
impessoalidade “traduz a ideia de que a Administração tem que tratar a todos
os administrados sem discriminações, benéficas ou detrimentosas. Nem
favoritismos nem perseguições são toleráveis. Simpatias ou animosidades
pessoais, políticas ou ideologias não podem interferir na atuação administrativa
e muito menos interesses sectários, de facções ou grupos de quaisquer
espécies. O princípio em causa não é senão o próprio princípio da igualdade ou
isonomia”.
Analisando-se a afirmação do citado professor, fica muito claro que o
princípio da impessoalidade realmente é decorrência dos princípios da isonomia
e da supremacia do interesse público sobre o privado. Ao tratar os
administrados de forma isonômica, sem favorecimentos ou perseguições, a
Administração está primando pela satisfação do interesse público, agindo em
prol da coletividade, o que torna a assertiva correta.

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É importante destacar que uma das facetas do princípio da


impessoalidade consta no próprio texto constitucional, mais precisamente no §
1º do art. 37, ao afirmar que “a publicidade dos atos, programas, obras,
serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo,
informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes,
símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou
servidores públicos”.

(Analista Administrativo/ANEEL 2010/CESPE) No que se refere aos


poderes administrativos e aos princípios que regem a administração
pública, julgue o item subsequente.
22. O princípio da moralidade administrativa tem existência autônoma
no ordenamento jurídico nacional e deve ser observado não somente
pelo administrador público, como também pelo particular que se
relaciona com a administração pública.
O art. 37, caput, da CF/1988, dispõe que “a administração pública direta
e indireta de qualquer dos Poderes da União, dos Estados, do Distrito Federal e
dos Municípios obedecerá aos princípios de legalidade, impessoalidade,
moralidade, publicidade e eficiência”.
Não há dúvidas de que o princípio da moralidade tem existência
autônoma no ordenamento jurídico brasileiro, impondo tanto aos agentes
públicos quanto aos particulares que se relacionam com a Administração a
obrigatoriedade de atuação em conformidade com os bons costumes,
honestidade, regras de boa administração, ética e justiça. Assertiva correta.

(Analista Judiciário – área administrativa/TRE BA 2013/CESPE) Com


relação à organização administrativa em sentido amplo, julgue o item
subsequente.
23. Como exemplo da incidência do princípio da inafastabilidade do
controle jurisdicional sobre os atos administrativos no ordenamento
jurídico brasileiro, é correto citar a vigência do sistema do contencioso
administrativo ou sistema francês.
Com o objetivo de corrigir os atos ilegítimos ou ilegais praticados pelo
Poder Público, foram desenvolvidos dois grandes sistemas administrativos: o
contencioso administrativo (também chamado de sistema francês) e o
sistema judiciário ou de jurisdição única (também conhecido como sistema
inglês).

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Nos países que adotam o sistema do contencioso administrativo,


existe uma dualidade de jurisdições: de um lado, a jurisdição
administrativa, encarregada de resolver os conflitos e as demandas de
interesse da Administração Pública; de outro, o Poder Judiciário,
encarregado de solucionar os demais litígios surgidos no seio da sociedade e
que não representem interesse direto da Administração.
No sistema do contencioso administrativo, o Poder Judiciário não pode
interferir nas matérias que são de interesse administrativo, já que a solução de
tais litígios ocorre no âmbito da própria Administração. Por outro lado, o
sistema judiciário ou de jurisdição única caracteriza-se pelo fato de ser o
responsável pela solução de todos os litígios surgidos no âmbito social, sejam
eles de interesse da Administração ou exclusivamente de particulares. É
o sistema adotado no Brasil.
A Constituição Federal de 1988, em seu art. 5º, inc. XXXV, dispõe
expressamente que “a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão
ou ameaça a direito”. Trata-se do princípio da inafastabilidade do controle
jurisdicional, que assegura ao Poder Judiciário a prerrogativa de analisar
todas as lesões ou ameaças a direitos que ocorrerem no âmbito da sociedade.
Sendo assim, mesmo que a Administração já tenha proferido decisão
sobre uma determinada matéria (aplicação de uma penalidade a servidor
público, imposição de multa a particular, revisão de processo administrativo,
etc), é assegurado àquele que se sentir prejudicado o direito de recorrer ao
Poder Judiciário para discutir novamente a questão.
Perceba que, no sistema do contencioso administrativo, o Poder Judiciário
não interfere nas decisões proferidas no âmbito da Administração, portanto, tal
sistema não pode ser citado como exemplo da incidência do princípio da
inafastabilidade do controle jurisdicional sobre os atos administrativos.
Assertiva incorreta.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE ES∕2012) A respeito de órgão


público, agente de fato e princípios da administração pública, julgue os
itens que se seguem.
24. A atuação administrativa dos integrantes do setor público deve ser
pautada pela existência de uma permissão legal. Assim sendo, o
princípio explicitado na CF hierarquicamente definido como mais
importante é o da legalidade, pois é um princípio norteador das ações
públicas.

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O princípio da legalidade realmente é responsável por pautar as condutas


praticadas no âmbito da Administração Pública, já que a atividade
administrativa deve ser sempre autorizada ou determinada por lei. Todavia,
não é correto afirmar que o princípio da legalidade é hierarquicamente o mais
importante, pois não há hierarquia entre os princípios administrativos.
Diante de uma aparente colisão entre princípios, o intérprete (o
administrador ou o juiz) deverá considerar o peso relativo de cada um deles e
verificar, no caso concreto em análise, qual deverá prevalecer. A solução da
colisão dar-se-á através da ponderação entre os diversos valores jurídicos
envolvidos, pois os princípios possuem um alcance (peso) diferente em cada
caso concreto e aquele que possuir maior abrangência deverá prevalecer.
Assertiva incorreta.

25. Segundo o princípio da indisponibilidade, o agente público não


dispõe livremente dos bens e do interesse público, devendo geri-los da
forma que melhor atenda à coletividade.
O princípio da indisponibilidade do interesse público pode ser estudado sob
vários aspectos, mas todos eles estabelecem restrições e limitações à gestão
dos bens e interesses públicos, que devem sempre satisfazer os interesses da
coletividade. Se o agente público desejar alienar um bem público, por exemplo,
deverá observar todas as condições previstas no art. 17 da Lei nº 8.666∕1993,
sob pena de responsabilização nas esferas penal, administrativa e cível.
Assertiva correta.

(CESPE∕Técnico Administrativo – ANATEL∕2012) Julgue o item que se


segue, relativo aos princípios e poderes da administração pública.
26. O princípio da segurança jurídica resguarda a estabilidade das
relações no âmbito da administração; um de seus reflexos é a vedação
à aplicação retroativa de nova interpretação de norma em processo
administrativo.
O art. 2º, XIII, da Lei nº 9.784∕1999, dispõe que nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios de “interpretação da norma
administrativa da forma que melhor garanta o atendimento do fim público a que
se dirige, vedada aplicação retroativa de nova interpretação”.

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Ao responder às questões de prova, lembre-se sempre de que o princípio da


segurança jurídica não veda que a Administração Pública altere as suas
interpretações sobre as leis vigentes, porém, não permite que a “nova”
interpretação seja aplicada retroativamente. Assertiva correta.

(CESPE∕Técnico Administrativo – IBAMA∕2012) No que concerne à


administração pública, julgue os itens a seguir.
27. De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o
estado de sítio constituem exceção ao princípio da legalidade na
administração pública.
O professor Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que o princípio da
legalidade pode sofrer constrições (restrições) em função de circunstâncias
excepcionais, mencionadas expressamente no texto constitucional, como no
caso da edição de medidas provisórias, decretação de estado de defesa
e, ainda, a decretação de estado de sítio pelo Presidente da República.
Assim, é correto concluir que, em situações excepcionais, os particulares
podem ser obrigados a fazer ou deixar de fazer alguma coisa também em
virtude de medida provisória ou decretos que instituem estado de defesa ou
estado de sítio. Porém, tal obrigação somente ocorre em caráter excepcional
e em virtude de tais instrumentos possuírem força de lei, apesar de não serem
lei em sentido formal. Assertiva correta.

(CESPE∕Analista Judiciário – TRE RJ∕2012) Julgue os itens que se


seguem, relativos ao direito administrativo.
28. No âmbito da administração pública, a correlação entre meios e fins
é uma expressão cujos sentido e alcance costumam ser diretamente
associados ao princípio da eficiência.
O art. 2º, VI, da Lei nº 9.784∕1999, dispõe que nos processos administrativos
serão observados, entre outros, os critérios “de adequação entre meios e
fins, vedada a imposição de obrigações, restrições e sanções em medida
superior àquelas estritamente necessárias ao atendimento do interesse
público”. Nesse caso, o dispositivo legal está se referindo ao princípio da
proporcionalidade e não ao princípio da eficiência. Assertiva incorreta.

(CESPE∕Administrador – TJ RR∕2012) Acerca dos princípios da


impessoalidade e da supremacia do interesse público, julgue os
próximos itens.

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29. Do princípio da supremacia do interesse público decorre a posição


jurídica de preponderância do interesse da administração pública.
É o princípio da supremacia do interesse público que assegura à Administração
Pública uma posição de superioridade nas relações jurídicas mantidas com
particulares, estabelecendo, assim, uma relação de verticalidade. Isso
permite que as decisões administrativas sejam impostas aos administrados
independentemente da respectiva concordância ou aquiescência, por exemplo.
Assertiva correta.

(CESPE∕Analista de Infraestrutura – MPOG∕2012) Com base na


legislação atinente à investidura e ao exercício da função pública e aos
direitos e deveres dos funcionários públicos, julgue os itens que se
seguem.
30. Dado o princípio da legítima confiança, é incabível a restituição ao
erário dos valores recebidos de boa-fé por servidor público em
decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da
administração pública.
No julgamento do Recurso em Mandado de Segurança nº 18.780∕RS, que
ocorreu em 12∕04∕2012, o Superior Tribunal de Justiça ratificou o
entendimento de que “é incabível a restituição ao erário dos valores recebidos
de boa-fé pelo servidor público em decorrência de errônea ou inadequada
interpretação da lei por parte da Administração Pública. Em virtude do princípio
da legítima confiança, o servidor público, em regra, tem a justa expectativa de
que são legais os valores pagos pela Administração Pública, porque jungida à
legalidade estrita”. Assertiva correta.

(CESPE/Auditor Federal de Controle Externo – TCU/2015) No que se


refere a ato administrativo, agente público e princípios da
administração pública, julgue o próximo item.
31. De acordo com entendimento dominante, é legítima a publicação
em sítio eletrônico da administração pública dos nomes de seus
servidores e do valor dos vencimentos e das vantagens pecuniárias a
que eles fazem jus.
No julgamento da Suspensão de Segurança nº 3902/SP, que ocorreu em
09/06/2011, o Supremo Tribunal Federal decidiu que a divulgação dos
vencimentos brutos de servidores, a ser realizada oficialmente, constituiria
interesse coletivo, sem implicar violação à intimidade e à segurança deles, uma

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vez que esses dados diriam respeito a agentes públicos em exercício nessa
qualidade. Afirmou-se, ademais, que não seria permitida a divulgação do
endereço residencial, CPF e RG de cada um, mas apenas de seu nome e
matrícula funcional. Assertiva correta.

32. O princípio da eficiência, considerado um dos princípios inerentes à


administração pública, não consta expressamente na CF.
O princípio da eficiência consta expressamente no caput do art. 37 da CF/1988.
Todavia, deve ficar claro que somente foi introduzido no texto constitucional em
1998, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele
era considerado um princípio implícito. Assertiva incorreta.

(CESPE/Técnico Federal de Controle Externo – TCU/2015) No que se


refere aos princípios e conceitos da administração pública e aos
servidores públicos, julgue o próximo item.
33. Ofenderá o princípio da impessoalidade a atuação administrativa
que contrariar, além da lei, a moral, os bons costumes, a honestidade
ou os deveres de boa administração.
O princípio da moralidade, também previsto expressamente no artigo 37,
caput, da Constituição Federal de 1988, determina que os atos e atividades da
Administração devem obedecer não só à lei, mas também à própria moral, pois
nem tudo que é legal é honesto. Como consequência do princípio da moralidade
(e não da impessoalidade), os agentes públicos devem agir com honestidade,
boa-fé e lealdade, respeitando a isonomia e demais preceitos éticos. Assertiva
incorreta.

(CESPE/Administrador – FUB/2015) Julgue o item subsecutivo, de


acordo com os princípios que compõem o direito administrativo
brasileiro.
34. A ação administrativa tendente a beneficiar ou a prejudicar
determinada pessoa viola o princípio da isonomia.
O princípio da impessoalidade impõe à Administração Pública a obrigação de
conceder tratamento isonômico a todos os administrados que se
encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica vedado o tratamento
privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de amizade, parentesco ou
troca de favores. Da mesma forma, o princípio também veda aos

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administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em razão de


inimizade ou perseguição política, por exemplo.
Penso que a questão é passível de recurso, pois, da forma que o enunciado foi
exposto, também poderia caracterizar violação ao princípio da isonomia. De
qualquer forma, a banca manteve o gabarito. Assertiva incorreta.

35. O agente público só poderá agir quando houver lei que autorize a
prática de determinado ato.
Segundo o saudoso professor Hely Lopes Meirelles, “enquanto os indivíduos, no
campo privado, podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador
público só pode atuar onde a lei autoriza”. Assertiva correta.

(CESPE/Auditor – FUB/2015) No que concerne ao regime jurídico-


administrativo, julgue o item subsequente.
36. A proteção da confiança, desdobramento do princípio da segurança
jurídica, impede a administração de adotar posturas manifestadamente
contraditórias, ou seja, externando posicionamento em determinado
sentido, para, em seguida, ignorá-lo, frustrando a expectativa dos
cidadãos de boa-fé.
O princípio da proteção à confiança não possui previsão expressa no
ordenamento jurídico brasileiro. Para a doutrina majoritária, trata-se de
princípio que corresponde ao aspecto subjetivo da segurança jurídica. A
atividade administrativa deve ser pautada na estabilidade e previsibilidade,
prestigiando-se a confiança depositada pelo administrado de boa-fé e que o
levou a usufruir dos direitos concedidos pelo respectivo ato. Assim, não deve
ser surpreendido e prejudicado futuramente por eventual decisão administrativa
de extinção de seus efeitos sob a alegação de equivocada ou má interpretação
da legislação vigente. Assertiva correta.

37. O princípio da segurança jurídica não se sobrepõe ao da legalidade,


devendo os atos administrativos praticados em violação à lei, em todo
caso, ser anulados, a qualquer tempo.
Não há hierarquia entre princípios, apesar de ser muito comum em provas de
concursos questões afirmando que o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado é superior aos demais (assertivas incorretas,
obviamente!). Também costumam fazem essa afirmação em relação ao
princípio da legalidade e ao da segurança jurídica, o que não é verdade.

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Ademais, deve ficar claro que nem todo ato administrativo contrário à lei deve
ser anulado. Caso o vício de ilegalidade esteja presente nos requisitos forma
ou competência, admitir-se-á a convalidação em alguns casos (quando não se
tratar de competência exclusiva, por exemplo). Assertiva incorreta.

(CESPE/Assistente em administração – FUB/2015) A administração


pública é regida por princípios fundamentais que atingem todos os
entes da Federação: União, estados, municípios e o Distrito Federal.
Com relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo.
38. A pretexto de atuar eficientemente, é possível que a administração
pratique atos não previstos na legislação.
A busca pela eficiência, princípio previsto expressamente no art. 37, caput, da
CF, não pode servir de pretexto para que a Administração Pública pratique atos
não previstos na legislação. O administrador somente pode agir quando
autorizado pela lei ou quando houver determinação legal. Assertiva
incorreta.

39. O princípio da legalidade limita a atuação do Estado à legislação


existente.
Por força do princípio da legalidade, o administrador público tem sua atuação
limitada ao que estabelece a lei, aspecto que o difere do particular, a quem
tudo se permite se não houver proibição legal.
Todavia, penso que a questão é passível de recurso, pois, pela forma que o
enunciado foi apresentado, excluiu-se a necessidade de observância aos
princípios administrativos. Assertiva correta.

40. De acordo com o princípio da moralidade, os agentes públicos


devem atuar de forma neutra, sendo proibida a atuação pautada pela
promoção pessoal.
É o princípio da impessoalidade que impõe que o agente público atue de forma
neutra, deixando de privilegiar os amigos ou prejudicar os inimigos. Ademais,
impõe que os cargos ou atividades administrativas não sejam utilizados para a
promoção pessoal do agente. Assertiva incorreta.

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41. Apesar de o princípio da moralidade exigir que os atos da


administração pública sejam de ampla divulgação, veda-se a
publicidade de atos que violem a vida privada do cidadão.
É o princípio da publicidade que impõe que a Administração Pública conceda aos
seus atos a mais ampla divulgação possível entre os administrados, pois só
assim estes poderão fiscalizar e controlar a legitimidade das condutas
praticadas pelos agentes públicos. Assertiva incorreta.

42. Na hierarquia dos princípios da administração pública, o mais


importante é o princípio da legalidade, o primeiro a ser citado na CF.
Não há hierarquia entre princípios, apesar de ser muito comum em provas de
concursos questões afirmando que o princípio da supremacia do interesse
público sobre o privado é superior aos demais (assertivas incorretas,
obviamente!). Também costumam fazem essa afirmação em relação ao
princípio da legalidade, o que não é verdade. Assertiva incorreta.

(CESPE/Técnico – MPU/2015) O servidor responsável pela segurança


da portaria de um órgão público desentendeu-se com a autoridade
superior desse órgão. Para se vingar do servidor, a autoridade
determinou que, a partir daquele dia, ele anotasse os dados completos
de todas as pessoas que entrassem e saíssem do imóvel.
Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.
43. O ato praticado pela autoridade superior, como todos os atos da
administração pública, está submetido ao princípio da moralidade,
entretanto, considerações de cunho ético não são suficientes para
invalidar ato que tenha sido praticado de acordo com o princípio da
legalidade.
Nem tudo que é legal é moral. Assim, atos praticados em conformidade com a
legislação vigente podem ser posteriormente anulados, caso fique demonstrada
expressa violação ao princípio da moralidade. Assertiva incorreta.

(CESPE/Nível Superior – FUB/2015) Com base no que dispõem a Lei n.º


9.784/1999, o Estatuto e o Regimento Geral da UnB, julgue os itens
que se seguem.

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44. Como decorrência dos princípios da legalidade e da segurança


jurídica, é correto afirmar que os processos administrativos regidos
pela Lei n.º 9.784/1999 devem, em regra, guardar estrita
correspondência com as formas estabelecidas para cada espécie
processual, podendo a lei, em determinadas hipóteses, dispensar essa
exigência.
A Lei 9.784/99, em seu art. 22, dispõe que “os atos do processo administrativo
não dependem de forma determinada senão quando a lei expressamente a
exigir”. Sendo assim, pode-se concluir que existe uma regra e a exceção. A
regra é a de que os atos do processo administrativo não dependem de forma
determinada, conseqüência do princípio do informalismo. Todavia, em
caráter excepcional, deve ficar claro que pode ocorrer de a lei estabelecer uma
forma específica para a realização dos respectivos atos.
Perceba que o enunciado simplesmente inverteu as informações contidas no art.
22 da Lei 9.784/1999, portanto, deve ser considerado incorreto.

(CESPE/Técnico Judiciário – TRE-GO/2015) No que se refere ao regime


jurídico-administrativo brasileiro e aos princípios regentes da
administração pública, julgue o próximo item.
45. Por força do princípio da legalidade, o administrador público tem
sua atuação limitada ao que estabelece a lei, aspecto que o difere do
particular, a quem tudo se permite se não houver proibição legal.
Segundo Hely Lopes Meirelles, “enquanto os indivíduos, no campo privado,
podem fazer tudo o que a lei não veda, o administrador público só pode
atuar onde a lei autoriza”. Assertiva correta.

46. Em decorrência do princípio da impessoalidade, previsto


expressamente na Constituição Federal, a administração pública deve
agir sem discriminações, de modo a atender a todos os administrados e
não a certos membros em detrimento de outros.
O princípio da impessoalidade impõe à Administração Pública a obrigação de
conceder tratamento isonômico a todos os administrados que se
encontrarem em idêntica situação jurídica. Assim, fica vedado o tratamento
privilegiado a um ou alguns indivíduos em função de amizade, parentesco ou
troca de favores. Da mesma forma, o princípio também veda aos
administradores que pratiquem atos prejudiciais ao particular em razão de
inimizade ou perseguição política, por exemplo. Assertiva correta.

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47. O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de


forma explícita.
O princípio da eficiência somente foi introduzido no texto constitucional em
1998, com a promulgação da Emenda Constitucional nº. 19. Antes disso, ele
era considerado um princípio implícito, porém, atualmente consta na
CF/1988 de forma explícita. Assertiva correta.

48. O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em


dois princípios dos quais todos os demais decorrem, a saber: o princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado e o princípio da
indisponibilidade do interesse público.
O regime jurídico-administrativo pauta-se sobre os princípios da supremacia do
interesse público sobre o particular e o da indisponibilidade do interesse público
pela administração, ou seja, erige-se sobre o binômio “prerrogativas da
administração — direitos dos administrados”. O princípio da indisponibilidade do
interesse público impõe para a Administração Pública uma série de limitações
ou restrições denominadas “sujeições”, que realmente têm o objetivo de
resguardar o interesse público. Assertiva correta.

(CESPE/Técnico Federal de Controle Externo – TCU/2015) 49. Se for


imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, será permitido o
sigilo dos atos administrativos.
O art. 5º, XXXIII, da CF/1988, prevê duas hipóteses de restrição à publicidade
dos atos da Administração Pública: a) quando for imprescindível à segurança
da sociedade, a exemplo das informações que possam colocar em risco a vida,
a segurança ou a saúde da população; b) se necessário à segurança do
Estado, a exemplo das informações sobre a defesa nacional, que podem pôr
em risco a defesa e a soberania nacional ou a integridade do território nacional.
Assertiva correta.

(CESPE/Técnico Federal de Controle Externo – TCU/2015) 50.


Conforme a teoria dos motivos determinantes, a validade do ato
administrativo vincula-se aos motivos que o determinaram, sendo,
portanto, nulo o ato administrativo cujo motivo estiver dissociado da
situação de direito ou de fato que determinou ou autorizou a sua
realização.

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Celso Antônio Bandeira de Mello afirma que, de acordo com a teoria dos
motivos determinantes, os motivos que determinam a vontade do agente,
isto é, os fatos que serviram de suporte à sua decisão, integram a validade do
ato. Sendo assim, a invocação de “motivos de fato” falsos, inexistentes ou
incorretamente qualificados vicia o ato mesmo quando, conforme já se disse, a
lei não haja estabelecido, antecipadamente, os motivos que ensejariam a
prática do ato. Uma vez enunciados pelo agente os motivos em que se calçou,
ainda quando a lei não haja expressamente imposto a obrigação de enunciá-los,
o ato só será válido se estes realmente ocorreram e o justificavam. Assertiva
correta.

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RELAÇÃO DE QUESTÕES COM GABARITO – “BATERIA CESPE”

(CESPE∕Analista Técnico – MJ∕2013) Com referência aos princípios do


direito administrativo e aos poderes da administração, julgue os
próximos itens.
1. As restrições impostas à atividade administrativa que decorrem do
fato de ser a administração pública mera gestora de bens e de
interesses públicos derivam do princípio da indisponibilidade do
interesse público, que é um dos pilares do regime jurídico-
administrativo.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE RO∕2013) Quanto aos


princípios jurídicos aplicáveis à administração pública, julgue os itens a
seguir.
2. De acordo com a doutrina, o regime jurídico-administrativo abrange
tanto as regras quanto os princípios, os quais são considerados
recomendações para a atividade da administração pública.
3. A atribuição do nome de determinado prefeito em exercício a escola
pública municipal constitui infringência ao princípio constitucional da
impessoalidade, mesmo que tenha caráter educativo, informativo ou de
orientação social.

(CESPE∕Assistente Técnico Administrativo – MI∕2013) Julgue os itens


abaixo, acerca do direito administrativo.
4. Os costumes, a jurisprudência, a doutrina e a lei constituem as
principais fontes do direito administrativo.
5. Fere a moralidade administrativa a conduta do agente que se vale da
publicidade oficial para autopromover-se.
6. Não viola o princípio da legalidade a exoneração de ofício de servidor
público por abandono de cargo.

(CESPE∕Advogado – SERPRO∕2013) No que concerne aos princípios


constitucionais do direito administrativo, julgue os seguintes itens.
7. O princípio da isonomia pode ser invocado para a obtenção de
benefício, ainda que a concessão deste a outros servidores tenha-se
dado com a violação ao princípio da legalidade.

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8. O princípio da publicidade vincula-se à existência do ato


administrativo, mas a inobservância desse princípio não invalida o ato.

(CESPE∕Advogado – TELEBRAS∕2013) A respeito do direito


administrativo e da administração pública, julgue os itens a seguir.
9. Os critérios unidimensionais ou simples conceituam o direito
administrativo levando em consideração um só elemento, a exemplo do
que ocorre com o critério legalista.

(Perito Médico Previdenciário/INSS 2010/CESPE) Acerca do direito


administrativo, julgue os itens a seguir.
10. Segundo a Escola Legalista, o direito administrativo pode ser
conceituado como o conjunto de leis administrativas vigentes em
determinado país, em dado momento.
11. O sistema administrativo ampara-se, basicamente, nos princípios da
supremacia do interesse público sobre o particular e da
indisponibilidade do interesse público pela administração.
12. A jurisprudência não é fonte de direito administrativo.

13. (CESPE∕Juiz Substituto – TJ MA∕2013) Consoante aos princípios da


administração pública, assinale a opção correta.
a) De acordo com o princípio da publicidade, toda e qualquer atividade
administrativa deve ser autorizada por lei.
b) Dado o princípio da legalidade, deve o administrador público pautar
sua conduta por preceitos éticos.
c) A obrigação de a administração pública ser impessoal decorre do
princípio da moralidade.
d) A eficiência constitui princípio administrativo previsto na CF.

14. (CESPE∕Juiz substituto – TJ MA∕2013) Com base na interpretação


judicial do direito administrativo, assinale a opção correta.
a) Não viola o princípio da igualdade a não realização por órgãos e
entidades da administração pública de processo seletivo para
contratação de estagiário, por não constituir tal recrutamento uma
forma de provimento de cargo público.

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b) A circunstância de inexistir previsão específica para a interposição


de recurso hierárquico em favor do sujeito passivo afasta o poder-
dever da administração de examinar a validade do ato administrativo.
c) Conforme entendimento do STF, há risco de grave lesão à ordem
pública, bem como de efeito multiplicador, na decisão judicial que
determina remoção de servidor para acompanhar cônjuge transferido a
pedido, quando não há interesse público em removê-lo.
d) Cabe recurso extraordinário por contrariedade ao princípio
constitucional da legalidade, quando a sua verificação pressuponha
rever a interpretação dada a normas infraconstitucionais pela decisão
recorrida.

(CESPE∕Defensor Público – DPE RR∕2013 - adaptada) Considerando os


princípios aplicáveis à administração pública e a jurisprudência do STF,
julgue os itens seguintes.
15. Se um servidor administrativo estadual tiver um pedido
administrativo negado pela administração pública, a admissibilidade de
recurso administrativo que vier a ser oferecido por esse servidor estará
condicionada ao depósito prévio da taxa recursal.
16. Caso o presidente de autarquia estadual pretenda nomear seu
sobrinho para o cargo de diretor administrativo dessa entidade, não
haverá óbice jurídico para a nomeação, já que a vedação ao nepotismo
depende da edição de lei formal.
17. O princípio da publicidade exige que a administração pública dê
ampla divulgação dos seus atos, inclusive fornecendo, gratuitamente,
certidões para a defesa de direitos e o esclarecimento de situações de
interesse pessoal quando solicitadas.
18. O STF entende, com base no princípio da ampla defesa, que, em
processo administrativo disciplinar, é obrigatório que a defesa técnica
seja promovida por advogado.

(Oficial Técnico de Inteligência – Direito/ABIN 2010/CESPE) Em


relação ao regime jurídico dos servidores e empregados públicos e à Lei
de Responsabilidade Fiscal (LRF), julgue o item abaixo.
19. De acordo com o princípio da legalidade e da impessoalidade, os
empregos públicos das empresas públicas e sociedades de economia
mista devem ser criados por lei, exigindo-se prévia aprovação em
concurso público para o provimento inicial desses empregos.

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(Agente Técnico de Inteligência/ABIN 2010/CESPE) Julgue os itens


subsequentes, acerca dos princípios, poderes e atos administrativos.
20. Se determinada unidade da Federação constituir grupo de trabalho
para avaliar a situação funcional dos professores da rede pública de
ensino e esse grupo, contrariando a legislação de regência, colocar,
equivocadamente, inúmeros servidores em padrões superiores àqueles
a que fariam jus, a administração, tão logo verifique a ilegalidade,
deve, antes de desfazer o equívoco cometido, dar aos servidores
indevidamente beneficiados a oportunidade do exercício do direito ao
contraditório e à ampla defesa.
21. O princípio da impessoalidade decorre, em última análise, do
princípio da isonomia e da supremacia do interesse público, não
podendo, por exemplo, a administração pública conceder privilégios
injustificados em concursos públicos e licitações nem utilizar
publicidade oficial para veicular promoção pessoal.
(Analista Administrativo/ANEEL 2010/CESPE) No que se refere aos
poderes administrativos e aos princípios que regem a administração
pública, julgue o item subsequente.
22. O princípio da moralidade administrativa tem existência autônoma
no ordenamento jurídico nacional e deve ser observado não somente
pelo administrador público, como também pelo particular que se
relaciona com a administração pública.

(Analista Judiciário – área administrativa/TRE BA 2013/CESPE) Com


relação à organização administrativa em sentido amplo, julgue o item
subsequente.
23. Como exemplo da incidência do princípio da inafastabilidade do
controle jurisdicional sobre os atos administrativos no ordenamento
jurídico brasileiro, é correto citar a vigência do sistema do contencioso
administrativo ou sistema francês.

(CESPE∕Auditor de Controle Externo – TCE ES∕2012) A respeito de órgão


público, agente de fato e princípios da administração pública, julgue os
itens que se seguem.
24. A atuação administrativa dos integrantes do setor público deve ser
pautada pela existência de uma permissão legal. Assim sendo, o
princípio explicitado na CF hierarquicamente definido como mais

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importante é o da legalidade, pois é um princípio norteador das ações


públicas.
25. Segundo o princípio da indisponibilidade, o agente público não
dispõe livremente dos bens e do interesse público, devendo geri-los da
forma que melhor atenda à coletividade.

(CESPE∕Técnico Administrativo – ANATEL∕2012) Julgue o item que se


segue, relativo aos princípios e poderes da administração pública.
26. O princípio da segurança jurídica resguarda a estabilidade das
relações no âmbito da administração; um de seus reflexos é a vedação
à aplicação retroativa de nova interpretação de norma em processo
administrativo.

(CESPE∕Técnico Administrativo – IBAMA∕2012) No que concerne à


administração pública, julgue os itens a seguir.
27. De acordo com a CF, a medida provisória, o estado de defesa e o
estado de sítio constituem exceção ao princípio da legalidade na
administração pública.

(CESPE∕Analista Judiciário – TRE RJ∕2012) Julgue os itens que se


seguem, relativos ao direito administrativo.
28. No âmbito da administração pública, a correlação entre meios e fins
é uma expressão cujos sentido e alcance costumam ser diretamente
associados ao princípio da eficiência.

(CESPE∕Administrador – TJ RR∕2012) Acerca dos princípios da


impessoalidade e da supremacia do interesse público, julgue os
próximos itens.
29. Do princípio da supremacia do interesse público decorre a posição
jurídica de preponderância do interesse da administração pública.

(CESPE∕Analista de Infraestrutura – MPOG∕2012) Com base na


legislação atinente à investidura e ao exercício da função pública e aos
direitos e deveres dos funcionários públicos, julgue os itens que se
seguem.

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30. Dado o princípio da legítima confiança, é incabível a restituição ao


erário dos valores recebidos de boa-fé por servidor público em
decorrência de errônea ou inadequada interpretação da lei por parte da
administração pública.

(CESPE/Auditor Federal de Controle Externo – TCU/2015) No que se


refere a ato administrativo, agente público e princípios da
administração pública, julgue o próximo item.
31. De acordo com entendimento dominante, é legítima a publicação
em sítio eletrônico da administração pública dos nomes de seus
servidores e do valor dos vencimentos e das vantagens pecuniárias a
que eles fazem jus.
32. O princípio da eficiência, considerado um dos princípios inerentes à
administração pública, não consta expressamente na CF.

(CESPE/Técnico Federal de Controle Externo – TCU/2015) No que se


refere aos princípios e conceitos da administração pública e aos
servidores públicos, julgue o próximo item.
33. Ofenderá o princípio da impessoalidade a atuação administrativa
que contrariar, além da lei, a moral, os bons costumes, a honestidade
ou os deveres de boa administração.

(CESPE/Administrador – FUB/2015) Julgue o item subsecutivo, de


acordo com os princípios que compõem o direito administrativo
brasileiro.
34. A ação administrativa tendente a beneficiar ou a prejudicar
determinada pessoa viola o princípio da isonomia.
35. O agente público só poderá agir quando houver lei que autorize a
prática de determinado ato.

(CESPE/Auditor – FUB/2015) No que concerne ao regime jurídico-


administrativo, julgue o item subsequente.

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36. A proteção da confiança, desdobramento do princípio da segurança


jurídica, impede a administração de adotar posturas manifestadamente
contraditórias, ou seja, externando posicionamento em determinado
sentido, para, em seguida, ignorá-lo, frustrando a expectativa dos
cidadãos de boa-fé.
37. O princípio da segurança jurídica não se sobrepõe ao da legalidade,
devendo os atos administrativos praticados em violação à lei, em todo
caso, ser anulados, a qualquer tempo.

(CESPE/Assistente em administração – FUB/2015) A administração


pública é regida por princípios fundamentais que atingem todos os
entes da Federação: União, estados, municípios e o Distrito Federal.
Com relação a esse assunto, julgue o item subsecutivo.
38. A pretexto de atuar eficientemente, é possível que a administração
pratique atos não previstos na legislação.
39. O princípio da legalidade limita a atuação do Estado à legislação
existente.
40. De acordo com o princípio da moralidade, os agentes públicos
devem atuar de forma neutra, sendo proibida a atuação pautada pela
promoção pessoal.
41. Apesar de o princípio da moralidade exigir que os atos da
administração pública sejam de ampla divulgação, veda-se a
publicidade de atos que violem a vida privada do cidadão.
42. Na hierarquia dos princípios da administração pública, o mais
importante é o princípio da legalidade, o primeiro a ser citado na CF.

(CESPE/Técnico – MPU/2015) O servidor responsável pela segurança


da portaria de um órgão público desentendeu-se com a autoridade
superior desse órgão. Para se vingar do servidor, a autoridade
determinou que, a partir daquele dia, ele anotasse os dados completos
de todas as pessoas que entrassem e saíssem do imóvel.

Com referência a essa situação hipotética, julgue o item que se segue.

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Preparatório para o concurso do INSS – 2015 (CESPE) – Direito Administrativo!
Aula 01 – Teoria Geral e Princípios da Administração Pública
Prof. Fabiano Pereira

43. O ato praticado pela autoridade superior, como todos os atos da


administração pública, está submetido ao princípio da moralidade,
entretanto, considerações de cunho ético não são suficientes para
invalidar ato que tenha sido praticado de acordo com o princípio da
legalidade.

(CESPE/Nível Superior – FUB/2015) Com base no que dispõem a Lei n.º


9.784/1999, o Estatuto e o Regimento Geral da UnB, julgue os itens
que se seguem.
44. Como decorrência dos princípios da legalidade e da segurança
jurídica, é correto afirmar que os processos administrativos regidos
pela Lei n.º 9.784/1999 devem, em regra, guardar estrita
correspondência com as formas estabelecidas para cada espécie
processual, podendo a lei, em determinadas hipóteses, dispensar essa
exigência.

(CESPE/Técnico Judiciário – TRE-GO/2015) No que se refere ao regime


jurídico-administrativo brasileiro e aos princípios regentes da
administração pública, julgue o próximo item.
45. Por força do princípio da legalidade, o administrador público tem
sua atuação limitada ao que estabelece a lei, aspecto que o difere do
particular, a quem tudo se permite se não houver proibição legal.
46. Em decorrência do princípio da impessoalidade, previsto
expressamente na Constituição Federal, a administração pública deve
agir sem discriminações, de modo a atender a todos os administrados e
não a certos membros em detrimento de outros.
47. O princípio da eficiência está previsto no texto constitucional de
forma explícita.
48. O regime jurídico-administrativo brasileiro está fundamentado em
dois princípios dos quais todos os demais decorrem, a saber: o princípio
da supremacia do interesse público sobre o privado e o princípio da
indisponibilidade do interesse público.

(CESPE/Técnico Federal de Controle Externo – TCU/2015) 49. Se for


imprescindível à segurança da sociedade e do Estado, será permitido o
sigilo dos atos administrativos.

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