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História

unidade 9 Dilemas do Brasil


9
complementar
contemporâneo

ROBERTO STUCKERT FILHO/PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA

1 • 2 • 3 • 4 • 5 • 6 • 7 • 8 • 9

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PEDRO LADEIRA/FOLHAPRESS

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Manifestantes sobem a laje do Congresso Nacional,
em Brasília (DF), 2013, durante um dos protestos que
marcaram o mês de junho daquele ano. A violenta
repressão a uma manifestação contra o aumento da
tarifa de ônibus em São Paulo motivou a organiza-
ção de uma sequência de manifestações em todo o
Brasil, com o apoio de vários setores da sociedade.
ANGELI - FOLHA DE S. PAULO 11.12.1998

Angeli. "Declaração dos direitos humanos".


São Paulo, 1998.

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LIDIANE VOLPI
Lennon Corezomaé é o primeiro indígena a
ingressar em um curso de pós-graduação,
na Universidade Federal de São Carlos, em
São Carlos (SP), 2015.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

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A democracia consolidada
Com as eleições diretas e o fortalecimento das instituições democrá-
ticas, ampliaram-se os canais de participação política no Brasil. Essas
condições deram maior visibilidade à situação das camadas menos fa-
vorecidas da população, obrigando os poderes públicos a desenvolver
políticas afirmativas e de inclusão social.
No entanto, o Brasil é, ainda hoje, um dos países mais desiguais do
mundo e, ao mesmo tempo, grande parte da população parece deixar
de acreditar na política partidária e representativa. Superar essa si-
tuação é um dos desafios com os quais a democracia brasileira terá de
lidar no século XXI.

Professor: As páginas de aber-


tura promovem a verificação e
a exploração dos conhecimen-

Objetivos de aprendizagem

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tos prévios dos alunos. São um
convite à discussão e à leitura
de imagens. As questões
propostas permitem avaliar
o grau de conhecimento da Ter os objetivos de aprendizagem em mente vai orientá-lo em seus estudos e
classe e podem orientar a con- ajudá-lo a verificar seu aproveitamento ao final da unidade. Os trabalhos em grupo
dução mais adequada dos as-
suntos que serão abordados. são fundamentais para trocar saberes, para o desenvolvimento do pensamento
Deixe que os alunos respon- crítico e da autonomia. Lembre-se de que mapas, gráficos, imagens, tabelas e
dam às perguntas livremente.
charges são formas de linguagem que conduzem a conceitos e apresentam dados
e informações diversos. Saber ler e interpretar todas as formas de linguagem
permite compreender melhor a realidade e o mundo em que você vive.
Outros objetivos de aprendizagem são:
• identificar os dilemas para a implantação da democracia no Brasil;
• definir e avaliar o conceito de privatização e conhecer a função das agências
reguladoras;
• explicar o conceito de neoliberalismo;
• definir e aplicar os conceitos de congelamento de preços e inflação à realidade
brasileira atual;
• definir e avaliar o conceito de governabilidade;
• identificar a corrupção como um fenômeno da realidade brasileira e posicionar-se
em relação a ela;
• explicar o que foi o Plano Real e definir sua importância para a sociedade
brasileira;
• definir o conceito de deficit público;
• explicar o que são reformas na Constituição e conhecer os mecanismos para sua
realização;
• reconhecer de que maneira o Brasil se insere na economia mundial e avaliar os
benefícios e prejuízos resultantes dessa inserção;
• posicionar-se em relação às políticas afirmativas e de inclusão social;
• definir o conceito de representatividade social e política e avaliar o papel dos
Professor: Comente os ob- cidadãos brasileiros em sua construção;
jetivos de aprendizagem em
sala de aula, para orientar os
• valorizar a democracia e as práticas democráticas.
alunos em relação ao que vão
estudar na unidade.

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Observe as imagens das páginas 2 e 3. Em seguida, responda oralmente.

1 Que movimentos sociais atuam na região em que você mora? Quais são as 2. Os indígenas fazem parte
da sociedade brasileira e são
principais demandas desses movimentos? Resposta pessoal. cidadãos. No entanto, o direito
de preservar seu modo de vida
2 Qual é a importância simbólica da imagem à direita, do indígena se lhes foi negado ao longo de
praticamente toda a história
formando no Ensino Superior? do país. Somente nas últimas
décadas e após inúmeras
lutas sociais, passaram a ter
3 Os acontecimentos retratados nas imagens podem ocorrer em uma seus direitos reconhecidos
Não. Em uma sociedade não democrática
sociedade não democrática? Por quê? dificilmente existe liberdade de expressão e pela legislação. Embora esse
espaço para as minorias. reconhecimento ainda seja
insuficiente, receber um
Reúna-se com alguns colegas, conversem sobre o exercício anterior e diploma de Ensino Superior é
respondam às seguintes questões. uma conquista importante para
os indígenas, assim como para
os não indígenas, em direção a
1 Qual é o papel dos movimentos sociais em uma sociedade democrática? uma sociedade mais justa
e igualitária.
Os movimentos sociais apresentam demandas da sociedade às instituições, que podem ser

públicas, privadas, filantrópicas etc. Eles dão visibilidade ao descontentamento,

às exigências e às necessidades da população de determinada localidade ou de um país.

2 O que são políticas afirmativas?


Políticas afirmativas são medidas tomadas pelos governos para incluir minorias econômica e

socialmente excluídas. O objetivo das políticas afirmativas é possibilitar o exercício pleno da cidadania

em sociedades desiguais.

3 Por que as políticas afirmativas são necessárias em países como o Brasil?


Elas são necessárias porque o Brasil permanece marcado pela desigualdade social e econômica. Isso

significa que os cidadãos brasileiros não têm igualdade de oportunidades, o que dificulta a formação de

uma sociedade mais justa e tolerante.

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1 Governo Collor e Itamar

CAPÍTULO
(1990-1994)
As eleições diretas para presidente
No Brasil, ao longo de quase toda a história republicana, as eleições para
o cargo do Poder Executivo federal (figura 1) foram muitas vezes fraudu-
lentas ou restritas, e houve períodos em que não se realizaram. Durante a
Primeira República (1889-1930), por exemplo, o voto de cabresto e a política
dos governadores impediam que houvesse representação política efetiva.
O Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar (1964-1985) eliminaram
o direito de voto e, nas eleições ocorridas entre 1945 e 1964, o voto dos
analfabetos era proibido. Por isso, as eleições diretas para presidente de 1989
foram um marco na história política brasileira.
Naquela época, o país passava por um processo de transição democrática,
marcado pela campanha das Diretas Já, pela reivindicação da convocação de
uma Assembleia Constituinte e pela promulgação da Constituição de 1988.
Arrocho salarial. Com o fim do bipartidarismo, diversas siglas partidárias se constituíram,
demonstrando a fragmentação ideológica da época.

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Ocorre quando
os salários não O cenário econômico era de instabilidade e inflação. Os planos econômicos
aumentam conforme
a inflação, causando não impediram o arrocho salarial nem eliminaram a estagnação econômica.
perda do poder Por isso, durante a campanha presidencial de 1989 (figura 2), todos os par-
de compra dos tidos tinham em seus programas um ponto em comum: a necessidade de pôr
assalariados.
fim à inflação e dinamizar a economia brasileira.
Professor: As acepções dos
termos do glossário foram,
A campanha presidencial
sempre que possível, pesquisadas O primeiro turno das eleições presidenciais contou com diversos candidatos:
no Dicionário eletrônico Houaiss
da língua portuguesa. Para
Mario Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS), Roberto Freire (PCB) e Ulysses Guima-
fins didáticos, foram feitas as rães (PMDB), entre outros. No segundo turno ocorreu a polarização entre os can-
adaptações necessárias. didatos Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN),
e Luiz Inácio Lula da Silva, representante do Partido dos Trabalhadores (PT).
Fernando Collor é membro de uma família tradicional de Alagoas, dona do
grupo de comunicação mais poderoso desse estado. Em 1979, Collor foi indi-
cado para prefeito de Maceió pela Arena e, ao final de seu mandato, em 1982,
elegeu-se deputado federal pelo PDS. Nas eleições indiretas para presidente de
1985, votou no candidato derrotado Paulo Maluf e, dois anos depois, elegeu-se
governador de Alagoas.
SEBASTIÃO MOREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO

VIDAL CAVALCANTE/FOLHAPRESS

1 2

Até 1996, o voto era registrado em papel e depo-


sitado em urnas. Milhares de pessoas realizavam
a contagem e o resultado demorava dias para ser Na campanha presidencial de 1989, os candidatos utilizaram amplamente os meios de comunicação para
divulgado. fazer propaganda política.

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Nessa época, Fernando Collor já havia construído uma imagem de “ca-
çador de marajás”, funcionários públicos que acumulavam cargos e altos sa-
lários. Durante a campanha, ele obteve apoio de partidos conservadores e
montou um esquema midiático de propaganda política muito eficiente. Collor
vendeu uma imagem de homem moderno, jovem, esportista e, sobretudo,
defensor dos “descamisados”, isto é, das camadas mais pobres da população.
Sua campanha baseava-se justamente no espírito de modernidade capaz de
inserir o país na economia globalizada.
Ao contrário de Collor, Luiz Inácio Lula da Silva era bastante conhecido
pela população brasileira. Como líder sindical, havia se destacado no cená-
rio político desde 1979 e durante o movimento das Diretas Já. O candidato
do Partido dos Trabalhadores representava a possibilidade de transformação
social por meio de uma política que favoreceria os trabalhadores, rompendo
com o passado elitista do país. Propunha reformas sociais amplas, incluindo a
reforma agrária, tão temida pelos latifundiários.
Durante a campanha presidencial, foi organizada a Frente Brasil Popular,
uma aliança que reunia três partidos da esquerda brasileira: o Partido dos
Trabalhadores (PT), o Partido Comunista do Brasil (PCdoB) e o Partido So-
cialista Brasileiro (PSB). Apesar da aliança, a esquerda não conseguiu reunir
forças suficientes para derrotar o adversário. Collor conseguiu atrair o voto da
classe média e dos setores mais conservadores, que, seduzidos por sua cam-
panha e seu discurso modernizador, viam nele a alternativa a um governo de
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esquerda. O ex-governador de Alagoas foi eleito presidente com 36 milhões


de votos, contra os 31 milhões obtidos por seu adversário.

O governo Collor (1990-1992)


O governo de Fernando Collor adotou uma política conservadora para
tentar resolver os problemas econômicos e sociais que assolavam o país. Era
preciso diminuir os gastos estatais e reduzir tanto a dívida externa herdada Deficit público.
dos governos do período de ditadura militar quanto a taxa de inflação. Ocorre quando as
despesas do governo
Para atingir esse objetivo, o novo presidente anunciou o Plano Nacional de são maiores que
Desestatização. Tratava-se de um programa de privatização de empresas esta- a arrecadação de
tais, consideradas obsoletas e ineficientes. Os gastos públicos com essas empre- impostos.
sas eram considerados excessivos e um obstáculo ao desenvolvimento do país.
A transferência de algumas atividades para a iniciativa privada significaria a
retomada dos investimentos e ajudaria a sanear o alto deficit público brasileiro.
A equipe de Fernando Collor também adotou uma política de abertura
do mercado brasileiro ao comércio internacional, com a redução das tarifas
sobre os produtos importados. De acordo com os economistas, a competiti-
vidade estimularia a modernização do parque industrial e reforçaria a capa-
cidade empresarial nacional.

ANTÔNIO GAUDÉRIO/FOLHAPRESS
3
No dia seguinte à cerimônia de posse, o novo presiden-
te e a ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, lança-
ram um plano de combate à inflação, o Plano Brasil Novo,
ou, como ficou mais conhecido, o Plano Collor.
O novo plano econômico foi uma das mais agressivas
medidas contra a propriedade privada. Ele determinou o
confisco dos depósitos bancários em conta corrente, da
poupança e de outras aplicações (figura 3), congelou pre-
ços e salários e promoveu um corte nas despesas públicas.
O objetivo era diminuir a circulação de dinheiro e, conse-
quentemente, do consumo, baixando seus preços. Em ou-
tras palavras, visava ao controle da inflação, que de fato foi
reduzida. Em março de 1990, a taxa alcançou o patamar de O Plano Collor confiscou os investimentos de quem possuía mais de
80% ao mês. Dois meses depois, ela caiu para cerca de 9%. NCZS 50 mil, o equivalente a aproximadamente RS 6 mil.
HISTÓRIA 7

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O fracasso do Plano Collor
CPI. Sigla de Comissão O impacto positivo do plano econômico não durou muito tempo. Em
Parlamentar de Inquérito, dezembro de 1990, a inflação voltou a subir. Em 1991, além da alta dos
uma delegação formada
por membros do Poder preços dos produtos, o Brasil enfrentava o aumento do desemprego e o
Legislativo que tem achatamento dos salários. Muitas empresas não suportaram a concorrência
como objetivo investigar dos produtos estrangeiros e demitiram funcionários ou fecharam as portas.
condutas ilícitas no Com a paralisação da atividade produtiva, o crescimento econômico atingiu
aparelho estatal. As CPIs
produzem um relatório,
índices negativos. A popularidade do presidente despencou, e a ministra
que pode ou não ser Zélia Cardoso de Mello foi afastada.
encaminhado ao Ministério
Público, dependendo Crise política
das provas de conduta
ilegal obtidas ao longo da O partido ao qual Fernando Collor pertencia, o PRN, era um partido
investigação. pequeno criado em 1987 sob o nome de Partido da Juventude. Para asse-
Fisiologismo. Conduta de gurar a governabilidade em nível nacional, o presidente eleito estabeleceu
governantes que agem coligações com partidos maiores, como o PMDB e o PFL. O resultado dessas
em benefício próprio, alianças, contudo, foi a formação de uma fraca estrutura de governo e a prá-
em detrimento do bem
comum.
tica da troca de favores. Mesmo com o fisiologismo, a base do governo no
Congresso Nacional foi fragmentada. A modernidade administrativa, prevista
Governabilidade.
Situação em que existe no programa presidencial, não foi atingida.
tranquilidade institucional, A crise política agravou-se depois de denúncias feitas pelo irmão do pre-
política e financeira sidente, Pedro Collor, em maio de 1992. Ele revelou irregularidades, como

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
suficiente para que o Poder a existência de um enorme esquema de corrupção envolvendo Paulo César
Executivo seja capaz de
governar. Farias, o PC, ex-tesoureiro da campanha de Collor.
Impeachment. Processo
PC Farias seria responsável por intermediar a liberação de verbas públi-
político-criminal instaurado cas para empresas privadas em troca de propina. As denúncias levaram o
no Congresso para apurar Congresso Nacional a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
a responsabilidade por para conduzir as investigações. A população acompanhava os resultados da
grave delito no exercício
investigação pela televisão e pelos jornais, e a indignação aumentava em to-
das funções de presidente
da República ou de outro dos os setores da sociedade civil. Jovens saíram às ruas com o rosto pintado
chefe do Poder Executivo, de verde e amarelo exigindo a renúncia do presidente. A opinião pública
ou de ministros do colocava-se claramente a favor do impeachment (figura 5).
Supremo Tribunal. Em outubro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o afastamento
de Collor até que o Senado julgasse o pedido de impeachment. Em dezem-
ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO

4 bro, no último minuto antes da votação, Collor renunciou à Presidência do


Brasil para não ter seus direitos políticos cassados (figura 4). Apesar disso,
foi condenado pelo Senado por crime de responsabilidade e teve seus direi-
tos políticos suspensos por oito anos. A Presidência do Brasil foi ocupada
pelo vice-presidente, Itamar Franco.
SERGIO AMARAL/ESTADÃO CONTEÚDO

Pela primeira vez na história do país, um presidente A juventude brasileira saiu às ruas para protestar contra a corrupção e exigir o impeachment do presidente
foi afastado do cargo de acordo com a legislação, Collor. Como os estudantes pintavam o rosto com as cores verde e amarela durante as manifestações, o
sem um golpe de Estado nem conflito armado. movimento foi denominado caras-pintadas.

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O governo Itamar Franco (1992-1994)
Itamar Franco assumiu efetivamente o cargo em 29 de dezembro de 1992.
O novo presidente procurou formar uma ampla coalização de forças políticas,
convidando diversos partidos, como o PFL, o PMDB, o PSDB e o PT, para
compor seu governo. Com isso, Itamar pretendia assegurar a ordem demo-
crática e formar um pacto de governabilidade. Plebiscito. Consulta
Uma das ações que demonstraram o compromisso do novo governo com popular para decidir
a legalidade foi a realização de um plebiscito, quatro meses depois da posse sobre temas da
de Itamar. A consulta popular estava prevista na Constituição de 1988. Por Constituição, das leis
ou da administração
meio dela, a população brasileira decidiria sobre a forma (república ou mo- pública.
narquia constitucional) e o sistema de governo (presidencialismo ou parla-
mentarismo) que deveriam vigorar no país a partir de 1o de janeiro de 1995.
A escolha popular resultou na vitória da república presidencialista, ou seja,
na manutenção da forma e do sistema de governo vigentes.
Em outubro de 1993, contudo, um novo esquema de corrupção veio a
público, criando instabilidade política. Dessa vez, parlamentares foram acu-
sados de favorecer empreiteiras, usando sua influência para incluir, no orça-
mento da União, gastos com grandes obras públicas em troca de propina. A
denúncia culminou na chamada CPI dos Anões do Orçamento. Ao final das
investigações, a CPI enviou diversos dossiês à Receita Federal e ao Ministério
Público e propôs a cassação de dezoito parlamentares, dos quais apenas qua-
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tro perderam seus direitos políticos.


Os ocupantes dos cargos do Poder Executivo, contudo, não perderam sua
legitimidade nem tiveram seus mandatos questionados pela população. Itamar
Franco preparou o terreno, então, para adotar medidas eficazes contra a insta-
bilidade econômica e a inflação, que corroía a renda da população assalariada.

O “Fusca Itamar”
Em 1992, pouco tempo após tomar posse como presidente, Itamar Franco vi-
sitou o Salão do Automóvel, em São Paulo, e se espantou com o alto preço dos
veículos que eram vendidos no Brasil. Após essa percepção, o presidente decidiu
criar condições para produzir um carro mais barato, que pudesse ser consumido
pela classe média.
Depois de negociar com as empresas do setor e em meio a polêmicas com a
imprensa e os especialistas, o Fusca, tradicional carro da Volkswagen, voltou a ser
fabricado no país (figura 6). A medida de Itamar também determinou que carros
com motor 1.0 que custassem até 6,8 mil dólares teriam desconto na cobrança do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
O “Fusca Itamar” foi comercializado por apenas três anos. No entanto, marcou
a criação do conceito de carro popular em um momento de recuperação econô-
mica e consolidação da democracia no Brasil.
EDUARDO KNAPP/FOLHAPRESS

O então presidente Itamar Franco posa dentro de um


Fusca em visita a uma fábrica da Autolatina – holding
da Volkswagen e da Ford que vigorou entre 1987 e
1996 nos mercados brasileiro e argentino.

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O Plano Real
Preocupado com a crise econômica herdada do governo Collor, Itamar
designou o então ministro das Relações Exteriores, o sociólogo e senador
Fernando Henrique Cardoso, para assumir o cargo de ministro da Fazenda.
O novo ministro deu continuidade ao processo de privatização e fixou me-
didas para reduzir as despesas públicas, consideradas o motor da inflação.
A medida decisiva de Fernando Henrique, contudo, foi reunir um grupo de
especialistas para elaborar um plano de estabilização gradativa da economia
que ficou conhecido como Plano Real.
Anunciado com antecedência, o Plano Real se diferenciava dos demais
planos de estabilização econômica porque não previa o congelamento de
preços. Na época, a moeda vigente no Brasil era o cruzeiro real. Ele seria
substituído por uma nova moeda, o real. O plano teve início com a implan-
tação de uma unidade de conversão, chamada Unidade Real de Valor (URV),
que vigorou de 1o de março a 30 de junho de 1994. Nesse período, lojas e
supermercados vendiam suas mercadorias em URV. No dia em que foi im-
plantada, um quilo de carne de frango custava 1 URV, que, por sua vez, equi-
valia a CR$ 647,50. O valor da URV era reajustado diariamente. Em julho, a
nova moeda de valor equivalente ao dólar, o real, passou a substituir a URV.
O Plano Real possibilitou a estabilização do valor da moeda, a estagnação da

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inflação e, consequentemente, o aumento das vendas a crédito (figura 7),
uma vez que o valor das prestações seria o mesmo em todos os meses. As ca-
madas empobrecidas da população foram as que mais se favoreceram, pois
passaram a consumir uma série de bens antes disponíveis apenas para a classe
média e as elites.
O sucesso do plano no combate à inflação influenciou o resultado das
eleições presidenciais realizadas em outubro de 1994. Uma habilidosa propa-
ganda política lembrou os eleitores de que o candidato Fernando Henrique
tinha sido o “Pai do real”, ou seja, da estabilização econômica. As eleições
foram decididas logo no primeiro turno, com 54% dos votos válidos para
Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), que derrotou Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores
(PT), o segundo colocado. Tinha início o primeiro mandato de FHC.

MARCOS ISSA/AGÊNCIA O GLOBO


7

Segundo os economistas, a transição do cruzeiro


real para o real por meio da URV teve papel de-
cisivo no combate à hiperinflação. Quando o real
entrou em vigor, os comerciantes não reajusta-
ram os preços; parecia justo cobrar pelo produto
o mesmo valor da URV em reais.

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2
CAPÍTULO
A era FHC

O governo Fernando Henrique Cardoso


(1995-2002)
O novo presidente assumiu o governo em 1o de janeiro de 1995, am-
parado por uma aliança entre o PSDB e o Partido da Frente Liberal (PFL),
agrupamento conservador com grande força política nos estados do Nordes-
te. Embora tivesse maioria parlamentar no Congresso Nacional, o governo
foi obrigado a negociar o apoio de vários partidos e setores para garantir a
governabilidade. Tanto as oligarquias tradicionais conservadoras quanto a
oposição, encabeçada pelo Partido dos Trabalhadores, impuseram resistência
a diversas medidas propostas pelo Executivo e pelo PSDB e demais partidos
aliados no Congresso.
As divergências existentes entre governo e oposição giravam em torno do
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

papel que o Estado brasileiro deveria assumir. FHC e sua equipe entendiam
que era preciso realizar reformas para que o Estado e a economia brasileira se
modernizassem. A oposição propunha um Estado atuante que promovesse o
desenvolvimento social, e criticava o governo por sua adesão ao Consenso
de Washington, que era um conjunto de medidas propostas por economis-
tas de instituições financeiras norte-americanas situadas em Washington, nos
Estados Unidos. Essas regras – enunciadas em expressões como “redução
dos gastos públicos”, “privatização de empresas estatais” e “afrouxamento
das leis trabalhistas” – eram aplicadas em países cuja economia estava em
desenvolvimento.

A política de desestatização
Fernando Henrique Cardoso seguiu seu plano de governo, dando conti-
nuidade à política de estabilização econômica iniciada com o Plano Real. As
ações do governo visavam sobretudo ao controle das contas dos governos
dos estados, procurando reduzir o deficit público. Para isso, aprofundou,
entre outras medidas, a política privatizante, apoiando-se no Plano Nacional
de Desestatização, legislação criada durante o governo Collor.
Entre 1991 e 2002, trinta e uma estatais foram privatizadas (figura 1), dez
delas durante o governo FHC. Entre 1991 e 1995, a maior parte do capital
investido provinha de grandes conglomerados nacionais. Na era FHC, a par-
ticipação do capital estrangeiro foi mais significativa, correspondendo a mais
da metade dos investimentos arrecadados pela União. Empresas de teleco-
municações, como a Telebras, e de energia elétrica, como a Light, responde-
ram por mais da metade do valor arrecadado com as privatizações (figura 2).
A venda de empresas dos setores ligados ao petróleo e à siderurgia também
ganhou impulso entre 1995 e 2002.
O governo de FHC também estimulou as concessões, que diferem das pri-
vatizações porque não implicam a venda da estatal. Várias rodovias e ferrovias,
embora permanecessem como bens públicos, passaram a ser administradas por
empresas privadas, as chamadas concessionárias de serviços públicos.
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1 BRASIL, 1990-2002: ARRECADAÇÃO COM AS PRIVATIZAÇÕES*

37,5

27,7

10,7
6,5
4,2 4,5
2,0 3,4 2,3 2,9 2,0
1,6

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
*Em bilhões de dólares.
Fonte: BNDES.

2 BRASIL, 1990-2002: PARTICIPAÇÃO SETORIAL NAS PRIVATIZAÇÕES

Petróleo e Gás: 7%
Saneamento: 1%

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Outros: 2%
Energia elétrica: 31%
Financeiro: 6%

US$ 105,30 Siderúrgico: 8%


bilhões

Petroquímico: 4%
Telecomunicações: 31%

Transportes: 2%
Mineração: 8%
Fonte: BNDES.

O plano de desestatização tinha três objetivos principais. Em primeiro


lugar, a privatização gerava verba pela venda da estatal e transferia as dívidas
Agência reguladora.
Órgão governamental
da empresa para o comprador. Desestatizar também significava desonerar os
que fiscaliza, cofres públicos da administração da empresa estatal, da folha de pagamento
regulamenta e e de novos investimentos. Por fim, a presença de grandes empresas privadas
controla os serviços
públicos prestados
em setores-chave da economia brasileira aumentaria a qualidade e a oferta
por empresas dos serviços à população e garantiria a modernização do parque industrial e
privadas. do setor de serviços. Para controlar a atuação dessas empresas privadas após
vencerem os leilões, o governo criou agências reguladoras, como a Agên-
cia Nacional de Telecomunicações (Anatel), a Agência Nacional de Petróleo
(ANP) e a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel).
Os críticos da política de desestatização (figura 3) afirmavam que o go-
verno brasileiro estava leiloando à iniciativa privada, a baixo preço, setores
estratégicos para o desenvolvimento nacional. Eram contrários à ideia de
a iniciativa privada tornar-se responsável por investimentos de vulto para
modernizar e ampliar o parque industrial e a oferta de serviços aos consumi-
dores. Questionavam também se o consumidor seria efetivamente favorecido
com a implantação da livre concorrência nesses setores estratégicos. Além
disso, os críticos apontavam fortes indícios de favorecimento e corrupção
para combater os processos de privatização e de concessão.
12

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Os resultados obtidos com o Plano Nacional de Desestatização foram
bem-sucedidos em alguns setores. Nas telecomunicações, por exemplo, hou-
ve ampliação na oferta dos serviços de telefonia fixa e móvel, internet etc. No
caso do setor elétrico, contudo, a falta de investimentos resultou no “apagão”
de 2001. Ainda hoje, a população brasileira sofre com as altas tarifas no se-
tor elétrico e a precariedade na geração de energia. As agências reguladoras,
por sua vez, atuaram com autonomia em alguns momentos, mas, em outros,
cederam a interesses políticos ou dos conglomerados econômicos em detri-
mento do consumidor.
ZECA GUIMARÃES/FOLHAPRESS

3
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

O processo de desestatização foi objeto de críticas de


diversos setores da sociedade e da oposição no Con-
gresso Nacional. Na imagem, manifestantes protestam
contra a privatização da Companhia Siderúrgica Nacio-
nal (CSN), em 2 de abril de 1993, no Rio de Janeiro (RJ).

Reforma no sistema financeiro


Desde os anos 1980, o colapso econômico nacional deixou os estados
carentes de financiamento para realizar investimentos, atender às demandas
sociais e arcar com a folha de pagamento. Nesse contexto, os estados pas- Liquidez.
saram a obter dinheiro por meio da venda de títulos dos tesouros estaduais Em Economia,
qualifica algo que é
e de financiamentos concedidos por bancos estaduais, como o Banespa e facilmente negociável
o Banerj, hoje extintos. Instituiu-se, dessa forma, um mecanismo de endi- e convertível em
vidamento progressivo dos estados, que recebiam empréstimos de bancos dinheiro vivo, como
bens, títulos e ações.
públicos sem dinheiro em caixa. Algo semelhante ocorreu com os bancos
privados (figura 4), incapazes de manter a

MARIZILDA CRUPPE/AGÊNCIA O GLOBO


4
liquidez no novo quadro de estabilidade
econômica promovido pelo Plano Real, que
exigiu a readequação do sistema financeiro
nacional, estruturado, por décadas, em altos
índices inflacionários.
Para sanear o sistema financeiro e con-
trolar o crescimento da dívida pública dos
estados, o governo federalizou e em segui-
da privatizou os bancos estaduais. Imple-
mentou, então, a Lei de Responsabilidade
Fiscal, que obrigava prefeitos, governado-
res e o próprio presidente da República a se
comprometerem a não gastar mais do que o
valor arrecadado com impostos. Ao longo do governo FHC, a concentração bancária se intensificou.

13

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Para evitar o colapso também nos bancos privados, o governo federal
ofereceu auxílio a essas instituições por meio do Programa de Estímulo à
Reestruturação e ao Fortalecimento do Sistema Financeiro Nacional (Proer).
Sob suspeita de corrupção, foram gastos R$ 37,76 bilhões para socorrer ban-
cos privados sem liquidez. Em seguida, onze deles foram vendidos para oito
bancos internacionais. A internacionalização do sistema financeiro nacional
visava a sua modernização, com o objetivo de captar recursos financeiros
para realizar investimentos no país.

As reformas da Constituição
A Constituição brasileira de 1988 previa, em um de seus artigos, um pro-
cesso de revisão após cinco anos contados de sua promulgação. As reformas
são feitas pela criação de emendas constitucionais ou pela revisão da Cons-
tituição. No primeiro caso, exige-se a aprovação da emenda por três quintos
de cada uma das duas casas do Congresso Nacional, formado pelo Senado e
pela Câmara dos Deputados. A revisão é mais simples de ser aprovada, neces-
sitando apenas de maioria absoluta do total de membros do Congresso.
As reformas tiveram início em fevereiro de 1995. A reforma econômica
abriu o país ao capital estrangeiro, pondo fim ao monopólio estatal nos
setores de comunicações e de petróleo. As reformas administrativa e pre-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
videnciária objetivavam alcançar maior eficiência nos serviços públicos e
diminuir os gastos estatais. Para isso, o governo alterou as regras de admis-
são para o funcionalismo público, diminuiu o número de categorias com
estabilidade na carreira pública e aumentou o tempo de serviço para reque-
rer aposentadoria. A reforma tributária não resolveu o impasse da disputa
entre estados ricos e pobres, além de continuar
FOLHAPRESS

5
penalizando os consumidores mais pobres e as
pequenas e as médias empresas. Por fim, a re-
forma política, considerada prioridade no iní-
cio do primeiro mandato de FHC, permaneceu
engavetada no Congresso, sem consenso entre
os parlamentares.
Em junho de 1997, FHC também propôs a
emenda constitucional que permitia a reeleição
para um mandato de mais quatro anos para car-
gos executivos. Sob suspeita de compra de votos
(figura 5) e após o Congresso barrar a instalação
da chamada CPI da compra de votos, a emenda
foi aprovada. Fernando Henrique concorreu à
reeleição e, em outubro de 1998, foi reeleito no
primeiro turno para um novo mandato.
A emenda da reeleição foi uma das medidas mais
polêmicas do governo de Fernando Henrique
Cardoso. Fac-símile da capa da Folha de S.Paulo
Impasses do governo FHC
de 13 de maio de 1997.
Uma das principais conquistas do governo de Fernando Henrique foi
o controle da inflação e a estabilização da economia. No entanto, o preço
da estabilidade foi alto. Mesmo com as privatizações e concessões, o déficit
público, prioridade no início do governo, não foi controlado. As empresas
nacionais tiveram dificuldade em competir com as importações e com a im-
plantação de multinacionais, de modo que o crescimento econômico caiu e a
taxa de desemprego aumentou.
O segundo mandato de FHC começou em um momento difícil, pois al-
guns países enfrentavam graves crises econômicas, como o México (1995),
14

Historia9_mod9.indd 14 12/2/15 11:27 AM


os Tigres Asiáticos (1997) e a Rússia (1998). A crise levou os investidores a
retirar dólares aplicados no país, temendo que a frágil estabilidade econômica
brasileira seguisse o mesmo caminho. O governo foi levado a desvalorizar o Taxa Selic. Taxa básica
de juros que serve
real e, em janeiro de 1999, o Banco Central adotou uma política de câmbio de referência para a
flutuante, em que as oscilações do mercado determinam o valor da moeda economia brasileira,
nacional. Isso prejudicou empresas que tinham dívidas em dólar, além de especialmente no
que se refere aos
elevar a dívida pública com bancos nacionais e internacionais. A alta taxa juros cobrados em
de juros cobrada – a chamada taxa Selic –, embora garantisse a entrada de empréstimos e nas
dólares no país e mantivesse a paridade do real com o dólar, não estimulou aplicações feitas por
investimentos em infraestrutura, incentivando, ao contrário, investimentos instituições bancárias
nos títulos públicos
em curto prazo de capital especulativo. federais.
Para minimizar os efeitos da crise, o governo pediu empréstimos ao Fun-
do Monetário Internacional (FMI) em três ocasiões entre 1998 e 2002, para Professor: Selic é a sigla de Sistema
Especial de Liquidação e de Custódia.
garantir o pagamento de dívidas e a estabilidade econômica. Em troca, o go-
verno se comprometia a realizar mais ajustes fiscais, o que significava cortar
gastos e aumentar a arrecadação de impostos.
Além disso, a abertura do país ao capital e aos produtos estrangeiros, em
vez de contribuir para a modernização do parque industrial nacional, gerou
uma onda de demissões, especialmente nas indústrias. A queda no Produto
Interno Bruto (PIB) (figura 6) e a alta taxa de juros levaram à estagnação
econômica e à recessão, elevando a miséria e a violência no país.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

6 PIB BRASILEIRO – 1986-2002

2,0%

1,5%

1,0%

0,5%

0,0%

–0,5%

–1,0%
4o trim./2012 1o trim./2013 2o trim./2013 3o trim./2013 4o trim./2013
Trimestre ante trimestre anterior, com ajuste sazonal
Fonte: O Estado de S. Paulo. São Paulo, 27 fev. 2014. Disponível em: www.estadao.com.br/infograficos. Acesso em: jun. 2015.

Por outro lado, a estabilização da economia permitiu que o governo


criasse programas para amenizar as desigualdades sociais que ainda asso-
lam o país. Foram criados programas de transferência de renda, como o
Bolsa Escola, o Bolsa Alimentação e o Auxílio Gás. Além disso, o governo
FHC, sob a gestão do ministro Paulo Renato de Souza, promoveu uma re-
forma na Lei de Diretrizes e Bases da educação brasileira. A reforma alterou
o modelo de financiamento da educação pública, aumentou o número de
matrículas no Ensino Fundamental e criou mecanismos de avaliação do
Ensino Superior.
Mesmo assim, embora os índices de desigualdade social tenham come-
çado a diminuir com a estabilidade econômica, as mudanças têm sido len-
tas, e o Brasil continua sendo um dos países mais desiguais do mundo.
Promover a manutenção da estabilidade econômica e reduzir a desigual-
dade social foram os principais desafios, ainda não superados, dos quatro
governos petistas que sucederam a gestão de Fernando Henrique Cardoso
no Executivo federal.
15

Historia9_mod9.indd 15 12/2/15 11:27 AM


Atividades • capítulos 1-2
Recordar e compreender
1 Em duplas, expliquem o que foi o Plano Real e que resultados foram obtidos com sua implantação.

Cap. O Plano Real foi lançado em 1994, durante o governo Itamar Franco. O plano criou uma nova moeda, o real,
1-2
de valor equivalente ao dólar, e fixou medidas para reduzir as despesas públicas, consideradas o motor da

inflação. O objetivo era implantar uma estabilização gradativa da economia. O Plano Real possibilitou a

estabilização da moeda, a estagnação da inflação e, consequentemente, o aumento das vendas a crédito,

uma vez que o valor das prestações continuaria o mesmo. As camadas mais pobres da população foram as

mais favorecidas, pois poderiam consumir uma série de produtos antes disponíveis apenas para a classe

média e as elites.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 Durante o governo Collor, um plano para a desestatização abriu caminho para a realização de uma
série de privatizações de empresas estatais. Em duplas, expliquem em que consistem as privatizações
Cap. 1 e quais são os argumentos contra e a favor dessa política.
A privatização é uma política estatal em que empresas públicas são leiloadas para a iniciativa privada.

Os apoiadores dessa política afirmam que as estatais são obsoletas, ineficientes e fontes de gastos públicos.

Para eles, a privatização seria uma forma de modernizar a economia nacional e eliminar gastos públicos. Já

os críticos dessa política afirmam que privatizar significa conceder à iniciativa privada setores estratégicos

da economia brasileira e impedir o desenvolvimento nacional.

Professor: A opção pela 3 Por que, desde 1989, o governo brasileiro tem se preocupado em reduzir o déficit público?
redução dos gastos
públicos e pela Que medidas foram tomadas para atingir esse objetivo?
eliminação do deficit Cap. 1
não é consensual entre os Quando um governo gasta mais do que arrecada, faltam recursos para investir em políticas e obras públicas
especialistas. A maior parte
dos países desenvolvidos, em benefício da população. Por isso, muitos especialistas defendem que a redução do deficit é fundamental
como os Estados Unidos, tem
tido dificuldade em manter para a saúde financeira de um Estado. No Brasil, diversas medidas foram tomadas nesse sentido, como as
políticas públicas e o bom
funcionamento do aparato privatizações e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
estatal sem aumentar os
gastos.

Professor: Lembre os alunos


de que a Constituição é
a “lei mãe” que rege 4 O que são e como são feitas as reformas da Constituição brasileira?
todo o funcionamento
da sociedade e das Para que seja feita uma emenda constitucional, é preciso que se realizem votações no Congresso Nacional.
Cap. 2
instituições brasileiras.
A necessidade de aprovação No caso da reforma, exige-se a aprovação da emenda por três quintos de cada casa que forma o Congresso
ou rejeição de uma emenda
ou a revisão da Constituição (o Senado e a Câmara dos Deputados). A revisão exige apenas maioria absoluta do total de membros do
é fruto da importância
desse conjunto de leis para Congresso.
a garantia dos direitos dos
cidadãos brasileiros.

16

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Aplicar
1 O Sudeste brasileiro vive uma das piores crises hídricas da sua história. Além da estiagem causada
pela falta de chuvas, o sistema de abastecimento de água demonstrou não estar pronto para aten-
Cap. der à demanda da população desses estados. No estado de São Paulo, a empresa responsável pela
1-2 gestão dos recursos hídricos e de saneamento é a Sabesp, fundada em 1973 como uma empresa
pública. Nos anos 1990, a Sabesp vendeu parte de suas ações para a iniciativa privada. Atualmen-
te, é uma empresa de capital misto, ou seja, embora seu acionista majoritário seja o governo do
estado, parte das ações está nas mãos de empresas privadas.
Reúna-se com alguns colegas em um grupo de até quatro integrantes. Leiam e discutam o texto
a seguir, que trata desse tema. Em seguida, respondam às questões.

Sabesp: bônus para diretores e reajuste de 22,7% à população


Em meio à maior crise hídrica da história de São Paulo – com um rodízio não decla-
rado que deixa as torneiras secas por até 12 horas por dia –, a Sabesp quer reajustar as
tarifas de água e esgoto em 22,7%, o maior aumento desde 2001. (...)
A proposta da Sabesp chega pouco tempo depois de a companhia ter anunciado
queda de 53% nos lucros – de 1,9 bilhão de reais de lucro líquido em 2013 ante 903 mi-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

lhões este ano – e pagamento de 504.000 reais em bônus para seus diretores referentes
ao desempenho da empresa em 2014, ano do agravamento da crise. (...)
A Sabesp alegou que seu desequilíbrio financeiro foi provocado pela crise hídrica, e
um dos maiores “vilões” que provocaram a queda das receitas da estatal foi o Programa
de Incentivo à Redução do Consumo, adotado no ano passado [2014]. Com descon-
tos de até 30% na conta de quem usasse até 10% menos água, a medida fez com que
a Sabesp deixasse de arrecadar 376,4 milhões de reais, segundo o balanço financeiro
apresentado na semana passada. O consumo diário de água per capita na região metro-
politana caiu de 163 litros por habitante para 126 litros.
ALESSI, Gil. Sabesp: bônus para diretores e reajuste de 22,7% à população. El País, 15 abr. 2015. Disponível
em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/15/politica/1429118626_469505.html>. Acesso em: maio 2015.

BRASIL, 1993-1997; 1998-2002: CONSUMO DE ÁGUA

60
10,7
50 9,9

12,0
40 11,5
Doméstico
109 m3/ano

30 Industrial

Agricultura
20
33,4 36,6 Fonte: CARMO, Roberto Luiz do et al. Água virtual,
escassez e gestão: o Brasil como grande “exportador”
10 de água. Ambiente & Sociedade, v. 10, n. 2, Campinas
(SP), jul.-dez. 2007.
Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
0 arttext&pid=S1414-753X2007000200006>.
1993-1997 1998-2002
Acesso em: maio 2015.

a) Justifiquem o título da reportagem.


O título da reportagem faz uma crítica à Sabesp, que, em plena crise hídrica, pretende reajustar as tarifas

para a população paulista ao mesmo tempo que paga bônus a seus diretores.

17

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b) De acordo com a reportagem, existe alguma contradição entre o interesse da população
paulista e o da empresa responsável pela gestão hídrica e de saneamento? Expliquem.
Sim. A empresa tem como objetivo a manutenção de suas taxas de lucro, vendendo um produto.

Convencer a população a poupar água é o mesmo que reduzir o lucro de seus acionistas, o que de fato

acabou ocorrendo. Por outro lado, a água deve ser vista pelo governo do estado como um bem de

interesse público.

c) A Sabesp possui clientes premium, que consomem grande volume de água e recebem descontos
de até 70% sobre o valor da conta de água. Observando o gráfico sobre consumo de água,
avaliem a eficácia do reajuste que a empresa pretende realizar.
O gráfico mostra que os maiores consumidores de água no país são as indústrias e o setor agrícola.

Assim, esses setores deveriam ser os mais preocupados em poupar água e os mais penalizados caso não

o fizessem. No entanto, com o aumento da tarifa, a Sabesp penaliza o consumidor residencial e premia o

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
consumidor industrial e o agrícola.

d) Não havia uma agência que regulasse de fato as atividades da Sabesp nos cinco anos posterio-
res a sua transformação em empresa de capital misto. Isso só ocorreu em 2007, com a criação
da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Que proble-
mas essa ausência de controle pode ter gerado na qualidade do abastecimento de água para
os paulistas?
As agências reguladoras são importantes no processo de privatização porque as instâncias públicas

precisam controlar de alguma forma o oferecimento de serviços básicos à população. A ausência de

marcos regulatórios com relação à gestão hídrica em São Paulo pode ter contribuído para a crise que

os paulistas vivem atualmente.

Analisar e avaliar
1 O Plano Real foi um dos fatos econômicos mais importantes da história brasileira do século XX.
O controle da inflação e a estabilidade da economia foram fundamentais para a melhora da
qualidade de vida da classe assalariada. A esse respeito, leia o texto e, com um colega, observe a
imagem da página ao lado. Em seguida, discutam e respondam às questões.

Real faz 20 anos; antes dele, preço do tomate subiu 4.500% em 12 meses
O lançamento do real foi parte de um plano econômico desenvolvido para acabar
com a hiperinflação, que chegou a 2.477,15% ao ano em 1993, de acordo com o IPCA
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). (...)
No ápice da hiperinflação, os preços eram reajustados diariamente. O tomate, por exemplo,
chegou a aumentar 4.492,25% em 1993. Em 2013, seu preço subiu 14,74%. Isso significa
que a inflação em 1993 foi 304 vezes maior que em 2013. Se hoje houvesse a inflação de 93,
um quilo de tomate que custa R$ 6,00 passaria a R$ 275,54 em um ano.
MARÇAL, Letícia. Real faz 20 anos; antes dele, preço do tomate subiu 4.500% em 12 meses. UOL Economia,
28 jun. 2014. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/06/28/real-faz-20-anos-antes-dele
-preco-do-tomate-subiu-4500-em-12-meses.htm>. Acesso em: abr. 2015.

18

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ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO
A hiperinflação obrigava os donos de supermercado a reajustar os preços das mercadorias ao longo do dia. A máquina
de remarcação de preços era vista como uma das maiores vilãs pelos consumidores.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

a) O que diferencia a hiperinflação da inflação?


A hiperinflação ocorre quando a inflação atinge índices inadequados e o governo perde o controle

sobre ela.

b) Por que a máquina de remarcação de preços era considerada uma das maiores vilãs pelos
consumidores?
Isso ocorria porque os preços eram reajustados sob os olhos dos consumidores, que, então, se viam

obrigados a pagar mais caro quando passavam no caixa.

c) Por que a camada assalariada foi beneficiada pelo controle da inflação?


Antes do Plano Real, quem recebia salário no quinto dia útil do mês, por exemplo, tinha quase a

totalidade do seu salário desvalorizada até o dia de pagamento do mês seguinte. Quando os preços se

estabilizaram, os salários passaram a ter o mesmo poder de compra em qualquer dia do mês.

d) Hoje em dia, o reajuste de preços ocorre de maneira mais lenta e controlada, porque não
vivemos mais em um contexto de hiperinflação. Apontem exemplos de reajuste de preços e Professor: Espera-se que os
mostrem como ele afeta a vida dos brasileiros. alunos mencionem, por exem-
plo, o aumento do preço da
Resposta pessoal. gasolina, da energia elétrica
ou da água, produtos que,
quando sofrem reajuste de
preço, viram notícia nos veí-
culos de comunicação. No
entanto, informe-os de que o
preço dos demais produtos,
como o pão, as verduras, a car-
ne etc., também é continua-
mente reajustado, dependen-
do das flutuações de mercado,
dos problemas climáticos etc.

19

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3 A era Lula

CAPÍTULO
O governo Lula (2003-2010)
Em fins dos anos 1970, os movimentos sociais de contestação à ditadura
militar se radicalizaram. Nesse período, Luiz Inácio Lula da Silva emergiu na
cena nacional por sua atuação como líder sindical no ABCD paulista (figura 1),
região formada pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul e Diadema que tradicionalmente abriga montadoras de automó-
veis. Em 1980, Lula foi preso por cerca de 30 dias pelo Departamento de Ordem
Política e Social (Dops), retomando a atividade sindical após sua libertação e
tornando-se um dos protagonistas da fundação do Partido dos Trabalhadores.
Durante a campanha presidencial em 2002, as pesquisas eleitorais apon-
tavam o favoritismo de Lula sobre José Serra, candidato do PSDB. A possi-
bilidade de vitória do PT levou à turbulência os mercados de câmbio e de
ações. Para acalmá-los, Lula divulgou, em 22 de junho de 2002, a Carta
ao povo brasileiro, em que demonstrava uma mudança de diretriz na políti-
ca econômica tradicionalmente defendida pelo PT. Mais conservador, Lula
afirmava a necessidade de “correção” de rumo, anunciando aos brasileiros

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que o PT, caso eleito, faria uma transição responsável com base no deba-
te e na construção de uma coalizão que envolvesse líderes populares e do
empresariado nacional. Nessa nova fase, o país assumiria os contratos e as
obrigações anteriormente firmados e buscaria a estabilidade e o crescimento
econômicos. De fato, após a divulgação da Carta, os ânimos dos mercados
começaram a mudar.
Nas eleições gerais de 2002, o PT, com algumas variações, obteve bom
resultado em todo o país – mesmo em relação à classe média, que tradicio-
nalmente temia as reformas propostas pelos partidos de esquerda. Lula foi
eleito presidente da República, tornando-se, ao lado de Fernando Henrique
Cardoso, o segundo chefe do Executivo Nacional que havia lutado contra a
ditadura militar. Além disso, foi o primeiro líder operário e popular e o pri-
meiro líder de esquerda a assumir a Presidência (figura 2).
Por causa da trajetória política de Lula e do Partido dos Trabalhadores,
sua ascensão ao poder implicava enfrentar um enorme desafio: manter a con-
1
fiança dos mercados, a inflação sob controle, promover o crescimento eco-
nômico e combater a desigualdade social em um país em que 54 milhões de
pessoas viviam em situação de pobreza e que apresentava um dos maiores
índices de desigualdade social do mundo.
ALAN MARQUES/FOLHAPRESS
2
JUCA MARTINS/OLHAR IMAGEM

Para chegar ao poder e obter o apoio do empresariado nacional, Lula passou a dialogar com setores da sociedade brasileira e da comunidade internacional que
foram duramente criticados por ele ao longo dos anos 1980 e 1990. Na imagem à esquerda, Lula dirige uma assembleia de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides,
em São Bernardo do Campo (SP), 1979; à direita, recebe empresários do Rio Grande do Sul no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), 2006.

20

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O PT enfrentou inúmeras dificuldades políticas para a realização desse
projeto. Embora tenha formado ampla coalizão de partidos no Congresso Na-
cional, uma parcela de militantes e intelectuais de esquerda não concordou
com a guinada conservadora do partido. O estopim do conflito foi a emenda
da reforma da previdência dos servidores públicos, que propunha maior tem-
po de contribuição e de serviço para que o profissional obtivesse aposenta-
doria integral. Por sua oposição à reforma defendida pelo governo, membros
do PT foram expulsos da legenda, e acabaram migrando para outros partidos;
alguns fundaram o Partido Socialismo e Liberdade, o PSOL, organização de
esquerda que faz oposição contundente aos governos petistas.

Política econômica e social da era Lula


Conforme anunciado na Carta ao povo brasileiro, Lula deu continuidade à
política econômica de seu antecessor, e o principal objetivo do governo era
garantir as metas de inflação. A manutenção das altas taxas de juros, embora
em níveis inferiores aos do governo anterior, o aumento das exportações e o
controle dos gastos públicos permitiram o controle da inflação.
A Carta também estabelecia o crescimento econômico como uma das
principais metas do governo Lula. De fato, ao longo dos dois mandatos do
petista, houve crescimento significativo do PIB, que ocorreu nos três grandes
setores da economia (indústria, agropecuária e serviços), que passaram a em-
pregar mais. As taxas de desemprego caíram para os mesmos níveis de 1992
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

(figura 3), embora tenha havido acréscimo nos índices de emprego informal,
especialmente nas cidades.
Houve também incremento das exportações, o que garantiu saldo positivo
da balança comercial. As reservas internas superaram a dívida externa, e o país
tornou-se credor mundial, emprestando US$ 10 bilhões ao FMI em 2009, em
uma clara sinalização de apoio do Brasil ao sistema financeiro mundial e uma
afirmação da liderança brasileira na comunidade internacional.
O Programa de Aceleração do Cres-
3 BRASIL, 1992-2012: TAXA NACIONAL DE DESEMPREGO
cimento (PAC), de 2007 (figura 4), foi
criado para estimular investimentos em 12
Início do governo Lula Brasil
Norte
obras de infraestrutura, como portos, 11 Crise Nordeste
ferrovias, aeroportos, obras de geração econômica Sudeste
Taxa de desocupação em %

10 mundial Sul
de energia, saneamento básico etc. Seu Crise asiática Centro-Oeste
9
objetivo era gerar empregos na cons-
Início do
trução civil e eliminar os gargalos que 8
governo FHC
restringem o desenvolvimento econô- 7

mico do país, com o aporte financeiro 6


Início do governo Dilma

do governo federal e de empresas esta- 5 Início do governo


tais e privadas. Muitas das obras pre- Itamar Franco
4
vistas, contudo, não foram entregues
1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010 2011 2012
ou estão com o cronograma atrasado;
há suspeitas de favorecimento de em- Fonte: Blog do Estadão. Disponível em: <http://blog.estadaodados.com/desemprego-nacional-recua-nivel
-comeco-era-fhc>. Acesso em: maio 2015.
presas e de corrupção nas licitações. ROGERIO REIS/TYBA

Além disso, a oposição acusa o gover- 4


no de fazer uso político das obras, já
que, inicialmente, a pessoa responsável
pela coordenação do programa era Dil-
ma Rousseff, candidata escolhida pelo
PT para disputar as eleições em 2009.
De modo geral, a política econô-
mica do governo Lula foi bem-suce-
dida porque combinou estabilidade e
crescimento econômicos com o forta-
lecimento de programas de transfe-
rência de renda. Construção da ferrovia Nova Transnordestina, próxima a Betânia (PE), 2013.

21

Historia9_mod9.indd 21 12/2/15 11:27 AM


Programas sociais
O primeiro programa de transferência de renda do governo Lula foi resul-
tado de uma série de reformulações do Plano de Combate à Fome e à Misé-
ria (PCFM), criado em 1993, ainda no governo Itamar Franco. O PCFM foi
reestruturado no governo FHC e recebeu o nome de Programa Comunidade
Solidária (PCS), instituído em 1995 e coordenado pela primeira-dama Ruth
Cardoso. Por sua vez, o governo Lula reformulou o PCS e batizou seu progra-
ma de Fome Zero, que previa um conjunto de ações para garantir que famílias
que viviam com menos de US$ 1,00 per capta por dia tivessem três refeições
diárias. A ampliação do Fome Zero e a unificação de diversos programas so-
ciais concedidos por diferentes ministérios resultaram na criação do Bolsa
Família, um programa de transferência direta de renda para famílias pobres
ou extremamente pobres por meio de um benefício mensal em dinheiro.
O programa Bolsa Família é motivo de discussões. Os defensores argu-
mentam que a medida permite, de forma gradual, promover a emancipação
das famílias mais pobres do país, garantindo-lhes o direito à cidadania. Os
críticos, por sua vez, acusam o governo de tentar combater a fome com um
programa assistencialista, objetivando principalmente a arrecadação de votos.
Para eles, o Bolsa Família não ataca de maneira efetiva a raiz da pobreza no
país, como a falta de emprego, os baixos salários e a fragilidade da economia.
De qualquer maneira, por meio de programas sociais, de estímulo ao cres-

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cimento econômico e de facilitação do crédito ao consumidor, inclusive o de
baixa renda, o governo Lula promoveu o aumento do consumo e das taxas de
emprego. Quando a crise econômica mundial de 2008 atingiu os Estados Uni-
dos, o governo brasileiro reduziu impostos sobre a venda de automóveis e pro-
dutos da chamada “linha branca” (geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa
etc.), incentivando ainda mais o consumo, a circulação da moeda e a produção
da indústria nacional. Os brasileiros não sentiram os efeitos da crise com gran-
de intensidade até o fim do governo Lula, embora tenha havido forte queda do
PIB em 2009, alcançando o menor valor (-0,3%) desde 1992 (-0,54%).

Betinho, símbolo de combate à fome

RAIMUNDO VALENTIM/ESTADÃO CONTEÚDO


5
Herbert José de Souza, o Betinho (figura 5), foi um sociólogo mineiro que se
tornou um símbolo da defesa dos direitos humanos no Brasil. Exilado pela ditadura
militar, retornou ao Brasil após a aprovação da Lei da Anistia.
Com outros especialistas, Betinho fundou, em 1981, o Instituto Brasileiro de
Análises Sociais e Econômicas (Ibase), que atua na promoção da democracia e da
cidadania. Hemofílico desde criança, foi contaminado pelo vírus HIV, causador da
aids, em 1986, em uma sessão de transfusão de sangue. Fundou e dirigiu por dez
anos uma associação que luta pelos direitos dos portadores de HIV.
Nos anos 1990, Betinho militou pela reforma agrária e pela ética na política, mo-
vimentos que se tornaram a base da Ação da Cidadania contra a Fome, a Misé-
ria e pela Vida. Em 1993, sua campanha conseguiu sensibilizar e mobilizar o país
inteiro para a doação de alimentos com a finalidade de amenizar a fome de milha-
res de famílias brasileiras. Desde então, o problema ganhou visibilidade crescente Herbert José de Souza, o Betinho, em março de
e foi incluído na agenda dos governos FHC, Lula e Dilma. 1995, no Rio de Janeiro (RJ).

Impasses da era Lula


Entre 2003 e 2009, os programas sociais e o crescimento econômico pro-
moveram a redução do número de pessoas consideradas pobres (que vivem
com R$ 70 até R$ 140 por mês) ou extremamente pobres (que vivem com
até R$ 70 por mês) (figura 6). Ao mesmo tempo, houve aumento do número
de pessoas que passaram a fazer parte tanto da classe alta quanto da chamada
“nova classe média” ou “classe C” (figura 7). A queda da desigualdade social,
contudo, não impediu que o Brasil permanecesse como um dos países mais
desiguais do mundo.
22

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Essas mudanças socioeconômicas vieram acompanhadas de políticas edu-
cacionais inclusivas, como a ampliação de vagas e criação de cotas para es-
tudantes negros e de baixa renda nas universidades federais e a ampliação
do financiamento estudantil em instituições privadas de Ensino Superior. Os
críticos dessas políticas afirmativas acreditam que medidas como essas não
solucionam o problema da má qualidade da educação básica, sob responsa-
bilidade dos governos estaduais e municipais. Para eles, seria preciso criar
novos mecanismos de financiamento federal que viabilizassem um sistema
básico de ensino de qualidade, para que todos os brasileiros tenham acesso
ao Ensino Superior com igualdade de condições.
6 BRASIL, 2005-2010: REDUÇÃO DA POBREZA NO BRASIL BRASIL, 2004-2014:
7
MOBILIDADE SOCIAL
Pessoas extremamente pobres Pessoas pobres
Número de indivíduos com renda familiar per capita Número de indivíduos com renda familiar per capita
abaixo da linha de extrema pobreza (em milhões) abaixo da linha de pobreza (em milhões) Classe alta 13%
30 70 23%
26,22 61,81
60,13
25 23,58 60 Classe média
56,03 40%
20,88
20 50 49
46,71 56%
17,32 16,5
41,93 40,07
15 13,6 40
14,03 11,78 34,36
30,35
Classe baixa 47%
10,45
10 30
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

10,08 28,7 21%


5 20 2004 2014
2005 2010 2005 2010
em milhões em milhões População 176 203
milhões milhões
Fonte: Globo.com. Disponível em: <http://g1.globo.com/economia/noticia/2014/11/apos-10-anos-de-queda-numero-de-miseraveis
-volta-subir-no-brasil.html>. Acesso em: maio 2015. Fonte: Estadão. Disponível em: <http://politica.estadao.
com.br/noticias/eleicoes,a-classe-c,1556386>.
Com relação à política internacional, o Brasil fortaleceu as relações com o Acesso em: maio 2015.
Mercosul e com a China, tornando a economia brasileira menos dependente
das trocas comerciais com os Estados Unidos. O país também consolidou sua
participação no Brics, um agrupamento de países emergentes considerados
economias-líderes em nível mundial que inclui, além do Brasil, a Rússia, a
Índia, a China e a África do Sul. Os economistas criaram essa denominação
por acreditar que os países-membros do Brics têm potencial econômico para
superar, em cinquenta anos, a economia das grandes potências mundiais,
rivalizando com os Estados Unidos e a União Europeia. A tendência à estag-
nação econômica provocada pela crise de 2008, contudo, demonstrou que
havia certa vulnerabilidade no poder de crescimento econômico contínuo
dos países que compunham o grupo.
O presidente Lula obteve altos índices de aprovação popular ao longo de
seus dois mandatos. Os brasileiros que o reelegeram em 2005 e elegeram sua
sucessora, Dilma Rousseff, em 2010 e 2014, aparentemente não se incomo-
daram com a profusão de denúncias de corrupção veiculadas pelos meios 8

ANGELI – FOLHA DE S.PAULO, 28.02.2007


de comunicação nesse período. A mais importante delas foi a do mensalão,
um esquema de compra de votos que envolveu assessores muito próximos
ao presidente e alguns dirigentes do Partido dos Trabalhadores, bem como
parlamentares da base aliada do governo no Congresso (figura 8).
As denúncias de corrupção praticada na era Lula resultaram em um
quadro político-partidário polarizado entre governo e oposição desprovido
de debate ideológico, em que nenhum dos lados se empenha em apresentar
à sociedade brasileira modelos de desenvolvimento nacional alternativos.
A representatividade social dos partidos políticos, efetivada e fortalecida
com as lutas pelo fim da ditadura militar, praticamente desapareceu, dando
lugar ao descrédito em relação às instituições políticas. Esse quadro tam-
bém contribuiu para criar um sentimento difuso e ainda mal estudado de
descrença generalizada nos poderes que compõem o Estado. Angeli. "Fazer política é uma arte". São Paulo, 2007.

23

Historia9_mod9.indd 23 12/2/15 11:27 AM


4 A era Dilma

CAPÍTULO
O primeiro mandato de Dilma Rousseff
(2011-2014)
Durante a ditadura militar brasileira, Dilma Rousseff militou contra o re-
gime em diversas organizações de esquerda até ser presa em 1970. Passou
três anos detida e sofreu tortura na prisão, o que era frequente nos porões
do regime militar. Após esse período, mudou-se para Porto Alegre, onde
cursou Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após a
aprovação da Lei da Anistia, em 1979, deu início a sua carreira política no
Partido Democrático Trabalhista (PDT) gaúcho, passando a fazer parte dos
quadros do Partido dos Trabalhadores somente em 2001. Tornou-se mem-
bro da equipe de transição entre os governos FHC e Lula e foi peça-chave
do governo petista, assumindo os cargos de ministra de Minas e Energia e,
posteriormente, da Casa Civil. Em junho de 2010, foi escolhida pelo PT para
concorrer à sucessão de Lula. No segundo turno das eleições, em outubro de
2010, foi eleita com cerca de 56 milhões de votos. No dia 1o de janeiro de

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2011, Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe
do Executivo federal no Brasil.
Quando assumiu a Presidência da República, Dilma tinha diante de si
um desafio ainda maior do que o de seu antecessor: manter a estabilidade
econômica e as garantias sociais conquistadas no mandato de Lula, em um
contexto de queda do PIB, de crise econômica e de recessão relativamente
generalizadas em nível mundial. Também não estava amparada por ampla
mobilização dos setores sociais nem tinha a habilidade política ou o carisma
do antecessor.
Além disso, em 2011 Dilma teve de lidar com um Congresso menos amis-
toso em relação a sua posição política, à esquerda, do que Lula encontrou
em 2002, quando foi eleito. Embora em termos numéricos o governo petista
tivesse maioria no Congresso, a presidente, para poder governar, concedeu
cargos e compôs coligações com partidos de orientação muito diferentes
entre si. O resultado desse sistema de alianças foi uma coalizão heterogênea
que não garantiu votação tranquila nem mesmo em assuntos considerados
importantes pelo governo, como a medida que assegurava à educação parte
dos royalties do petróleo ou a votação conturbada do Código Florestal.

Os royalties do petróleo
Royalty é uma palavra de origem inglesa cuja tradução literal é “realeza”. No sé-
culo XVI, o termo passou a se referir a um direito (ou a uma regalia) que a realeza
concedia aos nobres pela exploração de terras, recursos minerais, entre outras ati-
vidades, em troca de parte do lucro obtido.
No mundo contemporâneo, royalties são a compensação que um indivíduo ou
uma corporação têm de receber pela patente de um produto ou uma marca ou
pelo direito autoral sobre uma obra. No caso dos royalties do petróleo, o governo
brasileiro tem o direito de cobrá-los das empresas como compensação por possí-
veis danos ambientais que a exploração da matéria-prima venha a causar.
Com a aprovação da Lei dos Royalties, em 2013, estados e municípios ficaram
obrigados a usar os royalties do petróleo com educação (75%) e saúde (25%)
públicas.

24

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Ações do governo Dilma
Ao longo de quase todo o primeiro governo de Dilma Rousseff, o cres-
cimento econômico brasileiro apresentou queda acelerada, atingindo 0,9%
em 2012. Embora tenha havido certa recuperação no ano seguinte, o quadro
geral era de estagnação econômica, aumento da inflação e elevação das taxas
de desemprego.
Entre 2011 e 2014, o governo Dilma seguiu as mesmas diretrizes de seu
antecessor, colocando um freio nas privatizações, mas ampliando o número
de concessões de várias rodovias federais, ferrovias e aeroportos. O PAC,
agora em sua segunda fase, era considerado um dos motores do crescimento
econômico e de geração de emprego. No entanto, muitas obras permanece-
ram atrasadas ou com indícios de superfaturamento.
Um dos mais importantes desses indícios foi a ligação do empresário Car-
linhos Cachoeira com diversos políticos influentes, tanto da oposição quanto
do governo. Cachoeira é o dono de uma construtora que tinha contratos com
o governo federal para a realização de obras do PAC. Outro escândalo veio
a público durante o primeiro governo Dilma, dessa vez incluindo denún-
cias de um grande esquema de lavagem e de desvio de dinheiro envolvendo 1
a Petrobras, empreiteiras brasileiras e políticos. A chamada Operação Lava

CREATIVE COMMONS – ATRIBUIÇÃO 3.0 BRASIL


Jato, deflagrada pela Polícia Federal em 2014, prendeu diversos empresários
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

e alguns políticos.
Ao longo do governo Dilma também houve ampliação do acesso a bens
de consumo em geral e aos meios de comunicação, sobretudo o acesso à
internet (figura 1). Entre outras consequências, o acesso à rede mundial de
computadores catalisou uma série de descontentamentos que culminaram
com os protestos de junho de 2013. Inicialmente, os protestos exigiam me-
lhoria na mobilidade urbana, mas rapidamente ganharam uma agenda mais
ampla. Bandeiras com diferentes demandas tomaram as ruas das maiores
cidades brasileiras pelo fim da corrupção, da violência policial, pela melhoria
de salários e pela reformulação das práticas políticas vigentes. No ano se-
guinte, protestos se voltaram contra a Copa do Mundo de 2014, cujos jogos
se realizaram em diversas capitais brasileiras.
Dilma Rousseff foi reeleita em 2014, vencendo o candidato Aécio Neves,
do PSDB. Foi uma eleição acirrada, marcada por temas como a corrupção, a Em 2014, a ONU declarou o acesso à rede mundial
inclusão social e o crescimento econômico, que constituem o principal desa- de computadores como direito humano básico.
O logotipo do programa "Wi-Fi livre SP" é utilizado
fio para os mandatos dos governantes que ocuparão o cargo de presidente do para sinalizar a oferta de internet gratuita em espa-
Brasil pelos próximos anos. ços públicos na cidade de São Paulo.

A Comissão Nacional da Verdade

MARCELO CAMARGO/AGÊNCIA BRASIL


2
Um dos compromissos assumidos pela presidente Dilma Rous-
seff foi a apuração de violação dos direitos humanos ocorrida no
Brasil entre os anos de 1946 e 1988. Para isso, em maio de 2012, a
Comissão Nacional da Verdade foi instituída. A comissão investi-
gou principalmente casos de desaparecimento de presos políticos,
mas também os de tortura, assassinato e prisão arbitrária (figura 2).
Embora a comissão não tivesse poder para punir os responsáveis
pelos crimes cometidos, os relatórios produzidos permitem que a
história das ditaduras brasileiras ganhe contornos mais nítidos. O res-
gate dessa memória pode ajudar os brasileiros a construir uma socie-
dade mais justa, em que se garantam os direitos básicos do cidadão.
Depoimento do delegado aposentado da Polícia Civil de São Paulo Aparecido Laertes
Calandra à Comissão Nacional da Verdade, representada nesta foto pelos advogados
José Carlos Dias (à esq.) e Pedro Dallari (à dir.), em audiência pública realizada no
dia 12 de dezembro de 2013, em São Paulo. De acordo com vítimas da repressão
na época da ditadura militar, Calandra usava o apelido de Capitão Ubirajara. Ele foi
um dos acusados de tortura e homicídio nas investigações movidas pela Comissão
Nacional da Verdade.

25

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Atividades • capítulos 3-4
Recordar e compreender
1 Antes de ser eleito pela primeira vez presidente da República, Lula lançou a Carta ao povo brasileiro.

Cap. 3 a) Qual era o conteúdo dessa carta?


Na Carta, Lula reconhecia a necessidade de mudança de rumo na política econômica do país, mas

reafirmava que, caso ele fosse eleito, o governo do PT honraria todos os contratos firmados

anteriormente.

b) Por que a Carta pode ser considerada politicamente uma guinada conservadora do Partido
dos Trabalhadores e de Luiz Inácio Lula da Silva?
O conteúdo da Carta era diferente das ideias propostas pelo Partido dos Trabalhadores e pelos demais

partidos de esquerda até então. Em geral, a esquerda brasileira defendia não honrar os contratos e as

dívidas com outros países e bancos, uma vez que esses acordos eram considerados um mal para a

economia nacional.

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 O que é o Bolsa Família e qual é a opinião de seus críticos e de seus defensores?

Cap.
O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda para famílias pobres ou extremamente
3-4
pobres por meio de um benefício mensal em dinheiro. Seus defensores afirmam que a medida promove

a emancipação das famílias mais pobres do país, garantindo-lhes o direito à cidadania. Já os críticos o

consideram um programa assistencialista, que visa à arrecadação de votos. Para eles, o Bolsa Família

não ataca de maneira efetiva a raiz da pobreza no país, como a falta de emprego, os baixos salários e a

fragilidade da economia.

3 De que maneira o governo Lula obteve taxas de crescimento econômico elevadas até 2009?
O governo incrementou a oferta de crédito e baixou as taxas de juros para estimular a venda a crédito,
Cap. 3

aumentando a demanda e a produção. Além disso, quando ocorreu a crise mundial de 2008-2009, o

governo baixou os impostos sobre a venda da chamada “linha branca” e dos automóveis, garantindo a

produção e estimulando o consumo.

4 Quais foram as dificuldades econômicas e políticas enfrentadas por Dilma Rousseff em seu primeiro
mandato?
Cap. 4
Dilma herdou baixas taxas de crescimento econômico e não tinha o mesmo poder político e apoio dos

movimentos sociais de seu antecessor. Ela conseguiu garantir a governabilidade concedendo cargos e

fazendo alianças com partidos heterogêneos, o que dificultou a aprovação de medidas de interesse do

governo pelo Congresso.

26

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Aplicar
1 Reúna-se com alguns colegas em um grupo de até quatro integrantes. Observem a charge e leiam
o texto a seguir. Em seguida, respondam às questões.
Cap.
3-4
Lista aponta 10 “práticas de corrupção” do dia a dia

ANGELI
do brasileiro
“Muitas pessoas não enxergam o desvio privado como cor-
rupção, só levam em conta a corrupção no ambiente público”,
diz o promotor de Justiça Jairo Cruz Moreira.
Ele é coordenador nacional da campanha do Ministério
Público “O que você tem a ver com a corrupção”, que pre-
tende mostrar como atitudes que muitos consideram normais
são, na verdade, um desvirtuamento ético.
Como lida diariamente com o assunto, Moreira ajudou a
BBC Brasil a elaborar uma lista de dez atitudes que os brasilei-
ros costumam tomar e que, por vezes, nem percebem que se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

trata de corrupção.
• Não dar nota fiscal
• Não declarar Imposto de Renda
• Tentar subornar o guarda para evitar multas
• Falsificar carteirinha de estudante
• Dar/aceitar troco errado
• Roubar TV a cabo
• Furar fila
• Comprar produtos falsificados
• No trabalho, bater ponto pelo colega
• Falsificar assinaturas
(...) Professor: O objetivo da ativi-
dade é demonstrar que a cor-
DELLA BARBA, Mariana. Lista aponta 10 “práticas de corrupção” do dia a dia do brasileiro. BBC Brasil. rupção é uma prática dissemi-
Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121024_corrupcao_lista_mdb.shtml>. nada pela sociedade brasileira.
Acesso em: abr. 2015. Os especialistas tendem a não
admitir que a corrupção é par-
te do “caráter brasileiro” ou do
“homem cordial”, ou do patri-
a) Qual é o tema da charge e do texto? monialismo, do fisiologismo e
do clientelismo herdados da
O tema é a corrupção. No caso da charge, trata-se da permanência das práticas de corrupção no aparelho época colonial, imperial e dos
primeiros tempos republica-
de Estado e, no caso do texto, da disseminação dessas mesmas práticas no cotidiano dos brasileiros. nos. Essa prática é vista hoje
em dia como característica
dos países em desenvolvi-
mento e como consequência
da fragilidade das instituições
democráticas. Procure mos-
trar aos alunos que o forta-
b) Vocês concordam com o posicionamento do promotor Jairo Cruz Moreira? Justifiquem sua resposta. lecimento das instituições
democráticas e a erradicação
Resposta pessoal. da corrupção não serão resul-
tados exclusivos da reforma
ou da vontade dos que ocu-
pam cargos políticos, mas um
processo que deve envolver
toda a sociedade, mediante a
participação política e o enga-
jamento nos assuntos consi-
derados de relevância pública.

27

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Analisar e avaliar
1 Um dos legados do processo da redemocratização no Brasil foi a implantação de uma crise de re-
presentatividade, com crescente desmobilização social e descrença dos partidos políticos. Com um
Cap. 4 colega, leiam o texto abaixo e observem a imagem. Em seguida, respondam às questões.

Internet e participação política em sociedades democráticas


(...) a política contemporânea aparece (...) como incapaz de satisfazer os requisitos
da democracia em seu sentido mais próprio. (...) E o fenômeno mais comumente iden-
tificado como em estreita relação ao deficit democrático contemporâneo é, em geral,
designado pelo verbete “participação política”. (...)
Mas se falta participação política é porque faltam também outros requisitos da vida
democrática. Algumas dessas faltas são relacionadas à cultura política (...). Parece au-
sente a esta mentalidade a sensação de que há uma conexão de causa e efeito entre a
ação do cidadão e o modo como as coisas referentes ao Estado se decidem. Este senti-
mento se reforça pela impressão de que, com efeito, as indústrias da notícia, do lobby e
da consultoria política têm muito maior eficácia junto à sociedade política e ao Estado

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
do que a esfera civil [do cidadão comum]. (...)
[Nesse sentido], a nova tecnologia [da internet] “(...) é um
FABIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO

modo universal, anti-hierárquico, complexo e exigente. Porque ofe-


rece acesso universal, comunicação não coercitiva, liberdade de ex-
pressão, agenda irrestrita, participação fora das tradicionais institui-
ções políticas e porque gera opinião pública mediante processos de
discussão, a internet parece a mais ideal situação de comunicação”.
GOMES, Wilson. Internet e participação política em sociedades democráticas.
Revista Famecos, Porto Alegre, n. 27, p. 59-60 e p. 64-65, ago. 2005.
Disponível em: <http://revistaseletronicas.pucrs.br/ojs/index.php/revistafamecos/article/
viewFile/3323/2581>. Acesso em: abr. 2015.

Os protestos de 2013 foram


organizados, em sua maioria, a) O que é “deficit democrático”, de acordo com o texto?
por meio das redes sociais,
demonstrando a importância Deficit democrático é a falta de participação política.
da internet nas novas formas
de movimentos sociais na con-
temporaneidade. Rio de Janei-
ro (RJ), junho de 2013. b) Quais são as diferenças entre os movimentos sociais do século XX e aqueles que surgiram após
o advento da internet?
Os movimentos sociais ao longo do século XX, em geral, eram mais homogêneos, convocados por

entidades de classe, sindicatos ou por associações de estudantes, com uma agenda de demandas

definida, como aumento de salários, melhora nas condições de trabalho, contratação de professores e

fim do autoritarismo nas universidades. Os movimentos inaugurados pela era da internet, embora ainda

mal estudados, caracterizam-se pela polarização e pela heterogeneidade e, por isso, são mais difíceis de

serem controlados, e suas demandas em geral não são atendidas.

Professor: Discuta com os alu- c) Quais são as vantagens do uso da internet para a construção da democracia, de acordo com
nos a relação dessa questão
o texto?
com a imagem apresentada.
O texto afirma que a internet é um veículo aberto e de mão dupla, não hierárquico e que se fundamenta

na possibilidade de discussão.

28

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d) Vocês concordam com essa avaliação dos usos potencialmente democráticos da internet? Por quê? Professor: Os pesquisadores
atualmente não veem a inter-
Resposta pessoal. net apenas como forma de
fortalecimento da democra-
cia e da participação política.
Oriente os alunos a indicar
os usos nocivos da internet
que conseguem identificar.
Lembre-os de que ela tam-
bém contribuiu para a pulve-
rização da informação e das
posições políticas, além de
difundir notícias falsas ou de
má-fé. De qualquer modo, a

Autoavaliação internet, em sua base, é ain-


da anti-hierárquica: os “nós”
que compõem a “rede” foram
Marque para cada item da tabela a pontuação que você conseguiu alcançar. O número 1 indica concebidos por seus criadores
que você não atingiu o objetivo, o número 5 indica que você o atingiu inteiramente, e os outros nú- como horizontais e sem con-
meros mostram a gradação entre as duas situações. trole centralizado. Portanto,
é, potencialmente, uma das
maiores ferramentas para o
1 2 3 4 5
desenvolvimento da democra-
Identifico os dilemas para a implantação da democracia cia. Oriente os alunos a elen-
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.

car os usos da internet para


no Brasil.
a construção da cidadania e
Defino e avalio o conceito de privatização e conheço a o fortalecimento das institui-
função das agências reguladoras. ções democráticas.

Explico o conceito de neoliberalismo.


Defino e aplico os conceitos de congelamento de
preços e inflação à realidade brasileira atual.
Defino e avalio o conceito de governabilidade.
Identifico a corrupção como um fenômeno da realidade
brasileira e posiciono-me em relação a ela.
Explico o que foi o Plano Real e defino sua importância
para a sociedade brasileira.
Defino o conceito de deficit público.
Explico o que são reformas na Constituição e conheço
os mecanismos para sua realização.
Reconheço de que maneira o Brasil se insere na
economia mundial e avalio os benefícios e prejuízos
que essa inserção provoca.
Posiciono-me em relação às políticas afirmativas e de
inclusão social.
Defino o conceito de representatividade social e política
e avalio o papel dos cidadãos brasileiros em sua
construção.
Valorizo a democracia e as práticas democráticas.

Agora, pense no material digital. Nesse caso, o número 1 indica uma resposta negativa, o número
5 indica uma resposta totalmente positiva, e os outros números indicam a gradação entre as duas
situações.
1 2 3 4 5

Usei o iPad em sala de aula.

Usei o iPad fora da sala de aula.

Os recursos digitais me ajudaram.

29

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Leitura de texto e imagem
Em 2012, o governo federal regulamentou a lei que prevê a reserva de vagas em univer-
sidades federais e institutos federais de educação, ciência e tecnologia para alunos egressos
de escolas públicas e de baixa renda. Trata-se de uma medida que ainda desperta intenso
debate e polêmicas. Com um colega, observem as imagens e leiam os textos abaixo. Em
seguida, respondam às questões.

QUANTIDADE DE
VAGAS NO CURSO

NO MÍNIMO 50%

ALUNOS DE DEMAIS VAGAS


ESCOLA PÚBLICA

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
50%
RENDA  1,5 RENDA  1,5
SALÁRIO MÍNIMO SALÁRIO MÍNIMO
PER CAPITA

NO MÍNIMO % IBGE NO MÍNIMO % IBGE

PRETOS, PARDOS DEMAIS VAGAS PRETOS, PARDOS DEMAIS VAGAS


E INDÍGENAS E INDÍGENAS

Fonte: Ministério da Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cotas/sobre-sistema.html>. Acesso em: maio 2015.

Cotas não!
(...) Antonio Freitas, pró-reitor da Fundação Getulio Vargas, considera a política das
cotas “um passo para trás” para o país. Ele afirma que facilitar o acesso de determinados
grupos às universidades nega o princípio do mérito e ameaça a excelência acadêmica.
“Isso é ruim para o futuro do Brasil, porque o objetivo das
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR

universidades é gerar pesquisa de qualidade”, diz. “Eventualmente,


você pode não ter as pessoas mais bem-qualificadas na Engenharia,
na Medicina, nas áreas mais desafiadoras que o Brasil precisa
desenvolver”, diz.
Freitas diz que o Brasil nunca teve políticas públicas baseadas
em raça e que isso pode gerar uma divisão na sociedade.
Ele diz que o país está tentando resolver um problema artifi-
cialmente. Em vez de investir na educação básica e dar a todos
condições de competir em par de igualdade, está tentando “forçar
alunos fracos a entrar nas universidades”.
(...)
Estudantes de escolas particu-
lares protestam em frente ao CARNEIRO, Júlia Dias. Um ano depois, Lei de cotas cria oportunidades mas
Palácio do Planalto, em 2012, não convence críticos. Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/
em Brasília (DF), contra o regi- noticias/2013/08/130831_cotas_raciais_jc_an>. Acesso em: abr. 2015.
me de cotas nas universidades
públicas.

30

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Cotas sim! Porque é justo
(...) Para início de conversa, pergunto a você, caro leitor:

TERRA BRITTO/FUTURA PRESS


você acredita que a condição social e econômica dos seus
avós teve alguma influência ou impacto para que os filhos
dos mesmos, ou seja, seus pais, estivessem hoje na condição
social e econômica que estão? ( ) Sim ( ) Não.
Você acredita que, sendo seus pais quem são, tendo
as profissões que têm, a escolaridade que têm, a visão de
mundo que têm, a condição de classe social e econômica
que têm, [isso] influenciou ou influenciará no seu futuro,
na classe social e econômica em que você será enquadrado
devido às condições financeiras que você apresentará den-
tro da sociedade em que vive? ( ) Sim ( ) Não. (...)
Pergunto: Você acha que ser filho de família predomi-
nantemente branca, de classe média alta ou elite, moradora
das áreas mais nobres e de maior custo de vida do país, te-
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ria algum impacto no seu futuro, na sua educação, na sua


profissionalização e por fim na classe social e econômica
Integrantes da Frente Pró-Cotas
em que as pesquisas do governo te enquadrarão? Raciais de São Paulo participam
Você acredita na maior tentativa de coação moral contra as minorias sociais, de todos de um ato público na Praça da
Sé, São Paulo (SP), em defesa
os tempos, a meritocracia? Esta reproduz a ideia de que em nossa sociedade tanto faz ser das cotas raciais.
homem ou mulher (...), ser negro ou branco (...), ser rico, classe média, pobre ou miserável,
ser natural das regiões norte e nordeste ou sul e sudeste, o que conta é o esforço individual
de cada ser.
Cada um é aquilo que tratou de ser. Cada um está justamente onde merece. Mas, tenho Professor: Entre 2012 e 2014,
a reserva de vagas para alunos
a impressão de que o buraco é bem mais fundo do que tentam nos fazer crer. (...) de baixa renda não afetou o
BEZERRA, Priscila. Cotas sim! Porque é justo. Gelédes Instituto da Mulher Negra. número de vagas ofertadas
para alunos que não se en-
Disponível em: <www.geledes.org.br/cotas-sim-porque-e-justo/#axzz3YKiudY1G>. Acesso em: abr. 2015.
quadram nos critérios das
cotas. Isso ocorreu porque o
número de vagas em geral
ofertado pelas universidades
federais aumentou de 140 mil
para 180 mil.

Localize a informação
1 Como funciona a Lei de Cotas?
A lei prevê que 50% das vagas nas instituições federais de ensino sejam destinadas a alunos egressos

de escolas públicas. Metade dessas vagas é reservada a alunos cuja renda é inferior a 1,5 salário mínimo.

As demais, 25%, são destinadas a alunos egressos de escolas públicas com renda maior que 1,5 salário mínimo.

Cabe às universidades federais definir políticas específicas de cotas raciais.

2 De acordo com o pró-reitor da Fundação Getulio Vargas, qual é a função da universidade pública?
Para ele, a universidade pública tem como principal função produzir pesquisa de qualidade.

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3 Quais são os argumentos contra a política de cotas utilizados pelo pró-reitor?
O pró-reitor afirma que a política de cotas é um passo atrás para o país porque nega o princípio do mérito e

ameaça a excelência acadêmica. Além disso, ela poderia causar uma cisão na sociedade e eximir os governos

de investir em educação básica, para que todos os brasileiros tenham igualdade de condições de acesso à

universidade pública.

4 Qual é a crítica de Priscila Bezerra à ideia de meritocracia?


A autora acredita que a meritocracia é a “maior tentativa de coação moral contra as minorias sociais, de

todos os tempos”.

Analise e interprete

Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
1 Por que, para Priscila Bezerra, a meritocracia é uma falácia na sociedade brasileira contemporânea?
Para a autora, a meritocracia parte do pressuposto de que todas as pessoas nascem e crescem com

igualdade de condições. Negros e brancos, ricos e pobres, dependendo do que fazem ao longo da vida,

definem se serão indivíduos que merecem o sucesso ou não. Priscila Bezerra constrói seu texto mostrando

que essa igualdade de condições inexiste e, portanto, a meritocracia é uma falácia.

2 Qual é a importância de criar um sistema público de educação básica de qualidade, de acordo


com Antonio Freitas?
Para ele, se a educação pública básica fosse de qualidade, as cotas seriam desnecessárias, já que a

meritocracia selecionaria os melhores alunos para as universidades.

Discuta com os colegas e o professor


Converse com os colegas e o professor sobre as seguintes questões:
1 Como você responderia às perguntas propostas por Priscila Bezerra?
2 O sucesso no vestibular ou no Enem, provas que determinam quem pode e quem não pode
cursar o Ensino Superior público, determina a qualidade do profissional que se formará pela
universidade?
3 Qual é sua opinião a respeito da meritocracia?

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UNIDADE

Dilemas do Brasil contemporâneo


As atividades das páginas centrais são para depois que você terminar esta
unidade. Mas leia a proposta logo, assim você tem tempo de pensar no que
quer fazer. Ao final, o resultado do trabalho pode virar uma exposição. Para
isso, basta destacar cuidadosamente as páginas centrais.

O ÚD
ESTADÃO CONTE
CRIS FAGA/FPF/

As manifestações de junho de 2013 começaram como protestos contra o aumento das tarifas de ônibus
e evoluíram para reivindicações de distintos grupos sociais.

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O que você quer para o Brasil?
Dessa vez você vai usar a imaginação para pensar no futuro. Analise as mudanças que
ocorreram no Brasil a partir da redemocratização e indique as principais realizações e
os desafios de cada um dos governos que se seguiram – Collor/Itamar, governos FHC,
governos Lula e o primeiro governo Dilma. Depois, escreva um texto explicando o que
você deseja que sua geração transforme no país. Acrescente uma foto mostrando um
aspecto que você considera essencial que seja mudado. As palavras-chave na página
ao lado são seu guia para os principais conceitos. Use o maior número possível desses
conceitos no seu trabalho.

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Fim da ditadura Controle da inflação

Redução da desigualdade social

Redução do déficit público Combate à corrupção

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