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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Manifestantes sobem a laje do Congresso Nacional,
em Brasília (DF), 2013, durante um dos protestos que
marcaram o mês de junho daquele ano. A violenta
repressão a uma manifestação contra o aumento da
tarifa de ônibus em São Paulo motivou a organiza-
ção de uma sequência de manifestações em todo o
Brasil, com o apoio de vários setores da sociedade.
ANGELI - FOLHA DE S. PAULO 11.12.1998
Objetivos de aprendizagem
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
tos prévios dos alunos. São um
convite à discussão e à leitura
de imagens. As questões
propostas permitem avaliar
o grau de conhecimento da Ter os objetivos de aprendizagem em mente vai orientá-lo em seus estudos e
classe e podem orientar a con- ajudá-lo a verificar seu aproveitamento ao final da unidade. Os trabalhos em grupo
dução mais adequada dos as-
suntos que serão abordados. são fundamentais para trocar saberes, para o desenvolvimento do pensamento
Deixe que os alunos respon- crítico e da autonomia. Lembre-se de que mapas, gráficos, imagens, tabelas e
dam às perguntas livremente.
charges são formas de linguagem que conduzem a conceitos e apresentam dados
e informações diversos. Saber ler e interpretar todas as formas de linguagem
permite compreender melhor a realidade e o mundo em que você vive.
Outros objetivos de aprendizagem são:
• identificar os dilemas para a implantação da democracia no Brasil;
• definir e avaliar o conceito de privatização e conhecer a função das agências
reguladoras;
• explicar o conceito de neoliberalismo;
• definir e aplicar os conceitos de congelamento de preços e inflação à realidade
brasileira atual;
• definir e avaliar o conceito de governabilidade;
• identificar a corrupção como um fenômeno da realidade brasileira e posicionar-se
em relação a ela;
• explicar o que foi o Plano Real e definir sua importância para a sociedade
brasileira;
• definir o conceito de deficit público;
• explicar o que são reformas na Constituição e conhecer os mecanismos para sua
realização;
• reconhecer de que maneira o Brasil se insere na economia mundial e avaliar os
benefícios e prejuízos resultantes dessa inserção;
• posicionar-se em relação às políticas afirmativas e de inclusão social;
• definir o conceito de representatividade social e política e avaliar o papel dos
Professor: Comente os ob- cidadãos brasileiros em sua construção;
jetivos de aprendizagem em
sala de aula, para orientar os
• valorizar a democracia e as práticas democráticas.
alunos em relação ao que vão
estudar na unidade.
1 Que movimentos sociais atuam na região em que você mora? Quais são as 2. Os indígenas fazem parte
da sociedade brasileira e são
principais demandas desses movimentos? Resposta pessoal. cidadãos. No entanto, o direito
de preservar seu modo de vida
2 Qual é a importância simbólica da imagem à direita, do indígena se lhes foi negado ao longo de
praticamente toda a história
formando no Ensino Superior? do país. Somente nas últimas
décadas e após inúmeras
lutas sociais, passaram a ter
3 Os acontecimentos retratados nas imagens podem ocorrer em uma seus direitos reconhecidos
Não. Em uma sociedade não democrática
sociedade não democrática? Por quê? dificilmente existe liberdade de expressão e pela legislação. Embora esse
espaço para as minorias. reconhecimento ainda seja
insuficiente, receber um
Reúna-se com alguns colegas, conversem sobre o exercício anterior e diploma de Ensino Superior é
respondam às seguintes questões. uma conquista importante para
os indígenas, assim como para
os não indígenas, em direção a
1 Qual é o papel dos movimentos sociais em uma sociedade democrática? uma sociedade mais justa
e igualitária.
Os movimentos sociais apresentam demandas da sociedade às instituições, que podem ser
socialmente excluídas. O objetivo das políticas afirmativas é possibilitar o exercício pleno da cidadania
em sociedades desiguais.
significa que os cidadãos brasileiros não têm igualdade de oportunidades, o que dificulta a formação de
CAPÍTULO
(1990-1994)
As eleições diretas para presidente
No Brasil, ao longo de quase toda a história republicana, as eleições para
o cargo do Poder Executivo federal (figura 1) foram muitas vezes fraudu-
lentas ou restritas, e houve períodos em que não se realizaram. Durante a
Primeira República (1889-1930), por exemplo, o voto de cabresto e a política
dos governadores impediam que houvesse representação política efetiva.
O Estado Novo (1937-1945) e a ditadura militar (1964-1985) eliminaram
o direito de voto e, nas eleições ocorridas entre 1945 e 1964, o voto dos
analfabetos era proibido. Por isso, as eleições diretas para presidente de 1989
foram um marco na história política brasileira.
Naquela época, o país passava por um processo de transição democrática,
marcado pela campanha das Diretas Já, pela reivindicação da convocação de
uma Assembleia Constituinte e pela promulgação da Constituição de 1988.
Arrocho salarial. Com o fim do bipartidarismo, diversas siglas partidárias se constituíram,
demonstrando a fragmentação ideológica da época.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
Ocorre quando
os salários não O cenário econômico era de instabilidade e inflação. Os planos econômicos
aumentam conforme
a inflação, causando não impediram o arrocho salarial nem eliminaram a estagnação econômica.
perda do poder Por isso, durante a campanha presidencial de 1989 (figura 2), todos os par-
de compra dos tidos tinham em seus programas um ponto em comum: a necessidade de pôr
assalariados.
fim à inflação e dinamizar a economia brasileira.
Professor: As acepções dos
termos do glossário foram,
A campanha presidencial
sempre que possível, pesquisadas O primeiro turno das eleições presidenciais contou com diversos candidatos:
no Dicionário eletrônico Houaiss
da língua portuguesa. Para
Mario Covas (PSDB), Paulo Maluf (PDS), Roberto Freire (PCB) e Ulysses Guima-
fins didáticos, foram feitas as rães (PMDB), entre outros. No segundo turno ocorreu a polarização entre os can-
adaptações necessárias. didatos Fernando Collor de Mello, do Partido da Reconstrução Nacional (PRN),
e Luiz Inácio Lula da Silva, representante do Partido dos Trabalhadores (PT).
Fernando Collor é membro de uma família tradicional de Alagoas, dona do
grupo de comunicação mais poderoso desse estado. Em 1979, Collor foi indi-
cado para prefeito de Maceió pela Arena e, ao final de seu mandato, em 1982,
elegeu-se deputado federal pelo PDS. Nas eleições indiretas para presidente de
1985, votou no candidato derrotado Paulo Maluf e, dois anos depois, elegeu-se
governador de Alagoas.
SEBASTIÃO MOREIRA/ESTADÃO CONTEÚDO
VIDAL CAVALCANTE/FOLHAPRESS
1 2
ANTÔNIO GAUDÉRIO/FOLHAPRESS
3
No dia seguinte à cerimônia de posse, o novo presiden-
te e a ministra da Economia, Zélia Cardoso de Mello, lança-
ram um plano de combate à inflação, o Plano Brasil Novo,
ou, como ficou mais conhecido, o Plano Collor.
O novo plano econômico foi uma das mais agressivas
medidas contra a propriedade privada. Ele determinou o
confisco dos depósitos bancários em conta corrente, da
poupança e de outras aplicações (figura 3), congelou pre-
ços e salários e promoveu um corte nas despesas públicas.
O objetivo era diminuir a circulação de dinheiro e, conse-
quentemente, do consumo, baixando seus preços. Em ou-
tras palavras, visava ao controle da inflação, que de fato foi
reduzida. Em março de 1990, a taxa alcançou o patamar de O Plano Collor confiscou os investimentos de quem possuía mais de
80% ao mês. Dois meses depois, ela caiu para cerca de 9%. NCZS 50 mil, o equivalente a aproximadamente RS 6 mil.
HISTÓRIA 7
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suficiente para que o Poder a existência de um enorme esquema de corrupção envolvendo Paulo César
Executivo seja capaz de
governar. Farias, o PC, ex-tesoureiro da campanha de Collor.
Impeachment. Processo
PC Farias seria responsável por intermediar a liberação de verbas públi-
político-criminal instaurado cas para empresas privadas em troca de propina. As denúncias levaram o
no Congresso para apurar Congresso Nacional a abrir uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
a responsabilidade por para conduzir as investigações. A população acompanhava os resultados da
grave delito no exercício
investigação pela televisão e pelos jornais, e a indignação aumentava em to-
das funções de presidente
da República ou de outro dos os setores da sociedade civil. Jovens saíram às ruas com o rosto pintado
chefe do Poder Executivo, de verde e amarelo exigindo a renúncia do presidente. A opinião pública
ou de ministros do colocava-se claramente a favor do impeachment (figura 5).
Supremo Tribunal. Em outubro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o afastamento
de Collor até que o Senado julgasse o pedido de impeachment. Em dezem-
ARQUIVO/ESTADÃO CONTEÚDO
Pela primeira vez na história do país, um presidente A juventude brasileira saiu às ruas para protestar contra a corrupção e exigir o impeachment do presidente
foi afastado do cargo de acordo com a legislação, Collor. Como os estudantes pintavam o rosto com as cores verde e amarela durante as manifestações, o
sem um golpe de Estado nem conflito armado. movimento foi denominado caras-pintadas.
O “Fusca Itamar”
Em 1992, pouco tempo após tomar posse como presidente, Itamar Franco vi-
sitou o Salão do Automóvel, em São Paulo, e se espantou com o alto preço dos
veículos que eram vendidos no Brasil. Após essa percepção, o presidente decidiu
criar condições para produzir um carro mais barato, que pudesse ser consumido
pela classe média.
Depois de negociar com as empresas do setor e em meio a polêmicas com a
imprensa e os especialistas, o Fusca, tradicional carro da Volkswagen, voltou a ser
fabricado no país (figura 6). A medida de Itamar também determinou que carros
com motor 1.0 que custassem até 6,8 mil dólares teriam desconto na cobrança do
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI).
O “Fusca Itamar” foi comercializado por apenas três anos. No entanto, marcou
a criação do conceito de carro popular em um momento de recuperação econô-
mica e consolidação da democracia no Brasil.
EDUARDO KNAPP/FOLHAPRESS
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inflação e, consequentemente, o aumento das vendas a crédito (figura 7),
uma vez que o valor das prestações seria o mesmo em todos os meses. As ca-
madas empobrecidas da população foram as que mais se favoreceram, pois
passaram a consumir uma série de bens antes disponíveis apenas para a classe
média e as elites.
O sucesso do plano no combate à inflação influenciou o resultado das
eleições presidenciais realizadas em outubro de 1994. Uma habilidosa propa-
ganda política lembrou os eleitores de que o candidato Fernando Henrique
tinha sido o “Pai do real”, ou seja, da estabilização econômica. As eleições
foram decididas logo no primeiro turno, com 54% dos votos válidos para
Fernando Henrique Cardoso, do Partido da Social Democracia Brasileira
(PSDB), que derrotou Luiz Inácio Lula da Silva, do Partido dos Trabalhadores
(PT), o segundo colocado. Tinha início o primeiro mandato de FHC.
10
papel que o Estado brasileiro deveria assumir. FHC e sua equipe entendiam
que era preciso realizar reformas para que o Estado e a economia brasileira se
modernizassem. A oposição propunha um Estado atuante que promovesse o
desenvolvimento social, e criticava o governo por sua adesão ao Consenso
de Washington, que era um conjunto de medidas propostas por economis-
tas de instituições financeiras norte-americanas situadas em Washington, nos
Estados Unidos. Essas regras – enunciadas em expressões como “redução
dos gastos públicos”, “privatização de empresas estatais” e “afrouxamento
das leis trabalhistas” – eram aplicadas em países cuja economia estava em
desenvolvimento.
A política de desestatização
Fernando Henrique Cardoso seguiu seu plano de governo, dando conti-
nuidade à política de estabilização econômica iniciada com o Plano Real. As
ações do governo visavam sobretudo ao controle das contas dos governos
dos estados, procurando reduzir o deficit público. Para isso, aprofundou,
entre outras medidas, a política privatizante, apoiando-se no Plano Nacional
de Desestatização, legislação criada durante o governo Collor.
Entre 1991 e 2002, trinta e uma estatais foram privatizadas (figura 1), dez
delas durante o governo FHC. Entre 1991 e 1995, a maior parte do capital
investido provinha de grandes conglomerados nacionais. Na era FHC, a par-
ticipação do capital estrangeiro foi mais significativa, correspondendo a mais
da metade dos investimentos arrecadados pela União. Empresas de teleco-
municações, como a Telebras, e de energia elétrica, como a Light, responde-
ram por mais da metade do valor arrecadado com as privatizações (figura 2).
A venda de empresas dos setores ligados ao petróleo e à siderurgia também
ganhou impulso entre 1995 e 2002.
O governo de FHC também estimulou as concessões, que diferem das pri-
vatizações porque não implicam a venda da estatal. Várias rodovias e ferrovias,
embora permanecessem como bens públicos, passaram a ser administradas por
empresas privadas, as chamadas concessionárias de serviços públicos.
11
37,5
27,7
10,7
6,5
4,2 4,5
2,0 3,4 2,3 2,9 2,0
1,6
1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002
*Em bilhões de dólares.
Fonte: BNDES.
Petróleo e Gás: 7%
Saneamento: 1%
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Outros: 2%
Energia elétrica: 31%
Financeiro: 6%
Petroquímico: 4%
Telecomunicações: 31%
Transportes: 2%
Mineração: 8%
Fonte: BNDES.
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
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As reformas da Constituição
A Constituição brasileira de 1988 previa, em um de seus artigos, um pro-
cesso de revisão após cinco anos contados de sua promulgação. As reformas
são feitas pela criação de emendas constitucionais ou pela revisão da Cons-
tituição. No primeiro caso, exige-se a aprovação da emenda por três quintos
de cada uma das duas casas do Congresso Nacional, formado pelo Senado e
pela Câmara dos Deputados. A revisão é mais simples de ser aprovada, neces-
sitando apenas de maioria absoluta do total de membros do Congresso.
As reformas tiveram início em fevereiro de 1995. A reforma econômica
abriu o país ao capital estrangeiro, pondo fim ao monopólio estatal nos
setores de comunicações e de petróleo. As reformas administrativa e pre-
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videnciária objetivavam alcançar maior eficiência nos serviços públicos e
diminuir os gastos estatais. Para isso, o governo alterou as regras de admis-
são para o funcionalismo público, diminuiu o número de categorias com
estabilidade na carreira pública e aumentou o tempo de serviço para reque-
rer aposentadoria. A reforma tributária não resolveu o impasse da disputa
entre estados ricos e pobres, além de continuar
FOLHAPRESS
5
penalizando os consumidores mais pobres e as
pequenas e as médias empresas. Por fim, a re-
forma política, considerada prioridade no iní-
cio do primeiro mandato de FHC, permaneceu
engavetada no Congresso, sem consenso entre
os parlamentares.
Em junho de 1997, FHC também propôs a
emenda constitucional que permitia a reeleição
para um mandato de mais quatro anos para car-
gos executivos. Sob suspeita de compra de votos
(figura 5) e após o Congresso barrar a instalação
da chamada CPI da compra de votos, a emenda
foi aprovada. Fernando Henrique concorreu à
reeleição e, em outubro de 1998, foi reeleito no
primeiro turno para um novo mandato.
A emenda da reeleição foi uma das medidas mais
polêmicas do governo de Fernando Henrique
Cardoso. Fac-símile da capa da Folha de S.Paulo
Impasses do governo FHC
de 13 de maio de 1997.
Uma das principais conquistas do governo de Fernando Henrique foi
o controle da inflação e a estabilização da economia. No entanto, o preço
da estabilidade foi alto. Mesmo com as privatizações e concessões, o déficit
público, prioridade no início do governo, não foi controlado. As empresas
nacionais tiveram dificuldade em competir com as importações e com a im-
plantação de multinacionais, de modo que o crescimento econômico caiu e a
taxa de desemprego aumentou.
O segundo mandato de FHC começou em um momento difícil, pois al-
guns países enfrentavam graves crises econômicas, como o México (1995),
14
2,0%
1,5%
1,0%
0,5%
0,0%
–0,5%
–1,0%
4o trim./2012 1o trim./2013 2o trim./2013 3o trim./2013 4o trim./2013
Trimestre ante trimestre anterior, com ajuste sazonal
Fonte: O Estado de S. Paulo. São Paulo, 27 fev. 2014. Disponível em: www.estadao.com.br/infograficos. Acesso em: jun. 2015.
Cap. O Plano Real foi lançado em 1994, durante o governo Itamar Franco. O plano criou uma nova moeda, o real,
1-2
de valor equivalente ao dólar, e fixou medidas para reduzir as despesas públicas, consideradas o motor da
inflação. O objetivo era implantar uma estabilização gradativa da economia. O Plano Real possibilitou a
uma vez que o valor das prestações continuaria o mesmo. As camadas mais pobres da população foram as
mais favorecidas, pois poderiam consumir uma série de produtos antes disponíveis apenas para a classe
média e as elites.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 Durante o governo Collor, um plano para a desestatização abriu caminho para a realização de uma
série de privatizações de empresas estatais. Em duplas, expliquem em que consistem as privatizações
Cap. 1 e quais são os argumentos contra e a favor dessa política.
A privatização é uma política estatal em que empresas públicas são leiloadas para a iniciativa privada.
Os apoiadores dessa política afirmam que as estatais são obsoletas, ineficientes e fontes de gastos públicos.
Para eles, a privatização seria uma forma de modernizar a economia nacional e eliminar gastos públicos. Já
os críticos dessa política afirmam que privatizar significa conceder à iniciativa privada setores estratégicos
Professor: A opção pela 3 Por que, desde 1989, o governo brasileiro tem se preocupado em reduzir o déficit público?
redução dos gastos
públicos e pela Que medidas foram tomadas para atingir esse objetivo?
eliminação do deficit Cap. 1
não é consensual entre os Quando um governo gasta mais do que arrecada, faltam recursos para investir em políticas e obras públicas
especialistas. A maior parte
dos países desenvolvidos, em benefício da população. Por isso, muitos especialistas defendem que a redução do deficit é fundamental
como os Estados Unidos, tem
tido dificuldade em manter para a saúde financeira de um Estado. No Brasil, diversas medidas foram tomadas nesse sentido, como as
políticas públicas e o bom
funcionamento do aparato privatizações e a Lei de Responsabilidade Fiscal.
estatal sem aumentar os
gastos.
16
lhões este ano – e pagamento de 504.000 reais em bônus para seus diretores referentes
ao desempenho da empresa em 2014, ano do agravamento da crise. (...)
A Sabesp alegou que seu desequilíbrio financeiro foi provocado pela crise hídrica, e
um dos maiores “vilões” que provocaram a queda das receitas da estatal foi o Programa
de Incentivo à Redução do Consumo, adotado no ano passado [2014]. Com descon-
tos de até 30% na conta de quem usasse até 10% menos água, a medida fez com que
a Sabesp deixasse de arrecadar 376,4 milhões de reais, segundo o balanço financeiro
apresentado na semana passada. O consumo diário de água per capita na região metro-
politana caiu de 163 litros por habitante para 126 litros.
ALESSI, Gil. Sabesp: bônus para diretores e reajuste de 22,7% à população. El País, 15 abr. 2015. Disponível
em: <http://brasil.elpais.com/brasil/2015/04/15/politica/1429118626_469505.html>. Acesso em: maio 2015.
60
10,7
50 9,9
12,0
40 11,5
Doméstico
109 m3/ano
30 Industrial
Agricultura
20
33,4 36,6 Fonte: CARMO, Roberto Luiz do et al. Água virtual,
escassez e gestão: o Brasil como grande “exportador”
10 de água. Ambiente & Sociedade, v. 10, n. 2, Campinas
(SP), jul.-dez. 2007.
Disponível em: <www.scielo.br/scielo.php?script=sci_
0 arttext&pid=S1414-753X2007000200006>.
1993-1997 1998-2002
Acesso em: maio 2015.
para a população paulista ao mesmo tempo que paga bônus a seus diretores.
17
Convencer a população a poupar água é o mesmo que reduzir o lucro de seus acionistas, o que de fato
acabou ocorrendo. Por outro lado, a água deve ser vista pelo governo do estado como um bem de
interesse público.
c) A Sabesp possui clientes premium, que consomem grande volume de água e recebem descontos
de até 70% sobre o valor da conta de água. Observando o gráfico sobre consumo de água,
avaliem a eficácia do reajuste que a empresa pretende realizar.
O gráfico mostra que os maiores consumidores de água no país são as indústrias e o setor agrícola.
Assim, esses setores deveriam ser os mais preocupados em poupar água e os mais penalizados caso não
o fizessem. No entanto, com o aumento da tarifa, a Sabesp penaliza o consumidor residencial e premia o
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
consumidor industrial e o agrícola.
d) Não havia uma agência que regulasse de fato as atividades da Sabesp nos cinco anos posterio-
res a sua transformação em empresa de capital misto. Isso só ocorreu em 2007, com a criação
da Agência Reguladora de Saneamento e Energia do Estado de São Paulo (Arsesp). Que proble-
mas essa ausência de controle pode ter gerado na qualidade do abastecimento de água para
os paulistas?
As agências reguladoras são importantes no processo de privatização porque as instâncias públicas
marcos regulatórios com relação à gestão hídrica em São Paulo pode ter contribuído para a crise que
Analisar e avaliar
1 O Plano Real foi um dos fatos econômicos mais importantes da história brasileira do século XX.
O controle da inflação e a estabilidade da economia foram fundamentais para a melhora da
qualidade de vida da classe assalariada. A esse respeito, leia o texto e, com um colega, observe a
imagem da página ao lado. Em seguida, discutam e respondam às questões.
Real faz 20 anos; antes dele, preço do tomate subiu 4.500% em 12 meses
O lançamento do real foi parte de um plano econômico desenvolvido para acabar
com a hiperinflação, que chegou a 2.477,15% ao ano em 1993, de acordo com o IPCA
(Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). (...)
No ápice da hiperinflação, os preços eram reajustados diariamente. O tomate, por exemplo,
chegou a aumentar 4.492,25% em 1993. Em 2013, seu preço subiu 14,74%. Isso significa
que a inflação em 1993 foi 304 vezes maior que em 2013. Se hoje houvesse a inflação de 93,
um quilo de tomate que custa R$ 6,00 passaria a R$ 275,54 em um ano.
MARÇAL, Letícia. Real faz 20 anos; antes dele, preço do tomate subiu 4.500% em 12 meses. UOL Economia,
28 jun. 2014. Disponível em: <http://economia.uol.com.br/noticias/redacao/2014/06/28/real-faz-20-anos-antes-dele
-preco-do-tomate-subiu-4500-em-12-meses.htm>. Acesso em: abr. 2015.
18
sobre ela.
b) Por que a máquina de remarcação de preços era considerada uma das maiores vilãs pelos
consumidores?
Isso ocorria porque os preços eram reajustados sob os olhos dos consumidores, que, então, se viam
totalidade do seu salário desvalorizada até o dia de pagamento do mês seguinte. Quando os preços se
estabilizaram, os salários passaram a ter o mesmo poder de compra em qualquer dia do mês.
d) Hoje em dia, o reajuste de preços ocorre de maneira mais lenta e controlada, porque não
vivemos mais em um contexto de hiperinflação. Apontem exemplos de reajuste de preços e Professor: Espera-se que os
mostrem como ele afeta a vida dos brasileiros. alunos mencionem, por exem-
plo, o aumento do preço da
Resposta pessoal. gasolina, da energia elétrica
ou da água, produtos que,
quando sofrem reajuste de
preço, viram notícia nos veí-
culos de comunicação. No
entanto, informe-os de que o
preço dos demais produtos,
como o pão, as verduras, a car-
ne etc., também é continua-
mente reajustado, dependen-
do das flutuações de mercado,
dos problemas climáticos etc.
19
CAPÍTULO
O governo Lula (2003-2010)
Em fins dos anos 1970, os movimentos sociais de contestação à ditadura
militar se radicalizaram. Nesse período, Luiz Inácio Lula da Silva emergiu na
cena nacional por sua atuação como líder sindical no ABCD paulista (figura 1),
região formada pelas cidades de Santo André, São Bernardo do Campo, São
Caetano do Sul e Diadema que tradicionalmente abriga montadoras de automó-
veis. Em 1980, Lula foi preso por cerca de 30 dias pelo Departamento de Ordem
Política e Social (Dops), retomando a atividade sindical após sua libertação e
tornando-se um dos protagonistas da fundação do Partido dos Trabalhadores.
Durante a campanha presidencial em 2002, as pesquisas eleitorais apon-
tavam o favoritismo de Lula sobre José Serra, candidato do PSDB. A possi-
bilidade de vitória do PT levou à turbulência os mercados de câmbio e de
ações. Para acalmá-los, Lula divulgou, em 22 de junho de 2002, a Carta
ao povo brasileiro, em que demonstrava uma mudança de diretriz na políti-
ca econômica tradicionalmente defendida pelo PT. Mais conservador, Lula
afirmava a necessidade de “correção” de rumo, anunciando aos brasileiros
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
que o PT, caso eleito, faria uma transição responsável com base no deba-
te e na construção de uma coalizão que envolvesse líderes populares e do
empresariado nacional. Nessa nova fase, o país assumiria os contratos e as
obrigações anteriormente firmados e buscaria a estabilidade e o crescimento
econômicos. De fato, após a divulgação da Carta, os ânimos dos mercados
começaram a mudar.
Nas eleições gerais de 2002, o PT, com algumas variações, obteve bom
resultado em todo o país – mesmo em relação à classe média, que tradicio-
nalmente temia as reformas propostas pelos partidos de esquerda. Lula foi
eleito presidente da República, tornando-se, ao lado de Fernando Henrique
Cardoso, o segundo chefe do Executivo Nacional que havia lutado contra a
ditadura militar. Além disso, foi o primeiro líder operário e popular e o pri-
meiro líder de esquerda a assumir a Presidência (figura 2).
Por causa da trajetória política de Lula e do Partido dos Trabalhadores,
sua ascensão ao poder implicava enfrentar um enorme desafio: manter a con-
1
fiança dos mercados, a inflação sob controle, promover o crescimento eco-
nômico e combater a desigualdade social em um país em que 54 milhões de
pessoas viviam em situação de pobreza e que apresentava um dos maiores
índices de desigualdade social do mundo.
ALAN MARQUES/FOLHAPRESS
2
JUCA MARTINS/OLHAR IMAGEM
Para chegar ao poder e obter o apoio do empresariado nacional, Lula passou a dialogar com setores da sociedade brasileira e da comunidade internacional que
foram duramente criticados por ele ao longo dos anos 1980 e 1990. Na imagem à esquerda, Lula dirige uma assembleia de metalúrgicos no estádio de Vila Euclides,
em São Bernardo do Campo (SP), 1979; à direita, recebe empresários do Rio Grande do Sul no Palácio do Planalto, em Brasília (DF), 2006.
20
(figura 3), embora tenha havido acréscimo nos índices de emprego informal,
especialmente nas cidades.
Houve também incremento das exportações, o que garantiu saldo positivo
da balança comercial. As reservas internas superaram a dívida externa, e o país
tornou-se credor mundial, emprestando US$ 10 bilhões ao FMI em 2009, em
uma clara sinalização de apoio do Brasil ao sistema financeiro mundial e uma
afirmação da liderança brasileira na comunidade internacional.
O Programa de Aceleração do Cres-
3 BRASIL, 1992-2012: TAXA NACIONAL DE DESEMPREGO
cimento (PAC), de 2007 (figura 4), foi
criado para estimular investimentos em 12
Início do governo Lula Brasil
Norte
obras de infraestrutura, como portos, 11 Crise Nordeste
ferrovias, aeroportos, obras de geração econômica Sudeste
Taxa de desocupação em %
10 mundial Sul
de energia, saneamento básico etc. Seu Crise asiática Centro-Oeste
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objetivo era gerar empregos na cons-
Início do
trução civil e eliminar os gargalos que 8
governo FHC
restringem o desenvolvimento econô- 7
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Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
cimento econômico e de facilitação do crédito ao consumidor, inclusive o de
baixa renda, o governo Lula promoveu o aumento do consumo e das taxas de
emprego. Quando a crise econômica mundial de 2008 atingiu os Estados Uni-
dos, o governo brasileiro reduziu impostos sobre a venda de automóveis e pro-
dutos da chamada “linha branca” (geladeiras, fogões, máquinas de lavar roupa
etc.), incentivando ainda mais o consumo, a circulação da moeda e a produção
da indústria nacional. Os brasileiros não sentiram os efeitos da crise com gran-
de intensidade até o fim do governo Lula, embora tenha havido forte queda do
PIB em 2009, alcançando o menor valor (-0,3%) desde 1992 (-0,54%).
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CAPÍTULO
O primeiro mandato de Dilma Rousseff
(2011-2014)
Durante a ditadura militar brasileira, Dilma Rousseff militou contra o re-
gime em diversas organizações de esquerda até ser presa em 1970. Passou
três anos detida e sofreu tortura na prisão, o que era frequente nos porões
do regime militar. Após esse período, mudou-se para Porto Alegre, onde
cursou Economia na Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Após a
aprovação da Lei da Anistia, em 1979, deu início a sua carreira política no
Partido Democrático Trabalhista (PDT) gaúcho, passando a fazer parte dos
quadros do Partido dos Trabalhadores somente em 2001. Tornou-se mem-
bro da equipe de transição entre os governos FHC e Lula e foi peça-chave
do governo petista, assumindo os cargos de ministra de Minas e Energia e,
posteriormente, da Casa Civil. Em junho de 2010, foi escolhida pelo PT para
concorrer à sucessão de Lula. No segundo turno das eleições, em outubro de
2010, foi eleita com cerca de 56 milhões de votos. No dia 1o de janeiro de
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2011, Dilma Rousseff se tornou a primeira mulher a ocupar o cargo de chefe
do Executivo federal no Brasil.
Quando assumiu a Presidência da República, Dilma tinha diante de si
um desafio ainda maior do que o de seu antecessor: manter a estabilidade
econômica e as garantias sociais conquistadas no mandato de Lula, em um
contexto de queda do PIB, de crise econômica e de recessão relativamente
generalizadas em nível mundial. Também não estava amparada por ampla
mobilização dos setores sociais nem tinha a habilidade política ou o carisma
do antecessor.
Além disso, em 2011 Dilma teve de lidar com um Congresso menos amis-
toso em relação a sua posição política, à esquerda, do que Lula encontrou
em 2002, quando foi eleito. Embora em termos numéricos o governo petista
tivesse maioria no Congresso, a presidente, para poder governar, concedeu
cargos e compôs coligações com partidos de orientação muito diferentes
entre si. O resultado desse sistema de alianças foi uma coalizão heterogênea
que não garantiu votação tranquila nem mesmo em assuntos considerados
importantes pelo governo, como a medida que assegurava à educação parte
dos royalties do petróleo ou a votação conturbada do Código Florestal.
Os royalties do petróleo
Royalty é uma palavra de origem inglesa cuja tradução literal é “realeza”. No sé-
culo XVI, o termo passou a se referir a um direito (ou a uma regalia) que a realeza
concedia aos nobres pela exploração de terras, recursos minerais, entre outras ati-
vidades, em troca de parte do lucro obtido.
No mundo contemporâneo, royalties são a compensação que um indivíduo ou
uma corporação têm de receber pela patente de um produto ou uma marca ou
pelo direito autoral sobre uma obra. No caso dos royalties do petróleo, o governo
brasileiro tem o direito de cobrá-los das empresas como compensação por possí-
veis danos ambientais que a exploração da matéria-prima venha a causar.
Com a aprovação da Lei dos Royalties, em 2013, estados e municípios ficaram
obrigados a usar os royalties do petróleo com educação (75%) e saúde (25%)
públicas.
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e alguns políticos.
Ao longo do governo Dilma também houve ampliação do acesso a bens
de consumo em geral e aos meios de comunicação, sobretudo o acesso à
internet (figura 1). Entre outras consequências, o acesso à rede mundial de
computadores catalisou uma série de descontentamentos que culminaram
com os protestos de junho de 2013. Inicialmente, os protestos exigiam me-
lhoria na mobilidade urbana, mas rapidamente ganharam uma agenda mais
ampla. Bandeiras com diferentes demandas tomaram as ruas das maiores
cidades brasileiras pelo fim da corrupção, da violência policial, pela melhoria
de salários e pela reformulação das práticas políticas vigentes. No ano se-
guinte, protestos se voltaram contra a Copa do Mundo de 2014, cujos jogos
se realizaram em diversas capitais brasileiras.
Dilma Rousseff foi reeleita em 2014, vencendo o candidato Aécio Neves,
do PSDB. Foi uma eleição acirrada, marcada por temas como a corrupção, a Em 2014, a ONU declarou o acesso à rede mundial
inclusão social e o crescimento econômico, que constituem o principal desa- de computadores como direito humano básico.
O logotipo do programa "Wi-Fi livre SP" é utilizado
fio para os mandatos dos governantes que ocuparão o cargo de presidente do para sinalizar a oferta de internet gratuita em espa-
Brasil pelos próximos anos. ços públicos na cidade de São Paulo.
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reafirmava que, caso ele fosse eleito, o governo do PT honraria todos os contratos firmados
anteriormente.
b) Por que a Carta pode ser considerada politicamente uma guinada conservadora do Partido
dos Trabalhadores e de Luiz Inácio Lula da Silva?
O conteúdo da Carta era diferente das ideias propostas pelo Partido dos Trabalhadores e pelos demais
partidos de esquerda até então. Em geral, a esquerda brasileira defendia não honrar os contratos e as
dívidas com outros países e bancos, uma vez que esses acordos eram considerados um mal para a
economia nacional.
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
2 O que é o Bolsa Família e qual é a opinião de seus críticos e de seus defensores?
Cap.
O Bolsa Família é um programa de transferência direta de renda para famílias pobres ou extremamente
3-4
pobres por meio de um benefício mensal em dinheiro. Seus defensores afirmam que a medida promove
a emancipação das famílias mais pobres do país, garantindo-lhes o direito à cidadania. Já os críticos o
consideram um programa assistencialista, que visa à arrecadação de votos. Para eles, o Bolsa Família
não ataca de maneira efetiva a raiz da pobreza no país, como a falta de emprego, os baixos salários e a
fragilidade da economia.
3 De que maneira o governo Lula obteve taxas de crescimento econômico elevadas até 2009?
O governo incrementou a oferta de crédito e baixou as taxas de juros para estimular a venda a crédito,
Cap. 3
aumentando a demanda e a produção. Além disso, quando ocorreu a crise mundial de 2008-2009, o
governo baixou os impostos sobre a venda da chamada “linha branca” e dos automóveis, garantindo a
4 Quais foram as dificuldades econômicas e políticas enfrentadas por Dilma Rousseff em seu primeiro
mandato?
Cap. 4
Dilma herdou baixas taxas de crescimento econômico e não tinha o mesmo poder político e apoio dos
movimentos sociais de seu antecessor. Ela conseguiu garantir a governabilidade concedendo cargos e
fazendo alianças com partidos heterogêneos, o que dificultou a aprovação de medidas de interesse do
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ANGELI
do brasileiro
“Muitas pessoas não enxergam o desvio privado como cor-
rupção, só levam em conta a corrupção no ambiente público”,
diz o promotor de Justiça Jairo Cruz Moreira.
Ele é coordenador nacional da campanha do Ministério
Público “O que você tem a ver com a corrupção”, que pre-
tende mostrar como atitudes que muitos consideram normais
são, na verdade, um desvirtuamento ético.
Como lida diariamente com o assunto, Moreira ajudou a
BBC Brasil a elaborar uma lista de dez atitudes que os brasilei-
ros costumam tomar e que, por vezes, nem percebem que se
Reprodução proibida. Art. 184 do Código Penal e Lei 9.610 de 19 de fevereiro de 1998.
trata de corrupção.
• Não dar nota fiscal
• Não declarar Imposto de Renda
• Tentar subornar o guarda para evitar multas
• Falsificar carteirinha de estudante
• Dar/aceitar troco errado
• Roubar TV a cabo
• Furar fila
• Comprar produtos falsificados
• No trabalho, bater ponto pelo colega
• Falsificar assinaturas
(...) Professor: O objetivo da ativi-
dade é demonstrar que a cor-
DELLA BARBA, Mariana. Lista aponta 10 “práticas de corrupção” do dia a dia do brasileiro. BBC Brasil. rupção é uma prática dissemi-
Disponível em: <www.bbc.co.uk/portuguese/noticias/2012/11/121024_corrupcao_lista_mdb.shtml>. nada pela sociedade brasileira.
Acesso em: abr. 2015. Os especialistas tendem a não
admitir que a corrupção é par-
te do “caráter brasileiro” ou do
“homem cordial”, ou do patri-
a) Qual é o tema da charge e do texto? monialismo, do fisiologismo e
do clientelismo herdados da
O tema é a corrupção. No caso da charge, trata-se da permanência das práticas de corrupção no aparelho época colonial, imperial e dos
primeiros tempos republica-
de Estado e, no caso do texto, da disseminação dessas mesmas práticas no cotidiano dos brasileiros. nos. Essa prática é vista hoje
em dia como característica
dos países em desenvolvi-
mento e como consequência
da fragilidade das instituições
democráticas. Procure mos-
trar aos alunos que o forta-
b) Vocês concordam com o posicionamento do promotor Jairo Cruz Moreira? Justifiquem sua resposta. lecimento das instituições
democráticas e a erradicação
Resposta pessoal. da corrupção não serão resul-
tados exclusivos da reforma
ou da vontade dos que ocu-
pam cargos políticos, mas um
processo que deve envolver
toda a sociedade, mediante a
participação política e o enga-
jamento nos assuntos consi-
derados de relevância pública.
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do que a esfera civil [do cidadão comum]. (...)
[Nesse sentido], a nova tecnologia [da internet] “(...) é um
FABIO MOTTA/ESTADÃO CONTEÚDO
entidades de classe, sindicatos ou por associações de estudantes, com uma agenda de demandas
definida, como aumento de salários, melhora nas condições de trabalho, contratação de professores e
fim do autoritarismo nas universidades. Os movimentos inaugurados pela era da internet, embora ainda
mal estudados, caracterizam-se pela polarização e pela heterogeneidade e, por isso, são mais difíceis de
Professor: Discuta com os alu- c) Quais são as vantagens do uso da internet para a construção da democracia, de acordo com
nos a relação dessa questão
o texto?
com a imagem apresentada.
O texto afirma que a internet é um veículo aberto e de mão dupla, não hierárquico e que se fundamenta
na possibilidade de discussão.
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Agora, pense no material digital. Nesse caso, o número 1 indica uma resposta negativa, o número
5 indica uma resposta totalmente positiva, e os outros números indicam a gradação entre as duas
situações.
1 2 3 4 5
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QUANTIDADE DE
VAGAS NO CURSO
NO MÍNIMO 50%
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50%
RENDA 1,5 RENDA 1,5
SALÁRIO MÍNIMO SALÁRIO MÍNIMO
PER CAPITA
Fonte: Ministério da Educação. Disponível em: <http://portal.mec.gov.br/cotas/sobre-sistema.html>. Acesso em: maio 2015.
Cotas não!
(...) Antonio Freitas, pró-reitor da Fundação Getulio Vargas, considera a política das
cotas “um passo para trás” para o país. Ele afirma que facilitar o acesso de determinados
grupos às universidades nega o princípio do mérito e ameaça a excelência acadêmica.
“Isso é ruim para o futuro do Brasil, porque o objetivo das
FABIO RODRIGUES POZZEBOM/ABR
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Localize a informação
1 Como funciona a Lei de Cotas?
A lei prevê que 50% das vagas nas instituições federais de ensino sejam destinadas a alunos egressos
de escolas públicas. Metade dessas vagas é reservada a alunos cuja renda é inferior a 1,5 salário mínimo.
As demais, 25%, são destinadas a alunos egressos de escolas públicas com renda maior que 1,5 salário mínimo.
2 De acordo com o pró-reitor da Fundação Getulio Vargas, qual é a função da universidade pública?
Para ele, a universidade pública tem como principal função produzir pesquisa de qualidade.
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ameaça a excelência acadêmica. Além disso, ela poderia causar uma cisão na sociedade e eximir os governos
de investir em educação básica, para que todos os brasileiros tenham igualdade de condições de acesso à
universidade pública.
todos os tempos”.
Analise e interprete
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1 Por que, para Priscila Bezerra, a meritocracia é uma falácia na sociedade brasileira contemporânea?
Para a autora, a meritocracia parte do pressuposto de que todas as pessoas nascem e crescem com
igualdade de condições. Negros e brancos, ricos e pobres, dependendo do que fazem ao longo da vida,
definem se serão indivíduos que merecem o sucesso ou não. Priscila Bezerra constrói seu texto mostrando
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UNIDADE
O ÚD
ESTADÃO CONTE
CRIS FAGA/FPF/
As manifestações de junho de 2013 começaram como protestos contra o aumento das tarifas de ônibus
e evoluíram para reivindicações de distintos grupos sociais.