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ENSINAMENTOS DO MÊS SETEMBRO 2020

1- A MISSÃO DA ARTE

Todas as coisas existentes no Universo possuem uma utilidade específica


para a sociedade humana, ou seja, têm uma missão atribuída pelos
Céus, e a arte não constitui exceção. Uma vez que o artista é um
integrante da sociedade, ele deve conscientizar-se de sua missão e
exercê-la plenamente, pois essa é a verdadeira arte e, também, a
principal função do artista.

Entretanto, quando observo os artistas da atualidade, fico atônito com


as atitudes inconseqüentes da maioria. É claro que existem excelentes
deles, mas grande parte esquece sua principal função, ou melhor,
sequer sabe que ela existe. O pior de tudo é que, considerando-se
criaturas especiais, comportam-se de acordo com sua vontade,
achando que isso demonstra sua peculiaridade. Iludidos que, agindo a
seu bel-prazer, conseguirão expressar toda sua genialidade, não se
envergonham de suas ações e acabam gerando muitos problemas. A
sociedade, por sua vez, os respeita, considerando-os pessoas especiais
e aceita quase tudo o que fazem. Em decorrência disso, eles ficam
cada vez mais envaidecidos.

Os artistas devem manter seu caráter mais elevado que o das pessoas
em geral. Explicarei com base na religião.

É bem verdade que, nos seus primórdios, a humanidade possuía, em


abundância, características animalescas. Contudo, após a era
selvagem, ela vem progredindo e caminhando passo a passo rumo à
civilização ideal. Neste sentido, o progresso da civilização consiste na
eliminação de tais características. Chegar a este nível significa ter
alcançado o mundo da verdadeira civilização. Ainda hoje, porém,
grande parte da humanidade se sente ameaçada pelas guerras, e isso
se verifica porque ainda persiste uma significativa parcela de
animalidade no ser humano. Portanto, são os artistas que
desempenham uma das mais importantes funções na grande tarefa de
eliminar a animalidade da humanidade.
Sendo assim, torna-se necessário excluir tais características do ser
humano por meio da arte e elevar seu caráter. Naturalmente, esse
objetivo será alcançado por meio da literatura, da pintura, da música,
do teatro, do cinema. Por meio do trabalho do artista, a alma deste
atrai a do povo. Falando de forma mais clara, por meio da literatura, da
pintura, da música, do canto, da dança, as vibrações espirituais
emitidas pela alma do artista ressoam na alma das pessoas. Em outras
palavras, existe uma forte conexão entre a alma do artista e alma do
povo. Assim sendo, se o caráter do artista for vulgar, o caráter do povo
também se vulgariza, se for de uma pessoa de caráter elevado,
obviamente, o sentimento do povo se aperfeiçoará. Eis a importância
da arte. Em outras palavras, é preciso que o artista, por meio de sua
alma, seja o orientador do povo. Neste sentido, não seria exagero
afirmar que uma parte da responsabilidade pelo aumento do mal social
cabe aos artistas.

Senão, vejamos: a literatura, cada vez mais erótica e grotesca; a


pintura, cada vez mais monstruosa; as manifestações verbais dos
artistas, assim como a música, o teatro, o cinema, de níveis cada vez
mais baixos. Se analisarem minuciosamente tais fatos, certamente
compreenderão que minha tese não esta equivocada.

Jornal Hikari nª 31, 15 de outubro de 1949.

2 - CIÊNCIA E ARTE

No mundo contemporâneo, pensa-se que tudo pode ser resolvido pela


ciência. Entretanto, existem algumas questões importantes que ela não
tem conseguido resolver, embora pareça que ninguém percebe isso.
Quais são elas? São os assuntos relacionados à arte.

A primeira e as mais diversas expressões artísticas, como o artesanato, a


literatura, a musica, o cinema, o teatro, possuem algum teor cientifico,
mas não é preciso dizer que boa parte deles esta fundamentada na
combinação de genialidade, inteligência, consciência e empenho.
Todos sabem o quanto a arte é necessária à sociedade humana. Se ela
não existisse, a vida seria insípida e monótona, como se estivéssemos
presos em uma cela de pedra.
Por exemplo, sempre que caminho pela cidade, sinto que, se não
houvesse lojas comerciais e de departamentos, residências e prédios, e
se eu não pudesse ver o verde das árvores das ruas e dos jardins das
casas, mas apenas uma só cor acinzentada e sombria, semelhante à
da parede de um presídio, reta e continua, talvez eu não suportaria
andar sequer alguns quarteirões. A bela visão proporcionada pelo rico
colorido das casas, pelas diferentes feições das pessoas que caminham,
com sua maneira de se vestir e de andar, pela vistosa aparência dos
jovens na moda, pelos idosos e pelas pessoas recém- chegadas do
interior, tudo apresenta algo de interessante. Esses múltiplos aspectos é
que despertam nosso interesse e nos permitem andar pelas ruas sem
entediarmos. Quando nos distanciamos da cidade, podemos avistar,
das janelas do ônibus ou do trem, as paisagens variadas – montanhas,
rios, plantas, arvores e plantações – o que nos distrai e nos tira do tédio.
Além do mais, as mudanças que verificamos no clima nas quatro
estações do ano enriquecem nosso sentimento. O mundo é realmente
uma arte criada pela Natureza e pela mão do ser humano. É por isso
que vale a pena viver.

Pensando dessa forma, creio que poderão concluir que até mesmo a
ciência é uma parte da arte e exerce uma função coadjuvante. Assim,
é por demais evidente que a arte tem uma ligação importante e
inseparável com a vida do ser humano. Desse modo, a Igreja
Messiânica dedica a ela grande interesse e a incentiva como nenhuma
religião o fez até hoje.

Até mesmo na arte, existem níveis superior, intermediário e inferior.


Quando ela é inferior, corre o perigo de contribuir para a decadência
da pessoa, levando-se a degradação, motivo pelo qual é preciso muita
cautela. Por esse motivo, a arte deve ser elevada, de tal maneira que
aquele que se deleita com ela, melhora seu sentimento.

Apesar de minha afirmação, será que existe alguma organização que


se encarrega disso? Desconheço a situação do exterior, mas no Japão,
como todos sabem, ela é muito precária. Para suprir minha falha, nossa
religião está construindo o protótipo do Paraíso
Terrestre, do qual faz parte o Museu de Belas Artes. A antiga frase: “ A
Religião é a mãe da Arte” exprime com exatidão essa realidade.

Jornal Eiko nª 154, 30 de abril de 1952


3 - A RESPEITO DO JARDIM DA TERRA DIVINA

Este jardim, que estou construindo há cinco anos, sem Gora, na cidade
de Hakone, já está cerca de oitenta por cento pronto. Mesmo assim,
comparado aos famosos jardins existentes desde os tempos antigos, em
todo o Japão, talvez possa parecer um tanto arrogante da minha
parte, mas além de não deixar nada a desejar, posso dizer que há uma
grande diferença de nível entre este e os demais jardins. É claro que
existem muitos jardins maravilhosos, cada um com suas características;
porém, seja ele qual for, sinto que não possui peculiaridades tão
relevantes quanto o de Hakone.

Já a Terra Divina é totalmente diferente dos demais locais. Possui pedras


e rochas de variadas tipos e tamanhos em abundância, o que nos
causa espanto. Dispondo-as de acordo com a orientação Divina,
construí seu jardim em um estilo totalmente novo, sem me basear em
modelos existentes e sem me submeter aos antigos procedimentos. Até
no que diz respeito às arvores, juntei várias espécies para combiná-las
convenientemente com as pedras e as rochas. Em se tratando das
cascatas e correntes d’água, estas foram feitas para expressarem, ao
máximo, o encanto da Natureza. Assim, somando a beleza das
montanhas e das águas à dos jardins, procurei expressar o que há de
melhor e mais elevado na arte da Natureza. Sem dúvida, meu objetivo
é, através dos olhos da pessoa que vê esse quadro, fazer aflorar o
sentimento do belo latente em seu interior e fazer com que seu caráter
melhore naturalmente, eliminando as impurezas do espírito. As pedras,
as arvores e as plantas foram cuidadosamente selecionadas e utilizadas
com carinho, como se alguém tivesse pintado um quadro, utilizando
materiais in natura. Gostaria, portanto, que apreciassem o local com
esse espírito.

Construi esse jardim de modo que, visto de perto ou de longe,


parcialmente ou na totalidade, ou de qualquer ângulo, sobressaia
cada uma de suas características. Com o passar do tempo, vão
nascendo vários musgos típicos de Hakone, plantinhas de nome
desconhecido, minúsculas flores graciosas e arvores que crescem nas
reentrâncias das pedras como se fossem bonsai, as quais, por si mesmas,
parecem querer atrair a atenção das pessoas. Ultimamente, todo o
jardim ganhou certo ar antigo e harmônico. Ele melhorou tanto que
ficou irreconhecível. Eu mesmo cheguei a percorrê-lo por diversas vezes,
sem ter vontade de me afastar.

Quando chove bastante, temos a impressão de estar vendo, de um


lugar alto, uma corrente de água no meio de uma densa mata. O som
da água correndo entre as pedras, as gotas brancas espirrando para
todos os lados em graciosas curvas. Finalmente, a água se divide e
termina em duas cascatas. Que visão panorâmica deslumbrante! A
cascata do lado direito, que cai em degraus, ao estilo da conhecida
Cachoeira Cabeça de Dragão, é maravilhosa. A queda d’água do
lado esquerdo divide-se em vários fios d’água, que, ao baterem no solo,
jorram para todos os lados. Parece mesmo que, a qualquer momento,
poderá surgir uma andorinha em um vôo rasante, bem rente às
cascatas. Realmente, fico muito satisfeito com a harmonia da beleza
natural com a beleza artificial, expressa de forma muito melhor do que
eu esperava. Ao contemplar essas cascatas, sinto-me como se estivesse
nas altas montanhas e vales profundos ou diante de um quadro
magnífico. Geralmente, as cascatas construídas pelo ser humano têm
certo aspecto comum que prejudica essa harmonia, mas isso não se
verifica com as do nosso jardim, que são extremamente naturais. O
reflexo das cores vermelha e amarela das folhas do bordo nas cascatas,
as cores das árvores plantadas e das nativas me fazem sentir como se
estivesse em meio e densa mata.

Vou encerrar por aqui as explanações a respeito do jardim já concluído.


A seguir, desejo falar a respeito do amplo terreno que fica nas
proximidades do Parque Gora. Pensando em criar outro jardim muito
diferente, já dei inicio à sua construção, Para esse Jardim, também
tenho um plano incomum, inédito, e creio que , na ocasião da sua
conclusão, as pessoas ficarão deveras surpresas.

Até aqui, vim expondo tudo aquilo que me aflorava à mente e,


elogiando e enaltecendo meu trabalho, o leitor poderá achar que sou
por demais vaidoso. Na opinião de pessoas comuns, sem dúvida, é isso
mesmo. Este jardim foi construído por Deus através de mim; portanto,
por tratar-se de uma técnica, ou melhor, de uma Arte Divina, creio que
não haveria nenhum problema em elogiá-lo, pois isto significa louvar a
Deus e é um ato que merece aprovação. Há algum tempo, o Sr. William
W. Shudler, professor de Geografia em uma universidade dos Estados
Unidos, veio apreciá-lo e, em sua visão de profissional, exprimiu sua forte
admiração: “ Já vi jardins do mundo inteiro, mas nenhum tão notável e
artístico como este. Certamente, ele é o único em todo o mundo.”
Falarei sobre o Museu de Bels-Artes, que será construído por último. Sua
conclusão está prevista par ao verão do ano que vem e, quando isso se
verificar, creio que o esplendor do Jardim Sagrado da Terra Divina será
ainda maior. Já tenho algumas obras de arte a serem expostas. Da
mesma forma, realizei pesquisas sobre as que são avaliadas como
Tesouro Nacional, existentes em museus históricos e de belas-artes de
várias regiões, em coleções de particulares e de templos, com os quais,
pouco a pouco, estou estreitando meus vínculos. Assim sendo, tenho
certeza de que o Museu de Belas-Artes de Hakone nada ficará
devendo a outros do gênero. Minha intenção é mostrar poucas obras
de cunho histórico e arqueológico, tendo como critério meu senso
estético, independentemente de elas serem sãs obras-primas de artistas
famosos de cada época. Isso porque o significado do Museu de Belas-
Artes não se manifestará, se qualquer pessoa ao apreciá-lo, tendo ou
não um olhar crítico, não se sentir tocada e não se deleitar com a
beleza das obras.

Evidentemente, como estou à frente de todas as etapas deste museu,


de acordo com a orientação de Deus, desde sua arquitetura até as
instalações internas, decoração, creio que, ao ser concluído, trará
benefícios de outra natureza.

Dessa maneira, a Terra Divina estará terminada e, a partir de então, a


Obra Divina entrará em sua verdadeira fase de expansão. Não se
limitando a isso, evidentemente a construção do Jardim de Atami,
seguindo a Ordem, dará igualmente um grande salto. Deus desenvolve
tudo de acordo coma Ordem, e esta é a Verdade.

Jornal Eiko nª 122, 19 de setembro de 1951


4 - MOVIMENTO DE FORMAÇÃO DO PARAÍSO POR MEIO DAS
FLORES

Objetivo da nossa Igreja é a construção do Paraíso Terrestre. Mas o que


seria ele? Sem dúvida, é o mundo em que a Verdade, o Bem e o Belo
são praticados em sua totalidade. Evidentemente, além dos métodos
de saúde e da Agricultura Natural, que são a vida da nossa Igreja e
visam a concretização desse mundo, temos o Johrei, que promove a
renovação do corpo físico e espiritual. De mais a mais, é igualmente
primordial promover a elevação do espírito da pessoa por meio do
belo.

Em relação a ele, é um novo projeto que, no momento, nossa Igreja


está iniciando. Vou expor, primeiramente, a situação atual do Japão.

Em uma classificação geral, o belo situa-se no domínio da audição, da


visão e do paladar. No que se refere à audição, talvez nunca tenha
havido época tão prospera em música como a atual, em virtude,
principalmente, do rádio, sendo muito significativo o progresso do toca-
discos, o avanço da indústria fonográfica. No tocante á visão,
entretanto, a situação é muito precária, existindo apenas o teatro, o
cinema e coisas do gênero. Em verdade, queremos algo que toque
nosso sentimento pela beleza, que seja mais simples, mais próximo de
nós, e que não sofra limitações pelo fator tempo. Ora, o teatro e o
cinema não sofra limitações pelo fator tempo. Ora, o teatro e o cinema
são excelentes meios para deleitar os olhos, mas como esbarram nas
restrições impostas pelos horários, questões financeiras e meios de
transporte, ainda não podem ser aceitos como completamente
satisfatórios.

O que propomos, como excelente forma de propagação do belo, é o


cultivo e a distribuição de flores. Trata-se de ornamentar com flores não
só as moradias como também os demais locais onde houver pessoas.
Hoje em dia, nas residências de pessoas acima da classe média,
encontramos flores que enfeitam os cômodos, mas isso não é suficiente.
Nosso objetivo é fazer com que as flores possam ser apreciadas por
qualquer pessoa, independentemente de sua classe social ou do lugar
onde ela esteja: no canto do escritório, sobre a escrivaninha e nos
demais espaços. Nem é preciso dizer o quanto uma flor nos revigora e
nos conforta.
O ideal seria ornamentar, mesmo com um botão de flor, até mesmo
casas de detenção e penitenciárias. Quão boa influência psicológica
isso exerceria sobre os detentos! Se a sociedade chegar ao estado de
existirem flores onde quer que haja pessoas, a força para tornar ameno
este mundo infernal será realmente considerável.

No entanto, atualmente, nada podemos fazer em relação a isso, dado


o alto custo das flores. Precisamos, a todo custo, fazer com que elas
possam ser adquiridas a preços bem baixos. Para tanto, devemos
intensificar sua produção, sem prejudicar a de alimentos. A respeito
disso, vou apresentar um ponto muito importante.

Na questão de variedade de flores, o Japão é considerado o mais rico


do mundo. Quanto ao método de cultivo, parece que nosso país tem
atingido o nível mais alto. A tulipa, que antes era principalmente
produzida na Holanda, já na época anterior à ultima guerra, passou a
ser cultivada no Japão, na região de Echigo (N.T.: atual Província de
Nigata), mostrando um bom retorno financeiro pela sua exportação. Na
Província de Kanagawa, o lírio-branco era produzido e exportado para
a Inglaterra e Estados Unidos, e sua produção vinha aumentando a
cada ano.

Pela pesquisa que fizemos, constatamos que os americanos admiram


muito as flores do Japão e têm grande interesse pelas nossas belas flores
e variedades raras. Assim, daqui para frente, devemos fazer das
mesmas mais um recurso para a obtenção de divisas, por meio de sua
produção em larga escala. Até hoje, essa prática veio sendo
negligenciada, mas de agora em diante, é necessário estimulá-la
amplamente. Uma vez que a flor é um produto cuja exportação não
sofre limitações de quantidade, creio que oferece grandes
perspectivas.

Jornal Hikari nª 8, 8 de maio de 1949


5 -AURA E ONDAS ESPIRITUAIS

Já falei a respeito do misterioso raio de luz, utilizando como o poder de


curar doenças, mas desejo explicar deforma ainda mais minuciosa.

O corpo espiritual do homem possui a mesma configuração do corpo


carnal, sendo que a única diferença é que, no corpo espiritual, existe
uma “ veste, que no Ocidente, é denominada “aura”, a qual se irradia
do corpo espiritual incessantemente, em forma de ondas de luz. É
exatamente como se fosse a veste do corpo espiritual, e é por isso que
tem esse nome. Geralmente, sua cor é branca, mas dependendo da
pessoa apresenta-se levemente roxa ou amarelada. A diferença de
espessura é enorme: normalmente é de três centímetros e, no enfermo,
é fina. De acordo com a gravidade da doença, a aura via-se
estreitando cada vez mais e, no momento que antecede a morte,
desparece. A expressão popular, “ Parece que fulano está com a
sombra da morte na face”, é devido à sua aura, que se apresenta fina.
Nas pessoas saudáveis, ao contrário, ela é grossa e, nas virtuosas, ainda
mais, assim como suas ondas de luz são mais intensas. Nos heróis, a aura
é mais larga do que nas pessoas em geral. Nas criaturas admiráveis, é
muito mais espessas, sendo extraordinariamente densa nos santos.

Entretanto, a largura da aura não é fixa e varia constantemente de


acordo com o pensamento (sonen) e os atos da pessoa. Quando esta
prática ações virtuosas, baseadas na justiça, sua aura torna-se larga; ao
contrário, ela se estreita. É regra geral não enxergar a aura, mas ,
raramente, há quem o consiga. Só que, mesmo as pessoas comuns, se
observarem atentamente, haverá possibilidade de vislumbrá-las até
certo ponto.

A largura da aura tem uma forte relação com o destino do ser humano.
Quanto mais larga ela for, mais feliz ele será. Contudo, se for mais
estreita, menos feliz. As pessoas que possuem aura larga são mais
calorosas e, pelo fato de envolver as demais em sua aura, causam-lhes
sensações agradáveis, o que permite atrair muitas delas. Por outro lado,
no contato com as que têm aura estreita, temos a sensação de frieza,
de desconforto e de isolamento. Além disso, hesitamos permanecer
perto delas. Nesse sentido, o esforço para aumentar a largura da aura
vem a ser a fonte para se obter a boa sorte. Então, o que devemos
fazer para tornar a nossa aura larga? Antes de responder, gostaria de
explicar a respeito da natureza da aura.
Nem é preciso dizer que, ao analisarmos todos os pensamentos e atos
humanos, estes pertencem ao bemol ao mal; e, portanto, sua
quantidade é que determina a largura da aura. Quer dizer, na ocasião
em que a pessoa pensa no bem e o pratica, surge-lhe o sentimento de
satisfação em seu intimo. Por esse motivo, seu sonen transforma-se em
luz e, agregando-se ao corpo espiritual, a luz aumenta. Ao contrário,
pensar no mal e praticá-lo efetivamente gera nuvens espirituais e
aumenta sua quantidade no corpo espiritual.

No relacionamento entre pessoas, na ocasião em que se faz o bem, o


sonen de gratidão do beneficiado transforma-se em luz, que é
transmitida ao praticante do bem por meio do elo espiritual, o que lhe
aumenta ainda mais a luz. Em contraposição, sentimentos como ódio,
raiva e inveja transformam-se em máculas, que retornam a quem
provocou tal sonen. Consequentemente, o número de máculas se
amplia cada vez mais.Assim sendo, o ser humano deve praticar o bem
e alegrar o próximo e jamais receber o sonen negativo semelhante aos
exemplos acima mencionados.

Frequentemente, vemos pessoas que conseguiram obter a fortuna e o


sucesso rapidamente, mas fracassaram e caíram na ruína. A causa
reside no que acabei de dizer. Considerando que o motivo do sucesso
repentino está na capacidade e no esforço próprio, essas pessoas
gradativamente caem na presunção e na vaidade, ficam egoístas e
arrogantes, e vivem uma vida de luxo. Como resultado da
concentração de nuvens espirituais decorrentes de ódio, raiva e inveja,
sua aura vai perdendo a luz e afinando, e acaba sobrevivendo a ruína.
O motivo da decadência de famílias renomadas de várias gerações e
de milionários se dá igualmente pelo fato de os mesmos terem
alcançado posição de alto nível, graças às benesses recebidas da
sociedade e do pais, razão pela qual deveriam ter retribuído. Sem
dúvida, precisariam ter praticado boas ações em larga escala e em
benefício da sociedade para que, dessa forma, suas nuvens espirituais
fossem continuamente eliminadas. No entanto, a maioria das pessoas só
pensam em satisfazer a própria ganância e, devido à escassez da
pratica altruísta, as máculas continuam aumentando. Assim sendo,
apesar da aparência maravilhosa, a parte espiritual se mostra miserável.
Por essa razão, pela Lei Espírito Precede a Matéria, a pessoa acaba em
ruína.
Pouco tempo antes do grande terremoto de Tóquio, um vidente disse-
me que, ao invés das avenidas com altas e magnificas construções,
visualizava apenas casebres enfileirados. Fiquei surpreso, pois, de fato,
aquela cidade se tornará tal qual o vidente havia afirmado.

Vou citar outro exemplo. Trata-se de um fato ocorrido nos Estados


Unidos, na época em que John D. Rockefeller era ainda jovem aprendiz
de uma loja. Baseado no conceito de que o ser humano deve praticar
o bem, ele passou a fazer donativos a uma igreja cristã. No inicio, a
contribuição semanal era de cinco centavos. À medida que sua renda
aumentava, o donativo crescia para dez, cinquenta centavos, alguns
milhares, milhões de dólares e, por fim, ele chegou a instituir o
renomado Rockefeller Research Center. Ele registrava as quantias
doadas no verso de uma caderneta que, segundo dizem, é
considerada tesouro de família.

Há também o exemplo de Andrew Carnegie, fundador da Bethelehem


Steel Corporation, a maior firma do gênero da América do Norte. No
Momento de sua morte, fez prevalecer a opinião que ele sempre
defendera: destinou a maior parte de sua fortuna, avaliada em bilhões
de dólares, às obras de assistência Social. Para o herdeiro, deixou
apenas um milhão de dólares e a educação universitária garantida.

A propósito, o grande psicólogo alemão Hugo Munsterberg elogia, em


sua obra “The American People” (1912),o caráter desse milionário, que
não deixou uma grande herança para os descendentes. Em sua
narrativa, Munsterberg conta que, só no ano de 1903, as doações do
milionário americano às universidades, bibliotecas e instituições de
pesquisas somaram mais de dez milhões de dólares, sendo que as
doações anônimas teriam superado essa quantia em várias vezes.

Logo após a Primeira Guerra Mundial, Andrew Carnegie doou uma


quantia extraordinária à International Peace Fundation e, graças a uma
parte dessa importância, as áreas cientificas e acadêmicas da
Alemanha foram revitalizadas. A publicação da grande pesquisa – a
primeira do mundo – a respeito das guerras e dos crimes, realizada pelo
professor MoritazLiepmann( 1857-1950), entre outras pessoas, foi possível
graças a essa ajuda. Dizem que tais pesquisas inestimáveis contribuíram
imensuravelmente para a felicidade mundial. Ao pensar em tais fatos,
posso compreender o motivo da tão ampla prosperidade alcançada
pelos Estados Unidos. No entanto, os grandes conglomerados
financeiros do Japão foram excessivamente egoístas, e acredito que o
motivo da sua queda não é mera coincidência.
E Ainda, quanto mais estreita for a aura, mais sujeira estará a pessoa às
desgraças e ao infortúnio. A razão é que, em virtude das nuvens
espirituais, o cérebro fica embotado, o raciocínio falha, a força de
decisão diminui, e a pessoa não consegue ter uma previsão correta das
coisas. Por conseguinte, ela se precipita, sonhando como sucesso
temporário. Nessa situação, até pode alcançar algum sucesso, mas, ao
longo do tempo, com certeza, acaba fracassando. Nesse sentido, se a
política de uma nação encontra-se ruim, é devido ao fato de a aura de
seus governantes se encontrar estreita, assim como a do povo, que
sofre as consequências da má política. Por esse motivo, realmente não
há o que se fazer.

Àqueles que têm grande quantidade de nuvens espirituais, as


purificações ocorrem com facilidade e, por isso, estão sujeitas a
frequentes doenças e padecimentos. Aqueles que sofrem acidentes de
trânsito, apresentam uma aura estreita. Quem tem aura larga, sem
qualquer situação, consegue livrar-se do perigo. Por exemplo, por
ocasião de um acidente com umveículo, o espírito deste se chocará
coma pessoa, cuja aura se encontra estreita. Contudo, não ocorrerá o
choque, se a aura estiver larga. Nesse caso, mesmo se a pessoa for
arremessada longe, nada sofrerá em decorrência da elasticidade de
sua aura.

Refletindo sobre o exposto, podemos concluir que o único meio de a


pessoa se tornar afortunada, é praticar a virtude e aumentar a largura
de sua aura. Existem criaturas que se resignam diante da má sorte,
dizendo que “ são azaradas de nascença”. Sinto pena delas, pois a
causa disso reside no desconhecimento do motivo acima referido. Além
do mais, quanto mais larga for a aura dos praticantes do tratamento da
nossa Igreja, melhor será o resultado da cura das doenças. Salvando o
maior número de pessoas, maior será a quantidade de agradecimentos
que receberão, o que fará aumentar a espessura da aura e obter
excelente resultado. Dentre os meus discípulos, muitos são assim.

Evangelho do Paraíso, 5 de Fevereiro de 1947.


6 - AMOR BENÉVOLO E AMOR MALÉVOLO

Frequentemente ouvimos dizer que fé é amor. Todavia, existem vários


tipos de amor: o benévolo, o malévolo, o amplo, o limitado et. É por isso
que os praticantes da fé precisam ter uma correta percepção sobre o
amor.

Em primeiro lugar, vejamos alguns exemplos de amor benévolo. Temos,


naturalmente, o amor familiar, ou seja, ente cônjuges, pais e filhos, e
irmãos. Há também o amor entre amigos, parentes, conhecidos e outros
tipos de amor comum entre os seres humanos. Por mais que essas
espécies de amor se intensifiquem, não há o que criticar. Contudo, o
problema é o amor malévolo.

Não é necessário explicar que o amor malévolo é o oposto do


benévolo e destrói a harmonia entre o casal, provoca o distanciamento
entre pais, filhos e irmãos, e acarreta discórdia entre amigos e parentes.
É o que se tem verificado amplamente na sociedade, e sua causa
reside ora no amor malévolo, ora no amor escasso.

Acima, fiz uma classificação sumária entre amor benévolo e amor


malévolo. Em se tratando de amor, o relacionamento amoroso é o que
mais necessita ser comentado. Já me referi a respeito desse assunto em
outras oportunidades, mas mesmo em se tratando de relacionamento
amoroso, há o benévolo e o malévolo. Naturalmente, o namoro sincero
entre os jovens que objetivam o casamento, é benévolo. Entretanto, há
um tipo de relacionamento que tem ocorrido frequentemente na
sociedade, levado pelo capricho e pelo impulso momentâneo, um
amor intempestivo como uma febre: este é, naturalmente, um amor
malévolo. Em suma, devemos considerar amor malévolo aquele que
não apresenta traço de inteligência Superior. Se o amor atinge um grau
extremo, invariavelmente gera situações trágicas. Isto porque, apesar
de a pessoa já ter marido ou esposa, acaba dirigindo seu interesse
amoroso para outro alvo, o que gera uma situação complicada. Há
pessoas que, por se entregarem a um prazer temporário, acabam
arruinando sua existência, havendo ainda aquelas que acabam
perdendo a vida. Não há nada mais absurdo; por essa razão, digo-lhes
para serem extremamente prudentes.
Comentei, acima, sobre o relacionamento amoroso benévolo e
malévolo. Agora, o que mais gostaria de falar é sobre a amplitude do
amor. O tipo de amor a que me referi anteriormente, isto é, o amor
entre aos familiares e pelas pessoas que nos rodeiam é amor Shojo, ou
seja, um tipo de amor egocêntrico e bastante comum entre as pessoas
em geral. É inerente as pessoas tidas como bondosas, existindo inclusive
naquelas que não seguem nenhuma religião. Nestes casos, não tenho
nenhuma crítica a fazer. Em se tratando de verdadeiros praticantes da
fé, porém, a situação se torna completamente diferente. O amor dos
que tem fé é do tipo daijo, ou seja, altruísta. Este amor, ampliado ao
máximo, é o amor à humanidade, é o amor de âmbito mundial.

Devemos atentar para o fato de que os japoneses, até o fim da


Segunda Guerra Mundial, desconheciam o verdadeiro amor daijo. Para
eles, a mais elevada forma de amor era o amor á pátria. Como se sabe,
oferecer a vida em prol da nação era seu maior proposito. Todavia, por
ser um amor shojo e por acreditarem que era algo elevado, o resultado
foi a atual e lamentável situação em que o Japão se encontra.

Partindo deste principio, como o amor a uma etnia ou a uma classe não
é verdadeiro, por mais que aqueles que o cultivam progridam por um
tempo, seu fracasso é inevitável. Consequentemente, como já lhe disse,
mesmo que as pessoas se esforcem com um objetivo limitado,
afirmando pertencer a esta ou àquela ideologia, não há possibilidade
de obter um grande sucesso. Assim sendo, tratando-se de ideologias, só
o cosmopolitismo é verdadeiro. Nesse sentido, mesmo no caso da
religião, se ela não for de caráter mundial, não se pode dizer que se
trata de verdadeira salvação. É por esse motivo que a nossa Igreja teve
seu nome completado com o termo “mundial”.

Jornal Eiko nª 74, 18 de outubro de 1950


7 - ESPIRITO E MATÉRIA

Se compreendermos que tudo no Universo se fundamenta na Lei Espírito


e Matéria, veremos que não há nada de estranho nos inúmeros milagres
que nos são relatados. São casos de pessoas que conseguiram escapar,
por um triz, de um perigo iminente ou que não sofreram um arranhão
sequer mesmo caindo de lugares latos. Ou ainda, exemplos de pessoas
que se restabeleceram sem dificuldades de uma doença grave, apesar
de terem sido desenganadas pela medicina. Para compreender
perfeitamente essa realidade, porém, torna-se necessária uma
explicação de cunho religiosos. Portanto, gostaria que o leitor
prosseguisse a leitura ciente disso.

Primeiramente, o que se deve conhecer é a relação entre o Mundo


Espiritual e o Mundo Material. Tal como ser humano possui roupas para o
corpo físico, o espírito também possui uma veste, que é a aura. Esta é
uma espécie de éter, uma luz emanada do espírito e, apesar de ser um
corpo difuso, há quem consiga enxergá-la. Ela pode estar límpida ou
nublada, da mesma forma como ocorre como céu. Ou seja, se
pensamos e praticamos o bem, a aura fica límpida; se pensamos e
praticamos o mal, ela fica nublada. Assim, se cremos em uma
divindade do bem, recebemos sua luz, que dissipa as nuvens; se
orarmos a uma divindade do mal, pelo contrário, as nuvens aumentam.

Geralmente, por falta de conhecimento da parte espiritual, as pessoas


pensam que toda divindade é do bem. Todavia, aí está um grave
engano, pois, na realidade, as divindades do mal são em maior
número.A prova é que muitas famílias, embora sigam uma religião
devotadamente há várias gerações, não conseguem livrar-se dos
infortúnios. Isso ocorre porque estão orando a uma divindade do mal ou
de pouco poder. O ser humano deve, portanto, crer em divindades do
bem e salvar o próximo; pois, quanto mais virtudes acumular, mais
intensa a Luz se tornará e, consequentemente, sua aura aumentará. A
espessura da aura de uma pessoa comum é de aproximadamente três
centímetros. Os grandes virtuosos que alcançaram a posição de
divindade, possuem uma aura de alguns metros, até mesmo de alguns
quilômetros. Entre os grandes religiosos, há aqueles cuja aura alcança
diversos países ou povos, por exemplo, Jesus Cristo e Buda Sakyamuni. A
aura do Salvador do Mundo, no entanto, possui um poder
extraordinário, capaz de envolver a humanidade em Luz. Contudo, a
História nos mostra que, até agora, esse Salvador ainda não se
manifestou no mundo.

Conforme já afirmamos, a aura aumenta ou diminui de acordo com a


atitude de cada um. Por conseguinte, o ser humano deve acreditar
nisso e somar mais virtudes. Por exemplo, no caso de a pessoa ser
atingida por um automóvel ou por um trem, se sua aura dor espessa, o
espírito do veículo será retido pela aura e ela se salvará. Por outro lado,
se a aura for fina ou inexistente, ela sofrerá ferimentos graves ou até
mesmo morrerá. O fato dos nossos fiéis se livrarem de desastres se deve
a esse motivo.

A sorte ou má sorte também obedecem ao mesmo principio. Desejo


explicar resumidamente a esse respeito. O corpo físico do ser humano
pertence ao Mundo Material, e o espírito, ao Mundo Espiritual. É assim
que esses dois mundos estão organizados. O Mundo Espiritual está
dividido em três planos, sendo que cada plano se subdivide em
sessenta camadas cada um, totalizando cento e oitenta camadas. O
plano mais baixo, obviamente, é o Inferno; o Plano Intermediário é
semelhante ao Mundo Material, e o plano mais alto é o Paraíso. A
maioria das pessoas tem seu espírito localizado em uma das camadas
do Plano Intermediário, podendo fazê-lo subir ou descer de acordo com
o grau de bem e mal. OU seja, se praticar o bem, se eleva ao Paraíso e,
se praticar o mal, decai ao Inferno. Além domais, diferentemente do
Mundo Material, o Mundo Espiritual é absolutamente justo e imparcial e
não há um mínimo de favorecimento, o que não é nada bom para
quem pratica o mal. Aqueles que conseguirem acreditar nisso, poderão
ser verdadeiramente felizes.

Obviamente, no Inferno, reinam a inveja, o ódio, o rancor, o ciúme, a


pobreza etc., ou como diz o budismo: repleto de cobiça, ira e
ignorância. Quanto mais baixo o espírito decai, mais intensos vão-se
tornando esses sentimentos, sendo que a última camada é chamada
de Fundo de Inferno, de Inferno de Trevas e Frio Extremo e também de
Purgatório. Contudo, esses sofrimentos não se limitam à vida após a
morte. Uma vez que o corpo físico da pessoa está no Mundo Material,
os sofrimentos se refletem na matéria exatamente nas mesmas
condições em que o espírito se encontra. É por isso que,
constantemente, vemos, nos jornais, casos em que, após viver
sofrimentos extremados, a família inteira chega a planejar osuicidio
coletivo. Dessa forma, a sorte ou má sorte dependem da posição em
que se encontra o espírito no Mundo Espiritual. Evidentemente, isso
depende dobem ou do mal praticado, conforme a Lei de Causa e
Efeito. Portanto, não há ninguém mais tolo que o homem mau. Mesmo
que ele consiga progredir na vida valendo-se do mal, seu êxito é
temporário; um dia, ele acabará fracassando, pois, como já disse
anteriormente, a posição de seu espírito encontra-se no Inferno. Em
contrapartida, por mais desventurada que uma pessoa seja agora,
conforme ela praticar o bem, sua posição no Mundo Espiritual irá se
elevando e, um dia, se tornará feliz, pois esta é uma inexorável Lei
Divina. Embora a missão principal das religiões seja ensinar tal principio,
até hoje, isso não ocorreu de forma satisfatória, pelo fato de elas terem
força suficiente. Ou seja, por não apresentarem milagres, vieram
priorizando as escrituras e os sermões.

Entretanto, é chegado o tempo, e o Deus Supremo está manifestando a


Força Absoluta, fazendo surgir surpreendentes milagres por intermédio
da nossa religião, para despertar a humanidade da ilusão em que ela
se encontra. Sendo assim, ninguém poderá deixar de acreditar.

10 de setembro de 1953
8 - RENOVE-SE CONSTANTEMENTE

O Ser Humano deve sempre buscar desenvolver-se e aperfeiçoar-se,


sobretudo aqueles que possuem fé. Todavia, na sociedade, quem
menciona assuntos religiosos ou relacionados a fé, é julgado como
antiquado e conservador. Não podemos negar que essa é uma
tendência dos fiéis das religiões de até agora. Com os nossos membros,
dá-se justamente o contrário, ou melhor, eles têm o dever de almejar ser
o oposto.

Observemos a Grande Natureza. Ela se renova e se desenvolver


ininterruptamente: ano a ano, a população humana aumenta, e as
terras vão sendo exploradas. Os meios de transporte, as construções, as
máquinas, nada permanece estagnado. As ervas e as árvores crescem
em direção ao céu e nenhuma delas está voltada para baixo. Assim
sendo, uma vez que tudo na Natureza está em constante
desenvolvimento e aperfeiçoamento, o ser humano deve aprender
com ela. Esta é a verdade.

Nesse sentido, eu me esforço ao máximo para não negligenciar meu


desenvolvimento e aperfeiçoamento: este mês, mais do que no mês
anterior,; este ano, mais do no ano passado.

Todavia, progredir somente na parte material, isto é, nos negócios, na


profissão e na posição social, assemelha-se a algo sem solidez, que
flutua como uma planta sem raiz. Portanto, torna-se indispensável a
busca pelo desenvolvimento espiritual, ou seja, o enobrecimento do
caráter. Tendo isso em mente, o ser humano deve procurar aperfeiçoar
a si mesmo, um passo de cada vez, sem pressa. É importante não se
impacientar. Mesmo que esse aperfeiçoamento ocorra aos poucos,
com o tempo, certamente, ele se tornará um a pessoa admirável. Na
verdade, só pelo fato de buscar praticar, significa que já o é. Agindo
dessa forma, sem dúvida, ganhará a confiança dos outros, tudo correrá
satisfatoriamente, e ela se tornará feliz.
Falar desse modo pode soar para os jovens da atualidade como moral
antiquada e já superada, mas muito pelo contrário: quem consegue
fazer isso, é, de fato, um ser humano em constante renovação e
desenvolvimento. Quando observo as pessoas, baseando-me nesse
critério, sinto que muitas são retrogradas. Seus pensamentos e assuntos
são sempre os mesmos e permanecem sem apresentar qualquer
mudança ou progresso. Encontrar-me com pessoas assim não me
desperta nenhum interesse, pois elas se limitam a assuntos triviais, não
falando de religião, de política, de filosofia e muito menos de arte.

Notamos que, no mundo, a maioria das pessoas é assim. Não é nossa


intenção condená-las, mas espero que, pelo menos, nossos fiéis não
tenham um comportamento antiquado, pois não aprecio tal postura.
Alias, parece=-me que estes são em pequeno número.

Como é do conhecimento de todos, neste momento de transição do


mundo, nossa religião, visando a salvação da humanidade, está se
empenhando em despertá-la para sua cultura equivocada, e também
em construir um mundo novo e ideal. Por conseguinte, faz-se necessário
que todos busquem tornar-se pessoas que se renovam e se
desenvolvem constantemente. Eis o sentido do meu costumeiro
conselho: sejam pessoas do século XXI.

11 de outubro de 1950
9 - A EXPRESSÃO “SABER DAS COISAS”

Como é profunda e sutil a expressão “saber das coisas”! talvez não


exista algo equivalente em outro idioma. Como sua interpretação é
muito difícil, vou tentar esclarecê-la da melhor maneira possível.

Esmiuçando seu significado, pode-se dizer que ela temo sentido de


experimentar, aprofundar e captar a essência das coisas que existem
no mundo e, depois, expressá-las de alguma forma. Por exemplo, diante
de um problema, procura-se descobrir o ponto vital avaliando as
possíveis consequências de determinada ação.

Ao contrário disso, aquele que não tem percepção nem sabedoria


costuma argumentar, de forma imatura e infantil, que age
inconsequentemente sem se incomodar com a censura e o desprezo
dos demais. Normalmente, é tachado de imaturo, mimado ou grosseiro.
Existe, igualmente, a palavra “erudito” para designar quem possui vasto
conhecimento no campo cultural.

É muito grande o número de pessoas que não possuem sabedoria,


como os políticos da atualidade, que fazem alarde sobre questões
insignificantes, sem se darem conta de que são recriminados pelosmais
esclarecidos. Portanto, seu comportamento nada mais é do que a
demonstração da própria pequenez. Pessoas assim são prisioneiras da
visão shojo e estão constantemente empenhadas na autopromoção. É
devido às ações dessas criaturas medíocres que a eficiência e a
credibilidade do Congresso Nacional são sempre prejudicadas. Em
outras palavras, são ignorantes.

Certamente, é pela existência do grande número de políticos dessa


natureza que se gastam longas horas e não se chega a conclusões e
resoluções mais rapidamente nas discussões. Ao contrário, se a maioria
fosse sábia, ela chegaria ao consenso rapidamente. No entanto, o
problema é que pessoas sábias detestam se expor e evitam entrar em
conflito com pessoas ignorantes, e acabamse retraindo, mantendo-se
em silêncio. Esses ignorantes se aproveitam da situação e passam a se
exibir cada vez mais. O mundo é curioso, pois quem age assim torna-se
conhecido, e fama aumenta sua probabilidade de ser eleito por
ocasião das eleições. Sendo assim, os ignorantes passam a representar
a maioria, e os sábios, a minoria. Como se tem visto nos últimos tempos,
o fato de se passar noites em claro discutindo um problema sem
encontrar uma solução, demonstra claramente isso.

Entretanto, no final, o que se verifica mesmo é que a opinião daqueles


que sabem o que dizem é que acaba sendo aceita. No mundo político,
as pessoas que mais se destacam são aquelas que menos se expõem, e
naturalmente são reconhecidas e valorizadas. Nesse sentido, creio que
o atual primeiro-ministro do Japão, Shigeru Yoshida (1878 – 1967), é a
pessoa mais sábia entre os políticos da atualidade. Isso não se limita ao
mundo político: em todos os setores da sociedade, aqueles que são
considerados competentes, em sua maioria, são pessoas sensatas, o
que talvez seja natural.

Acima, referi-me ao aspecto intangível; a seguir, desejo falar sobre o


aspecto material. Para facilitar a compreensão, acho melhor basear-me
na Arte, já que muitos dos sábios são grandes personalidades dotadas
de extraordinário senso estético.

Quem eu gostaria de tomar como exemplo em primeiro lugar é o


príncipe Shotoku, detentor de vasto conhecimento sobre a cultura
budista, principalmente no aspecto artístico, o que dispensa
comentários. A evidencia disso está no Templo Horyuji e nas demais
obras deixadas por ele, que conservam o esplendor da sua
magnificência. Podemos dizer que a famosa “Constituição de
Dezessete Artigos”, de sua autoria, é o alicerce das leis japonesas.

A seguir, vamos citar YoshimassaAshikaga, que embora tenha sido alvo


de críticas em outros setores, prestou relevante serviço á Arte. Além de
construir o Templo Guinkakuji, foi apreciador da arte chinesa, tendo
colecionado as melhores obras artísticas das era Song (960 – 1279) e
Yuan ( 1200-1368). Além disso, estimulou a arte japonesa, fazendo
produzir obras de alta qualidade, conhecidas como
bigashiyamagyobutsu, as quais, ainda hoje, deleitam a visão dos que as
apreciam. Logo, seu legado é realmente digno de louvor.

No entanto, quem merece nosso maior elogio é Hideyoshi Toyotomi. Por


um lado, ele possibilitou o surgimento da exuberante arte e cultura do
período Momoyama (1573 – 1603); por outro, foi o grande incentivador
da cerimônia do chá, como arte que prima o sendo do wabi. É notável
o fato de Hideyoshi ter incentivado o talento de SennoRikyu, cuja
maravilhosa contribuição foi a consolidação do caminho do chá, que,
até então, era pouco desenvolvido.
Graças a tudo isso, naquela época, houve um rápido desenvolvimento
da cultura e da arte e o surgimento sucessivo de gênios e de grandes
mestres. Entre eles, estão EnshuKobori e Chojiro. Este, da mesma forma
que yoshimassa, colecionou, além de obras japonesas e chinesas, os
objetos artísticos da dinastia Joseon, da Coreia (1392 – 1897); também é
seu mérito ter dado um novo impulso à cerâmica no Japão.

Não podemos deixar passar despercebida a existência de KoetsuHon-


ami. Ele foi pinto e calígrafo notável, introdutor de inovações no maki-e,
na fabricação de cerâmica raku et. Possuía originalidade e
versatilidade em todas as artes, o que o tornava insuperável. Um grande
legado seu foi ter influenciado, cem anos após o seu falecimento, Korin
Ogata, expoente máximo da primeira no Japão, algo que talvez nem
Koetsu pudesse ter imaginado. Ogata tornou-se um grande admirador
do já falecido Koetsu, superou-o e se tornou um grande mestre das
artes. Também não podemos esquecer os ceramistas. Ninsei Nono mura
e Kenzan Ogata. Nessa mesma linha, surgiu também Hoitsu Sakai, outro
extraordinário artista.

Outro fato a destacar em Hideyoshi é que, desde a juventude, ele


manifestou interesse pela arte e colecionou obras-primas, embora fosse
de uma família de camponeses. Normalmente, pensa-se que, para se
atingir a sabedoria, seja necessário um grande esforço e condições de
vida acima da classe média. Hideyoshi, no entanto, veio de uma classe
mais baixa e viveu a maior parte do tempo em campos de batalha, e
nãos e sabe e nem onde nem quando ele obteve aquele vasto
aprendizado. Por conseguinte, podemos dizer que ele é, de fato, uma
personalidade de rara grandeza.

No campo da literatura, Saigyo se sobressai como poeta de waka e


Basho, com poeta de Haikai. As obras destes dois expoentes
demonstram ter sido criadas por quem realmente tem grande
sabedoria e percepção. Os poemas representativos de Saigyo e de
Baho que se seguem, estão sempre presentes em minha mente:

Poema de waka de Saigyo

No crepúsculo de outono,

Uma narceja de pé no pântano.

A solidão envolve

Até um coração indiferente.


Poema haikai de Basho

Ah, que serenidade!

O canto das cigarras

Penetra nas pedras...

Há ainda, uma pessoa de sabedoria que também merece ser


lembrada: Matsudaira, que foi senhor feudal da região de Unshu,
conhecido percursor da escola de chá Fumai. Ele colacionou grande
quantidade de utensílios de chá, impedindo sua dispersão. Impulsionou
a cerimônia do chá, que se encontrava em decadência, e é digno de
todo o nosso respeito.

Entre aqueles que possuem sabedoria na época moderna, eu citaria o


ator DanjuroItikawa, sobre quem já escrevi detalhadamente em outra
publicação.

Apresentei, em linhas gerais, algumas das pessoas de sabedoria mais


representativas. São pessoas cultas no mais alto grau e nem é preciso
dizer o quanto seu legado contribuiu para alimentar a alma,
desenvolver o bom gosto e enobrecer os sentimentos das gerações
posteriores. Naturalmente, todos sabem que as invenções, as
descobertas e a evolução do conhecimento contribuíram para a
cultura da humanidade, mas creio que também seja necessário
reavaliar o quanto o legado das pessoas de sabedoria contribuiu para
a cultura ao longo do tempo.

15 de agosto de 1950
10 -SEGREDO DA FELICIDADE

Quando eu falo em segredo da felicidade, as pessoas podem pensar


que seja preciso recorrer a algum tipo de mágica, mas não é nada
disso. É algo extremamente simples. Ainda assim, as pessoas não
conseguem percebê-lo.

Neste momento, ao observarmos a sociedade, quantas pessoas


verdadeiramente felizes podemos encontrar? Talvez nenhuma. Isso
mostra que o mundo está, efetivamente, cheio de sofrimento. O fato é
que ninguém está livre de fracassos, desemprego, doenças, pobreza,
conflito, descrença e pessimismo. A realidade é que as pessoas estão
sofrendo como se estivessem acorrentadas em uma prisão.

Qualquer um que faça uma reflexão mais aprofundadas, irá deparar-se


com a seguinte dúvida: se foi Deus, Criador do Universo, que criou o ser
humano, por que o faz padecer tanto? Por que será que não faz deste
mundo um local com mais felicidade do que com infelicidade? Como
essas interrogações permanecem sem respostas, vou tecer
considerações a respeito.

O bem e o mal existem desde a era primitiva, quando surgiu a espécie


humana. Esta é uma verdade. Assim, o bem e o mal – de natureza
antagônica – vivem em atrito e lutas constantes, sem jamais um
predominar definitivamente sobre o outro. Ainda assim, pensando bem,
foi em consequência do atrito entre ambos que a civilização atingiu o
progresso atual, o que também é uma verdade.

A respeito disso, muitos já me perguntaram: “Se Deus é amor e


compaixão, não consigo entender porque permitiu ao ser humano
praticar o mal e pecar para depois castigá-los no Juízo Final. Se, desde
o início, Ele não criasse pessoas más, não haveria necessidade de julgá-
las ou castigá-las, não é verdade?

Parecem-me observações que fazem muito sentido e u penso da


mesma forma. Se eu tivesse criado o ser humano, poderia explicar
facilmente. Uma vez que sou apenas uma existência criada, é obvio
que não consigo dar uma explicação definitiva.

Se, mesmo assim, eu tiver que oferecer algum esclarecimento a respeito


da Vontade de Deus, teria que recorrer à imaginação. Portanto, vou
deixar essa tarefa para quem tem tempo livre. O que importa para nós
é a realidade, é ser feliz durante esta vida. Assim, antes demais nada, o
essencial é descobrir o método para alcançar a felicidade e praticá-lo.
Como sempre venho afirmando, esse método consiste, basicamente
em fazermos os outros felizes. Existe uma excelente prática que venho
adotando há muitos anos, com resultados maravilhosos. Foi com o
desejo de ensiná-la que redigi maravilhosos. Foi com o desejo de ensiná-
la que redigi o presente texto.

Em suma, essa prática consiste em realizar o maior número de boas


ações. Sempre que possível, procurar praticar o bem. Por exemplo,
propiciar alegria ao próximo; pensando no bem-estar da sociedade, a
esposa deve colaborar para que o marido possa trabalhar feliz, e o
marido, por sua vez, deve ser amável e procurar dar-lhe alegria e
tranquilidade.

É natural que os pais amem os filhos, mas devem fazer mais do que isso:
precisam utilizar-se da inteligência superior, pensar no futuro deles e,
sem ser autoritários, orientá-los a respeitar os pais e incentivá-los a
estudar com prazer.

Além disso, na vida cotidiana, devemos, sempre, procurar suscitar


esperança no coração das pessoas, independentemente de quem
seja, tendo por base, o amor e a gentileza, agindo com a máxima
sinceridade.

Aos políticos, cabe deixar de lado seus interesses pessoais e, colocando


a felicidade dos cidadãos acima de tudo, tornar-se em todos os
aspectos, pessoas exemplares. O povo também deve se esforçar ao
máximo para praticar boas ações, utilizando a inteligência. Assim,
aqueles que praticarem muitas boas ações, com certeza, serão felizes.
Já imaginaram que sociedade e que nação surgiriam, se todas as
pessoas se unissem para praticar o bem? Evidentemente, essa nação
seria um modelo para o mundo e alvo do respeito universal.
Consequentemente sem sombra de dúvida, despareceriam todos os
problemas, surgiria o Paraíso Terrestre proclamado por nós, isento de
doença, pobreza e conflito, e a felicidade das pessoas seria
incalculável.

No entanto, qual é a realidade do mundo atual? Ao contrário daquilo


que acabamos de apresentar, por toda parte existem pessoas
empenhando-se na prática do mal, mentindo, enganando e pensando
sempre nos próprios interesses. Não seria exagero dizer que é uma
sociedade de pessoas más. Assim, a felicidade mantém-se muito
distante. E o pior é que, considerando normal um mundo infernal coo
esse, nem sequer pensam em reforma ou algo do gênero. Além do
mais, existe até quem atrapalhe nosso trabalho de transformar este
mundo de sofrimento em paraíso. Essas pessoas se tornam infelizes por
escolha própria, caindo em sofrimentos infernais. Sentimos que elas não
passam de indivíduos tolos e são merecedoras de nossa piedade. Assim,
oramos constantemente a Deus pela sua salvação.

Para não me estender mais, gostaria de encerrar aqui, mas se


analisarem bem o que explanei, poderão perceber que não é tão difícil
tornar-se feliz.

1ª de outubro de 1949.

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