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087/2014-2
RELATÓRIO
obtidas informações preliminares acerca de: (i) conceitos relacionados a imóveis dominiais e de
uso especial, especialmente sobre os terrenos de marinha; (ii) macroprocessos da SPU/MP; (iii)
normas sobre o assunto existentes em âmbito federal; (iv) sistemas informatizados que apoiavam a
atividade; e (v) estrutura administrativa da SPU/MP.
4.2.3. Para o cumprimento da referida etapa, foram efetuadas pesquisas em diversos sítios de
internet, destacando-se o do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão. Também foram
identificados alguns trabalhos realizados na área de demarcação e caracterização realizados por
especialistas, sobretudo proveniente de determinações judiciais. Foram consultados, ainda, os
Relatórios de Gestão dos órgãos envolvidos referentes ao exercício de 2012 e 2013, além de
notícias da imprensa acerca do órgão e do assunto avaliação de imóveis.
4.2.4. Em seguida, foram realizadas reuniões técnicas com as equipes envolvidas com a
temática avaliação imobiliária na SPU/MP e na Superintendência do Patrimônio da União no
Distrito Federal (SPU/DF), com a finalidade de obter informações diversificadas a respeito das
práticas rotineiramente adotadas pelo órgão com relação à atividade alvo da fiscalização.
4.2.5. A equipe obteve, junto à Coordenação-Geral de Tecnologia da Informação (CGTEC)
da SPU, um dumping da base de dados dos sistemas Siapa e Spiunet, tendo em vista a necessidade
de manuseio das informações constantes dos sistemas.
4.2.6. Buscou-se, no início, apoio da Diretoria de Gestão de Informações Estratégicas (DGI),
tendo em vista a necessidade de garantir tratamento à informação obtida junto à SPU/MP.
4.2.7. Foram solicitadas ainda cópias das bases de dados e senhas dos sistemas Siapa e
Spiunet para toda a equipe integrante da fiscalização.
4.2.8. De forma concomitante a esse processo de obtenção das bases de dados, foram
realizadas as seguintes ações:
a) levantamento da estrutura interna do órgão e macroprocessos – em apresentação
promovida pela equipe da SPU/MP foi possível conhecer a estrutura atual do órgão. Para
identificar os macroprocessos existentes no órgão foi suficiente ter conhecimento da divisão da
área finalística em quatro grandes departamentos no órgão central em Brasília: Departamento de
Gestão de Receitas Patrimoniais (Derep), Departamento de Caracterização do Patrimônio
(Decap), Departamento de Destinação Patrimonial (Dedes) e Departamento de Incorporação de
imóveis (DII). A atividade de avaliação está alocada no macroprocesso de caracterização, que é da
alçada do Departamento de Caracterização do Patrimônio (Decap), ao qual compete coordenar,
controlar e orientar as atividades relacionadas à identificação, ao cadastramento e à fiscalização
dos imóveis da União, nos termos do art. 44 do Anexo I do Decreto 8.189/2014;
b) foi realizado um levantamento legal, normativo e jurisprudencial sobre o tema
avaliação de imóveis e assuntos correlatos, conforme apresentado nos itens 2 e 3 do presente
trabalho;
c) eleição dos Estados da Federação que seriam alvo da fiscalização piloto.
4.2.9. Diante dessas informações, partiu-se para a análise da situação das bases de dados
visando a definição dos tipos de amostragem e critérios de seleção a serem utilizados ao longo do
trabalho. Em seguida, foi promovida ampla discussão, especificamente nas questões 5, 6 e 7, que
envolviam uso das informações das bases de dados.
4.2.10. No tocante ao tipo de amostragem, a hipótese de trabalhar com amostragem
aleatória foi descartada, essencialmente devido ao fato de ter sido identificado um critério de suma
importância para a definição da seleção dos imóveis por conveniência: a materialidade. Dessa
forma, optou-se por adotar a amostragem por intenção ou por julgamento, que é baseada na
escolha deliberada e exclui qualquer processo aleatório. Os elementos que deverão compor a
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amostra são julgados como adequados baseado em escolhas de casos específicos, na população em
que o auditor esteja interessado.
4.2.11. Com relação aos critérios, foi definida a necessidade de selecionar imóveis do
mesmo tipo, com os quais fosse possível estabelecer comparações, eliminando imóveis como
aeroportos e quartéis. Além disso, a materialidade dos valores envolvidos, como mencionado
anteriormente, mostrou-se um item importante para considerar na seleção de amostras, seja ela
alta (questões 5 e 6) ou baixa (questão 7).
4.2.12. Assim, após essas definições, foram promovidas, ainda na fase de planejamento,
reuniões no órgão central, com o objetivo de esclarecer dúvidas, apresentar os objetivos do
trabalho e coletar informações.
4.2.13. Finalmente, nos dias 9 e 10/6/2014, foi realizada oficina de trabalho
(Workshop) nas instalações do Instituto Serzedello Corrêa (ISC/TCU), em Brasília. Na
oportunidade, com a presença de todas as equipes estaduais participantes, foi possível repassar
ferramentas e equalizar conhecimentos para nortear a execução da auditoria.
4.2.14. Ressalta-se também a utilização do Ambiente Virtual de Aprendizagem (Avec-
TCU), ferramenta institucional amplamente empregada para comunicação com as secretarias
estaduais. Por intermédio deste instrumento, a equipe coordenadora disponibilizou leis e atos
normativos inerentes ao assunto; material a ser utilizado em cada questão (bases de dados por
unidade da federação); matrizes elaboradas; e minutas dos ofícios de requisição a serem aplicados
às superintendências do patrimônio; além de esclarecer questões surgidas ao longo da auditoria.
4.2.15. Posteriormente, na fase de execução, foram formulados outros ofícios de
requisição à SPU/MP e demais superintendências estaduais envolvidas. Nessa etapa foram
utilizadas, principalmente, as técnicas de análise documental, revisão analítica e inspeção física.
Foram também realizadas entrevistas não estruturadas com representantes de áreas das
superintendências estaduais relacionadas à atividade de avaliação imobiliária.
4.2.16. Por fim, na última fase do trabalho, a equipe coordenadora tomou ciência dos
relatórios emitidos por cada secretaria estadual, e observou os achados encontrados e
encaminhamentos propostos pelas equipes locais. Diante disso, passou-se à elaboração do presente
relatório em que se apresentam os achados encontrados ao longo do trabalho, bem como propostas
de melhoria para a SPU e superintendências regionais.
5. ACHADOS DE AUDITORIA INERENTES AO ÓRGÃO CENTRAL
5.1.1. Como já mencionado anteriormente, sete Secretarias de Controle Externo fiscalizaram
doze Estados da Federação. Adiante, passa-se a tratar da consolidação dos achados registrados
nessas fiscalizações, agrupados de acordo com cada uma das questões da matriz de planejamento
(anexo I).
5.2. Deficiências relacionadas ao planejamento estratégico da SPU (A1)
5.2.1. Descrição da situação encontrada
5.2.1.1. Consoante está consignado no relatório da auditoria piloto (TC 008.320/2014-
4, peça 40, p. 42), foi aplicado questionário aos gestores das superintendências regionais da SPU,
inquirindo-os acerca de vários temas, dentre os quais constava a aplicação do planejamento
estratégico elaborado pelo órgão central.
5.2.1.2. A SPU/CE alinhou, na ocasião, algumas dificuldades, a saber:
a) a volatilidade dos indicadores que são modificados a cada ano dificulta sua utilidade
(indicadores de 2011, 2012, 2013 são diferentes);
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5.2.8.3. Foi citado ainda como obstáculo ao planejamento estratégico a volatilidade dos
indicadores, modificados a cada ano, e o atraso na divulgação de metas. Associado a isso,
percebe-se que há evidente deficiência de comunicação organizacional e transparência entre o
órgão central, especificamente seus departamentos técnicos, e as superintendências estaduais.
Prova disso é que nenhum dos doze estados fiscalizados sequer citou o Plano Tático de Ações
quando questionado sobre o planejamento do órgão.
5.2.8.4. Dessa forma, há necessidade de um maior envolvimento entre o órgão central e
as superintendências locais na formulação de estratégias, elaboração de diretrizes, definição de
metas e objetivos e, principalmente, na eleição das áreas de maior prioridade local.
5.2.8.5. Nos termos do referencial básico de governança do TCU, “a organização deve,
a partir de sua visão de futuro, da análise dos ambientes interno e externo e da sua missão
institucional, formular suas estratégias, desdobrá-las em planos de ação e acompanhar sua
implementação”. No caso da SPU, entende-se que o desdobramento dos planos de ação e
acompanhamento da implementação não estão sendo efetivos.
5.2.8.6. Considerando a estrutura funcional da Secretaria como um todo, nota-se
também que há deficiência da SPU na coordenação e supervisão das superintendências regionais.
Observa-se que para um melhor direcionamento dos objetivos estratégicos descritos, faz necessária
uma melhoria da interlocução estabelecida entre tais atores, conforme estabelecido no Decreto-Lei
200:
Art. 8º As atividades da Administração Federal e, especialmente, a execução dos planos e
programas de governo, serão objeto de permanente coordenação.
§ 1º A coordenação será exercida em todos os níveis da administração, mediante a atuação
das chefias individuais, a realização sistemática de reuniões com a participação das chefias
subordinadas e a instituição e funcionamento de comissões de coordenação em cada nível
administrativo.
Art. 9º Os órgãos que operam na mesma área geográfica serão submetidos à coordenação
com o objetivo de assegurar a programação e execução integrada dos serviços federais.
Art. 10. A execução das atividades da Administração Federal deverá ser amplamente
descentralizada.
§ 6º Os órgãos federais responsáveis pelos programas conservarão a autoridade normativa e
exercerão controle e fiscalização indispensáveis sobre a execução local, condicionando -se a
liberação dos recursos ao fiel cumprimento dos programas e convênios.
5.2.8.7. Ainda, de acordo com o Referencial Básico de Governança do TCU
(componente E3), “para a governança efetiva, é preciso definir objetivos coerentes e alinhados
entre todos os envolvidos na implementação da estratégia para que os resultados esperados
possam ser alcançados”.
5.2.9. Proposta de encaminhamento
5.2.9.1. Recomendar à Secretaria de Patrimônio da União – Órgão Central – SPU-OC,
em conformidade com o Decreto-Lei 200, arts 8º a 10, bem como de acordo com o Referencial de
Governança do TCU aplicável a órgãos e entidades da administração pública, Componentes E2 e
E3, que:
a) estabeleça modelo de gestão estratégica que considere aspectos como transparência,
comprometimento das partes interessadas e foco em resultados (Prática E2.1);
b) estabeleça modelo de gestão que favoreça o alinhamento de operações à estratégia e
possibilite aferir o alcance de benefícios, resultados, objetivos e metas (Prática E2.2);
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gestores é vinculada apenas à superintendência, sem identificar qual a área de atividade o servidor
está vinculado. Assim sendo, a SPU tem os servidores classificados por formação e cargo, mas não
por atividade. A tabela em anexo traz os quantitativos de servidores, colaboradores, gestores por
UF.
Quanto à composição da força de trabalho, a SPU está fazendo o levantamento de
competências individuais para definir, com base no estudo comparativo do número de servidores
existentes com a extensão territorial, esta composição. Em 2013 foi feito levantamento para
identificar quantitativos de vagas autorizadas para a SPU em concursos públicos (por exemplo,
analista de infraestrutura) e que nunca foram preenchidas, com o intuito de subsidiar solicitação
para alocação destes profissionais na SPU. No entanto, estes levantamentos não estão
relacionados a estudo de necessidade.
5.3.7.3. No que se refere ao último concurso público realizado e o planejamento para a
realização de novas seleções, assim respondeu a SPU/OC:
O último concurso feito especificamente para compor os quadros da SPU foi em 2006 (edital
ESAF 13 de 7/2/2006).
Ressalta-se que a SPU não faz parte do ciclo de gestão e não gere sistema estruturante.
Assim sendo, não possui quadro próprio nem carreira específica. Portanto, os servidores da SPU
são, em sua maioria, pertencentes ao PGPE. A SPU também recebe servidores das carreiras
estruturantes, como EPPGG, APO, AIE e outras, na medida definida pelas diretrizes estabelecidas
pelo MP.
A elaboração de concurso público para o MP é centralizada na SPOA/MP, que é a
responsável por sua implementação. A SPU solicitou concurso em 2010, em 2012 e em 2013.
5.3.7.4. Em relação aos treinamentos e capacitações realizados em 2013 e sobre o plano
de capacitação estabelecido para 2014, assim informou a SPU/OC:
Em 2013, com a contenção de recursos, foi reduzido o investimento em capacitação por
diretriz definida pela SPOA/MP, mesmo assim atendeu-se a 241 servidores. Na área de avaliação
foi permitida, de forma pontual, a participação em cursos de especialização e de atualização
disponíveis no mercado. Na área de demarcação, desenvolvemos capacitação para os servidores
da SPU-AM como piloto num novo formato de transferir o conhecimento na área. Destacam-se,
ainda, as capacitações nos sistemas gerenciais SIAPA, SPIUnet e SARP e no processo de
regularização fundiária.
5.3.7.5. Por fim, no que se refere à adoção de ferramentas para a aferição do
desempenho de seus servidores, assim informou o Órgão Central da SPU:
A principal ferramenta para aferição de desempenho dos servidores é a Gratificação de
Incremento à Atividade de Administração do Patrimônio da União - GIAPU, instituída pela MP
2012/2004, convertida na Lei 11.095, de 13/0112005, regulamentada pelo Decreto no. 5.286, de
25/1112004 e Resolução SPU n° I, de 6/12/2010. Possui indicadores institucionais e individuais,
sendo os institucionais definidos pelo órgão central e os individuais definidos por diretrizes do MP
para RH. Tem impacto financeiro expressivo nos vencimentos dos servidores.
Quanto às demais avaliações, tais como para os cargos de especialistas em políticas públicas
e os analistas de infraestrutura, estas ocorrem em períodos diferenciados e todo o processo é
acompanhado pela unidade de avaliação da SPU, no caso a Coordenação Geral de Administração
da SPU - CGADM, pelo Gestor Setorial de Avaliação.
5.3.7.6. O sistema Avalia 360º tem como objetivo a avaliação anual de todos os
servidores de uma equipe de trabalho, porém só tem efeito remuneratório para servidores que
fazem jus as seguintes gratificações: Gratificação de Desempenho do Plano Geral de Cargos do
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Administração Pública, Prática L1.2, assegure a adequada capacitação dos membros da alta
administração e da gestão operacional, de modo que as competências necessárias à execução de
suas atividades sejam desenvolvidas.
5.4. Deficiências no quadro legal-normativo que prejudicam o desempenho das atribuições
do órgão (A3)
5.4.1. Descrição da situação encontrada
5.4.1.1. O achado foi relatado em sete estados: Alagoas, Mato Grosso, Paraná, Rio
Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe.
5.4.1.2. As deficiências foram apontadas pelos superintendentes regionais da SPU, em
resposta ao questionário enviado a eles. O titular da SPU/AL considera inadequada a legislação
referente à área cadastral, ambiental e de receita patrimonial, e cita como exemplo o caso de
transferência de ocupação ou aforamento de imóveis para estrangeiros na faixa de cem metros da
praia, em que é necessária a autorização de Ministro de Estado, o que prejudica a celeridade
processual. O mesmo acontece com a concessão de aforamento do raio de 1.320 metros de
fortificações, pois este ato necessita de autorização do Ministério da Defesa.
5.4.1.3. Outro ponto que merece destaque na resposta dada pelo gestor é referente à
necessidade de alteração legislativa na área de receita patrimonial e parcelamento de débitos em
atraso, e normatização do tema incorporação de imóveis (TC 014.499/2014-2, peça 15, p. 2).
5.4.1.4. No mesmo processo, o superintendente da SPU/SE reputa inadequados os
normativos que tratam de caducidade de aforamento, prescrição/decadência de créditos e
fiscalização, bem como em relação à incorporação de imóveis ao patrimônio da União em
decorrência de doação, adjudicação e extinção de órgãos, e alienação, permuta e doação de
imóveis da União (peça 13, p. 4).
5.4.1.5. A SPU/MT aponta a inexistência e a desatualização de normas que afetam as
atividades-fim da SPU, nos seguintes termos (TC 014.424/2014-2, peça 5):
(...)
Área de avaliações de imóveis:
As atualizações das normativas internas da SPU ocorrem muito lentamente, como exemplo o da
Orientação Normativa de Avaliação de Imóveis, a ON/GEADE/004, que é baseada em NBR/ABNT já
atualizada por duas vezes. Ou seja, a ON/SPU encontra-se defasada diante da Norma ABNT. Apesar dessa
desatualização de normativa interna, os avaliadores da SPU procuram atender as normas técnicas vigentes
no país, que no caso de Avaliação de Bens é a NBR 14.653 e suas partes.
(...)
Área de Incorporação:
Embora o manual de incorporação (ON/GEADE/005) não tenha sido aprovado formalmente, mesmo
estando em análise desde 2002, ele é aplicado nos casos concretos.
(...)
Área de Destinação:
A legislação não contempla atualização de direitos e obrigações dos destinatários de imóveis.
(...)
Área de Regularização fundiária:
Não há normativos formalizados.
(...)
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aforamento;
10) ausência de integração com a
base de dados da Receita Federal
do Brasil para consulta de
endereços através do CPF ou nome
do ocupante do imóvel.
1) ausência de 1) criação de módulo para unificação e
georreferenciamento desmembramento de imóveis;
(ferramenta de pesquisa eficaz, 2) integração com o Sistema de Controle
fazendo o uso de coordenadas de Processos e Documentos do
geográficas); Ministério do Planejamento (CPROD);
2) ausência de módulo para
3) inclusão de campo para memorial
emissão de relatórios descritivo das benfeitorias;
gerenciais;
SPIUNET 4) criação de funcionalidade para
3) ausência de módulo financeiro; pesquisa georreferenciada de imóveis;
4) ausência de integração do e
Spiunet com outros sistemas da 5) criação de funcionalidade que permita
SPU; e a atualização do valor do m² do terreno
e da benfeitoria de quaisquer dos RIPs
5) ausência de aviso automático
vinculados ao RIP Matriz e que
acusando que o imóvel está com
atualize todos os demais RIPs.
avaliação e prazos vencidos.
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estão sob sua responsabilidade, são a falta de pessoal e de um setor específico para a realização de
cadastro. Acrescentou que a utilização de cartografia atualizada nas áreas de propriedade da
União poderia facilitar o trabalho de identificação desses imóveis.
5.6.1.3. Quanto ao estado de Sergipe, o superintendente local apontou as seguintes
dificuldades para o cadastramento dos terrenos de marinha, acrescidos e marginais: (a) falta de
identificação dos nomes dos atuais foreiros ou ocupantes, bem como a inexistência de dados que
permitam a identificação precisa do imóvel, tais como número e CEP; (b) inexistência de base
cartográfica que auxilie no cadastramento dos imóveis identificados; (c) falta de recursos
financeiros para contratar empresa especializada para elaborar a base cartográfica; e (d) número
reduzido de engenheiros.
5.6.1.4. Após identificar as fragilidades no controle dos imóveis citados, a equipe de
auditoria da Secex-SE propôs determinação para as duas superintendências locais para que
elaborassem um plano de ação em nível local, com cronograma de médio e longo prazo, metas
físicas a serem alcançadas em cada ano e estratégia utilizada para priorizar as ações - condizente
com as condições operacionais da Secretaria e com a urgência da questão -; no sentido de dar
cumprimento, em nível estadual, ao subitem 1.7.1 do Acórdão TCU 726/2013 – Plenário, fazendo
constar do Relatório de Gestão as providências adotadas.
5.6.1.5. Ocorre, todavia, que o TC 009.797/2013-0, cujo objeto é monitorar a
determinação contida no subitem 1.7 do Acórdão TCU 726/2013 – Plenário (referente ao Plano
Nacional de Caracterização), já apresentou proposta similar, nos seguintes moldes:
(...) complemente o Anexo III do Plano Nacional de Caracterização – PNC, de forma que,
além do já informado, contemple as seguintes informações para cada ano, até 2020, para a SPU -
OC e por superintendência (subitem 29, 50, 61 e 64 deste monitoramento):
a) metas físicas;
b) prazos de demarcação;
c) gestor responsável pela meta;
d) recursos financeiros, materiais e de pessoal, necessários à consecução da meta de
demarcação;
e) prazos de execução, responsáveis técnicos e situação atual relativos à implantação do
ambiente de visualização de dados geoespaciais, conforme mencionado no item 5.9 do PNC.
5.6.1.6. Essa proposta foi recepcionada pelo Acórdão TCU 2626/2014 – Plenário, in
verbis:
1.7. Determinar:
1.7.1. à SPU, que, no prazo de 30 dias, complemente o plano de caracterização do
patrimônio imobiliário da União, corrija as inconsistências nele apontadas na instrução destes
autos (peça 14) e envie o plano ajustado às suas superintendências regionais e ao Ministério do
Planejamento, Orçamento e Gestão; e
5.6.1.7. Assim sendo, em virtude de já existir determinação em processo específico para
acompanhamento das ações junto ao Plano Nacional de Caracterização, entende-se desnecessário
estender tal análise e respectivo encaminhamento às demais unidades fiscalizadas, considerando o
teor do Acórdão TCU 2626/2014 – Plenário.
5.7. Deficiências estruturais relacionadas à Secretaria de Patrimônio da União (A7)
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respeito, tal questão foi aprofundada no item 5.3 do presente relatório (Achado A2), ocasião em
que foram propostas medidas saneadoras, envolvendo, além da SPU-OC, os demais atores
responsáveis pela governança do órgão.
5.8.8. A respeito do componente princípios e comportamentos, a SPU informou que adota no
órgão o Código de Ética do Servidor Público Civil do Poder Executivo Federal, Decreto
1.171/1994, para balizar e adequar as condutas internas.
5.8.9. Ressalte-se, a esse respeito, que as boas práticas de governança relacionadas a esse
componente vão além quando estabelecem que o Código de Ética adotado inclua a definição de
padrões de comportamento específicos para os membros da alta administração do órgão e o
estabelecimento de mecanismos para garantir que esses membros atuem de acordo com esses
padrões, o que não se aplica ao referido código de ética.
5.8.10. Já com relação ao componente liderança organizacional, a SPU informou que
possui corpo diretivo formado por um Secretário, dois secretários adjuntos e quatro diretores que
definem diretrizes e prioridades de ação e, a partir das diretrizes eleitas, definem os indicadores e
metas para cada unidade descentralizada.
5.8.11. Registra-se, com relação a esse componente, que a preocupação da alta
administração não deve se restringir ao estabelecimento de diretrizes e políticas para a gestão da
organização, mas especialmente para o alcance dos resultados. Nessa linha, torna-se fundamental
a gestão de riscos e controle interno para que os gestores avaliem com tempestividade os riscos -
chave que comprometam o alcance dos principais objetivos organizacionais e forneçam
alternativas claras para que eles sejam gerenciados.
5.8.12. No que tange ao componente sistema de governança, a SPU informa que
instituiu o Conselho de Avaliadores de Imóveis da SPU (Portaria SPU 111, de 10/04/2014) com a
finalidade de contribuir com as ações voltadas ao planejamento, apoio e fomento dos serviços de
avaliação de imóveis da União. Esclarece que o conselho possui caráter consultivo e que é uma
estratégia para mitigar riscos da atividade.
5.8.13. Anteriormente à criação do citado Conselho, a SPU orientava-se unicamente
pelo corpo diretivo aqui mencionado (secretário, dois secretários adjuntos e quatro diretores).
Assim, mesmo com o caráter consultivo do Conselho de Avaliadores, entende-se oportuna a
criação do colegiado e, ainda que incipiente, entende-se tal prática como um avanço para a
melhoria da governança institucional.
5.8.14. A esse respeito, conforme já apontado no item 5.2, verificou-se a necessidade de
maior interlocução entre as superintendências do patrimônio localizadas nas unidades da
federação e o órgão central e entre este e alta administração do MP. O estabelecimento dessas
instâncias internas de governança com membros designados e contemplando atividades realizadas
regularmente, relacionadas à tomada de decisão, à elaboração, implementação e revisão de
diretrizes, ao monitoramento e controle proporciona comprometimento no alcance de resultados da
SPU e o alcance de uma boa governança.
5.8.15. Registre-se que as superintendências locais possuem visão organizacional
diferenciada do corpo diretivo do órgão central, uma vez que vivenciam rotineiramente as
principais adversidades existentes no órgão. Da mesma forma, a alta administração do MP precisa
responsabilizar-se pelo estabelecimento de políticas e diretrizes para a gestão do Ministério como
um todo, aí incluída a SPU, como pelo alcance dos seus resultados.
5.8.16. Em continuidade foi abordado o mecanismo estratégia, no qual foram tratados
os componentes: relacionamento com partes interessadas e estratégia organizacional.
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relatório, metade da base de dados de imóveis possui informação desatualizada (data de avaliação
do imóvel superior ao prazo permitido pelo normativo inerente), observa-se que a prática ainda
não está ocasionando o efeito esperado.
5.8.26. Vislumbra-se, portanto, que a SPU não vem conseguindo desenvolver, criar e,
principalmente, manter meios de comunicação de forma adequada que contribuam diretamente
para a melhor operacionalidade de seus sistemas e atividades cotidianas, e que venham a atuar
como agente facilitador no relacionamento com seus pares interessados.
5.8.27. Registre-se que uma das práticas relacionadas a esse componente consiste não
somente em estabelecer e divulgar canais de comunicação com as diferentes partes interessadas,
mas também assegurar sua efetividade, consideradas as características e possibilidades de acesso
de cada público-alvo.
5.8.28. Esse tema foi também analisado no item 5.2 do presente trabalho quando,
diante das informações fornecidas sobre a gestão estratégica adotada pelo órgão (Planejamento
Estratégico, Plano Tático de Ações, etc.) foram propostas as recomendações elencadas no item
5.2.9.
5.8.29. Finalmente, no tocante ao mecanismo controle, foram elaboradas questões
relacionadas à gestão de riscos e controle interno, accountability e transparência.
5.8.30. Em relação à gestão de risco e controle interno, a SPU informou que não
realiza gestão de risco, consequentemente, não possui Sistema de Gestão de Risco. Dessa forma, o
órgão não identifica os riscos críticos, nem implanta controles internos para mitigá-los.
5.8.31. A SPU informou ainda que a Coordenação de Gestão Estratégica – CGGES é o
órgão incumbido de realizar a interlocução com os órgãos de controle e acompanhar as auditorias
visando assegurar que suas contribuições sejam absorvidas para aprimoramento da gestão da
instituição.
5.8.32. Com relação ao componente accountability e transparência, a SPU informou
que está inserida na política de comunicação do Ministério do Planejamento e que segue diretrizes
da Assessoria de Comunicação do Ministério.
5.8.33. A esse respeito, ressalta-se que a SPU apresenta relatório de gestão e presta
contas aos órgãos de controle. Entretanto, não foram identificadas boas práticas como o
monitoramento e avaliação da imagem da organização perante as partes interessadas, bem como a
satisfação destas com os serviços e produtos sob a responsabilidade da SPU.
5.8.34. Do exposto, a equipe de auditoria concluiu, no que se refere aos mecanismos de
governança abordados e aos componentes a eles associados, que, ao menos relativamente ao
mecanismo liderança - componente sistema de governança -, a SPU instituiu o Conselho de
Avaliadores de Imóveis da SPU (Portaria SPU 111, de 10/04/2014), que se coaduna com a Prática
L4.1 – Estabelecer as instâncias internas de governança da organização.
5.8.35. Essa prática consiste, no caso, em definir papéis e responsabilidades das
instâncias internas de apoio à governança, contemplando atividades relacionadas à tomada de
decisão, à elaboração, implementação e revisão de diretrizes, ao monitoramento e ao controle.
Embora esteja ainda no início, é uma iniciativa que deve ser incentivada, inclusive para o
estabelecimento de outras instâncias internas que viabilizem a obtenção de uma boa governança.
5.8.36. Diante disso, verifica-se que a SPU ainda não alcançou um nível satisfatório na
adoção de práticas de governança.
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5.8.37. Contudo, vale registrar que os apontamentos aqui formulados devem ser vistos
como oportunidades de melhoria para o órgão. Assim, será dada ciência da análise de governança
desenvolvida quando do envio do presente relatório ao órgão gestor.
6. ACHADOS DE AUDITORIA INERENTES ÀS SUPERINTENDÊNCIAS
ESTADUAIS
6.1. Questão de Auditoria 2 - Existem avaliações de bens imóveis de uso especial
vencidas?
6.1.1. A questão 2 tem por objetivo verificar o quantitativo de avaliações de imóveis de uso
especial que foram realizadas há mais de dois anos, prazo máximo de validade estabelecido pelo
normativo (ON Geade 4/2003). Foi realizada extração da base de dados do Spiunet por unidade da
federação, separando-se as avaliações vencidas das que estavam dentro do prazo permitido pela
Orientação Normativa.
6.1.2. Abaixo, expõem-se os dados consolidados das ocorrências registradas pelas equipes de
auditoria:
2. Tabela das ocorrências relativas à questão 2
6.1.3. Na auditoria piloto (CE, DF e PE) foi realizado levantamento apontando apenas para
os imóveis de uso especial que estavam com a avaliação vencida e sob gestão das respectivas
superintendências estaduais. Nesse sentido, foram propostas determinações às superintendências
estaduais para que, no prazo de cento e oitenta dias, com base no art. 43, inc. I, da Lei nº 8.443/92,
atualize as informações dos imóveis, realizando nova avaliação imobiliária de acordo com os
procedimentos previstos na ON Geade 4/2003;
6.1.4. Nas demais auditorias, as propostas apresentadas foram direcionadas no mesmo
sentido.
6.1.5. Ressalte-se, todavia, que apesar dos achados A9 e A10 não terem registros específicos,
as unidades preferiram relatar tais práticas de forma centralizada no achado A8.
6.1.6. Algumas unidades propuseram que a informação da data de avaliação fosse
apresentada no Relatório de Gestão das unidades, evidenciado aqueles imóveis cuja avaliação
extrapolasse o prazo permitido. Cumpre destacar porém, que tal obrigatoriedade já existe,
conforme a Decisão Normativa 134/2014 de Contas do TCU e respectiva portaria (90/2014, Item
8.2, Gestão do Patrimônio imobiliário, Quadro A.8.2.2.1 – Imóveis de Propriedade da União sob
responsabilidade da UJ).
6.1.7. O percentual de avaliações vencidas é variável conforme a unidade da federação.
Contudo, em análise da base federal, observa-se que pouco mais de 50% dos imóveis está com a
data de avaliação expirada.
33
com aqueles praticados no mercado imobiliário. Para tanto, as equipes foram orientadas a visitar
alguns imóveis dentro das amostras eleitas, com a finalidade de atestar as informações disponíveis
em sistema sobre cada imóvel selecionado.
6.3.2. Os achados relacionados a tal questão evidenciaram:
4. Tabela das ocorrências relativas à questão 4
35
6.4.2. Desta forma, a questão tem a intenção de verificar se os bem dominiais com avaliação
tempestiva apresentam valores compatíveis com aqueles praticados no mercado imobiliário. Para
tanto, as equipes foram orientadas a analisar os processos dos imóveis e realizar visitas técnicas,
de acordo com os imóveis designados nas amostras para confirmar as informações apresentadas
pelo sistema Siapa sobre cada imóvel.
6.4.3. Para esse achado, as equipes registraram as seguintes ocorrências:
5. Tabela das ocorrências relativas à questão 5
era igual ou próximo a zero e que a área referente ao terreno da União deveria ser,
necessariamente, diferente de zero, para todos Estados integrantes da FOC/SPU.
6.5.1.2. Nesse diapasão, repassada a informação para as equipes de auditoria local, as
superintendências estaduais foram instadas, por meio de ofícios de requisição a apresentar suas
justificativas acerca dessa constatação.
6.5.1.3. De acordo com os achados inicialmente previstos, foram obtidos os seguintes
resultados:
6. Tabela das ocorrências relativas à questão 6
Achados de Auditoria relacionados à questão 6 Quantidade Unidades % do Total
37
38
superintendências estaduais para atualização de suas plantas genéricas de valor (PGV), inclusive
com relação aos índices a serem utilizados, em conformidade com as atribuições estabelecidas no
artigo 1º da Lei 9.636/1998.
7.2. Incompatibilidade entre as informações do DW e Siapa
7.2.1. Quando da emissão de ofícios de requisição que questionaram o baixo valor atribuído
a determinados imóveis listados, os gestores informaram que os valores apresentados pelas equipes
de auditoria e extraídos do sistema DW/SPU não conferiam com aqueles oriundos do sistema
Siapa. A SPU/CE assim se posicionou:
(...)
3 - Preliminarmente, cumpre informar que nenhum dos imóveis listados pelo Auditor do TCU que
subscreve a solicitação em tela estão com seus valores de avaliação igual a zero no sistema SIAPA,
conforme imagens disponibilizadas ao final do presente. Em sendo assim, percebe -se que o sistema
gerencial DW forneceu informações inconsistentes ao Órgão consulente.
4 - Em nossa opinião, o descrito acima ocorreu pelo fato de o sistema SIAPA não ter um campo
específico no cadastro para o valor do imóvel. No caso, o SIAPA gera uma avaliação (que seria como um
relatório) a partir das informações contidas nos campos "Área da União", "Testada" (referente ao valor do
metro quadrado do logradouro do imóvel) e "Fator Corretivo" (utilizado quando há outros fatores que
contribuem para valorização ou desvalorização do imóvel). Desta feita, não há um campo específico para
avaliação do imóvel cuja informação possa ser extraída pelo sistema DW.
5 - Contudo, é fato que o sistema DW é capaz de informar o valor da maioria dos imóveis cadastrados
no SIAPA. O que ocorre é que o DW verifica o valor das taxas geradas no SIAPA e consulta o regime de
utilização cadastrado. Por exemplo, se um imóvel com regime cadastrado para "Ocupação 5%" teve o seu
valor de taxa calculado em R$ 200,00 (duzentos reais), o DW multiplica R$ 200,00 por 20 (5% x 20 =
100%) e assim obtém o valor total do imóvel.
6 - Entretanto, caso o imóvel consultado pelo DW não tenha tido nenhum valor de taxa gerado por
qualquer razão (exemplo: imóvel desocupado, sem utilização, com concessão de isenção ou qualquer outro
tipo de regime gratuito, como são os casos das áreas de interesse social), ficará o citado sistema
impossibilitado de obter o valor do imóvel consultado, levando-o a interpretar que tal imóvel está sem
avaliação quando isto não é verdade.
7 - Finalmente, disponibilizados a seguir os valores emitidos pelo SIAPA de todos os imóveis
apontados pelo Tribunal de Contas da União:
(...)
7.2.2. A SPU/DF também teceu suas considerações:
(...)
Reportamo-nos a Vossa Senhoria para informar que alguns imóveis que constam da presente
solicitação, diferentemente do que foi informado, possuem valores cadastrados, conforme se verifica dos
anexos espelhos de consultas retirados do Sistema Integrado de Administração Patrimonial - SIAPA e
Spiunet.
(...)
7.2.3. Além dos casos apontados, a situação mostrou-se recorrente nos Estados do Rio
Grande do Sul e Sergipe, o qual cabe reproduzir a situação encontrada:
(...)
De acordo com informação extraída do sistema DW, o imóvel de RIP 2793010004578, localizado no
município de Marechal Deodoro/AL, encontra-se com valor zero de avaliação do terreno da União (Tabela
24). Ocorre que esse imóvel possui valor de avaliação de R$ 15.332,00, confo rme consta do Ofício
436/2014-SPU/AL, datado de 14/7/2014 (peça 15, p. 20-21). Essa informação pode ser confirmada pelo
39
extrato do Siapa à peça 34, p. 3, cujos dados do imóvel são os seguintes: Área de terreno total =
3.919,78m², Área de terreno da União = 742,47m², Valor do terreno da União = R$ 15.332,00.
Foi gerado para este imóvel uma receita patrimonial de R$ 392,51, referente à taxa de ocupação do
ano de 2014.
(...)
7.2.4. Realmente, conforme descrito pela Superintendência do Estado do Ceará, foi possível
constatar que o sistema DW/SPU não importa a informação “valor do imóvel” do sistema Siapa. A
informação que ele disponibiliza nesse campo é oriunda de um cálculo aritmético que considera o
regime de ocupação cadastrado no sistema Siapa, bem como o valor dos recolhimentos efetuados.
Por esse motivo, alguns imóveis que possuíam a informação de regime de ocupação como “zonas
de interesse social”, tiveram o valor zero atribuído, em função do cálculo de multiplicação
realizado. Contudo, essa informação não se confirmava quando as superintendências acessavam o
sistema Siapa para verificar os dados dos imóveis que foram objeto de indagação das equipes.
7.2.5. A esse respeito, conforme já salientado no item 5.4 do presente relatório, o PDTI do
Ministério do Planejamento (peça 6, p. 18) contém previsão de que o sistema Siapa seria
integralmente reestruturado até o mês de junho de 2014. Para dezembro de 2015, também há
previsão de implantação de três funcionalidades evolutivas neste mesmo sistema.
7.2.6. Assim sendo, considerando que as inconsistências foram identificadas, não
prejudicaram a questão, e que o sistema Siapa está em processo de reestruturação, entende-se
inoportuno acrescer propostas adicionais, além daquelas já elencadas no item 5.4 da presente
instrução.
8. CONCLUSÃO
8.1.1. O foco inicial do presente trabalho foi verificar a efetividade da sistemática de
avaliação de imóveis de uso especial e dominiais e sua gestão. A esse respeito, constatou-se
fragilidades que impactam diretamente nessa atividade e evidenciam pontos críticos da gestão e
governança do órgão que devem ser tratados para melhoria da gestão patrimonial realizada pelas
unidades central e estaduais.
8.1.2. Ressalte-se, entretanto, como já frisado, que problemas de gestão vêm sendo apontados
pelo TCU há quase duas décadas e que, nesse dilatado lapso temporal, pouco foi feito para
solucionar os problemas listados no passado.
8.1.3. Ao longo do trabalho, foi possível constatar problemas estruturais na SPU/MP que
dificultam a realização de suas atribuições legais e normativas de forma satisfatória; essas
questões estão relacionadas à estrutura física das superintendências, restrições orçamentárias,
sistemas informatizados obsoletos e, principalmente, problemas relacionados à gestão de pessoas
do órgão, dentre os quais pode ser citado quantitativo insuficiente da força de trabalho e a
ausência das qualificações necessárias. Constatou-se ainda, pouca adesão da SPU a boas práticas
de governança. Para tanto, foram propostas medidas para solucionar tais problemas a médio
prazo e que poderão ser passíveis de monitoramento, conforme decisão do TCU.
8.1.4. Os problemas de gestão do órgão, portanto, impactam diretamente no desempenho da
atividade de avaliação.
8.1.5. Em relação aos bens de uso especial, há um grande número de avaliações vencidas.
Além disso, as superintendências estaduais encontram dificuldades em empreender gestões para
que os órgãos da administração pública mantenham essas informações atualizadas. As próprias
superintendências estaduais de patrimônio não conseguem manter atualizada a avaliação
imobiliária dos bens sob sua responsabilidade.
40
8.1.6. No tocante aos bens dominiais, a situação não é diferente. A grande maioria das
plantas genéricas de valores (PGV) analisadas ao longo do trabalho não refletem a realidade dos
imóveis dominiais da União no tocante a seu valor de mercado. Esse fato acaba prejudicando a
arrecadação do órgão que, ainda assim, já atingiu cifra bilionária. Assim, mostrou-se evidente que
a SPU possui excelente potencial arrecadatório, mas que vem sendo menosprezado ao longo de
seus 160 anos.
8.1.7. Com relação à atividade de avaliação, pode-se afirmar que não está sendo realizada a
contento, especialmente pela falta de servidores aptos a desenvolvê-la e pela falta de recursos para
contratação do serviço junto a terceiros. Por essa razão, sustenta-se que as avaliações realizadas
nos bens imóveis dominiais e de uso especial situados nos doze Estados fiscalizados (AC, AL, CE,
DF, ES, MT, PE, PR, RO, RS, SC e SE), em sua maioria, não refletem adequadamente o valor real
dos imóveis.
8.1.8. Entre os benefícios estimados desta auditoria pode-se mencionar a melhoria na gestão
patrimonial e adequação dos valores dos bens imóveis que foram objeto do presente trabalho
àqueles praticados no mercado imobiliário.
9. PROPOSTA DE ENCAMINHAMENTO
9.1. Ante todo o exposto, submetem-se os autos à consideração superior propondo:
9.1.1. determinar à Secretaria-Executiva do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(SE/MP), por meio da sua Diretoria de Tecnologia da Informação que, em articulação com a
Secretaria do Patrimônio da União (SPU):
9.1.1.1. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência
desta deliberação, os resultados da reestruturação promovida no sistema Siapa, conforme previsto
no Plano Diretor de Tecnologia da Informação 2014-2015 do Ministério do Planejamento,
Orçamento e Gestão, e as providências que estão sendo tomadas para implementação, no referido
sistema, das funcionalidades sugeridas em conformidade com a Decisão 295/2002 – TCU –
Plenário, item 8.1.2, alínea b, e os Acórdãos 4.219/2009 – TCU – 2ª Câmara (item 1.5.1.2) e
100/2010 – TCU – 2ª Câmara (item 1.5.2.2), ou as justificativas sobre a decisão de não
implementá-las (item 5.5.9.2 do presente relatório);
9.1.1.2. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar de 1º/3/2015,
os resultados da reestruturação promovida no sistema Spiunet, conforme previsto no Plano Diretor
de Tecnologia da Informação 2014-2015 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e as
providências que estão sendo tomadas para implementação, no referido sistema, das
funcionalidades sugeridas em conformidade com o Acórdão 1.334/2009 – TCU – 2ª Câmara (item
1.5.1), ou as justificativas sobre a decisão de não implementá-la (item 5.5.9.3 do presente
relatório).
9.1.2. determinar à Secretaria de Patrimônio da União que, no prazo de 90 (noventa) dias a
contar da ciência desta deliberação, normatize os procedimentos a serem utilizados pelas
superintendências estaduais para atualização de suas plantas genéricas de valor (PGV), inclusive
com relação aos índices a serem utilizados, em conformidade com as atribuições estabelecidas no
artigo 1º da Lei 9.636/1998 (item 7.1.8 do presente relatório);
9.1.3. determinar à Secretaria Executiva do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão
(SE/MP) que, em articulação com a Secretaria do Patrimônio da União (SPU) encaminhe, no
prazo de 90 (noventa) dias, a este Tribunal, plano de ação para implementar todas as
recomendações a seguir descritas, identificando os responsáveis pela adoção das medidas e
informando cronograma de curto, médio e longo prazo, para o seu cumprimento, ou justificativa
sobre a decisão de não implementar tais recomendações (item 5.3.9.2 do presente relatório);
41
gerenciais;
8) inclusão de campo para memorial
8) ausência de módulo financeiro; descritivo das benfeitorias;
9) ausência de integração do 9) criação de funcionalidade para
Spiunet com outros sistemas da pesquisa georreferenciada de
SPU; e imóveis; e
10) criação de funcionalidade
10) ausência de aviso
que permita a atualização do
automático acusando que o
valor do m² do terreno e da
imóvel está com avaliação e
benfeitoria de quaisquer dos RIPs
prazos vencidos.
vinculados ao RIP Matriz e que
atualize todos os demais RIPs.
43
44
45
VOTO
Conforme consta nos autos, a presente atividade de fiscalização é parte integrante de uma
Fiscalização de Orientação Centralizada (FOC), realizada no âmbito da Secretaria do Patrimônio da
União, com vistas a verificar os procedimentos de avaliação dos bens dominiais e de uso especial da
União situados nos Estados do Acre, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espirito Santo, Mato Grosso,
Paraná, Pernambuco, Rio Grande do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe. Está baseada em
informações colhidas junto ao Sistema Integrado de Administração Patrimonial (Siapa) e ao Sistema
de Gerenciamento dos Imóveis de Uso Especial da União (SPIUnet), e em consultas formuladas por
meio da ferramenta institucional DW/SPU (Data Warehouse).
2. Trata-se de um tema de grande relevância que vem sendo tratado há muito tempo por esta
Corte, mas que, ao longo dos anos, tem proporcionado poucos resultados efetivos, em termos de
adequação de procedimentos às práticas de boa governança. Isso, mesmo considerando como situação
desejável um estado de gestão patrimonial apenas razoável e não ideal. Daí a necessidade de
enfrentarmos a questão mais uma vez e com rigor redobrado, sob pena de mantê-la no estado precário
em que se encontra.
3. Como facilmente se conclui da leitura do relatório precedente, as receitas patrimoniais têm
um potencial de crescimento enorme, pois, apesar de todos os percalços que a Secretaria de Patrimônio
da União - SPU vem enfrentando ao longo de todos esses anos, com falta de pessoal e
contingenciamentos, a receita que o órgão gera com sua atividade já é muito significativa.
4. O trato efetivo de questões relacionadas ao ativo patrimonial da União e suas receitas,
pelos órgãos centrais, vem sendo negligenciado há muito tempo, de uma forma desidiosa e
inexplicável. Há que se dar um fim nessa situação, pois a continuidade de pagamentos irrisórios por
grandes e valiosas áreas pertencentes à União é um verdadeiro enriquecimento sem causa por parte de
particulares que delas se beneficiam, não obstante a aparência de legalidade.
5. O não aproveitamento do potencial gerador de receitas de bens dominiais, ao lado da má-
gestão de bens de uso especial, a meu ver, é algo deplorável e preocupante, pois sabe-se que, em
relação à matéria, fortes interesses contrários se digladiam em torno da aprovação, no Congresso
Nacional, do importante Projeto de Lei nº 5.627/2013, que dispõe sobre o parcelamento e a remissão
de dívidas patrimoniais com a União.
6. A meu ver, o problema se inicia com a utilização ineficiente de um instrumento de gestão
indispensável: o planejamento estratégico. Há claramente um círculo vicioso na gestão, onde a falta de
planejamento estratégico efetivo inviabiliza a existência de estrutura humana e material necessária para
o alcance de seus objetivos, e essa estrutura carente, por sua vez, inviabiliza a própria implementação
do planejamento, pois o desdobramento de planos de ação e o acompanhamento de sua implementação
não são eficientes por carência de recursos humanos e materiais.
7. Os efeitos desse círculo vicioso se refletem na adoção de poucas práticas de boa
governança para a definição e o atingimento dos resultados pretendidos institucionalmente. As
demandas da SPU relacionadas à gestão de pessoas e competências, por exemplo, não são inteiramente
atendidas pela Subsecretaria de Planejamento, Orçamento e Administração (SPOA/SE/MP). O
controle interno e a gestão de riscos, necessários para a avalição tempestiva de fatores e oportunidades
que comprometam ou auxiliem o atingimento dos objetivos institucionais, também são insuficientes. A
deficiência e desatualização das informações disponibilizadas pelos sistemas e pelo próprio sítio na
internet, aliada à falta de pessoal qualificado e em número suficiente para o atendimento ao público,
revelam pouca ênfase no relacionamento com terceiros interessados. Todavia, vejo com bons olhos a
instituição do Conselho de Avaliadores de Imóveis da SPU, que, não obstante ter natureza meramente
consultiva, é um passo rumo à implantação de um sistema de governança efetivo.
8. Essa deficiência na gestão estratégica torna-se ainda mais grave quando se constata que a
própria legislação concernente à atividade do órgão encontra-se defasada, esparsa e lacunosa,
impossibilitando demarcações claras da missão institucional e da reserva de competências em relação a
outros órgãos, além do estabelecimento de um arcabouço legal que delineie o quadro das relações
jurídico-patrimoniais com terceiros, em parte tratada no Projeto de Lei nº 5.627/2013 acima citado.
9. No tocante ao desempenho da atividade- fim da SPU, as mais relevantes impropriedades
ora verificadas no contexto da avaliação de bens dominiais e de uso especial da União podem ser
subsumidas em falhas operacionais propriamente ditas e em falhas estruturais, quando relacionadas à
gestão dos recursos materiais e humanos empregados na atividade.
10. Em relação às últimas, importante notar que elas são concernentes a problemas estruturais
que trazem óbices ao pleno exercício de suas atribuições em razão da insuficiência do espaço físico das
superintendências, dos recursos humanos disponíveis, dos recursos orçamentários alocados e dos
recursos de TI em uso. São de tal monta que se refletem no grande número de bens avaliados de forma
inadequada ou simplesmente não avaliados regularmente. Representam problemas que estão também
na raiz da dificuldade das superintendências estaduais em obter informações atualizadas de alguns
órgãos e entidades da Administração Federal sobre bens de uso especial.
11. Exemplo de falha estrutural grave é a precariedade da conservação de mapas e documentos
importantes para a demarcação de terrenos da União. Considerando a importância dessas peças para
atividade-fim da SPU, causa espécie verificar que essa irregularidade ainda não foi sanada, apesar de
já ter sido apontada pelo Tribunal (Acórdão nº 522/2003 – TCU – Plenário) e de ter uma solução de
baixo custo por meio de digitalização.
12. Por sua vez, a deficiência quantitativa e qualitativa de recursos humanos empregados nos
procedimentos de avaliação dos imóveis figura como uma das principais causas de irregularidades
verificadas nas diversas ações que compõem a presente FOC. Verificou-se que o número de servidores
com o conhecimento técnico necessário para a tarefa é claramente insuficiente, o que ratifica a
existência de falha grave de gestão de pessoas há muito conhecida por este Tribunal.
13. Em 2005, segundo consta no relatório que fundamentou o Acórdão nº 2.084/2005 – TCU –
Plenário, o Governo Federal demonstrou estar sensível aos problemas enfrentados pela SPU ao editar o
Decreto nº 5.134/2004, dando- lhe nova estrutura organizacional e um novo quadro de cargos
comissionados e de funções gratificadas. Na aquela ocasião, este Tribunal também foi informado da
publicação da Medida Provisória nº 212/2004 (convertida com alterações na Lei nº 11.095/2005), que
criou a Gratificação de Incremento à Atividade do Patrimônio da União – GIAPU, que tinha por
objetivo motivar servidores a superarem as metas de administração do patrimônio imobiliário da
União, de cobrança administrativa e de arrecadação patrimonial, pela progressão salarial. Ao que
consta nos presentes autos, seus efeitos não alcançaram os níveis esperados, haja vista a pouca
atratividade que o órgão possui aos olhos de bons quadros da Administração Federal e a dificuldade
institucional de fixação de metas claras e factíveis.
14. Os recursos de tecnologia da informação disponíveis também são insuficientes, haja vista o
fato de que o Sistema Integrado de Administração Patrimonial (Siapa) e o Sistema de Gerenciamento
dos Imóveis de Uso Especial da União (SPIUnet) já mostram sinais de obsolescência e inadequação ao
seu uso como instrumento de gestão patrimonial, pois não dispõem de meios adequados de
cadastramento e de ferramentas de busca e de extração de relatórios que satisfaçam as necessidades
gerenciais. Essas constatações relativas aos dois sistemas, foram objeto de recomendações constantes
da Decisão nº 295/2002 – TCU - Plenário e dos Acórdãos nº 4219/2009 TCU - 2ª Câmara e 100/2010
TCU - 2ª Câmara, que agora tomam corpo sob a forma de um projeto de reestruturação dos dois
sistemas, cuja continuidade vem sendo ameaçada por contingenciamentos orçamentários.
15. É notório que todas essas falhas têm impacto financeiro direto. Apesar todos os óbices que
o órgão enfrenta na adoção de recomendações e determinações, facilmente percebe-se que a adoção
efetiva das medidas a serem propostas no presente relatório consolidado, trará um substancial aumento
de recursos públicos relacionados a arrecadação de foro, laudêmio e taxas de ocupação.
16. Essa assertiva fica clara se verificarmos a situação dos imóveis dominiais sob a gestão das
superintendências estaduais. Além do baixo índice de demarcação, causado por falta de ações
administrativas de controle dos terrenos de marinha, acrescidos e marginais, a situação dessa categoria
de bens imóveis da União é ainda pior. Nomes de foreiros e ocupantes e mesmo a identificação precisa
do imóvel, em muitos casos, são desconhecidos. A razão aventada é a falta de pessoal qualificado para
a tarefa de cadastramento e ausência de condições financeiras para a contratação de empresa que
forneça uma base cartográfica que auxilie o órgão. Parece ser isso o que efetivamente está ocorrendo
na implementação do Plano Nacional de Caracterização, cujo acompanhamento foi determinado pelo
Acórdão nº 2.626/2014 – TCU – Plenário.
17. Imóveis ocupados por grandes grupos econômicos estão subavaliados, na maioria das
superintendências estaduais, em razão de Plantas Genéricas de Valores (PGV) desatualizadas,
acarretando pagamentos irrisórios a título de foro, laudêmio ou taxas de ocupação. Nesse
levantamento, causa espécie não se ter verificado nenhum imóvel dominial superavaliado, enquanto os
casos de subavaliação sobejam. Por esta razão que defendi, nos diversos autos referentes aos relatórios
parciais, que as determinações propostas pelas Unidades Técnicas, por mais que tenham a intenção de
apenas conformar os procedimentos à lei, devem ser precedidas de audiência dos gestores envolvidos,
nos termos do art. 250, inciso IV, do Regimento Interno.
18. Considerando que ainda não houve o devido contraditório, defendi naqueles processos que
não era pertinente fazer uma determinação direta para que se procedesse à correta avaliação dos
imóveis dominiais sob sua gestão. Meu posicionamento é no sentido de que irregularidades de que
possam resultar prejuízos ao Erário e enriquecimento sem causa a terceiros, não podem ser tratados
como falta ou impropriedade de caráter formal (art. 43, inciso I, da Lei nº 8.443/92), mas sim como
transgressão a norma legal ou regulamentar de natureza contábil, financeira, orçamentária, operacional
e patrimonial. Achei por bem, portanto, determinar a audiência dos responsáveis para apresentar razões
de justificativa (art. 43, inciso II, do mesmo diploma), reservando as determinações apenas às falhas e
inconsistências.
19. Entendo que os gestores devem ser ouvidos em audiência, independentemente do resultado
da análise superficial feita em cada caso, uma vez que essa irregularidade, a meu ver, é grave por si só.
Apenas diante das razões de justificativa futuramente apreciadas em autos apartados é que se poderá
avaliar o nível de responsabilidade dos gestores, dentro do contexto e limites de cada gestão. Nos casos
das Superintendências da SPU nos Estados do Ceará e de Pernambuco, a SecexAdmin representou as
irregularidades a este Tribunal, já encontrando-se em fase de audiência dos gestores
(TC 033.368/2014-7 e TC 033.370/2014-1).
20. Reconheço que há necessidade de disciplinamento da metodologia de atualização das
PGVs por parte da SPU Órgão Central, além da adoção das ações necessárias para que as
superintendências procedam à demarcação e ao cadastramento da Linha de Preamar Médio (LPM),
uma vez que isso é condição necessária para que os valores sejam efetivamente atualizados.
21. Nessa atualização, o emprego de índices de correção monetária ou a adequação de valores
aos praticados no mercado imobiliário gera polêmica e as orientações não são convergentes, apesar de
o Superior Tribunal de Justiça (STJ) já ter firmado entendimento no sentido de ser possível a
majoração de imposto, foro, laudêmio ou taxa de ocupação, com base na atualização do valor do
imóvel em relação ao praticado no mercado imobiliário. Essa questão, em razão de seu potencial de
responsabilização, deve ser tratada com mais profundidade no processo apartado a ser criado.
22. Ao longo da execução das diversas auditorias, restou claro também para as equipes e
alguns gestores a necessidade de que a SPU, dentro de sua alçada normativa, procedesse a um trabalho
de consolidação e atualização de normas e de acionamento dos órgãos com competência legislativa.
Considero, portanto, fruto da presente ação fiscalizadora deste Tribunal a edição da Instrução
Normativa nº 1, de 02/12/2014 (Diário Oficial da União, Seção 1, de 04/12/2014), cujo escopo é o
estabelecimento dos procedimentos técnicos e administrativos de avaliação, por meio da definição dos
parâmetros técnicos para cobrança de terceiros que se utilizam de bens imóveis da União ou de seu
interesse. Esse fato deixa sem objeto a proposta da Unidade Técnica de determinar à Secretaria de
Patrimônio da União que normatize os procedimentos a serem utilizados pelas superintendências
estaduais para atualização de suas plantas genéricas de valor (PGV), inclusive com relação aos índices
a serem utilizados, em conformidade com as atribuições estabelecidas no artigo 1º da Lei 9.636/1998.
Todavia, entendo que isso não exime este Tribunal de continuar monitorando o pleno cumprimento da
instrução normativa recém-expedida e, por esta razão, faço proposta nesse sentido na minuta de
acórdão a seguir.
23. Nota-se nessa matéria que a existência de valores irrisórios relacionados a imóveis
dominiais no Siapa, por si só, já revela falta de controle na identificação de bens com valores
desatualizados, ao lado de falhas cadastrais e da ausência de procedimentos de atualização que
obedeçam os princípios da razoabilidade e da proporcionalidade. A consequência disso tudo é a falta
de confiabilidade nos dados armazenados no sistema e a depreciação indevida de valores cobrados a
título de foro, laudêmio e taxas de ocupação, com claros prejuízos para a Administração.
24. Desafortunadamente, esse quadro não se apresenta melhor quando se volta a atenção para
os bens de uso especial. O conjunto dos bens de uso especial nas unidades da federação auditadas
mostra que mais da metade deles está com avaliação vencida. Isso demonstra, de um modo geral, a
existência de um quadro muito precário das atividades de avaliação de bens de uso especial, que causa
distorções ao Balanço Geral da União.
25. Mesmo entre os imóveis de uso especial efetivamente avaliados, alguns deles
materialmente relevantes, foram superavaliados (41,6%) ou subavaliados (75%) em razão da não
adoção dos procedimentos então previstos na ON-Geade 04/2003, na norma ABNT-NBR 14653-2 e no
Manual SPIUnet. Assim, entendo pertinente ser dada ciência à SPU a respeito dessa situação e da
necessidade da correta avaliação desses bens, sem prejuízo de determinar às superintendências
estaduais que façam a devida avaliação.
26. Em suma, o presente Relatório de Auditoria teve o mérito de traçar um retrato vivo da
gestão patrimonial no âmbito da Administração Federal e o que podemos ver está distante do desejado.
O planejamento deficiente e a ausência de boas práticas de governança contribuíram para que a SPU
não atingisse plenamente seus fins institucionais, em razão da precariedade dos recursos humanos,
financeiros e materiais. Essa deficiência trouxe como resultado a depreciação da receita patrimonial da
União, além de distorções no Balanço Geral, assunto tratado nas contas prestadas pela Presidenta da
República em 2013, com recomendações, o que demanda a adoção de providências por parte dos
gestores e deste Tribunal.
27. Além disso, deve-se encaminhar cópia do presente relatório, voto e acórdão às
superintendências que foram objeto da presente FOC e às que não foram, para providências a seu
cargo, vez que os problemas de governança identificados, com certeza, este ndem-se a todo o sistema.
28. Assim, diante de todo o exposto, pedindo as vênias devidas, acolho com alterações a
proposta de encaminhamento da Unidade Técnica, cujos argumentos convergentes incorporo às
presentes razões de decidir, e Voto por que seja adotado o Acórdão que ora submeto à apreciação deste
Plenário.
TCU, Sala das Sessões Ministro Luciano Brandão Alves de Souza, em 4 de fevereiro de 2015.
RAIMUNDO CARREIRO
Relator
TC 013.087/2014-2
DECLARAÇÃO DE VOTO
Senhor Presidente,
Senhores Ministros,
Senhor Procurador-Geral,
Senhoras e Senhores,
De início, gostaria de ressaltar a importância do trabalho que ora submete à apreciação deste
Colegiado o ilustre ministro Raimundo Carreiro, realizado na modalidade de Fiscalização de Orientação
Centralizada (FOC).
A gestão do patrimônio da União sempre mereceu minha preocupação, desde os tempos de
parlamento. Como se observa, as irregularidades apuradas, que se repetem em todas as unidades da
federação auditadas, vêm sendo observadas por este Tribunal há mais de duas décadas, o que demonstra a
total falta de controle da União em uma área de extrema relevância econômica, social e política para o
país.
Dentre as consequências de tamanho descontrole sobressaem a materialização de prejuízos
financeiros em virtude da ausência de fiscalização e a perda de receita devido a deficiências no
cadastramento e na avaliação dos bens imóveis.
Devo destacar que a viabilidade da execução dessa fiscalização, de grande complexidade e
abrangência, se deveu ao novo modelo de fortalecimento das secretarias de controle externo nos estados
implantado durante a minha gestão na Presidência deste Tribunal. Tal ação de controle contou com a
participação de seis Secretarias de Controle Externo regionais responsáveis pela função Administração,
que avaliaram a situação da gestão dos imóveis da União em doze estados da federação. Esse novo
modelo permitiu a realização em 2014 de dezessete FOCs e sete trabalhos de âmbito regional.
É com satisfação que observo, também, a utilização do Referencial Básico de Governança do
TCU como critério de auditoria, o que contribuiu para a objetividade das análises empreendidas e para a
orientação dos gestores quanto à realização de ações voltadas à melhoria da governança nas instituições
públicas.
Por fim, concordando com o encaminhamento proposto, enalteço a irreparável condução do
excelente trabalho pelo Ministro Relator e louvo a atuação das unidades técnicas envolvidas.
AUGUSTO NARDES
Ministro
1. Processo TC 013.087/2014-2
2. Grupo I - Classe de Assunto: V – Relatório de Auditoria
3. Responsável: Cassandra Maroni Nunes (076.412.088-35)
4. Órgãos: Secretaria do Patrimônio da União (SPU), Superintendência do Patrimônio da União no
Acre (SPU/AC), Alagoas (SPU/AL), Ceará (SPU/CE), Distrito Federal (SPU/DF), Espírito Santo
(SPU/ES), Mato Grosso (SPU/MT), Paraná(SPU/PR), Pernambuco (SPU/PE), Rio Grande do Sul
(SPU/RS), Rondônia (SPU/RO) Santa Catarina (SPU/SC) e Sergipe (SPU/SE)
5. Relator: Ministro Raimundo Carreiro
6. Representante do Ministério Público: não atuou
7. Unidade Técnica: Secretaria de Controle Externo da Administração do Estado - SecexAdmin
8. Advogado constituído nos autos: não há
9. Acórdão:
VISTOS, relatados e discutidos estes autos de Relatório de Auditoria realizada nos
procedimentos de avaliação dos bens dominiais e de uso especial da União situados nos Estados do
Acre, Alagoas, Ceará, Distrito Federal, Espirito Santo, Mato Grosso, Paraná, Pernambuco, Rio Grande
do Sul, Rondônia, Santa Catarina e Sergipe, com base em informações colhidas junto ao Sistema
Integrado de Administração Patrimonial (Siapa) e ao Sistema de Gerenciamento dos Imóveis de Uso
Especial da União (SPIUnet) operacionalizados pelas superintendências estaduais, juntamente com
consultas formuladas por meio da ferramenta institucional DW/SPU (Data Warehouse).
ACORDAM os Ministros do Tribunal de Contas da União, reunidos em Sessão Plenária,
ante as razões expostas pelo Relator, em:
9.1. determinar à Secretaria-Executiva do Ministério do Planejamento, Orçamento e
Gestão (SE/MP), por meio da sua Diretoria de Tecnologia da Informação que, em articulação com a
Secretaria do Patrimônio da União (SPU):
9.1.1. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar da ciência desta
deliberação, os resultados da reestruturação promovida no sistema Siapa, conforme previsto no Plano
Diretor de Tecnologia da Informação 2014-2015 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão,
e as providências que estão sendo tomadas para implementação, no referido sistema, das
funcionalidades sugeridas em conformidade com a Decisão nº 295/2002 – TCU – Plenário, item 8.1.2,
alínea b, e os Acórdãos nºs 4.219/2009 – TCU – 2ª Câmara e 100/2010 – TCU – 2ª Câmara, ou as
justificativas sobre a decisão de não implementá- las;
9.1.2. encaminhe ao Tribunal, no prazo de 60 (sessenta) dias, a contar de 1º/3/2015, os
resultados da reestruturação promovida no sistema Spiunet, conforme previsto no Plano Diretor de
Tecnologia da Informação 2014-2015 do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão, e as
providências que estão sendo tomadas para implementação, no referido sistema, das funcionalidades
sugeridas em conformidade com o Acórdão 1.334/2009 – TCU – 2ª Câmara, ou as justificativas sobre
a decisão de não implementá- la;
9.2. determinar à Secretaria de Patrimônio da União que:
9.2.1. no prazo de 90 (noventa) dias a contar da ciência desta deliberação, envie
informações a respeito da implementação da Instrução Normativa nº 1, de 02/12/2014, no âmbito das
superintendências estaduais;
9.2.2. realize o levantamento, em âmbito nacional, a fim de identificar todos os imóveis
situados em zona de preamar, encaminhando o resultado ao TCU no prazo de 360 (trezentos e
sessenta) dias;
9.2.3 realize estudos, no prazo de 180 dias, tendentes à alienação dos imóveis inservíveis,
mediante prévia e adequada avaliação;
do imóvel.
1) ausência de georreferenciamento 1) criação de módulo para unificação e
(ferramenta de pesquisa eficaz, desmembramento de imóveis;
fazendo o uso de coordenadas 2) integração com o Sistema de Controle
geográficas); de Processos e Documentos do
2) ausência de módulo para emissão Ministério do Planejamento (CPROD);
de relatórios gerenciais; 3) inclusão de campo para memorial
SPIUNET 3) ausência de módulo financeiro; descritivo das benfeitorias;
4) ausência de integração do Spiunet 4) criação de funcionalidade para pesquisa
com outros sistemas da SPU; e georreferenciada de imóveis; e
5) criação de funcionalidade que permita a
5) ausência de aviso automático
atualização do valor do m² do terreno e
acusando que o imóvel está com
da benfeitoria de quaisquer dos RIPs
avaliação e prazos vencidos.
vinculados ao RIP Matriz e que atualize
todos os demais RIPs.
9.13. remeter cópia do presente Acórdão, bom como do Relatório e do Voto que o
fundamentam à Secretaria de Macroavaliação Governamental – Semag, a título de subsídio para a
análise das contas do governo referentes ao exercício de 2014;
9.14. arquivar o presente processo, com base no inciso V do art. 169 do Regimento Interno.
Fui presente:
(Assinado Eletronicamente)
PAULO SOARES BUGARIN
Procurador-Geral