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Microeconomia
Curso Cecı́lia Menon
1 Economia da Informação
1.1 Introdução
1.1.1 Modelos Tradicionais
Modelos tradicionais: informação perfeita.
Consumidores: informação sobre a qualidade dos produtos adquiridos.
Firmas: informação perfeita sobre a produtividade de novos empregados.
Podemos tratar os dois problemas, consumidor e firma, separadamente e depois unificar a análise via
preços que equilibram mercados.
3. As restrições geradas pelo modelo são descritas por um contrato, garantido por uma terceira
parte;
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1.2 Classificação dos Modelos
1.2.1 Classificação dos Modelos
I) Tipo da informação assimétrica:
(a) Seleção adversa (ou “Screening”): uma parte é imperfeitamente informada sobre as carac-
terı́sticas da outra parte. Parte desinformada move-se primeiro.
(b) Sinalização: uma parte é imperfeitamente informada sobre as caracterı́sticas da outra parte.
Parte informada move-se primeiro.
(c) Perigo Moral : uma parte é imperfeitamente informada sobre as ações da outra parte. Parte
desinformada move-se primeiro.
Cumprimento do contrato é assegurado por uma terceira parte (justiça, por exemplo).
• First-Best: a solução do problema para o caso em que a informação é perfeita. Esse caso serve
de comparação para avaliar a perda de bem-estar incorrida pela assimetria de informação.
Um resultado pouco intuitivo que pode ocorrer em certas situações de perigo moral é o bem-estar
total associado à solução de Second-Best ser menor do que o bem-estar total associado à solução de
Third-Best (obviamente, considerando apenas o principal, o seu bem-estar no Second-Best será maior
ou igual ao seu bem-estar no Third-Best).
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2 Seleção Adversa
2.1 Modelo
2.1.1 Modelo
Mercado de seguros para carros, com várias firmas e vários consumidores (Akerlof, 1970).
Modelo básico - serve para outros problemas (Spence (1973): sinalização no mercado de trabalho).
Alguma caracterı́stica de uma das partes da transação (agente) não é observada pela outra parte
(principal ).
Se a informação é completa, ou seja, tanto o vendedor como o comprador sabem qual é o tipo do carro,
então CB é vendido por um preço entre b e B e CR é vendido por um preço entre m e M (supondo
demanda infinita e oferta finita).
O que ocorre se o vendedor sabe a qualidade do carro, porém o comprador não observa a qualidade? O
que ocorre com o mercado? Agora apenas um preço, pois não é possı́vel diferenciar os tipos de carros.
Note que os vendedores oferecem CB apenas se p > b. Logo:
No segundo equilı́brio, se M < b e q suficientemente pequeno (poucos carros bons no mercado), então
qB + (1 − q)M < b, ou seja, os vendedores de carros bons não estão dispostos a vender CB. Logo o
primeiro caso é o equilı́brio.
Caso extremo (Akerlof): mercado de CB fecha. Porém mercados de CB existem, o que ocorre?
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2.1.3 Observação: Mercado com Escolha de Qualidade
No mercado de carros usados acima, ambos os tipos de carros já existem a priori. O que ocorre se
tivermos um mercado onde o produtor pode escolher a qualidade do bem a ser vendido, mas onde o
comprador não consegue observar o nı́vel de qualidade desse produto?
Pode-se mostrar que neste caso onde existe a escolha do nı́vel de qualidade de produção, a possibilidade
de produção de bens de baixa qualidade pode (dependendo das caracterı́sticas do mercado) destruir o
mercado do bem, tanto o mercado de alta qualidade como o mercado de baixa qualidade.
2.2 Sinalização
2.2.1 Ideia
Nos modelos de sinalização, o agente (vendedor do carro, no exemplo acima), de alguma maneira
crı́vel, comunica o seu tipo para o principal (o comprador, no exemplo acima).
Por exemplo, os vendedores de CB podem oferecer uma garantia para o CB, de modo a sinalizar
que seu carro é de boa qualidade. Neste caso, a sinalização serve para que os vendedores de CB se
diferenciem dos vendedores de CR e com isso o mercado funciona melhor.
Para que o sinal consiga de fato separar os dois tipos de carros, é importante que para o custo de
fornecer garantia para CR seja maior do que para CB (“single-crossingle property”, ou condição de
Spence-Mirrless ou condição de separação - “sorting condition”), de modo que não é viável para o
vendedor de CR fornecer a mesma garantia fornecida pelo vendedor de CB.
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Pode-se mostrar que o trabalhador de produtividade baixa está pior com a existência no equilı́brio
separador. E o trabalhador de produtividade alta? Está melhor no equilı́brio separador ou no equilı́brio
agregador?
O trabalhador de produtividade alta pode estar pior ou melhor no equilı́brio separador do que estaria
em uma situação sem sinal (equilı́brio agregador).
Ele adquire o sinal porque isto é o melhor a ser feito, uma vez que o equilı́brio separador é a instituição
que vigora no mercado. Logo, dado que todos os trabalhadores de tipo alto estão se educando e
recebendo salário mais alto, para ele é melhor também adquirir educação e se diferenciar do que não
se diferenciar e receber o salário destinado a trabalhadores de produtividade baixa.
Pode-se mostrar que quanto maior a proporção de trabalhadores de produtividade alta, mais provável
que este tipo de trabalhador esteja pior no equilı́brio separador.
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3 Perigo Moral
3.1 Introdução
3.1.1 Informação Imperfeita
Perigo moral está presente em transações onde uma da partes (principal) não consegue monitorar as
ações da outra parte, e essas ações são relevantes para a transação que está sendo negociada.
Exemplo: Seguro de automóveis - motorista pode deixar de tomar cuidado com o carro após adquirir o
seguro. Esse comportamento afeta o resultado do contrato (a probabilidade de o carro ser roubado pode
aumentar, por exemplo) e não é possı́vel (ou é muito custoso) a firma observar esse comportamento.
3.1.3 Exemplos
Firma e Empregado - esforço vs produção;
Acionistas e Gerentes;
Serviços - Médico e Paciente, Advogado e Cliente;
Fazendeiros e Arrentários (sharecropping decision);
Seguros - seguro contra roubo, seguro contra incêndio, seguros em geral de propriedades/bens.
3.1.4 O Problema
“First-Best”: caso em que o principal observa a ação do agente, de modo que é possı́vel implementar
a ação ótima diretamente.
Problema principal-agente: o principal deve desenhar um esquema de incentivos de tal modo que o
agente escolhe a ação desejada.
Em geral, supõe-se que:
• principal: neutro ao risco (principal consegue diversificar o risco associado com a sua relação
com o agente);
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3.1.5 Divisão Ótima de Risco
Divisão ótima de risco (optimal risk sharing): principal fornece um seguro total para o agente (por
exemplo, salário fixo para o agente) e com isso assume todo o risco da atividade produtiva.
A divisão ótima de risco nem sempre é possı́vel quando existe problema de perigo moral, pois o agente
pode não escolher a ação desejada pelo principal.
Solução: principal oferece um contrato ao agente. Trade-off entre:
• Divisão de riscos (salário do agente não deve depender do produto);
• Incentivos (principal deve condicionar o salário do agente ao produto).
3.2 Modelagem
3.2.1 Modelo
Suponha uma firma que contrata um trabalhador (vendedor, por exemplo), mas não tem como observar
o esforço feito por ele.
Vamos denotar por e a quantidade de esforço que o trabalhador dedica à atividade para a qual foi
contratado. Suponha que existam apenas dois nı́veis de esforço possı́veis, eL e eH , com eL < eH .
Vamos denotar por y a quantidade de produto gerado pelo trabalhador. Vamos supor também que
existam apenas dois nı́veis de produto, yL e yH , com yL < yH .
Vamos supor que o nı́vel de esforço do trabalhador não é observável e que o nı́vel de produto é
observável pela firma.
Note que cada nı́vel de esforço pode resultar nos dois tipos de produtos. Ou seja, mesmo que o
trabalhador se esforce pouco (eL ), o produto pode vir a ser alto (yH ). Similarmente, mesmo que ele
se esforce muito (eH ), pode ocorrer que o produto seja baixo (yL )
Isto é necessário para que o problema de perigo moral exista. Se o produto fosse perfeitamente
correlacionado com o nı́vel de esforço, a firma poderia inferir corretamente o nı́vel de esforço ao
observar o produto.
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3.2.4 Eficiência
Se no caso de informação perfeita o nı́vel de esforço ótimo é baixo, então o contrato ótimo nesse caso
será também o contrato ótimo para o caso de informação assimétrica.
Porém, se no caso de informação perfeita o nı́vel de esforço ótimo é alto, então pode ocorrer que para
o caso de informação assimétrica a firma decida implementar o nı́vel baixo de esforço. Isso ocorrerá se
for muito dispendioso para a firma induzir o consumidor, por meio do contrato, a se esforçar muito.
Neste caso, temos uma situação claramente ineficiente - a utilidade do consumidor continua igual a
sua utilidade reserva, porém a firma obtém lucro menor.
RESOLVER: Questão 9 - Exame 2011; Questão 15 - Exame 2010; Questão 15 - Exame 2009; Questão
13 - Exame 2008; Questão 10 - Exame 2007; Questão 9 - Exame 2006; Questão 9 - Exame 2005; Questão
8 - Exame 2004; Questão 9 - Exame 2003; Questão 8 - Exame 2002; Questão 12 - Exame 2002; Questão
11 - Exame 2001; Questão 12 - Exame 2001; Questão 12 - Exame 2000; Questão 13 - Exame 2000.