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PODER JUDICIÁRIO
TRIBUNAL REGIONAL ELEITORAL - BA
JUÍZO ELEITORAL DA 120ª ZONA
SENTENÇA
“(…) relatam os autos que, no dia 05/10/2008, por volta das 13:30 horas a denunciada foi
conduzida à Delegacia de Polícia, pois estava, nas proximidades da Prefeitura Municipal de
Retirolândia, em dia de eleição, distribuindo “santinhos” e realizando propaganda de boca de
urna (...)”.
2- A Ré foi regularmente citada (fls. 29). A defesa prévia foi oferecida pelo Bel. André Araújo
Martins dos Santos, OAB/BA 20.982, às fls. 32/33. À fls. 36, foi decretada a revelia da
acusada, pois validamente intimada não compareceu à audiência, sendo recebida a
denuncia e passada a instrução do feito, com a oitiva das testemunhas da acusação. Foi
reconhecida preclusa a prova testemunha da defesa pelas razões exaradas no termo de fl.
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5- Verifico que exsurge cristalina a versão fática contida na denúncia, segundo a qual, no dia
05/10/2008, por volta das 13:30 horas, nas proximidades do Mercado Municipal, a Ré foi
abordada distribuindo “santinhos”, agindo desta forma, por interesses políticos e
configurando o delito de boca de urna.
11- O relato feito em Juízo pela testemunha, MILLEN CASTRO MEDEIROS DE MOURA,
às fls. 59, é seguro e coerente, senão vejamos:
“(...) que no dia da eleição estava no fórum da comarca de Valente quando a chefe do
cartório eleitoral comunicou ao depoente que estava tendo um tumulto em uma escola no
centro da cidade de Retirolândia, (....) que ao retornar ao local foi abordado por um rapaz
que perguntou ao depoente se era permitido distribuir santinhos no dia da eleição, que
diante da resposta negativa do depoente o rapaz lhe perguntou porque a esposa do prefeito
estava distribuindo santinhos nas proximidades da escola, que o depoente se dirigiu até a
autora do fato e viu esta cercada por uma quatros pessoas a quem estava distribuindo “ a
cola” em que constava o numero do candidato Noe e o numero de um vereador começado
por 36, (...) que o depoente disse que não era permitida a distribuição de antinhos; que a
requerida disse: “ não pode, então vou parar”, que o depoente convidou a requerida para lhe
acompanhar até a Delegacia (...)
12- Observe-se que o motorista do veículo, GENIVAL SANTOS OLIVEIRA, de forma
categórica afirma que a Ré teve resistência em entrar no carro e que estava com papeis na
mão quando conduzida e que no local havia aglomerados de pessoas, podendo-se concluir
pela coerência das provas produzidas.
13- Assim, tal depoimento colhido em Juízo coincide com as declarações prestadas pela
referida testemunha, no dia da eleição.
14- Destarte, a prova oral é eficaz e todos os demais elementos probatórios são
contundentes, sendo robustos os dados de convicção que se harmonizam e conduzem à
certeza moral para sua condenação, porque os elementos constantes dos autos mostram-se
sedimentados e aptos para sustentar o decreto condenatório.
15- Desta maneira, dúvidas não pairam de que a Ré distribuiu santinhos no dia do pleito,
próximo as seções eleitorais. Assim, a Ré amoldou a sua conduta ao tipo penal descrito no
artigo 39, § 5º incisos II e III da lei 9504/97, a seguir descrito: “Art. 39. § 5º Constituem
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Autos do Processo nº 35/2008
crimes, no dia da eleição, puníveis com detenção, de seis meses a um ano, com a
alternativa de prestação de serviços à comunidade pelo mesmo período, e multa no valor de
cinco mil a quinze mil UFIR. (…) II - a arregimentação de eleitor ou a propaganda de boca
de urna;(...) III - a divulgação de qualquer espécie de propaganda de partidos políticos ou de
seus candidatos. Não há que se falar, portanto, em atipicidade da conduta conforme pleiteia
a Defesa.
16- ANTE O EXPOSTO e à luz de tudo mais que dos autos consta, JULGO PROCEDENTE
a pretensão punitiva estatal formulada na denúncia, para CONDENAR a Ré SILENE MOTA
ARAUJO, já qualificada, nas penas do artigo 39, § 5, incisos II e III da Lei 9.504/97.
17- Nos termos do artigo 287 do Código Eleitoral, passo à dosimetria e fixação da pena,
em estrita observância ao disposto pelo artigo 68 do Código Penal.
18- Inicialmente, passo à análise das circunstâncias judiciais previstas no artigo 59 do
Código Penal.
20- À vista destas circunstâncias, fixo a pena-base em 08 (oito) meses de detenção e multa
de 5.000,00 UFIR, o que equivale a R$ 5.320,50, (correspondente a 5.000 x R$ 1,0641-
valor da unidade fiscal) a qual torno definitiva, face à ausência de circunstâncias
atenuantes, agravantes, causas de diminuição ou aumento da pena.
21- Em consonância com o disposto pelo artigo 33, parágrafo 2º, “c”, do Código Penal, a Ré
deverá cumprir a pena em regime aberto.
22-Desta forma, observado o disposto pelo artigo 44, parágrafo 2º, primeira parte e na forma
do artigo 46, ambos do Código Penal, SUBSTITUO a pena privativa de liberdade aplicada
por uma pena restritiva de direito, consistente em prestações de serviços à comunidade
(art. 43, IV do CP), por se configurar nas melhor medida a ser aplicável na situação
evidenciada, devendo aquela se dar mediante a realização de tarefas gratuitas a serem
desenvolvidas, pelo prazo a ser estipulado em audiência admonitória (art. 46, § 4º do CP),
junto a uma das entidades enumeradas no parágrafo 2º do artigo 46 do CP, em local a ser
designado por este Juízo, devendo ser cumprida à razão de uma hora de tarefa por dia de
condenação, que será distribuída e fiscalizada, de modo a não prejudicar a jornada de
trabalho da condenada.
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