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Radioamadorismo
Nº 24 – Setembro de 2019
RADIOAMADORISMO – FAIXA DO CIDADÃO - ELETRÔNICA
Nesta edição:
r Fotos do Voyager VR-129PX-BT
r O maravilhoso mundo do SDR
r “Causos do rádio” - a “encomenda”
Revista Radioamadorismo – Página 2
EXPEDIENTE EDITORIAL
Plaquinha de circuito impresso. Faça uns pingos de solda seguindo a linha e depois
espalhe. Veja o jaque RCA de painel com rosca.
Usando essa anteninha, quero reforçar o que informamos antes: tenha extremo cuidado
com curto circuito, especialmente no conector RCA! Depois de montada, nosso dongle SDR fervia
e não sabíamos o porquê, até que verificamos com o multímetro um belo curto no conector RCA.
Depois de montada, verifique na ponta do cabo coaxial se está tudo correto.
Revista Radioamadorismo – Página 5
Aqui temos o jaque já fixo na PCI. Note por favor que era um teste pois a peça deve ficar do
outro lado da plaquinha, onde o cabo será soldado.
Essas bolinhas de
plástico com furinhos são
encontradas em lojas de
bijuterias. Eu as coloco nas
pontas das hastes de 3 mm das
antenas para evitar acidentes,
pois poderia ferir os olhos num
descuido qualquer.
Revista Radioamadorismo – Página 6
Uma boa sugestão: irradiante encaixável permite que se transporte a anteninha sem pontas
perigosas. Tenha cuidado especial ao fazer a soldagem da vareta, pois há uma lingueta nesta peça
que faz o contato com a carcaça metálica. A vareta é soldada apenas orifício do RCA. O contato da
malha do cabo coaxial é feito na parte debaixo, no jaque e no lado cobreado da PCI.
Para evitar acidentes, você pode colocar umas bolinhas de plástico, facilmente encontradas
em lojas de bijuterias. Faça um furinho nessas bolinhas com broca de 3 mm e encaixe. Fica bonito e
evita que alguém se machuque com as pontas das varetas.
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Tripé de
microfone
Nós utilizamos o programa SDR# (Leia-se SDR sharp) pois foi o que deu melhores
resultados em nossas experiências. Um detalhe é que esse programa funciona bem a partir
do Windos 7. No Linux, não carregou sob o WINE, o que foi uma decepção para nós, visto
que outros programas funcionaram sem problemas.
Este programa é grátis e você poderá encontrá-lo na versão mais atualizada neste
endereço: https://airspy.com/ é o primeiro da lista, pois tem vários outros relacionados ao
tema. Um tutorial que tem nesta página foi a chave para conseguirmos ouvir alguma coisa e
até mesmo solucionar problemas com o nosso dongle SDR. Basicamente falando, o segredo
está em criar uma pasta no desktop de seu computador, descompactar e rodar o programa
dentro dela. Nas configurações – a foto acima mostra a versão que usamos – é fundamental
ajustar o “ganho de RF” ou tuner AGC do aparelho, que normalmente fica desabilitado ou
no meio termo. Para se ouvir satélites em UHF, é necessário que ele tenha ganho total (algo
como 48 dB) Este recurso você acha clicando naquele símbolo de engrenagem.
Desde já vou te avisando: esses dongles SDR funcionam a partir dos 22 MHz. Se você
pretende ouvir HF, precisará de um aparelho conversor ou então comprar um acessório já
pronto para receber tanto HF como V/UHF. O custo nos sites chineses estão em torno de
100 dólares mas alguns sofisticados podem chegar aos 300 ou mais.
A maioria vem com umas anteninhas suficientes para ouvir rádios FM, mas para
satélites em VHF ou UHF você precisa de uma antena própria – alto ganho e boa relação
frente/costas - para cada faixa. Prepare-se para comprar adaptadores pois o conector
padrão desses dongles é o SMA, difícil de se achar em cidades do interior.
O manual tem umas 10 páginas, mas você pode baixar e traduzir pelo Google, embora
os termos sejam facilmente entendidos para quem estudou inglês no ginásio...
Revista Radioamadorismo – Página 10
Pode não ser o seu caso, mas esses toroides de ferrite retirados de cabos de vídeo de
computador ou de outros eletrônicos, são bons para filtrar alguns tipos de ruídos. No nosso caso,
melhorou bem a recepção do SDR. Foram colocados no cabo da antena, tanto no início do dongle
como próximo à antena. Nota: depois desse texto, descobrimos muita coisa sobre esses programas.
Agora estamos usando o SDR Console e descobrimos como fazer com que o Orbitron controle o
efeito doppler no HDSDR. No SDR# é fundamental rodar o programa Zadig, caso contrário, uma
DLL não será encontrada e ele simplesmente não funcionará.
Nas próximas edições detalharemos o que descobrimos “na unha” e com dicas “secretas” de
alguns colegas. Muitos tutoriais parecem feitos para quem já usa o sistema e não para novatos
como nós aqui.
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Revista Radioamadorismo – Página 11
Nesta foto, o clássico circuito do Pixie vendido em kit nos sites chineses. Entre a chave de
CW (Key) e a massa, alguns vem com um pequeno buzzer, facilmente encontrado em sucatas de
computador. Serve para ouvir as batidas da sua manipulação.
Aqui detalhes do painel de alumínio polido, o relógio marcando 8:49 hs (hora do MS) e os
botões ergonômicos. Tem uma bateria na placa interna. Se o seu relógio não funcionar ou manter a
hora mesmo desligado, troque-a.
Revista Radioamadorismo – Página 15
Na foto, nosso valente Voyage (sem o “r”) BR-9200. O melhor aparelho que tive aqui no
QTH para fazer a faixa de Dez Metros.
Em CW, um retorno extremamente alto incomodava muito, daí interrompemos uma trilha
na placa do aparelho e o retorno sumiu. Mas faz falta! É possível reduzir o volume do som
utilizando um trimpot, mas não tivemos paciência para experimentar.
Como era de se esperar, a frequência máxima que o BR-9200 chega, seria o canal 40 na
banda F. Temos aí 28.305 mas…. E esse “mas” sempre significa um macete para driblar essa
limitação. Claro, esse aparelho é clone de um outro e não permite programação via software para
aumento de canais ou outros refinamentos. Ainda assim, é o melhor que temos e pelo custo, eu
compraria uma dúzia deles para ter no QTH.
O macete é até simples: reserve o último canal da banda F para essa experiência. Tudo o que
você precisa é programar o clarificador para TX/RX, ou seja, transmissão e recepção na mesma
frequência. Daí, selecione o clarificador em saltos de 10 Khz para ir mais rápido. Só rodar o botão
do clarificador em sentido horário e você subirá até os 30 MHz. Para ajuste fino, visto que em
faixas de amador não se usa “canal”, mas sim o modo VFO, selecione agora saltos de 1 Khz e
pronto, será muito fácil manter contatos na banda dos 28 MHz.
Da mesma família,
outro aparelho muito bonito e
bom de operar, com seu
grande S-meter de ponteiro.
Sem contar que ele muda a
cor da luz de fundo. Um rádio
bom e bonito com bandas de
frequência indo de 25 a 28
MHz. Esse modelo não tem
CW nem FM. É um aparelho
para se bater papo com a
galerinha dos 11 Metros.
Revista Radioamadorismo – Página 16
CAUSOS DO RÁDIO
A “ENCOMENDA”
Desde início dos anos 70 a pequena Maracutaia do Sul tem operadores da Faixa do Cidadão.
Alguns pegaram o tempo dos pequenos aparelhos valvulados e outros já iniciaram quando a faixa
tinha 23 canais autorizados. Bons tempos do “Mata Rato” ou Motorádio, dos Laffayette, dos
Sommerkamp, dos Superstar. Lembrando que no Brasil o SSB foi implantado ou aprovado
oficialmente nos 11 Metros por volta de 1973.
Pois bem, em meados de 1980 a Faixa do Cidadão teve um grande impulso, devido ao bom
ciclo solar, onde se falava daqui de Maracutaia do Sul ao Rio de Janeiro com uma lampadinha de
farolete no lugar da antena. Depois houve um declínio e quase nos meados de 1990, começaram a
aparecer no mercado aparelhos jamais sonhados pelos PX: Alan, Midland, Voyage, President e
alguns outros mais sofisticados, como os Emperor TS-5010. Sim, foi época do famigerado Cobra
148GTL “New Model”, o famoso “cara preta” e “chorão”.
Nesta época – antes de aparecer o tal de celular e internet, houve uma explosão de
agrupamentos de caminhoneiros por todo o País e até de grupos de apoio aos “cargueiros pesados”.
Eram pessoas de toda a classe social, idade e rodas da vida, que tinham o prazer, embora não
fossem da lida, apoiar estourando QTC para todas as partes, dia e noite.
Em Maracutaia do Sul, em meados de 1990, haviam pelo menos 400 operadores da Faixa do
Cidadão, espalhados por diversos agrupamentos, desde 25 MHz até bem dentro dos 28 MHz, para
desespero dos Radioamadores, detentores oficiais da banda dos 10 Metros.
Os operadores mais antigos não se “bicavam” com a nova geração que pululavam a faixa,
com seus grupos e exigências absurdas, como o tal de visitar o canal de alguém. Esse pessoal mais
antigo operava em todos os canais, sem pedir licença ou coisa parecida e isso deixava os “maracas”
furiosos, pois encavam isso como invasão do canal de QAP.
As guerras entre os agrupamentos eram comuns e lembro de um episódio que ficou
registrado nos anais etéreos da pequena Maracutaia do Sul. Foi o caso envolvendo uma estação
“cabicêra” de um grupo, o tal de “Grupamento de Apoio aos Forrapêros Comedores de Asfalto”.
Os veteranos, já mais preocupados com os netos do que com a balbúrdia que virou os Onze
Metros, sempre estavam na coruja, assistindo de camarote o quebra pau entre os agrupamentos.
Um dia, corujando um dos canais do pessoal, alguém perguntou em tom misterioso: “ô fulano, já
chegou a incomenda?” Isso foi o suficiente para acender a luz amarela, indicando que algo mais
estava pairando sobre o céu fumacento de Maracutaia do Sul. O outro respondeu em tom mais
misterioso: “Tá na transportadora…. Devem entregar logo…. Custou um Chevette, mas a “bicha” é
“parruda”.
Havia um burburinho e euforia no ar….
No dia seguinte, quase clareando o dia, uma sombra misteriosa foi vista na porta do técnico
Benevídeo, um cara super legal, de meia idade. Havia feito curso técnico na Philco ou Phillips de
São Paulo. Manjava muito de válvulas e radio transmissores. Logo o “estação cabicêra” do tal
“grupamento” adentrou na salinha apertada, com um objeto volumoso e pesado debaixo do braço e
foi logo dizendo:
Benevídio, dê uma olhada nesse “aparato” aqui, pois veio de transportadora e quero ter
certeza que não tem nada quebrado… essa dá mil vátios, depois que foi modificada pelo famoso
Valvolino Trambikeri de SP!”
Conhecedor do assunto, o Benevídeo deu uma olhada no tramb… digo, objeto secreto e não
teve dúvidas. Era uma Mak 100-XYZ já “defuntada”, com uma válvula 6DQ6 que não dava nem 50
watts em SSB. Aberto a “butina” e testada, o velho Benevídeo, sincero como ele só, já avisou que
“aquilo” não ia chegar nem na esquina.
O “cabicêra”, afoito como sempre foi, já disse na cara dura: “oia, Benevídio, se você não dá
conta de ajustar a “bicha”, fecha tudo, pois vou mandar para o “seo” Frívio de Presidente
Prudente… aquele sim é téquinico. Tem gente de todo o Brasil na fila pra arrumar butina lá”.
Revista Radioamadorismo – Página 17
Ferido e açoitado no que ele tinha de mais sagrado, Benevídeo topou a parada. “Vou fazer
um checape geral e amanhã de manhã pode vir buscar!”
Olhando mais atentamente o circuito, o veterano técnico viu que o “ximito” do aparelho não
era nada mais que um circuito farejador de RF. Ajustando as espiras, foi possível fazer o ponteiro
do medidor entortar lá no final, marcando maravilhosos 1000 watts. Claro, continuava uma bos…
digo porcaria, dando uns 30 watts em 11 metros.
No dia seguinte a cidade estava em festa. Havia uma alegria velada no canal do “estação
cabicêra”. A todo o momento alguém perguntava: “que horas vai ser a estreia do…. “do negócio”?
Outra vozinha aveludada dizia: “ai, estou tão emocionado...quero ouvir o “cabicêra” arrebentar…
não vai ter para ninguém!”
Nesse meio tempo, o pessoal da velha guarda já estava na radio coruja, só vendo o que ia
acontecer. Segundo cálculos pela lista de chamada dos apoiadores do tal agrupamento havia uns
200 “maracanudos” no QAP, aguardando sua santi… digo, o estação “cabicêra” fazer a chamada
geral.
Lá pelas oito da noite, após uma agoniada espera, ouve-se uma voz extremamente saturada,
esparramando RF em três canais adjacentes:
- Alôooooo, Baguidá…… pronto, pronto, pronto! Istação cabicêra no canau…. Não tem pra
ninguém, pronto, pronto pronto….. alôoooooo Baguidá!
Foi uma comoção geral. O rapaz da vozinha aveludada chegou a desmaiar de tanta emoção.
A grita era geral: “agora Maracutaia do Sul tem estação pexizista! Não tem pra ninguém! Vamos
botar no chinelo esse pessoal velho e gagá do PY”.
Como uma ventania, o tempo passou. O técnico estimado por todos já não está entre nós.
Muitos outros já se foram, inclusive alguns “forrapeiros” que perderam suas vidas no “tapete preto”
desde grande País. A maioria simplesmente foi curtir outros passatempos, como ver filme no
Youtube ou cuidar dos netos e bisnetos. Mas ficou registrado nos anais de Maracutaia do Sul como
a arrogância de uns poucos pode corroer tanto uma atividade tão bela como a Faixa do Cidadão.
Forrapêro = farrapeiro, uma alusão à Guerra dos Farrapos. Caminhoneiro que se dizia sempre
estar na miséria apesar de seu trabalho duro.
Estação cabeceira = estação chave, ou comandante de uma rodada. Também era designação do
todo poderoso estação 01 ou primeiro da lista de associados.
Ximito = chimite, termo antigo que designa o sinal com o dedo polegar, indicando positivo. No
radioamadorismo antigamente era sinônimo do VU meter do rádio.
Botina ou bota = Amplificador linear de potência de RF. Nos anos 70 eram chamados de “lilico”.
Maracanudo/maraca = o mesmo que macanudo, gente boa, gente fina. Termo usado no Sul do
país.
Farolete = mesmo que lanterna de mão, à pilhas. Muito usados no interior antes do advento da
energia elétrica.
Parrudo = pesado, encorpado, algo grande, volumoso ou potente.
Aparato = aparelhagem, equipamentos de rádio ou acessórios
Nota do escritor: este texto é uma obra de ficção, portanto, qualquer semelhança
com eventos acontecidos ou nomes de pessoas terá sido uma mera coincidência.
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