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PROCESSO Nº 23000.008779/2020-69
INTERESSADO: MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO - MEC
ASSUNTO
0.1. Proposta de portaria que disporá sobre a substituição das aulas
presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do
Novo Coronavírus - COVID-19 e revoga as Portarias nº 343, de 17 de março de
2020, nº 345 de 19 de março de 2020 e nº 473, de 12 de maio de 2020.
1. REFERÊNCIAS
1.1. Processo nº 23000.008779/2020-69.
1.2. Portaria nº 343, de 17 de março de 2020.
1.3. Portaria nº 395, de 15 de abril de 2020.
1.4. Portaria nº 473, de 12 de maio de 2020.
2. SUMÁRIO EXECUTIVO
2.1. A presente Nota Técnica possui como objetivo subsidiar a elaboração de
nova proposta de portaria que disporá sobre a substituição das aulas presenciais por
aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus
- COVID-19, estendendo o prazo até 31.12.2020, e revoga as Portarias nº 343, de 17
de março de 2020, nº 345 de 19 de março de 2020 e nº 473, de 12 de maio de
2020.
3. ANÁLISE
3.1. O novo coronavírus (COVID-19) é um agente relacionado à infecções
respiratórias, que podem apresentar-se com um quadro semelhante às demais
síndromes gripais. Sua transmissão, com base no conhecimento científico adquirido
até o presente momento, ocorre através da entrada no trato respiratório, pelo
contato com gotículas de secreções (muco nasal, por exemplo). Isso pode acontecer
por meio do contato direto com as secreções da pessoa infectada, pela tosse ou
espirro, ou de forma indireta, pelo contato com superfícies contaminadas, levando-se
as partículas ao nariz ou à boca através das mãos.
3.2. Conforme orientações do Ministério da Saúde, para prevenir a
transmissão, recomenda-se manter os ambientes bem ventilados, não compartilhar
objetos de uso pessoal, evitar aglomerações, cobrir o nariz e a boca ao tossir ou
espirrar e lavar as mãos com água e sabão ou usar álcool em gel.
3.3. Ademais, vale destacar que a eclosão recente de epidemias e desastres
em diversos pontos do mundo fez com que a OMS promovesse a revisão do
Regulamento Sanitário Internacional – RSI, a fim de definir ações e responsabilidades
mais claras para todos os Estados-membros e garantir uma maior articulação
internacional para o enfrentamento de eventuais epidemias globais. O Brasil
comprometeu-se politicamente com tal processo de elaboração das novas diretrizes
mundiais, tendo participado ativamente na elaboração da versão acatada pela
Nota Técnica Conjunta 17 (2099369) SEI 23000.008779/2020-69 / pg. 1
mundiais, tendo participado ativamente na elaboração da versão acatada pela
Assembleia Geral da OMS, aprovando o Decreto Legislativo nº 395/2019 e
promulgando o texto do Regulamento por meio do Decreto nº 10.212/2020.
3.4. Assim, considerando a situação de pandemia do coronavírus (COVID-19),
reconhecida pela OMS e com o objetivo de enfrentar da melhor maneira tal situação,
foi editada a Lei nº 13.979, de 06 de fevereiro de 2020, que dispõe sobre as medidas
para enfrentamento da emergência de saúde pública de importância internacional
decorrente do coronavírus responsável pelo surto de 2019.
3.5. Ainda nesse contexto, o Decreto Legislativo 6, de 20 de março de
2020, reconheceu oficialmente o estado de calamidade pública no Brasil, estendendo
seus efeitos até o dia 31 de dezembro do ano corrente, nos termos da
solicitação do Presidente da República encaminhada por meio da Mensagem nº 93, de
18 de março de 2020. É o contido no referido normativo que justifica a proposição de
nova Portaria que disporá sobre a substituição das aulas presenciais por aulas em
meios digitais enquanto durar a situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-
19, contendo prazo alinhado ao previsto no Decreto Legislativo estendendo o prazo
estabelecido no âmbito das Portarias nº 343 e nº 345/2020.
3.6. Diante da urgente necessidade de tomada de providências frente à
confirmação dos primeiros casos de Coronavírus em território nacional, seguindo a
linha da OMS de proteção à saúde, no uso de suas atribuições, esta Pasta publicou,
em 17 de março de 2020, a Portaria n° 343, que dispõe sobre a substituição das
aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a situação de pandemia
do Novo Coronavírus – COVID-19, com o prazo de validade de 30 dias a partir de sua
publicação. Posteriormente, foi publicada, em 19 de março de 2020, a Portaria nº
345, que altera a retromencionada portaria.
3.7. Destaca-se que o prazo previsto no § 1º do art. 1º da Portaria nº 343, de
17 de março de 2020, foi prorrogado duas vezes, por meio das portarias Portarias
nº 395, de 15 de abril de 2020 e nº 473, de 12 de maio de 2020.
3.8. E mais uma vez visando melhor atender a conveniência da administração
pública e, principalmente, as necessidades coletivas, tendo em vista a continuidade
do atual cenário de pandemia decorrente do novo coronavírus (COVID-19), que
sugere-se o alinhamento do termo de vigência da Portaria a ser proposta com o
prazo estabelecido pelo Decreto Legislativo 6, de 20 de março de 2020, para duração
dos efeitos da declaração de calamidade pública, observando, assim, o princípio da
razoabilidade, pois, diante do cenário retromencionado, entende-se necessária
a possibilidade de substituição das disciplinas por aulas em meios digitais.
Alternativamente à autorização de substituição citada, as instituições de educação
superior poderão suspender as atividades acadêmicas presenciais pelo mesmo
prazo.
3.9. Ainda, se mostra relevante ressaltar que a autorização concedida aqui
pelo Poder Público se direciona especificamente às Instituições de Ensino Superior
devidamente credenciadas, cujos cursos estejam regularmente autorizados por
esta Pasta e respeitada a questão da autonomia universitária. Ademais, conforme a
proposta apresentada as instituições deverão comunicar ao Ministério da Educação a
opção pela substituição de aulas, mediante ofício, assinado pelo Procurador
Institucional da IES ou Representante Legal de sua mantenedora, em até quinze dias.
3.10. Importante citar ainda a recente homologação ministerial do Parecer
CNE/CP nº 5/2020, por meio do Despacho s/nº de 29 de maio de 2020, do Senhor
Ministro de Estado da Educação. O Parecer sustenta o posicionamento do Conselho
Nacional de Educação acerca da reorganização do Calendário Escolar e da
possibilidade de cômputo de atividades não presenciais para fins de cumprimento da
Clara está, portanto, que a regra de caráter excepcional, Portaria MEC n.º 343, de
2020, não possui a pretensão de alterar as disposições constantes da Portaria
MEC n.º 2.117, de 2019. Os dois normativos devem ser interpretados de forma
conjunta, de maneira que permanece inalterado o patamar de 40% (quarenta por
cento) para oferta na modalidade EaD, mas na base de cálculo de tal percentual
não devem ser incluídas as disciplinas que foram ofertadas na modalidade EaD
por força, exclusivamente, do atual estado de calamidade pública.
3.18. Neste contexto, entendemos que as dúvidas levantadas por algumas IES
e pelas suas associações estão sendo esclarecidas na edição da nova portaria, por
exemplo a questão relacionada às disciplinas presenciais em andamento, que
constava no art. 1º da Portaria nº 343/2020, onde algumas Instituições Federais de
Ensino-IFES, que ainda não haviam iniciado o semestre, em interpretação literal e
inadequada, consideraram que não se enquadravam em tal dispositivo, pois as
atividades de universidades com autonomia não poderiam ser disciplinadas na
portaria que apenas autoriza a possibilidade de substituição. De qualquer forma, a
dúvida de algumas instituições, as quais entendiam que estavam impedidas de
funcionar, é esclarecida na nova portaria.
3.19. Também, havia a interpretação inadequada do § 3º, do art. 1º, da
Portaria nº 343/2020, que tratava da vedação da substituição dos estágios e práticas
profissionais. A intenção da portaria foi de vedar a substituição dessas atividades
práticas, que devem ser realizadas de forma presencial nas instalações das IES,
assim entendia-se que o período da suspensão dessas atividades fosse por um
prazo em que os alunos depois pudessem realizar as reposições. As práticas
profissionais fora do estabelecimento educacional, nunca foram vedadas, pois não
dependem da regulamentação da SERES. Por exemplo, estágios em empresas,
hospitais particulares, e outros que se realizem fora da instituição, seguem as regras
locais e trabalhistas, cabendo a instituição o reconhecimento dessas atividades como
atividade complementar ou estágio regular, dentro dos convênios ou acordos
celebrados e conforme o Projeto Pedagógico do Curso, portanto não cabe imputar à
portaria possíveis rescisões de estágios profissionais por parte das empresas. Os
alunos nestes casos deverão retornar aos estágios oferecidos nas IES ou encontrar
novo estágio profissional para finalizar as horas necessárias à conclusão de seus
cursos.
3.20. Assim como é o caso dos hospitais universitários, onde não faz sentido a
vedação do internato, pois cabe a cada instituição estabelecer suas regras para que
os alunos possam exercer suas atividades com segurança. No caso específico do
internato de medicina, inclusive já há regulamentação de que componentes
curriculares que possuam atividades eminentemente práticas possuam carga horária
teórica de até 20% (vinte por cento) em determinadas áreas:
3.21. A nova portaria, também trata dessa questão, dado que o cenário de
retorno terá que ser estendido em várias localidades, por esta razão a nova portaria
está flexibilizando a prática de estágios e laboratórios, desde que disciplinados pelo
CNE, órgão que possui a competência para definir a Diretrizes Curriculares Nacionais
dos cursos superiores.
3.22. Aqueles cursos que não tenham previsão de substituição de laboratórios
e estágios em suas DCNs ou Projeto Pedagógico do Curso aprovados, permanecem
vedados até que sejam regulamentados conjuntamente pelo CNE e MEC.
3.23. Por fim, a Portaria procura encaminhar diretrizes e flexibilizar as
atividades da instituições de ensino no sentido de que elas possam funcionar e
manter o engajamento dos alunos. Em nenhum momento a portaria pretende
interferir na autonomia universitária ou na busca de soluções que contribuam para o
enfrentamento desta difícil situação.
4. CONCLUSÃO
4.1. Diante do exposto, encaminha-se a presente Nota Técnica à essa d.
CONJUR/MEC com o objetivo de que seja publicada portaria que disporá sobre a
substituição das aulas presenciais por aulas em meios digitais enquanto durar a
situação de pandemia do Novo Coronavírus - COVID-19 e revoga as Portarias nº 343,
de 17 de março de 2020 e nº 345 de 19 de março de 2020 e 473, de 12 de maio de
2020.
4.2. Sem mais para o momento, a Secretaria de Regulação e Supervisão da
Educação Superior –SERES, a Secretaria de Educação Superior-SESU e a
Secretaria Educação Profissional e Tecnológica - SETEC, permanecem à disposição
para quaisquer esclarecimentos.
RICARDO BRAGA
Secretário de Regulação e Supervisão da Educação Superior