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Direito Tributário

Walter Matheus Bernardino Silva

Técnico em Finanças
Direito Tributário
Walter Matheus Bernardino Silva

Cuiabá-MT
2014
Presidência da República Federativa do Brasil
Ministério da Educação
Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica
Diretoria de Integração das Redes de Educação Profissional e Tecnológica

© Este caderno foi elaborado pelo Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia/RO para a Rede e-Tec Brasil, do Ministério da Educação em parceria com
a Universidade Federal de Mato Grosso.

Equipe de Revisão Instituto Federal de Educação, Ciência e


Tecnologia de Rondônia - IFRO
Universidade Federal de Mato Grosso –
UFMT Campus Porto Velho Zona Norte
Coordenação Institucional
Carlos Rinaldi Direção-Geral
Miguel Fabrício Zamberlan
Coordenação de Produção de Material
Didático Impresso Direção de Administração e Planejamento
Pedro Roberto Piloni Gilberto Laske

Designer Educacional Departamento de Produção de EaD


Marta Magnusson Solyszko Ariádne Joseane Felix Quintela

Ilustração Coordenação de Design Visual e Ambientes


Tatiane Hirata de Aprendizagem
Rafael Nink de Carvalho
Diagramação
Tatiane Hirata Coordenação da Rede e-Tec
Ruth Aparecida Viana da Silva
Revisão de Língua Portuguesa
Lívia de Souza Lima Pulcherio

Revisão Final
Marta Magnusson Solyszko

Projeto Gráfico
Rede e-Tec Brasil / UFMT

Direito Tributário - Finanças

S5869d Silva, Walter Matheus Bernardino.

Direito tributário / Walter Matheus Bernardino Silva; org. Instituto Federal de Educação,
Ciência e Tecnologia; Universidade Federal do Mato Grosso - Cuiabá : UFMT; Porto Velho: IFRO, 2014.

141 p. ; -- cm.
Curso Técnico em finanças.

ISBN: 978-85-69951-04-9

1. Direito tributário – Espécies tributárias. 2. Direito tributário – Execução fiscal. 3. Crédito tribu
tário. 4. Imunidades tributárias. I. Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia. II. Universida
de Federal do Mato Grosso. III. Título.
CDD 343.8104
CDU 346.6

Ficha Catalográfica Elaborada pela Bibliotecária Cleuza Diogo Antunes CRB 11/864
Apresentação Rede e-Tec Brasil

Prezado(a) estudante,

Bem-vindo(a) à Rede e-Tec Brasil!

Você faz parte de uma rede nacional de ensino que, por sua vez, constitui uma das ações do
Pronatec - Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e Emprego. O Pronatec, instituído
pela Lei nº 12.513/2011, tem como objetivo principal expandir, interiorizar e democratizar
a oferta de cursos de Educação Profissional e Tecnológica (EPT) para a população brasileira
propiciando caminho de acesso mais rápido ao emprego.

É neste âmbito que as ações da Rede e-Tec Brasil promovem a parceria entre a Secretaria de
Educação Profissional e Tecnológica (Setec) e as instâncias promotoras de ensino técnico,
como os institutos federais, as secretarias de educação dos estados, as universidades, as es-
colas e colégios tecnológicos e o Sistema S.

A educação a distância no nosso país, de dimensões continentais e grande diversidade re-


gional e cultural, longe de distanciar, aproxima as pessoas ao garantir acesso à educação
de qualidade e ao promover o fortalecimento da formação de jovens moradores de regiões
distantes, geográfica ou economicamente, dos grandes centros.

A Rede e-Tec Brasil leva diversos cursos técnicos a todas as regiões do país, incentivando os
estudantes a concluir o ensino médio e a realizar uma formação e atualização contínuas. Os
cursos são ofertados pelas instituições de educação profissional e o atendimento ao estudan-
te é realizado tanto nas sedes das instituições quanto em suas unidades remotas, os polos.

Os parceiros da Rede e-Tec Brasil acreditam em uma educação profissional qualificada – in-
tegradora do ensino médio e da educação técnica – capaz de promover o cidadão com ca-
pacidades para produzir, mas também com autonomia diante das diferentes dimensões da
realidade: cultural, social, familiar, esportiva, política e ética.

Nós acreditamos em você!


Desejamos sucesso na sua formação profissional!

Ministério da Educação
Abril de 2014
Nosso contato
etecbrasil@mec.gov.br

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Indicação de Ícones

Os ícones são elementos gráficos utilizados para ampliar as formas de


linguagem e facilitar a organização e a leitura hipertextual.

Atenção: indica pontos de maior relevância no texto.

Saiba mais: oferece novas informações que enriquecem o


assunto ou “curiosidades” e notícias recentes relacionadas ao
tema estudado.

Glossário: indica a definição de um termo, palavra ou expressão


utilizada no texto.

Mídias integradas: remete o tema para outras fontes: livros,


filmes, músicas, sites, programas de TV.

Atividades de aprendizagem: apresenta atividades em


diferentes níveis de aprendizagem para que o estudante possa
realizá-las e conferir o seu domínio do tema estudado.

Reflita: momento de uma pausa na leitura para refletir/escrever


sobre pontos importantes e/ou questionamentos.

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Palavra do Professor-autor

Estimado(a) estudante,
Seja bem-vindo(a) ao componente curricular Direito Tributário.
É com grande satisfação que lhe apresentamos o conteúdo deste compo-
nente curricular, com carga horária de 40 horas.
Almejamos que o presente curso e o aprendizado dele decorrente tragam
elementos suficientes para que você consiga alcançar espaço e bom desem-
penho no mercado de trabalho.
Durante o curso, você terá a oportunidade de interagir por meio da plata-
forma Moodle e participar de chats, fóruns e realizar atividades individuais e
em grupo, o que lhe proporcionará o crescimento e o aperfeiçoamento do
aprendizado.
Vamos aprender juntos, somos parceiros nesta etapa da sua formação, conte
conosco, pois nós contamos com sua participação e sua dedicação.

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Apresentação da Disciplina

Neste caderno, nossos estudos terão como objeto o componente curricu-


lar Direito Tributário, onde serão abordados temas como o sistema cons-
titucional tributário e as limitações constitucionais ao poder de tributar; as
imunidades tributárias; obrigação e crédito tributários; suspensão, exclusão
e extinção do crédito tributário; competência tributária e instituição de im-
postos e a lei de responsabilidade fiscal; espécies tributárias; impostos da
União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, suas características
e peculiaridades; e execução fiscal.

Esses temas são extremamente relevantes para o direito tributário, que con-
siste em um dos ramos do direito onde se estudam as normas que discipli-
nam a instituição e a cobrança dos tributos no país.

Assim, referidos assuntos possuem grande relevância para o futuro profissio-


nal do(a) técnico(a) em finanças, já que sua atuação profissional está direta-
mente ligada ao sistema tributário de um modo geral. É imprescindível que
esse(a) profissional conheça os assuntos e institutos tratados neste caderno,
a fim de pensar e colocar em prática os ensinamentos adquiridos no curso
em questão, principalmente quando ingressar no mercado de trabalho.

Sendo assim, bons estudos e sucesso em seu aprendizado.

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Rede e-Tec Brasil 10
Sumário

Aula 1. Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais


ao Poder de Tributar 13
1.1 Sistema constitucional tributário 13
1.2 Limitações constitucionais ao poder de tributar 18

Aula 2. Imunidades Tributárias 35


2.1 Imunidades tributárias 35
2.2 Imunidade recíproca das pessoas políticas 37
2.3 Imunidade do patrimônio, renda e serviços das autarquias e fundações
instituídas e mantidas pelo poder público 37
2.4 Imunidade do patrimônio, da renda e dos serviços dos templos de qual-
quer culto 38
2.5 Imunidade dos partidos políticos, sindicatos dos empregados, institui-
ções assistenciais e educacionais sem fins lucrativos 39
2.6 Imunidade do papel destinado exclusivamente à impressão de jornais,
periódicos e livros 42
2.7 Imunidade dos fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no
Brasil contendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ ou
obras em geral interpretadas por artistas brasileiros, bem como os suportes
materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de replica-
ção industrial de mídias ópticas de leitura a laser. 43

Aula 3. Obrigação e Crédito Tributários 47


3.1 Obrigação tributária 47
3.2 Crédito tributário 53

Aula 4. Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 61


4.1 Suspensão do crédito tributário 61
4.2 Extinção do crédito tributário 63
4.3 Exclusão do crédito tributário 71

Aula 5. Competência Tributária e Instituição dos Impostos e a Lei de


Responsabilidade fiscal – LRF 77
5.1 Competência tributária 77

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5.2 A instituição dos impostos e a Lei de Responsabilidade Fiscal 81

Aula 6. Espécies Tributárias 87


6.1 Conceito e espécies de tributos 87
6.2 Impostos 89
6.3 Taxas 89
6.4 Contribuição de melhoria 90
6.5 Empréstimo compulsório 91
6.6 Contribuições sociais 92

Aula 7. Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Muni-


cípios, suas Características e Peculiaridades. 97
7.1 Impostos da União 97
7.2 Impostos dos Estados e do Distrito Federal 107
7.3 Impostos dos Municípios 113

Aula 8. Execução Fiscal 121


8.1 Regramento legal e conceito 121
8.2 Dívida ativa 122
8.3 Partes 124
8.4 Procedimento 124
8.5 Defesa do executado 126
8.6 Privilégios 127
Palavras Finais 130
Guia de Soluções 131
Referências 136
Obras Consultadas 139
Bibliografia Básica 140
Currículo do Professor-autor 141

Rede e-Tec Brasil 12


Aula 1. Sistema Constitucional Tributário
e Limitações Constitucionais ao
Poder de Tributar

Objetivos:

• identificar o sistema constitucional tributário; e

• localizar e caracterizar as limitações constitucionais ao poder de


tributar.

Estimado(a) estudante,

Esta é a nossa primeira aula da disciplina Direito Tributário. Iniciaremos nos-


sas reflexões com o estudo do sistema constitucional tributário e das limita-
ções constitucionais ao Poder de Tributar. Juntos, buscaremos compreender
a importância deste assunto para um(a) futuro(a) Técnico(a) em Finanças.

Desejamos que você compreenda os fundamentos do direito tributário, es-


tabelecidos na Constituição Federal, bem como se sinta sujeito integrante
desta temática, sobretudo pela importância deste assunto no mundo con-
temporâneo.

1.1. Sistema constitucional tributário


O Estado (Governo) necessita de recursos para executar sua missão consis-
tente em proporcionar à população os serviços essenciais de que ela precisa
(saúde, educação, segurança, trabalho, lazer etc.), de modo que a cobrança
de tributos se traduz na principal fonte de arrecadação de receitas públi-
cas, através das quais o Estado consegue, ou pelo menos deveria conseguir,
atender às necessidades básicas dos cidadãos.

Nesse sentido, são os ensinamentos do professor Sabbag:

A cobrança de tributos se mostra como a principal fonte das receitas


públicas, voltadas ao atingimento dos objetivos fundamentais, insertos
no art. 3º da Constituição Federal, tais como a construção de uma so-
ciedade livre, justa e solidária, a garantia do desenvolvimento nacional,

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 13 Rede e-Tec Brasil
a erradicação da pobreza e da marginalização, tendente à redução das
desigualdades sociais e regionais, bem como a promoção do bem-estar
da coletividade. (2010, p. 35).

Essa arrecadação de tributos é regulamentada por regras específicas, previs-


tas em lei, principalmente na Constituição Federal de 1988.

Assim sendo, o sistema constitucional tributário, na verdade, nada mais é


do que o conjunto de normas de caráter tributário, previstas na Constitui-
ção Federal de 1988, que, inclusive, dedica um capítulo inteiro ao sistema
tributário (Título VI – Da Tributação e do Orçamento – artigos 145 a 169).
Deste modo, as regras básicas do direito tributário estão estabelecidas na
Constituição, que é a principal lei do Brasil.

A propósito, interessantes são os ensinamentos de Jardim (2009, p. 178)


“[...] podemos conceituar o Sistema Constitucional Tributário como o con-
junto de normas organizadas harmonicamente no Texto Supremo, as quais
versam matéria tributária[...]”

Para Cassone (1989, p. 18), "Sistema Tributário Nacional é o conjunto de


princípios constitucionais que rege o poder de tributar, as limitações deste
poder e a repartição das correspondentes receitas".

Dentre tais normas, destacam-se alguns princípios que norteiam a atividade


tribuária e as imunidades, os quais figuram como limites (barreiras), pois
estabelecem regras que devem ser observadas pelo Estado, no exercício do
poder de tributar, como bem explica Harada:

Esses princípios expressos, juntamente com os implícitos, que decor-


rem dos primeiros, do regime federativo e dos direitos e garantias fun-
damentais, constituem o escudo de proteção dos contribuintes, atuan-
do como freios que limitam o poder de tributação do Estado. (2009,
p. 338)

Deste modo, nota-se que o Direito Tributário Brasileiro é um verdadeiro aglo-


merado de normas constitucionais, pois suas diretrizes básicas estão esta-
belecidas na Constituição Federal, segundo se extrai das lições de Ataliba
(2002, p. 130),“Em matéria tributária tudo foi feito pelo constituinte, que
afeiçoou integralmente o sistema, entregando-o pronto e acabado ao le-
gislador ordinário, a quem cabe somente obedecê-lo, em nada podendo

Rede e-Tec Brasil 14 Direito Tributário


contribuir para plasmá-lo”.

Assim, dentre as normas que compõem o sistema constitucional tributário,


pertinente analisar aquelas mais relevantes para o presente estudo, quais
sejam, os artigos 145, 150, 151, 153, 154, 155, 156, 157, 158 e 159.

O artigo 145 da Constituição Federal estabelece os principais tributos e suas


características, que podem ser instituídos e cobrados pelos entes políticos
(União, estados, Distrito Federal e os municípios):

Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios po-


derão instituir os seguintes tributos:
I - impostos;
II - taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utiliza-
ção, efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis,
prestados ao contribuinte ou postos a sua disposição;
III - contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas.
§ 1º - Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, faculta-
do à administração tributária, especialmente para conferir efetividade
a esses objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos
termos da lei, o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas
do contribuinte.
§ 2º - As taxas não poderão ter base de cálculo própria de impostos.

Os artigos 150 e 151 da Constituição Federal definem as limitações ao poder


de tributar, as quais serão objeto de estudo específico, mais adiante.

Nos artigos 153 e 154, a Constituição especifica os impostos que podem


ser criados pela União, ou seja, aqueles que, em regra, são arrecadados em
favor do Governo Federal:

Art. 153. Compete à União instituir impostos sobre:


I - importação de produtos estrangeiros;
II - exportação, para o exterior, de produtos nacionais ou nacionali-
zados;
III - renda e proventos de qualquer natureza;
IV - produtos industrializados;
V - operações de crédito, câmbio e seguro, ou relativas a títulos ou
valores mobiliários;

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 15 Rede e-Tec Brasil
VI - propriedade territorial rural;
VII - grandes fortunas, nos termos de lei complementar.

Art. 154. A União poderá instituir:


I - mediante lei complementar, impostos não previstos no artigo ante-
rior, desde que sejam não cumulativos e não tenham fato gerador ou
base de cálculo próprios dos discriminados nesta Constituição;
II - na iminência ou no caso de guerra externa, impostos extraordiná-
rios, compreendidos ou não em sua competência tributária, os quais
serão suprimidos, gradativamente, cessadas as causas de sua criação.

No artigo 155 da Constituição, constam os impostos de titularidade dos


estados e do Distrito Federal:

Art. 155. Compete aos Estados e ao Distrito Federal instituir impostos


sobre:
I - transmissão causa mortis e doação, de quaisquer bens ou direitos;
II - operações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações
de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de comuni-
cação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no exterior;
III - propriedade de veículos automotores.

Já no artigo 156, a Constituição especifica os impostos municipais:

Art. 156. Compete aos Municípios instituir impostos sobre:


I - propriedade predial e territorial urbana;
II - transmissão "inter vivos", a qualquer título, por ato oneroso, de
bens imóveis, por natureza ou acessão física, e de direitos reais sobre
imóveis, exceto os de garantia, bem como cessão de direitos a sua
aquisição;
III - serviços de qualquer natureza, não compreendidos no art. 155, II,
definidos em lei complementar.

Os artigos 157, 158 e 159 da Constituição disciplina a forma de divisão dos


valores arrecadados com a cobrança de impostos, entre a União, municípios,
estados e Distrito Federal:

Art. 157. Pertencem aos Estados e ao Distrito Federal:


I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e pro-
ventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos

Rede e-Tec Brasil 16 Direito Tributário


pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações
que instituírem e mantiverem;
II - vinte por cento do produto da arrecadação do imposto que a União
instituir no exercício da competência que lhe é atribuída pelo art.
154, I.

Art. 158. Pertencem aos Municípios:
I - o produto da arrecadação do imposto da União sobre renda e pro-
ventos de qualquer natureza, incidente na fonte, sobre rendimentos
pagos, a qualquer título, por eles, suas autarquias e pelas fundações
que instituírem e mantiverem;
II - cinqüenta por cento do produto da arrecadação do imposto da
União sobre a propriedade territorial rural, relativamente aos imóveis
neles situados, cabendo a totalidade na hipótese da opção a que se
refere o art. 153, § 4º, III;
III - cinquenta por cento do produto da arrecadação do imposto do Es-
tado sobre a propriedade de veículos automotores licenciados em seus
territórios;
IV - vinte e cinco por cento do produto da arrecadação do imposto do
Estado sobre operações relativas à circulação de mercadorias e sobre
prestações de serviços de transporte interestadual e intermunicipal e de
comunicação.

Art. 159. A União entregará:


I - do produto da arrecadação dos impostos sobre renda e proventos
de qualquer natureza e sobre produtos industrializados quarenta e oito
por cento na seguinte forma:
a) vinte e um inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Participa-
ção dos Estados e do Distrito Federal;
b) vinte e dois inteiros e cinco décimos por cento ao Fundo de Partici-
pação dos Municípios;
c) três por cento, para aplicação em programas de financiamento ao
setor produtivo das Regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, através
de suas instituições financeiras de caráter regional, de acordo com os
planos regionais de desenvolvimento, ficando assegurada ao semiárido
do Nordeste a metade dos recursos destinados à Região, na forma que
a lei estabelecer;
d) um por cento ao Fundo de Participação dos Municípios, que será
entregue no primeiro decêndio do mês de dezembro de cada ano;
II - do produto da arrecadação do imposto sobre produtos industrializa-

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 17 Rede e-Tec Brasil
dos, dez por cento aos Estados e ao Distrito Federal, proporcionalmente
ao valor das respectivas exportações de produtos industrializados.
III - do produto da arrecadação da contribuição de intervenção no do-
mínio econômico prevista no art. 177, § 4º, 29% (vinte e nove por
cento) para os Estados e o Distrito Federal, distribuídos na forma da
lei, observada a destinação a que se refere o inciso II, c, do referido
parágrafo.[...]
§ 3º - Os Estados entregarão aos respectivos Municípios vinte e cinco
por cento dos recursos que receberem nos termos do inciso II, observa-
dos os critérios estabelecidos no art. 158, parágrafo único, I e II.
§ 4º Do montante de recursos de que trata o inciso III que cabe a cada
Estado, vinte e cinco por cento serão destinados aos seus Municípios,
na forma da lei a que se refere o mencionado inciso.

Portanto, de um modo geral, tendo em vista os objetivos da presente aula,


as regras constitucionais acima citadas, são aquelas que integram o nosso
Sistema Constitucional Tributário.

1.2. Limitações constitucionais ao poder


de tributar
Como exposto, o Estado tem o direito (poder) de criar e cobrar tributos.
Contudo, este direito não é absoluto, pois a Constituição estabelece uma
série de garantias aos cidadãos, as quais funcionam como limites ao poder
estatal de tributar.

Dentre essas garantias, destacam-se os princípios constitucionais tributários


(legalidade, igualdade, anterioridade, irretroatividade, vedação ao confisco,
liberdade de tráfego de pessoas ou bens, entre outros) e as imunidades.

Sobre a questão, relevantes são as lições de Sabbag:

A Constituição Federal impõe limites ao poder de tributar, ou seja, li-


mites à invasão patrimonial tendente à percepção estatal do tributo.
Essas limitações advêm, basicamente, dos princípios e das imunidades
constitucionais tributárias e estão inseridas nos arts. 150, 151 e 152 da
Carta Magna. (2010, p. 52)

O Supremo Tribunal Federal, a mais alta Corte de nossa justiça, tem interes-
santes precedentes que confirmam a importância do tema em estudo:

Rede e-Tec Brasil 18 Direito Tributário


Os princípios constitucionais tributários, assim, sobre representarem
importante conquista político-jurídica dos contribuintes, constituem
expressão fundamental dos direitos individuais outorgados aos parti-
culares pelo ordenamento estatal. Desde que existem para impor limi-
tações ao poder de tributar do Estado, esses postulados têm por desti-
natário exclusivo o poder estatal, que se submete à imperatividade de
suas restrições.” (ADI 712 MC, Relator(a): Min. CELSO DE MELLO, Tri-
bunal Pleno, julgado em 07/10/1992, DJ 19-02-1993 PP-02032 EMENT
VOL-01692-02 PP-00265 RTJ VOL-00144-02 PP-00435)

Os princípios, na sua essência, correspondem a um conjunto de normas,


tidas como essenciais, que servem de parâmetro para um determinado siste-
ma jurídico. Assim, na verdade, os princípios servem de alicerce, de base de
sustentação, para o ordenamento jurídico.

Fonte: fonte: http://entendeudireito.blogspot.com.br/2013/01/principios-do-direito-tributario.html

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 19 Rede e-Tec Brasil
No direito tributário, especialmente no que se refere às limitações ao poder
de tributar, os princípios tributários estabelecem a forma pela qual devem ser
produzidas as leis tributárias.

Já as imunidades, se refletem diretamente em fatos e situações jurídicas es-


pecíficas, não passíveis de tributação.

Sendo assim, para melhor compreender o tema em estudo, é oportuno ana-


lisar cada princípio tributário separadamente, assim como as imunidades tri-
butárias.

1.2.1 Princípio da legalidade

Fonte: sxc.hu

O princípio da legalidade tributária está previsto no artigo 150, I, da Consti-


tuição Federal, pelo qual:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-


te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.

Na verdade, o princípio em estudo decorre do artigo 5º, I, da Constituição


Federal, que trata do princípio da legalidade de forma genérica:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
II - ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa se-
não em virtude de lei;

Rede e-Tec Brasil 20 Direito Tributário


O Código Tributário Nacional, em seus artigos 9º, I e 97, também prevê o
princípio em questão:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-


cípios:
I - instituir ou majorar tributos sem que a lei o estabeleça, ressalvado,
quanto à majoração, o disposto nos artigos 21, 26 e 65;

Art. 97. Somente a lei pode estabelecer:


I – a instituição de tributos, ou a sua extinção;
II – a majoração de tributos, ou sua redução, ressalvado o disposto nos
artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
III – a definição do fato gerador da obrigação tributária principal, res-
salvado o dispostono inciso I do § 3º do artigo 52, e do seu sujeito
passivo;
IV – a fixação de alíquota do tributo e da sua base de cálculo, ressalva-
do o disposto nos artigos 21, 26, 39, 57 e 65;
V – a cominação de penalidades para as ações ou omissões contrárias
a seus dispositivos, ou para outras infrações nela definidas;
VI – as hipóteses de exclusão, suspensão e extinção de créditos tributá-
rios, ou de dispensa ou redução de penalidades.

Sobre o princípio da legalidade tributária, Zapatero (2009, p. 41), afirma:

Portanto, o princípio da legalidade, na esfera tributária, não exige ape-


nas que o Fisco atue nos limites impostos pela lei; mais que isso, deter-
mina que cada ato concreto deste seja rigorosamente autorizado pela
norma; é o que se pode chamar de reserva absoluta da lei ou de princí-
pio da estrita legalidade. Assim, a conduta da Fazenda Pública, quando
da cobrança do tributo, há de ser obrigatoriamente prevista em lei
ordinária, que evidencie o modo e a hipótese em que deve ser imposta.

Assim, pela análise da regra acima mencionada, verifica-se que o princípio


da legalidade é o de maior importância, em se tratando de limitações cons-
titucionais ao poder de tributar, uma vez que a União, os estados, o Distrito
Federal e os municípios somente podem instituir, aumentar e cobrar tributos
se existir uma lei que os autorizem a fazer isso.

Nesse sentido se pronuncia Machado (2010, p. 39), “no Brasil, como, em


geral, nos países que consagram a divisão dos Poderes do Estado, o princípio

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 21 Rede e-Tec Brasil
da legalidade constitui o mais importante limite aos governantes na ativida-
de de tributação”.

Embora o princípio da legalidade tributária seja uma das maiores garantias


dos cidadãos, e, consequentemente, a principal limitação constitucional ao
A origem do princípio da
legalidade se deu na Inglaterra, poder de tributar, ele não é absoluto, já que possui exceções, previstas, prin-
mais precisamente com a
Constituição de 1.215, do Rei
cipalmente, no artigo 153, § 1º; 155, § 2º, IV, “c” e § 4º, XII “g” e “h”; e
João Sem Terra. Resultou de 177, § 4º, I, “b”; da Constituição Federal. Todavia, referido tema não será
desentendimentos entre João,
o Papa e os barões ingleses abordado especificamente, considerando os objetivos de nosso estudo, ads-
acerca das prerrogativas do trito a noções elementares do instituto em análise.
rei. Segundo os termos da
Constituição, João deveria
renunciar a certos direitos
e respeitar determinados
1.2.2 Princípio da isonomia ou da igualdade
procedimentos legais, bem
como reconhecer que a
vontade do rei estaria sujeita
à lei. Considera-se a Magna
Carta o primeiro capítulo de
um longo processo histórico
que levaria ao surgimento do
constitucionalismo. Disponível
em: <http://pt.wikipedia.
org/wiki/Carta_Magna_de_
Jo%C3%A3o_Sem_Terra>
Acesso em: 24 set. 2013.

Fonte: sxc.hu

O princípio da igualdade ou da igualdade tributária está regulamentado no


Contudo, se você tiver interesse
em se aprofundar no estudo artrigo 150, II, da Constituição Federal, segundo o qual:
das execções ao princípio
da legalidade tributária,
recomendamos o livro do Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-
professor Hugo de Brito
Machado, intitulado Curso de te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
Direito Tributário, da Editora pios:
Malheiros, que trata, com
bastante precisão, do tema. [...]
II - instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem
em situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocu-
pação profissional ou função por eles exercida, independentemente da
denominação jurídica dos rendimentos, títulos ou direitos;

Referida regra, na verdade, é um desdobramento do disposto no artigo 5º,


I, da Constituição Federal, que trata do princípio da igualdade de um modo
geral:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer na-
tureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no

Rede e-Tec Brasil 22 Direito Tributário


País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segu-
rança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos
desta Constituição;

Pelo princípio da igualdade tributária, é proibido que o Poder Público institua


tratamento diferenciado (desigual) entre contribuintes que se encontrem em
situação equivalente.

Entretanto, isto não quer dizer que deva ser dado o mesmo tratamento a
todas as pessoas, já que pode existir tratamento diferenciado para aqueles
que se encontrem em situações direferentes, sem que isso viole a regra da
isonomia tributária.

A propósito, Carrazza (2012, p. 266) ensina que “as leis tributárias devem
tratar todas as pessoas da mesma maneira, mas, tão somente, que precisam
dispensar o mesmo tratamento jurídico às que se encontrem em situações
idênticas.”

Isto ocorre porque, às vezes, é necessário tratar determinadas pessoas (que


se encontram em situação diferente) com desigualdade, a fim de que se
dimunia a desigualdade existente entre elas. Por exemplo, no Imposto de
Renda, quem possui renda mensal abaixo de um valor determinado pelo Go-
verno não precisa pagar o referido tributo, que é exigido apenas das pessoas
que recebem salários em valor superior àquele. Assim, neste caso, é possível
tratar de forma diferente os contribuintes, já que eles não se encontram na
mesma situação.

Sobre essa questão, interessante é a célebre lição de Barbosa:

A regra da igualdade não consiste senão em quinhoar desigualmente


aos desiguais, na medida em que se desigualam. Nesta desigualdade
social, proporcionada à desigualdade natural, é que se acha a verdadei-
ra lei da igualdade. O mais são desvarios da inveja, do orgulho, ou da
loucura. Tratar com desigualdade a iguais, ou a desiguais com igualda-
de, seria desigualdade flagrante, e não igualdade real. Os apetites hu-
manos conceberam inverter a norma universal da criação, pretendendo
não dar a cada um na razão do que vale, mas atribuir o mesmo a todos,
como se todos se equivalessem. (1944, p. 10-11).

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 23 Rede e-Tec Brasil
A principal finalidade do princípio da isonomia tributária, portanto, é pro-
mover a justiça tributária, de modo que cada contribuinte contribua, com o
Governo, de acordo com suas reais possibilidades.

1.2.3 Princípio da anterioridade

Fonte: sxc.hu

O princípio da anterioridade tributária, também conhecido com princípio da


não surpresa tributária, está previsto no artigo 150, III, “b” e “c”, da Cons-
tituição Federal, segundo o qual:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-


te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III - cobrar tributos:
[...]
b) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que
os instituiu ou aumentou;
c) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada
a lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b;

O Código Tributário Nacional, em seu artigo 9º, II, também contempla o


princípio da anterioridade:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-


cípios:
[...]
II - cobrar imposto sobre o patrimônio e a renda com base em lei pos-
terior à data inicial do exercício financeiro a que corresponda;

No Brasil, o exercício financeiro


coincide com o ano civil, ou seja, Desta forma, pelo princípio da anterioridade tributária, a União, os estados,
1º de janeiro a 31 de dezembro,
nos termos do artigo 34 da Lei o Distrito Federal e os municípios estão proibidos de cobrar qualquer tributo
4.320, de 17.03.1964.

Rede e-Tec Brasil 24 Direito Tributário


no mesmo exercício financeiro (anterioridade anual) ou antes de noventa
dias (anterioridade nonagesimal) da data de publicação da lei que os insti-
tuiu ou aumentou.

Para melhor compreender o tema em estudo, valiosos são os ensinamentos Entretanto, se você tem interesse
em se aprofundar no estudo
de Amaro (2010, p. 143): do princípio da anterioridade
tributária, recomendamos o
livro do professor Eduardo
a constituição exige, como dizíamos, que a lei que crie ou aumente o Sabbag, intitulado Manual de
Direito Tributário, da Editora
tributo seja anterior ao exercício financeiro em que o tributo seja cobra-
Saraiva, que trata, de forma
do e, ademais, que se observe a antecedência mínima de noventa dias pormenorizada e didática, do
assunto.
entre a data de publicação da lei que o instituiu ou aumentou e a data
em que passa a aplicar-se.

Importante destacar que o princípio da anterioridade tributária não impede


que haja criação ou aumento de tributos, apenas limita que sua cobrança
ocorra no mesmo exercício financeiro.

A razão de ser do princípio da anterioridade é que o cidadão não deve ser


surpreendido com a cobrança de tributos, sendo necessário o prévio conhe-
cimento da sua criação e um tempo necessário para que se possa programar
para suportar tal gasto, com bem ensina Coelho:

O princípio da anterioridade expressa a idéia de que a lei tributária seja


conhecida com antecedência, de modo que os contribuintes, pessoas
naturais ou jurídicas, saibam com certeza e segurança a que tipo de
gravame estarão sujeitos no futuro imediato, podendo, dessa forma,
organizar e planejar seus negócios e atividades.(2005, p. 2013).

O princípio da anterioridade, todavia, não é absoluto, eis que possui exce-


ções. Além disso, possui outras características peculiares. Contudo, tais as-
suntos não serão abordados especificamente nesse estudo, tendo em vista
nossos objetivos, que se limitam a noções básicas desta temática.

1.2.4 Princípio da irretroatividade

Fonte: sxc.hu

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 25 Rede e-Tec Brasil
O princípio da irretroatividade da lei tributária está previsto no artigo 150, III,
“a”, da Constituição Federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-


te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios:
[...]
III - cobrar tributos:
a) em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da
lei que os houver instituído ou aumentado;

Referido princípio é decorrente da regra genérica da irretroatividade, ine-


rente a todas as leis de nosso ordenamento jurídico, prevista no artigo 5º,
XXXVI, da Constituição Federal:

Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natu-
reza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País
a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança
e à propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXVI - a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito
e a coisa julgada;

O estado democrático de direito


é uma situação jurídica, ou Desta forma, pelo princípio da irretroatividade da lei tributária é proibida a
um sistema institucional, no
qual cada um é submetido ao cobrança de tributos em relação a fatos que ocorreram antes da entrada em
respeito do direito, do simples vigor da lei que o instituiu.
indivíduo até a potência
pública. O estado de direito
é assim ligado ao respeito
da hierarquia das normas, da
Isto se deve em razão da segurança jurídica que deve prevalecer em todo
separação dos poderes e dos e qualquer estado democrático de direito, onde as pessoas não podem ser
direitos fundamentais. Em outras
palavras, o estado de direito é surpreendidas com regras posteriores à ocorrência de fatos determinados.
aquele no qual os mandatários
políticos (na democracia: os
eleitos) são submissos às leis Tanto é assim que Velloso (1997, p. 19) afirma que:
promulgadas. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/wiki/
Estado_de_direito> Acesso em: Se o Estado de Direito alia-se de modo íntimo à legalidade em prol da
22 dez. 2013.
segurança jurídica, não se pode menosprezar o fato de que tal lei deve
ser sempre aplicada para o futuro, sob pena de sua aplicação retroativa
fazer ‘ruir o Estado de Direito.

Rede e-Tec Brasil 26 Direito Tributário


1.2.5 Princípio da vedação ao confisco

Fonte: sxc.hu

O princípio da vedação do confisco está previsto no artigo 150, IV, da Cons-


tituição Federal, pelo qual:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-


te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios.
[...]
IV - utilizar tributo com efeito de confisco;

Para melhor compreender o tema em estudo, é necessário entender em


que, de fato, consiste o confisco tributário.

Assim, de uma forma geral, o confisco tributário consiste na prática em que


o Estado, em decorrência de uma obrigação fiscal (tributária), transfere para
si a totalidade ou parte significativa da propriedade ou da renda do contri-
buinte, sem que haja justificativa ou contraprestação proporcional a tal ato.

Nesta linha, situam-se os ensinamentos de Dória (1986, p. 175.), ao afirmar


que,“quando o Estado toma de um indivíduo ou de uma classe além do que
lhes dá em troco, verifica-se o desvirtuamento do imposto em confisco [...].”

Para o mesmo caminho seguem as lições de Machado:

Tributo com efeito de confisco é tributo que, por ser excessivamente


oneroso, seja sentido como penalidade. É que o tributo, sendo instru-
mento pelo qual o Estado obtém os meios financeiros de que necessita
para o desempenho de suas atividades, não pode ser utilizado para
destruir a fonte desses recursos.
Nesse sentido, o tributo não pode ser antieconômico, vale dizer, não

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 27 Rede e-Tec Brasil
pode inviabilizar o desenvolvimento de atividades econômicas gerado-
ras de riqueza, ou promotoras da circulação desta. (2010, p.298).

Esta prática, aliás, é proibida pela Constituição (artigo 150, IV).

Todavia, na prática, é difícil identificar um tributo com caráter confiscatório,


já que, apesar de a Constituição proibi-lo, não há regra específica que deter-
mine em que, de fato, consiste a atuação confiscatória, ou seja, não existe
lei que estabeleça, por exemplo, qual o percentual de incidência do tributo
apto a configurar o confisco.

Discorrendo sobre essa questão, Amaro (2010) afirma que a Constituição


não define qual seria o percentual a partir de que o tributo passa a ser confis-
catório e afirma que esse princípio não é matemático, mas sim um critério in-
formador ao legislador, dirigido ao intérprete e ao julgador, que, ao analisar
fatos específicos, definirá se o tributo possui ou não caráter confiscatório.

1.2.6 Princípio da liberdade de tráfego

Fonte: ilustradora

O princípio da liberdade de tráfego de pessoas ou bens está inserido no ar-


tigo 150, V, da Constituição Federal:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-


te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
pios:
[...]
V - estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio
de tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de
pedágio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público;

Rede e-Tec Brasil 28 Direito Tributário


O Código Tributário, em seu artigo 9º, III, também trata do princípio da li-
berdade de tráfego:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-


pios:
[...]
III - estabelecer limitações ao tráfego, no território nacional, de pessoas
ou mercadorias, por meio de tributos interestaduais ou intermunicipais;

O princípio em estudo decorre da regra prevista no artigo, 5° XV, da própria


Constituição Federal, que assegura a liberdade de locomoção no território
nacional.

Incide diretamente sobre o legislador, que não pode criar tributos com a in-
tenção de limitar o trânsito de pessoas ou bens entre os municípios ou entre
os estados. A regra em análise proíbe que o fato gerador do tributo seja a
simples passagem de pessoas ou bens de um estado para o outro ou de um
município para o outro, preservando o direito de ir e vir.

Sabbag (2010, p. 250) é bastante preciso ao tratar sobre o princípio da liber-


dade de tráfego e afirma que:

Segundo o princípio da não limitação (liberdade ou ilimitabilidade) ao


tráfego de pessoas e bens, previsto no inciso V do art. 150 da CF, a
intermunicipalidade e a interestadualidade não poderão ser fatos ge-
radores de quaisquer tributos, seja federais, estaduais ou municipais.

Por outro lado, é necessário ponderar duas questões relevantes ao presente


estudo, quais sejam o imposto sobre a circulação de mercadorias e servi-
ços (ICMS) interestadual e o pedágio,. mesmo porque referidos institutos se
mostram, em tese, como exceções a esta vedação constitucional.

Desta forma, apesar da vedação constitucional em estudo, o ICMS estadual


é admitido, sem que isso configure violação ao princípio da liberdade de
tráfego, pois a proibição se destina à circulação territorial e não à circulação
negocial, de modo que a norma constitucional veda a criação de tributo
com a finalidade única e exclusiva de impedir o tráfego de pessoas ou bens,
mas, quando este tráfego se reveste de finalidade econômica, é admitida a
tributação.

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 29 Rede e-Tec Brasil
Observe os ensinamentos de um estudioso desse tema, para melhor enten-
der essa questão:

É importante esclarecer que essa regra não impede a cobrança de


impostos sobre a circulação econômica em operações interestaduais
ou intermunicipais. O que ela proíbe é a instituição de tributo em cuja
hipótese de incidência seja elemento essencial a TRANSPOSIÇÃO
(TRÁFEGO) DE FRONTEIRA interestadual ou intermunicipal. Pre-
serva-se assim a LIBERDADE DE IR-E-VIR, aquela liberdade des-
vinculada de qualquer ato negocial. Imuniza a circulação territo-
rial e não a circulação econômica (NOGUEIRA, 2004, p. 1)[grifo do
autor]

Com relação ao pedágio, esta exceção está expressamente prevista no pró-


prio artigo 150, V, que ressalva da vedação “a cobrança de pedágio pela
utilização de vias conservadas pelo Poder Público”. Desta forma, para a con-
servação de vias públicas, é admitida a cobrança de pedágio, ainda que em
limites interestaduais ou intermunicipais.

1.2.7 Princípio da uniformidade tributária

Fonte: ilustradora

O princípio da uniformidade tributária se dirige expressamente à União


(Governo Federal), e está inserido no artigo 151, da Constituição Federal,
subdvidindo-se, basicamente, em quatro segmentos, a saber: a uniformida-
de geográfica; a uniformidade na tributação das rendas das obrigações da
dívida pública; a uniformidade na tributação da remuneração e proventos
dos agentes públicos; e a vedação de isenções heterônomas.

O princípio da uniformidade geográfica está previsto no artigo 151, I, da


Constituição Federal, pelo qual é proibida a instituição de:

Rede e-Tec Brasil 30 Direito Tributário


tributo que não seja uniforme em todo o território nacional ou que im-
plique distinção ou preferência em relação a Estado, ao Distrito Federal
ou a Município, em detrimento de outro, admitida a concessão de in-
centivos fiscais destinados a promover o equilíbrio do desenvolvimento
socioeconômico entre as diferentes regiões do País.

Esse princípio prestigia o pacto federativo e o próprio princípio da igualdade.

Como bem destaca Oliveira (2010), o princípio da uniformidade na tributa-


ção das rendas das obrigações da dívida pública está expresso no art. 151, II,
primeira parte, da Constituição, o qual veda a tributação da renda das obri-
gações da dívida pública dos estados, do Distrito Federal e dos municípios
em níveis superiores aos fixados para as suas obrigações. Assim, quando o
particular torna-se credor da União, do Estado, do Distrito Federal ou Mu-
nicípio, ao adquirir títulos da dívida pública, recebe juros. Porém, se estes
juros forem tributados pela União, em relação às rendas (juros) dos estados
e municípios, de forma mais gravosa do que os seus, qualquer particular vai
preferir adquirir os títulos da União. Portanto, este princípio prevê o trata-
mento igualitário das rendas das obrigações da dívida pública, fazendo com
que não haja este privilégio dos títulos da União em relação aos dos estados,
Distrito Federal e dos municípios Disponível em: <http://www.ambito-juri-
dico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=7866>
Acesso em :10 set. 2013.

O princípio da uniformidade da remuneração dos proventos dos agentes


públicos encontra previsão no art. 151, II, segunda parte, da Constituição,
que veda a tributação, pela União, da remuneração e dos proventos dos
agentes públicos dos estados, Distrito Federal e municípios, em níveis su-
periores aos que fixar para seus agentes. Sua finalidade é evitar tratamento
diferente entre servidores da União e servidores dos estados, Distrito Federal
e municípios.

O princípio da vedação de isenções heterônomas esta inserido no artigo 151,


III, da Constituição, pelo qual, em regra, é proibido “instituir isenções de tri-
butos da competência dos Estados, do Distrito Federal ou dos Municípios.”
Esta proibição também decorre do pacto federativo, já que a isenção está
ligada ao Poder de Tributar, de forma que aquele que detém a competência
tributária para instituir determinado tributo, também o tem para isentar. Por
exemplo, a possibilidade de dispor acerca da isenção de IPTU é do Município
e somente dele.

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 31 Rede e-Tec Brasil
1.2.8 Princípio da capacidade contributiva
O princípio da capacidade contributiva, na verdade, é um reflexo do prin-
cípio da igualdade. O artigo 145, § 1° da Constituição Federal dispõe que
“sempre que possível os impostos terão caráter pessoal e serão graduados
segundo a capacidade econômica do contribuinte”.

Sendo assim, na prática, referido princípio pode ser traduzido num conhe-
cido clichê: “quem pode mais paga mais, quem pode menos paga menos”.

Exemplo típico deste princípio é a progressividade das alíquotas do Imposto


de Renda, de acordo com a capacidade econômica do contribuinte, com as
seguintes faixas: isenção, 7,5%, 15%, 22,5% e 27,5%.

Resumo
Nesta aula, você teve oportunidade de estudar o sistema constitucional tri-
butário e os princípios constitucionais que se traduzem nas limitações cons-
titucional ao poder de tributar, figurando como defesa dos cidadãos contra
a ânsia do Estado em cobrar tributos.

Atividades de Aprendizagem
1. A partir do conteúdo desta aula, aponte a importância do sistema consti-
tucional tributário para o Direito Tributário.

2. Tendo em vista os conhecimentos adquiridos na presente aula, indique


qual o principal princípio constitucional tributário. Justifique sua resposta.

Rede e-Tec Brasil 32 Direito Tributário


3. Segundo o princípio da anterioridade tributária, é correto afirmar:

a) A lei que crie ou aumente um tributo só pode incidir sobre fatos ocorridos
no exercício financeiro subsequente ao de sua entrada em vigor.

b) A lei que aumente um tributo só pode incidir sobre os fatos ocorridos no


ano anterior ao de sua entrada em vigor.

c) A lei que aumente um tributo só pode incidir sobre os fatos ocorridos 366
dias após sua entrada em vigor.

d) A lei que crie um tributo deve ser sempre anterior aos fatos sobre os quais
incidirá.

4. No Direito Tributário, a obrigação de pagar tributos deve estar expres-


samente prevista em lei, caso contrário o tributo não pode ser exigido do
contribuinte.

O texto acima está-se referindo ao princípio explícito da:

a) Irretroatividade;

b) Legalidade;

c) Anterioridade;

d) Igualdade.

Caro(a) etudante,

Chegamos ao fim da primeira aula sobre o sistema constitucional tributário e


sobre as limitações constitucionais ao poder de tributar. Nela, buscamos de-
monstrar em que consiste o sistema constitucional tributário e as limitações
constitucionais ao poder de tributar, bem como sua importância para o di-
reito tributário. Na próxima aula, estudaremos as imunidades tributárias, que
também fazem partes das limitações constitucionais ao poder de tributar.

Continue atento(a) e não deixe de realizar as atividades de aprendizagem.

Aula 1 - Sistema Constitucional Tributário e Limitações Constitucionais ao Poder de... 33 Rede e-Tec Brasil
Rede e-Tec Brasil 34 Direito Tributário
Aula 2. Imunidades Tributárias

Objetivos:

• reconhecer as imunidades constitucionais tributárias; e

• identificar a importância e o alcance das imunidades tributárias


no Direito Tributário.

Prezado(a) estudante,

Em nossa primeira aula, avançamos bastante no estudo do sistema cons-


titucional tributário e das limitações constitucionais ao poder de tributar.
Em nosso segundo encontro, daremos sequência ao conteúdo da disciplina,
abordando, desta vez, as imunidades constitucionais tributárias, que também
fazem parte das limitações constitucionais ao poder de tributar do Estado.

Continue disciplinado(a) em seu estudos, pois há ainda muito para aprender.

2.1 Imunidades tributárias

Fonte: ilustradora

As imunidades tributárias estão previstas, em sua maioria, no artigo 150, V,


“a” a “e”, da Constituição:

Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuin-

Aula 2 - Imunidades Tributárias 35 Rede e-Tec Brasil


te, é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municí-
pios:
[...]
VI - instituir impostos sobre:
a) patrimônio, renda ou serviços, uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) patrimônio, renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive suas
fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das instituições
de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, atendidos os
requisitos da lei;
d) livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua impressão;
e) fonogramas e videofonogramas musicais produzidos no Brasil con-
tendo obras musicais ou literomusicais de autores brasileiros e/ou obras
em geral interpretadas por artistas brasileiros bem como os suportes
materiais ou arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa de
replicação industrial de mídias ópticas de leitura a laser. (Incluída pela
Emenda Constitucional nº 75, de 15.10.2013)

O Código Tributário Nacional, em seu artigo 9º, IV, “a” a “d”, também dis-
ciplina as imunidades tributárias:

Art. 9º É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-


cípios:
[...]
IV - cobrar imposto sobre:
a) o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos outros;
b) templos de qualquer culto;
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das institui-
ções de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observa-
dos os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;
d) papel destinado exclusivamente à impressão de jornais, periódicos e
livros.

O conceito de imunidade tributária é bem definido pela clássica lição de


Baleeiro (2007, p. 113): "são vedações absolutas ao poder de tributar certas
pessoas (subjetiva) ou certos bens (objetiva) e, às vezes uns e outros".

Oliveira (2010, p. 1) é bastante didático ao explicar em que consistem as


isenções tributárias:

Rede e-Tec Brasil 36 Direito Tributário


Em termos simples quando falamos que uma determinada pessoa está
imune àquela doença, estamos dizendo que ela está protegida contra
esta moléstia, não corre o risco de vir a contraí-la. Fazendo um paralelo
com a imunidade tributária, quando falamos que determinada situação
está imune, estamos a dizer que está protegida contra o poder de tri-
butar do Estado, não corre o risco de ser tributada.

Portanto, a imunidade tributária consiste no impedimento estabelecido pela


Constituição para a incidência da norma tributária.

As imunidades previstas no artigo 150, VI, da Constituição Federal alcançam


apenas os impostos, porém existem outras imunidades referentes às taxas e
contribuições especiais. Contudo, considerando os objetivos de nosso estu-
do, consideramos importante analisar as imunidades constitucionais tributá-
rias genéricas, previstas no mencionado dispositivo legal. Trataremos a seguir
destas imunidades.

2.2. Imunidade recíproca das pessoas


políticas
Esta imunidade tributária está prevista no artigo 150, VI, “a”, da Constitui-
ção Federal. Por ela, as pessoas políticas (União, estados, Distrito Federal e
municípios) não podem tributar-se reciprocamente por meio de impostos.

Por exemplo, se a União for proprietária de imóvel urbano, não pode o mu-
nicípio onde o imóvel está situado cobrar o respectivo IPTU, em razão da
imunidade recíproca. Da mesma forma não pode o Governo do Estado co-
brar IPVA sobre a propriedade de veículos automotores pertencentes aos
municípios e à União.

2.3. Imunidade do patrimônio, renda e


serviços das autarquias e
fundações instituídas e mantidas
pelo poder público
A imunidade em estudo, prevista no § 2º, do artigo 150, da Constituição Fe-
deral, decorre da imunidade recíproca, já que possui a mesma razão de ser,
ou seja, a impossibilidade de incidência de impostos entre os entes políticos
(União, estados, Distrito Federal e municípios), pertencentes à administração
pública direta.

Aula 2 - Imunidades Tributárias 37 Rede e-Tec Brasil


Entretanto, na espécie, a vedação constitucional se estende à administração
pública indireta, ou seja, às autarquias e fundações, de modo que as pessoas
políticas não podem instituir impostos sobre aquelas, desde que mantidas
pelo poder público e suas atividades estejam ligadas às suas atividades es-
senciais ou dela decorrentes.

2.4 Imunidade do patrimônio, da renda e


dos serviços dos templos de qualquer
culto
Esta imunidade está especificada no artigo 150, VI, “b”, da Constituição Fe-
deral. Por ela, é vedada a cobrança de impostos sobre templos de qualquer
culto no que se refere ao patrimônio, renda e serviços, vinculados a suas
finalidades essenciais.

Todavia, para se compreender o significado e a extensão da imunidade em


questão, é imprescindível saber em que consiste a expressão “templo de
qualquer culto”.

Segundo Carvalho (2009, p. 208), a locução culto religioso se refere a “todas


as formas racionalmente possíveis de manifestação organizada de religiosi-
dade, por mais estrambóticas, extravagantes ou exóticas que sejam”.

Para Carrazza (2012, p. 828), culto deve ser compreendido no sentido de


confissão religiosa, e passa a definir o que seria a confissão religiosa:

Confissão religiosa nada mais é que uma entidade dotada de estrutura


orgânica hierarquizada, instituída com o objetivo fundamental de agru-
par, de modo permanente, pessoas que partilham das mesmas crenças
transcendentais, vale dizer, que nutrem a mesma fé numa dada divin-
dade. Nesse sentido, são confissões religiosas não só a Igreja Católica
e as nascidas da Reforma Protestante, como as que adotam fórmulas
mais elementares e variadas de organização (sinodal, congrecionista
etc.). Também merecem esta qualificação as comunidades judaicas e
muçulmanas, que, embora se caracterizem pela dispersão e multipli-
cidade e se relacionem mais por vínculos religiosos que jurídicos, têm
uma fé comum.

Desta forma, apoiado nos dizeres de Cordeiro (2013, p. 1), “temos que
culto é a reunião de pessoas, com objetivos afins, quais sejam, de disseminar

Rede e-Tec Brasil 38 Direito Tributário


a religião e a fé, sendo que esta reunião deverá ser constante e periódica”,
sendo esta a atividade contemplada pela imunidade religiosa.

O objetivo da imunidade tributária concedida às entidades religiosas é asse-


gurar a liberdade de culto religioso, estampada no artigo 5º, VI, da Consti-
tuição Federal.

Nesse sentido, Costa esclarece que, “Como imunidade política e incondi-


cionada, visa a garantir a eficácia da diretriz constitucional contemplada no
art. 5º, VI, que assegura a liberdade de crença e o livre exercício de cultos
religiosos, densificando-os” (2006, p.156).

Por fim, interessante ponderar que, a imunidade religiosa não se refere ape-
nas ao templo religioso em si, mas também aos imóveis e rendas que, de
forma direta ou indireta, estão relacionados com a atividade religiosa res-
pectiva.

2.5 Imunidade dos partidos políticos,


sindicatos dos empregados,
instituições assistenciais e
educacionais sem fins lucrativos
Esta imunidade está prevista no artigo 150, VI, “c”, da Constituição Federal.
Ela exige o cumprimento de requisitos dispostos em lei. Em razão disso, é
necessário analisar o Código Tributário Nacional, especialmente os artigos
9º e 14:

Art. 9º. É vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Muni-
cípios:
[...]
IV - cobrar imposto sobre:
[...]
c) o patrimônio, a renda ou serviços dos partidos políticos, inclusive
suas fundações, das entidades sindicais dos trabalhadores, das institui-
ções de educação e de assistência social, sem fins lucrativos, observa-
dos os requisitos fixados na Seção II deste Capítulo;

Art. 14. O disposto na alínea c do inciso IV do artigo 9º é subordinado


à observância dos seguintes requisitos pelas entidades nele referidas:

Aula 2 - Imunidades Tributárias 39 Rede e-Tec Brasil


I – não distribuírem qualquer parcela de seu patrimônio ou de suas
rendas, a qualquer título;
II - aplicarem integralmente, no País, os seus recursos na manutenção
dos seus objetivos institucionais;
III - manterem escrituração de suas receitas e despesas em livros reves-
tidos de formalidades capazes de assegurar sua exatidão.
§ 1º Na falta de cumprimento do disposto neste artigo, ou no § 1º do
artigo 9º, a autoridade competente pode suspender a aplicação do
benefício.
§ 2º Os serviços a que se refere a alínea c do inciso IV do artigo 9º são
exclusivamente, os diretamente relacionados com os objetivos institu-
cionais das entidades de que trata este artigo, previstos nos respectivos
estatutos ou atos constitutivos.

Assim sendo, nota-se que o requisito necessário para a validade da imuni-


dade em estudo se resume à ausência de obtenção de lucro na atividade da
entidade respectiva.

Deste modo, compreendidos os requisitos a serem observados para a valida-


de da imunidade ora examinada, podemos analisar suas espécies.

Neste passo, os partidos políticos são imunes à cobrança de impostos, ou


seja, não podem ser compelidos, pelos entes políticos, a pagar impostos. Isto
se deve ao fato de que os partidos políticos representam o pleno exercício da
democracia, refletindo a vontade popular. Além disso, no Brasil, prevalece o
sistema do pluripartidarismo, devendo, portanto, haver incentivos para que
todos os partidos, inclusive os menores, possam permanecer ativos, pois, do
contrário, apenas os partidos maiores, dotados de receitas financeiras mais
expressivas sobreviveriam.

Já as entidades sindicais dos trabalhadores são, igualmente, imunes aos


impostos em razão de suas finalidades específicas, ou seja, em face do
conteúdo dos direitos sociais e econômicos que elas representam, pois os
sindicatos se traduzem em ferramenta de proteção dos trabalhadores, que
servem, também, em razão de seu caráter associativo, para defender o in-
teresse coletivo.

Como bem afirma Torres (2008), havendo o Estado que se abster de intervir
na ordem econômica, que dá preferência aos setores privados, não há como
deixar de oferecer certa proteção aos trabalhadores. Entende-se que a tribu-

Rede e-Tec Brasil 40 Direito Tributário


tação sobre entidades sindicais seria uma forma de coibir a manifestação de
atividade sindical, direito também abarcado pela Constituição.

As instituições de educação sem fins lucrativos têm como fundamento


para sua imunidade a necessidade de promoção da educação no país, de
modo que, ao conferir imunidade tributária a tais instituições, o Governo
estimula a educação, beneficiando, sobretudo, aqueles que não possuem
condições de pagar pelos serviços prestados pelas típicas instituições priva-
das com fins de lucro.

As instituições de assistência social sem fins lucrativos são imunes à tributa-


ção, em razão de sua própria essência, tal seja, a promoção e a integração so-
cial, na intenção de se reduzirem as desigualdades sociais existentes no país.

Além dos requisitos constantes no Código Tributário Nacional, acima men-


cionados, a Lei n. 9.532/1997, mais precisamente em seus artigos 12 e 13,
estabeleceu novos requisitos, no que se refere às imunidade das entidades
de educação e entidades de assistência social.

Art. 12. Para efeito do disposto no art. 150, inciso VI, alínea "c", da
Constituição, considera-se imune a instituição de educação ou de assis-
tência social que preste os serviços para os quais houver sido instituída
e os coloque à disposição da população em geral, em caráter com-
plementar às atividades do Estado, sem fins lucrativos.
§ 1º Não estão abrangidos pela imunidade os rendimentos e ganhos de
capital auferidos em aplicações financeiras de renda fixa ou de renda
variável.
§ 2º Para o gozo da imunidade, as instituições a que se refere este rti-
go, estão obrigadas a atender aos seguintes requisitos:
a) não remunerar, por qualquer forma, seus dirigentes pelos serviços
prestados;
b) aplicar integralmente seus recursos na manutenção e desenvolvi-
mento dos seus objetivos sociais;
c) manter escrituração completa de suas receitas e despesas em livros
revestidos das formalidades que assegurem a respectiva exatidão;
d) conservar em boa ordem, pelo prazo de cinco anos, contado da
data da emissão, os documentos que comprovem a origem de suas
receitas e a efetivação de suas despesas, bem assim a realização de
quaisquer outros atos ou operações que venham a modificar sua situ-
ação patrimonial;

Aula 2 - Imunidades Tributárias 41 Rede e-Tec Brasil


e) apresentar, anualmente, Declaração de Rendimentos, em confor-
midade com o disposto em ato da Secretaria da Receita Federal;
f) recolher os tributos retidos sobre os rendimentos por elas pagos ou
creditados e a contribuição para a seguridade social relativa aos empre-
gados, bem assim cumprir as obrigações acessórias daí decorrentes;
g) assegurar a destinação de seu patrimônio a outra instituição que
atenda às condições para gozo da imunidade, no caso de incorpora-
ção, fusão, cisão ou de encerramento de suas atividades, ou a órgão
público.
h) outros requisitos, estabelecidos em lei específica, relacionados com
o funcionamento das entidades a que se refere este artigo.
§ 3° Considera-se entidade sem fins lucrativos a que não apresente su-
perávit em suas contas ou, caso o apresente em determinado exercício,
destine referido resultado, integralmente, à manutenção e ao desen-
volvimento dos seus objetivos sociais.

Art. 13. Sem prejuízo das demais penalidades previstas na lei, a Secreta-
ria da Receita Federal suspenderá o gozo da imunidade a que se refere
o artigo anterior, relativamente aos anos-calendários em que a pessoa
jurídica houver praticado ou, por qualquer forma, houver contribuído
para a prática de ato que constitua infração a dispositivo da legislação
tributária, especialmente no caso de informar ou declarar falsamente,
omitir ou simular o recebimento de doações em bens ou em dinhei-
ro, ou de qualquer forma cooperar para que terceiro sonegue tributos
ou pratique ilícitos fiscais.
Parágrafo único. Considera-se, também, infração a dispositivo da legis-
lação tributária o pagamento, pela instituição imune, em favor de seus
associados ou dirigentes, ou, ainda, em favor de sócios, acionistas ou
dirigentes de pessoa jurídica a ela associada por qualquer forma, de des-
pesas consideradas indedutíveis na determinação da base de cálculo do
imposto sobre a renda ou da contribuição social sobre o lucro líquido.


2.6 Imunidade do papel destinado
exclusivamente à impressão de
jornais, periódicos e livros
A imunidade na cobrança de impostos sobre o papel destinado à impres-
são de jornais, periódicos e livros está prevista no artigo 150, VI, “d”, da
Constituição Federal e, em razão dela, ficam as pessoas políticas proibidas

Rede e-Tec Brasil 42 Direito Tributário


de instituírem impostos sobre livros, jornais, periódicos e o papel destinado
a sua impressão.

Referida imunidade se destina a proteção e promoção da liberdade de im-


prensa, de expressão, à difusão da cultura no país, entre outros.

Nesse contexto, vale a pena destacar que o livro, para fins de imunidade,
não possui um conteúdo fechado ou restrito, de modo que todos os obje-
tos compreendidos como veículos de informação e cultura, que não seriam,
necessariamente, entendidos como livros, são contemplados pela imunidade
tributária, por exemplo, as listas telefônicas, apostilas, encadernações acadê-
micas, álbuns de figurinhas, os papéis e filmes fotográficos etc.

2.7 Imunidade dos fonogramas e videofonogramas


musicais produzidos no Brasil contendo obras
musicais ou literomusicais de autores brasileiros
e/ ou obras em geral interpretadas por artistas
brasileiros, bem como os suportes materiais ou
arquivos digitais que os contenham, salvo na etapa
de replicação industrial de mídias ópticas de leitura
a laser.
Referida regra é bastante recente, pois é decorrente da Emenda Constitucio-
nal n. 75, de 15 de outubro de 2013. Seu fundamento é semelhante ao da
imunidade do papel destinado à impressão de jornais, periódicos e livros, já
que visa promover a cultura no país, desta vez, por meio de não incidência
de impostos sobre CDs e DVDs produzidos no Brasil, de obras musicais ou
literomusicais, que serão contempladas pela imunidade.

Da mesma forma, não pagarão impostos as obras, em geral, interpretadas


por artistas brasileiros e as mídias ou os arquivos digitais que as contenham.
Isso faz com que, igualmente, sejam imunes as músicas comercializadas pela
rede mundial de computadores, além dos downloads de ringtones de tele-
fones celulares.

Resumo
Nesta aula, apresentamos o conceito, espécies, consequências e utilidade
prática das imunidades constitucionais tributárias, para o sistema tributário
nacional.

Aula 2 - Imunidades Tributárias 43 Rede e-Tec Brasil


Atividades de Aprendizagem
1. Escreva sobre a finalidade da imunidade tributária dos templos de qual-
quer culto.

2. Dentre as alternativas abaixo, aponte a alternativa correta acerca das imu-


nidades tributárias:

a) A imunidade recíproca veda a instituição de impostos sobre livros, jornais,


periódicos e o papel destinado à sua impressão.

b) A imunidade recíproca veda a instituição do Imposto sobre a Propriedade


Predial e Territorial Urbana – IPTU sobre imóvel de propriedade da União.

c) A imunidade recíproca veda os municípios de instituírem impostos sobre


as igrejas.

d) A imunidade dos partidos políticos proíbe a cobrança de impostos na


época da eleição.

3. Considerando as afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta.

I- É vedado à União, aos estados, ao Distrito Federal e aos municípios


cobrar imposto sobre o patrimônio, a renda ou os serviços uns dos
outros. Isto consiste na imunidade recíproca entre os entes políticos.

II- Os livros são imunes aos impostos, porém outros impressos, que
não os livros, tais como as listas telefônicas, apostilas, encadernações
acadêmicas, álbuns de figurinhas, ainda que sirvam para difundir a
cultura e a informação, não podem ser contemplados pela imunidade
tributária.

III- As instituições de ensino com fins lucrativos não podem ser tributa-
das, em razão da imunidade constitucional.

Rede e-Tec Brasil 44 Direito Tributário


a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Apenas a afirmativa III está correta.

c) Apenas a afirmativa II está correta.

d) As afirmativas II e III estão incorretas.

Querido(a) estudante,

Alcançamos, assim, o fim de nossa segunda aula, na qual abordamos o tema


referente às imunidades tributárias. Na próxima aula, estudaremos a obri-
gação e o crédito tributários. Prossiga com atenção e procure destinar uma
parte do seu tempo para se dedicar ao estudo do texto e para a realização
das atividades de aprendizagerm.

Aula 2 - Imunidades Tributárias 45 Rede e-Tec Brasil


Rede e-Tec Brasil 46 Direito Tributário
Aula 3. Obrigação e Crédito
Tributários

Objetivos:

• identificar a obrigação e o crédito tributários; e

• reconhecer as peculiaridades e as características dos temas ob-


jeto do presente estudo.

Caríssimo(a) estudante(a),

Nesta aula, analisaremos a obrigação e o crédito tributários. Com o estudo


do conteúdo desta aula, você avançará muito em seu processo de aprendi-
zagem.

Continue atento(a), pois estamos certos de que o tema tratado contribuirá


de forma relevante para sua qualificação profissional.

3.1. Obrigação tributária


A seguir, estudaremos a obrigação tributária, seu conceito, classificação e
elementos constitutivos.

3.1.1 Conceito e classificação

Fonte: sxc.hu

A Constituição Federal concede autorização para que um determinado ente

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 47 Rede e-Tec Brasil


político institua determinado tributo. Todavia, somente a permissão conce-
dida pela Constituição não é suficiente para que o Estado institua e arrecade
o tributo. Para tanto, é necessária a elaboração de uma lei (princípio da lega-
lidade, artigo 150, I da CF), que instituirá o tributo e especificará a hipótese
de incidência tributária, a qual, uma vez concretizada, ensejará a ocorrência
do fato gerador e o surgimento da respectiva obrigação tributária.

Desse modo, no momento em que o sujeito passivo realiza o fato gerador do


tributo, o qual corresponde à realização da situação hipotética prevista em
lei como necessária para a incidência do tributo (hipótese de incidência) faz
surgir para si a obrigação de pagar o tributo oriundo do ato ou fato por ele
praticado, momento este em que nasce a obrigação tributária. Por exemplo,
o ITBI tem como hipótese de incidência a transmissão, a qualquer título, da
propriedade ou do domínio útil de bens imóveis, contudo, o fato gerador so-
mente ocorrerá quando, de fato, uma determinada pessoa (sujeito passivo)
efetua a transferência da propriedade do imóvel (venda) para outra, sendo
que, a partir de então, surge a obrigação tributária.

Assim, como bem esclarece Silva (1996, p. 181), “Com a ocorrência do fato
gerador, surge para quem lhe deu nascimento o dever jurídico de pagar o
tributo. Em decorrência do surgimento do dever de pagar a alguém, surge o
direito desse alguém em receber o crédito respectivo.”

Feitos esses esclarecimentos preliminares, torna-se possível estabelecer um


conceito de obrigação tributária.

Pode-se conceituar a obrigação tributária como sendo o vínculo jurídico


oriundo da realização de ato ou fato previsto em lei como ensejador da inci-
dência de tributo, em virtude do qual surge para o sujeito passivo o dever de
realizar uma prestação (dar, fazer, não fazer ou tolerar que se faça) em favor
do Estado nas condições definidas em lei.

Em outras palavras, obrigação tributária é:

[...] a relação jurídica em virtude da qual o particular (sujeito passivo)


tem o dever de prestar dinheiro ao Estado (sujeito ativo), ou de fazer,
não fazer ou tolerar algo no interesse da arrecadação ou da fiscalização
dos tributos, e o Estado tem o direito de constituir contra o particular
um crédito.(MACHADO, 2010, p.129).

Rede e-Tec Brasil 48 Direito Tributário


Ao analisar o conceito de obrigação tributária, nota-se que ela se subdivide
em duas espécies, quais sejam, obrigação principal e acessória. Essas espé-
cies de obrigação tributária encontram-se previstas no artigo 113 do Código
Tibutário Nacional:

Art. 113. A obrigação tributária é principal ou acessória.


§ 1º A obrigação principal surge com a ocorrência do fato gerador,
tem por objeto o pagamento de tributo ou penalidade pecuniária e
extingue-se juntamente com o crédito dela decorrente.
§ 2º A obrigação acessória decorre da legislação tributária e tem por
objeto as prestações, positivas ou negativas, nela previstas no interes-
se da arrecadação ou da fiscalização dos tributos.
§ 3º A obrigação acessória, pelo simples fato da sua inobservância,
converte-se em obrigação principal relativamente à penalidade pecu-
niária.

Fonte: http://sapodavez.blogspot.com.br/2012/10/dica-de-direito-tributario-sobre_7470.html (adaptado pela ilustradora)

Assim, por obrigação principal, podemos entender aquela obrigação insti-


tuída por lei, que, tendo origem com a ocorrência do fato gerador, tem por
objeto o pagamento do tributo ou de penalidade pecuniária. A obrigação
principal consiste, portanto, numa obrigação de dar, isto é, pagar o tributo
ou penalidade pecuniária. A natureza de seu objeto é eminentemente patri-
monial, pois tem como conteúdo uma prestação em dinheiro.

Já a obrigação acessória consiste naquela obrigação, que tem por objeto


prestações positivas ou negativas por parte do sujeito passivo. Na obrigação
acessória, o sujeito passivo deve fazer, não fazer ou tolerar que se faça algo
no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos. Seu objeto, ao con-
trário da obrigação principal, não possui caráter patrimonial, uma vez que,

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 49 Rede e-Tec Brasil


aqui, o sujeito passivo não tem que dar uma quantia em dinheiro ao Fisco,
mas sim realizar determinado comportamento, abster-se de fazê-lo ou tole-
rar que o Fisco o faça.

Fonte: http://sapodavez.blogspot.com.br/2012/10/dica-de-direito-tributario-sobre_7470.html (adaptado pela ilustradora)

3.1.2 Elementos constitutivos


A obrigação tributária compõe-se de alguns elementos cuja presença se faz
necessária para que ela se aperfeiçoe. São eles: hipótese de incidência, o
fato gerador, os sujeitos ativo e passivo e o seu objeto.

3.1.2.1 Hipótese de incidência


Para que a obrigação tributária tenha origem, é necessária, conforme já
mencionado, a existência de uma lei tributária instituidora do tributo. Aludi-
da lei descreverá a situação hipotética que, uma vez realizada, dará ensejo
ao nascimento da obrigação tributária.

A hipótese de incidência da obrigação tributária consiste justamente nessa


situação hipotética descrita pela lei instituidora do tributo como necessária
para o surgimento da obrigação tributária.

Assim, a hipótese de incidência, como bem afirma Cassone (1989, p. 143),


“significa a descrição que a lei faz de um fato tributário que, quando ocor-
rer, fará nascer a obrigação tributária (obrigação de o sujeito passivo ter de
pagar ao sujeito ativo o tributo correspondente”.

3.1.2.2 Fato gerador


Por fato gerador deve se entender a ocorrência real da situação hipotética

Rede e-Tec Brasil 50 Direito Tributário


prevista na lei tributária como suficiente para o nascimento da obrigação
tributária. É, de fato, a ocorrência concreta da hipótese de incidência.

Nesse sentido se manifesta Nogueira (1999, p. 142) ao se referir ao fato


gerador como “o conjunto dos pressupostos abstratos descritos na norma
de direito material, de cuja concreta realização decorrem os efeitos jurídicos
previstos.”

Como se mencionou anteriormente, duas são as espécies de obrigação tri-


butária, quais sejam, obrigação principal e obrigação acessória. Em razão
dessa distinção, e por possuírem naturezas diversas, já que a obrigação prin-
cipal tem caráter patrimonial, o que não ocorre na obrigação acessória, di-
ferentes são os fatos geradores conforme se trate desta ou daquela espécie
de obrigação tributária.

Dessa forma, o Código Tributário Nacional em seus artigos 114 e 115 disci-
plinou o fato gerador da obrigação principal e da obrigação acessória, res-
pectivamente.

Art. 114. Fato gerador da obrigação principal é a situação definida em


lei como necessária e suficiente à sua ocorrência.

Art. 115. Fato gerador da obrigação acessória é qualquer situação que,


na forma da legislação aplicável, impõe a prática ou a abstenção de ato
que não configure obrigação principal.

Ao se analisar o fato gerador da obrigação tributária, percebe-se que somen-


te a existência da lei instituidora do tributo não é suficiente para que surja a
obrigação tributária, pois, para tanto, é necessária a ocorrência, em concre-
to, da situação hipotética prevista em lei, isto é, do fato gerador.

Por fim, questão relevante a ser analisada diz respeito à confusão que se tem
feito entre as expressões fato gerador e hipótese de incidência, pois em mui-
tos casos o fato gerador é tratado como hipótese de incidência e vice-versa.
Para esclarecer essa questão, Machado nos ensina que:

É importante notar que a expressão hipótese de incidência, embora às


vezes utilizada como sinônimo de fato gerador, na verdade tem signi-
ficado diverso. Basta ver que uma coisa é a descrição legal de um fato,
e outra coisa é o acontecimento desse fato.

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 51 Rede e-Tec Brasil


A expressão hipótese de incidência designa com maior propriedade a
descrição, contida na lei, da situação necessária e suficiente ao nasci-
mento da obrigação tributária, enquanto a expressão fato gerador diz
da ocorrência, no mundo dos fatos, daquilo que está descrito na lei. A
hipótese de incidência é simples descrição, é simples previsão, enquan-
to o fato gerador é a concretização da hipótese, é o nascimento do
que fora previsto.(2010, p. 139-40).

3.1.2.3 Sujeito ativo


O Codigo Tributário Nacional em seu artigo 119 estabelece o conceito legal
de sujeito ativo: “Sujeito ativo da obrigação é a pessoa jurídica de direito
público titular da competência para exigir o seu cumprimento.”

De acordo com Amaro (2010, p. 320): “[...] sujeito ativo é, na relação jurídica
tributária, o titular do polo credor, a que se contrapõe o sujeito passivo, no
polo devedor”.

Dessa forma, sujeito ativo é a pessoa jurídica de direito público competente


para exigir o seu cumprimento, ou seja, aquele que pode exigir o cumpri-
mento da obrigação tributária.

3.1.2.4 Sujeito passivo


Como sujeito passivo da obrigação tributária deve-se entender a pessoa,
física ou jurídica, que se encontra obrigada a cumprir a respectiva prestação.

Segundo Geraldo Ataliba (apud Abal, 2005, p. 29), sujeito passivo “é o de-
vedor, convencionalmente chamado de contribuinte. É a pessoa que fica na
contingência legal de ter o comportamento objeto da obrigação, em detri-
mento do próprio patrimônio e em favor do sujeito ativo”.

Como mencionado anteriormente, o Código Tributário Nacional dividiu a


obrigação tributária em principal e acessória, sendo que referido diploma
legal, ao definir o sujeito passivo, também o fez com base na definição bi-
partida de obrigação.

Dessa forma, em seu artigo 121, o Código Tributário Nacional esclarece


quem será o sujeito passivo da obrigação principal, ao passo que em seu
artigo 122 determina o sujeito passivo da obrigação acessória:

Rede e-Tec Brasil 52 Direito Tributário


Art. 121. Sujeito passivo da obrigação principal é a pessoa obrigada ao
pagamento de tributo ou penalidade pecuniária.
Parágrafo único. O sujeito passivo da obrigação principal diz-se:
I – contribuinte, quando tenha relação pessoal e direta com a situação
que constitua o respectivo fato gerador;
II – responsável, quando, sem revestir a condição de contribuinte, sua
obrigação decorra de disposição expressa de lei.

Art. 122. Sujeito passivo da obrigação acessória é a pessoa obrigada às
prestações que constituam o seu objeto.

3.1.2.5 Objeto
O objeto da obrigação tributária consiste no pagamento do tributo ou da
penalidade pecuniária, bem como nas prestações positivas ou negativas ins-
tituídas no interesse da arrecadação ou fiscalização dos tributos, conforme
se trate de obrigação principal ou acessória, respectivamente, isto é, equivale
ao próprio conteúdo da obrigação tributária.

Para Héctor Vellegas (apud ABAL, 2005, p. 30), “o objeto da obrigação tri-
butária é a prestação, quer dizer, o mesmo tributo que deve ser pago pelos
sujeitos passivos e cuja pretensão corresponde ao sujeito ativo.”

É preciso esclarecer que, no estudo da obrigação tributária, existem muitos


outros pontos relevantes a serem abordados. Todavia, em virtude do obje-
Se houver interesse em se
to do presente estudo, uma vez que, nesse ponto, o que se busca é uma aprofundar no estudo do
tema, recomendamos o livro
noção geral acerca do instituto que ora se analisa, tais questões não serão do professor Hugo de Brito
enfrentadas. Machado, intitulado Curso de
Direito Tributário, da Editora
Malheiros, que trata, com
3.2 Crédito tributário bastante precisão, do tema.

Chegou o momento de analisar o crédito tributário: noções gerais, conceito


e lançamento tributário.

3.2.1 Noções gerais e conceito


A obrigação tributária surge com a ocorrência do fato
gerador. Porém, o simples surgimento da obrigação não
é capaz de obrigar o sujeito passivo da relação jurídica
tributária a prestar seu objeto, pois, segundo a siste-
mática adotada pelo Código Tributário Nacional, o que
existe até esse instante é simplesmente a obrigação tri-
butária, a qual se encontra desprovida de exigibilidade.
Fonte: ilustradora

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 53 Rede e-Tec Brasil


Para que a obrigação tributária se torne exigível, ou seja, para que o sujeito
passivo seja obrigado a cumpri-la, é necessário que o sujeito ativo atue no
sentido de especificar o montante devido e estabelecer o vínculo jurídico que
liga o sujeito passivo ao respectivo valor, o qual poderá, a partir de então,
ser exigido pelo sujeito ativo. A essa atuação do sujeito ativo dá-se o nome
de lançamento tributário, sendo que o lançamento tributário é o ato que dá
ensejo ao surgimento do crédito tributário.

De tal modo, conforme dispõe o Código Tributário Nacional em seu artigo


139, o crédito tributário, embora decorra da obrigação principal, com esta
não se confunde, visto que aquela tem origem com a ocorrência do fato
gerador, ao passo que o crédito tributário surge a partir da realização do lan-
çamento tributário. Além disso, a finalidade do crédito tributário é conferir
exigibilidade à obrigação tributária.

Após esses esclarecimentos iniciais, é possível se estabelecer o conceito de


crédito tributário como sendo o vínculo jurídico a partir do qual o sujeito
ativo da obrigação tributária pode exigir do sujeito passivo o cumprimento
do objeto da obrigação.

Nesse sentido, é o conceito de crédito tributário estabelecido por Carvalho


(2005, p. 366-367), como “o direito subjetivo de que é portador o sujeito
ativo de uma obrigação tributária e que lhe permite exigir o objeto presta-
cional, representado por uma importância em dinheiro”.

Portanto, como se afirmou acima, para que surja o crédito tributário é neces-
sária a prática do lançamento tributário.

3.2.2 Lançamento tributário


Em seguida, analisaremos o lançamento tributário, especialmente seu con-
ceito e modalidades.

3.2.2.1 Conceito
O Código Tributário Nacional estabelece o conceito de lançamento tributário
em seu artigo 142:

Art. 142. Compete privativamente à autoridade administrativa consti-


tuir o crédito tributário pelo lançamento, assim entendido o procedi-
mento administrativo tendente a verificar a ocorrência do fato gerador
da obrigação correspondente, determinar a matéria tributável, calcular

Rede e-Tec Brasil 54 Direito Tributário


o montante do tributo devido, identificar o sujeito passivo e, sendo
caso, propor a aplicação da penalidade cabível.

Parágrafo único. A atividade administrativa de lançamento é vinculada


e obrigatória, sob pena de responsabilidade funcional.

Conforme esclarece Abal (2005), apesar da existência de opiniões divergen-


tes entre os doutrinadores, na conceituação de lançamento tributário, é co-
mum entre os conceitos estabelecer que o lançamento formaliza o crédito
tributário e sua respectiva obrigação, já que verifica a ocorrência do fato
gerador, identifica os sujeitos da relação jurídica tributária, bem como define
o montante do tributo devido.

3.2.2.2 Obrigatoriedade
O parágrafo único do artigo 142 do Código Tributário Nacional estabelece
que a atividade administrativa de lançamento é vinculada e obrigatória, sob
pena de responsabilidade funcional.

Dessa forma, verificada a ocorrência do fato gerador, a autoridade adminis-


trativa tem a obrigação de realizar ao lançamento tributário, uma vez que,
em razão de expressa determinação legal, essa atividade administrativa não
consiste em simples faculdade, mas sim em obrigatoriedade, a qual se vin-
cula aos ditames legais.

Em razão disso, caso a autoridade administrativa descumpra a obrigação


que lhe é imposta por lei, a ela deverá ser aplicada uma punição consistente
na pena de responsabilidade funcional.

Essa obrigatoriedade decorre da indisponibilidade do interesse público, pois


o Estado, sendo sujeito ativo da obrigação tributária, tem direito ao tributo,
direito este que só poderá ser satisfeito se efetivado o competente lança-
mento tributário.

3.2.2.3 Modalidades
De acordo com o Código Tributário Nacional são três as modalidades de lan-
çamento tributário: lançamento por declaração (artigo 147), lançamento de
ofício (artigo 149) e lançamento por homologação (artigo 150).

Referida classificação tem como pressuposto o grau de participação do sujei-


to passivo na formalização do crédito, ou seja, na confecção do lançamento,

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 55 Rede e-Tec Brasil


posto que, no lançamento de ofício, nenhuma é a participação do sujeito
passivo, de modo que toda a atividade é desenvolvida pela autoridade com-
petente. Já no lançamento por homologação ocorre exatamente o inverso,
pois toda a atividade de apuração, quantificação e recolhimento antecipa-
do do valor devido é desenvolvida pelo sujeito passivo, cabendo à autori-
dade administrativa somente verificar posteriormente a regularidade de tal
procedimento. E, finalmente, no lançamento por declaração a atividade se
materializa em conjunto, já que o sujeito passivo presta as informações de
que o Fisco necessita, cabendo a este efetuar o lançamento com base nas
informações prestadas.

3.2.2.3.1 Lançamento por declaração


O lançamento por declaração está previsto no artigo 147, do Código Tribu-
tário Nacional. Essa modalidade de lançamento se efetiva por meio de uma
ação conjunta entre sujeitos ativo e passivo da relação jurídica tributária,
sendo que o sujeito passivo ou terceiro fornece a autoridade administrativa
as informações indispensáveis à efetivação do lançamento. E, a partir dessas
informações, a autoridade efetua o competente lançamento tributário.

Deve-se destacar que, depois de realizado o lançamento, a autoridade ad-


ministrativa deve notificar o sujeito passivo para efetuar o pagamento ou
para impugnar o respectivo lançamento, sendo que somente a partir dessa
notificação é que surge o dever jurídico para o contribuinte efetuar o paga-
mento do tributo.

3.2.2.3.2 Lançamento de ofício


O artigo 149 do Código Tributário Nacional prescreve quais as hipóteses em
que se deve lançar de ofício. A principal característica dessa modalidade de
lançamento é que nele o Fisco detém todas as informações de que necessita.
Portanto, ao efetuar o lançamento, não depende da participação de quem
quer que seja.

3.2.2.3.3 Lançamento por homologação


Essa modalidade de lançamento encontra-se prevista no artigo 150, “ca-
put”, do Código Tributário Nacional. O lançamento por homologação difere
substancialmente das demais modalidades de lançamentos, pois nele toda
a atividade de apuração, quantificação e recolhimento do tributo deve ser
desenvolvida pelo sujeito passivo independentemente de qualquer participa-
ção prévia da autoridade administrativa, a qual apenas atuará posteriormen-
te para fiscalizar a regularidade da atividade desenvolvia pelo sujeito passivo.

Rede e-Tec Brasil 56 Direito Tributário


Nessa linha se situa a explicação de Amaro (2010, p. 389), ao tentar esclare-
cer em que consiste o lançamento por homologação:

Cuida-se aqui de tributos que, por sua natureza [...] têm o recolhimen-
to exigido do devedor independentemente de prévia manifestação do
sujeito ativo, vale dizer, sem que o sujeito ativo deva lançar para tornar
exigível a prestação tributária.

Essa atuação posterior da autoridade administrativa se dá pela homologa-


ção, expressa ou tácita, da atividade desenvolvida pelo particular, quando
regular. Ou pelo lançamento de ofício, quando a atividade do sujeito passivo
estiver contaminada de vícios, omissões ou imprecisões.

Logo, trata-se de instituto dotado de certas peculiaridades que o distancia


das demais modalidades de lançamento.

Essa modalidade de lançamento é uma das mais utilizadas em razão da mo-


derna sistemática tributária, pois cada vez mais a atividade do contribuinte
ganha destaque e relevância na arrecadação dos tributos.

Resumo
Nesta aula, tratamos de obrigação e crédito. Nela você teve a oportunidade
de identificar as principais características dos referidos institutos, tais como
conceito, espécies, objeto, partes, disposições legais, entre outros.

Atividades de Aprendizagem
1. Com base nos ensinamentos da presente aula, estabeleça as diferenças
entre obrigação tributária principal e acessória.

2. Discorra sobre a finalidade e o efeito do crédito tributário.

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 57 Rede e-Tec Brasil


3. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO representa um dos
elementos da obrigação tributária.

a) Hipótese de incidência

b) Fato gerador

c) Sujeito de direitos

d) Objeto

4. Acerca do lançamento tributário, considerando as afirmativas abaixo, as-


sinale a alternativa correta.

I- O lançamento por declaração é aquele que se efetiva por meio de


uma ação conjunta entre sujeitos ativo e passivo da relação jurídica
tributária, sendo que o sujeito passivo ou terceiro fornece à autoridade
administrativa as informações indispensáveis à efetivação do lança-
mento. E, a partir dessas informações, a autoridade efetua o compe-
tente lançamento tributário.

II- O lançamento por homologação tem como principal característica o


fato de que nele o Fisco detém todas as informações de que necessita.
Portanto, ao efetuar o lançamento, não depende da participação de
quem quer que seja.

III- No lançamento de ofício, toda a atividade de apuração, quantifica-


ção e recolhimento do tributo deve ser desenvolvida pelo sujeito passi-
vo independentemente de qualquer participação prévia da autoridade
administrativa, a qual somente atuará posteriormente para fiscalizar a
regularidade da atividade desenvolvia pelo sujeito passivo.

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Apenas a afirmativa I está correta.

c) Apenas a afirmativa II está correta.

d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

Rede e-Tec Brasil 58 Direito Tributário


Caro(a) estudante,

Alcançamos, assim, a conclusão de mais uma aula e, com isso, a abordagem


de um dos temais mais relevantes do direito tributário, ou seja, obrigação e
crédito tributários. Na próxima aula, estudaremos a suspensão, a exclusão e
a extinção do crédito tributário.

Caso surjam dúvidas ao realizar as atividades de aprendizagem, volte sem-


pre ao texto da aula e releia-o atenciosamente.

Aula 3 - Obrigação e Crédito Tributários 59 Rede e-Tec Brasil


Rede e-Tec Brasil 60 Direito Tributário
Aula 4. Suspensão, Extinção e
Exclusão do Crédito Tributário

Objetivo:

• Identificar as causas de suspensão, extinção e exclusão do cré-


dito tributário.

Estimado(a) estudante,

Na aula anterior, iniciamos a abordagem do tema crédito tributário, mais


precisamente sua constituição. Agora, daremos sequência ao assunto, ana-
lisando sua suspensão, extinção e exclusão. Este é mais um conteúdo que
contribuirá para a sua qualificação e que poderá ser bastante útil na execu-
ção das tarefas que lhe couberem na área escolhida para atuar.

4.1 Suspensão do crédito tributário


Conforme estudamos na aula anterior, a principal característica do crédito
tributário é a exigibilidade, o que ocorre com o lançamento tributário.

Contudo, situações há em que a exigibilidade do crédito tributário pode ser


suspensa.

As causas de suspensão da exigibilidade do crédito tributário estão previstas


no artigo 151, do Código Tributário Nacional:

Art. 151. Suspendem a exigibilidade do crédito tributário:


I - moratória;
II - o depósito do seu montante integral;
III - as reclamações e os recursos, nos termos das leis reguladoras do
processo tributário administrativo;
IV - a concessão de medida liminar em mandado de segurança;
V – a concessão de medida liminar ou de tutela antecipada, em outras
espécies de ação judicial;
VI – o parcelamento.

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 61 Rede e-Tec Brasil


Assim, diante das hipóteses acima enumeradas, como bem pontua Harada
(2006), uma vez suspensa a exibilidade do crédito tributário, o fisco fica ini-
bido de proceder à inscrição na dívida ativa e de executar judicialmente seus
direitos de cobrança. Pode apenas efetuar o lançamento para que a dívida
não caia em decadência.

Outra característica inerente à suspensão da exigibilidade do crédito tributá-


rio, lembrada por Sabbag (2010, p. 813), é que, “em todos os casos de exi-
gibilidade do crétido tributário, o contribuinte faz jus à certidão positiva de
tributos com efeitos de negativa (certidao de regularidae de situação fiscal),
em consonância com o art. 206 do CTN”.

4.1.1. Moratória
A moratória, conforme ensina Machado Segundo (2010, p. 117), correspon-
de à:

[...] dilação de prazo para o pagamento de uma dívida, já vencida ou


ainda por vencer, concedida pelo credor ao devedor. Com ela o deve-
dor obtém um novo prazo para a quitação da dívida, maior do que o
prazo original. Esse novo prazo pode ser para o pagamento de todo o
débito, integralmente, ou podem ser concedidos novos prazos, suces-
sivos, para o pagamento da dívida em parcelas.
As especificidades da moratória
estão previstas nos artigos 152
a 155 do Código Tributário
Nacional. Porém, tendo em vista
4.1.2. Depósito
os objetivos do presente estudo, Amaro (2010, p. 408) ensina que:
quais sejam, noções básicas
de direito tributário, não nos
aprofundaremos no exame do a segunda causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário é
tema posto. Todavia, se você tem
interesse em se aprofundar no o depósito de seu montante integral. O depósito não é pagamento; é
assunto, recomendamos o livro
a garantia que se dá ao suposto credor da obrigação tributária, num
do Professor Edutardo Sabbag,
intitulado Manural de Direito procedimento administrativo ou em ação judicial, no sentido de que,
Tributário, da Editora Saraiva,
que trata, com bastante precisão, decidido o feito, se o depositante sucumbe, o valor depositado é levan-
do tema. tado pelo credor, extinguindo-se, desta forma, a obrigação. Por isso, o
depósito há de ser feito no valor integral, isto é, no montante a que o
suposto credor se considera com o direito.

Portanto, caso o devedor não concorde com a dívida tributária ou com seu
respectivo valor, tem ele o direito de questioná-los, de modo que, se, ao
se insurgir contra o crédito tributário, realizar o depósito de seu montante
integral, enquanto perdurar a discussão, a exigibilidade do crédito ficará sus-
pensa, não podendo o fisco promover a respectiva cobrança.

Rede e-Tec Brasil 62 Direito Tributário


Assim, ao final da discussão, se o devedor tiver razão, o valor depositado lhe
será restituído total (se a dívida não subsistir) ou parcialmente (caso o valor
da dívida seja diminuído).

4.1.3 Reclamações e recursos administrativos


A suspensão da exigibilidade do crédito tributário em razão da interposição
de reclamações ou recursos administrativos é uma decorrência do direito
constitucional à ampla defesa, previsto no artigo 5º, LV da Constituição Fe-
deral: “aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados
em geral são assegurados o contraditório e ampla defesa, com os meios e
recursos a ela inerentes”.

Deste modo, constituído o crédito tributário, o sujeito passivo é notificado


para efetuar o pagamento ou apresentar reclamação ou recurso administra-
tivo, caso discorde da existência do crédito ou de seu valor.

Sendo assim, enquanto perdurar a discussão administrativa, a exigibilidade


do crédito tributário ficará suspensa.

4.1.4. Concessão de medida liminar em


mandado de segurança ou em outras
ações judiciais
Esta causa de suspensão da exigibilidade do crédito tributário também é
uma consequência do direito constitucional à ampla defesa (artigo 5º, LV da
Constituição Federal), de modo que, na hipótese de o devedor não concor-
dar com o crédito tributário constituído em seu desfavor, poderá ingressar
com uma ação judicial, com pedido liminar, para questioná-lo. Se obtiver a
medida liminar, enquanto o processo estiver em andamento o crédito estará
suspenso.

4.2. Extinção do crédito tributário


Segundo o artigo 156 do Código Tributário Nacional, são causas de extinção
do crédito tributário: o pagamento; a compensação; a transação; a remissão;
a prescrição e a decadência; a conversão de depósito em renda; o pagamen-
to antecipado e a homologação do lançamento nos termos do disposto no
artigo 150 e seus §§ 1º e 4º; a consignação em pagamento, nos termos do
disposto no § 2º do artigo 164; a decisão administrativa irreformável, assim
entendida a definitiva na órbita administrativa, que não mais possa ser ob-
jeto de ação anulatória; a decisão judicial passada em julgado; a dação em

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 63 Rede e-Tec Brasil


pagamento em bens imóveis, na forma e condições estabelecidas em lei.

4.2.1. Pagamento
Machado (2010, p. 210) leciona que o pagamento consiste “na entrega ao
sujeito ativo, pelo sujeito passivo ou qualquer outra pessoa em seu nome, da
quantia correspondente”

Nos termos do artigo 159 do Código Tributário Nacional:

Art. 159. Quando a legislação tributária não dispuser a respeito, o pa-


gamento é efetuado na repartição competente do domicílio do sujeito
passivo.

Entretanto, atualmente, em regra, o pagamento é feito por meio do sistema


bancário.

O prazo para pagamento é regulado, de forma geral, pelo artigo 160 do


Código Tributário Nacional:

Art.160. Quando a legislação tributária não fixar o tempo do paga-


mento, o vencimento do crédito ocorre trinta dias depois da data em
que se considera o sujeito passivo notificado do lançamento.

O pagamento, portanto, é a forma mais comum de extinção do crédito tri-


butário, de modo que, uma vez constituído o crédito tributário pelo lança-
mento e notificado o sujeito passivo, que, procede ao pagamento da quan-
tia respectiva, extinto estará o crédito tributário, nada mais havendo, em
tese, a cobrar.

4.2.2 Compensação
Zapatero (2009, p. 109) ensina que a compensação “ocorre quando duas
pessoas são ao mesmo tempo credoras e devedoras umas das outras”.

Por exemplo, caso o contribuinte devedor de IPTU seja também credor do


Município em razão de uma sentença judicial na qual foi arbitrado um de-
terminado valor a título de indenização, é possível a compensação do crédito
referente à indenização com o valor devido a título de IPTU.

A compensação, como forma de extinção do crédito tributário, só poderá


ocorrer nas hipóteses em que a lei expressamente autorizar, tanto que o ar-

Rede e-Tec Brasil 64 Direito Tributário


tigo 170 do Código Tributário Nacional estabelece que:

Art. 170. A lei pode, nas condições e sob as garantias que estipular,
ou cuja estipulação em cada caso atribuir à autoridade administrativa,
autorizar a compensação de créditos tributários com créditos líquidos
e certos, vencidos ou vincendos, do sujeito passivo contra a Fazenda
pública.

Parágrafo único. Sendo vincendo o crédito do sujeito passivo, a lei de-


terminará, para os efeitos deste artigo, a apuração do seu montante,
não podendo, porém, cominar redução maior que a correspondente ao
juro de 1% (um por cento) ao mês pelo tempo a decorrer entre a data
da compensação e a do vencimento.

Portanto, como bem explica Machado (2010), corresponde a um encontro


de contas entre credor e devedor.

4.2.3 Transação
Conforme bem esclarece Sabbag (2010, 854), “a transação é o acordo para
concessões recíprocas que põe fim ao litígio”

Portanto, a transação nada mais é do que um acordo celebrado entre sujei-


tos ativo e passivo da obrigação tributária, em que, por consentimento recí-
proco, o crédito tributário é extinto. Por exemplo, o contribuinte se propõe
a pagar um débito fiscal e o fisco oferece um desconto correspondente ao
abatimento da multa pelo atraso.

A transação está prevista no artigo 171 do Código Tributário Nacional e


também depende de expressa autorização de lei, não podendo, assim, ser
concedida pela simples vontade do administrador tributário.

4.2.4 Remissão
A remissão consiste no perdão da dívida feito pelo credor, ou, no dizer de
Zapatero (2009), “remir significa perdoar, total ou parcialmente”

O artigo 172 do Código Tributário Nacional trata da remissão tributária:

Art. 172. A lei pode autorizar a autoridade administrativa a conceder,


por despacho fundamentado, remissão total ou parcial do crédito tri-
butário, atendendo:

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 65 Rede e-Tec Brasil


I - à situação econômica do sujeito passivo;
II - ao erro ou ignorância excusáveis do sujeito passivo, quanto à maté-
ria de fato;
III - à diminuta importância do crédito tributário;
IV - a considerações de equidade, em relação com as características
pessoais ou materiais do caso;
V - a condições peculiares a determinada região do território da entida-
de tributante.

Parágrafo único. O despacho referido neste artigo não gera direito ad-
quirido, aplicando-se, quando cabível, o disposto no artigo 155.

Da mesma forma que as demais causas de extinção já estudadas, a remissão


depende de expressa autorização legal (lei).

4.2.5. Decadência e prescrição


Decadência e prescrição são causas de extinção do crédito tributário que tem
como motivo a influência do tempo, em que o elemento temporal ingressa
no mundo jurídico, fulminando a aquisição dos direitos ou o seu exercício.

Para que o elemento temporal ingresse no mundo jurídico por meio dos
institutos da decadência e da prescrição, é necessário a presença de duas
condições: o decurso do lapso temporal previsto em lei, seguido da inércia
do titular do direito.

Portanto, pode-se afirmar que a decadência e a prescrição se traduzem em


punição para aquele que não exerce um direito de que é titular, durante um
determinado período de tempo. Isto ocorre em nome da segurança e estabi-
lidade das relações jurídicas, que não podem durar para sempre.

Assim, os direitos devem ser exercidos dentro do prazo que a lei estabelece,
sob pena de serem extintos, ou perderem a proteção jurídica que lhes é as-
segurada.

No direito tributário, a decadência representa a extinção do direito que o


Fisco possui de formalizar o crédito tributário, ou seja, de promover o lança-
mento tributário.

Zapatero (2009, p. 113) ensina que “o Fisco possui o prazo de 5 (cinco) anos
para efetuar o lançamento do crédito tributário, sobe pena de decadência

Rede e-Tec Brasil 66 Direito Tributário


do direito de efetuá-lo.

Decadência e prescrição são


Em linhas gerais, os prazos decadenciais estão previstos nos artigos 150, § temas de grande controvérsia
no direito tributário. Entretanto,
4º (que trata da decadência referente aos tributos cujo lançamento se opera tendo em vista os propósitos
na modalidade homologação) e 173 (que trata do prazo decadencial dos deste estudo, pertinente ater-se
apenas aos aspectos gerais da
tributos lançados de ofício e por declaração), ambos do Código Tributário matéria. Porém, se você tem
Nacional. interesse em se aprofundar no
assunto, recomendamos o livro
do professor Edutardo Sabbag,
intitulado Manural de Direito
Art. 150. O lançamento por homologação, que ocorre quanto aos tri-
Tributário, da Editora Saraiva,
butos cuja legislação atribua ao sujeito passivo o dever de antecipar o que trata, com bastante precisão,
do tema.
pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa, opera-se
pelo ato em que a referida autoridade, tomando conhecimento da ati-
vidade assim exercida pelo obrigado, expressamente a homologa.
[...]
4º Se a lei não fixar prazo a homologação, será ele de cinco anos, a
contar da ocorrência do fato gerador; expirado esse prazo sem que
a Fazenda Pública se tenha pronunciado, considera-se homologado o
lançamento e definitivamente extinto o crédito, salvo se comprovada a
ocorrência de dolo, fraude ou simulação.

Art. 173. O direito de a Fazenda Pública constituir o crédito tributá-


rio extingue-se após 5 (cinco) anos, contados:
I - do primeiro dia do exercício seguinte àquele em que o lançamento
poderia ter sido efetuado;
II - da data em que se tornar definitiva a decisão que houver anulado,
por vício formal, o lançamento anteriormente efetuado.

Parágrafo único. O direito a que se refere este artigo extingue-se de-


finitivamente com o decurso do prazo nele previsto, contado da data
em que tenha sido iniciada a constituição do crédito tributário pela
notificação, ao sujeito passivo, de qualquer medida preparatória indis-
pensável ao lançamento.

Tais prazos, independentemente da espécie de tributo, ou da modalidade de


lançamento, serão sempre de cinco anos, todavia, o que varia conforme a
espécie de tributo ou a modalidade de lançamento é o marco inicial em que
o prazo decadencial começa a ser computado.

Conforme o artigo 150, § 4º do Código Tributário Nacional, o prazo de-


cadencial é de cinco anos contados da data do fato gerador da obrigação

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 67 Rede e-Tec Brasil


tributária, salvo nos casos em que houver dolo, fraude ou simulação, atribu-
ídos ao sujeito passivo.

No lançamento por homologação, o contribuinte tem o dever de apurar o


valor do tributo devido, declará-lo e proceder à antecipação de seu paga-
mento, sem que para isso seja necessária qualquer intervenção ou participa-
ção do Fisco.

Assim, cabe ao Fisco, dentro do referido prazo, exercer sua atividade fisca-
lizatória, a fim de verificar se os procedimentos realizados pelo contribuinte
na apuração e recolhimento do tributo estão corretos. Se, ao exercer essa fis-
calização, o Fisco constata que a atividade desenvolvida pelo sujeito passivo,
bem como o recolhimento do tributo devido estão corretos, tem ele o prazo
de cinco anos para homologá-la. Todavia, caso constate alguma irregulari-
dade ou inexatidão, terá igual prazo para, através do lançamento de ofício,
nos termos do artigo 149, V do Código Tributário Nacional, lançar eventuais
diferenças, sob pena de decadência.

O inciso I, do artigo 173 do Código Tributário Nacional estabelece que o pra-


zo decadencial começa a fluir a partir do primeiro dia do exercício seguinte
àquele em que o tributo poderia ter sido lançado.

A primeira questão a se elucidar consiste em esclarecer a partir de quando


se inicia o exercício financeiro, sendo que, segundo Santi (2004, p. 168),
“nos termos do artigo 34 da Lei nº 4.320/64, exercício financeiro é o período
compreendido entre 1º de janeiro a 31 de dezembro”.

Feito esse esclarecimento, nos termos do inciso I, do artigo 173, do Código


Tributário Nacional, em casos de lançamento por ofício ou declaração, o Fis-
co tem o prazo de cinco anos contados do primeiro dia do exercício seguinte
ao da ocorrência do fato gerador, ou do vencimento do prazo para que o
sujeito passivo entregue a declaração ao Fisco, para efetuar o competente
lançamento, sob pena de decadência desse direito.

O inciso II, do artigo 173 do Código Tributário Nacional reza que, quando o
lançamento for anulado, por decisão definitiva, em razão de vício formal, o
prazo decadencial é de cinco anos contados da data da respectiva decisão.

Já a prescrição tributária corresponde à perda do direito que o sujeito ativo


possui de cobrar o crédito tributário, ou seja, de ingressar com a ação judicial

Rede e-Tec Brasil 68 Direito Tributário


de execução fiscal destinada à cobrança do crédito.

Desta forma, somente poderá ocorrer prescrição se não houver a decadên-


cia, visto que, operada a decadência, não é possível ao Fisco formalizar o
crédito tributário através do lançamento. Sendo assim, se a prescrição incide
sobre a ação capaz de assegurar a efetividade de um direito, o crédito tribu-
tário, não há como se falar em prescrição se não existe direito a ser protegi-
do ou efetivado.

Com efeito, pode-se afirmar que o lançamento tributário opera como o ele-
mento divisor entre a prescrição e a decadência, pois, antes do lançamento,
somente é admissível falar em decadência, ao passo que, depois de efetiva-
do o lançamento, não há mais como se cogitar a decadência, sendo, então,
caso de prescrição.

Para se compreender o conceito de prescrição tributária, valiosas são as li-


ções de Sabbag (2010, p. 781), que a define como “[...] fato jurídico que
determina a perda do direito subjetivo de ajuizamento de ação de execução
(fiscal) do valor tributo”.

O Código Tributário Nacional, em seu artigo 174, “caput”, dispõe sobre a


prescrição no Direito Tributário, pelo qual “A ação para a cobrança do crédi-
to tributário prescreve em cinco anos, contados da data da sua constituição
definitiva.”

4.2.6 Conversão do depósito em renda


Normalmente, quando o sujeito passivo da obrigação tributária resolve dis-
cutir o crédito tributário na justiça, ele efetua o depósito do valor da dívida,
porém o valor do depósito não vai para o credor, uma vez que fica deposita-
do numa conta vinculada ao processo.

Sendo assim, no final do processo, caso o sujeito passivo saia derrotado na


demanda, o valor do depósito é destinado ao sujeito ativo, ou seja, é conver-
tido em renda, quitando o débito e extinguindo o crédito tributário.

4.2.7 Pagamento antecipado e homologação do


pagamento
No tributos em que o lançamento é realizado na modalidade homologação,
é o próprio sujeito passivo que apura o valor devido e efetua o pagamento
respectivo, antes de qualquer participação do sujeito ativo, cabendo a este

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 69 Rede e-Tec Brasil


apenas conferir a exatidão da atividade realizada por aquele, para então
homologar a operação e dar por extinto o crédito tributário.

Deste modo, se a atividade do sujeito passivo estiver correta, o pagamento


feito antecipadamente será homologado, o que levará à extinção do créditro
tributário.

4.2.8 Consignação em pagamento


A consignação em pagamento é uma medida judicial posta à disposição do
contribuinte que, mesmo tendo a intenção de pagar o tributo, não consegue
efetuar o pagamento.

O artigo 164 do Código Tributário Nacional estabele as hipóteses de cabi-


mento da ação de consignação em pagamento.

Art. 164. A importância de crédito tributário pode ser consignada judi-


cialmente pelo sujeito passivo, nos casos:
I - de recusa de recebimento, ou subordinação deste ao pagamento
de outro tributo ou de penalidade, ou ao cumprimento de obrigação
acessória;
II - de subordinação do recebimento ao cumprimento de exigências
administrativas sem fundamento legal;
III - de exigência, por mais de uma pessoa jurídica de direito público, de
tributo idêntico sobre um mesmo fato gerador.

Segundo o § 2º do artigo 164 do Código Tributário Nacional, se a ação de


consignação for julgada procedente (se o contribuite tiver razão), o paga-
mento se reputa efetuado e a importância consignada é convertida em ren-
da. Todavia, se julgada improcedente, cobra-se o crédito acrescido de juros
de mora, sem prejuízo das penalidades cabíveis.

4.2.9 Decisão administrativa irreformável


Quando o sujeito passivo é notificado da existência de um crédito tributário
em seu desfavor, ele pode, basicamente, efetuar o pagamento, ficar inerte
(quieto) ou recorrer na esfera administrativa.

Caso opte pelo recurso administrativo e, ao final, este seja julgado proce-
dente, isto é, se conclua que o contribuinte não deve o tributo cobrado, o
crédito tributário restará extinto, desde que a decisão administrativa seja
irreformável, isto é, que não caiba mais recurso.

Rede e-Tec Brasil 70 Direito Tributário


4.2.10 Decisão judicial passada em julgado
O sujeito passivo, ao invés de optar pelo recurso administrativo, pode levar a
discussão sobre a existência do créditro tributário para a justiça.

Da mesma forma que ocorre com a decisão administrativa, a decisão judicial


também extingue o crédito tributário, quando for favorável ao sujeito passi-
vo e estiver passada em julgado, ou seja, quando não couber mais recurso.

4.2.11 Dação em pagamento


Dação em pagamento significa, basicamente, a quitação de uma dívida me-
diante a entrega de um determinado bem como pagamento, que não seja
dinheiro.

De um modo geral, o crédito tributário não pode ser extinto por meio de
dação em pagamento, em razão do disposto no artigo 3º do Código Tribu-
tário Nacional, pelo qual o tributo é uma prestação pecuniária, ou seja, em
dinheiro. Contudo, a partir da Lei Complementar n. 104/2001, que inseriu
o inciso XI ao artigo 156 do Código Tributário Nacional, excepcionalmente,
desde que haja expressa disposição legal nesse sentido, é possível a extinção
do crédito tributário mediante a dação de pagamento de bens imóveis, ape-
nas (MACHADO SEGUNDO, 2010).

4.3 Exclusão do crédito tributário


De acordo com o artigo 175 do Código Tributário Nacional, duas são as
formas de exclusão do crédito tributário, quais sejam: a isenção e a anistia.

Sabbag (2010, p. 861) ensina que “A exlusão do crédito tributário, por


meio da isenção e anistia, consiste na inviabilidade de sua constituição, ou
seja, são situações em que, mesmo ocorrido o fato gerador e a obrigação
tributária, não haverá lançamento e, consequentemente, não haverá crédito
tributário”.

Machado (2011, p. 04) é bastante claro ao explicar a exclusão do crédito


tributário:

Diante dos dispositivos do Código Tributário Nacional, podemos enten-


der como exclusão do crédito tributário a impossibilidade de sua cons-
tituição por estarmos diante de fatos que, em princípio, estariam com-
pondo a correspondente hipótese de incidência tributária, mas foram

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 71 Rede e-Tec Brasil


desta retirados pela lei (isenção), ou diante de fatos que em princípio
configurariam ilícito tributário, ensejando a aplicação da penalidade
correspondente, mas foram objeto de anistia, ou perdão, legalmente
concedido ao infrator.

4.3.1 Isenção
A isenção consiste na dispensa do tributo, prevista em lei. É regulamentada
pelos artigos 176 a 179 do Código Tributário Nancional.

Na isenção, a obrigação tributária surge, mas a lei, por motivos determina-


dos, dispensa o pagamento do tributo. Por exemplo, no imposto de renda,
algumas receitas são isentas do pagamento do tributo, dentre as quais, os
rendimentos auferidos em contas de depósitos de poupança, que não são
passíveis de tributação.

A isenção, nos termos do parágrafo único do artigo 176 do Código Tributá-


rio Nacional, pode ser restrita a determinadas regiões do território da entida-
de tributante, em razão de condições a ela peculiares, como, por exemplo,
para minimizar determinadas desigualdades regionais.

Além disso, em regra, a isenção não se estende às taxas, às contribuições de


melhorias e aos tributos instituídos posteriormente à sua concessão (artigo
177 do Código Tributário Nacional).

4.3.2 Anistia
Anistia num sentido amplo significa perdão e, na área tributária, Sabbag
(2010) afirma que a anistia consiste no perdão legal referente às penalidades
pecuniárias decorrentes da prática de determinada infração tributária. Suas
regras estão previstas nos artigos 180 a 182 do Código Tributário Nacional.

Segundo o artigo 180 do Código Tributário Nacional, a anistia abrange ape-


nas as infrações cometidas antes da lei que a concede, não englobando,
também:

• os atos qualificados em lei como crimes ou contravenções e aos que,


mesmo sem essa qualificação, sejam praticados com dolo, fraude ou si-
mulação pelo sujeito passivo ou por terceiro em benefício daquele;

• salvo disposição em contrário, as infrações resultantes de conluio entre


duas ou mais pessoas naturais ou jurídicas.

Rede e-Tec Brasil 72 Direito Tributário


Da mesma forma que a isenção, a anistia pode ser concedida a determina-
das regiões do território da entidade tributante, em razão de condições a ela
peculiares (artigo 181, III do Código Tributári Nacional).

4.3.3. Distinção entre isenção e anistia


Analisadas as principais características das causas de exclusão do crédito tri-
butário, é necessário estabelecer as diferenças existentes entre isenção e
anistia.

Para tanto, esclarecedores são estes ensinamentos:

A anistia não se confunde com a isenção porque a primeira diz respeito


exclusivamente a penalidades e a segunda diz respeito aos tributos. E,
ainda, porque a anistia produz os seus efeitos apenas em relação aos
fatos ocorridos antes da lei que a concede, enquanto a isenção pro-
duz os seus efeitos em relação a fatos posteriores à data do início da
vigência da lei que a concede.
A distinção essencial entre anistia e isenção reside em dois pontos,
a saber, a anistia diz respeito a infrações e penalidades e a lei que a
concede é retroativa por natureza, enquanto a isenção diz respeito aos
tributos e a lei que a concede aplica-se para o futuro. (MACHADO,
2011, p. 12).

Resumo
Esta aula teve como objeto o estudo das causas de supensão, extinção e
exclusão do crédito tributário. Nela foi possível identificar as peculiaridades e
importância dos referidos institutos dentro do direito tributário.

Atividades de Aprendizagem
1. Tendo em vista os ensinamentos da presente aula, estabeleça as diferen-
ças entre as causas de suspensão e de extinção do crédito tributário.

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 73 Rede e-Tec Brasil


2. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela que NÃO representa uma
das causas de suspensão do crédito tributário.

a) Pagamento

b) Parcelamento

c) Moratória

d) Reclamações e recursos administrativos

3. Assinale a alternativa que contém causas de exclusão do crédito tributário.

a) Anistia e pagamento

b) Remissão e moratória

c) Anistia e isenção

d) Isenção e compensação

4. Considerando as afirmativas abaixo, assinale a alternativa correta.

I- As reclamações e os recursos administrativos são causas de suspen-


são da exigibilidade do crédito tributário. Referidas causas decorrem
do direito constitucional à ampla defesa, previsto no artigo 5º, LV da
Constituição Federal: “aos litigantes, em processo judicial ou admi-
nistrativo, e aos acusados em geral são assegurados o contraditório e
ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes”.

II- A anistia consiste no perdão legal referente às penalidades pecuniá-


rias decorrentes da prática de determinada infração tributária.

III- A consignação em pagamento é uma medida judicial posta à dis-


posição do contribuinte que, mesmo tendo a intenção de pagar o
tributo, não consegue efetuar o pagamento.

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Apenas a afirmativa I está correta.

Rede e-Tec Brasil 74 Direito Tributário


c) Apenas a afirmativa II está correta.

d) Apenas as afirmativas II e III estão corretas.

5. Acerca das causas de extinção do crédito tributário, é correto afirmar:

a) A remissão consiste no perdão da dívida, podendo ser concedida indepen-


dentemente da existência de lei nesse sentido.

b) A compensação se caracteriza pelo acordo pautado em concessões mútu-


as entre os sujeitos ativo e passivo, destinado à extinção do crédito tributário.

c) Na transação, o crédito tributário é extinto em razão do perdão da dívida,


feito pelo credor.

d) Na conversão do depósito em renda, o crédito tributário é extinto em


razão da transferência para o sujeito ativo, do valor depositado pelo sujeito
passivo, quando este resolve discutir o crédito tributário na justiça e sai der-
rotado na demanda.

Caro(a) etudante,

Chegamos ao fim de mais uma de nossas aulas. Nela, buscamos conhecer as


causas de supensão, extinção e exclusão do crédito tributário. Na próxima
aula, estudaremos a competência tributária e a Lei de Responsabilidade Fis-
cal no que se refere ao exercício do poder de tributar.

Continue ligado(a) e prepare-se para um novo conteúdo.

Aula 4 - Suspensão, Extinção e Exclusão do Crédito Tributário 75 Rede e-Tec Brasil


Rede e-Tec Brasil 76 Direito Tributário
Aula 5. Competência Tributária e Instituição
dos Impostos e a Lei de
Responsabilidade fiscal – LRF

Objetivos:
• distinguir a competêcia tributária;

• identificar as peculiaridades e características da competência


tributária; e

• reconhecer as obrigações decorrentes da LRF em relação à ins-


tituição dos impostos.

Caríssimo(a) estudante,

Nesta fase de nosso processo de aprendizagem, estudaremos a competência


tributária e as disposições legais previstas na LRF em relação à instituição de
impostos. Este tema possui grande relevância dentro do direito tributário,
sendo, consequentemente, importante para aqueles que lidam com as re-
gras tributárias de nosso país.

Sigamos em frente!

5.1. Competência tributária


A seguir, estudaremos a competência tributária, seu conceito, características
e espécies.

5.1.1. Conceito

Fonte: ilustradora

Aula 5 - Competência Tributária e a Instituição dos Impostos e a Lei de ... 77 Rede e-Tec Brasil
No Brasil, os tributos podem ser criados pela União, pelos estados, pelo Dis-
trito Federal ou pelos municípios, conforme a competência de cada um,
estabelecida pela Constituição Federal ou pelo Código Tributário Nacional.
De um modo geral, a esse poder de criar determinado tributo dá-se o nome
de competência tributária.

Segundo Zapatero (2009, P. 59), “Podemos dizer, em modesta síntese, que


a competência tributária é o poder atribuído pela Constituição Federal aos
legisladores infraconstitucionais para que instituam ou modifiquem um tri-
buto.”

A competência tributária está especificada nos artigos 145, 153 a 156 da


Constituição Federal, onde, basicamente, está dividida em tributos federais,
estaduais e municipais.

O Código Tributário Nacional, em seus artigos 6º a 8º também trata das re-


gras inerentes à competência tributária.

São os principais tributos de competência da União, referentes ao exercício


da atividade empresarial: Imposto de Importação (II), Imposto de Exportação
(IE); Imposto de Renda (IR); Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI); Im-
posto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguros (IOF); Imposto sobre a
Propriedade Territorial Rural (ITR); Contribuição Social sobre o Lucro Líquido
(CSLL); Contribuição para os Programas de Integração Social e de Formação
do Patrimônio do Servidor Público (PIS/Pasep); Contribuição para o Finan-
ciamento da Seguridade Social (Cofins); Previdência Social (INSS), Fundo de
Garantia por Tempo de Serviço (FGTS), taxas e contribuições de melhoria.

No âmbito da competência estadual, podem ser citados: Imposto sobre


Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCD); Impostos sobre Operações Rela-
tivas à Circulação de Mercadorias e à Prestação de Serviços de Comunicação
e Transporte Interestadual e Intermunicipal (ICMS); Imposto sobre a Proprie-
dade de Veículo Automotor (IPVA), taxas e contribuições de melhoria.

Já na esfera municipal, destacam-se os seguintes tributos: Imposto sobre os


Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN); Imposto Predial Territorial Urbano
(IPTU); Imposto sobre Transmissão de Bens Imóveis (ITBI).

5.1.2 Características
Conforme Brigagão (2012), são características da competência tributária:

Rede e-Tec Brasil 78 Direito Tributário


• Privatividade: representada pela a exclusividade da pessoa política na
instituição de sua competência. Quem detém a privatividade é somente
a União, já que, em algumas hipóteses, ela poderá legislar sobre maté-
rias de competência dos estados e dos municípios - Art. 154, I - regra de
fechamento; Art. 154, II - mais que uma exceção, que confirma a regra
em caso de normalidade. Assim, como uma mesma matéria não poderá
ser objeto de tributação por duas pessoas políticas diferentes, no cenário
jurídico brasileiro não há que se falar em bi-tributação;

• Indelegabilidade: pela qual o poder de instituir tributos é, por essência,


indelegável, ou seja, um ente político não pode transferir sua compe-
tência para outro. Por exemplo, o município não pode transferir para o
estado o direito de instituir o IPTU;

• Incaducabilidade: significa que mesmo quando não exercida, a compe-


tência tributária não se perderá, isto é, não se extinguirá. Por exemplo, a
Constituição outorga a União o direito de instituir impostos sobre gran-
des fortunas. Embora referido imposto nunca tenha sido criado, pelas
regras atuais, mesmo com o passar do tempo a União não perderá esse
direito.

• Inalterabilidade: os entes políticos não podem criar leis que alteram sua
competência tributária, que é estabelecida pela própria Constituição, a
qual funciona como uma espécie de moldura a que se devem adequar
as demais leis.

• Irrenunciabilidade: o ente político pode ou não exercer sua competên-


cia, mas dela não pode abrir mão por livre e espontânea vontade. Assim,
quando a União achar que deve, se um dia porventura achar que deve,
pode instituir o Imposto sobre Grandes Fortunas. Pode até não imple-
mentá-lo nunca, por questões de conveniência e oportunidade, mas ja-
mais deverá formalizar expressamente tal renúncia, sob pena de afronta
ao texto constitucional;

• Facultatividade: a Constituição não obriga aos entes federados exer-


cer suas competências. Assim, a pessoa política é livre para exercitar sua
competência tributária, sendo que o não exercício da competência tribu-
tária não a transfere a outras pessoas políticas. Isso se dá porque compe-
tência tributária não é res nullius, a competência tributária é privativa de
cada pessoa política (artigo 8.º do Código Tributário Nacional). Assim, a

Aula 5 - Competência Tributária e a Instituição dos Impostos e a Lei de ... 79 Rede e-Tec Brasil
competência tributária confere e delimita o poder e nada obsta a que o
ente a exerça de forma parcial face ao traço da facultatividade. A imple-
mentação ou não do tributo fica ao alvedrio de cada ente.

• Intransferibilidade: outro ente da federação até pode-se beneficiar do


repasse das receitas auferidas, mas é fato que a competência não se
transfere para o mesmo, tendo em vista o fato de que não existe com-
petência concorrente para instituir o tributo. O não exercício da com-
petência, por si só, não tem o condão de transferi-la a outro ente da
federação, conforme está explicitadono artigo 8º do Código Tributário
Nacional: “o não exercício da competência tributária não a transfere a
pessoa jurídica de direito público diversa daquela a que a Constituição a
tenha atribuído”.

5.1.3 Espécies
Agora, estudaremos as espécies de competências tributárias, quais sejam:
competência exclusiva ou privativa, residual e comum.

5.1.3.1 Competência tributária excluvisa ou privativa

Conforme Zapatero (2009), competência tributária exclusiva ou privativa é


aquela que é de titularidade exclusiva de determinado ente político, sendo
vedada a qualquer outro.

Existem alguns tributos que somente podem ser instituídos por determina-
dos entes, por exemplo, somente a União pode instituir empréstimos com-
pulsórios. Da mesma forma, apenas os estados têm competência para criar
o imposto sobre a propriedade de veículo automotor (IPVA). Igualmente, só
cabe aos municípios gerar imposto sobre os serviços de qualquer natureza
(ISSQN).

5.1.3.2 Competência tributária residual

É aquela prevista no artigo 154, I da Constituição, que pode ser exercida pela
União, para instituir impstos, mediante lei complementar, desde que não

Rede e-Tec Brasil 80 Direito Tributário


previstos expressamente na Constituição, e, ainda, que não sejam cumulati-
vos e não tenham fato gerador ou base de cálculo próprios dos discrimina-
dos nesta Constituição.

Na verdade, é a competência conferida à União para criar novos impostos,


além daqueles já previstos na Constituição.

5.1.3.3 Competência tributária comum

Consiste na competência que cada ente político possui, segundo as regras


da Constituição, para instituir e cobrar tributos, sejam eles impostos, taxas
ou contribuições de melhorias. Aqui, a competência de um ente não exclui
a do outro.

5.2 A instituição dos impostos e a Lei de


Responsabilidade Fiscal
A Lei Complementar n. 101/00, conhecida como Lei de Responsabilidade
Fiscal – LRF, estabelece uma série de regras, que devem ser observadas pelos
governantes, referentes às finanças públicas, especialmente no que se refere
à responsabilidade com gastos públicos e o dever de prestação de contas.

Assim, por exemplo, a LRF estabelece limites para gastos com pessoal (fun-
cionários públicos) e para dívida pública, além de determinar a criação de
metas para controlar receitas e despesas públicas.

O gestor público que não cumprir as regras previstas na LRF está sujeito à
imposição de penalidades, que podem ser institucionais, previstas na pró-
pria LRF; ou pessoais, previstas em outras leis, como, por exemplo, a Lei n.
10.028/00, que trata dos crimes de responsabilidade fiscal.

São exemplos de sanções institucionais:

• Suspensão de transferências voluntárias (convênios), ou seja, recursos


geralmente transferidos da União ou dos estados, que permitirão a cons-
trução de casas populares, escolas, obras de saneamento e outros, para

Aula 5 - Competência Tributária e a Instituição dos Impostos e a Lei de ... 81 Rede e-Tec Brasil
o governante que não prever, arrecadar e cobrar tributos (impostos, taxas
e contribuições) que sejam de sua competência,

• Suspensão da concessão de novas vantagens aos servidores, de criação


de cargos, de novas admissões e da contratação de horas extras, da con-
tratação de operações de crédito e a obtenção de garantias da União
para quem exceder o limite de gastos com pessoal.

Como exemplos de sanções pessoais, previstas Lei de Crimes de Responsabi-


lidade Fiscal, podem ser citados:

• perda de cargo;

• proibição de exercer emprego público;

• pagamento de multas;

• prisão, em determinadas situações.

A fiscalização do cumprimento das regras especificadas na LRF compete aos


tribunais de contas da União, dos estados ou dos municípios.

Além das regras acima mencionadas, a LRF também deu início à transparên-
cia dos gastos públicos, que, gradativamente, passaram a estar acessíveis
aos cidadãos para conhecimento.

Portanto, a LRF representa uma evolução significativa na forma de adminis-


trar os recursos públicos no Brasil, equilibrando as receitas e as despesas pú-
blicas, condicionando os gastos públicos à capacidade financeira dos entes
políticos.

Antigamente, em razão de velho costume, na política brasileira, alguns


gestores realizavam gastos e/ou contraíam dívidas significativas, deixando
a conta para seus sucessores, que, na maioria das vezes, não conseguiam li-
quidar os gastos de seu antecessor Disponível em; < http://pt.wikipedia.org/
wiki/Lei_de_Responsabilidade_Fiscal> Acesso em: 18 nov. 2013.

A instituição e a cobrança de impostos também não passaram desapercebi-


das pela LRF, que, em seu artigo 11, estabelece:

Rede e-Tec Brasil 82 Direito Tributário


Art. 11. Constituem requisitos essenciais da responsabilidade na gestão
fiscal a instituição, previsão e efetiva arrecadação de todos os tributos
da competência constitucional do ente da Federação.

Deste modo, caso o gestor não exerça a competência tributária outorga-


da ao ente político por ele administrado, estará infringindo a regra prevista
no artigo 11 da LRF, sujeitando-se às penalidades respectivas, pois não é
facultadado ao administrador público renunciar, indevidamente, às receitas
tributárias.

Observe a seguir as esclarecedoreras palavras de Sousa e Sousa (2006):

Assim, retomando o raciocínio, o não exercício da competência tri-


butária, em sua inteireza, conquanto se possa dar, acarreta, na nova
ordem jurídica inaugurada com a Lei de Responsabilidade Fiscal, con-
sequências eventualmente prejudiciais ao Ente Público. De concluir-se,
então, que a característica da facultatividade do exercício da compe-
tência tributária, resta mesmo atingida, na medida em que a omissão
tem, agora, expressa resposta negativa, dada pelo Sistema Jurídico,
por meio da vedação do recebimento de créditos, implementada na Lei
de Responsabilidade Fiscal.
É evidente que a questão ainda demanda outros desdobramentos, no
ponto em que se adote como útil a classificação dos tributos em fiscais
e extrafiscais, por exemplo.
Assim, o não exercício da competência em relação a tributos de nature-
za predominantemente arrecadadora implica diretamente em renúncia
fiscal, enquanto a mesma omissão, desta feita relacionada a tributos
de índole predominantemente extrafiscal, estaria a acarretar, também
predominantemente, apenas omissão no uso de instrumento de re-
gulação da atividade econômica, não exercendo, no mais das vezes,
influência relevante no volume de recursos financeiros aportados ao
orçamento daquele Ente Público.
Assim, nos parece que a extensão da aplicabilidade do artigo 11 da
Lei de Responsabilidade Fiscal se daria tão-somente no tocante à não
instituição de impostos com marcada característica fiscal, sendo ina-
plicáveis as sanções ali previstas se se der, a omissão, na instituição de
impostos extrafiscais. De qualquer modo, os entes políticos que mais
dependem de transferências voluntárias - estados e notadamente mu-
nicípios - possuem competências tributárias, no tocante aos impostos,
com conotação fortemente arrecadatória, o que torna bastante plausí-

Aula 5 - Competência Tributária e a Instituição dos Impostos e a Lei de ... 83 Rede e-Tec Brasil
vel a incidência do dispositivo da Lei Complementar ora comentado.
Assente-se ainda o fato de que a competência tributária, após o adven-
to da Lei de Responsabilidade Fiscal, apresenta essas especiais cores,
que impulsionam o Estado - em qualquer de suas esferas - e em nome
da responsabilidade e da transparência, a dar efetividade ao processo
legislativo de instituição dos impostos sob sua competência.
[...]
Com esses temperos acima trazidos, não temos dúvidas em afirmar
que a facultatividade do exercício da competência tributária, que já
conhecia limitações, como no aventado caso do ICMS, experimenta
agora novo paradigma: o sistema de direito positivo brasileiro acena
com sanção de natureza orçamentária - questão eminentemente jurí-
dica - àqueles entes políticos que se mostrarem desidiosos em instituir
os impostos sob sua competência.
Embora não se possa asseverar ter sido extinta aquela facultativida-
de, até porque, como acentuamos acima, o sistema de direito positivo
não possui qualquer remédio hábil a colmatar aquela lacuna legislativa,
impõe-se séria limitação à facultatividade do exercício da competência
tributária, no ponto em que se limita o acesso a certos recursos orça-
mentários, diante daquela omissão. Disponível em:< http://jus.com.br/
artigos/7940> Acesso em: 17 nov. 2013.

Desta forma, à luz da LRF, não pode o gestor público, sob pena de configu-
ração de renúncia de receita e, consequentemente, violação das disposições
da referida lei, negligenciar a instituição e arrecadação de impostos compre-
endidos na competência tributária do ente público por ele administrado, sob
pena de suportar as sanções respectivas.

Resumo
Nesta aula, foram abordados temas como competência tributária e Lei de
Responsabilidade Fiscal, especialmente no quanto à obrigatoriedade da ins-
tituição e cobrança de tributos por parte dos gestores dos entes políticos, no
que se refere ao efetivo exercício da respectiva competência tributária.

Rede e-Tec Brasil 84 Direito Tributário


Atividades de Aprendizagem
1. É possível afirmar que a LRF se traduz num código de conduta dos gesto-
res públicos. Justifique sua reposta.

2. Assinale a alternativa que NÃO corresponde a uma das espécies de com-


petência tributária.

a) Competência negativa

b) Competência exclusiva ou privativa

c) Competência residual

d) Competência comum

Prezado(a) estudante.

Alcançamos, assim, o fim de nossa quinta aula, que teve como objeto o
estudo da competência tributária e a Lei de Responsabilidade Fiscal, espe-
cialmente no que se refere ao exercício efetivo do poder de tributar. Supe-
ramos, assim, mais da metade de nossa jornada. Na próxima aula, analisa-
remos as espécies tributárias propriamente ditas.

Aula 5 - Competência Tributária e a Instituição dos Impostos e a Lei de ... 85 Rede e-Tec Brasil
Aula 6. Espécies Tributárias

Objetivos:

• reconhecer as espécies tributárias;

• expressar o conceito de tributo; e

• identificar as espécies de tributos.

Caro(a) estudante,

Acreditamos que você avança com êxito em seus estudos, pois já superou
alguns degraus na escada do aprendizado. Lembre-se de que o caminho do
conhecimento não termina, pois sempre estamos aprendendo e comparti-
lhando saberes. Mas, há etapas importantes a serem concluídas. Chegou o
momento de analisarmos o conceito de tributo e as espécies tributárias.

Vamos adiante!

6.1 Conceito e espécies de tributos

Fonte: sxc.hu

O conceito de tributo é trazido pelo artigo 3º, do Código Tributário Nacional,


pelo qual “tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou

Aula 6 - Espécies Tributárias 87 Rede e-Tec Brasil


cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito,
instituída em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente
A expressão in natura é uma
locução latina que significa "na vinculada”.
natureza, da mesma natureza".
É utilizada para descrever os
alimentos de origem vegetal ou Logo, são características primordiais do conceito legal de tributo:
animal que são consumidos em
seu estado natural, como, por
exemplo, as frutas. Disponível • Deve ser pago em dinheiro, ou seja, não se admite o pagamento de tri-
em: < http://pt.wikipedia.org/
wiki/In_natura> Acesso em: 14 buto por meio de prestação de serviços ou in natura;
out. 2013.

• É obrigatório (compulsório), independentemente da vontade do contri-


buinte.

• Não consiste em sanção pela prática de ato ilícito por parte do contri-
buinte. Assim, a obrigação de pagar o tributo surge independentemente
da prática de qualquer ato contrário à lei. Aqui reside a principal diferen-
ça entre tributo e multa já que esta decorre justamente da prática de um
ato proibido por lei.

• A obrigação de pagar o tributo decorre sempre de uma lei.

• É cobrado por meio de uma atividade administrativa vinculada, isto é,


obrigatória do Poder Público (Fisco). Ocorrendo o fato gerador, o ente
estatal fica obrigado a cobrar o tributo.

Para Nogueira (1999, p. 155):

os tributos [...] são as receitas derivadas que o Estado recolhe do patri-


mônio dos indivíduos, baseado no seu poder fiscal (poder de tributar,
às vezes consorciado com o poder de regular), mas disciplinado por
normas de direto público que constituem o Direito Tributário.

Basicamente, 05 (cinco) são as espécies de tributos: os impostos, as taxas, as


contribuições de melhoria, os empréstimos compulsórios e as contribuições.

As palavras de Sabbag confirmam e esclarecem essa questão:

Nesse passo, a teoria pentapartida (pentapartite ou quinquipartida)


baseia-se na distribuição dos tributos em cinco autônomas exações:
impostos, taxas, contribuições de melhoria, empréstimos compulsórios
e as contribuições. (2011, p.11).

Rede e-Tec Brasil 88 Direito Tributário


6.2 Impostos

Fonte: ilustradora

Os impostos são espécies do gênero tributos, apesar de muitas pessoas pen-


sarem, de forma equivocada, que imposto é sinônimo de tributo.

O conceito de imposto também é trazido pelo Código Tributário Nacional,


que em seu artigo 16 afirma que “imposto é o tributo cuja obrigação tem
por fato gerador uma situação independente de qualquer atividade estatal
específica, relativa ao contribuinte”.

Sendo assim, os impostos se caracterizam pelos valores pagos ao governo


(federal, estadual ou municipal) em razão da prática de determinados fatos
previstos em lei, destinados a fazer frente aos gastos públicos em geral (saú-
de, educação, segurança etc). A utilização do dinheiro arrecadado com a
cobrança dos impostos, portanto, não é vinculada, ou seja, não é necessário
que seja utilizado para despesas específicas, podendo o governo escolher a
sua destinação.

Os impostos incidem sobre a renda (salários, lucros, ganhos de capital) ou


sobre o patrimônio (bens móveis ou imóveis) das pessoas físicas e jurídicas.

6.3 Taxas

Fonte: sxc.hu

Aula 6 - Espécies Tributárias 89 Rede e-Tec Brasil


As taxas, segundo o artigo 77, do Código Tributário Nacional, “têm como
fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, efetiva
ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao contribuin-
te ou posto à sua disposição”.

A taxa, portanto, é um tributo ligado diretamente a uma atividade estatal,


a uma contraprestação de serviços públicos ou de benefícios feitos ou co-
lados à disposição do contribuinte. A utilização dos recursos captados com
a cobrança das taxas é vinculada à respectiva atividade, que devem ser por
eles custeadas. Deste modo, não há liberdade na destinação dos recursos
arrecadados, os quais devem ser aplicados integralmente na atividade que
deu origem à sua cobrança.

Em relação a esse fato, o contribuinte pode dizer que não a pagará porque
o governo não está oferecendo o respectivo serviço, já que seu valor corres-
ponde a uma contraprestação estatal. Isto não ocorre, como dito, com os
impostos.

Percebe-se, assim, que o fato gerador da taxa não consiste numa atividade
do contribuinte, mas do próprio Estado, que exerce uma determinada ativi-
dade e, em razão dela, cobra da pessoa que dela se utiliza.

São exemplos de taxas as cobranças por autorizações de funcionamento, de


vistorias etc. (exercício do poder de polícia – fiscalização) ou taxa de limpeza
pública, de iluminação pública, entre outras (taxas de serviço).

6.4 Contribuição de melhoria

Fonte: sxc.hu

A contribuição de melhoria, nos termos do artigo 81, do Código Tributário


Nacional, consiste na cobrança:

Rede e-Tec Brasil 90 Direito Tributário


pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, é instituída para fazer face ao
custo de obras públicas de que decorra valorização imobiliária, tendo
como limite total a despesa realizada e como limite individual o acrésci-
mo de valor que da obra resultar para cada imóvel beneficiado.

A contribuição de melhoria, assim, é a espécie de tributo que tem como


causa a valorização de um imóvel em razão da realização de uma obra pú-
blica, sendo, deste modo, vinculado, já que seu valor é limitado, de forma
geral, ao valor da obra, e de forma individual, à valorização do imóvel do
contribuinte. Desta forma, o Poder Público não pode arrecadar, de todos
os contribuintes, mais do que o valor gasto na obra, e o contribuinte não é
obrigado a pagar mais do que o valor referente à valorização de seu imóvel.

Para Sabbag (2011, p. 4),

a contribuição de melhoria está prevista no nosso ordenamento jurídi-


co na Constituição Federal (art. 145, III) e no Código Tributário Nacional
(arts. 81 e 82), manifestando-se no poder impositivo de exigir o tributo
dos proprietários de bens imóveis valorizados com a realização de uma
obra pública.

6.5 Empréstimo compulsório

Fonte: sxc.hu

O empréstimo compulsório, previsto no artigo 148 da Constituição Federal,


consiste no pagamento obrigatório ao Governo Federal, a título de emprés-
timo, de determinada quantia por parte dos contribuintes, a fim de que seja
resgatado num determinado prazo, para fazer frente a situações excepcio-
nais decorrentes de calamidade pública, guerra externa ou a sua iminência.

Aula 6 - Espécies Tributárias 91 Rede e-Tec Brasil


Sendo assim, a principal característica dos empréstimos compulsórios é a de
que serão restituídos ao contribuinte, o que não ocorre com os demais tri-
butos. Além do mais, só podem ser cobrados pelo Governo Federal (União).

Além disso, é um tributo vinculado, pois o dinheiro arrecadado deve ser uti-
lizado na situação que justificou sua cobrança (calamidade pública, guerra
externa ou a sua iminência).

Consiste numa espécie de tributo bastante rara, pouco utilizada, pois, como
dito, é vinculado à ocorrência de determinadas situações excepcionais.

6.6 Contribuições sociais

Fonte: sxc.hu

As contribuições sociais podem ser, resumidamente, definidas como uma


espécie de tributo destinado à intervenção do governo em determinadas
áreas.

Nos termos do artigo 149, caput, da Constituição Federal, três são as espé-
cies de contribuições sociais: as de seguridade social, as de intervenção no
domínio econômico e as de interesses de categorias profissionais ou econô-
micas.

A finalidade destas contribuições é assegurar ao Governo Federal (União),


responsável, em regra, pela criação das contribuições, um instrumento de
intervenção e/ou atuação nas respectivas áreas em que são instituídas, de
modo que os valores arrecadados devem ser destinados às finalidades espe-
cíficas que justificaram sua cobrança.

As contribuições de seguridade social caracterizam-se pela busca do bem-


-estar e da justiça social e têm como objetivo o financiamento da própria

Rede e-Tec Brasil 92 Direito Tributário


seguridade social, ou seja, as ações destinadas a garantir os direitos relativos
à saúde, à previdência e à assistência social, conforme prevê o artigo 194, da
Constituição Federal. Podem ser citadas como exemplos de contribuições de
seguridade social o pagamento de INSS (Previdência Social), a Contribuição
Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), entre outras.

As contribuições de intervenção no domínio econômico, também conhe-


cidas como Cide, são aquelas instituídas com a finalidade não apenas de
arrecadar valores, mas especialmente de intervir em determinada atividade
econômica. Podemos citar como exemplo a Cide/Combustível.

As contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas,


chamadas também de contribuições profissionais, são aquelas instituídas em
favor de determinadas categorias profissionais ou econômicas, destinadas
ao custeio das atividades desenvolvidas pelas respectivas instituições de clas-
se para o desempenho de suas atribuições. Exemplos desta espécie de con-
tribuição são as contribuições sindicais, anuidade do CREA, da OAB, entre
outras.

Resumo
Nesta aula, você pôde estudar o conceito e as diversas espécies de tributos.
Estes são temas de grande importância no mundo contemporâneo, tendo
em vista a elevada carga tributária do país.

Atividades de Aprendizagem
1. A afirmação de que impostos e tributos são expressões sinônimas é verda-
deira? Justifique sua resposta.

2. “Têm como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utili-


zação, efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado
ao contribuinte ou posto à sua disposição”.

Considerando o texto acima, assinale a alternativa que corresponde à res-


pectiva espécie tributária:

Aula 6 - Espécies Tributárias 93 Rede e-Tec Brasil


a) Imposto

b) Taxa

c) Contribuição de melhoria

d) Empréstimo compulsório

3. Considerando as afirmativas abaixo, acerca das espécies tributárias, assi-


nale a alternativa correta.

I- Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situa-
ção independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao
contribuinte.

II- A contribuição de melhoria é uma espécie de tributo que tem como


causa a valorização de um imóvel em razão da realização de uma obra
pública. Com ela a arrecadação do Poder Público, com a soma do valor
pago por todos os contribuintes, pode superar o valor gasto na obra.

III- O empréstimo compulsório consiste no pagamento obrigatório ao


governo federal, a título de empréstimo, de determinada quantia por
parte dos contribuintes, a fim de que seja resgatado num determinado
prazo, para fazer frente a situações excepcionais decorrentes de cala-
midade pública, guerra externa ou a sua iminência.

a) Todas as afirmativas estão corretas;

b) Apenas a afirmativa III está correta;

c) Apenas a afirmativa II está correta;

d) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.

Prezado(a) estudante,

Ao finalizar esta aula, você pôde avançar mais um pouco em seu processo de
aprendizagem. Nela abordamos as espécies tributárias, conceito de tributo,
os impostos, as taxas e as contribuições de melhoria, bem como as contribui-
ções sociais e empréstimos compulsórios. Na próxima aula, estudaremos os

Rede e-Tec Brasil 94 Direito Tributário


impostos da União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios.

Prossiga, com dedicação, para chegar ao fim da disciplina.

Aula 6 - Espécies Tributárias 95 Rede e-Tec Brasil


Aula 7. Impostos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos
Municípios, suas Características e
Peculiaridades.

Objetivos:

• distinguir as carracterísticas e peculiaridades dos impostos da


União, dos estados, do Distrito Federal e dos municípios; e

• identificar os impostos de competência de cada um dos entes


políticos.

Estimado (a) estudante,

Nesta aula, analisaremos os impostos de competência de cada um dos en-


tes tributantes, bem como as característica e peculiaridades das respectivas
espécies de tributos. Esse é um tema relevante dentro da disciplina que, com
toda certeza, despertará grande interesse em você.

Não perca o entusiasmo, continue atento(a).

7.1. Impostos da União

Fonte: sxc.hu

Os principais impostos de competência da União estão especificados no ar-


tigo 153 da Constituição Federal, sendo eles:

• Imposto de Importação de Produtos Estrangeiros (II);

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 97 Rede e-Tec Brasil
• Imposto de Exportação de Produtos Nacionais ou Nacionalizados (IE);

• Imposto de Renda e Proventos de Qualquer Natureza (IR);

• Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI);

• Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou Relativas a


Títulos ou Valores Mobiliários (IOF);

• Imposto sobre Propriedade Territorial Rural (ITR);

• Imposto sobre Grandes Fortunas.

7.1.1 Imposto sobre a Importação de Produtos


Estrangeiros (II)

Fonte: sxc.hu

O imposto sobre a importação também é conhecido como “tarifa adua-


neira”, “direitos de importação”, “tarida das Alfândegas”, “direitos adu-
aneiros”, entre outros, como bem assinala Machado (2010). Está previsto
no artigo 153, I da Constituição Federal e artigo 19 e seguintes do Código
Tributário Nacional. Consiste, basicamente, na cobrança feita, pela União,
em razão da entrada de mercadorias estrangeiras no país.

Logo, tem como fato gerador a entrada de bens importados no território


nacional (artigo 19 do Código Tributário Nacional).

Sua principal função não é arrecadar tributos, mas sim proteger a indústria
nacional. Em razão disso, diz-se que possui função extrafiscal.

Sobre essa questão, esclarecedores são os ensinamentos de Machado Se-

Rede e-Tec Brasil 98 Direito Tributário


gundo (2010, p. 175), “Quando o poder público eleva o imposto de impor-
tação, não pretende aumentar a arrecadação propiciada pelo imposto, mas
desestimular a importação correspondente, tornando-a mais onerosa”.

Com relação à alíquota do imposto de importação, uma vez mais, vamo-


Em direito tributário, alíquota
-nos ater às lições desse mesmo autor: é o percentual ou valor fixo
que será aplicado sobre a base
de cálculo para o cálculo do
A alíquota do imposto de importação pode ser específica ou ad valo- valor de um tributo. A alíquota
será um percentual quando a
rem. Específica é aquela que não leva em consideração, para o cálculo base de cálculo for um valor
do imposto, o valor dos bens importados, mas outra unidade de me- econômico e será um valor
quando a base de cálculo for
dida (metros, quilos toneladas, litros, etc.). Ad valorem, por sua vez, é uma unidade não monetária.
As alíquotas em percentual são
a alíquota que representa um percentual do valor do bem tributado.
mais comuns em impostos e as
Exemplificando, se é adotada a alíquota específica para a importação alíquotas em valor ocorrem mais
em tributos como empréstimo
de bebidas, o legislador poderia estipular que o imposto seria de tan- compulsório, taxas e contribuição
tos reais por cada litro de determinada bebida que fosse importado. de melhoria. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/
Caso seja adotada a alíquota ad valorem, o imposto será de tantos por Al%C3%ADquota> Acesso em:
11 nov. 2013.
cento sobre o valor da bebida. Em regra, a legislação adota alíquotas
ad valorem, e de modo bastante detalhado: são estabelecidas diversas
alíquotas, uma para cada tipo de produto importado. (2010, p.175).

Conforme Machado (2010), a base do cálculo do imposto de importação


No direito tributário, base de
dependerá da alíquota respectiva, ou seja, quando a alíquota for específica, cálculo corresponde à grandeza
a base de cálculo corresponderá à unidade de medida adotada pela lei tri- econômica sobre a qual se
aplica a alíquota para calcular
butária, ao passo que, quando se tratar de alíquota ad valorem, a base de a quantia a pagar. Por exemplo,
no ICMS, a base de cálculo
cálculo corresponderá ao preço normal, de mercado, do produto . geralmente é o valor da venda
da mercadoria. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/wiki/
O sujeito passivo ou contribuinte do impostos de importação é o importador Base_de_c%C3%A1lculo >
ou quem a lei a ele equiparar (artigo 21 do Código Tributário Nacional). Acesso em: 11 nov. 2013.

7.1.2 Imposto de Exportação de Produtos


Nacionais ou Nacionalizados (IE)

Fonte: sxc.hu

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 99 Rede e-Tec Brasil
O imposto de exportação está previsto no artigo 153, II da Constituição
Federal e artigo 23 e seguintes do Código Tributário Nacional. Consiste, em
regra, na cobrança feita, pela União, em razão da saída (exportação), para o
exterior, de produtos nacionais ou nacionalizados.

Tem como fato gerador a saída, do território nacional, de produtos nacionais


ou nacionalizados (artigo 23 do Código Tributário Nacional), produtos estes
que devem estar especificados em lista aprovada pela União, conforme dis-
põe o artigo 1º, § 3º, do Decreto-Lei n. 1.578/77.

Também possui função extrafiscal, uma vez que não se presta, especifica-
mente, para arrecadar dinheiro para os cofres da União.

Sua alíquota, a exemplo do imposto sobre as importações, pode ser especí-


fica ou ad valorem.

Da mesma forma, sua base de cálculo dependerá do tipo de alíquota res-


pectiva: se específica, corresponderá à unidade de medida adotada pela lei
tributária; se ad valorem, ao preço normal, de mercado, do produto.

O sujeito passivo ou contribuinte do imposto de exportação é o exportador


ou quem a lei a ele equiparar (artigo 27 do Código Tributário Nacional).

7.1.3 Imposto sobre a Renda e Proventos de


Qualquer Natureza (IR)

Fonte: sxc.hu

O Imposto sobre a Renda ou Proventos de Qualquer Natureza, ou simples-


mente Imposto de Renda, como é conhecido, está previsto no artigo 153, III
da Constituição Federal e artigo 43 e seguintes do Código Tributário Nacio-
nal. Trata-se da cobrança feita, pela União, em razão da obtenção de renda

Rede e-Tec Brasil 100 Direito Tributário


ou de proventos de qualquer natureza, por parte do contribuinte.

Sendo assim, tem como fato gerador a aquisição da disponibilidade econô-


mica ou jurídica:

• de renda, assim entendida como o produto do capital, do trabalho ou da


combinação de ambos; e

• proventos de qualquer natureza, assim entendidos como os acréscimos


patrimoniais não compreendidos na hipótese do item “a” (artigo 43 do
Código Tributário Nacional).

Na verdade, como bem afirma Machado Segundo (2010), o imposto de ren-


da tem como fato gerador o aumento do patrimônio do contribuinte, ou
seja, o acréscimo patrimonial por ele alcançado.

Sua função é predominantemente fiscal, já que, segundo Machado (2010, p.


331), “O imposto de renda é de enorme importância no orçamento da União
Federal, onde hoje figura como a principal fonte de receita tributária.”.

A principal característica da alíquota do imposto de renda é sua progressivi-


dade, ou seja, quanto maior a renda, maior o percentual do imposto sobre
ela incidente, ou seja, quem ganha mais deve pagar mais.

No dizer de Sabbag (2010, p. 1062), “a progressividade do IR – mesmo que


insuficiente, como é sabido – prevê a variação positiva da alíquota do impos-
to à medida que há aumento de base de cálculo”.

Atualmente, em relação às pessoas físicas, nos termos da Lei n. 12.469/2011,


são quatro as alíquotas da imposto de renda:

• quem ganha até R$ 1.710,78 por mês é isento do pagamento do tributo;

• quem ganha entre R$ 1.710,79 e R$ 2.563,91, paga 7,5% de imposto


de renda, sobre a parte que exceder o valor da isenção;

• quem ganha entre R$ 2.563,92 e R$ 3.418,59, paga 15% de imposto de


renda sobre a parte que exceder o valor da faixa de 7,5%;

• quem ganha entre R$ 3.418,60 e R$ 4.271,59, paga 22,5% de imposto

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 101 Rede e-Tec Brasil
de renda sobre a parte que exceder o valor da faixa de 15%;

• quem ganha acima de R$ 4.271,59, paga 27,5% de imposto de renda,


sobre a parte da parcela que exceder o valor da faixa de 22,5%

A base de cálculo do imposto de renda está diretamente ligada a seu fato


gerador, de modo que corresponde à disponibilidade econômica ou jurídica
da renda ou de proventos de qualquer natureza, isto é, ao valor da renda ou
dos proventos do contribuinte.

O sujeito passivo ou contribuinte do imposto de renda corresponde ao titu-


lar da disponibilidade econômica ou jurídica dos rendimentos, podendo ser
uma pessoa física ou jurídica.

7.1.4 Imposto sobre Produtos Industrializados


(IPI)

Fonte: sxc.hu

O Imposto sobre Produtos Industrializados está previsto no artigo 153, IV da


Constituição Federal e artigo 46 e seguintes do Código Tributário Nacional.
Consiste, basicamente, na cobrança feita, pela União, de imposto sobre uma
categoria determinada de bens provenientes da indústria.

Tem como fato gerador, nos termos do artigo 46 do Código Tributário Na-
cional:

• o desembaraço aduaneiro, quando o produto tiver procedência estran-


geira;

• a saída do estabelecimento contribuinte do IPI;

• a sua arrematação, quando apreendido, abandonado ou levado a leilão.

Rede e-Tec Brasil 102 Direito Tributário


O parágrafo único do artigo 46 do Código Tributário Nacional estabelece
que produto industrializado corresponde ao produto que tenha sido subme-
tido a qualquer operação que lhe modifique a natureza ou finalidade, ou o
aperfeiçoe para o consumo.

Possui função fiscal, ou seja, o produto de sua arrecadação se destina, pri-


mordialmente, a abastecer os cofres da União.

Conforme Machado Segundo (2010), o imposto sobre produtos industriali-


zados possui alíquota seletiva. Isto significa que suas alíquotas são diferen-
ciadas, conforme o grau de essencialidade do bem. Assim, produtos mais
essenciais tem alíquotas menores, podendo chegar até zero, ao passo que
produtos tidos como supérfulos ou mesmo nocivos, de pouca ou nenhuma
essencialidade, a exemplo dos cigarros, têm alíquotas mais elevadas.

A base de cálculo do imposto sobre produtos industrializados está direta-


mente ligada ao aspecto mensurável do fato gerador, sendo que, segundo o
artigo 47 do Código Tributário Nacional, corresponderá:

• no caso de incidência na importação, ao preço normal do produto (da


mesma forma como definido para fins de incidência do imposto de im-
portação), acrescido do próprio imposto de importação, das taxas inci-
dentes quando da entrada do produto no país, dos encargos cambiais
pagos pelo importador, ou dele exigíveis;

• no caso de incidência quando da saída de estabelecimento industrial, o


valor da operação de que decorrer a saída do produto (na falta desse va-
lor, o preço corrente do mesmo, ou de seu similar, no mercado atacadista
da praça remetente);

• no caso de incidência quando da arrematação do produto industrializado


em um leilão, a base de cálculo corresponderá ao valor da arrematação.

Segundo o artigo 51 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo ou


contribuinte do imposto sobre produtos industrializados é:

• o importador ou quem a lei a ele equiparar;

• o industrial ou quem a lei a ele equiparar;

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 103 Rede e-Tec Brasil
• o comerciante de produtos sujeitos ao imposto, que os forneça aos con-
tribuintes definidos no inciso anterior;

• o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados, levados a lei-


lão.

Além do mais, nos termos do parágrafo único, do citado artigo: “Para os


efeitos deste imposto, considera-se contribuinte autônomo qualquer estabe-
lecimento de importador, industrial, comerciante ou arrematante”.

7.1.5 Imposto sobre Operações de Crédito,


Câmbio e Seguro ou relativas a Títulos
ou Valores Mobiliários (IOF)

Fonte: sxc.hu

O Imposto sobre Operações de Crédito, Câmbio e Seguro ou relativas a Tí-


tulos ou Valores Mobiliários, também chamado de Imposto sobre Operações
Financeiras (IOF), está previsto no artigo 153, V da Constituição Federal e
artigo 63 e seguintes do Código Tributário Nacional. Consiste na cobrança
feita, pela União, de imposto sobre as operações de crédito, câmbio e seguro
ou relativas a títulos ou valores mobiliários.

Nos termos do artigo 63 do Código Tributário Nacinal, tem como fato ge-
rador:

• quanto às operações de crédito, a sua efetivação pela entrega total ou


parcial do montante ou do valor que constitua o objeto da obrigação, ou
sua colocação à disposição do interessado;

• quanto às operações de câmbio, a sua efetivação pela entrega de moeda


nacional ou estrangeira, ou de documento que a represente, ou sua co-
locação à disposição do interessado em montante equivalente à moeda

Rede e-Tec Brasil 104 Direito Tributário


estrangeira ou nacional entregue ou posta à disposição por este;

• quanto às operações de seguro, a sua efetivação pela emissão da apólice


ou do documento equivalente, ou recebimento do prêmio, na forma da
lei aplicável; e

• quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários, a emissão,


transmissão, pagamento ou resgate destes, na forma da lei aplicável.

Segundo o parágrafo único do artigo 63 do Código Tributário Nacinal, a


incidência de IOF quanto às operações de crédito exclui a incidência sobre as
operações relativas a títulos e valores mobiliários, e, reciprocamente, quanto
à emissão, ao pagamento ou resgate do título representativo de uma mesma
operação de crédito.

Possui função extrafiscal, uma vez que não se destina, inicialmente, a suprir
os cofres da União, embora represente parcela significativa da arrecadação
do Governo Federal, mas sim a intervir na política de crédito, câmbio e segu-
ro, bem como de títulos e valores mobiliários.

O IOF não possui alíquota fixa, pois a mesma varia conforme a operação
respectiva. Por esta razão, diz-se que sua alíquota é flexível. Contudo, isto
não significa que pode ser estabelecida qualquer alíquota, visto que a lei
determina as alíquotas máximas a serem estabelecidas para cada operação.

A base de cálculo do IOF, conforme estabelece o artigo 64 do Código Tribu-


tário Nacional corresponde :

• quanto às operações de crédito, ao montante da obrigação, compreen-


dendo o principal e os juros;

• quanto às operações de câmbio, ao respectivo montante em moeda na-


cional, recebido, entregue ou posto à disposição;

• quanto às operações de seguro, ao montante do prêmio;

• quanto às operações relativas a títulos e valores mobiliários: a) na emis-


são, ao valor nominal mais o ágio, se houver; b) na transmissão, ao preço
ou ao valor nominal, ou ao valor da cotação em Bolsa, como determinar
a lei; c) no pagamento ou resgate, ao preço.

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 105 Rede e-Tec Brasil
Segundo o artigo 66 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo ou
contribuinte do IOF é qualquer das partes na operação tributada, como dis-
puser a lei.

7.1.6 Imposto sobre a Propriedade Territorial


Rural (ITR)
O Imposto sobre a Propriedade Rural está previsto no artigo 153, VI da Cons-
tituição Federal e artigo 29 e seguintes do Código Tributário Nacional. Con-
siste na cobrança de imposto decorrente da propriedade de imóvel rural.

Tem como fato gerador, portanto, a propriedade, o domínio útil ou a posse


de imóvel rural por natureza (terra nua), definida na lei civil, fora da zona
Terra nua corresponde à terra
pura, sem qualquer tipo de urbana do município.
benfeitorias ou beneficiamento,
inclusive plantações. Disponível
em: < http://pt.wikipedia.org/ Concordamos com Machado Segundo (2010), quando afirma que esse im-
wiki/Imposto_territorial_rural>
Acesso em: 13 nov. 2013. posto possui função extrafiscal, já que é utilizado como instrumento para
interferir no uso dos imóveis rurais, incentivando que sua utilização respeite
a função social da propriedade.

O ITR possui alíquotas progressivas, variando, nos termos do artigo 11 da


Lei 9.393/96, de 0,03% (para os imóveis com área de até 50 hectares, com
grau de utilização superior a 80%) a 20% (para imóveis com mais de 5.000
hectares, com grau de utilização inferior a 30%).

Deste modo, a alíquota do ITR varia em razão da área do imóvel e do grau de


sua utilização. Isto se deve em razão da função do imposto, que busca de-
sestimular a manutenção de grandes propriedades de pouca produtividade.

A base de cálculo do imposto é o valor fundiário do imóvel rural, ou seja, o


valor da terra nua, obtido nos termos do artigo 10, da Lei n. 9.393/96.

Tem como sujeito passivo ou contribuinte o proprietário do imóvel, o titular


de seu domínio útil, ou o seu possuidor a qualquer título (artigo 31 do Có-
digo Tributário Nacional).

O ITR tem uma peculiaridade no que se refere à destinação do produto de


sua arrecadação, pois, apesar de se tratar de imposto federal, os municípios
podem fiscalizar e promover sua arrecadação (artigo 153, § 4º, III da Cons-
tituição Federal). Se assim procederem, os municípios terão direito à totali-
dade da quantia arrecadada e, caso contrário, farão jus a 50% do valor da

Rede e-Tec Brasil 106 Direito Tributário


arrecadação (artigo 158, II da Constituição Federal).

7.1.7 Imposto sobre Grandes Fortunas (IGF)

Fonte: sxc.hu

O imposto incidente sobre grandes fortunas está previsto no artigo 153, VII
da Constituição Federal.

Contudo, sua instituição depende de regulamentação, ou seja, a edição de


uma lei complementar que estabeleça suas diretrizes básicas, lei esta que
nunca foi editada.

Assim, na prática, trata-se de competência tributária não exercitada.

Podemos entender, segundo Machado (2010,) que o motivo para a União


nunca ter regulamentado o imposto sobre grandes fortunas é de natureza
política, pois os detentores das grandes fortunas do país ou estão investidos
no poder político, ou possuem grande influência sobre os detentores do
poder.

7.2 Impostos dos Estados e do Distrito


Federal

Fonte: sxc.hu

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 107 Rede e-Tec Brasil
Os principais impostos de competência dos estados e do Distrito Federal
estão especificados no artigo 155 da Constituição Federal, sendo eles:

• Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de quaisquer bens ou


direitos (ITCMD);

• Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre


Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação, ainda que as operações e as prestações se iniciem no ex-
terior (ICMS);

• Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA).

7.2.1 Imposto sobre Transmissão Causa Mortis


e Doação, de quaisquer bens ou direitos
(ITCMD)

Fonte: sxc.hu

O Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação (ITCMD), também co-


nhecido como ITCD, está previsto no artigo 155, I da Constituição Federal e
artigo 35 e seguintes do Código Tributário Nacional, apesar de, na prática,
cada estado ter sua lei específica sobre o ITCMD.

Consiste na cobrança feita, pelos estados e pelo Distrito Federal, de imposto


sobre a transmissão de qualquer bem ou direito, a título gratuito, em razão
de morte ou doação. Trata-se do imposto incidente, basicamente, sobre he-
ranças e doações, nunca sobre ato oneroso, por exemplo, compra e venda.

O fato gerador do ITCMD encontra-se especificado no artigo 35 do Código


Tributário Nacinal, traduzindo-se, em regra, na transmissão, isto é, na altera-
ção da propriedade do bem ou do direito.

Rede e-Tec Brasil 108 Direito Tributário


Sabbag (2010, p. 1017) conceitua a transmissão como sendo, “a passagem
jurídica da propriedade ou de bens e direitos de uma pessoa para outra.
Valor venal é uma estimativa
Ocorre em caráter não oneroso, seja pela ocorrência da morte (transmissão que o Poder Público realiza
sobre o preço de determinados
causa mortis), ainda ou doação (ato de liberalidade)”. bens. Sua finalidade principal
é servir como base de cálculo
de certos impostos e, em
Possui função fiscal, eis que se presta à obtenção de recursos financeiros alguns casos, de emolumentos
para os cofres públicos do respectivo ente tributante. judicias/administrativos. Para
sua quantificação são utilizados
critérios objetivos estabelecidos
em lei que variam segundo o
Sua alíquota varia de estado para estado, conforme a legislação de cada tempo e o lugar em que o bem
ente federativo. Entretanto, segundo a Constituição (artigo 155, § 1º, IV), se encontra, e segundo o seu
gênero e espécie. Tratando-
cabe ao Senado Federal estabelecer alíquotas máximas para a cobrança do se de bens imóveis, o valor
imposto. venal é calculado levando em
conta o preço que a unidade
imobiliária alcançaria em
uma operação de compra e
A base de cálculo do imposto corresponde ao valor venal do bem objeto da venda simples, considerando a
transferêcia (artigo 38 do Código Tributário Nacional). função da área da edificação,
as características do imóvel
(idade, posição, tipologia),
Conforme o artigo 42 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo ou sua utilização (residencial ou
não) e seu respectivo valor
contribuinte do imposto é qualquer das partes envolvidas na operação tribu- unitário padrão (valor do
metro quadrado dos imóveis
tada, como dispuser a lei. no logradouro. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/
wiki/Valor_venal> Acesso em:
Com relação ao contribuinte do ITCD, Machado Segundo (2010, p. 192), 12.nov. 2013.
afirma:

De acordo com o CTN, o contribuinte pode ser qualquer das partes da


operação tributária, a critério da lei ordinária do ente tributante corres-
pondente. Por óbvio, em se tratando de transmissão causa mortis, o
contribuinte há de ser o herdeiro, ou legatário. Na hipótese de doação,
o contribuinte poderá ser o doador, ou o donatário, conforme dispuser
a lei de cada Estado (e do Distrito Federal).

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 109 Rede e-Tec Brasil
7.2.2 Imposto sobre Operações relativas à
Circulação de Mercadorias e sobre
Prestações de Serviços de Transporte
Interestadual e Intermunicipal e de
Comunicação, ainda que as operações
e as prestações se iniciem no exterior (ICMS)

Fonte: sxc.hu

O ICMS está previsto no artigo 155, II da Constituição Federal. Consiste na


cobrança feita, pelos estados e pelo Distrito Federal, de imposto sobre ope-
rações relativas à circulação de mercadorias e sobre prestações de serviços
de transporte interestadual e intermunicipal e de comunicação, ainda que as
operações e as prestações se iniciem no exterior.

É possível afirmar que são fatos geradores do ICMS:

• as operações relativas à circulação de mercadorias: as operações que


configuram o fato gerador o ICMS são aquelas negociais, ou seja, aque-
las em que há transmissão da posse ou da propriedade de determinado
bem (mercadoria), como, por exemplo, a venda de um produto numa
loja, em que há a transferência da propriedade do bem do vendedor para
o comprador;

• a prestação de serviços de transporte interestadual ou intermunicipal;

• a prestação de serviços de comunicação, mesmo que a prestação do ser-


viço tenha início no exterior.

Todavia, o ICMS não incide sobre:

• operações com livros, jornais, periódicos e o papel destinado a sua im-


pressão;

Rede e-Tec Brasil 110 Direito Tributário


• operações e prestações que destinem ao exterior mercadorias, inclusive
produtos primários e produtos industrializados semielaborados, ou ser-
viços;

• operações interestaduais relativas à energia elétrica e petróleo, inclusive


lubrificantes e combustíveis líquidos e gasosos dele derivados, quando
destinados à industrialização ou comercialização;

• operações com ouro, quando definido em lei como ativo financeiro ou


instrumento cambial.

O ICMS possui função primordiamente fiscal, pois corresponde a expressiva


fonte de receitas dos estados e do Distrito Federal.

Possui caráter seletivo, de modo que as mercadorias são tributadas de acor-


do com sua essencialidade. Assim, para produtos básicos, como o alimentos,
o ICMS cobrado é menor do que no caso de produtos supérfluos, como
cigarros e bebidas, por exemplo. Porém, a seletividade do ICMS não é ab-
soluta, já que serviços como o de energia elétrica, combustíveis e telefonia,
embora sejam necessários para a boa qualidade de vida dos indivíduos, pos-
suem alíquotas altíssimas.

É um imposto não cumulativo, já que, em razão do inciso I, do § 2º, do artigo


155 da Constituição Federal, deve ser compensado o que for devido em
cada operação relativa à circulação de mercadorias ou prestação de serviços
com o montante cobrado nas anteriores pelo mesmo ou outro estado ou
pelo Distrito Federal, de modo que ele incide sobre cada etapa da circulação
de mercadorias separadamente. Em cada uma dessas etapas, deve haver a
emissão de nota fiscal. Isso é necessário porque é por meio da nota fiscal que
o imposto será calculado e arrecadado pelo governo, abatendo-se os valores
recolhidos nas operações anteriores.

Sua alíquota varia de estado para estado, conforme a legislação de cada


ente federativo. Entretanto, segundo a Constituição (artigo 155, § 1º, IV),
cabe ao Senado Federal estabelecer alíquotas máximas para a cobrança do
imposto.

A base de cálculo do imposto corresponde ao valor do montante da opera-


ção, incluindo o frete e despesas acessórias.

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 111 Rede e-Tec Brasil
Como regra, o contribuinte do ICMS é qualquer pessoa, física ou jurídica,
que realize o fato gerador do tributo.

7.2.3 Imposto sobre a Propriedade de Veículos


Automotores (IPVA)

Fonte: sxc.hu

O imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA) está previs-


to no artigo 155, III da Constituição Federal. Por ele, estão os estados e o
Distrito Federal, autorizados a instituir imposto em razão da propriedade de
veículos automotores.

O IPVA é instituído pelos estados e pelo Distrito Federal, através de lei pró-
pria, que deverá estabelecer o fato gerador, a alíquota, a base de cálculo, o
contribuinte, entre outros, pois não há no Código Tributário Nacional nor-
mas gerais a seu respeito.

Machado Segundo (2010, p. 200) ensina que:

O contribuinte é o proprietário do veículo. A base de cálculo do IPVA


é o valor do veículo. As alíquotas, por sua vez, são estipuladas na lei
estadual, que podem fazê-lo seletivamente, ou seja, alíquotas diferen-
ciadas conforme o tipo ou a utilização do veículo. Essa possibilidade é
hoje expressamente referida pelo art. 155, § 6º, II, da CF/88, inserido
pela EC 42/2003).

O IPVA tem função predominantemente fiscal, pois foi criado para aumentar
a arrecadação dos estados.

Uma peculiaridade do IPVA é que, tendo em vista as regras de repartição de


receitas tributárias, apesar de ser um imposto de competência estadual, têm
os municípios direito a 50% do valor proveniente de sua arrecadação, em

Rede e-Tec Brasil 112 Direito Tributário


relação aos veículos licenciados em seu território (artigo 158, III da Consti-
tuição Federal).

7.3 Impostos dos Municípios

ITBI

Fonte: sxc.hu

Os impostos de competência dos municípios estão especificados no


artigo 156 da Constituição Federal, sendo eles:

• Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU);

• Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis (ITBI);

• Imposto sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN).

7.3.1 Imposto sobre a Propriedade Predial e


Territorial Urbana (IPTU)

Fonte: sxc.hu

O Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana está previsto no


artigo 156, I da Constituição Federal e artigo 32 e seguintes do Código Tri-
butário Nacional. Consiste na cobrança feita, pelos municípios, de imposto
sobre a propriedade de imóveis urbanos.

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 113 Rede e-Tec Brasil
O fato gerador do IPTU encontra-se especificado no artigo 32 do Código
Tributário Nacinal, correspondendo à propriedade, o domínio útil ou a posse
de bem imóvel por natureza ou acessão física, localizado na zona urbana do
município.

O conceito de zona urbana também é estabelecido pelo Código Tributário


Nacional, que em seu artigo 32, §§ 1º e 2º, estabelece:

Art. 32
[...]
§ 1º Para os efeitos deste imposto, entende-se como zona urbana a
definida em lei municipal; observado o requisito mínimo da existência
de melhoramentos indicados em pelo menos 2 (dois) dos incisos se-
guintes, construídos ou mantidos pelo Poder Público:
I - meio-fio ou calçamento, com canalização de águas pluviais;
II - abastecimento de água;
III - sistema de esgotos sanitários;
IV - rede de iluminação pública, com ou sem posteamento para distri-
buição domiciliar;
V - escola primária ou posto de saúde a uma distância máxima de 3
(três) quilômetros do imóvel considerado.
§ 2º A lei municipal pode considerar urbanas as áreas urbanizáveis,
ou de expansão urbana, constantes de loteamentos aprovados pelos
órgãos competentes, destinados à habitação, à indústria ou ao comér-
cio, mesmo que localizados fora das zonas definidas nos termos do
parágrafo anterior.

Possui função fiscal, pois se destina, essencialmente, à obtenção de recursos


para os municípios.

As alíquotas do IPTU, como bem afirma Machado (2010), são fixadas pelos
municípios, sem que haja limitação expressa constante na Constituição ou
no Código Tributário Nacional. Conforme o artigo 182, § 4º, II da Consti-
tuição Federal, as alíquotas do IPTU podem ser progressivas no tempo em
relação aos imóveis não edificados, não utilizados ou subutilizados. Desta
forma, a cada ano que passa, o IPTU do imóvel que não cumpre sua função
social sobe gradativamente. De igual modo, em razão do disposto no artigo
156, § 1º da Constituição, pode haver progressividade das alíquotas do IPTU
em razão do valor do imóvel.

Rede e-Tec Brasil 114 Direito Tributário


A base de cálculo do IPTU corresponde ao valor venal do imóvel (artigo 33
do Código Tributário Nacional).

Nos termos do artigo 34 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo ou


contribuinte do imposto é o proprietário do imóvel, o titular do domínio útil,
ou seu possuidor a qualquer título.

7.3.2 Imposto sobre a Transmissão de Bens


Imóveis (ITBI)

Fonte: sxc.hu

O ITBI está previsto no artigo 156, II da Constituição Federal e artigo 35 e


seguintes do Código Tributário Nacional. Consiste na cobrança feita, pelos
municípios e pelo Distrito Federal (artigo 147 da Constituição), de imposto
sobre transmissão por ato oneroso, inter vivos, de bens imóveis ou direitos
a eles relativos.

O fato gerador do ITBI, segundo o artigo 35 do Código Tributário Nacional,


corresponde:

• à transmissão, a qualquer título, da propriedade ou do domínio útil de


bens imóveis por natureza ou por acessão física, como definidos na lei
civil;

• à transmissão, a qualquer título, de direitos reais sobre imóveis, exceto os


direitos reais de garantia; e

• à cessão de direitos relativos às transmissões referidas nos itens acima.

Possui função fiscal, prestando-se a abastecer os cofres dos municípios.

As alíquotas do ITBI, a exemplo do que ocorre com o IPTU, são fixadas pelos

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 115 Rede e-Tec Brasil
municípios, sem que haja limitação expressa constante na Constituição ou
no Código Tributário Nacional.

A base de cálculo do ITBI corresponde ao valor do bem ou do direito trans-


mitido (artigo 38 do Código Tributário Nacional).

Nos termos do artigo 42 do Código Tributário Nacional, o sujeito passivo ou


contribuinte do imposto é qualquer das partes na operação tributada, como
dispuser a lei.

7.3.3 Imposto sobre Serviços de qualquer


Natureza (ISSQN)

Fonte: sxc.hu

O ISSQN está previsto no artigo 156, III da Constituição Federal. Consiste na


cobrança feita, pelos municípios, de imposto sobre a prestação de serviços,
especificados em lei, à exceção daqueles tributados via ICMS.

Deste modo, o fato gerador do ISSQN corresponde à prestação dos servi-


ços especificados em lei, no caso, a Lei Complementar n. 116/2003, que
discrimina os serviços passíveis de tributação via ISSQN. Assim, todos os
serviços especificados na referida lei, uma vez realizados, se traduzem em
fatos geradores do ISSQN e, por consequência lógica, aqueles serviços que
não constam na mencionada lista estão livres da cobrança.

O ISSQN tem função eminentemente fiscal, traduzindo-se em significativa


fonte de receitas para os municípios.

Os municípios tem liberdade para fixar as alíquotas do ISSQN, porém, con-


forme o artigo 8º da Lei Complementar n. 116/2003, sua alíquota máxima
não poderá ser superior a 5%.

Rede e-Tec Brasil 116 Direito Tributário


A base de cálculo do imposto depende do tipo de contribuinte, pois, quando
se tratar de contribuintes que prestam serviços de forma pessoal (pessoas fí-
sicas, em regra), o imposto será fixo, isto é, corresponderá a um valor prede-
terminado, de modo que, nesta hipótese, não é adequado falar em alíquota
ou base de cálculo, já que a apuração do valor depende de tais elementos.
Contudo, quando se tratar de serviços prestados por pessoa jurídica, o im-
posto terá como base de cálculo o preço.

O sujeito passivo ou contribuinte do ISSQN é o prestador do serviço (artigo


5º da Lei Complementar n. 116/2003.

Resumo
Nesta aula, estudamos os impostos de competência de cada ente tributante,
seus elementos e peculiaridades. Agora, você tem condições de identificar as
espécies tributárias e suas respectivas funções.

Atividades de Aprendizagem
1. Tendo em vista os conhecimentos adquiridos no presente estudo, aponte
a principal diferença intre o ITCMD e o ITBI.

2. Dentre as alternativas abaixo, assinale aquela de NÃO corresponde a um


imposto de competência da União:

a) Imposto de Importação de Produtos Estrangeiros

b) Imposto de Exportação de Produtos Nacionais ou Nacionalizados;

c) Imposto sobre Produtos Industrializados;

d) Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores.

3. São impostos de competência dos estados e do Distrito Federal:

a) ITCMD, IPVA, ICMS

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 117 Rede e-Tec Brasil
b) ICMS, IPVA, ITBI

c) ICMS, IPTU, ISSQN

d) ITCMD, ICMS, IPI

4. “Tem como fato gerador a propriedade, o domínio útil ou a posse de bem


imóvel por natureza ou por acessão física, como definido na lei civil, localiza-
do na zona urbana do Município”

Assinale a alternativa que corresponde à espécie tributária relativa ao texto


acima citado.

a) Imposto de Renda

b) Imposto sobre Transmissão Causa Mortis e Doação, de quaisquer bens ou


direitos

c) Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana

d) Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis

5. Considerando as afirmativas abaixo, acerca das espécies tributárias, assi-


nale a alternativa correta.

I- O ITR, embora seja de competência da União, pode ser arrecadado e


fiscalizado pelos municípios, os quais, se optarem por assumir a titula-
ridade da cobrança e fiscalização respectivas, terão direito à totalidade
da quantia arrecadada.

II- O ITCMD incide sobre toda e qualquer transmissão de bem, seja ela
gratuita ou onerosa.

III- O IPTU possui alíquotas fixas, pouco importando a destinação ou


valor do imóvel.

a) Todas as afirmativas estão corretas.

b) Apenas as afirmativas I e II estão corretas.

Rede e-Tec Brasil 118 Direito Tributário


c) Apenas a afirmativas I está correta.

d) Apenas as afirmativas I e III estão corretas.

Estimado(a) estudante,

Vencemos mais uma etapa da disciplina de Direito Tributário. Nesta aula,


você teve a oportunidade de conhecer as espécies tributárias de competên-
cia de cada um dos entes tributantes. Na próxima aula, abordaremos os
aspectos gerais acerca da ação de execução fiscal. Será mais um conteúdo
que certamente contibuirá para a sua formação e cujo conhecimento poderá
fazer diferença na disputa por uma vaga no competitivo mercado de traba-
lho atual.

Aula 7 - Impostos da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios... 119 Rede e-Tec Brasil
Rede e-Tec Brasil 120 Direito Tributário
Aula 8. Execução Fiscal

Objetivos:

• identificar o significado e a finalidade da execução fiscal; e

• perceber a importância da execução fiscal para os entes tribu-


tantes.

Valoroso(a) estudante,

Chegamos, com alegria e satisfação, ao final de nossa jornada. Este é o


nosso último encontro. Graças à dedicação e esforço até aqui emprega-
dos, podemos afirmar que os objetivos foram alcançados, você pôde vencer
mais uma etapa, adquirir mais conhecimento e ampliar seus horizontes no
campo do saber, especialmente no que se refere ao direito tributário. Nesta
última aula, estudaremos a ação de execução fiscal.

8.1. Regramento legal e conceito

Fonte: ilustradora

A execução fiscal tem como regulamento a Lei n. 6.830/80, também conhe-


cida como Lei de Execução Fiscal – LEF. Consiste, nos termos do artigo 1º
da referida lei, abaixo transcrito, no procedimento (ação judicial) destinado à
cobrança das dívidas ativas da União, estados, Distrito Federal e municípios
e de suas autarquias:

Aula 8 - Execução Fiscal 121 Rede e-Tec Brasil


Art. 1º - A execução judicial para cobrança da Dívida Ativa da União,
dos Estados, do Distrito Federal, dos Municípios e respectivas autar-
quias será regida por esta Lei e, subsidiariamente, pelo Código de Pro-
cesso Civil.

Para Machado (2010, p. 490), “Denomina-se execução fiscal a ação de que


dispõe a Fazenda Pública para a cobrança de seus créditos, sejam tributários
ou não, desde que inscritos em dívida ativa”.

Assim, na verdade, a execução fiscal nada mais é do que a ação judicial de


que dispõe a Fazenda Pública, para promover a cobrança dos créditos de sua
titularidade, inscritos em dívida ativa.

8.2. Dívida ativa

Fonte: sxc.hu

O conceito de dívida ativa está previsto no § 2º, do artigo 39 da Lei n.


4.320/64, pelo qual:

Art. 39
[...]
§ 2º - Dívida Ativa Tributária é o crédito da Fazenda Pública dessa na-
tureza, proveniente de obrigação legal relativa a tributos e respectivos
adicionais e multas, e Dívida Ativa não Tributária são os demais cré-
ditos da Fazenda Pública, tais como os provenientes de empréstimos
compulsórios, contribuições estabelecidas em lei, multa de qualquer
origem ou natureza, exceto as tributárias, foros, laudêmios, aluguéis
ou taxas de ocupação, custas processuais, preços de serviços prestados
por estabelecimentos públicos, indenizações, reposições, restituições,
alcances dos responsáveis definitivamente julgados, bem assim os cré-
ditos decorrentes de obrigações em moeda estrangeira, de sub-roga-

Rede e-Tec Brasil 122 Direito Tributário


ção de hipoteca, fiança, aval ou outra garantia, de contratos em geral
ou de outras obrigações legais.

O Código Trituário Nacional, em seu artigo 201, também define em que


consiste a dívida ativa:

Art. 201. Constitui dívida ativa tributária a proveniente de crédito dessa


natureza, regularmente inscrita na repartição administrativa competen-
te, depois de esgotado o prazo fixado, para pagamento, pela lei ou por
decisão final proferida em processo regular.

O artigo 2º da Lei n. 6.830/80, igualmente, conceitua dívida ativa:

Art. 2º - Constitui Dívida Ativa da Fazenda Pública aquela definida


como tributária ou não tributária na Lei nº 4.320, de 17 de março de
1964, com as alterações posteriores, que estatui normas gerais de di-
reito financeiro para elaboração e controle dos orçamentos e balanços
da União, dos Estados, dos Municípios e do Distrito Federal.

Portanto, na verdade a dívida ativa nada mais é do que o crédito vencido


e não pago, de titularidade da Fazenda Pública. Pode ter origem tributá-
ria, quando proveniente da incidência de tributos, por exemplo, IPTU, ITBI,
ITCMD etc.; ou não tributária, quando decorrente de outra fonte que não
os tributos, como, por exemplo, multas, indenizações, custas processuais,
entre outros.

A dívida ativa, conforme o §º do artigo 2º da Lei de Execução Fiscal, deve ser


inscrita em livro próprio do respectivo ente público, procedimento este que
deve ser realizado pelo órgao competente para tanto.

O termo de inscrição em dívida ativa deve conter os requisitos mínimos pre-


vistos em lei (§ 5º, do artigo 2º da Lei 6.830/80 e artigo 202 do Código
Tributário Nacional), sob pena de nulidade, sendo eles:

• o nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o


domicílio ou residência de um e de outros;

• o valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de cal-


cular os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato;

Aula 8 - Execução Fiscal 123 Rede e-Tec Brasil


• a origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida;

• a indicação, se for o caso, de estar a dívida sujeita à atualização mone-


tária, bem como o respectivo fundamento legal e o termo inicial para o
cálculo;

• a data e o número da inscrição, no Registro de Dívida Ativa; e

• o número do processo administrativo ou do auto de infração, se neles


estiver apurado o valor da dívida.

• a indicação do livro e da folha da inscrição; e

• a autenticação da autoridade competente.

A inscrição do débito em dívida ativa é procedimento indispensável para a


cobrança judicial da dívida através da ação de execução fiscal, já que, pela
exigência prevista no artigo 5º, § 1º da Lei de Execução Fiscal, a petição inicial
da referida ação deve estar acompanhada da Certidão de Inscrição de Dívida
Ativa (CDA) do débito, que deve conter os mesmos requisitos previstos no §
5º, do artigo 2º da Lei 6.830/80 e artigo 202 do Código Tributário Nacional.

8.3 Partes
A ação de execução fiscal tem como partes:

• exequente: ente público títular do crédito respectivo, ou seja, o credor; e

• executado: a pessoa obrigada a pagar a dívida, isto é, o devedor.

8.4 Procedimento
A ação de execução fiscal tem início com uma petição inicial, que deverá
Petição inicial é a peça conter os elementos previstos no artigo 6º da Lei n. 6.830/80:
processual que instaura o
processo jurídico, levando
ao juiz os fatos constitutivos
do direito, os fundamentos • a indicação do juiz a quem é endereçada;
jurídicos e o pedido da ação
respectiva. Disponível em: <
http://pt.wikipedia.org/wiki/ • o pedido;
Peti%C3%A7%C3%A3o_inicial
> Acesso em: 15 nov. 2013.
• o requerimento de citação do devedor; e

Rede e-Tec Brasil 124 Direito Tributário


• a certidão de dívida ativa (CDA).

Uma vez recebida a petição inicial, o juiz verificará se a mesma contém os


requisitos mínimos exigidos por lei e, em caso positivo, determinará a cita-
Citação, para o direito, consiste
ção do executado para, no prazo de 05 (cinco) dias, pagar a dívida com os no ato processual no qual a
parte ré é comunicada de que
juros, multa de mora e encargos indicados na Certidão de Dívida Ativa, ou se lhe está sendo movido um
garantir a execução. processo e a partir da qual a
relação triangular deste se fecha,
com os três sujeitos envolvidos
Assim sendo, ao receber a citação, basicamente, o executado pode: no litígio devidamente ligados:
autor, réu e juiz. Assim, quando
uma ação judicial é proposta
perante a Justiça, a pessoa em
• pagar a dívida; relação a quem se pretende
fazer valer um direito tem
que ser chamada a compor a
• garantir a execução; e relação processual, sendo tal
chamamento realizado por um
ato formal, definido em lei: o
• permanecer inerte, isto é, nada fazer. ato de citação. Disponível em:
< http://pt.wikipedia.org/wiki/
Cita%C3%A7%C3%A3o_
Deste modo, caso o executado opte pelo pagamento da dívida, a ação de (direito)> Acesso em: 15 nov.
2013.
execução fiscal será extinta, visto ter alcançado sua finalidade, tal seja, o
recebimento do crédito inscrito em dívida ativa.

Na hipótese de o executado pretender questionar (discuitr) a cobrança res-


pectiva, deverá ele garantir a execução, nos termos do artigo 9º, da Lei de
Execução Fiscal, podendo:

• efetuar depósito em dinheiro, à ordem do Juízo em estabelecimento ofi-


cial de crédito, que assegure atualização monetária;

• oferecer fiança bancária;

• nomear bens à penhora, observada a ordem do artigo 11; ou

• indicar à penhora bens oferecidos por terceiros e aceitos pela Fazenda


Pública.


Assim, a garantia da execução nada mais é do que a garantia dada pelo exe-
cutado no sentido de que, se ao final do processo, tiver seu direito rejeitado
(perder a ação), a dívida será paga, pois está devidamente garantida. Em ra-
zão disso, enquanto perdurar a discussão levantada pelo executado, o curso
da ação de execução fiscal, propriamente dita, poderá ser suspenso, ou seja,

Aula 8 - Execução Fiscal 125 Rede e-Tec Brasil


os atos processuais destinados à cobrança efetiva da dívida poderão não ser
praticados.

Todavia, caso o executado opte por nada fazer, permanecendo inerte, ficará
a exequente autorizada a promover a penhora de bens pertencentes aquele,
até o limite do valor da dívida (artigo 10 da Lei n. 6.830/80).

Se forem encontrados bens de propriedade do executado, serão os mesmos


penhorados pela Justiça. Uma vez penhorados e superados os trâmites legais
Adjudicação é o ato judicial referentes à penhora, os bens poderão ser vendidos judicialmente, através
mediante o qual se declara e se
estabelece que a propriedade de leilão público (artigo 23, da Lei de Execução Fiscal), sendo a quantia anga-
de uma coisa (bem móvel ou riada com a venda, destinada ao pagamento da dívida. Por outro lado, se a
bem imóvel) se transfere de seu
primitivo dono para o credor, que exequente tiver interesse no bem penhorado, pode requerer a adjudicação
então assume sobre ela todos do mesmo, segundo as regras previstas no artigo 24 da Lei n. 6.830/80.
os direitos de domínio e posse
inerentes a toda e qualquer
alienação. Disponível em:
<http://pt.wikipedia.org/wiki/ Contudo, se não forem encontrados bens de propriedade do executados
Adjudica%C3%A7%C3%A3o> passíveis de penhora, a ação de execução fiscal ficará suspensa, até que se-
Acesso em: 15 nov. 2013.
jam localizados bens ou que o crédito seja extinto pela prescrição.

8.5 Defesa do executado


Na ação de execução fiscal, o executado pode exercer seu direito de defesa
através de embargos à execução fiscal, que correspondem a uma ação au-
tônoma, ou seja, a uma outra ação judicial, na qual o executado discute, de
forma ampla, a cobrança existente contra ele na ação de execução fiscal,
podendo alegar, em tese, qualquer matéria de defesa.

Sendo assim, os embargos de execução, embora se tratem de ação autô-


noma, devem ser autuados em apenso, ou seja, em anexo, ao processo de
execução fiscal.

Segundo o artigo 30 da Lei n. 6.830/80, tem o executado o prazo de 30


(trinta) dias para oferecer embargos à execução fiscal, contados da data do
depósito; da juntada da prova da fiança bancária; da intimação da penhora,
ou seja, da data em que se efetivar a garantia da execução.

Recebidos os embargos, deve o juiz determinar a intimação da Fazenda Pú-


blica para, em igual prazo, impugná-los, designando, na sequência, audi-
ência de instrução e julgamento (artigo 17 da Lei n. 6.830/80), após a qual
decidirá, por sentença, a questão.

Rede e-Tec Brasil 126 Direito Tributário


Se os embargos forem julgados improcedentes, a ação de execução fiscal
retomará o seu curso normalmente, até alcançar sua finalidade, tal seja, a
satisfação do crédito. Porém, quando forem julgados procedentes podem
acarretar a extinção da ação de execução fiscal, como, por exemplo, quando
reconhecem a inexistência do débito.

8.6 Privilégios
Conforme o artigo 30 da Lei de Execução Fiscal, todos os bens e rendas, de
qualquer origem ou natureza, do executado, respondem pelo pagamento da
dívida ativa, ainda que sobre eles recaiam ônus reais ou cláusulas de inalie-
nabilidade ou impenhorabilidade.

Zapatero, explica, com clareza, em que consiste a regra legal acima mencio-
nada:

[...] significa que a norma fiscal concede prevalência do crédito tributá-


rio, inclusive sobre o patrimônio gravado com ônus real (v.g. hipoteca,
anticrese, penhor, caução e usufruto) ou por cláusulas de impenhora-
bilidade e inalienabilidade, mesmo que a constituição do crédito tri-
butário, ora objeto da certidão de dívida ativa, seja posterior a esta.
(2009, p. 218)

Portanto, o crédito cobrado via ação de execução fiscal prevalecerá (deven-


do ser pago primeiro) em caso de coexistência com outras dívidas. Todavia,
pertinente destacar que o referido privilégio não é absoluto, pois há créditos
que, em razão de sua natureza, têm preferência em relação aos créditos co-
brados em execução fiscal, podendo ser citados como exemplo os créditos
trabalhistas, isto é, os decorrentes de relação de emprego.

Resumo
Em nossa última aula, estudamos a ação de execução fiscal e suas princiais
características, tema de grande importância para o direito tributário, pois é
responsável por boa parte da arrecadação das receitas necessárias para o
abastecimento dos cofres dos entes políticos.

Aula 8 - Execução Fiscal 127 Rede e-Tec Brasil


Atividades de Aprendizagem
1. Com base nos conhecimento adquiridos, aponte a finalidade e a impor-
tância da ação de execução fiscal.

2. Assinale a alternativa que não corresponde a um dos requisitos essenciais


da Cerditão de Dívida Ativa – CDA.

a) Nome do devedor, dos co-responsáveis e, sempre que conhecido, o domi-


cílio ou residência de um e de outros.

b) O valor originário da dívida, bem como o termo inicial e a forma de calcu-


lar os juros de mora e demais encargos previstos em lei ou contrato.

c) A origem, a natureza e o fundamento legal ou contratual da dívida.

d) A assinatura do chefe do Poder Executivo do ente polítivo respectivo.

3. Acerca do procedimento da ação de execução fiscal, assinale a alternativa


correta.

a) O processo tem início com a negativa do executado em pagar o valor


devido.

b) Caso sejam penhorados bens do executado, o exequente não poderá


ficar com tais bens como pagamento da dívida, já que os mesmos devem ser
vendidos, mediante leilão judicial.

c) Ao receber a citação na ação de execução fiscal, basicamente, três são as


opções do executado: pagar a dívida, garantir a execução ou permanecer
inerte, isto é, nada fazer.

d) A ação de execução fiscal não pode ser suspensa, mesmo quando não
forem encontrados bens do executado passíveis de penhora.

Rede e-Tec Brasil 128 Direito Tributário


Estimado(a) estudante,

Chegamos ao final de nossos estudos em relação ao componente curricu-


lar de direito tributário, ao longo dos quais foram enfrentadas questões
básicas pertinentes a este segmento do direito. Porém, dada a amplitude
da matéria, há inúmeros outros assuntos cujo conhecimento mostra-se útil
aos profissionais que, no exercício de suas funções, lidam com as normas
tributárias, dentre os quais, o Técnico em Finanças, pelo que, desde já, fica
sugerida uma pesquisa mais aprofundada da matéria, que possibilitará o
conhecimento mais apurado dos institutos do direito tributário.

Aula 8 - Execução Fiscal 129 Rede e-Tec Brasil


Palavras Finais

Caríssimo(a) estudante,

Em razão do grande esforço e dedicação empreendidos até aqui, foi possível


chegar ao final de mais uma etapa desta jornada, no curso de Técnico em
Finanças. Essa vitória é digna de elogios e comemoração.

Os ensinamentos absorvidos nesta disciplina serão de grande valia para seu


futuro profissional e pessoal, pois todo e qualquer conhecimento contribui,
ainda que indiretamente, para o aprimoramento e progresso pessoal e pro-
fissional daquele(a) que o adquiriu.

Entretanto, o entusiasmo decorrente da conclusão desta fase deve perma-


necer, a fim de que as próximas etapas sejam transpostas com a mesma
dedicação, porquanto, na vida, o sucesso será alcançado se houver muito
empenho e zelo e a busca pelo conhecimento deve ser constante, uma vez
que o saber se traduz num processo contínuo e gradativo, em constante
desenvolvimento.

Portanto, embora tenhamos avançado neste processo de aprendizagem,


muitos outros passos deverão ser dados.

Não se esqueça de que o conhecimento deve ser construído a cada dia, ain-
da mais porque ele não tem limites.

Nosso contato direto encerra-se aqui, porém estamos à disposição para co-
laborar no que for necessário.

Até breve, sucesso em sua caminhada.

Bons estudos e prosperidade em seus propósitos!

Rede e-Tec Brasil 130 Direito Tributário


Guia de Soluções

Aula 1

Atividade 01

Resposta: O Sistema Constitucional Tributário possui importância ímpar no


Direito Tributário Brasileiro, já que as princípais regras e diretrizes do sistema
tributário estão previstas na Constituição Federal.

Atividade 02

Resposta: O princípio da legalidade é o que possui maior importância, em


se tratando de limitações constitucionais ao poder de tributar, uma vez que
a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios somente podem ins-
tituir, aumentar e cobrar tributos se existir uma lei que os autorizem. Desta
forma, referido princípio se traduz numa garantia aos contribuintes, que
somente serão obrigados a pagar tributos se houver lei nesse sentido.

Atividade 03

Resposta: A

Atividade 04

Resposta: b

Aula 2

Atividade 01

Resposta: A finalidade da imunidade tributária concedida aos templos de


qualquer culto é assegurar a liberdade de culto religioso no país, já que o
Brasil é um país laico, ou seja, não possui uma religião oficial, de modo que
todas as religiões devem ser respeitadas, conforme estabelece o artigo 5º, VI,
da Constituição Federal.

Nesse sentido, é o magistério de COSTA (2006, p. 156): “Como imunidade


política e incondicionada, visa a garantir a eficácia da diretriz constitucional
contemplada no art. 5º, VI, que assegura a liberdade de crença e o livre exer-

131 Rede e-Tec Brasil


cício de cultos religiosos, densificando-os”.

Atividade 02

Resposta: B

Atividade 03

Resposta: D

Aula 03

Atividade 01

Resposta: A obrigação principal tem por objeto o pagamento do tributo ou


de penalidade pecuniária, consistindo, portanto, numa obrigação de dar,
isto é, pagar o tributo ou penalidade pecuniária. A natureza de seu objeto
é eminentemente patrimonial, pois tem como conteúdo uma prestação em
dinheiro. Já a obrigação acessória tem por objeto prestações positivas ou
negativas por parte do sujeito passivo. Nela o sujeito passivo deve fazer, não
fazer ou tolerar que se faça algo no interesse da arrecadação ou fiscalização
dos tributos. Seu objeto, ao contrário da obrigação principal, não possui
caráter patrimonial, uma vez que, aqui, o sujeito passivo não tem que dar
uma quantia em dinheiro ao Fisco, mas sim realizar determinado comporta-
mento, abster-se de fazê-lo ou tolerar que o Fisco o faça.

Atividade 02

Resposta: A principal finalidade do crédito tributário e conferir exigibilidade


à obrigação tributária, pois, para que a obrigação tributária se torne exigível,
ou seja, para que o sujeito passivo seja obrigado a cumpri-la, é necessário
que o sujeito ativo atue no sentido de especificar o montante devido e esta-
belecer o vínculo jurídico que liga o sujeito passivo ao respectivo valor.

Atividade 03

Resposta: C

Atividade 04

Rede e-Tec Brasil 132 Direito Tributário


Resposta: B

Aula 04

Atividade 01

Resposta: A principal diferença entre as causas de suspensão e de extinção


do crédito tributário é que a ocorrência desta resulta na abolição do crédito,
que não mais existirá. Por exemplo, ocorrido o pagamento, o crédito se ex-
tinguirá definitivamente, ao passo que as causas de suspensão, via de regra,
apenas acarretam a impossibilidade de se exigir o crédito, que, contudo,
continua existindo, apesar de não poder ser exigido enquanto perdurar a
causa de suspensão.

Atividade 02

Resposta: A

Atividade 03

Resposta: C

Atividade 04

Resposta: A

Atividade 05

Resposta: D

Aula 05

Atividade 01

Resposta: Sim, é possível afirmar que a LRF corresponde a um código de con-


duta para os administradores públicos de todo o país, pois, em razão dela,
o gestores públicos devem obedecer a regras específicas na administação da
coisa púbica, sempre no intuito de equilibrar as receitas e as despesas, a fim
de otimizar os resultados alcançados, regras estas que, se forem desrespeita-
das, sujeitarão o administrador à imposição de sanções.

133 Rede e-Tec Brasil


Atividade 02

Resposta: A

Aula 06

Atividade 01

Resposta: Não. Os impostos são espécies do gênero tributos, apesar de mui-


tas pessoas pensarem, de forma equivocada, que imposto é sinônimo de
tributo. Assim, todo imposto é um tributo, mas nem todo tributo é um im-
posto, já que existem outras espécies de tributos (taxas, contribuições de
melhorias, empréstimos compulsórios e contribuições).

Atividade 02

Resposta: B

Atividade 03

Resposta: D

Aula 07

Atividade 01

Resposta: Tanto o ITCMD como o ITBI têm como fato gerador a transmissão
da propriedade de bens. Ocorre que o ITCMD incide apenas sobre trans-
missões gratuitas, em regra, sobre herança e doação, ao passo que o ITBI
incide sobre a transmissão onerosa de bens, por exemplo, a compra e venda.
Além disso, o ITCMD incide sobre a transmissão de bens móveis e imóveis,
enquanto o ITBI, recai apenas sobre a transferência de bens imóveis.

Atividade 02

Resposta: D

Atividade 03

Resposta: A

Rede e-Tec Brasil 134 Direito Tributário


Atividade 04

Resposta: C

Atividade 05

Resposta: C

Aula 08

Atividade 01

Resposta: A finalidade da ação de execução fiscal é o recebimento dos cré-


ditos, vencidos e não pagos, de titularidade do respectivo ente político. Sua
importância se traduz no fato de corresponder a um instrumento útil na
arrecadação de receitas públicas para abastecer os cofres do ente político
títular do crédito inscrito em dívida ativa

Atividade 02

Resposta: D

Atividade 03

Resposta: C

135 Rede e-Tec Brasil


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Rede e-Tec Brasil 140 Direito Tributário


Currículo do Professor-autor

Walter Matheus Bernardino Silva nasceu em


Cambará, Estado do Paraná, em 16 de julho de
1982. Graduado em Ciências Sociais e Jurídicas
pela Universidade Estadual do Norte do Paraná,
Uenp, no ano de 2006, pós-graduou-se Lato
Sensu em Direito Tributário, com Formação em
Magistério Superior, pela Universidade Anhan-
guera Uniderp, no ano de 2012. É procurador
de carreira da Procuradoria Geral do Município
de Cacoal, Estado de Rondônia e membro do Escritório de Advocacia Pena
Carvalho e Silva Sociedade de Advogados.

141 Rede e-Tec Brasil

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