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Kamilla Nunes Barros

O princípio do Juiz Natural

O princípio do Juiz Natural é um dos princípios gerais do Direito Processual e


tem a finalidade de garantir um julgamento justo aos indivíduos por meio de órgãos
julgadores independentes e juízes imparciais.
Tal princípio é um pressuposto de grande relevância e está previsto na
Constituição Federal de 1988, no art. 5º, nos incisos XXXVII (“não haverá juízo ou
tribunal de exceção”) e LIII (“ninguém será processado nem sentenciado senão pela
autoridade competente “). Inclusive, devido a sua importância histórica, somente a
carta magna de 1937 não previu o princípio do Juiz Natural. Além disso, o art. 10° da
Declaração Universal dos Direitos Humanos (DUDH), prevê explicitamente que:
“Toda a pessoa tem direito, em plena igualdade, a que a sua causa seja equitativa e
publicamente julgada por um tribunal independente e imparcial que decida dos seus
direitos e obrigações ou das razões de qualquer acusação em matéria penal que
contra ela seja deduzida.”
É condizente dizer que há a garantia de limitação dos poderes do Estado.
Nesse contexto, RODRIGUES (2018) aponta em seu livro:
Em outras palavras, esse princípio significa que o Estado não
pode criar órgãos com função jurisdicional apenas para o
julgamento de fatos ou pessoas específicos e que a jurisdição
só pode ser exercida pelos órgãos competentes e seus
legítimos ocupantes, tendo por base, para essa aferição, as
normas constitucionais. (p. 205).
A garantia de um juiz natural impede que injustiças que são comuns em
regimes autoritários e totalitários ocorram no Brasil. Sendo este um Estado
Democrático de Direito, é inadmissível que práticas inconstitucionais aconteçam,
como por exemplo, a criação de órgãos que não estejam previstos
constitucionalmente e a substituição de juízes titulares com o intuito de beneficiar um
dos envolvidos no processo, o que fere arduamente o princípio da imparcialidade. “A
imparcialidade do juiz é pressuposto para que a relação processual se instaure
validamente.” (CINTRA; DINAMARCO; GRINOVER, 1998, p. 58).
Referências:
Assembleia Geral da ONU. Declaração Universal dos Direitos Humanos.
217 (III) A. Paris, 1948.
BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do
Brasil. Brasília DF: Senado, 1988.
CINTRA, Antônio Carlos Araújo. DINAMARCO, Cândido Rangel. GRINOVER,
Ada Pellegrini. Teoria Geral do Processo. 27° Ed. São Paulo: Malheiros.
RODRIGUES, Horácio Wanderlei. LAMY, Eduardo de Avelar. Teoria Geral
do Processo. 5° Ed. São Paulo: Atlas.

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