Você está na página 1de 18

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO STRICTO SENSU EM DIREITO

JURISDIÇÃO CONSTITUCIONAL

A INEFETIVIDADE DOS DIREITOS SOCIAIS NO NEOLIBERALISMO BRASILEIRO


O custo dos direitos sociais

Luciano Soares de Aguiar1

RESUMO: A Constituição Federal, fruto da redemocratização do País e alcunhada de


“constituição cidadã” quando da sua festiva promulgação em 1988, elenca muitos
direitos e garantias, não por acaso chamados de fundamentais e, dentre esses, os
direitos sociais. Pretende-se, neste artigo, discutir a pouca efetividade desses direitos
no Brasil, submetidos que estão aos ditames de um sistema econômico neoliberal.
Utiliza-se, para este fim, o método dedutivo, recorrendo-se à exploração da
bibliografia disponível de autores nacionais ou estrangeiros que tratam dos temas em
debate. Os direitos sociais no Brasil não se efetivam, permanecendo como um dever -
ser constitucional. A ideologia do Estado mínimo, do custo dos direitos, sejam eles
positivos ou negativos, inerentes ao neoliberalismo é que leva à não efetivação dos
direitos sociais previstos na Constituição Federal de 1988.

Palavras-chave: Direitos sociais. Inefetividade. Neoliberalismo.

1 INTRODUÇÃO

O processo de formação do Estado brasileiro é peculiar. Desde o


princípio ligado aos interesses do capitalismo mercantil, a sua emancipação
política se dará de forma diferente de outras nações. A separação da metrópole
portuguesa será conduzida por uma elite política e econômica , o que mantém
as estruturas sociais dos tempos coloniais, inclusive o sistema escravista. Sua

1
Mestrando em Direito no Centro Universitário FG (UniFG). Especialista em Docência do Ensino
Superior pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Especialista em História Social do
Trabalho pela Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia (UESB). Graduado em Pedagogia e
História pela Universidade do Estado da Bahia (UNEB) e em Direito pela Universidade Estadual do
Sudoeste da Bahia (UESB).
1
inserção no mundo republicano não será diferente, pois as camadas sociais
mais abastadas é que conduzirão o país aos novos caminhos políticos, mas os
caminhos sociais e econômicos permanecem os mesmos, em que pese o fim
da escravidão, que se deu mais por uma necessidade do sistema capitalista
que aqui impera do que por questões humanitárias. Esta realidade só faz
aumentar o fosso sempre enorme entre pobres e ricos no Brasil. As
desigualdades sociais são uma constante em toda a sua história, onde o
Estado sempre teve um papel central, seja no período colonial, com as amarras
da metrópole portuguesa, seja no Império, com o centralismo dos Imperadores
que defendiam os interesses de uma elite agrária, seja no período republicano,
onde as estruturas do Estado se mantém imutáveis. É nesse quadro político,
econômico e social bastante atual que reside o problema em estudo.
Os esforços constitucionais de inserção de direitos sociais no Brasil se
deram a partir dos movimentos constitucionais da convulsão política de 1930 ,
que resultou na segunda e breve Constituição da República de 1934. De
inspiração francamente weimariana, promoviam uma série de princípios que
“[...] faziam ressaltar o aspecto social, sem dúvida grandemente descurado
pelas Constituições precedentes.” (BONAVIDES, 2017, p. 374). Foi um longo
período de idas e vindas no Brasil que durou aproximadamente 50 anos (1934 -
1988), onde tivemos grandes convulsões políticas, intimamente ligadas às
convulsões econômicas e sociais que as acompanhavam: revoluções, suicídio
e impeachment de Presidentes, golpes de Estado etc. (BONAVIDES, 2017,
375).
Em meio à instabilidade, os direitos sociais sempre estiveram na
berlinda,

em razão de abalos ideológicos e pressões não menos graves de


interesses contraditórios ou hostis, conducentes a enfraquecer a
eficácia e a juridicidade dos direitos sociais na esfera objetiva das
concretizações, tem permanecido na maior parte de seus postulados
constitucionais uma simples utopia. (BONAVIDES, 2017, 377).

Justificar a não realização dos direitos fundamentais, tornando-os


simples utopias, não é uma tarefa das mais difíceis, pois diante de tais
situações há sempre o argumento da falta de recursos. Em tempos de
escassez, eis a grande barreira para a efetivação desses direitos, pois são, via
de regra, custosos para o Estado neoliberal que se instalou no Brasil a partir
dos anos 1990, pois “[...] os direitos custam dinheiro e não podem ser
protegidos nem garantidos sem financiamento e apoio públicos.”(H0LMES,
SUNSTEIN, 2019, p. 5).
A base teórica do presente trabalho se lastreará nestas duas vertentes:
a normatividade dos direitos sociais na Constituição Federal de 1988 e os
custos públicos para a sua efetividade, e se dará com a finalidade de responder
ao seguinte questionamento: A ideologia do Estado mínimo é óbice para a
efetividade dos direitos sociais no Brasil? Em busca de respostas, realizou-se
uma pesquisa de exploração da bibliografia de autores brasileiros e/ou
estrangeiros e, por meio do método dedutivo, parte-se de uma percepção mais
geral do objeto em estudo para as especificidades apresentadas na realidade
brasileira.
Assim, inicialmente discuto os direitos e suas dimensões, dando ênfase,
por motivos óbvios, aos de segunda dimensão, quais sejam, os direitos sociais;
na sequência, já adentrando diretamente ao problema proposto, discutimos os
direitos sociais nas Constituições brasileiras a partir de 1930 e, por fim, trago
o debate acerca do neoliberalismo brasileiro e os custos dos direitos sociais.
Ressalto ao leitor, todavia, que dados os limites do presente traba lho,
furtamo-nos à discussão das intricadas e complexas questões acerca da
justificação ou fundamentação dos direitos fundamentais como, por exemplo,
da sua exigibilidade, se são direitos subjetivos ou não etc. (GALDINO, 2005,
p. 147).

2 AS DIMENSÕES DOS DIREITOS2

As constituições da modernidade trazem em seu bojo a previsão e


proteção dos chamados direitos fundamentais. Conquista das revoluções
liberais do século XVIII, teve seu marco principal na Declaração dos Direitos
do Homem e do Cidadão, fruto da revolta do sofrido povo francês contra os
privilégios feudais. O historiador A. Manfred captura esse sentimento de
revolta:

2
Alguns teóricos já apontam para o surgimento de uma quarta dimensão (v.g., direito à democracia) e
quinta dimensão (v.g., direito á paz) e até de sexta dimensão de direitos (v. g., direito a água potável).
Estes temas não serão trazidos à baila neste breve estudo por ultrapassarem o seu objetivo.
No dia 13, de manhã, os sinos soaram a rebate em Paris. Artesãos e
jornaleiros, operários e pequenos comerciantes, mulheres e velhos
armados de punhal, de pistolas, de machado s, de pedras, precipitam-
se pelas ruas. Sob a pressão da turba desvairada , as tropas recuam
de bairro em bairro. [...] A insurreição armada estende -se e se avulta.
À noite, a maior parte da Capital está nas mãos do povo amotinado.
(MANFRED, 1965, p. 70).

Em que pese esse marco inicial de positivação de direitos do homem,


ele ficou, de algum modo, circunscrito à realidade francesa, pois “[...] somente
depois da Segunda Guerra Mundial que esse problema passou da esfera
nacional para a internacional, envolvendo – pela primeira vez na história –
todos os povos.” (BOBBIO, 2004, p. 46).
De qualquer modo, é nesse ambiente conturbado que nascerá a
sistematização e positivação de um dos direitos mais caros ao ser humano, o
da liberdade. Era, naquele momento histórico, o grande anseio da população.
Inspirada nas ideias iluministas que permeavam o pensamento filosófico da
França, a Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão
“pretendia definir de modo perfeito e preciso ‘os direitos naturais e sagrados’
do homem e do cidadão.” (MANFRED, 1965, p. 83).
Todavia, esse caráter de defesa de direitos naturais do homem por parte
do movimento revolucionário francês, não pode nos levar a concluir que lutasse
por uma democracia. A Revolução Francesa foi, antes de tudo, um movimento
da nascente burguesia; não à toa, dentre os direitos previstos na Declaração
de Direitos, estava o inviolável e sagrado direito à proprieda de; desse modo,
permanece a exploração do possuidor ao não possuidor, ou seja, do rico em
detrimento do pobre. (MANFRED, 1965, p. 84).
Conduzido pela burguesia, lutava em verdade por um Estado
constitucional “[...] com liberdades civis e garantias para a empresa privada e
um governo de contribuintes e proprietários. (HOBSBAWN, 2009, p. 106). Além
do mais, não há que se desprezar a positivação de direitos fundamentais
anteriores á Revolução Francesa em outras épocas e contextos, inclusive
geográficos como, por exemplo, a Petition of Rights, a Bill of Rights e o Habeas
Corpus Act, na Inglaterra do século XVII ou, ainda, a Declaração de Direitos
do Bom Povo da Virgínia, nas colônias da América do Norte no século XVIII .
Entretanto, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão é quem teve
um potencial de influir outras regiões do planeta, deixando de ser meramente
um fenômeno local.
De fato, o espírito revolucionário francês presente em sua Declaração
de Direitos do Homem e do Cidadão em pouco tempo ultrapassou as fronteiras
não apenas da França revolucionária, mas também da Europa e atingiu outras
regiões do planeta como o subcontinente indiano, a Ásia Menor e a América
Latina, regiões tão distantes quanto díspares do ponto de vista econômico,
social e cultural. (COMPARATO, 2003, p. 34). Apesar disso, o processo de
internacionalização dos direitos fundamentais, dentre eles os sociais, ainda
esperará um pouco. Vejamos o que nos diz a esse respeito Gregorio Peces-
Barba:

En el siglo XX se producirá la generalización del sufragio (Francia,


Gran Bretaña, Alemania, Italia, España) y la aparición del Estado
social de Derecho con el reconocimiento de los derechos económicos,
sociales y cultura [...] el proceso de internacionalización se
consolidará tras la segunda guerra mundial en el ámbito universal,
(Declaración de la ONU 1948) y Pactos Civiles y Políticos y
Económicos, Sociales y Culturales (1966); en el ámbito regional
especialmente en América (Declaración 1948 y Convención 1970) y
en Europa (Convenio Europeo y protocolos adicionales a partir de
1950. (PECES-BARBA, 1987, p. 13-14).

Vê-se, desse modo, que a positivação dos direitos fundamentais com a


sua incorporação às legislações nacionais, especialmente às Constituições,
percorreu um longo caminho até a sua consolidação após a Segunda Grande
Guerra, tanto no sentido da universalização, quanto da multiplicação.
(BOBBIO, 2004, p. 62).

2.1 Os direitos de primeira dimensão.

Antes de qualquer coisa, um breve esclarecimento: A doutrina tem optado pelo


termo dimensão, ao invés de geração de direitos. Nas palavras de Ingo Wolfgang
Sarlet, “a teoria dimensional dos direitos fundamentais não aponta, tão-somente, para
o caráter cumulativo do processo evolutivo e para a natureza complementar de todos
os direitos fundamentais, mas afirma, para além disso, sua unidade e indivisibilidade
no contexto do direito constitucional interno e, de modo especial, na esfera do
moderno ‘Direito Internacional dos Direitos Humanos’.” (SARLET, 2012, p. 55).
Não por acaso, a primeira bandeira a ser erguida pela massa
revolucionária francesa foi a da Liberdade, “o mais clássico direito dos direitos
a que o homem aspira.” (BONAVIDES, 2017, p. 580).
A luta era contra os privilégios do ancien régime, onde sistemas feudais
ainda dominavam as relações sociais e havia um nefasto imbricamento do
Estado monárquico francês e o seu povo, com a proeminência do primeiro,
detentor de poderes que pareciam indestrutíveis o que, aliás, ocorria por quase
toda a Europa, com as monarquias absolutas, se excetuando apenas Holanda
e Inglaterra (MANFRED, 1965, p. 7).
O grito era por Liberdades civis e políticas. Subjacente às ideias
iluministas dos séculos XVII e XVIII, operava-se uma dinâmica fundamental
para as transformações que se anunciavam. O acúmulo de capital em mãos de
uma classe determinada que, em que pese o poderio econômico angariado,
não tinha quase nenhuma participação política, pois a burguesia foi “a primeira
classe na história a ganhar proeminência econômica sem aspirar ao domínio
político” (ARENDT, 2012, p. 189) e essa aspiração só surgiu “quando ficou
patente que o Estado-nação não se prestava como estrutura para maior
crescimento da economia capitalista [...]” (ARENDT, 2012, p.190). De qualquer
sorte, liberdades civis e políticas eram fundamentais para esse intento.
Esse era o grande anseio: ter a liberdade de opor-se ao Estado. Por
isso, a doutrina aponta que os direitos de primeira dimensão são direitos
dirigidos aos indivíduos de oporem resistência ao Estado quando esse se
constitui em obstáculo à manifestação de sua liberdade. (BONAVIDES, 2017,
p. 576).
Porém, isso não significa dizer que fosse possível a liberdade
absoluta, pois

[...] os direitos constitucionais, longe de delimitar uma zona de


liberdade privada fora do alcance do Estado, são partes inalienáveis
de um contrato social com base no qual os órgãos do governo
estendem sua autoridade sobre praticamente todos os setores da vida
social. (H0LMES, SUNSTEIN, 2019, p. 166).

De qualquer modo, os direitos de liberdade, consubstanciados nos


direitos de primeira geração eram, ao fim e ao cabo, a separação do Estado e
do indivíduo, tanto que foi chamado de direitos fundamentais negativos 3, onde
havia uma abstenção do Estado em respeito à liberdade individual do homem,

3
A este respeito teceremos maiores comentários ao longo desse trabalho.
funcionando aquele “[...]tão-somente, na imagem sempre referida, como um
algodão entre os cristais (os indivíduos).” (GALDINO, 2005, p. 153).

2.2 Os direitos de segunda dimensão

O processo de industrialização na Europa provoca enormes


transformações sociais e econômicas. A injustiça social produzida pelo
capitalismo industrial alimenta o surgimento de doutrinas socialistas e dos mais
variados movimentos populares por uma justiça social. A exploração dos
detentores da propriedade sobre os mais pobres se torna insuportável ,

[...] gerando amplos movimentos reivindicatórios e o reconhecimento


progressivo de direitos, atribuindo ao Estado comportamento ativo na
realização da justiça social. A nota distintiva destes direitos é a sua
dimensão positiva, uma vez que se cuida não mais de evitar a
intervenção do Estado na esfera da liberdade individual, mas, sim,
[...] de propiciar um “direito de participar do bem-estar social”.
(SARLET, 2012, p. 33).

A liberdade de não ser importunado pelo Estado liberal vigente já não é


suficiente. O Estado negativo não dá conta de atender às necessidades da
população. A degradação social é visível e exige uma atuação efetiv a do
Estado, que de absenteísta passa a ser prestacional dos direitos chamados de
sociais (onde se incluem os direitos culturais e econômicos), a fim de promover
um abrandamento da escandalosa desigualdade social vigente ,
proporcionando um Estado de bem estar social. A motivação do Estado para
este welfare state, entretanto, passa longe da solidariedade humana: “Os
direitos econômicos e sociais [...] foram o instrumento privilegiado para
estabilizar as expectativas dos cidadãos e as defender das flutuaçõe s
constantes e imprevisíveis dos ‘sinais dos mercados’.” (SANTOS, 2013, n. p.).
Além disso, os direitos sociais “[...] nasceram abraçados ao princípio da
igualdade, do qual não podem se separar [...]” (BONAVIDES, 2017, p. 578).
O Estado liberal se depara com a sua própria fragilidade, pois o tão
ansiado desejo de liberdade não satisfaz às necessidade s materiais primárias
dos indivíduos, como ter saúde, habitação, alimento, segurança na velhice e
uma série de outras necessidades. É nesse contexto que os direitos sociais
buscarão sua afirmação (HERKENHOFF, 2002, p. 51). É nesse contexto,
ainda, que fica patente a necessidade de que o Estado promova a distribuição
dos recursos materiais, pois conceder toda a liberdade para as pessoas de
trabalhar, vender, comprar da forma como quiserem não seria suficiente para
combater as desigualdades e as injustiças sociais inerentes ao Estado
capitalista liberal (DWORKIM, 2014, p. 539) que, por si só, traz em seu cerne
as precondições legais para a acumulação desigual de riqueza. (H0LMES,
SUNSTEIN, 2019, p. 162). É nesse contexto, por fim, que o Estado se
transmuda de liberal para social e aponta para um processo de positivação
desses direitos sociais, com o seu surgimento em alguma s Constituições. É,
indubitavelmente, o surgimento de um conceito novo de direitos fundamentais

[...] vinculado materialmente a uma liberdade ‘objetivada’, atada a


vínculos normativos e institucionais , a valores sociais que demandam
realização concreta e cujos pressupostos devem ser ‘criados’,
fazendo assim do Estado um artífice e um age nte de suma
importância para que se concretizem os direitos fundamentais de
segunda geração. (BONAVIDES, 2017, p. 581).

Ora, em uma realidade social onde o capitalismo industrial, em franco e


acelerado desenvolvimento, explorava de todas as formas possíveis a força d e
trabalho de uma população sofrida que era alijada daquilo que ele, o
capitalismo, produzia, natural que os direitos sociais relacionados às questões
trabalhistas inaugurassem esta luta. Foi assim na Constituição mexicana de
1917 que inaugurou, “de modo geral, as bases para a construção do moderno
Estado Social de Direito” (HERKENHOFF, 2002, p. 181); foi assim na Rússia
revolucionária de 1917, que na sua Declaração do Povo Trabalhador e
Explorado de 1918, visava “principalmente a suprimir toda exploração do
homem pelo homem, a abolir completamente a divisão da sociedade em
classes, a esmagar implacavelmente todos os exploradores [...] ”. (LENIN,
1918, n. p.); por fim, figurando dentre as principais cartas constitucionais que
elevam à condição de direitos positivados os direitos sociais, foi assim também
com a Constituição Alemã de 1919, conhecida como Constituição de Weimar.
Essas três cartas constitucionais, guardadas as suas devidas diferenças
ideológicas, políticas e econômicas (um país na América Latina, um outro
fazendo uma mudança estrutural de sua sociedade e um terceiro recém saído
de uma guerra até ali sem precedentes) inauguram a ênfase nos direitos
sociais positivados nas diversas constituições que se seguirão em todo o
mundo Ocidental. Traz à baila a necessária existência do Estado como
promotor e principalmente protetor dos direitos sociais. Com a sua positivação
através dos mandamentos constitucionais, temos a incrementação de um
Estado Social de Direito em detrimento do Estado de Direito Liberal vigente.

2.3 Os direitos de terceira dimensão

Os direitos de liberdade e de igualdade, aliados aos direitos sociais , não


foram suficientes para evitar as tragédias que atingiram toda a humanidade na
Segunda Guerra Mundial e nos conflitos que se seguiram a ela no período
chamado de Guerra Fria, que escancara “[...] um mundo partido entre nações
desenvolvidas e subdesenvolvidas ou em fase de precário
desenvolvimento[...]”. (BONAVIDES, 2017, p. 583).
Assim, a partir dos anos 1960, delineia-se o surgimento de uma nova
dimensão dos direitos fundamentais. A sua preocupação está muito além de
proteger direitos fundamentais individuais ou de certos grupos. O seu olhar se
volta para a humanidade como um todo, daí sua característica de não possuir
limites rígidos ou titularidades específicas, pois titular desses di reitos é toda a
humanidade. Por isso, é chamado pela doutrina de direitos difusos. Todos t êm
direito a um meio ambiente saudável e em equilíbrio; todos os povos têm direito
à autodeterminação, à exploração sustentável das riquezas naturais , de viver
em paz, direito à comunicação etc.
Se nas dimensões de direitos anteriores, o dever de garanti-los era
flagrantemente do Estado – seja pela abstenção, seja pela prestação – aqui, o
dever é de toda a humanidade, pois não há delimitação territorial para que
estes direitos sejam exigidos, em um verdadeiro exercício de solidariedade e
fraternidade humanas.

3. OS DIREITOS SOCIAIS NA CONSTITUIÇÃO DE 1988

A Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 pôs fim aos


vinte e um anos do governo conduzido por militares imposto no ano de 1964.
No momento de sua promulgação em 05 de outubro de 1988, foi solenemente
apelidada de constituição cidadã. Analisando-se seu conteúdo, entende-se o
porquê de tal classificação. Primeiro, falar-se em cidadania, depois de anos
sob um regime ditatorial, já indica o caminho pretendido; porém, a sua
importância maior reside em dois aspectos: em primeiro lugar, positiva uma
série de direitos, com ampla proteção social à população, especialmente à
classe trabalhadora; em segundo lugar, especifica o papel do Estado na
promoção e proteção desses direitos. Desse modo, podemos inferir que a nova
Carta Magna “delimitou um marco inicial de uma nova Ordem Social,
consolidando em seu texto um verdadeiro Estado Democrático Social de Direito
[...]” (CARNEIRO, CALDEIRA, 2018, n.p.). Todavia, os direitos sociais

[...] passaram primeiro por um ciclo de baixa normatividade ou tiveram


eficácia duvidosa, em virtude de sua própria natureza de direitos que
exigem do Estado prestações materiais nem sempre resgatáveis por
exiguidade, carência ou limitação essencial de meios e recursos .
(BONAVIDES, 2017, p. 578).

Desse modo, a mera presença de um extenso catálogo de direitos, que


não se restringem aos artigos 6º e 7º, onde elenca estes direitos, mas que
estão difusos por todo o texto constitucional, não foi suficiente para dirimir
problemas históricos e tradicionais da sociedade brasileira, figurando mais
como um dever-ser constitucional, um ideal a ser alcançado em um futuro
incerto, permanecendo em uma esfera programática, o que afastava, inclusive,
a possibilidade de recorrer ao Poder Judiciário para obrigar o Estado, o que
tornava os direitos sociais uma categoria de direitos diferenciada dos direitos
de liberdade que, quando ameaçados, são imediatamente tutelados pelo Poder
Judiciário. Entretanto, há uma tendência internacional que chega à nossa Carta
Magna, de considerar os direitos fundamentais, entre os quais estão inclusos
os direitos sociais, como de aplicabilidade imediata, o que, na prática, significa
que os direitos sociais passaram também a serem reclamados judicialmente,
como ocorre com os direitos de liberdade. (BONAVIDES, 2017, p. 579).

3.1 Os direitos sociais em espécie

Diferentemente das nossas Constituições anteriores, a Constituição


Federal de 1988 trará um Capítulo específico para os direitos sociais . Esses
direitos estão elencados principalmente nos artigos 6º e 7º da Constituição.
Todavia, é possível encontrar outros direitos sociais disseminados por outros
institutos constitucionais, principalmente quando ocorre uma interpretação
extensiva do texto constitucional 4.
O artigo 6º é bastante genérico e amplo, pois reconhece como direitos
sociais desde a educação até a assistência aos desamparados. Em uma
redação bastante concisa do ponto de vista formal, é de uma amplitude
extrema quando se trata da sua materialidade. É uma demonstração cabal do
caráter de dever ser dos direitos sociais, permanecendo em uma esfera
programática. Passou por modificações através de emendas à Constituição,
com a inclusão de direitos sociais que não constavam originalmente, a exemplo
do direito social a moradia 5, alimentação 6 e transporte 7, a sua última alteração.
Desse modo, temos atualmente a seguinte redação do artigo 6º da Constituição
Federal de 1988:

São direitos sociais a educação, a saúde, a alimentação, o trabalho,


a moradia, o transporte, o lazer, a segurança, a previdência social, a
proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados,
na forma desta Constituição. (CONSTITUIÇÃO FEDERAL, 2017, p.
11).

Assim, pela variabilidade e complexidade dos direitos sociais, especialmente


em uma sociedade historicamente desigual como a nossa, fica evidente que há uma
grande exigência aos poderes públicos para que eles se efetivem, pois “têm por
conteúdo um fazer do Estado e que só [...] se realizam pela execução de políticas
públicas, destinadas a garantir amparo e proteção social aos mais fracos e mais
pobres [...].” (MASSON, 2015, p. 281). É, enfim, a necessária observância de um
princípio que se espraia por toda a Constituição, a dignidade da pessoa humana,
fenômeno jurídico que afirma peremptoriamente que “[...] o Estado existe em
função da pessoa humana, e não o contrário.” (SARLET, 2013, p. 254).
O artigo 7º da Constituição Federal traz em seus trinta e quatro incisos, mais
o parágrafo único, a regulamentação da atividade laboral no país no que diz respeito
aos direitos dos trabalhadores. É de se chamar a atenção para o seu caput, que
iguala os trabalhadores rurais aos trabalhadores urbanos, estendendo àqueles os

4
Exemplo paradigmático da interpretação extensiva e que posiciona os direitos sociais além da mera
esfera programática é a do parágrafo 1º do artigo 5º da Constituição Federal de 1988, que diz, ipsis
litteris: “As normas definidoras dos direitos e garantias fundamentais têm aplicação imediata.” Há,
porém, divergências doutrinárias acerca de serem os direitos sociais direitos subjetivos na mesma
condição jurídica que os direitos de liberdade. (Grifos meu).
5
Emenda Constitucional nº 26, de 2000.
6
Emenda Constitucional nº 64, de 2010.
7
Emenda Constitucional nº 90, de 2015.
todos direitos trabalhistas inerentes a esses. É de se destacar também a extensão
dos direitos trabalhistas aos trabalhadores domésticos 8, que antes tinham direitos
trabalhistas mínimos. Os artigos 8º, 9º, 10 e 11, trazem uma série de direitos
relacionados à sindicalização ou associação profissional, direito de greve,
participação dos trabalhadores nas discussões e deliberações que lhes digam
respeito e representação dos trabalhadores junto aos empregadores. 9

4 O NEOLIBERISMO

O neoliberalismo não foi um fenômeno que surgiu do dia para a noite; ao


contrário, foi lentamente gestado e só em fins dos anos 1970, após a primeira
grande crise do capitalismo, reinante após a 2ª Grande Guerra é que começou
a ser posto em prática. Suas origens são, portanto, anteriores à sua
predominância em países de capitalismo avançado, como a Inglaterra e os
Estados Unidos da América no início dos anos 1980. Data dos fins da 2ª Guerra
Mundial, já no ano de 1944, quando Friedrich Hayek escreveu a obra O
caminho da servidão (ANDERSON, 1995, p.1), para quem

La idea de una centralización completa de la dirección de la actividad


económica espanta todavía a mucha gente, no sólo por la tremenda
dificultad de la tarea, sino aún más por el horror que inspira el
pensamiento de que todo sea dirigido desde un centro único (H AYEK,
2008, p. 74)

Assim, o neoliberalismo foi uma reação ao forte intervencionismo do


Estado, especialmente na economia, mas também contra o estado de bem
estar social. Sua clara proposta era idealizar um novo capitalismo, mais duro
e livre de regras, a ser praticado no futuro. Com isso, confrontava diretamente
o keynesianismo 10 e o new deal americano 11 , assim como o solidarismo
praticado na Europa. Para Friedrich Hayek era necessário “um Estado forte,
sim, mas em sua capacidade de romper o poder dos sindicatos e no controle

8
Emenda constitucional nº 72, de 2013
9
Não é objeto desse trabalho discutir as modificações do mundo do trabalho no Brasil perpetradas pela
Lei 13.467/2017, conhecida como reforma trabalhista, que promoveu uma série de alterações nas
relações de trabalho vigentes, sendo inclusive muito debatida a sua constitucionalidade.
10
Teoria econômica idealizada por John Maynard Keynes durante a crise econômica dos EUA em
1929. Defendia a intervenção direta do Estado na economia, a redução dos juros, a busca pelo pleno
emprego e a efetivação de benefícios sociais para a população mais pobre.
11
Série de programas implementados nos Estados Unidos da América, após a crise econômica de
1929, com o intuito de recuperar a economia.
do dinheiro, porém parco em todos os gastos sociais e nas intervenções
econômicas.” (ANDERSON, 1995, p. 2).
Observa-se que o neoliberalismo proposto tinha uma outra defesa: a luta
contra os sindicatos. Para tanto, defendia a manutenção de uma elevada taxa
de desemprego, formando assim um exército de mão-de-obra reserva,
objetivando com isso enfraquecer a luta dos trabalhadores, esvaziando seus
sindicatos representativos.

4.1 Os direitos sociais no Brasil neoliberal

O Brasil iniciou sua nova caminhada democrática a partir de 1985 e,


posteriormente já sob a Constituição de 1988, sob uma forte crise econômica e
financeira, com uma inflação galopante, altas taxas de desemprego, diminuição
drástica da atividade industrial e do produto interno bruto. Foram anos difíceis, em que
os governos tentaram de todas as formas conter a inflação, inclusive com vários
planos econômicos conduzidos e centralizados no Governo, como os planos Verão,
Bresser, Cruzado, que levaram até à mudança de nossa moeda de cruzeiro para
cruzado e, posteriormente, real. Se na política havia uma empolgação pelo fim do
regime ditatorial, as coisas iam muito mal com a economia.
O primeiro Presidente civil, que foi eleito de forma indireta, após os vinte e um
anos de regime ditatorial, passou todo o seu governo tentando controlar a inflação
galopante, sem sucesso. É nesse conturbado ambiente que se inicia, em princípios
dos anos 1990 aqui no Brasil, a teoria política e econômica do neoliberalismo, com a
“[...] eliminação de inúmeros controles e por uma importância crescente do mercado
privado.” (FRIDMAN, 2014, p. 19). Obviamente que isso se dará em virtude da
incapacidade de uma política centralizada em um Estado gigantesco, herança do
governo militar, em promover o desenvolvimento econômico e social do País. Nesse
sentido, o Brasil, a partir dos anos 1990, opta pela lógica do economista Milton
Fridman, que diz que

Fundamentalmente, só há dois meios de coordenar as atividades


econômicas de milhões. Um é a direção centra l utilizando a coerção -
a técnica do Exército e do Estado totalitário moderno . O outro, a
cooperação voluntária dos indivíduos - a técnica do mercado.
(FRIDMAN, 2014, p. 21).
Partindo dessa constatação, os governos dos anos 1990, inicialmente sob
Fernando Collor de Melo – enquanto esteve à frente do Poder Executivo – e depois,
mais incisivamente, com os governos de Itamar Franco, vice-presidente de Fernando
Collor de Melo e que assumira a presidência com o afastamento daquele12 e Fernando
Henrique Cardoso, que de ministro da economia foi eleito democraticamente à
Presidência da República, impulsionado pelo sucesso de seu plano econômico, o
plano real, iniciam uma política agressiva de privatizações, enxugamento da máquina
pública com programas de demissão voluntária, incentivo à economia de mercado,
abertura às importações, intenso processo de desestatização, enfim, o seguimento de
uma cartilha imposta pelo Fundo Monetário Internacional. Na ausência do Estado
totalitário e a técnica do Exército, passa a vigorar a técnica do mercado.
A crise política, aliada à crise econômica, só agrava a histórica e tradicional
crise social do Brasil. Na linha de pensamento do neoliberalismo de que o mercado
reduz o número de questões decididas nos espaços políticos e, com isso, minimiza a
participação do governo nas atividades do Estado (FRIDMAN, 2014, p. 23), os direitos
sociais que, como vimos, exigem atuação positiva e concreta do Estado para sua
efetivação, ficam submetidos à primazia dos interesses econômicos. Afinal, a atuação
positiva do Estado na garantia dos direitos implica sempre em custos. A situação se
torna mais complicada ainda quando se considera que “todos os direitos são
positivos.” (HOLMES, SUNSTEIN, 2019, p. 35) e quando se constata que “os recursos
e bens existentes são limitados e, por isso, insuficientes para satisfazer as ilimitadas
necessidades humanas.” (GALDINO, 2005, p. 155).

4.2. Os direitos sociais e o seu custo

Todos os direitos, inclusive aqueles que implicam em abstenção do Estado, os


chamados direitos de primeira geração, os direitos de liberdade, exigem uma
contrapartida estatal, exigem, enfim, uma demanda por recursos, pois “[...] os direitos
custam dinheiro e não podem ser protegidos nem garantidos sem financiamento e
apoio públicos.” (HOLMES, SUNSTEIN, 2019, p. 5).
Aqui se coloca uma questão fundamental para a efetivação dos direitos no
Brasil, em especial os sociais: o financiamento desses direitos.

12
Primeiro Presidente eleito pelo povo após o regime militar, Collor de Melo sofre um processo de
impeachment, motivado por denúncias de corrupção, no episódio que ficou conhecido como esquema
Collor-PC Farias. O Presidente renunciou ao cargo e foi condenado à perda dos direitos políticos por
oito anos. Atualmente, é Senador da República.
A realidade concreta demonstra empiricamente que a solidez dos direitos
sociais no Brasil ainda é um dever-ser. Na verdade, em uma análise mais acurada, os
direitos fundamentais no Brasil, inclusive os de primeira dimensão, aqueles das
liberdades individuais, ainda aponta para o fato concreto de que toda a normatividade
e institucionalização dos direitos, elevados á categoria de constitucionais, só
demonstra e confirma a “questão da impotência do dever-ser [...]”(HABERMAS, 1997,
p. 83), quando confrontados com a realidade.
O espírito social da Constituição de 1988 fica ameaçado, principalmente com o
rearranjo da economia a partir dos anos 1990, quando o ideário neoliberal passa a
vigorar no País, impactando sobremaneira a política social com a trajetória de
diminuição do Estado. Desse modo, com a identificação do Estado brasileiro ao
ideário neoliberal, ocorre uma inversão de valores que será extremamente prejudicial
à efetividade dos direitos sociais. As políticas sociais e de interesse geral, antes
reguladas por governos e parlamentos eleitos democraticamente, passam a ser
reguladas pelo mercado que, obviamente, não visam o bem estar geral da população,
mas a maximização dos seus lucros. (FERRAJOLI, 2013, p. 388).
O ajustamento do País aos ditames do neoliberalismo, assolado que estava por
problemas econômicos, leva a diversas propostas de emendas à Constituição que, de
uma forma ou de outra, reduzem todo o aparato normativo que garantia o
financiamento e, portanto, a efetividade dos direitos sociais. Essas emendas deixam
claro o embate entre dois aspectos: de um lado, a estabilização da economia, que se
daria através do chamado tripé macroeconômico, qual seja, a estabilização monetária,
um câmbio flutuante e a estabilização da dívida pública; do outro lado,
antagonicamente, estão o Estado de bem estar que a constituição idealiza e almeja,
através das garantias dos direitos sociais.
Nesse cenário, a tensão entre estabilidade econômica e efetividade dos direitos
sociais tem sido uma constante no Brasil. (PINTO, 2019, p. 4474). Dessa tensão,
constata-se que a alegada escassez de recursos tem sido limite fático intransponível
para a efetividade dos direitos sociais, ficando ela vinculada à reserva do possível.
Dessa maneira, em que pese os conteúdos compromissórios da Constituição
brasileira, observa-se que o catálogo de direitos sociais ainda é um simulacro,
solapado que é por um dos predadores do direito, do qual não consegue se livrar, que
são os condicionantes da economia. (STRECK, 2014, p. 284).
5 CONCLUSÕES

Diante de tudo quanto exposto, podemos inferir que a histórica condução da


política e economia no Brasil feita de forma centralizada nas elites de momento, é um
obstáculo à consecução e efetividade de direitos fundamentais, em especial os
direitos sociais. Uma sociedade que desde os seus princípios de formação se baseou
em uma forte estratificação social, sendo essa alimentada ao longo dos séculos, não
poderia agir diferente em relação à efetivação de direitos, que quase sempre são
reclamados pelos grupos sociais mais desprovidos de recursos.
A previsão de um amplo catálogo desses direitos na Constituição Federal de
1988, locus em que se manifestou de forma mais ampla do que nas cartas
constitucionais precedentes, não foi suficiente para as mudanças que a sociedade
brasileira necessita desde sempre e tem exigido, de uma forma ou de outra, de algum
tempo para cá.
Não podemos, levianamente, desconsiderar as questões econômicas (recursos
sempre limitados e escassos) para a consecução desses direitos. Como vimos,
todavia, essas questões econômicas são postas como primazia em uma organização
estatal de moldes neoliberais, que preza mais pelo lucro privado do que pelo bem
estar da sociedade. Um ideário que tira da responsabilidade do Estado a promoção
de políticas públicas que se voltem para as questões sociais, pois essas políticas
demandam vultosos recursos. Um ideário que, mais do que simplesmente negar
efetividade a direitos, prega um esvaziamento desses direitos, inclusive com
mudanças legislativas e governamentais, como podemos perceber com as reformas
promovidas, como, a título de exemplo, as reformas do trabalho e do sistema de
previdência pública, dando um caráter legítimo e jurídico a esse distanciamento do
Estado das questões relacionadas aos direitos fundamentais, em especial os direitos
sociais.

REFERÊNCIAS

ANDERSON, Perry. Balanço do neoliberalismo. In: SADER, Emir; GENTILLI,


Pablo. Pós- neoliberalismo: as políticas sociais e o estado democrático .
Rio de Janeiro: Paz e Terra, 1995.

ARENDT, Hannah. Origens do totalitarismo: antissemitismo, imperialismo,


totalitarismo. Trad. Roberto Raposo. 1. ed. São Paulo: Companhia das Letras,
2012.

BOBBIO, Norberto. A era dos direitos. Trad. Carlos Nelson Coutinho. Rio de
Janeiro: Elsevier, 2004.

BONAVIDES, Paulo. Curso de Direito Constitucional. São Paulo: Malheiros,


2017.

BRASIL. Constituição. Texto original: 1988. Atualizada até 2017. Brasília:


Senado Federal, Secretaria de Editoração e Publicações, 2017.

CLÁUDIO, Carneiro. CALDEIRA, Ana Paula. Os trinta anos da Constituição e


a evolução do constitucionalismo: o (neo) constitucionalismo como momento
constitucional atual. In: Revista digital Instituto dos Advogados Brasileiros,
nº 39, n. p. Disponível em: <https://digital.iabnacional.org.br/revista-digital-no-
39/os-trinta-anos-da-constiuicao-e-a-evolucao-do-constitucionalismo/>Acesso
em 05 Jul. 2020.

COMPARATO, Fábio Konder. A afirmação histórica dos direitos humanos.


3. ed. São Paulo: Saraiva, 2003.

DWORKIM, Ronald. A raposa e o porco-espinho: Justiça e valor. Trad.


Marcelo B. Cipolla. 1. ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2014.

FERRAJOLI. Luigi. O futuro da democracia na Europa: direitos e poderes na


economia global. Revista Direitos Humanos e Democracia, v. 1, n. 2, p. 386-
399, 20 maio 2013. Disponível em: <https:// www.revistas.unijui.edu.br/index.
php/direitoshumanosedemocracia/article/view/1080.>Acesso em 20 Jun. 2020.

FRIDMAN, Milton. Capitalismo e democracia. Trad. Afonso Celso C. Terra. 1.


ed. Rio de Janeiro: LTC, 2014.

GALDINO, Flávio. Introdução à teoria dos custos dos direitos: direitos não
nascem em árvore. Rio de Janeiro: Lumen Iuris, 2005.

HAYEK, Friedrich. Camino de servidumbre. Espanha: Unión editorial, 2008.


Disponível em: <https://www.elcato.org/sites/default/files/camino-de-servidum
bre-libro-electronico.pdf.> Acesso em: 30 Jun. 2020.

HERKENHOFF, João Baptista. Gênese dos direitos humanos. 2. ed.


Aparecida: Santuário, 2002.

HABERMAS, Jurgen. Direito e democracia: entre facticidade e validade.


Trad. Flávio B. Siebeneichler. Vol. 1. Rio de Janeiro: Tempo Brasileiro, 1997.

HOBSBAWN, Eric J. A era das revoluções. Trad. Maria L. Teixeira e Marcos


Penchel. 9. ed. São Paulo: Paz e Terra, 2009.

HOLMES, Stephen. SUNSTEIN, Cass R. O custo dos direitos: por que a


liberdade depende dos impostos. Trad. Marcelo B. Cipolla. 1. ed. São Paulo:
WMF Martins Fontes, 2019.
LENIN, Vladimir Ilyich. Declaração dos Direitos do Povo Trabalhador e
Explorado. In DUVERGER, Maurice. Constitutions et Documents Politiques.
Paris, Presses Universitaires de France, 1974. Trad. Lygia Michel Kfouri.
APUD. FERREIRA, Manoel F. et. alli. Liberdades Públicas. São Paulo, Ed.
Saraiva, 1978. Disponível em: <http://www.direitoshumanos.usp.br/index.php/
Documentos-anteriores-à-criação-da-sociedade-das-nações-e-da-declaracao-
dos-direitos-do-povo-trabalhador-e-expl orado-1918.html>. Acesso: em 26
Jun. 2020.

MANFRED, A. A grande revolução francesa. 2. ed. Trad. Maria A. de


Camargo e Antônia da C. Simões. São Paulo: Ícone editora, 1986.

MASSON, Natalia. Manual de Direito Constitucional. Bahia: Editora Juspodium,


2015.

PECES-BARBA. Gregorio (Org.). Derecho positivo de los derechos humanos.


Madri: Editorial Debate, 1987. Disponível em: <https://core.ac.uk/download/pdf/
30043495.pdf.> Acesso em: 27 Jun. 2020.

PINTO, Élida Graziane. Erosão orçamentário-financeira dos direitos sociais na


Constituição de 1988. Ciênc. saúde coletiva. Rio de Janeiro, v. 24, n. 12, p. 4473-
4478, Dec. 2019. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_artt
ext&pid=S1413-81232019001204473&lng=en&nrm=iso>. Acesso em: 05 Jul. 2020.

SANTOS, Boaventura de Souza. Democracia ou capitalismo? Outras Palavras. 28


Nov. 2013. n. p. Disponível em: <https://outraspalavras.net/desigualdadesmundode
mocraciaoucapitalismo> . Acesso em: 27 Jun. 2020.

SARLET, Ingo W. A eficácia dos direitos fundamentais: uma teoria geral


dos direitos fundamentais na perspectiva constitucional. 11. ed. Porto
Alegre: Livraria do Advogado Editora, 2012.

______________. Comentário ao artigo 1º, III. In: CANOTILHO, J.J. Gomes;


MENDES, Gilmar Ferreira; SARLET, Ingo Wolfgang. STRECK, Lenio Luiz.
(Coords.) Comentários à Constituição do Brasil. São Paulo: Saraiva/
Almedina, 2013. Disponível em: <https://www.joserobertoafonso.com.
br/comentarios-a-constituicao-canotilho-t-al/>. Acesso em: 30 Jun. 2020.

STRECK, Lênio L. Hermenêutica jurídica e(m) crise: uma exploração


hermenêutica da construção do Direito. 11ª ed. Porto Alegre: Livraria do
Advogado, 2014.

Você também pode gostar