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Portanto, persiste uma crise estrutural que, ao longo das últimas décadas,
traduziu-se em pesados reajustamentos que vem sendo impostos à economia brasileira,
perdendo sua capacidade de dinamismo e qualquer vínculo mais profundo com um
projeto nacional. Nesse ínterim, o padrão de acumulação explicita o domínio de grandes
capitais mercantis, em especial, a lógica rentista-patrimonialista da fração bancária-
financeira, e abre maior espaço de valorização para o agronegócio e as commodities
industriais (2). Além de impedira a autosustentação financeira e tecnológica da
dinâmica econômica interna, isso impõe ao país o risco de reversão para a mera oferta
de uma plataforma de recursos naturais e energia que deve se ajustar com certa
passividade e sem maiores resistências no atual concerto da divisão internacional do
trabalho”.
p. 11: “Na seção anterior, procurou-se esclarecer que a economia brasileira ainda
passa por um crise estrutural, sendo seu sinal mais evidente a não retomada do processo
de industrialização. Por conseguinte, explicita-se um padrão de acumulação sob
domínio de grandes capitais mercantis. As especificidades históricas do Rio de Janeiro
agravam os rebatimentos desse contexto nacional na economia fluminense. Isso porque
sua trajetória foi sempre marcada pela sobredeterminação do grande capital mercantil e
um vácuo em estratégias para desenvolver um sistema de forças produtivas mais
avançado. Do período colonial ao início do período republicano, o Estado embrionário
preserva as bases patrimoniais da sociedade com relações político-institucionais
próximas aos interesses oligárquicos no Brasil (...) mantiveram-se as frações de capitais
dispersas por um ‘arquipélago’ de economias regionais determinadas sobretudo por sua
relação com o exterior. Um processo de integração de maior magnitude é germinado
através do complexo mineiro e seu específico impulso à urbanização. Como apontou
Lessa (2001, p. 246-247):
‘O complexo mineiro deu origem a importante rede urbana: articulou-se com
o Nordeste, o Planalto Paulista e a região Sul como zonas fornecedoras de
alimentos e animais de trabalho para a mineração. Inicialmente, o centro
minerador esteve ligado com o exterior por Salvador e pelo Rio.
Progressivamente, o Rio constitui, Porte regional, a peça mais importante da
rede urbana’.”
p. 14:
NOTAS
(1) “Segundo Paulani (2013): ‘se, em vez de despender tantos recursos com
incentivo ao consumo e desoneração fiscal, o governo tivesse revertido tudo
isso num amplo programa de investimentos públicos, os resultados seriam
melhores. Aliás, essa tem sido a história do Brasil. Por aqui, o investimento
privado só reage quando puxado pelos investimentos públicos. Tentar
sustentar o crescimento na ampliação do consumo e o consumo na ampliação
do crédito é tentar fazer a roda da macroeconomia girar ao contrário’”.
(2) “Não se está descartado que essas frações de capitais agrários e industriais
em ascensão se tornem (...) rentistas também (por exemplo, diante da
associação de sua dinâmica aos movimentos especulativos dos preços das
commodities). Afinal, elas se apropriam de crescentes rendas de propriedade
monopólio pelo controle de ativos estratégicos, como recursos naturais e
energia”.
(3) “Na interpretação de Lessa (2001, 2008), após Dom João VI e a vida da
corte, operou-se um choque ‘keynesiano’ de gasto tornando o Rio a primeira
‘Brasília’ do país pelas profundas mudanças ocorridas no ambiente urbano”.