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Esse espaço geográfico a qual Carlos (1999) se refere, pode se equivaler a escala municipal
que se trata da menor unidade político-administrativa do Brasil, onde as sedes distritais administrativas
são designadas como cidades. Assim, Corrêa (2011, p. 6) recorre às funções adminitrativas de um
município para definir que:
A pequena cidade é, assim, antes de mais nada, um núcleo dotado da função de sede
municipal. Reconhecemos que inúmeras vilas e povoados têm funções urbanas, mas
o padrão dominante diz respeito à presença da função político-administrativa. Ser
sede municipal significa certo poder de gestão de um dado território, o município, para
o qual a presença de instituições e serviços públicos, além do acesso a tributos
estaduais e federais tornam-se essenciais. Associada a essa função político-
administrativa, seja de forma causal ou em conseqüência, há atividades econômicas
vinculadas à produção e circulação de mercadorias e à prestação de serviços.
(CORREA, 2001)
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Mestranda PPGPROCIDADE Projeto e Cidade (FAV/UFG). Contato: karoline@discente.ufg.br.
urbana nessas pequenas cidades, muitas das quais, possuem complexas relações urbanas e rurais
com ecossistemas pouco artificializados em um cenário distante das realidades metropolitanas.
As grandes extensões adensadas e impermeabilizadas nas áreas metropolitanas, fazem com
que haja frequentemente maior atenção a como lidar com esses desastres naturais nas grandes
cidades. Entretanto, é fundamental ressaltar que as cidades de pequeno e médio porte também sofrem
efeitos substanciais, muitas vezes sem medidas adequadas para atenuar estes problemas. Essas
áreas podem sofrer graves efeitos de inundação, necessitando de uma abordagem mais completa e
focada no planejamento urbano para lidar com esses problemas com os instrumentos possiveis de
acordo com as particularidades de cada cidade. Silva et al (2022) evidencia a necessidade de que as
soluções para aumentar a resiliência e a sustentabilidade, em todo o espectro urbano, devam também
ser dedicados à compreensão e resolução desses problemas nas cidades pequenas.
Apesar dos rios serem percursores na construção das cidades da bacia do rio Corrente e dos
abundantes atributos paisagísticos naturais na região do Oeste da Bahia, a urbanização extensiva
impulsionada após a construção de Goiânia e Brasília, trouxe impactos negativos ao meio ambiente
com a expansão das redes modais rodoviárias. Além das estruturas de rede urbana, há também as
relações econômicas predominantes da região e dessa forma, o processo de urbanização no Oeste da
Bahia e formação dessas pequenas cidades foi possível pois “[...] enquanto a cana-de-açúcar, o fumo
e os cultivos alimentares se expandiam na região do Recôncavo Baiano e da orla marítima, no interior
a pecuária, o algodão e as lavouras de subsistência abriam novas fronteiras agrícolas.” (LEÃO, 1989,
p.90 apud. SANTOS, Sueli Almeida dos, 2021, p.71).
Para além das fronteiras agrícolas, a partir da década de 60, o então governador estadual da
Bahia, Luiz Viana Filho inicia a construção da rodovia federal BR-349, ligando o centro de Santa Maria
da Vitória e Correntina ao Centro-Oeste do país, além da “construção da rodovia estadual BA- 172 que
articula os centros de Santa Maria, São Félix do Coribe, Coribe e Cocos”. (SANTOS, 1989, p.85) e
abertura de vias vicinais que interligam os municípios da região provocaram a desativação de antigas
rotas e passagens de tropeiros, contribuindo para o aparecimento de áreas de ocupação subnormal às
margens do Rio Corrente, decorrente do estabelecimento de retirantes oriundos da zona rural.
A expansão das redes modais rodoviárias e a desapropriação da Companhia de Navegação
do São Francisco (FRANAVE) feita pelo Estado no final da década de 80 durante a ditadura militar,
contribuíram para a gradativa redução das navegações fluviais e consequentemente um
enfraquecimento das atividades portuárias no rio Corrente. Com isso, ribeirinhos, estaleiros, remeiros
e armazéns deixaram o local, depois de décadas do comércio fluvial. (SANTOS, 2016).
De acordo com Miranda (2002), a partir da década de 80, com o enfraquecimento das
atividades portuárias, a extração de pedra, areia e calcário nas margens do rio passou a ser uma das
principais atividades econômicas nos municípios, ocasionando em um crescimento populacional
intensivo nas margens dos rios, que caracteriza o processo histórico de urbanização dos municípios de
Santa Maria da Vitória e São Félix do Coribe, segundo Mariano (1984).
O município de Santa Maria da Vitória, situado na região Oeste da Bahia, surge através do
então arraial de Brejo do Espírito Santo pertencente ao antigo município de São José de Carinhanha.
As primeiras casas a ocuparem as margens do rio Corrente “[...] eram circundadas por frondosas
gameleiras e dependiam economicamente dos escambos comerciais por enjolos (canoas ligadas por
travessas de madeiras), especialmente de rapaduras, trazidas do arraial, mantendo fortes relações
comerciais com o antigo município de Rio das Éguas.” (MARIANO, 1984, p.3).
Segundo o IBGE (1958), ainda em 1850 é instaurada as primeiras embarcações para o
transporte de mercadorias e animais, trazidas pelo artificie André Affonso de Oliveira, seus
descendentes e correligionários, impulsionando o crescimento do arraial para o entreposto comercial.
Através de uma lei provincial de 08 de junho de 1880, com a mudança da sede do antigo município de
Nossa Senhora da Glória do Rio das Éguas para o Porto de Santa Maria, ocorre a elevação de porto
para vila de Santa Maria do Rio Corrente. Com a ampliação da navegação do rio Corrente, a vila de
nome Porto de Santa Maria do Rio Corrente por suas atividades econômicas dependerem do porto
fluvial, transformou-se em um distrito administrativo em 1909, dada as intensas atividades comerciais
e a instalação de sua primeira gestão pública pela figura de um Intendente político.
Já o município de São Félix do Coribe possui uma formação mais recente, sendo inicialmente
uma propriedade rural controlada por uma família de latifundiários. Segundo Santos (2016), em 1958,
o município de Carinhanha perde parte do seu território para a elevação do município de Cocos e assim,
Santa Maria da Vitória foi desmembrada. O distrito Rio Alegre de Santa Maria assim chamado pelo
Decreto Estadual de 1933 até 1943, foi emancipado em 1958, tornando-se o município de Coribe
(IBGE, 2016 apud. Santos (2016). Com a emancipação de Coribe, há uma disputa entre as regiões
pela Fazenda São Félix.
Para superar esses desafios, os arquitetos Mostafavi e Doherty (2014) se questionam: “Como uma
cidade, com todos os seus mecanismos de consumo – o modo como devora sua energia, sua demanda
insaciável por alimentos – pode ser ecológica?” (MOSTAFAVI, Mohnsen; DOHERTY, Gareth, 2014,
p.125). Muitas soluções surgem deste questionamento, podendo tratar-se das técnicas de
infraestruturas verdes, do conceito de cidades resilientes, ou das cidades sensíveis à água que
convivem em harmonia com o seu ecossistema, sem, contudo, inviabilizar a cidade. É necessário “[...]
encarar a fragilidade do planeta e de seus recursos como uma oportunidade para investigar novas
possibilidades arquitetônicas, e não como uma forma de legitimação técnica para promover soluções
convencionais. (MOSTAFAVI, Mohnsen; DOHERTY, Gareth, 2014).
Para isso, Herzog (2013) nos mostra o que fazer:
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