Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
meios de comunicação, denunciando casos de escravidão e cárcere privado, em plena sociedade
da aldeia global da internet), e ocorreu a expansão da relação assalariada. Logo em seguida ela
tomou outra forma, mais organizada e planejada.
Com a concentração industrial no Sudeste, particularmente em São Paulo, projetou-se uma
nova forma de organização do espaço. A partir do momento em que a indústria tornou-se o setor
mais importante da economia brasileira, o espaço geográfico brasileiro ficou cada vez mais inte-
grado, gerando uma maior dependência entre os vários pontos do território nacional.
Dessa maneira, a economia brasileira encontrava-se fragmentada regionalmente no início
do século XX, formando pequenos polos industriais porém, com o avanço da industrialização, foi
ocorrendo maior integração entre os vários polos, que começaram a se articular por meio da ex-
pansão das redes de transportes, inicialmente, as ferrovias e, nas últimas décadas, as rodovias.
Essas redes foram construídas com o objetivo de ligar e integrar essas diversas áreas do Brasil aos
dois principais municípios brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro. Passou, dessa forma, a haver
uma interdependência dos diversos polos produtores, nascendo assim, fruto do planejamento do
Estado em associação com a elite dirigente do Brasil, uma divisão territorial do trabalho, por meio
da qual a elite burguesa, concentrada entre o Rio de Janeiro e São Paulo, passou a fornecer bens
industrializados às demais áreas, das quais recebe matérias primas e produtos agrícolas.
Resumindo, o Sudeste passou a desempenhar o papel de centro do sistema industrial brasileiro
e as demais regiões, o papel de periferia da economia brasileira, por comparação com o sistema
capitalista mundial, centro e periferia. Atualmente, ocorre uma modificação desta tendência, uma
vez que novas áreas que até então não eram tradicionalmente industriais começam a atrair novas
indústrias, e alguns setores começam a se desconcentrar no espaço brasileiro. Este fato ocorre
principalmente em cidades localizadas nos estados da região Sul e em alguns locais das regiões
Centro-Oeste e Nordeste.
Distribuição de renda
74
A economia brasileira revela historicamente alguns períodos de intenso crescimento, como,
por exemplo, o período denominado de “milagre brasileiro” (1969-1973), em que os indicadores
de produção e consumo apresentaram uma evolução muito acentuada, embora socialmente ex-
cludente, para uma política econômica altamente recessiva.
Avalie a variação anual do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil no período de 1989-2002,
que revela o crescimento da economia, e também o do “PIB per capita” (antigamente chamado
“renda per capita”), que resulta da divisão do valor do PIB (em US$) pelo número de habitantes
da respectiva época.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
PIB per capita de 1994 a 2008 (US$ de 2008)
7.990
8.000
7.650
7.500
7.310 7.440
7.020
6.940 6.950 6.930
7.000
6.820 6.840 7.000
6.780 6.760
6.590
6.500
6.000
5.500
5.000
Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
estrangeiros. Esses capitais vieram na forma de
Brasil desenvolvido empréstimos e investimentos diretos no setor
produtivo.
economicamente, Devido aos acordos firmados, a nossa ba-
Banco Central.
países. A partir de então se iniciou um processo Exportações (%)
de abertura de filiais em países capitalistas pe-
28,3
riféricos ou subdesenvolvidos. Essa expansão
23,6
ocorreu principalmente em busca de mão de
19,4
obra mais barata e menos sindicalizada e de
novos mercados consumidores. 14,8
12,2
Um seleto grupo de países, como o Brasil, a 10,8
Argentina, o México etc., passou a receber inves-
timentos diretos destes grupos industriais em 9,5
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
direta dos recursos naturais (agricultura, pecu- repetiu a trajetória dos países desenvolvidos.
ária ou extrativismo); O setor secundário nunca chegou a absorver a
Secundário: todas as pessoas que tra- maior parte dessa população vinda do campo,
balham em atividades industriais, ou seja, de como aconteceu na maioria dos países da Eu-
transformação da matéria-prima; ropa Ocidental, no Japão e nos Estados Unidos.
O que aconteceu foi um intenso crescimento
Terciário: todas as pessoas que trabalham
do comércio e serviços, que ficou conhecido
ou prestam serviços (no comércio, em bancos,
como hipertrofia (crescimento muito rápido e
telecomunicações, transporte coletivos – ônibus,
excessivo) ou inchaço do setor terciário, além
barcos, trens, aviões etc., no serviço público em
é claro, dos problemas urbanos modernos, tais
geral, na educação, no serviço médico-hospita-
como: os mais variados tipos de violência, fa-
lar, vendedor ambulante (em certos lugares do
velas, analfabetismo, carência alimentar (fome),
Brasil, camelô ou marreteiro), serviços de lazer –
carência médica (aumento gradativo das taxas
bares, clubes, profissionais autônomos etc.).
de mortalidade) etc.
Destaca-se que nos países em desenvolvi-
Além disso, com a política de estabilização
mento, como o Brasil, o grande surto de aumento
econômica, foi no setor de serviços que ocor-
da população residente nas cidades não foi
reram as maiores altas de preços depois do
acompanhado do processo de industrialização,
Plano Real, cresceu 5,7%, em 1995, e 13,8% ,
ocorrendo, dessa maneira, um desequilíbrio,
em 1996. O setor terciário é o mais dinâmico
gerando uma massa de desempregados, ou
da economia na atualidade e vem absorvendo
de subempregados, nas cidades. Dessa forma
parcialmente o contingente de mão de obra
as pessoas, acabam dedicando-se a trabalhos
dispensado pela indústria e vindas das áreas
ligados ao setor informal, ou seja, sem carteira
rurais. Esse predomínio é observado em todas
assinada e, muitas vezes, com baixíssima remu-
as economias capitalistas modernas. Em paí-
neração. É o caso dos vendedores ambulantes,
ses desenvolvidos, como os Estados Unidos,
marreteiros, camelôs, vendedores de chocolate,
o setor de serviços responde por cerca de 70%
laranja, flores, cigarros, ou miudezas nos cruza-
dos empregos da população economicamente
mentos das cidades, em praças, ou de porta em
porta, os guardadores de carros, entre outros.
ativa. É fácil entender esse fenômeno. Conforme 77
as pessoas vão enriquecendo, o perfil de suas
Esse grupo de trabalhadores, chamados de
necessidades muda. Os bens materiais mais
subempregados (por não terem direitos traba-
comuns já estão garantidos e há maior procu-
lhistas, uma vez que eles não têm registro em
ra por satisfação das necessidades de lazer,
carteira de trabalho), são discriminados, muitas
cultura, informação etc. Por outro lado, como a
vezes confundidos com marginais ou bandidos.
indústria e a agricultura são altamente produti-
É preciso lembrar que, nos chamados países
vas, não ocupam muita mão de obra e os seus
periféricos, o setor terciário, mesmo quando
produtos ficam mais baratos. Além disso, é no
atinge níveis percentuais equivalentes ao mundo
setor de serviços que estão ocorrendo as prin-
desenvolvido, na realidade, é qualitativamente
cipais inovações, como criações de produtos de
diferente. Nos países mais pobres a massa de
telecomunicação e voltados ao entretenimento.
empregados no setor terciário é constituída, em
No Brasil, os segmentos mais promissores são
grande parte, de subempregados, e nos países
o turismo, as telecomunicações e os serviços
mais ricos são empregados em atividades de
ligados à infraestrutura.
alta tecnologia, lazer, pesquisa etc.
O Brasil, embora tenha se modernizado
com a industrialização tardia e dependente, não
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Tabela 1 – Distribuição da população economicamente ativa (PEA) em países selecionados
– 2004
PEA total Agropecuária Indústria Serviços
País
(em milhões de pessoas) (%) (%) (%)
Reino Unido 29,8 1-2* 11-36* 88-62*
Estados Unidos 147,0 1-3* 12-32* 87-65*
Alemanha 40,5 2-3* 18-44* 80-52*
Japão 68,0 5-5 21-37 74-58
Sudão 13,0 80 7 13
Brasil 82,3 16-24* 10-27* 74-49*
China 773,0 49 22 29
Índia 473,0 60 17 13
Filipinas 36,0 45 18 37
Irã** 23,0 30 25 45
(IMAGES économiques du monde 2006. Paris: Armand Colin, 2005.)
* mulheres - homens
** No Irã, as mulheres raramente podem trabalhar.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
No lugar – um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas e instituições –
cooperação e conflito são a base da vida em comum. Porque cada qual exerce uma ação própria,
a vida social se individualiza; e porque a contiguidade é criadora de comunhão, a política se
territorializa, com o confronto entre organização e espontaneidade. O lugar é o quadro de uma
referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condi-
cionadas, mas é também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da
ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.
(SANTOS, Milton. A Natureza no Espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. Adaptado.)
Exercícios resolvidos
1. Podemos afirmar que a economia de mercado, a partir do século XV, funcionou como uma
grande bomba de sucção das riquezas das colônias? Justifique sua resposta.
`` Solução:
Sim, como o sistema colonial estabeleceu relações de dominação política e exploração econômica ao
“Novo Mundo”, as riquezas das colônias foram “sugadas” para as metrópoles.
2. (UFF) Existe no Brasil, próximo ao Trópico de Capricórnio, uma espécie de “trópico da exclusão
social”, a partir do qual podemos distinguir claramente as regiões que concentram e abrigam os
municípios com maior problema de exclusão social, ou seja, onde a “selva” da exclusão mostra-se
intensa e generalizada. Atualmente, existem 2 290 municípios com Índice de Exclusão Social na
faixa de 0,0 a 0,4; portanto, em situação de maior exclusão.
79
0 640 1.280
Km
Escala gráfica
Projeção Policônica
0,0 a 0,4
Limite estadual
*Somente municípios com menores índices
`` Solução:
As macrorregiões com exclusão social intensa e generalizada são: Norte e Nordeste.
b) apresente dois fatores que expliquem essa precária situação social.
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
`` Solução:
A situação social de vulnerabilidade pode ser expressa por aspectos como: analfabetismo crônico ainda
em alto valor percentual, incluindo o funcional, com difícil acesso à educação, com baixo nível de forma-
ção e capacitação; insegurança alimentar indo desde fome até subnutrição; difícil acesso ao mercado de
trabalho, em relação direta ao baixo nível educacional; economia formal pouco estruturada ou vivendo
de atividades de baixa remuneração; ambiente educacional e institucional favorável ao desemprego,
subemprego e informalidade; desigualdade de acesso à renda; estrutura de produção agrícola arcaica
com latifúndios de baixa produtividade e difícil acesso à terra e moradia; exclusão digital, por falta de
equipamentos e investimento; difícil acesso aos instrumentos de cidadania, como atestados, certidões,
títulos; limitado de acesso a serviços de saúde, tratamento dentário, medicina diagnóstica.
Exercícios de aplicação
1. (PUC-RJ) O Índice de Exclusão Social, criado em 2002, sintetiza a situação de cada município
brasileiro no que se refere à renda familiar, taxa de emprego, desigualdade de renda, taxa de
alfabetização e de escolarização, porcentagem de jovens e ao número de homicídios. Entre
as regiões brasileiras, foi identificada uma grande desigualdade: o Norte e o Nordeste são
caracterizados como “selvas de exclusão”, enquanto o Centro-Sul abriga os “acampamentos
de inclusão” e “novas formas de exclusão social”.
Essas novas formas de exclusão encontradas no Centro-Sul, típicas das grandes cidades, podem
ser identificadas, principalmente, por:
a) inserção precária no mercado de trabalho, violência urbana, segregação socioespacial.
b) baixos níveis de renda, precária escolarização e elevadas taxas de migração campo-cidade.
c) reduzidos graus de consumo, limitada oferta de bens culturais e desestruturação do emprego
formal.
d) elevação das taxas de mortalidade, evasão de pessoal qualificado e redução da desigualdade.
80
e) ingresso da mulher no mercado de trabalho, redução da renda da classe média, segregação
racial.
40,0
33,8 30,0
38,0
30,0 26,2
22,8 22,9 Setor Secundário
19,8
20,0
13,1 12,7 25,0 22,8 20,6 Setor Primário
17,8
10,0 10,0
0,0
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001
Após a onda milenária da era rural, após a onda bem mais breve do maquinismo industrial,
mil novos sintomas anunciam o advento de uma terceira onda, de uma era pós-industrial capaz
de exaltar a dimensão criativa das atividades humanas, privilegiando mais a cultura do que a
estrutura. [...] A informação e o conhecimento oferecem muito mais oportunidade a quem os
detém.
(TOFFLER, Alvin. A terceira onda. In: OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 2002. p. 105.
Adaptado.)
4. (UFBA - adap.)
ESSA LINGUAGEM JÁ
FICOU OBSOLETA! EU
81
DEVIA TER
VINDO DE
TÁXI!
IESDE Brasil S.A.
O processo [...] de industrialização impulsionado [nas últimas décadas] não foi capaz de criar
empregos suficientes para absorver a população economicamente ativa (PEA) [...] que passou
a viver nas cidades. Na realidade, a automação do processo produtivo industrial em andamento
nas últimas décadas, com a introdução de robôs, máquinas digitais e informatizadas e técnicas
toyotistas de produção, tem desencadeado a dispensa de um grande contingente de operários
[...].
(BOLIGIAN; ALVES, 2004, p. 409.)
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Com base na ilustração, no texto e nos co-
nhecimentos sobre o momento atual no contexto Questões de
da sociedade contemporânea, em particular, no processos seletivos
relacionamento do homem com a máquina.
a) cite uma consequência da atual auto- 1. (ESPM) A canção e o gráfico retratam a de-
mação tecnológica no plano da oferta sigualdade brasileira.
de trabalho no Brasil.
90
b) indique uma mudança nas relações de
80 75,4
trabalho resultante da Revolução Tecno- 70
68,7 73,4
62,9 67,0
lógica. 60
50
40
5. (UFOP) Analise o seguinte gráfico. 30
20
Brasil: Participação feminina e masculina na População
IBGE.
10
Economicamente Ativa - 1940-2001
0
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
d) A “usura” e a péssima distribuição de capitalista, o que significa também a di-
renda brasileira são uma herança colo- minuição da produção.
nial e pouco se alterou ao longo da his-
tória brasileira. 3. (USF-SP) A crescente automação no mundo
e) O gráfico indica uma expressiva melhora do trabalho tem contribuído para:
da situação social do Brasil para o sé- a) o aumento do número de funções pro-
culo seguinte e, consequentemente, a fissionais.
desatualização futura da canção
b) a diminuição do nível de escolaridade
exigido do trabalhador.
2. (PUCPR) Analisando o gráfico a seguir quan-
to à distribuição da população brasileira por c) o aumento das oportunidades de empre-
ocupação, é correto afirmar: go no setor industrial.
d) o favorecimento de trabalhadores me-
Percentual das Ocupações Informais e dos empregos
com Carteira assinada (em percentual) PNAD/IBGE. nos qualificados.
38,00 48,00
e) o desemprego estrutural.
46,15 36,17
45,95
36,00 45,15 35,57 46,00
45,35
4. (FALM) A economia informal tem aumenta-
Com Carteira
33,82 34,79
34,00 34,35 44,00
33,72 43,78 sobretudo no mercado de trabalho metro-
politano.
32,00 42,00
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
5. (Faculdade Trevisan) As últimas décadas do 100
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
Gabarito
Exercícios de aplicação Questões de
processos seletivos
1. A
1. D
2. Segundo as informações apresentadas no
gráfico e o processo de industrialização
do Brasil, pode-se dizer que houve uma 2. C
expressiva diminuição da PEA no setor pri-
mário que foi acompanhada pelo processo 3. E
de mecanização no campo. Esse, por sua
vez, se mostrou poupador de mão de obra, 4. D
contribuindo para o declínio da ocupação da
força de trabalho no setor primário e intensi-
5. B
ficando o êxodo rural. Como se pode ver, de
acordo com o gráfico, em 1940, quando o
Brasil ainda era um país rural, a PEA no setor 6. D
primário chegava a 70% e no ano de 2001
essa participação diminui para 20,6%.
3. C
4.
a) Desemprego estrutural, provocado pela
redução dos postos de trabalho e pela 85
diminuição da procura de força de tra-
balho pouco qualificada, que pode ser
substituída por robôs; substituição de
mão de obra por máquinas, equipamen-
tos e sistemas informatizados; insegu-
rança no emprego, doenças ocupacio-
nais e acidentes de trabalho;
b) Descumprimento das garantias trabalhis-
tas; quebra da manutenção do padrão sa-
larial; crescimento da informalidade.
5. B
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br
86
Este material é parte integrante do acervo do IESDE BRASIL S.A., mais informações www.iesde.com.br