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Modelo econômico brasileiro

Introdução •• construção de uma estrutura econômica


totalmente atrelada, e dependente dos
Na passagem do século XVII para o centros mundiais do capitalismo;
XVIII começa o ciclo do ouro. Os grandes •• permanência de classes dirigentes
interesses da Coroa voltam-se, mais do que locais em estreita aliança com grupos
nunca, para a colônia brasileira. A região econômicos, aliados da metrópole, que
das minas (onde hoje estão os estados de resistem às mudanças sociais, gerando
Minas Gerais, Goiás e Mato Grosso) é inten- uma elite pequena, de altíssima renda,
samente povoada, inclusive por habitantes em detrimento da maioria da população,
de São Paulo e de outras regiões. Para a com baixa renda e servindo como força
exploração das jazidas, é usada mão de de trabalho barata;
obra escrava do Nordeste. Criam-se novas
vilas: Sabará, Mariana, Vila Rica de Ouro •• controle total da economia pelos repre-
Preto, Caeté, São João del Rei, Arraial do sentantes da metrópole, enviando grande
Tejuco (atual Diamantina) e Cuiabá. O ciclo remessa de lucros à colônia.
do ouro alterna períodos de alta e baixa
produção, com maior estabilidade (em Abordagem teórica
volumes mais altos) entre 1735 e 1754,
quando a exportação média anual fica em
torno de 14 500kg. No final do século XVIII,
o volume enviado a Portugal é de cerca de Formação socioeco-
4 300kg por ano.
(PRADO JR, Caio. História Econômica do Brasil.)
nômica brasileira
73
O sentido marcante de nossa colonização
e de todo o continente americano, com exceção
apenas da América Anglo-Saxônica, foi o de servir
O centro e a periferia
para o enriquecimento das metrópoles (as nações
A industrialização foi um momento do de-
europeias). Nossa colonização foi pensada e proje-
senvolvimento do capitalismo que determinou
tada, para fornecer açúcar, tabaco e alguns outros
a formação, organização e o planejamento do
gêneros; mais tarde, ouro e diamantes; depois,
espaço geográfico moderno. Sendo assim,
algodão e, em seguida, café, para o comércio
podemos afirmar que foi a industrialização que
europeu.
determinou a formação, construção e ordenação
Isso ocasionou algumas marcas na economia
do espaço geográfico brasileiro, na medida que
e na sociedade brasileira, e, em alguns casos,
a atividade fabril baseada na relação de trabalho
essas marcas permanecem até hoje, tais como:
assalariada resultou no chamado capitalismo
•• utilização das melhores terras para produ- pleno ou industrial.
ção de produtos para a exportação e não
A industrialização no Brasil inicialmente
para produzir alimentos para a população;
ocorreu de forma indiscriminada e desordenada
•• povoamento efetivo na faixa litorânea no final do século passado, no período em que
para facilitar o escoamento da produção foi abolida a escravidão oficial no país (pois
para os portos; volta e meia aparecem notícias, nos principais

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meios de comunicação, denunciando casos de escravidão e cárcere privado, em plena sociedade
da aldeia global da internet), e ocorreu a expansão da relação assalariada. Logo em seguida ela
tomou outra forma, mais organizada e planejada.
Com a concentração industrial no Sudeste, particularmente em São Paulo, projetou-se uma
nova forma de organização do espaço. A partir do momento em que a indústria tornou-se o setor
mais importante da economia brasileira, o espaço geográfico brasileiro ficou cada vez mais inte-
grado, gerando uma maior dependência entre os vários pontos do território nacional.
Dessa maneira, a economia brasileira encontrava-se fragmentada regionalmente no início
do século XX, formando pequenos polos industriais porém, com o avanço da industrialização, foi
ocorrendo maior integração entre os vários polos, que começaram a se articular por meio da ex-
pansão das redes de transportes, inicialmente, as ferrovias e, nas últimas décadas, as rodovias.
Essas redes foram construídas com o objetivo de ligar e integrar essas diversas áreas do Brasil aos
dois principais municípios brasileiros, São Paulo e Rio de Janeiro. Passou, dessa forma, a haver
uma interdependência dos diversos polos produtores, nascendo assim, fruto do planejamento do
Estado em associação com a elite dirigente do Brasil, uma divisão territorial do trabalho, por meio
da qual a elite burguesa, concentrada entre o Rio de Janeiro e São Paulo, passou a fornecer bens
industrializados às demais áreas, das quais recebe matérias primas e produtos agrícolas.
Resumindo, o Sudeste passou a desempenhar o papel de centro do sistema industrial brasileiro
e as demais regiões, o papel de periferia da economia brasileira, por comparação com o sistema
capitalista mundial, centro e periferia. Atualmente, ocorre uma modificação desta tendência, uma
vez que novas áreas que até então não eram tradicionalmente industriais começam a atrair novas
indústrias, e alguns setores começam a se desconcentrar no espaço brasileiro. Este fato ocorre
principalmente em cidades localizadas nos estados da região Sul e em alguns locais das regiões
Centro-Oeste e Nordeste.

Distribuição de renda
74
A economia brasileira revela historicamente alguns períodos de intenso crescimento, como,
por exemplo, o período denominado de “milagre brasileiro” (1969-1973), em que os indicadores
de produção e consumo apresentaram uma evolução muito acentuada, embora socialmente ex-
cludente, para uma política econômica altamente recessiva.
Avalie a variação anual do Produto Interno Bruto (PIB) no Brasil no período de 1989-2002,
que revela o crescimento da economia, e também o do “PIB per capita” (antigamente chamado
“renda per capita”), que resulta da divisão do valor do PIB (em US$) pelo número de habitantes
da respectiva época.

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PIB per capita de 1994 a 2008 (US$ de 2008)

Disponível em: <http://muitopelocontrario.files.wordpress.com/2009/09/pib-per-capita-us41.png>.


8.500
8.310

7.990
8.000

7.650

7.500
7.310 7.440

7.020
6.940 6.950 6.930
7.000
6.820 6.840 7.000
6.780 6.760

6.590
6.500

6.000

5.500

5.000
Ano 1994 1995 1996 1997 1998 1999 2000 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008

PIB/per capita (US$) / Regressão linear de PIB/per capita (US$)

Os fatores determinantes do processo de concentração de renda no Brasil são históricos, mas


os sucessivos arrochos salariais, o enfraquecido poder reivindicatório das classes trabalhadoras
(acentuadamente nas ditaduras de 1937-1945 e 1964-1985), a farta disponibilidade de mão de
obra (em geral, de baixa qualificação) estão entre os principais fatores que contribuíram para esta
realidade.
IBGE.

10% mais ricos têm 50% 75


da renda

40% é classe média

50% mais pobres


têm 10% da renda

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estrangeiros. Esses capitais vieram na forma de
Brasil desenvolvido empréstimos e investimentos diretos no setor
produtivo.
economicamente, Devido aos acordos firmados, a nossa ba-

mas pobre socialmente lança comercial deveria ser favorável, gerando


divisas para honrar a dívida externa. Diminuir
as importações e aumentar as exportações
Depois da Segunda Guerra Mundial, além passaram a ser os fatores mais importantes da
de um crescimento sem precedentes na eco- nova política econômica que, primordialmente,
nomia capitalista mundial, ocorreu uma rápida canalizaram investimentos para este fim, mesmo
descentralização dos parques industriais, até que em detrimento de políticas sociais.
então praticamente exclusivos de países como Observe na tabela a seguir os valores em
Estados Unidos, Reino Unido, Alemanha, França percentagem dos juros da dívida externa do
e Japão. Já naquele momento histórico, existiam Brasil em relação às exportações entre 2001
muitos conglomerados transnacionais (antes de- e 2007.
nominados “multinacionais”) com sede nesses
Juros da Dívida Externa como proporção das

Banco Central.
países. A partir de então se iniciou um processo Exportações (%)
de abertura de filiais em países capitalistas pe-
28,3
riféricos ou subdesenvolvidos. Essa expansão
23,6
ocorreu principalmente em busca de mão de
19,4
obra mais barata e menos sindicalizada e de
novos mercados consumidores. 14,8
12,2
Um seleto grupo de países, como o Brasil, a 10,8
Argentina, o México etc., passou a receber inves-
timentos diretos destes grupos industriais em 9,5

troca de uma série de vantagens ao capital es-


trangeiro, entre as quais: baixo custo da mão de
76 obra, mercado consumidor interno em expansão;
facilidades para a remessa de lucros e ausência
de legislação de proteção ao ambiente.
Passamos a receber, desde então, a cono- 2001 2002 2003 2004 2005 2006 2007

tação de “país subdesenvolvido industrializado”,


pois as transformações que promoveram a
saída de nossa economia do plano agroexpor-
tador para o plano industrial e de exportação
População
de produtos manufaturados não eliminaram
as duas características básicas e inerentes a
economicamente ativa
qualquer país subdesenvolvido: dependência
Como já sabemos, a População Economi-
econômica do exterior e desigualdades sociais
camente Ativa (PEA) está integrada aos vários
acentuadas.
setores das atividades econômicas modernas.
A população ativa distribui-se em três seto-
Dívida externa res, chamados atividades econômicas:
Primário: refere-se a todos os trabalhos
A partir da década de 1970, o Brasil inter- relacionados à produção obtida da exploração
nacionalizou a sua economia, através de capitais

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direta dos recursos naturais (agricultura, pecu- repetiu a trajetória dos países desenvolvidos.
ária ou extrativismo); O setor secundário nunca chegou a absorver a
Secundário: todas as pessoas que tra- maior parte dessa população vinda do campo,
balham em atividades industriais, ou seja, de como aconteceu na maioria dos países da Eu-
transformação da matéria-prima; ropa Ocidental, no Japão e nos Estados Unidos.
O que aconteceu foi um intenso crescimento
Terciário: todas as pessoas que trabalham
do comércio e serviços, que ficou conhecido
ou prestam serviços (no comércio, em bancos,
como hipertrofia (crescimento muito rápido e
telecomunicações, transporte coletivos – ônibus,
excessivo) ou inchaço do setor terciário, além
barcos, trens, aviões etc., no serviço público em
é claro, dos problemas urbanos modernos, tais
geral, na educação, no serviço médico-hospita-
como: os mais variados tipos de violência, fa-
lar, vendedor ambulante (em certos lugares do
velas, analfabetismo, carência alimentar (fome),
Brasil, camelô ou marreteiro), serviços de lazer –
carência médica (aumento gradativo das taxas
bares, clubes, profissionais autônomos etc.).
de mortalidade) etc.
Destaca-se que nos países em desenvolvi-
Além disso, com a política de estabilização
mento, como o Brasil, o grande surto de aumento
econômica, foi no setor de serviços que ocor-
da população residente nas cidades não foi
reram as maiores altas de preços depois do
acompanhado do processo de industrialização,
Plano Real, cresceu 5,7%, em 1995, e 13,8% ,
ocorrendo, dessa maneira, um desequilíbrio,
em 1996. O setor terciário é o mais dinâmico
gerando uma massa de desempregados, ou
da economia na atualidade e vem absorvendo
de subempregados, nas cidades. Dessa forma
parcialmente o contingente de mão de obra
as pessoas, acabam dedicando-se a trabalhos
dispensado pela indústria e vindas das áreas
ligados ao setor informal, ou seja, sem carteira
rurais. Esse predomínio é observado em todas
assinada e, muitas vezes, com baixíssima remu-
as economias capitalistas modernas. Em paí-
neração. É o caso dos vendedores ambulantes,
ses desenvolvidos, como os Estados Unidos,
marreteiros, camelôs, vendedores de chocolate,
o setor de serviços responde por cerca de 70%
laranja, flores, cigarros, ou miudezas nos cruza-
dos empregos da população economicamente
mentos das cidades, em praças, ou de porta em
porta, os guardadores de carros, entre outros.
ativa. É fácil entender esse fenômeno. Conforme 77
as pessoas vão enriquecendo, o perfil de suas
Esse grupo de trabalhadores, chamados de
necessidades muda. Os bens materiais mais
subempregados (por não terem direitos traba-
comuns já estão garantidos e há maior procu-
lhistas, uma vez que eles não têm registro em
ra por satisfação das necessidades de lazer,
carteira de trabalho), são discriminados, muitas
cultura, informação etc. Por outro lado, como a
vezes confundidos com marginais ou bandidos.
indústria e a agricultura são altamente produti-
É preciso lembrar que, nos chamados países
vas, não ocupam muita mão de obra e os seus
periféricos, o setor terciário, mesmo quando
produtos ficam mais baratos. Além disso, é no
atinge níveis percentuais equivalentes ao mundo
setor de serviços que estão ocorrendo as prin-
desenvolvido, na realidade, é qualitativamente
cipais inovações, como criações de produtos de
diferente. Nos países mais pobres a massa de
telecomunicação e voltados ao entretenimento.
empregados no setor terciário é constituída, em
No Brasil, os segmentos mais promissores são
grande parte, de subempregados, e nos países
o turismo, as telecomunicações e os serviços
mais ricos são empregados em atividades de
ligados à infraestrutura.
alta tecnologia, lazer, pesquisa etc.
O Brasil, embora tenha se modernizado
com a industrialização tardia e dependente, não

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Tabela 1 – Distribuição da população economicamente ativa (PEA) em países selecionados
– 2004
PEA total Agropecuária Indústria Serviços
País
(em milhões de pessoas) (%) (%) (%)
Reino Unido 29,8 1-2* 11-36* 88-62*
Estados Unidos 147,0 1-3* 12-32* 87-65*
Alemanha 40,5 2-3* 18-44* 80-52*
Japão 68,0 5-5 21-37 74-58
Sudão 13,0 80 7 13
Brasil 82,3 16-24* 10-27* 74-49*
China 773,0 49 22 29
Índia 473,0 60 17 13
Filipinas 36,0 45 18 37
Irã** 23,0 30 25 45
(IMAGES économiques du monde 2006. Paris: Armand Colin, 2005.)

* mulheres - homens
** No Irã, as mulheres raramente podem trabalhar.

Para saber mais


O lugar no espaço

Com o papel que a informação e a comunicação alcançaram em todos os aspectos da vida


social, o cotidiano de todas as pessoas assim se enriquece de novas dimensões. Entre estas,
78 ganha relevo a sua dimensão espacial, ao mesmo tempo em que esse cotidiano enriquecido se
impõe como uma espécie de quinta dimensão do espaço banal, o espaço dos geógrafos.
Através do entendimento desse conteúdo geográfico do cotidiano, poderemos, talvez,
contribuir para o necessário entendimento dessa relação entre espaço e movimentos sociais,
enxergando na materialidade esse componente imprescindível do espaço geográfico que é, ao
mesmo tempo, uma condição para a ação; uma estrutura de controle; um limite à ação; um
convite à ação. Nada fazemos hoje que não seja a partir dos objetos que nos cercam.
O espaço inclui, pois, essa “conexão materialística de um homem com o outro” de que
falam Marx e Engels na Ideologia Alemã (1947, p. 18-19), conexão que “está sempre tomando
novas formas”. A forma atual, conforme já vimos, supõe informação para o seu uso e ela própria
constitui informação, graças à intencionalidade de sua produção. Como hoje nada fazemos sem
esses objetos que nos cercam, tudo o que fazemos produz informação.
A localidade se opõe à globalidade, mas também se confunde com ela. O Mundo, todavia, é
nosso estranho. Entretanto se, pela sua essência, ele pode esconder-se, não pode fazê-lo pela
sua existência, que se dá nos lugares. No lugar, nosso Próximo, se superpõem, dialeticamente,
o eixo das sucessões, que transmite os tempos externos das escalas superiores e o eixo dos
tempos internos, que é o eixo das coexistências, onde tudo se funde, enlaçando, definitivamente,
as noções e as realidades de espaço e de tempo.

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No lugar – um cotidiano compartido entre as mais diversas pessoas, firmas e instituições –
cooperação e conflito são a base da vida em comum. Porque cada qual exerce uma ação própria,
a vida social se individualiza; e porque a contiguidade é criadora de comunhão, a política se
territorializa, com o confronto entre organização e espontaneidade. O lugar é o quadro de uma
referência pragmática ao mundo, do qual lhe vêm solicitações e ordens precisas de ações condi-
cionadas, mas é também o teatro insubstituível das paixões humanas, responsáveis, através da
ação comunicativa, pelas mais diversas manifestações da espontaneidade e da criatividade.
(SANTOS, Milton. A Natureza no Espaço. São Paulo: Hucitec, 1996. Adaptado.)

Exercícios resolvidos
1. Podemos afirmar que a economia de mercado, a partir do século XV, funcionou como uma
grande bomba de sucção das riquezas das colônias? Justifique sua resposta.

`` Solução:
Sim, como o sistema colonial estabeleceu relações de dominação política e exploração econômica ao
“Novo Mundo”, as riquezas das colônias foram “sugadas” para as metrópoles.

2. (UFF) Existe no Brasil, próximo ao Trópico de Capricórnio, uma espécie de “trópico da exclusão
social”, a partir do qual podemos distinguir claramente as regiões que concentram e abrigam os
municípios com maior problema de exclusão social, ou seja, onde a “selva” da exclusão mostra-se
intensa e generalizada. Atualmente, existem 2 290 municípios com Índice de Exclusão Social na
faixa de 0,0 a 0,4; portanto, em situação de maior exclusão.

79
0 640 1.280
Km
Escala gráfica
Projeção Policônica

Manchas extremas da exclusão social


IESDE Brasil S.A.

0,0 a 0,4
Limite estadual
*Somente municípios com menores índices

A partir da análise do mapa e do texto:


a) identifique as macrorregiões que concentram municípios com maior exclusão social.

`` Solução:
As macrorregiões com exclusão social intensa e generalizada são: Norte e Nordeste.
b) apresente dois fatores que expliquem essa precária situação social.

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`` Solução:
A situação social de vulnerabilidade pode ser expressa por aspectos como: analfabetismo crônico ainda
em alto valor percentual, incluindo o funcional, com difícil acesso à educação, com baixo nível de forma-
ção e capacitação; insegurança alimentar indo desde fome até subnutrição; difícil acesso ao mercado de
trabalho, em relação direta ao baixo nível educacional; economia formal pouco estruturada ou vivendo
de atividades de baixa remuneração; ambiente educacional e institucional favorável ao desemprego,
subemprego e informalidade; desigualdade de acesso à renda; estrutura de produção agrícola arcaica
com latifúndios de baixa produtividade e difícil acesso à terra e moradia; exclusão digital, por falta de
equipamentos e investimento; difícil acesso aos instrumentos de cidadania, como atestados, certidões,
títulos; limitado de acesso a serviços de saúde, tratamento dentário, medicina diagnóstica.

Exercícios de aplicação
1. (PUC-RJ) O Índice de Exclusão Social, criado em 2002, sintetiza a situação de cada município
brasileiro no que se refere à renda familiar, taxa de emprego, desigualdade de renda, taxa de
alfabetização e de escolarização, porcentagem de jovens e ao número de homicídios. Entre
as regiões brasileiras, foi identificada uma grande desigualdade: o Norte e o Nordeste são
caracterizados como “selvas de exclusão”, enquanto o Centro-Sul abriga os “acampamentos
de inclusão” e “novas formas de exclusão social”.

Essas novas formas de exclusão encontradas no Centro-Sul, típicas das grandes cidades, podem
ser identificadas, principalmente, por:
a) inserção precária no mercado de trabalho, violência urbana, segregação socioespacial.
b) baixos níveis de renda, precária escolarização e elevadas taxas de migração campo-cidade.
c) reduzidos graus de consumo, limitada oferta de bens culturais e desestruturação do emprego
formal.
d) elevação das taxas de mortalidade, evasão de pessoal qualificado e redução da desigualdade.
80
e) ingresso da mulher no mercado de trabalho, redução da renda da classe média, segregação
racial.

2. (UFRN) No Brasil, a dinâmica e a distribuição da população economicamente ativa (PEA), por


setores de atividades econômicas, apresentou alterações no período de 1940 a 2001.

Observe o gráfico a seguir.


Brasil: Distribuição da população economicamente
ativa por setores de produção (em %) - 1940 a 2001
80,0
70,2
70,0
60,7
60,0 54,0 54,4 56,5
Setor Terciário
50,0 44,3 45,0

40,0
33,8 30,0
38,0
30,0 26,2
22,8 22,9 Setor Secundário
19,8
20,0
13,1 12,7 25,0 22,8 20,6 Setor Primário
17,8
10,0 10,0
0,0
1940 1950 1960 1970 1980 1990 2001

Tomando como referência as informações apresentadas no gráfico e o processo de industria-


lização do Brasil, explique a dinâmica da população economicamente ativa do setor primário
no período focalizado.
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3. (UEG)

Após a onda milenária da era rural, após a onda bem mais breve do maquinismo industrial,
mil novos sintomas anunciam o advento de uma terceira onda, de uma era pós-industrial capaz
de exaltar a dimensão criativa das atividades humanas, privilegiando mais a cultura do que a
estrutura. [...] A informação e o conhecimento oferecem muito mais oportunidade a quem os
detém.
(TOFFLER, Alvin. A terceira onda. In: OLIVEIRA, Pérsio Santos de. Introdução à Sociologia. 24. ed. São Paulo: Ática, 2002. p. 105.
Adaptado.)

A análise do texto permite inferir a seguinte ideia:


a) na última década, a redução do analfabetismo e o crescimento médio da escolaridade no
Brasil foram fatores determinantes para a redução do desemprego estrutural.
b) o desenvolvimento de novas tecnologias, aliado ao conhecimento e à informação, ampliou
as condições de emprego, sobretudo nos países do Sul, onde atuam as empresas trans-
nacionais.
c) por força das inovações tecnológicas, da crescente concorrência e de novos métodos de
produção, o mercado de trabalho tornou-se mais exigente, reduzindo assim as condições
de empregabilidade.
d) nos países subdesenvolvidos marcados por uma economia agroexportadora, o desempre-
go estrutural vem superando o desemprego conjuntural, uma vez que a tecnologia absorve
a mão de obra excedente.

4. (UFBA - adap.)

ESSA LINGUAGEM JÁ

FICOU OBSOLETA! EU
81
DEVIA TER

VINDO DE

TÁXI!
IESDE Brasil S.A.

O processo [...] de industrialização impulsionado [nas últimas décadas] não foi capaz de criar
empregos suficientes para absorver a população economicamente ativa (PEA) [...] que passou
a viver nas cidades. Na realidade, a automação do processo produtivo industrial em andamento
nas últimas décadas, com a introdução de robôs, máquinas digitais e informatizadas e técnicas
toyotistas de produção, tem desencadeado a dispensa de um grande contingente de operários
[...].
(BOLIGIAN; ALVES, 2004, p. 409.)

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Com base na ilustração, no texto e nos co-
nhecimentos sobre o momento atual no contexto Questões de
da sociedade contemporânea, em particular, no processos seletivos
relacionamento do homem com a máquina.
a) cite uma consequência da atual auto- 1. (ESPM) A canção e o gráfico retratam a de-
mação tecnológica no plano da oferta sigualdade brasileira.
de trabalho no Brasil.
90
b) indique uma mudança nas relações de
80 75,4
trabalho resultante da Revolução Tecno- 70
68,7 73,4
62,9 67,0
lógica. 60
50

40
5. (UFOP) Analise o seguinte gráfico. 30

20
Brasil: Participação feminina e masculina na População
IBGE.
10
Economicamente Ativa - 1940-2001
0

100 fins de século XVIII fins de século XIX fins de século XX


90 85,5
81,0 82,0 Rio de Janeiro
80 79,0
73,0 Salvador
64,5
70 59,6 São Paulo
58,2
60
Homens Brasil
50
40,4 41,8
40 35,5
Mulheres
30
21,0
27,0 Nos Barracos da Cidade
19,0 18,0
20 14,5
10 Gilberto Gil
0
1940 1950 1960 1970 1980 1990 1995 2001

Os lucros são muito grandes,


Com base nos dados contidos no gráfico, Mas ninguém quer abrir mão
assinale a alternativa correta sobre as ca-
racterísticas do trabalho no Brasil. Mesmo uma pequena parte
82 a) Nos últimos 50 anos, ocorreram um au- Já seria solução mas a usura dessa
mento nos percentuais de participação [gente
masculina nas atividades produtivas e Já virou um aleijão
uma diminuição da participação feminina. Ôôôô gente estúpida,
b) Os dados indicam que a participação de Ôôôô gente hipócrita
homens no mercado de trabalho vem di-
minuindo, porém ainda é superior à par-
A alternativa que melhor expressa essa
ticipação feminina.
realidade, é:
c) Os indicadores demonstram que as mu- a) Os dados e a canção denunciam o Bra-
lheres passaram a desenvolver ativida- sil contemporâneo como a pior distribui-
des produtivas somente a partir da dé- ção de renda do globo, daí à referência
cada de 1940. à estupidez das pessoas.
d) Um fator determinante do crescimento b) A concentração de renda no Brasil apre-
da participação da mulher no mercado sentou uma acentuada queda no final
de trabalho tem sido a diminuição da do século XX.
oferta de mão de obra masculina.
c) Salvador é a única metrópole que não
apresentou aumento da concentração
de renda, portanto, uma exceção no
“aleijão” citado na canção.

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d) A “usura” e a péssima distribuição de capitalista, o que significa também a di-
renda brasileira são uma herança colo- minuição da produção.
nial e pouco se alterou ao longo da his-
tória brasileira. 3. (USF-SP) A crescente automação no mundo
e) O gráfico indica uma expressiva melhora do trabalho tem contribuído para:
da situação social do Brasil para o sé- a) o aumento do número de funções pro-
culo seguinte e, consequentemente, a fissionais.
desatualização futura da canção
b) a diminuição do nível de escolaridade
exigido do trabalhador.
2. (PUCPR) Analisando o gráfico a seguir quan-
to à distribuição da população brasileira por c) o aumento das oportunidades de empre-
ocupação, é correto afirmar: go no setor industrial.
d) o favorecimento de trabalhadores me-
Percentual das Ocupações Informais e dos empregos
com Carteira assinada (em percentual) PNAD/IBGE. nos qualificados.
38,00 48,00
e) o desemprego estrutural.
46,15 36,17
45,95
36,00 45,15 35,57 46,00
45,35
4. (FALM) A economia informal tem aumenta-
Com Carteira

44,50 do consideravelmente na última década,


Informal

33,82 34,79
34,00 34,35 44,00
33,72 43,78 sobretudo no mercado de trabalho metro-
politano.
32,00 42,00

Assinale a alternativa que não caracteriza


30,00 40,00
2001 2002 2003 2004 2005 2006 esse tipo de economia.
CC a) Compõe-se de um conjunto heterogêneo
Informal de atividades que vão desde microem-
a) Os dados permitem dizer que diminuiu presas até empregados temporários,
gradativamente o percentual de trabalha- ambulantes e subempregados em ge-
dores que contribuem para a previdência. ral. 83
b) Em consequência da composição da b) Está ligada à economia formal na me-
ocupação, observa-se que o grau de in- dida em que lhes fornece mercadorias
formalidade caiu, dando continuidade, e ou serviços e também comercializa seus
até aprofundando, a tendência esboça- produtos.
da em todos os anos anteriores. c) Constitui-se num conjunto de atividades
c) O gráfico mostra dados bastante posi- que busca escapar da cobrança de tri-
tivos no que tange ao mercado de tra- butos e das regulamentações legais do
balho. Há um crescimento expressivo Estado.
da geração de novas ocupações desde d) É constituída por todas as atividades or-
2004 e grande parte delas formais. ganizadas de modo não capitalista, ou
d) A informalidade é medida pelo trabalho seja, baseada na apropriação coletiva
assalariado sem carteira e o trabalho dos espaços de circulação nas cidades.
por conta própria, embora não sofram e) Pode contar com a força de trabalho de
influência da pressão competitiva que a familiares assim como de alguns traba-
abertura da economia causa no setor. lhadores contratados, muitas vezes re-
e) O setor informal é uma ação complemen- pelidos do mercado formal.
tar das políticas de assistência ou uma
estratégia de organização da produção

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5. (Faculdade Trevisan) As últimas décadas do 100

século XX assistiram a uma revolução nos

Porcentagem Acumulada da Renda


sistemas de produção e de trabalho. 80

As opções abaixo apresentam algumas


60
das consequências dessas mudanças, à
exceção:
40
a) da substituição do trabalho humano por
robôs flexíveis e programados.
20
b) da substituição, na ocupação da mão
de obra, do setor de serviços pelo setor
industrial. 0 20 40 60 80 100

Porcentagem Acumulada da População


c) do comando de sistemas de produção
por computadores e programas sofisti- a) 20%.
cados.
b) 40%.
d) da produção altamente concentrada
c) 50%.
combinada com uma flexível integração
de empresas subcontratadas. d) 60%.
e) do redimensionamento da escala de e) 80%.
produção em função de megamercados
ou mercados mundiais.

6. (ENADE) Apesar do progresso verificado nos


últimos anos, o Brasil continua sendo um
país em que há uma grande desigualdade
de renda entre os cidadãos. Uma forma de
se constatar este fato é por meio da Curva
84 de Lorenz, que fornece, para cada valor de x
entre 0 e 100, o percentual da renda total do
país auferido pelos x% de brasileiros de me-
nor renda. Por exemplo, na Curva de Lorenz
para 2004, apresentada ao lado, constata-se
que a renda total dos 60% de menor renda
representou apenas 20% da renda total.

De acordo com o mesmo gráfico, o per-


centual da renda total correspondente aos
20% de maior renda foi, aproximadamente,
igual a:

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Gabarito
Exercícios de aplicação Questões de
processos seletivos
1. A

1. D
2. Segundo as informações apresentadas no
gráfico e o processo de industrialização
do Brasil, pode-se dizer que houve uma 2. C
expressiva diminuição da PEA no setor pri-
mário que foi acompanhada pelo processo 3. E
de mecanização no campo. Esse, por sua
vez, se mostrou poupador de mão de obra, 4. D
contribuindo para o declínio da ocupação da
força de trabalho no setor primário e intensi-
5. B
ficando o êxodo rural. Como se pode ver, de
acordo com o gráfico, em 1940, quando o
Brasil ainda era um país rural, a PEA no setor 6. D
primário chegava a 70% e no ano de 2001
essa participação diminui para 20,6%.

3. C

4.
a) Desemprego estrutural, provocado pela
redução dos postos de trabalho e pela 85
diminuição da procura de força de tra-
balho pouco qualificada, que pode ser
substituída por robôs; substituição de
mão de obra por máquinas, equipamen-
tos e sistemas informatizados; insegu-
rança no emprego, doenças ocupacio-
nais e acidentes de trabalho;
b) Descumprimento das garantias trabalhis-
tas; quebra da manutenção do padrão sa-
larial; crescimento da informalidade.

5. B

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86

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