Você está na página 1de 56

República da Guiné - Bissau

Ministério da Educação Nacional


Faculdade de Direito de Bissau

Regente: Me. Numna Medina


Assessor: Dra. Melisiana Rodrigues Diassó

1
Sumário
1- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO CIVIL...........................................................................3
FIM DO PROCESSO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL........................................3
Interpretação e INTEGRAÇÃO DA LEI PROCESSUAL CIVIL................................................................5
APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO..............................................................................5
PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL.........................................................6
CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES............................................................................................................ 7
PROCEDIMENTO CAUTELAR - MEDIDAS CAUTELARES.....................................................................9
CARACTERÍSTICAS..................................................................................................................... 10
PROCEDIMENTOS CAUTELARES COMUNS................................................................................. 10
RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL - PEDIDO................................................................................... 10
FORMAS ANÓMALAS DO PEDIDO E MODIFICAÇÃO DO PEDIDO...................................................12
COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS COMO UM PRESSUPOSTO PROCESSUAL.....................................14
COMPETÊNCIA INTERNACIONAL............................................................................................... 14
COMPETÊNCIA INTERNA........................................................................................................... 17
PATROCÍNIO JUDICIÁRIO............................................................................................................... 19
LEGITIMIDADE PROCESSUAL..................................................................................................... 20
INSTÂNCIA.................................................................................................................................... 22
VICISSITUDES DA INSTÂNCIA......................................................................................................... 24
RECUSA DA PETIÇÃO INICIAL PELA SECRETARIA........................................................................27
AS FORMALIDADES LIMINARES..................................................................................................... 27
CITAÇÃO....................................................................................................................................... 28
Contestação, generalidade – Modalidades da defesa do réu sem ser via contestação;.................29
CONTESTAÇÃO.............................................................................................................................. 31
IMPUGNAÇÃO.............................................................................................................................. 31
REVELIA, o que é?......................................................................................................................... 35
EFEITO COMINATÓRIO PLENO E O EFEITO COMINATÓRIO SEMIPLENO.....................................37
FASE DA CONDENSAÇÃO:.............................................................................................................. 39
QUESTIONÁRIO & ESPECIFICAÇÃO................................................................................................ 42
FASE INSTRUTÓRIA....................................................................................................................... 44

2
Aula do dia 15.10.2019

Primeiro teste dia 12.02.2019


Segundo teste dia 13.05.2019

Obs: Ler sempre o código de processo civil

Aula do dia 21.10.2019


Sumário:

1- EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO PROCESSO CIVIL

Noção do Direito processual civil - pode definir o direito processual civil como o ramo de direito
objetivo, ou conjunto de normas jurídicas, que regulam o processo civil.

O direito processual civil é das disciplinas mais recentes


O direito processual é um ramo de direito público não privado como o nome sugere.
As primeiras teorias do direito processual civil é um fruto da revolução francesa.
Antes não havia respeito pelas regras processuais tal como hoje.
O direito processual civil não podia-se desenvolver quando o rei considerava-se Estado, mas também
não podia-se desenvolver nas situações em que o poder encontrava-se disperso, caso do feudalismo
que também é incompatível concordo desenvolvimento do direito processual civil.
O direito processual pode existir apenas onde haja liberdades e direitos consagrados.
O direito processual civil ajuda a consagração dos direitos.
Muito mais importante do que ter direito é poder reevendicá-lo.
Todos os princípios do direito processual civil advêm doutros princípios como por exemplo a
declaração universal dos direitos humanos.

O direito processual é todo ele imposto pelas regras.


A forma como as regras vão relacionar-se com os sujeitos é na base de imposição.

Aula do dia 23.10.2019


Sumário: CONTINUAÇÃO,

FIM DO PROCESSO E CARACTERÍSTICAS DO DIREITO PROCESSUAL


CIVIL.

Conjunto de normas que regulam o processo.

Fim
- Tutela de direitos (tutela de direitos objetivos ou tutela de direitos subjetivos)
Tutela do direito objetivo: Só existe porque a norma substantiva foi violada...

3
Afirmar e provar o que se afirma. (Faz parte de toda a estrutura do direito processual civil).
Não é rigoroso ou absoluto dizer que o direito processual civil visa apenas a tutela dos direitos
subjetivos. Portanto pode-se concluir que no fundo é uma tutela mista.

Justa composição de litígio?? Castro Mendes


Características do direito processual civil
- Tem que ver com o ramo do direito
Se é do direito civil ou do direito público
Ver se existe uma autoridade na norma ou não?

Ou ver se existe um pacto ou igualmente entre os intervenientes.

Norma injuntiva e norma imperativa?

Injunção Tem a ver com o afastamento ou não da regra.

Aula do dia 28.10.2019


Sumário - CONTINUAÇÃO: CARACTERÍSTICAS,

FONTES DE DIREITO PROCESSUAL CIVIL.

O facto de ser adjetivo necessariamente o torna instrumental ou subsidiário (porque dá-nos um


suporte).
Prescrição é o inverso de usucapião.
É um ramo de direito adjetivo e instrumental.
Art 476 CPC
Regra adjetiva garante a execução dos direitos ou dá caminhos para podermos reevendicar esses
direitos.
A regra substantiva consagra os direitos confere obrigações.

Autonomia - tem regulação própria e existência de conjunto de princípios próprios.

Porque as suas normas são diferentes das normas substantivas.


Subsidiário:

Obs: Não existe tutela jurisdicional se nao houver um direito material.

Fontes do Processo

- Lei processual civil (código processual civil, lei orgânica dos tribunais);

4
Primeira fase: As primeiras regras do processo constavam das ordenações; Lei das reformas
judiciárias; (fase liberal)

Segunda fase: entrada em vigor do código de processo civil de 1876

Críticas ao código processual civil de 1876 PT


- em termos da marcha processual tinha que se seguir até a última fase mesmo que o juíz tivesse todos
os elementos para decidir por exemplo na segunda fase.
- Prevalência do escrito em detrimento da oral;
- excessiva formalidade;
Terceira fase: entrada em vigor do novo código de 1939 (atualmente em vigor)...mas que sofreu uma
profunda revisão.

Obs: Os atos devem ser tendes a justa composição do litígio.


Processo: conjunto dos atos tendentes a justa composição do litígio.

Litis constestatio??

Interpretação e INTEGRAÇÃO DA LEI PROCESSUAL CIVIL

Aplica-se o disposto no artigo 9º e 10 CC devido a característica de Instrumentalidade do processo


civil.

Princípios de interpretação e integração de lacunas no processo civil:


- a economia processual; (os atos têm que ser úteis e céleres)
- princípio da tutela mais adequada e completa do direito substantivo. (A decisão judicial tem que ser
útil).

A aplicação da lei processual no tempo respeita o disposto no artigo 12 CC


Sobretudo no que for admitido ao abrigo da lei antiga.

APLICAÇÃO DA LEI PROCESSUAL NO ESPAÇO


A regra geral é o artigo 13 CC
Normalmente uma lei aplica-se dentro de um determinado ordenamento jurídico (território nacional) o
processo civil não foge a regra.

Numa relação jurídica plurilocalizada


Ainda que se trate duma relação jurídica plurilocalizada segue o processo a tramitação da lei do lugar
onde decorre a ação.

Situações jurídicas plurilocalizadas: são situacoes que tocam com vários ordenamentos jurídicos.
5
Aula do dia 30.10.2019

PRINCÍPIOS FUNDAMENTAIS DO DIREITO PROCESSUAL CIVIL

PRINCÍPIO DISPOSITIVO - é o princípio segundo o qual o processo depende da vontade das partes,
são as partes é que determinam se o processo arranca ou não. Portanto só nessas condições tribunal o
pode aceitar. Cfr artigo 3º CPC. 661 CPC o princípio dispositivo acompanha todo o processo.
O princípio dispositivo não obedece a tramitação do processo.
Este princípio é uma compreensão pós revolução francesa porque visa a matéria que é tratada no
tribunal e não o caminho para tratar essa matéria.
Obs: não há processo sem a entrega da petição inicial.

PRINCÍPIO INQUISITÓRIO - a liberdade das pessoas era extremamente reduzida, permitia a


autoridade ou o juíz dar um impulso ao processo mesmo que as partes não o queiram.

Aula do dia 04.11.2019


PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO - cfr 678 CPC

As partes devem conhecer de igual modo tudo o que acontece no processo.


O contraditório já era defendido desde a Grécia antiga, porque ao longo da história as pessoas já
tinham a consciência de que a melhor forma de garantir a igualdade entre as partes é permitir-lhes
pronunciarem.

É uma consagração oitocentista pós revolução francesa mas não nasceu aí.
Mas antes disso já havia o princípio do contraditório.

Aula do dia 05.11.2019

PRINCÍPIO DA LEGALIDADE
Este princípio em termos processuais desdobra-se em:
- princípio da legalidade das formas processuais: não há forma processual a não ser a que consta da
lei.

Princípio da legalidade

- princípio da legalidade do conteúdo da decisão:

Exceções ao princípio da legalidade:


* Transação da decisão: acordo entre os advogados...decidindo qual a situação do caso.
* juízo de Equidade: critério de decisão a um caso concreto. Neste o juiz obedece mais a sua
consciência.

6
Cfr. 653 ss CPC. Estrutura da sentença

Que relação pode fazer entre o princípio da legalidade e o da independência dos juízes?

Aula do dia 06.11.2019


PRINCÍPIO DA TUTELA PROVISÓRIA DE APARÊNCIA
PRINCÍPIO DE ECONOMIA PROCESSUAL
Tutela de aparência é uma figura que no direito civil não é muito estudada.
Princípio da boa-fé (boa fé objetiva) é o sustento da tutela de aparência.
Por isso foi uma preocupação do Professor Menezes Cordeiro na sua obra.
A tutela da aparência no fundo é tutelar a dúvida.

Princípio da economia processual


Temos que aproveitar o processo e esgotar tudo...

Aula do dia 11.11.2019


TUTELA JURISDICIONAL
É aquela forma perfeita das pessoas fazerem valer os seus direitos violados através das ações que
podem ser: declarativas, executórias ou cautelares.

*Da cognoscibilidade das patologias do sistema volitivo e de

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES


- Quanto ao fim: estão classificadas em ação declarativa e ação executiva. Artigo 4º CPC.

Acao declarativa:
Ações executivas são aquelas em que o autor requer as providências adequadas à reparação efetiva do
direito violado. Acontecem quando não há o cumprimento voluntário.
O principal título executivo é a sentença declarativa de direito mas não é o único.

Processo executivo: Quando o tribunal vai compelir a alguém uma determinada conduta do tinha sido
condenado.

Aula do dia 12.11.2019


CLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO DECLARATIVA
- ação de simples apreciação
- ação de condenação
- ação de constituição

Obs: o nosso processo civil é demasiado garantístico.

Ação de simples apreciação: Quando pedimos ao tribunal que confirme a existência de um direito ou

7
que negue a existência de um direito. Mas esse objeto em apreciação tem de ter a relevância jurídica.
Portanto isso implica que a ação de simples apreciação pode ser positiva ou negativa. Artigo 4º/2/a)
CPC.

Exemplo de ação de simples apreciação negativa artigo 1800 CC.


Inversão de ónus de prova é a principal característica de ação de simples apreciação negativa.
Inversão de ónus de prova quer dizer que Quem normalmente prova não vai ser ele nestas
circunstâncias a ter que provar. Por exemplo artigo 799 CC.

É muito difícil dar exemplo de uma ação de simples apreciação positiva.


Mas um Exemplo consensual que se dá é declaração de nulidade, apesar do efeito ser negativo.
Ónus de prova: A pessoa só vai obter algo provando que de facto lhe pertence.

Ação de condenação: Correspondem às ações de cumprimento, onde vai se exigir ao réu que assuma
uma determinada conduta, restituindo a posse, ou entregando a coisa alheia ou pagando uma
determinada quantia em dinheiro. (Portanto presta-se um facto, a prestação de facto é mais falível-
conduta humana ou uma coisa).
No fundo, a ação de condenação é Quando se pede ao tribunal que obrigue ao terceiro a adopção de
uma determinada conduta.
Cfr artigo 4/2/b

Ação de constituição: é definida pelo artigo 4º, n.º 2, alínea c), e tem a finalidade de autorizar uma
mudança na ordem jurídica existente. O exemplo deste tipo de acção é acção de divórcio, de
investigação de paternidade para CASTRO MENDES, ao passo que para PALMA CARLOS, seria
uma acção de simples apreciação. Já uma acção de anulação e a de declaração de nulidade é uma
acção de simples apreciação.

*Pergunta-se se o divórcio é uma ação constitutiva ou uma ação de simples apreciação.


Para Castro Mendes é uma ação de simples apreciação.

Litigância de má fé (artigo 465 ss CPC): Quando alguém atua não respeitando as regras de boa fé no
processo e só pretende paralisar o processo com recursos, reclamações etc...

Aula do dia 13.11.2019


CONTINUAÇÃO, INTRODUÇÃO A SUBCLASSIFICAÇÃO DA AÇÃO EXECUTIVA E A
CLASSIFICAÇÃO DO PROCESSO QUANTO A FORMA.

OS TÍTULOS EXECUTIVOS
Artigo 33 do acto uniforme relativo a organização dos processos simplificados página 709
Entende-se que esse artigo revogou o artigo 45 do CPC.

Segundo o referido artigo 33, Constituem títulos executivos:


nº1- as decisões judiciais;
nº2- atos e decisoes judiciais estrangeiras...
8
nº3 -
nº4 - os atos notariais revestidos de força executiva.

Este artigo fala dos títulos executivos sobre atos de comércio.

As regras que definem o título executivo são as regras do comércio.

Aula do dia 18.11.2019

CLASSIFICAÇÃO DAS AÇÕES QUANTO A FORMA - FORMA COMUM R FORMA


ESPECIAL

Cfr. Artigo 460 CPC

O processo comum é o processo ordinário


A regra especial tem que trazer um regime e especial.
Prazo do processo sumaríssimo é de oito dias.
No processo sumário o prazo é de 10 dias
No processo ordinário o prazo é 20 dias.

O objetivo de processos especiais?

MARCHA DE PROCESSO
Petição
Contestação resposta das alegações do reu
Réplica, tendo reu dito algo de novo o autor pode reagir
Tréplica...

Aula do dia 19.11.2019

PROCEDIMENTO CAUTELAR - MEDIDAS CAUTELARES artigos 381, 399 CPC

Visa tomar medidas que assegurem que no futuro quando o direito for assegurado vai se encontrar
intacto.
É um mecanismo muito utilizado pelos advogados guineenses.
A providência cautelar visa assegurar que a decisão depois seja inútil.

Fundamentos ou características do procedimento cautelar


1- Periculum in Mora (perigo do decurso de tempo ou demora de uma decisão) visa no fundo evitar
a inutilidade da decisão;
2 - Sumária cognitio (conhecimento rápido da decisão), necessidade da decisão ser célere.
3 - Caráter assessório ou instrumental da providência cautelar. Fumus bonis jures. Provavelmente
existe esse direito na esfera jurídica do requerente.

9
A questão da instrumentalidade não se renova.
4 - Uma aparência da razão. Artigo 401 CPC

Caducidade da providência cautelar 382 CPC

O procedimento cautelar não visa tomar parte sobre questão de fundo.


Há possibilidade na lei de o procedimento cautelar nem ter nome.

Quais são os procedimentos cautelares especiais?


São: arresto 402 CPC, providência cautelar de alimentos, embargo da obra e o arrolamento.

CARACTERÍSTICAS
Instrumentalidade eventual (382/1/d), 384/1 CPC os procedimentos cautelares não são decisões finais,
tem que existir sempre uma ação principal. Existindo uma providência cautelar há um determinado
tempo em que o requerente tenha que entrar com uma ação principal caso não o tenha feito caso
contrário caduca esse procedimento cautelar.

Artigo 382/1/b e c.

387/1 CPC

PROCDIMENTOS CAUTELARES COMUNS


Comuns: não têm um regime próprio na lei.
Especiais: são aqueles que têm um regime legal.

Cfr. Artigo 399 CPC podem ser designadas de comuns ou não especificadas

Procedimentos cautelares especiais: 402 arresto.


619-622, 388, prestação provisória de alimentos, restituição provisória da posse 393 a 395,
arrolamento 421 ss CPC

Obs: maior partes dos procedimentos cautelares que entram no tribunal são inominados.

Fundamentos da providência cautelar? Atenção para o exame oral

Próxima aula - PEDIDO


Se o pedido não for idóneo o juíz faz o indeferimento liminar.
Os requisitos do pedido são os Pressupostos processuais objetivo?

Aula do dia 27.11.2019

RELAÇÃO JURÍDICA PROCESSUAL - PEDIDO

10
A relação jurídica processual começa com o pedido.
Tudo tem um ponto de partida na vida.
Um processo judicial inicia num momento isto é o momento em que o autor apresenta um
requerimento ao tribunal com intuito de obter uma declaração que pode ser atribuir um direito.
O requerimento para uma providência cautelar também é um pedido.

Pedido da ação declarativa


Há duas pretenções que o pedido esconde:
Pretenção material
Pretenção processual

Pretenção Quando o autor explica ao tribunal como é que nasceu o direito que ele alega. Ou seja é a
ligação do autor com o direito que ele alega ter-lhe pertencido. Ex: direito de crédito.

O pedido costuma estar numa petição inicial.

A pretenção material é a afirmação de um interesse que se encontra juridicamente titulado. Explicar-


se a razão dessa vontade do autor.

Pretenção processual: pode consistir na declaração, condenação,

Aula do dia 02.11.2019


CONTINUAÇÃO,

INTRODUÇÃO AOS PROSSUPOSTOS PROCESSUAIS EM RELAÇÃO AO PEDIDO

Causa do pedir = pretenção material


Pedido = pretenção Processual

A pretenção que o autor vai apresentar encontra-se num documento chamado de petição inicial.

O pedido é um documento estruturado que tem que obedecer certas regras.


Pressupostos processuais em relação ao pedido: Condições objetivas e subjetivas que o documento
(pedido) tem que conter, caso contrário há uma consequência.

Os pressupostos subjetivos são aqueles que terão sujeitos, autor e réu.

Quais são os Pressupostos do pedido cfr artigo 193 CPC.

- O pedido tem que ser inteligível; (poder se ler e entender)


- O pedido tem que ser idóneo;
- O pedido seja determinável.

11
A sanção aqui é a Nulidade do processo.

Consequência Cfr. Artigo 288 CPC absolvição da instância e


Excepção dilatória 493 CPC (persegue o processo até ao fim da sua vida) quando o réu
Obs: o cumprimento desses requisitos não é absoluto.
Vai dizer que o tribunal não pode conhecer a causa.

INDEFERIMENTO LIMINAR artigo 474 CPC


É uma forma de absolvição da instância que acontece logo no primeiro contacto do juiz com o
processo. Por exemplo no caso da ineptidão do pedido.
Por outras palavras o indeferimento liminar quer significar eu não vou avaliar.

PEDIDO RECONVENCIONAL (PEDIDO DO RÉU) - pessoa contra quem se expôs algo.

Casos do pedido do réu


O pedido reconvencional não é o único pedido do réu;
Todo o pedido reconvencional é pedido do réu mas nem todo o pedido do réu é pedido
reconvencional.

REQUISITOS DO PEDIDO RECONVENCIONAL (artigo 274)


- Emergir do pedido do réu contra a ação do autor;
Emergir do facto jurídico que lhe serve de fundamento

- O direito de exigir tem que emergir do processo em juízo;


- Quando o pedido de réu conseguir em seu benefício o mesmo efeito jurídico que o autor pretende
obter. (É mais difícil conseguir a reconvenção neste requisito)
Ex: naufrágio em que A deve 50 a B e no mesmo processo em que A pedia ao tribunal que condenasse
B a pagar-lhe os 50,B também entrou com uma ação pedindo ao tribunal que condenasse A a pagar-
lhe 50 que este lhe tinha devido anteriormente.

- Forma

São considerados pela grande parte da doutrina como uma enumeração taxativa ou seja reconvenção
tem que ser apenas com base nesses requisitos previstos no artigo 274 CPC.

Pedido reconvencional é dado num documento chamado de contestação.

Aula do dia 04.12.2019

FORMAS ANÓMALAS DO PEDIDO E MODIFICAÇÃO DO PEDIDO

- Pedido parcial: pedir metade de um bem e não a totalidade do bem por exemplo.

12
Pedido alternativo (Artigo 468 CPC): quando num mesmo pedido não escolhe só uma manifestação
da vontade processual. O pedido alternativo é aparente quando a própria natureza do contrato leva a
pessoa a tomar opções. A alternativa aparente normalmente é forçada pela lei.
Ex: artigo 801/2 CC.
O pedido alternativo pode ser também real: quando a pessoa tiver dúvida sobre o caso e não tem a
noção concreta do que deve pedir.
A alternativa real é uma opção do autor ou do advogado.

Não toca com o pedido em sentido material.

Culpa-in-contraendo?

- PEDIDO GENÉRICO Cfr artigo 471 CPC

- PEDIDOS DE PRESTAÇÃO VINCENDA (artigo 572 CPC): Prestação que aí da não venceu.
Os casos em que a prestação futura está em risco.
Uma prestação que não venceu pode tornar-se passível de exigibilidade...

Perda de benefício de prazo dá lugar a pedido de prestação VINCENDA.


Obs: a prestação VINCENDA tem que ver com a exigibilidade.

- PEDIDOS PARCIAIS (Artigo 802 CC)


A impossibilidade parcial dá possibilidade do cumprimento também ser parcial.

Aula do dia 09.12.2019

AS MODIFICAÇÕES DO PEDIDO

Tem que ver com as seguintes interrogações:


Como é que eu posso alterar o pedido ou não?
Quando posso desistir ou não?

Reza a regra que há um princípio geral sobre o pedido e que impede que o pedido seja alterado, este
princípio é o da estabilidade da instância.

No fundo a regra é a estabilidade da instância, mas tem as suas excepções.

Enquanto o réu não tiver o conhecimento do pedido do autor


Cfr artigo 268 CPC

Por comum acordo as partes podem alterar o pedido. Artigo 272 CPC
A réplica normalmente acontece quando o autor recebe a contestação do réu. É uma resposta à defesa
do réu no fundo quem replica é o autor. Artigo 273 CPC mostra os momentos em que isso vai
13
acontecer.

Desistência: tem que ver com a vicissitude da alteração da instância.


Há possibilidade da desistência ser parcial (artigo 293/1 CPC) Significa que está-se a alterar o
conteúdo do pedido.

A instância inicia com a proposição da petição inicial.

Aula do dia 10.12.2019

COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS COMO UM PRESSUPOSTO PROCESSUAL


Pressupostos processuais objetivos: Condições que tem que ser reunidas para que o tribunal possa
conhecer o mérito da causa.

Capacidade, legitimidade das partes são um dos pressupostos processuais subjetivos.

Não levamos a nossa pretenção para um tribunal que não tem competência para conhecer. Porque a
competência do tribunal é um pressuposto muito importante para que o tribunal possa intervir.

A competência dos tribunais é uma condição sem a qual o tribunal não pode conhecer o mérito da
causa.

A competência dos tribunais resulta da lei e também da vontade ou convenção das partes. Isto é, a
competência dos tribunais
Nas competências dos tribunais aferimos a competência interna e competência internacional.

Competência Interna: tem a ver com situações que acontecem dentro de um ordenamento jurídico

COMPETÊNCIA INTERNACIONAL
Situações jurídicas plurilocalizadas, neste caso torna-se difícil saber qual é a lei que será competente
para dar solução material ao caso. No caso da competência dos tribunais tem que ver com a
competência do tribunal para conhecer o caso.

NORMAS DE REMISSÃO...
NORMAS DE RECEPÇÃO há uma questão de receber a competência para que o tribunal Guineense
possa conhecer a causa.

CRITÉRIOS ESTABELECIDOS PELA LEI


14
Competência internacional legal artigo 65 ss CPC. Determina a competência internacional dos
tribunais guineense.

Sendo uma norma de recepção fixa os critérios gerais através do qual nós aferimos a competência aos
tribunais guineense em caso duma relação jurídica plurilocalizadas.

CRITÉRIOS FIXADOS NO ARTIGO 65 CPC


 Exclusividade
 Domicílio do réu
 Causalidade
 Necessidade

CARACTERÍSTICAS DAS NORMAS DE RECEPÇÃO


- Necessidade: quer dizer que a competência do tribunal Guineense na relação jurídica plurilocalizada
não nasce do nada. Ou porque aquela relação jurídica está vinculada ao estado devido a própria
natureza da relação jurídica plurilocalizada ou acordo das partes a determinar que seja

- unilateralidade: nunca as normas de recepção nao pronunciem sobre as competências dos tribunais
estrangeiros, só diz que pelo critério utilizado o tribunal Guineense é competente para conhecer o
caso mas não exclui os outros ordenamentos jurídicos.

CRITÉRIO DA EXCLUSIVIDADE artigo 65/1a


Segundo este critério determina que a ação deve ser proposta ao tribunal Guineense quando é
exclusivamente competente para conhecer o mérito da causa.

Quais são essas situações que determinam a exclusividade do tribunal Guineense?


Na lei porguesa essas circunstâncias estão claras na lei mas na lei Guineense não.

-Situação de bens imóveis direitos reais, pessoais de gozo situados no território Guineense;
Para processos de recuperação de empresa, falência de pessoas coletivas domiciliadas na Guiné-
Bissau. (Quando têm a sua sede na Guiné-Bissau).
O critério da exclusividade não retira a norma de recepção a sua característica de unilateralidade.

DOMICÍLIO DO RÉU
Quando o réu ou os réus tenham domicílio na Guiné-Bissau.
Este critério só é utilizado quando por via do critério ds exclusividade nós não conseguimos aferir a
competência do tribunal Guineense.

O critério da exclusividade tem que ver com a determinação das regras de competência territorial.

CRITÉRIO DA TERRITORIALIDADE
Se destingue entre o geral e especial
O geral é o conhecido por domicilio do demandado artigo 85/1 86/2 87/2 CPC.

15
Critérios territorial especiais
Artigos 73, 84 e 89 CPC.

CRITERIO DA CAUSALIDADE
Tem a ver com os factos que integram a causa de pedir em que todos eles ou um deles ocorreram no
território Guineense. Sendo assim, pelo critério da causalidade seria competente o tribunal Guineense.
Artigo 65/1/c.

CRITÉRIO DE NECESSIDADE
Não se prende com nenhuma questão objetiva.
Não é tão patente o fio condutor, não exige que a situação jurídica plurilocalizada tenha uma forte
conexão com o próprio ordenamento jurídico guineense.

Não é um critério muito firme poque é olhado casuíticamente por ser muito subjetivo.

NB: sobre esta matéria não se esquecer da competência internacional.

As partes por via de acordo podem fixar competência de um tribunal, chamado de pacto atributivo ou
privativo de jurisdição. Cfr. Artigo 99 CPC.
Os pactos atributivos são sempre bem-vindos, mas os pactos privados nem sempre.
Casos em que qualquer um dos critérios utilizados,seria o tribunal Guineense o competente para
conhecer o caso.

Ex: as partes não querem que o tribunal Guineense conheça o caso quando resulte da própria lei a sua
competência. Mas em pequenas situações apenas em que se admite afastar a competência ao tribunal
Guineense por vontade das partes que preferem que seja um outro tribunal a conhecer a causa. Mas o
artigo 99 estabelece critérios muito fechados sobre estas situações.

São poucos os casos em que se aceitam os pactos privativos.

REQUISITOS RELATIVAMENTE AO PACTO artigo 93 CPC


- O pacto deve incedir sobre situações subjetivas; pode-se abranger generalidades de situações
jurídicas.
- deve resultar de um acordo firme e claro das partes, isto é, que nenhuma das partes esteja numa
situação de erro mas sim que seja uma vontade totalmente formada;
- não podem ser convencionados quando pelo critério da exclusividade, a competência já seja
atribuída ao tribunal Guineense;
- quando se trata de pactos atributivos de jurisdição, as partes devem mencionar claramente o tribunal
competente em específico.
- o pacto só é válido se constar do acordo escrito ou confirmado por escrito.

COMPETÊNCIA INTERNA
Assim como na competência internacional, a competência interna também pode resultar da lei

16
ou da convenção das partes.
Todas as causas têm o tribunal onde devem ser propostas. Este nexo de causalidade entre a
causa e o tribunal é que se designa competência.
Este nexo se fixa no momento exato do processo que é o momento da propositura da ação. Na petição
inicial o autor tem que identificar ou designar o tribunal que entende ser o tribunal competente.

Cfr. Artigo 63 CPC.

Na ordem jurídica interna, os tribunais não têm a mesma função, e a jurisdição reparte-se nos
diferentes tribunais e a competência dos tribunais se fixa assim:
 Em razão da matéria;
 Em razão da hierarquia;
 Em razão do valor da causa;
 Em razão do território.

Excepcionalmente dá-se uma certa atenção ao réu. Cfr. Artigo 85 CPC


Artigo 62 CPC + artigo 15 da lei orgânica dos tribunais judiciais.

COMPETÊNCIA EM RAZAO DA MATÉRIA


A competência aqui respeita

Dentro da ordem jurídica os tribunais não são iguais


Em razão da matéria
-Tribunais especias: artigo 121 CRGB - podemos encontrar tribunais militares e tribunais
administrativos.
Ex: o nosso tribunal de contas é um tribunal especial.
Mas ao nível da nossa sub-região entende-se que o tribunal de contas é mais contabilístico do que
jurídico ao contrário do nosso caso.
- Tribunais comuns ou judiciais: artigo 66 CPC.

Cfr. Artigo 16 da lei orgânica dos tribunais judiciais. Sobre esta distinção entre o tribunal comum e
especial.

Dentro dos tribunais comuns temos tribunais com competências especializadas. Cfr. Artigo 54 da lei
orgânica de tribunais judiciais.

EM RAZÃO DA HIERARQUIA
Não quer dizer que um Tribunal é superior aos demais, hierarquia tem que ver com a questão de
recurso ou seja uma garantia da realização da justiça quando a pessoa não se sentir conformada. Nesta
apreciação não se toca nos factos mas sim aprecia-se o direito a aplicar.

A hierarquia dos tribunais consiste em poder conferir os tribunais superiores por via de recurso
poderes de revogarem ou alterarem as decisões dos tribunais inferiores.

17
Os tribunais formam uma pirâmide bordar

- Tribunais de primeira instância - tribunal de setor e regional


- Tribunal de segunda instância - tribunal de relação
- Supremo tribunal de justiça
Artigo 12 lei orgânica do tribunais judiciais

COMPETÊNCIA EM REAÇÃO DE FORMA DO PROCESSO (É MAIS FORMAL DO QUE


MATERIAL CFR. ARTIGO 68 CPC QUE REMETE PARA A LEI ORGÂNICA DOS
TRIBUNAIS JUDICIAIS.

Matéria, hierarquia, valor da causa

COMPETÊNCIA EM RAZÃO DO TERRITÓRIO - artigo 85 CPC


A competência em razão do território pode ser afastada pela vontade das partes.
Elementos de conexão quê são relevantes?
Cfr. Artigo 75, 85 CPC.
73, 74, 77, 78, 79, 80, 82, 83, 84, e 90 CPC

1211, 1410, 1091 CC

COMPETÊNCIA DO TRIBUNAL EM RAZÃO DO VALOR DA CAUSA


Toda a acção cível tem um valor ou seja é susceptível de avaliação pecuniária.
O valor da ação também determina a competência de um tribunal.
Artigo 21 lei orgânica dos tribunais judiciais.

É possível também pacto mas que só podem incidir sobre competência em razão do território e em
razão do valor.
Cfr. Artigo 100 CPC.

Nenhuma das partes pode depois arguir a incompetência do tribunal quando tiver assinado o pacto
caso contrário estaríamos em presença de litigância de má-fé.

Insuscetibilidade do tribunal apreciar uma determinada causa.

- Incompetência absoluta; (artigo 101)


- Incompetência relativa;
- Preterição do tribunal arbitral.

A incompetência absoluta resulta do artigo 101 CPC.

Quando se verifica uma incompetência absoluta o que acontece?


Se já se citou o réu dá lugar a absolvição do réu da instância. Artigo 288 CPC
Obs: quando se dá uma das causas que impeça o tribunal de conhecer a causa.
18
Absolvição do réu do pedido, aqui o tribunal aprecia a

Indeferimento liminar 474 CPC

A INCOMPETÊNCIA RELATIVA artigo 108 CPC


Não é do conhecimento oficioso (o tribunal não pronuncia) tal como na incompetência absoluta. Tem
que ser arguida pelo réu como meio de defesa deste. Artigo 109 CPC

Neste caso o que acontece ao processo?


R: O processo é remitido para o tribunal competente. Cfr artigo 111/3 CPC.

PRETERIÇÃO DO TRIBUNAL ARBITRAL


Quando já no processo determina-se que deve ser conhecido pelo tribunal arbitral e se uma das partes
depois não cumprir dá aso a incompetência do tribunal.
::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
AULA DADA PELA Dra. MELISIANA

A COMPETÊNCIA DOS TRIBUNAIS COMO UM PRESSUPOSTO


PROCESSUAL
Para que o tribunal se pronuncie sobre o mérito da causa, concedendo ou denegando a
acção proposta pelo autor exige-se a verificação de determinados pressupostos de ordem
processual. A exigência legal destas condições (competência do tribunal, legitimidade das
partes, personalidade e capacidade judiciaria) tem como finalidade garantir a idoneidade
e a utilidade da decisão da causa1.

Já foram antes analisados os pressupostos processuais relativos às partes (personalidade


judiciaria, capacidade judiciaria, legitimidade, patrocínio judiciário obrigatório e
interesse em agir), quanto ao objeto da causa (aptidão da petição inicial e verificação dos
requisitos da coligação simples ou subsidiária e não verificação das exceções dilatórios
de litispendência, do caso julgado), porém faltava analisar quanto ao tribunal
(competência internacional e interna).

A diferença entre a competência interna e a internacional consiste no seguinte: a


competência interna respeita às situações que, na perspectiva da ordem jurídica
guineense, não possuem qualquer conexão relevante com outras ordens jurídicas; a
competência internacional refere-se aos casos que apresentam uma conexão com outras
ordens jurídicas.

Competência Internacional
Hoje em dia porque existem as facilidades de deslocação de pessoas, bens e capitais
surgem muitos litígios que apresentam, através quer das partes interessadas, quer do seu
próprio objecto, conexões com várias ordens jurídicas. Quando emerge um desses litígios
19
plurilocalizados, coloca-se o problema de determinar qual o tribunal que, no âmbito das
várias ordens jurídicas envolvidas, tem competência para o dirimir. A competência
internacional de um tribunal é determinada pela lei ou pela convenção das partes.

Competência Internacional Legal


Existam normas que incidem sobre a competência internacional do Tribunal, às quais
cabe determinar, em cada uma das jurisdições com as quais o litígio tem contacto, se os
Tribunais de alguma delas são competentes para resolver o conflito. Essas regras são, por
isso, verdadeiras normas de conflitos, semelhantes na função que desempenham às regras
próprias do Direito Internacional Privado. Essas normas determinam, através da referida
conexão, que os Tribunais de uma jurisdição nacional são competentes para apreciar uma
relação plurilocalizada.

Essas normas não são normas de competência, porque não a


atribuem a um Tribunal, antes se limitam a determinar as condições em que uma
jurisdição nacional faculta os seus Tribunais para a resolução de um certo litígio com
elementos internacionais. As normas preenchem, no âmbito processual, uma função
paralela àquela que as normas de conflitos realizam no âmbito substantivo: estas
determinam qual a lei aplicável a uma relação jurídica plurilocalizada (se a lei do foro ou
uma lei estrangeira); aquelas aferem se essa mesma relação pode ser apreciada pelos
Tribunais de uma certa ordem jurídica.

As regras relativas à competência internacional utilizam certos elementos de conexão


para determinar a jurisdição nacional competente. Esses elementos podem ser, por
exemplo, o domicílio de uma das partes, o lugar de cumprimento da obrigação ou o da
ocorrência do facto ilícito.

As normas de conflitos que definem as condições em que os Tribunais do foro são


competentes para a apreciação de um objecto que apresenta uma conexão com várias
ordens jurídicas podem designar-se por normas de recepção. É essa a função dos vários
critérios enunciados no art. 65º do CPC, nos termos deste artigo, a competência
internacional dos tribunais guineenses depende da verificação de alguma das seguintes
circunstâncias:
a) Ter o réu ou algum dos réus domicílio em território guineense, salvo tratando
se de acções relativas a direitos reais ou pessoais de gozo sobre imóveis sitos em
país estrangeiro;
b) Dever a acção ser proposta na Guiné-Bissau, segundo as regras de
competência territorial estabelecidas na lei guineense;

c) Ter sido praticado em território guineense o facto que serve de causa de pedir
na acção, ou algum dos factos que a integram;

d) Não poder o direito invocado tornar-se efectivo senão por meio de acção
proposta em território guineense, ou não ser exigível ao autor a sua propositura no
20
estrangeiro, desde que entre o objecto do litígio e a ordem jurídica nacional haja
algum elemento ponderoso de conexão, pessoal ou real).

As normas de recepção se caracterizam pela necessidade (vinculação do Estado


pela lex causae ou pelas convenções ou acordos internacionais), Unilateralidade
(isto significa que essas normas se limitam a facultar os Tribunais de uma
jurisdição para a resolução de uma certa questão mas não excluem a apreciação
dessa mesma questão por um Tribunal estrangeiro).

A competência legal internacional dos Tribunais guineenses é determinada, segundo uma


ordem decrescente de aplicação prática, pelos critérios da exclusividade (art. 65º/1-b
CPC), do domicílio do réu (art. 65º/1-a CPC), da causalidade (art. 65º/1-c CPC) e a
necessidade (art. 65º/1-d CPC).

Critério da exclusividade
Segundo o critério da exclusividade, a acção deve ser proposta na Guiné-Bissau quando
os Tribunais guineenses sejam exclusivamente competentes para a apreciação da causa
(arts. 65º/1-b). A competência internacional resulta, assim, da coincidência com as regras
de competência exclusiva dos tribunais guineenses.

A relevância prática da competência exclusiva dos Tribunais guineenses reside no


seguinte: como, nessa hipótese, a jurisdição guineense não aceita a competência de
nenhuma outra jurisdição para apreciar a acção, nenhuma decisão proferida numa
jurisdição estrangeira pode preencher as condições para ser ou se tornar eficaz na ordem
jurídica guineense.Uma sentença proferida por um Tribunal estrangeiro não é, em princípio,
imediatamente
eficaz na ordem jurídica guineense; para que se lhe conceda essa eficácia é necessária a
sua revisão e confirmação, nos termos e nas condições do correspondente processo de
revisão de sentenças estrangeiras (arts. 1094º a 1102º CPC).

Critério do domicílio do réu


Segundo o critério do domicílio do réu, a acção pode ser proposta nos Tribunais
guineenses quando o réu ou algum dos réus tenha domicílio em território guineense, salvo
tratando-se de acções relativas a direitos reais ou pessoais de gozo sobre imóveis sitos em
país estrangeiro (art. 65º/1-a CPC).
Como a competência internacional só deve ser apreciada se da aplicação das regras da
competência territorial não resultar a atribuição de competência a um Tribunal guineense,
o critério do domicílio do demandado (art. 65º/1-a CPC) só pode ser aplicado quando os
Tribunais guineenses não forem competentes segundo aquelas regras.

Os critérios territoriais podem ser especiais (arts. 73º a 84º e 89º CPC) ou gerais (arts. 85º
a 87º CPC): o critério geral é o domicílio do demandado (arts. 85º/1, 86º/2 CPC) ou dos
21
demandados (art. 87º/1 CPC). Assim, se à acção for aplicável o critério territorial geral e
se da sua aplicação resultar a atribuição de competência a um Tribunal guineense, está
determinado, sem necessidade de aplicação do critério do domicílio do réu, o Tribunal
que é territorial e internacionalmente competente. Se, pelo contrário, a aplicação desse
critério de competência interna não a conceder a um Tribunal guineense (porque o réu
não tem domicílio em Guiné), essa competência também nunca poderá resultar do critério
de competência internacional do domicílio do demandado (art. 65º/1-a CPC).

O critério da competência internacional do domicílio do demandado (art. 65º/1-a CPC)


também não pode ser aplicado quando um critério territorial especial atribua competência
a um Tribunal guineense. Em conclusão: o critério de domicílio do demandado (art. 65º/1-
a CPC) só pode ser usado quando ao caso concreto for aplicável um critério territorial
especial e da aplicação deste não resultar a atribuição de competência a um Tribunal
guineense.

O art. 65º/2 CPC, estabelece que, para efeitos da aplicação do critério do domicílio do
demandado, considera-se domiciliada em guineense a pessoa colectiva cuja sede estatutária ou efectiva
se localize em território guineense ou que aqui tenha sucursal,
agência, filial ou delegação.

Critério da causalidade
Segundo este critério, a acção pode ser instaurada nos Tribunais guineenses quando o
facto que integra a causa de pedir, ou algum dos factos que a constituem, tiver sido
praticado em território guineense (art. 65º/1-c CPC). Assim, por exemplo, os Tribunais
guineense são internacionalmente competentes quando, apesar de o facto ilícito ter
ocorrido no estrangeiro, parte dos danos se produziram na Guiné, art.24 da Lei da
cidadania.

Critério da necessidade
Segundo este critério, a acção pode ser instaurada nos Tribunais guineenses quando uma
situação jurídica, que apresenta uma ponderosa conexão, pessoal ou real, com o território
guineense, só possa ser reconhecida em acção proposta nos Tribunais nacionais (art.
65º/1-d CPC). Com esse critério procura-se obstar à denegação de justiça decorrente da
impossibilidade de encontrar um Tribunal competente para a apreciação da acção:
verifica-se então um reenvio da competência aos Tribunais guineenses.
O critério da necessidade abarca não só a impossibilidade jurídica, por inexistência de
Tribunal competente para dirimir o litígio em face das regras de competência
internacional das diversas ordens jurídicas com as quais ele apresenta uma conexão
relevante, mas também a impossibilidade prática, derivada de factos anómalos
impeditivos do funcionamento da jurisdição competente.

As partes podem partes afastar as regras reguladoras de competência internacional dos


tribunais guineense (art. 65º) através da convenção, essa convenção ou acordo é
designada por pacto privativo ou atributivo de jurisdição (art. 99º).
22
Esse pacto pode ser, quando considerado pela perspectiva da ordem jurídica guineense,
atributivo ou privativo.

O pacto é atributivo, quando concede competência a um Tribunal ou a vários Tribunais


guineenses; a competência atribuída pode ser concorrente ou exclusiva.O pacto é privativo, quando
retira competência a um ou a vários Tribunais guineenses e
a atribui em exclusivo a um ou vários Tribunais estrangeiros (art. 99º/2 CPC).
Como o carácter atributivo ou privativo do pacto de jurisdição é definido em relação à
ordem jurídica guineense, a validade de um desses pactos não é vinculativa para os
Tribunais de ordens jurídicas estrangeiras.

O pacto de jurisdição só pode incidir sobre situações subjectivas nos termos do art. 99º/3-
a CPC. Esta condição é suficiente para possibilitar a celebração de um pacto de jurisdição
sobre a generalidade das situações patrimoniais.
O pacto de jurisdição só é válido se for justificado por um interesse sério de ambas as
partes ou de uma delas, desde que, neste último caso, não envolva inconveniente grave
para a outra (art. 99º/3-c CPC). Este requisito destina-se essencialmente a salvaguardar a
posição da parte mais fraca.

O pacto de jurisdição não pode ofender a competência exclusiva dos Tribunais guineenses
(art. 99º/3-a CPC); isto é, o pacto não pode privar os Tribunais guineenses da sua
competência exclusiva.

Se as partes, através de uma convenção de arbitragem, atribuírem competência para o


julgamento de certo litígio ou questão emergente de uma relação jurídica plurilocalizada
a um Tribunal Arbitral (funcionando em território guineense ou no estrangeiro), é
igualmente aplicável a esse negócio o requisito respeitante à observância da competência
exclusiva dos Tribunais guineenses (art. 99º/3-d CPC).

O pacto deve mencionar expressamente a jurisdição competente (art. 99º/3-e in fine


CPC). A designação do Tribunal competente (pertencente à ordem jurídica de uma das
partes, de ambas ou de nenhuma delas) pode ser feita directamente: nesta eventualidade,
as partes indicam um Tribunal específico. Mas essa indicação também pode ser realizada
indirectamente através de uma remissão para o Tribunal que for competente segundo as
regras de competência vigentes na jurisdição designada: nessa hipótese, as partes
designam globalmente os Tribunais de uma jurisdição.

O pacto de jurisdição só é válido se constar de acordo escrito ou confirmado por escrito


(art. 9º/3-c CPC). Para este efeito, considera-se reduzido a escrito o acordo que consta de documentos
assinados pelas partes ou que resulta de troca de cartas, telex, telegramas ou
outros meios de comunicação de que fique prova escrita, quer tais instrumentos
contenham directamente o acordo, quer deles conste uma cláusula que remeta para algum
documento que o contenha (art. 99º/4 CPC).

23
COMPETÊNCIA INTERNA
Todas as causas têm um tribunal onde deve ser proposta, pode-se assim dizer que entre
a causa e o tribunal existe um nexo jurídico, este nexo é designado nexo de competência
ou por vezes designada unicamente competência que pode ser legal ou convencional.
Este nexo fixa-se no momento da propositura da acção e não se limita a uma causa só,
mas a uma categoria de pleitos que a lei destina a esse tribunal, art.63º do CPC, ademais
se mantém ainda que haja alteração da lei ou dos factores atributivos da competência,
ou seja são irrelevantes, por exemplo nos casos de alteração dos factos atributivos de
competência, se proposta acção porque é do domicílio do réu (art.85) ou do autor
(art.75, 85nº2 e 3, art.86nº1), o tribunal mantém-se competente ainda que este mudem
de domicílio ou nos casos em que é proposta uma acção executiva fundada em escritura
pública para entrega de coisa móvel certa no tribunal onde a coisa se encontrava a data
da propositura da acção (art.94º nº2), havendo deslocação da coisa a um outro lugar, o
tribunal continua a ser competente.

No que diz respeito as modificações da lei atributiva de competência, são em princípio


irrelevantes, salvo os casos previstos no art.63nº2 (nos dois primeiros casos o tribunal
era competente e deixa de sê-lo, no terceiro era incompetente passa a sê-lo). Os dois
últimos trata-se de uma modificação funcional da competência, a primeira é um caso de
modificação orgânica (supressão do tribunal), tanto num caso como no outro se a
matéria redistribuída em função da matéria (cria-se tribunais especiais ou
especializados), da hierarquia (cria-se uma nova instancia), nestes casos os tribunais
antes competentes perdem a sua competência, se a competência é redistribuída em
função do valor (cria-se um tribunal inferior) ou do território (cria-se um novo tribunal
sectorial), os tribunais anteriormente existente conservam a sua competência para as
causas pendentes, os novos apreciarão as intentadas após a sua criação.Na ordem interna, a jurisdição
reparte-se pelos diferentes tribunais segundo a matéria, o
valor da causa, a hierarquia judiciária e o território (cfr. os artºs 62º, do CPC e 15º da
LOTJ/2011).

Competência em razão da matéria.


A competência respeita à distribuição do poder jurisdicional pelas diversas espécies e
ordens de tribunais, consideradas no mesmo plano, isto é, horizontalmente, sem que
entre elas exista uma qualquer relação de subordinação ou de dependência hierárquica.
A delimitação dessa competência é estabelecida por lei em função da natureza
substancia do pleito, do seu objecto (matéria da causa) encarado este, pois, sob um
ponto de vista qualitativo.
Face à vastidão, complexidade e especificidade normativas dos diversos ramos de
direito material, seguiram o legislador constitucional e ordinário, na fixação e
determinação da competência em razão da matéria, o princípio da especialização. São,
assim, da competência dos tribunais judiciais as causas que não sejam atribuídas a outra
ordem jurisdicional – artºs 66º do CPC e 16º, da LOTJ/2011 (principio da delimitação
negativa da competência) deste modo, se uma dada causa não for atribuída por lei a
alguma jurisdição especial há que entender, por força daquele principio, ser mesma da
24
competência dos tribunais judiciais.

Competência em razão da hierarquia


Os tribunais encontram-se hierarquizados, para efeito de recursos das suas decisões (art.
17º da LOTJ). A hierarquia judiciária não significa, contudo, que os juízes dos tribunais
inferiores dependam ou devam obediência a quaisquer instruções, ordens ou directivas
dos tribunais superiores, como sucederia se tratasse de hierarquia administrativa. A
hierarquia traduz-se, simplesmente, no poder conferido aos tribunais superiores de, por
via de recurso, revogarem ou alterarem as decisões dos tribunais inferiores. Nisto
consiste o princípio da independência dos juízes e a sua sujeição exclusiva à lei, salvo o
dever de acatamento das decisões proferidas em via de recurso pelos tribunais
superiores - os artºs 123nº2 CRGB; 3º/2, da LOTJ.
Os tribunais formam uma pirâmide hierárquica, cuja base é constituída pelos tribunais
de 1ª instância (Regionais), no patamar imediatamente superior situam-se os tribunais de 2ª instância
(tribunais de relação ou de circulo) e, no cume da pirâmide, o supremo
tribunal de justiça – artsº 120º CRGB e 12º LOTJ).

Competência em da forma de processo aplicável. Tribunal singular e tribunal


colectivo.
Esta modalidade especial de competência vem prevista no art. 68º CPC. Preceito que
remete para as leis de organização judiciária a determinação das causas que, pelo valor
ou pela forma de processo aplicável, são da competência dos tribunais singulares e dos
tribunais colectivos (art. 48º LOTJ).

O tribunal singular é composto por um juiz e o tribunal colectivo é composto por três
juízes (art. 49º e 50º, da LOTJ).

Competência dos tribunais colectivos e singulares constam dos arts. 52º e 53º
respectivamente, da mesma LOTJ.

Competência em razão do território. Elementos ou factores de conexão relevantes.


Ao contrário do que acontece com as regras de competência em razão da matéria, da
hierarquia, do valor e da forma do processo – as quais não podem ser afastadas por
vontade das partes -, é permitido afastar por convenção expressa, a aplicação das regras
de competência em razão de território.
Elementos de conexão relevantes: a competência em razão do território resulta da
atribuição a cada tribunal, sediado em certa área geográfica, da competência para o
julgamento das diversas causas, elegendo a lei, para tal, um elemento de conexão que
decisivo.

Na selecção desses elementos de conexão, pautou-se o legislador do CPC, ora por


critérios de justiça e razoabilidade (art.ºs 75º e 85º), ora de comodidade das partes (art.ºs
73º, 74º, 77º, 78º, 79º, 80º, 82º, 83º, 84º e 90º), ora ainda por razões de interesse de uma
boa administração da justiça (art. 74º/2).
25
Entre esses elementos, há que referir:
O foro do reu (artºs 85º, 86º e 87º).Foro real ou de situações de bens: divisão da coisa comum (art. 1052
e ss.); despejo (art.
1047º e 1084º/2 do); acções de reivindicação (art. 1311º); preferência ( art. 1410º);
arrendamento (art. 1091º), todos esses preceitos do CC.
Foro obrigacional – lugar onde deve ser cumprida a obrigação -: art. 772º CC, 82º.
Foro de ocorrência do fato – art. 74/2 CPC.
Foro de autor – art. Art. 75º.
Foro sucessório ou hereditário – lugar de último domicílio de decujos (art. 2031º do
CC).

Foro de execução – domicílio de executado (art. 94º/1).


A competência interna pode também ser determinada através de um pacto de competência
(pactum de foro prorrogando). Em regra, o pacto de competência refere-se a uma questão
que não apresenta qualquer conexão com outras ordens jurídicas.
O pacto de competência só pode incidir sobre a competência em razão do valor e do
território (art. 100º/1 CPC).

O pacto de competência é válido se respeitar a forma de contrato substantivo, se tiver a


forma escrita ou se for consensual (art. 100º/2 CPC). Mas considera-se reduzido a escrito
o acordo constante de documentos assinados pelas partes ou o resultante de troca de
cartas, telex, telegramas ou outros meios de comunicação de que fique prova escrita, quer
tais instrumentos contenham directamente o acordo, quer deles conste uma cláusula de
remissão para algum documento em que ele esteja contido (arts. 110º/2, 1ª parte, e 99º/4
CPC). Além disso, o pacto de competência deve designar as questões submetidas à
apreciação do Tribunal e o critério de determinação do Tribunal ao qual é atribuída a
competência (art. 100º/2, 2ª parte CPC).

O pacto de competência contém implicitamente uma renúncia antecipada – isto é, anterior


à propositura da acção – à arguição da excepção de incompetência relativa (art. 108º
CPC), pois que é atribuída competência territorial a um Tribunal que, sem esse contrato
processual, não seria competente. Essa renúncia exige, como requisito ad substantiam, a
forma escrita (art. 100º/2, 1ª parte CPC), pois que condiciona as possibilidades de defesa do réu na acção
proposta naquele Tribunal e, concretamente, exclui a invocação da
excepção de incompetência relativa.
A competência convencional interna vincula as partes (art. 100º/3 CPC), pelo que a sua
infracção determina a incompetência relativa do Tribunal onde a acção foi indevidamente
proposta (art. 108º CPC).

MODALIDADES DE INCOMPETÊNCIA
A incompetência é a insusceptibilidade de um Tribunal apreciar determinada causa que
decorre da circunstância de os critérios determinativos da competência não lhe
concederem a medida de jurisdição suficiente para essa apreciação. Resulta da lei a
26
existência de três tipos de incompetência jurisdicional: a incompetência absoluta, a
incompetência relativa e a preterição de Tribunal Arbitral.

Incompetência absoluta
Segundo o disposto no art. 101º (A infracção das regras de competência em razão da
matéria e da hierarquia e das regras de competência internacional, salvo quando haja mera
violação dum pacto privativo de jurisdição, determina a incompetência absoluta do
tribunal) CPC, a incompetência absoluta provém da infracção das regras da competência
internacional legal (arts. 65º e 65º-A CPC) e da competência interna material (arts. 66º,
67º CPC; art. 52º e sgs da LOTJ – Lei Orgânica dos Tribunais Judiciais) e hierárquica
(arts. 70º, 71º, 72º CPC). A incompetência absoluta referida no art. 101º CPC, é aquela
que se verifica no âmbito do processo civil.

A incompetência internacional resulta da impossibilidade de incluir a relação jurídica


plurilocalizada na previsão de uma das normas de recepção do art. 65º. A incompetência
hierárquica verifica-se se a acção é instaurada num Tribunal de 1ª instância quando o
devia ter sido no Circulo ou no Supremo, ou vice-versa. Finalmente, a incompetência
material decorre da propositura no Tribunal comum de uma acção da competência dos Tribunais
especiais ou da instauração de uma acção num Tribunal de competência
especializada incompetente.

A incompetência absoluta que resulte da infracção da competência material decorrente da


circunstância de a acção ter sido instaurada num Tribunal judicial quando o deveria ter
sido perante um outro Tribunal judicial até ao despacho saneador ou, se este não tiver
lugar, até ao início da audiência final (art. 102º/2 CPC).
A incompetência material que resulta do facto de a acção ter sido proposta num Tribunal
judicial quando o deveria ser num Tribunal não judicial pode ser arguida pelas partes e
conhecida oficiosamente pelo Tribunal até ao trânsito em julgado da decisão de mérito
(art. 102º/1 CPC).

Se houver despacho de citação (art. 234º/4 CPC), a incompetência absoluta deve ser
conhecida oficiosamente no despacho limiar (arts. 105º/1, 234º-A/1 CPC). O
conhecimento oficioso da incompetência absoluta é realizado, em regra, no despacho
saneador (arts. 510º/1-a, 494º-a CPC).
O conhecimento da incompetência absoluta no momento do despacho de citação
determina o indeferimento limiar da petição inicial (arts. 105º/1, 234º-A/1 CPC); se for
apreciada em momento posterior, essa incompetência conduz à absolvição do réu da
instância (arts. 105º/1, 288º/1-a, 494º-a, 493º/2 CPC).

Incompetência relativa
O art. 108º (A infracção das regras de competência fundadas no valor da causa, na forma
do processo aplicável, na divisão judicial do território ou decorrentes do estipulado nas
convenções previstas nos artigos 99º e 100º, determina a incompetência relativa do
tribunal) CPC, enuncia as situações que originam a incompetência relativa: esta
27
incompetência resulta da infracção das regras da competência fundadas no valor da causa
(art. 68º CPC; arts. 16 e 19 da LOTJ), na forma do processo aplicável (art. 47º a 51º
LOTJ), na divisão judicial do território (arts. 73º a 95º CPC, art.17 da LOTJ) ou
decorrentes de um pacto de competência ou de jurisdição (arts. 99º e 100º CPC).Note-se que a violação
das regras de competência territorial pode verificar-se não só na
competência interna, quando são infringidas as regras que definem, de entre os vários
Tribunais, qual o territorialmente competente, mas também na competência internacional.
Perante os Tribunais guineense apenas pode relevar, quanto à competência internacional
directa, a infracção de um pacto privativo de jurisdição. Esta violação verifica-se quando,
apesar de as partes terem estipulado a competência exclusiva de um Tribunal estrangeiro
para apreciar certa questão, a acção vem a ser proposta num Tribunal guineense.
Confirmando a disponibilidade das partes sobre a competência relativa (art. 100º CPC),
a correspondente incompetência não é, em princípio, de conhecimento oficioso (art. 495º
CPC). Neste caso, a incompetência pode ser arguida pelo réu no prazo de contestação
(art. 109º/1; arts. 486º/1, 783º, 794º/1 CPC). O autor pode responder no articulado
subsequente ou, não havendo lugar a este, em articulado próprio, a apresentar nos 10 dias
seguintes à notificação da entrega do articulado do réu (art. 109º/2 CPC). Conjuntamente
com a alegação da incompetência relativa, as partes devem apresentar as respectivas
provas (art. 109º/3 CPC). Produzidas estas, o Tribunal decide qual é o Tribunal
competente para a acção (art. 111º/1 CPC).
São várias as situações em que a incompetência relativa é de conhecimento oficioso. É o
que sucede, nos termos do art. 110º/1-a CPC, nas acções relativas a direitos reais sobre
imóveis, a responsabilidade civil extra-contratual e naquelas em que seja parte o juiz, seu
cônjuge ou certas partes, nos processos de recuperação da empresa e de falência, nos
procedimentos cautelares e diligências antecipadas, na determinação do Tribunal ad
quem, bem como na acção executiva fundada em sentença proferida por Tribunais
guineenses e nas acções executivas para a entrega de coisa certa ou por dívida com
garantia real.
A incompetência relativa também é de conhecimento oficioso quando decorra da
infracção das regras da competência respeitantes à forma do processo ou do valor da causa
(art. 110º/2 CPC), ou seja, do disposto nos arts. 47º a 51º LOTJ. Como a competência em
razão do valor da causa (art. 16 e 19º LOTJ) se reflecte na competência do Tribunal de
círculo (art. 37 e 38º LOTJ) e do Tribunal singular (art. 51º LOTJ), o art. 110º/2 (a
incompetência em razão do valor da causa ou da forma de processo aplicável é sempre do conhecimento
oficioso do tribunal, seja qual for a acção em que se suscite) engloba
igualmente a violação da competência destes Tribunais.
Finalmente, a incompetência relativa deve ser apreciada oficiosamente nos processos em
que não se verifique a citação do demandado ou requerido (art. 110º/1-b CPC), ou seja,
nos processos que não constam da lista do art. 234º/4 CPC, e nas causas que, por lei,
devam correr como dependência de outro processo (art. 110º/1-c CPC), como sucede, por
exemplo, com o incidente de habilitação (art. 372º/2 CPC).
A decisão de procedência sobre a incompetência relativa determina, em regra, a remessa
do processo para o Tribunal competente (art. 111º/3 CPC). Exceptua-se a hipótese de a
incompetência resultar da violação de um pacto privativo de jurisdição, dado que o
28
Tribunal guineense não pode enviar o processo para o Tribunal estrangeiro competente:
neste caso, a consequência desta excepção dilatória, não podendo ser a referida remessa,
é a absolvição do réu da instância (art. 111º/3 in fine CPC).

Preterição de Tribunal Arbitral


A preterição de Tribunal Arbitral resulta da infracção da competência de um Tribunal
Arbitral que tem competência exclusiva para apreciar um determinado objecto. A
preterição pode verificar-se quando um Tribunal Arbitral necessário, quando for proposta
num Tribunal comum uma acção que pertence à competência de um Tribunal Arbitral
imposto por lei (art. 1525º - se o julgamento Arbitral for prescrito por lei especial atender
se-á ao que nesta estiver determinado. Na falta de determinação, observar-se-á o disposto
nos artigos seguintes do CPC, ou quando a um Tribunal Arbitral voluntário, quando for
instaurada num Tribunal comum uma acção que devia ter sido proposta num Tribunal
Arbitral convencionado pelas partes art. 7º da lei nº9/20000 de 13 de Julho

PATROCÍNIO JUDICIÁRIO

Patrocínio judiciário Aquela situação onde uma pessoa precisa de um profissional do foro para o
representar no foro.
Às vezes confunde-se o patrocínio judiciário com a representação judiciária.
Cfr: artigo 34 e 33 - 477 CPC - o patrocínio podem ser facultativos (voluntário) ou obrigatórios.
Falta do patrocínio judiciário, consequência - nos casos em que o patrocínio é obrigatório o juiz
manda aperfeiçoar onde diz que falta cumprir o disposto no artigo 33 CPC conjugado com o artigo
477.
***Indeferimento liminar: Pegar um documento e nem se quer pronunciar artigo 193 e 474 CPC
Absolvição da instância artigo 288 CPC

Patrocínio judiciário: Significa que o advogado que patrocina vai passar a praticar os atos a favor do
menor. Todos os atos praticados pelo advogado repercutem-se na esfera jurídica do menor.
Contemplatio domini.

Transferência direta: o advogado quando prática um ato vai diretamente na esfera jurídica do
representado.
Obs: o patrocínio judiciário não tem que ver com a capacidade judiciária.

Aula do dia 14.01.2020

LEGITIMIDADE PROCESSUAL:

- Ativa e passiva
- Singular e plural

29
Legitimidades: Motivos que nos levam a ser partes.

LEGITIMIDADE: do ponto de vista processual a legitimidade tem a ver simplesmente com a nossa
posição em relação ao objeto do processo.

Legitimidade é ter um interesse direto protegido em relação ao objeto do processo.


Cfr. Artigo 26 CPC.

Normalmente um requerimento do tribunal já indica a parte contrária.


Na legitimidade ativa - A parte legítima ativa terá o interesse direto, legítimo, protegido para
demandar.
Na legitimidade passiva - A parte legítima passiva, terá o interesse direto, legítimo, protegido para ser
demandado.
A legitimidade passiva: É ter uma ligação direta com o objeto mas de forma passiva.

Obs: ser autor num processo é um direito potestativo.

Atenção! A legitimidade é questionável. Por exemplo o autor pode entrar com uma ação no tribunal
contra uma pessoa, esta pode pedir ao tribunal que o absolva da instância por falta da legitimidade do
autor da ação.

Legitimidade ativa plural: Varias pessoas com interesse direto relstivamente ao objeto do processo em
demandar.

Legitimidade passiva plural: Várias pessoas têm ligação direta com objeto do processo para serem
demandadas.

Legitimidade singular ativa mas plural passiva: uma pessoa vai demandar 10 pessoas.
Legitimidade plural ativa, mas singular passiva: várias pessoas a demandarem uma empresa por
exemplo.

A LEGITIMIDADE PLURAL
Esta legitimidade pode ser:
- LITISCONSÓRCIO E
- COLIGAÇÃO

Litisconsórcio é aquela situação onde o demandado ou quem demanda, apesar de haver várias pessoas
que se relacionam com o objeto, mas existe uma identidade quer em termos da causa de pedir como
em termos de pedido. Aqui o pedido é uno.

Distinção entre litisconsórcio e a coligação.

Só o litisconsórcio voluntário é que se confunde com a coligação.


30
No litisconsórcio voluntário a pluralidade não é obrigatória.

Pluralidade passiva pressupõe várias pessoas como réus.

Aula do dia
Coligação: na coligação, a causa de pedir é igual e o pedido é diferente. Ex: acidente de viação em
que pessoas tiveram lesões ou prejuízos diferentes, portanto, o pedido será diferente mas a causa de
pedir (descrição da matéria fática) será igual devido aos factos que lhes é comum.
A coligação é uma facilidade que a lei dá.

Basicamente a diferença entre a coligação e litisconsórcio é que no litisconsórcio o pedido é o mesmo


ao passo que na coligação o pedido é diferente.

Litisconsórcio voluntário (artigo 27º e 28 CPC) - a obrigação pode até ser solidária (a solidariedade é
que permite atacar só uma pessoa, neste caso um co-devedor).
A pluralidade aqui é voluntária. O litisconsórcio voluntário depende da vontade do autor. Ou seja o
autor é que decide se quer coligação ou não. Caso não intentar ação contra todos não beneficiará neste
caso do crédito na sua totalidade.

Cfr. Artigo 517 CC.

Obs: a coligação pode ser de devedores mas também de credores.

Litisconsórcio deixa de ser voluntário e passa a ser necessário quando essa solidariedade visa uma
obrigação conjunta.
Casos em que somos obrigados a entrar com a ação contra os có-devedores.

Cônjuges devedores.

No litisconsórcio necessário não posso eu cobrar apenas um dos cônjuges porque a obrigação é
conjunta.
Cfr. Artigo 28º e 288º, 474/1 CPC.

Um caso de litisconsórcio necessário cfr artigo ,19 CPC.


Casos em que haverá pluralidade imposta pela lei.

Obs:
*Há uma corrente cá na Guiné-Bissau, defendida por Professor Januário Pedro Correia, que entende
que a injunção é genérica.
As injunções só são conhecidas no tribunal de comércio porque normalmente os contratos que lhe são
submetidos são contratos de comércio ou prática de atos de comércio.
Por este motivo, o Mestre Gorcky entende que se a injunção for considerada comum, poderia ser
31
conhecida pelo tribunal comum.
Portanto, as injunções só se tratam no tribunal de comércio que é o tribunal competente para decidir se
questões onde estejam em causa as atividades dos atos de comércio.

NB: matéria não deste capítulo.

Ónus de prova: quem alega um facto deve poder prová-lo.

Aula do dia 21.01.2020


CONTINUAÇÃO, CONCLUSÃO DO LITISCONSÓRCIO NECESSÁRIO
Cfr. Artigo 28 e 29 CPC

O litisconsórcio necessário recai sobre obrigações indivisíveis.

No litisconsórcio necessário, a falta de uma das partes impossibilita a ação.

Aula do dia 04 de fevereiro de 2020

INSTÂNCIA

Marcha do processo é a tramitação do processo.


Caminhos que o processo vai seguir até a decisão/ sentença de mérito.

Ninguém entra com um processo para depois ser indeferido ou absolvido da instância porque o que se
quer é que o processo entre e saia com uma decisão de mérito.

Havendo uma anomalia no processo, o juiz nunca vai conhecer o mérito da causa

A instância
Constituição da instância
Suspensão
Interrupção
Extinção

Instância em situação normal.

Instância: aquilo que se abre com a entra da petição inicial.


Toda a tramitação de um processo constitui uma instância.

O requerimento do recurso é a abertura de uma nova instância.


Artigo 267 CPC.

A instância começa com a petição inicial. Mas esta regra não é absoluta porque nem para todo o

32
mundo a instância começa com a petição inicial, por exemplo para o réu a instância começa com a
citação.

Saneador momento em que as partes já entregaram todos os documentos salvo...nas situações de


factos supervinientes...

Princípio da economia processual: Tentar praticar tudo o que é necessário sobre um determinado
assunto numa fase processual

Saneador
PRINCIPIO DA ESTABILIDADE DA INSTANCIA artigo 268 CPC
de acordo com o principio dispositivo nao se pode alteral a estabilidade da instância.

Em que circunstania pode haver a modificacao na estabilidade da instância?


cfr. artigo 269 e seguintes do CPC.
a desistencia no pedido ou desistência na instância nao significa o percurso normal no processo...se
acontecer algo como esse, a solução consta nos artigos 272 ss CPC, ARTIGO 293 CPC, efeito da
desistência cfr artigo 295 CPC. Posição do réu nos casos da desistência cfr. artigo 296 CPC.

DESISTENCIA DO PEDIDO TEM OS MESMOS EFEITOS COM A PRESCRICAO OU


ABSOLVICAO DA INSTANCIA.

INSTÂNCIA EM SITUAÇÃO ANORMAL

Aula do dia 05.2.2020

VICISSITUDES DA INSTÂNCIA
A instância começa com a petição inicial e fecha com a sentença (com o reconhecimento ou não do
mérito da causa).

Desistência do pedido é a desistência da instância.

SUSPENSÃO E A INTERRUPÇÃO DA INSTÂNCIA


CAUSAS DA SUSPENSÃO DA INSTÂNCIA
Artigo 276 CPC.

Aula do dia 10.02.2020


CAUSAS DA INTERRUPÇÃO DA INSTÂNCIA E A SUA CESSAÇÃO

A INTERRUPÇÃO da instância Contrariamente da suspensão é motivada pela inércia das partes ou


seja por algum motivo uma parte pode praticar um ato dentro de um período de tempo e não o
praticou. Aqui nada está suspenso, simplesmente nada fizeram.

33
A interrupção da instância é a paragem do processo dentro de um ano . Cfr. Artigo 285 CPC.

Cfr. Artigo 286 CPC


Se por exemplo A tiver que praticar um ato e não o praticou fazendo com que a instância se
interrompa, mas pode acontecer que no momento em que esta pessoa a única que pode retomar a
instância decidir fazê-lo, nesta situação, o que pode acontecer é que o direito que se reclama possa
prescrever-se. Atento a última parte do artigo 286 CPC

AS CAUSAS DE EXTINÇÃO DE INSTÂNCIA artigo 287 CPC


O julgamento
O compromisso arbitral
A deserção
A desistência, confição ou transação

Aula do dia 18.02.2020

CONTINUACAO DAS CAUSAS DA EXTINSAO DA INSTÂNCIA


MARCHA DO PROCESSO
DA PETIÇÃO INICIAL
- GENERALIDADE E REQUISITOS

JULGAMENTO
O julgamento extingue a instância com a sentença cfr. 671 ss CPC

Caso julgado: significa que há uma decisão e sobre esta decisão não se pode pronunciar mais. Apesar
de haver situações em que se pode pedir ao tribunal para fazer a revisão do caso julgado. O caso
julgado significa que foi esgotado todos os mecanismos ordinários para a decisão.

ABSOLVIÇÃO DO PEDIDO
Acontece em dois momentos:
Despacho saneador e na sentença
Absolver do pedido é conhecer o mérito da causa.
Cfr. Artigo 671 CPC aponta que as formas em que se vai conhecer o mérito da causa não é só na
sentença mas também no saneador.

O COMPROMISSO ARBITRAL
Art. 290 CPC
A partir do momento em que as partes decidirem optar por uma solução extra judicial (arbitragem),
extingue-se a instância.

O pacto privativo da jurisdição muita das vezes é um compromisso arbitral prévio. No caso do famoso
resgate as partes lançaram mão ao pacto privativo de jurisdição para se extinguir a instância.

34
DESERÇÃO DA INSTÂNCIA
Artigo 291 CPC
A instância que foi interrompida a partir de um determinado período de tempo é considerada deserta, e
isso dá origem a uma consequência. Isto é, a extinção da instância.

Condenação: Aceitar o que o autor pediu no seu requerimento.

FASE DOS ARTICULADOS


Todo o processo declarativo abre com os articulados (requerimento inicial ou petição inicial).
Articulado - cfr. Artigo 151 CPC

PETIÇÃO INICIAL: Requerimento onde o autor vai expor a sua pretensão processual.
REQUISITO DA PETIÇÃO INICIAL ART. 467:

- Introdução (Introito) / cabeçalho (conter a identificação do tribunal com a carta dirigida ao tribunal);

A identificação dos tribunais é importante porque a génese dessa lei é portuguesa.


- Identificação das partes: autor e réu.
- Identificação da forma do processo.

. Forma comum ( ex: injunção) e especial


Requer uma identificação personalizada.

NARRAÇÃO DE FACTOS ART. 467/C


É isso que muitos autores chamam de causa de pedir.
Artigo 151/2 CPC. Fase dos Articulados

Como é que se narra um facto?


No dia 04 de marco de 2020 as 17 h aproximadamente o autor trafegava com o seu veículo de marca
onda, de cor preta, com a chapa de matrícula nº----- pela avenida do combatente da liberdade da pátria
foi violentamente abalroado transversalmente por um veículo de marca Toyota, cinzenta, metálico...

Considerando que estamos na fase dos articulados, este seria o artigo primeiro.,

Narrar é Contar a história do que aconteceu e que nos leva ao tribunal.


Na narração de factos não se faz a exposição sobre a matéria de direito.

O último momento em que a pessoa pode fazer as alegações factuais superveniente é na audiência.

Aula do dia 04.03.2020


CONTINUAÇÃO DOS REQUISITOS DA PETIÇÃO INICIAL, PEDIDO.

CAUSAS DA RECUSA DA PETIÇÃO INICIAL PELA RECRETARIA

35
Imposto de selo artigo 467 CPC
A petição inicial deve ser dirigida ao presidente do tribunal.
Deve-se indicar o valor da causa como sendo um dos requisitos da petição inicial mas quando não
constam impede a secretaria de receber o processo;
Pois a secretaria não conhece o processo.

É possível impugnar as afirmações da parte contrária, também a prova pericial mas para atacar uma
prova pericial tem que se buscar um perito equiparado.

Na contestação o réu pode recusar pagar nas situações em que pode provar a capacidade técnica do
pintor, qualidade de tinta etc quando deste for mais barato em relação ao apresentado pelo autor.

ALEGAÇÃO DE DIREITO

A alegação de direito é a Subsunção de factos a regras jurídicas.


Não há nenhuma regra no nosso ordenamento jurídico que diz que excepção perentória é do
conhecimento oficioso.

O PEDIDO
Manifestação da pretenção processual, nestes termos de direito solicita ao tribunal que condene...
O pedido pode ser:
Simples
Múltiplo e
De prestação vincenda

A JUNÇÃO E APRESENTAÇÃO DE DOCUMENTOS COM PETIÇÃO INICIAL


A regra é a entrega e quando isso não acontecer cfr. Artigo 523 CPC.
Nestas situações a secretaria pode fixar uma multa em caso de incumprimento da norma supra.

Cfr. Artigo 280 CPC. Suspende-se até quando provar que tem obrigações fiscais.

Distribuição: processo pelo qual se faz a escolha do juiz responsável pelo processo.

RECUSA DA PETIÇÃO INICIAL PELA SECRETARIA


A secretaria pode recuar a petição inicial pela ausência dos seguintes:
 Se a petição não estiver exarada (escrita) no papel selado;
 Se não for dirigida ao juiz Presidente do tribunal;
 Se não mencionar o valor da causa (artigo 314 CPC);
 Se não estiver assinada.

Aula do dia 11.03.2020

36
AS FORMALIDADES LIMINARES
Questões preliminares antes das decisões preliminares que o juiz toma.

Cfr. Decreto-lei nº 6/ 2010 de 14 de junho


Cfr. Decreto-lei nº8/ 2010 de 14 de junho

FORMALIDADES LIMINARES
As formalidades liminares significa o quê que vai acontecer com o processo depois da sua entrada.

 Entrada do processo
 Distribuição - artigos 209 CPC, artigo 216 CPC (a distribuição é o momento em que o
processo vai ser destinado a um juiz que passará a ser responsável para decidir sobre o mérito
da causa). Este processo para a escolha de um magistrado a um processo tem que ser isento.
 Autuação - colocar todos os documentos num único sítio.
 Preparo - cinco dias a contar da distribuição, o autor tem de pagar 15% da taxa de justiça;
Preparos são os 10% dos 10% do valor da causa.
Custa é 10% do valor total.
Preparo é 1% em relação ao valor da causa.
 Despacho Liminar - indeferimento liminar ou in lime; despacho de aperfeiçoamento ou de
não recebimento; despacho anómalo.

Dá-se indeferimento liminar nos seguintes casos:


1) Ineptidão da petição inicial, artigo 193º (nulidades);
2) Falta manifesta de certos pressupostos processuais, incompetência absoluta, falta de
personalidade, incapacidade judiciária e ilegitimidade;
3) Inviabilidade stricto sensu, nestes casos o juiz deve indeferir in limine quando seja evidente que
por algum motivo o pedido do autor não pode proceder;
4) Inadequação formal absoluta da petição inicial, artigo 474º, n.º 3;
5) Não cumprimento do despacho de aperfeiçoamento, sendo a petição irregular, artigo 477;

Obs: é importante conferir se a petição foi corretamente assinada pelo advogado e devidamente
identificado, dirigido a petição inicial ao presidente do tribunal.

- Despacho liminar de aperfeiçoamento


Artigo 477º, casos da petição irregular em que, não podendo dar lugar ao indeferimento liminar, no
entanto, não pode ser recebido por falta de requisitos legais.
Os requisitos em causa são falta de documentos essenciais (152º, 280º e 281, sendo que 523º, n.º 2,
constitui uma excepção), veja-se igualmente os artigos 25º, 33º, 40º, todos eles passíveis de despacho
de aperfeiçoamento na sua falta.

Aula do dia 16.03.2020

37
CITAÇÃO
Os atos processuais são de três tipos: artigo 138 ss (Atos das partes, atos da secretaria e atos dos
magistrados).
Atos das partes; artigo 150 CPC
Atos do tribunal: estes é que desdobram nos seguintes atos:
- Atos da secretaria; artigo 161 ss CPC
- Atos dos magistrados. Artigo 156 ss CPC

Despacho de citação
Se a petição não padecer de um vício, normalmente é chamado o réu à ação.
Portanto o Despacho de citação é o primeiro chamamento do réu à ação, se lhe põe a par dos termos
de processo, dando-lhe o acesso a petição inicial.

Cfr. Artigo 228/1 CPC.

Todas as vezes que também se chama a outra pessoa interessada ao processo, também é designada de
citação.

A citação regular, é pessoal.


Cfr. Artigo 233 CPC.

Há situações em que as citações são ficticiamente pessoais. Artigo 235/2.

Artigo 237/3 CPC


Situação em que se faz a ficção da citação do réu.

Citação com hora marcada 240/3


Este número clarifica de melhor forma a questão de citação pessoal...

Artigo 244 CPC


Citação do réu residente em país estrangeiro.

Cfr. Artigo 182/4 CPC.

Citação Irregular
Artigo 245 CPC.

Aula do 20.04.2020
Sumário:

Contestação, generalidade – Modalidades da defesa do réu sem ser via contestação;

- MODALIDADES DE CONTESTAÇÃO: IMPUGNAÇÃO E EXCEÇÃO.

38
Após a citação do réu, imaginando que não existe nenhuma anomalia na petição inicial que implique o
seu indeferimento ou a sua exigência de aperfeiçoamento que uma vez não cumprida implica o
indeferimento, consequência prevista no artigo 477 CPC.

O réu é citado, após a sua citação e lá tem um prazo de 20 dias para contestar, salvo casos excecionais.

- Obs: a consequência da não contestação é a revelia.

Cfr. Artigo 486 CPC. Prazo da contestação no processo ordinário é de 20 dias.


No processo sumário o prazo é de 10 dias artigo 783 CPC;
No processo sumaríssimo o prazo é de 8 dias nos termos do artigo 794/1 CPC.

O réu pode defender-se sem ser por via da contestação.

Contestação: é aquela forma como se espera que o réu se defenda no processo apresentando assim a
sua posição.

Mas há casos em que o réu vai se defendendo não em termos de contestação como exige o artigo
489/1 CPC.

Quais são esses casos?


- Caso da defesa antecipada; artigo 479/1 CPC. Caso em que o réu vai agravar o despacho da citação
por um ou outro motivo.
O agravo do despacho da citação constitui uma defesa do réu mas essa defesa não é feita no termo da
contestação.

1ª MODALIDADE - Defesa antecipada.


agravação aqui é feita de forma antecipada. Isto é, antes de se cumprir o prazo da citação.
Esta modalidade de defesa é chamada de defesa antecipada.

Quando agravo, em que medida o despacho de agravo suspende o efeito?


- Como é que fica o prazo da contestação?
O réu precisa de contestar apresentando agravo, apresentando a defesa antecipada?

R: o réu só não vai ter que contestar no prazo se o agravo subir com os autos… como veremos no 5º
ano este tipo de agravo suspende os efeitos da citação, logo, enquanto não se decidir sobre a
legalidade da citação, o réu fica com o prazo suspenso.

2ª MODALIDADE - Defesa em separado


Aqui elege-se os casos da incompetência relativa.
Imaginando que o réu recebe a sua citação e a primeira coisa que faz em vez de contestar as alegacões
do autor, entra com um documento onde a única coisa que vai arguir é a incompetência do tribunal.

39
Neste caso, a incompetência é relativa.
- Caso em que o réu não vai contestar mas mesmo assim vai se defender.
- Arguição da incompetência relativa;
- Arguição da suspeição do juiz (isso suspende toda a ação até que um outro juiz assuma o processo);
- Nomeação à ação regulada nos artigos 320 ss CPC.
Nos termos do artigo 320/1 CPC

Nomeação à ação: são os casos em que aquele que for demandado como possuidor em nome próprio
e a possuía em nome alheio, deve nomear a pessoa em nome de quem a possui.
Ex: CASO DO CONTRATO DE ARRENDAMENTO…
Alguém está a reivindicar a propriedade de um imóvel arrendado e cita o arrendatário como réu. O
arrendatário tem a obrigação de nomear o seu senhorio para a ação uma vez que ele (arrendatário) não
é a parte principal apesar de poder atuar como parte assessoria.

- Chamamento à autoria ou demanda?


Artigo 330 CPC.

Importa saber se nesses casos, o prazo fica suspenso.

Cfr. Artigo 321 CPC.

3ª MODALIDADE
- DESFESA POSTERIOR
É defesa posterior porque vai acontecer depois da contestação. Ou seja, o réu contesta e ainda assim
tem uma possibilidade suplementar apresentar o despacho chamado de articulado superveniente.
O réu pode arguir factos que não constavam da contestação mas que servem da sua defesa. Cfr. Artigo
589/2 + artigos 506 e 507 CC.

CONTESTAÇÃO
Momento em que o réu vai se posicionar quanto às alegacões do autor.

DEFESA DIRETA, IMPUGNAÇÃO

Como é que o réu pode contestar?


R: O réu pode contestar de forma direta impugnando os factos alegados pelo autor.
Cfr. Artigo 487 CPC.

Como é que se averigua uma impugnação?


Dá-se uma impugnação quando o réu se defende e contradiz os factos articulados na petição ou
quando afirma que esses factos não podem produzir os efeitos jurídicos pretendidos pelo autor.

40
Nos termos do artigo 490 CPC, quando o réu opta por impugnar, essa impugnação deve ser feita de
forma especificada (chama-se de ónus de impugnação especificada).

Nestes termos, o réu vai ter que impugnar ponto por ponto as alegações do autor.

Ou seja, o ónus de impugnação especificada obriga que o réu tome posição definida em relação a
cada facto articulado, sob pena daqueles factos da qual o réu não tomou posição serem admitidos por
acordo. O juiz vai considerar em tudo que o réu não impugnar especificadamente, que concorda. Isso
pode implicar a sua condenação.

Mais à frente veremos que esta conduta terá o mesmo efeito que a revelia.
É muito importante que o réu posicione em relação a todos os aspetos alegados pelo autor.

IMPUGNAÇÃO
Por outras palavras é contrariar por negação.
A impugnação não é a única forma de se defender.

DISTINGUE-SE A DEFESA POR IMPUGNAÇÃO DA DEFESA POR EXCEÇÃO

DEFESA POR EXCEÇÃO (DEFESA INDIRETA)


A defesa por exceção acontece nos termos do artigo 487/2 parte final, quando o réu alega factos que
obstam a apreciação do mérito ou da ação servindo de causa impeditiva, modificativa ou extintiva do
direito invocado pelo autor.

COMO É QUE O RÉU DEFENDE POR EXCEÇÃO?


Para compreendermos como é que o réu defende por exceção, é importante distinguirmos uma
exceção dilatória, duma exceção perentória.

EXCEÇÃO DILATÓRIA
Visa impedir que o tribunal conheça o mérito da causa, mas não extingue o direito alegado pelo autor.
As exceções dilatórias são todos os pressupostos processuais como podemos constatar nos termos do
artigo 494 CPC.

EXCEÇÕES PERENTÓRIAS
São os casos em que o réu vai arguir a extinção do direito. Ex: situação do caso jugado e a prescrição.

Hoje, em termos de tipologia é uma enumeração meramente exemplificativa.


São perentórias, entre outras, as seguintes exceções:

 O CASO JULGADO
 PRESCRIÇÃO

Quando um direito prescreve e ainda assim o seu titular tenta reivindicá-lo em juízo, o réu tem a

41
possibilidade de arguir a sua prescrição.
Essa arguição não é de conhecimento oficioso.
Cfr. Artigo 495 CPC.

REQUISITOS DA CONTESTAÇÃO
É óbvio que a contestação tem requisitos como a citação.
Eis os requisitos da contestação:

1. O prazo - o prazo para a contestação são vinte dias no processo ordinário (artigo 486 CPC),
dez dias no processo sumário (artigo 783 CPC) e oito dias no processo sumaríssimo (artigo
794/1 CPC). Existem algumas exceções a essas regras do prazo, o MP é concedido a
possibilidade de prorrogar o prazo quando a situação justificar, isso consta do artigo 486
CPC, ainda se quisermos para um processo sumário mas diferente que são as injunções o
prazo para a contestação são quinze dias.

O Mestre Gorky revelou que propôs nos trabalhos para a alteração do CPC mudanças radicais sobre as
contestações para que eles sejam alargados mas no entanto o mesmo processo vai reduzir o número de
peças. As partes passam a ter prazos mais alargados mas reduz o número de peças processuais.

Obs: Para além da petição inicial, podemos contestar, replicar e treplicar, e ainda responder a tréplica,
no caso das propostas que eles estão a elaborar avançou que vão reduzir todas essas fases.

2. A estrutura da contestação - tal como na citação, tem que se fazer a identificação do


tribunal (cabeçalho) e também é obrigado, já nesta fase, identificar o número do processo no
cabeçalho porque a distribuição já identifica a enumeração do processo. Aqui já sabemos
quem é o juiz diferente do caso da petição inicial em que ainda se desconhece o juiz. Na
contestação a notificação já é feita e assinada pelo juiz que foi distribuído o processo,
portanto quem vai contestar tem que dirigir a carta ao juiz, lembrando que na petição inicial a
carta é dirigida ao presidente.
- Identificação das partes da forma como vem na petição inicial, depois há uma narração. A
melhor forma de impugnar ou de fazer exceção de acordo com a tipologia da contestação é
contar também a sua história, pois se o autor tinha contado a sua história na causa de pedir e
depois fazer a conclusão no pedido o réu tem que contar também a sua história, impugnando
ou fazendo a exceção.

Por exemplo: Se o autor tinha dito que houve um acidente, o réu na sua narração pode dizer
que sim houve um acidente e que tinha havido um outro acidente antes, e que provocou um
derramamento de óleo na estrada, logo o réu já está a apontar a sua defesa, através da exceção
mostrando que o acidente foi provocada por uma causa que não lhe é imputável, logo as
consequências do mesmo acidente não podia porque a estrada não foi sinalizada. Por isso na
europa quando há um acidente, há sinalização para que todo o mundo saiba que tem que
reduzir a velocidade.

Mas o réu também pode dizer que não! O nosso acidente aconteceu porque o autor estava em
42
excesso de velocidade e tinha consumido o álcool.

Obs: A narração dá possibilidade do reu contar também a sua história.

Depois disso, temos a CONCLUSÃO


Baseando no mesmo exemplo, o autor tinha pedido a condenação do réu a construir-lhe o carro, o réu
pode pedir o que em maior parte das vezes acontece a sua total absolvição no pedido porque da forma
como contou a sua história impugnando ou excecionando, ou ainda imaginando que a exceção
utilizada é uma prescrição, o réu pode dizer que merece a absolvição porque o autor entrou com o
processo quando o seu direito já tinha prescrito. Logo, pela prescrição nestes termos e demais de
Direito, o réu pede ao juiz responsável pelo processo que lhe absolva do pedido e que condene o autor
a pagar as custas judiciais, há uma regra segundo a qual quem perde a justiça paga as custas judiciais.
A taxa de justiça todos pagam que é 1% do valor ou seja 10% do valor das custas porque as custas são
10% do valor, logo as taxas de justiça são 10% desses 10% o que significa 1% do valor inicial, logo
quem perde paga as custas que correspondem aos 10% do valor da causa.

Ex: 10% de 1 milhão são 100 mil francos CFA e 10% de 100 mil a taxa de justiça são 10 mil francos
CFA e as custas são 100 mil francos CFA.

DÚVIDA SOBRE A FORMA DO PROCESSO!


Cfr. Artigo 460 cc distingue o processo comum do processo especial.
O processo comum são todos os processos e o processo especial são os casos definidos pela lei.
Sobre a forma do processo comum, ele é ordinário, sumário ou sumaríssimo.
Diz o artigo 462 CPC que se o valor da causa exceder o tribunal de relação entregar-se-á o processo
ordinário, se não exceder entregar-se-á o processo sumário excepto se não ultrapassar metade do valor
ligado para a alçada do tribunal de comarca que é no nosso caso o tribunal regional a ação para o
cumprimento da obrigação pecuniária, indemnização, dano, entrega de coisa móvel, o processo é o
sumaríssimo.

Na verdade, o processo ordinário é o processo comum dos processos comuns.

Maior parte dos processos que vamos ter no tribunal regional onde o valor da alçada é superior a esse
tribunal são processos comuns salvo os casos em que a lei determine que o processo é sumário ou
sumaríssimo.

43
Ex: A ação de cobrança de dívida resultante de um contrato escrito constante no ato Uniforme relativo
aos meios de pagamento e vias de execução é um processo sumário, não segue a forma de um
processo ordinário.
É verdade que os tribunais da Guiné depois transformam isso num processo ordinário. Normalmente
os processos sumários têm etapas mais curtas afetam a citação e a contestação e acaba aí, o juiz tem
que decidir e os prazos para a contestação são mais curtos.

Quais são as formas do processo?


R: Ordinário é o processo comum e o processo especial e dentro do processo comum temos o
processo ordinário, sumário e sumaríssimo onde o processo ordinário é o processo comum dos
processos comuns. A maior parte em que se tenha que aplicar as outras formas do processo a lei
determina

Aula do dia 22.04.2020


CONTINUAÇÃO. OS EFEITOS DA AUSÊNCIA DA CONTESTAÇÃO: DA REVELIA

- VALOR DA REVELIA E CASOS EM QUE A REVELIA NÃO OPERA;

- FASE DA CONDENSAÇÃO / DA AUDIENCIA PRELIMINAR.

REVELIA, o que é?
A revelia é a não contestação. Após a citação do réu, o que se espera do comportamento desse réu de
acordo com a forma do processo é contestar, já sabemos que se a forma for comum e o processo for
ordinário, os prazos para contestar são 20 dias, se a forma for comum e o processo é sumário ou
sumaríssimo ou ainda de injunção, os prazos vão dos 15 dias aos 8 dias para contestar.
Por outras palavras, a revelia é ficar calado ou seja, não dizer nada – não reagir.

QUAL É A CONSEQUÊNCIA DA NÃO REAÇÃO?


A não reação do réu pode ainda ser vista de forma absoluta ou de forma relativa.
A revelia é absoluta, quando o réu simplesmente nunca compareceu no processo, nunca praticou
nenhum ato quando se diz nenhum ato, inclui a situação em que o máximo que se conseguiu é citar o
réu. A partir do momento em que o réu não contestar, há uma série de consequências que possa advir
da sua não contestação.

A revelia pode ser relativa quando o réu comparece, até nomeia o advogado mas este não contestou,
não apresentou a peça, falhou com os prazos da contestação. O réu participou porque nomeou, passou
uma procuração a um advogado mas nada mais aconteceu pois não contestou.
Não contestando, entra também em revelia e os efeitos acabam por ser os mesmos.

Obs: Só há revelia quando podemos provar que o réu foi citado e não compareceu no processo.

Qual a consequência desse não comparecimento?

44
Consequência 1 – Para os casos do processo comum ordinário é dar tudo o que foi dito pelo autor
como admitido por acordo ou como uma confissão. (Isso seria um efeito cominatório semipleno
porque o efeito cominatório só é pleno quando no processo sumario e sumaríssimo a revelia tem como
consequência a condenação imediata.

QUAIS SÃO OS EFEITOS DA REVELIA?


Os efeitos da revelia constam nos artigos 484 CPC para os casos do processo ordinário e os artigo 783
e 784 para os casos do processo sumário, artigo 794, 795, 796 para os casos do processo sumaríssimo.

A revelia no processo ordinário significa que se o réu não contestar, tendo sido ou devendo
considerar-se citado regularmente. Portanto só há consequência quando o réu foi citado regularmente
ou deve-se considerar que foi citado regularmente.
Quando acontecer esses factos consideram-se confessados os factos articulados pelo autor se o reu não
reagir a arguição do autor que é o mesmo a dizer não contestou. A falta da contestação significa que
ele confessou tudo o que foi dito pelo autor. É óbvio que essa confissão só prova os factos que o
próprio autor tinha apresentado provas. Quem alega um facto deve poder prová-lo (ónus da prova), se
o autor alegar factos que nunca ofereceu documentos comprovativos ou testemunhas que o
comprovem ou ainda outros meios de prova, esses factos também não vão ser considerados
confessados porque ele não cumpriu o princípio do ónus de prova cfr. Artigo 341 CPC.
Cfr. Também o artigo 342 CC.

Já vimos quando falamos da petição inicial que toda a alegação deve ser acompanhada pelos
documentos ou factos que o comprovem. O autor quando diz que houve um acidente e que teve
sinistro em toda a parte de frente da viatura se não apresenta uma fotografia que prova que houve esse
sinistro, se não apresenta um relatório de um mecânico – neste caso é uma prova pericial que mostra a
gravidade do sinistro da viatura, o juiz nunca poderá aceitar que os danos que ele apresenta da viatura
são tal como ele o diz.

O Principio do ónus da prova não prejudica e nem é dispensado nos casos da revelia. Os únicos factos
que serão confessados nos casos da revelia são os factos pelos quais o autor apresenta uma prova.
O autor pode até apresentar uma prova fraca ou até não dizer verdade em relação a prova, mas como o
réu não reagiu, não contestou, está em revelia, estes factos vão ser considerados como provados pelo
juiz. É isso a gravidade da revelia num processo ordinário.

No processo sumário e sumaríssimo todos os factos provados imediatamente nos termos dos artigos
783, 784 – processo sumário, 795, 796 – processo sumaríssimo, considera-se que o autor é condenado
no pedido.

No processo ordinário temos confissão e no processo sumário e sumaríssimo a condenação.

Obs: Os efeitos da revelia variam de acordo com a modalidade do processo e não é um mero
capricho.
45
Por exemplo as questões que dão azo a um processo sumaria já são de tal forma evidentes que a não
participação do réu no processo a única consequência que deve ter porque também se quer que o
processo seja célere, é a condenação do réu por não ter intervindo no processo.

CASOS EM QUE A REVELIA NÃO VAI OPERAR


No fundo estamos aqui a indagar os casos em que a revelia (não contestação do réu) num determinado
caso não opera.
1º Facto – se o réu não contestar porque não foi citado, não podemos considerar que o réu está em
revelia. Pois, não se pode esperar que alguém vai reagir num processo que não sabe que está a correr
no tribunal. Se o réu não reagir, em termos técnicos, é revel mas em termos de efeitos, não existe
nenhum efeito porque não foi citado. Cfr. Artigo 484 CPC, nos termos deste artigo a condição é ser
citado ou ser considerado citado.
Ser considerado citado é os casos em que o réu recusa receber a citação. Se não receber a citação de
forma injustificada pelo menos vai se considerar que ele foi citado.

Portanto, todos os efeitos negativos da não contestação lhe cairá em cima, mas se o réu nunca foi
citado e nem se poder ser considerado como citado, não há efeitos.
Existem ainda outras e exceções (…) por exemplo: não se aplica o efeito cominatório pleno (são os
casos em que os efeitos da revelia para o processo sumário e sumaríssimo, onde não contestar, uma
vez citado, significa condenação) nem semipleno (que são os casos em que a não contestação
significa a confissão…a exceção a efeitos cominatório pleno e semipleno consta no artigo 485 CPC,
onde na sua alínea a) prevê que, quando havendo vários réus alguns deles contestar relativamente aos
factos que o contestante impugnar. Ou seja, nos casos da pluralidade passiva e um contestar, a
contestação de um não aproveita os outros assim como também a revelia deles não lhe prejudica – isto
é, eles não vão ser condenados em revelia.

Alínea b) do artigo 485 CPC prevê que quando o réu ou alguns dos réus for pessoa coletiva ou for um
incapaz e a causa estiver no âmbito da incapacidade. Também é outra situação em que a revelia não
vai produzir os seus efeitos;

Cfr. Alíneas c) e d) ambos do mesmo artigo.

EFEITO COMINATÓRIO PLENO E O EFEITO COMINATÓRIO SEMIPLENO


O Efeito cominatório pleno do processo sumário e sumaríssimo significa que a ausência do réu no
processo (revelia) vai ter como consequência a sua condenação ou seja a ausência do réu no processo
vai implicar que os factos alegados e provados pelo autor serão vistos como admitidos por confissão.
Só que, aqueles factos alegados e provados podem não ser suficientes para a condenação do réu, então
nunca vamos ter a condenação do réu se o autor não conseguir provar outros factos. Também é
possível no despacho saneador que se siga a revelia que o juiz não decida pela condenação mas sim
exigir ao autor a apresentação de provas. O Principio de ónus de prova continua muito forte no efeito
cominatório semipleno.

46
O quê que o efeito cominatório faz?
O efeito cominatório impede a avaliação dos meios da prova, impede a acareação (confrontação) dos
meios de prova. Ex: este apresenta um documento que diz A e outro apresenta um documento que diz
B. como não houve a contestação, também não vai haver a confrontação. Das duas, uma – ou
considera-se que o que ele diz é verdade e retira-se as consequências no caso do processo ordinário ou
considera-se que o que o autor diz não só é verdade como condena automaticamente o réu no pedido
que é o caso do processo sumário e sumaríssimo.
Obs: na contestação é que se faz o pedido reconvencional tal como podemos constatar de novo no
artigo 501 CPC. A reconvenção constitui pedidos autónomos do réu conexos com o pedido do autor se
não existir essa conexão o réu vai ter que entrar com uma ação autónoma.

Obs: O nosso processo acaba na resposta a tréplica.

Portanto, havendo a contestação e existindo factos que importar ao autor reagir, o autor apresenta uma
tréplica… a tréplica de novo em termos de requisitos terá que ter a mesma estrutura (indicação do
tribunal, indicação das partes e indicação da peça) – neste caso a tréplica que é regulada no artigo 502
CPC).

A seguir, o autor só precisa falar de factos novos apresentados pelo réu na contestação, aquilo que não
for novo não vale a pena.
É verdade que na prática, os advogados repisam nos vários assuntos que já tinham tocado na petição
inicial. Mas o juiz deve desvalorizar.
A única coisa que deve importar ao juiz na avaliação da tréplica são as questões novas introduzidas
pelo réu na contestação. No fundo, está-se a dar possibilidade ao autor de reagir à oposição que é a
contestação do réu.

Havendo a notificação da contestação o autor tem um prazo para replicar como podemos ver no artigo
502 CPC. A réplica passa a ser a contestação na verdade quando se tratar de uma reconvenção porque
há um pedido do réu e sobre esse pedido o réu é o autor e sobre esse pedido, a sua reação é uma
contestação e diz mais, nas ações de simples apreciação negativa, a réplica também serve para o autor
impugnar os factos constitutivos que o réu tenha alegado para alegar factos impeditivos. Na verdade,
nas ações de simples apreciação negativa a réplica é um segundo momento que o autor vai ter para
intervir porque ele tem só houve as ações de simples apreciação negativa porque o réu fez afirmações
públicas contra as quais o autor teve que exigir o tribunal que o exija que reconsidere essas mesmas
afirmações.
Quando eu vou dizer ao tribunal que diga a pessoa para dizer que eu não fiz o que ele disse que eu fiz,
na verdade eu já estou a contestar porque o autor já tinha afirmado embora não tivesse sido em juízo.

O prazo para a réplica é de oito dias, havendo a contestação, notificando o autor sobre a contestação, o
autor tem oito dias para replicar.
Mas se estiver em causa uma ação de simples apreciação negativa ou se estiver a reagir ao
pedido reconvencional o prazo é o prazo da contestação (20 dias) nos termos do artigo 502/3
CPC.

47
A tréplica também tem os prazos da réplica uma vez notificado o réu, ele tem oito dias para reagir a
tréplica nos termos do artigo 503 CPC.

NB: o nosso processo ainda prevê mais outras peças que é a resposta a tréplica mas a resposta a
tréplica é uma situação excecional que acontece só nos casos onde haja uma ação de simples
apreciação negativa ou um pedido reconvencional. Só nesses casos há resposta a tréplica, se não
acontecer o processo termina no oferecimento da tréplica.

A tréplica é a reação do réu a réplica do autor e a resposta a tréplica é a reação aos casos da ações de
simples apreciação, neste caso apreciação negativa e o pedido reconvencional e isso faz-se e a ultima
peça é a resposta a tréplica.

A primeira fase da marcha do processo é a fase dos articulados, que tem:


 Petição inicial;
 Contestação;
 Réplica;
 Tréplica (…) em condições normais acaba aqui (…) e
 Eventualmente resposta a tréplica; nos casos em que haja um pedido reconvencional ou
uma ação de simples apreciação negativa e ainda um articulado superveniente.

*Nas ações de simples apreciação negativa e no pedido reconvencional quando acontece na


contestação há o oferecimento da resposta a tréplica.

Aula do dia 24.04.2020


Sumário:
Do articulado superveniente. Generalidades

FASE DA CONDENSAÇÃO:
 Audiência preliminar do saneador
 Do despacho saneador: da especificação, do questionário ou da decisão no saneador
sobre o mérito da causa ou sobre pressuposto processual.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
::::::

ARTICULADO SUPERVINIENTE
O articulado superveniente é o último aspeto da fase dos articulados, o articulado superveniente
permite as partes quer o autor, quer o réu, apresentar o articulado desde que o facto a ser alegado seja
também um facto superveniente.

REQUISITOS
1º REQUISITO- apresenta-se articulado superveniente para alegar factos supervenientes. Cfr.506/1

48
CPC.
No fundo, o articulado superveniente pode ser entregue até a audiência, discussão e julgamento.

Facto superveniente (significa no fundo seu desconhecimento). O juiz só pode aprovar o articulado
superveniente quando for provado que o facto também é superveniente.

Ex:

A prova sobre a superveniência dos factos consta ainda do próprio artigo 506/2 CPC.
Factos supervenientes não são só factos novos que ocorram depois da fase do articulado. Pode ser um
facto anterior.
Maior parte dos factos supervenientes relevantes para o processo não vão ocorrer depois…já
ocorreram antes mas simplesmente as partes não tiveram conhecimento. A prática prova que a maior
parte desses factos é anterior aos articulados.

Quando as partes tiverem conhecimento do facto superveniente passam a ter um prazo de 10 dias para
arguir um facto superveniente, tudo isso tem que ser provado. Pois, se a outra parte provar que a outra
parte teve conhecimento há um mês, de novo não vai poder arguir esses factos porque são factos
supervenientes.

No direito comparado há muita discussão sobre o momento em que o juiz deve aceitar factos
supervenientes…mas aqui o debate não é daquele nível.

Obs: um facto novo que ocorra depois do articulado e que beneficie uma das partes pode ser arguido,
mas um facto anterior aos articulados mas que só teve conhecimento depois dos articulados também
pode ser arguido por quem beneficia. Essa arguição tem que ser feita 10 dias subsequentes a tomada
de conhecimento e ainda é possível fazê-lo mesmo que tivesse conhecimento desses factos durante a
discussão antes do seu encerramento. Ou seja, na última fase do processo.

Sendo a fase dos articulados, o processo passa a ser dirigido pelo juiz e de acordo com o nosso
sistema, num prazo de 10 dias o juiz deve convocar uma audiência preparatória que só é
obrigatória nos casos em que o juiz entenda os seguintes:

1º Que tem condições para decidir; (isto é, havendo matérias provadas suficientemente para o juiz
decidir sobre o fundo da causa);
2º Que existem exceções dilatórias que possam pôr fim ao processo; (as exceções dilatórias são
causadas pelos pressupostos processuais).
3º Que haja uma exceção perentória que possa também obrigá-lo a tomar o conhecimento do
mérito da causa. (A exceção perentória é igual ao conhecimento do mérito da causa).

NB: Além desses casos, há situações que podemos referenciar tais como:
- Convidar as partes para uma transação (solicitar as partes para decidirem elas mesma sobre o
processo) ou para uma audiência conciliatória.

49
Se o juiz não tiver essas questões, quando muito, o juiz tem de provocar essa audiência para questão
conciliatória.
Na verdade aqui na Guiné os juízes só marcam essa audiência para efeito conciliatório mesmo nos
casos em que o juiz sabe que tem motivos para decidir sobre o mérito da causa, esquecem sempre da
obrigação de audiência preparatória. Tomam decisões sobre o mérito da causa, mesmo que
efetivamente existe matéria provada suficiente mas eles não marcam audiência. Sobre este caso, o
legislador é claro. Se tiver matérias provadas suficiente por exemplo houve a violação do ónus de
impugnação especificada do artigo 490 CPC, em que réu contestou, mas não impugnou
especificadamente aspetos essenciais que permitam ao juiz decidir que já há matéria para
decisão, o juiz deve marcar a audiência preparatória, não deve tomar decisão sem marcar essa
audiência preparatória.

A audiência preparatória está regulada no artigo 508 CPC.

Depois da audiência preparatória, o juiz vai elaborar aquilo que se chama do despacho saneador.
Por isso a fase da condensação é conhecida também como a fase de saneamento.

Porquê Saneamento?
Porque é aqui que se o processo vai continuar, o juiz vai definir o que é que vai acontecer ao processo
a partir deste momento.
O juiz terá de elaborar os dois documentos que são: a especificação e o questionário se o processo
tiver que seguir.

Mestre: nunca vos disse que o despacho só vai ser feito depois da audiência preparatória. Pois, se o
juiz não tiver motivo para pôr termo ao processo ele não precisa marcar a audiência preparatória mas
mesmo assim vai elaborar o despacho saneador para produzir a especificação e o questionário.
O juiz tem sempre que fazer o despacho saneador independentemente da necessidade ou não de
marcar uma audiência preparatória.

Se marcar a audiência preparatória, significa que tem motivos para pôr fim ao processo. Ele pode
depois não pôr fim ao processo mas terá feito essa tentativa ou por via de transação ou por via de
conhecer o mérito da causa.

Qual é o centeúdo do despacho saneador?

O conteúdo do despacho saneador nos termos do artigo 510 CPC, o despacho saneador vai conhecer
as exceções dilatórias, os casos da absolvição da instância. Imaginando que há um pressuposto
processual que afete o juiz vai conhecer o despacho saneador-sentença que vai absolver o réu da
instância.

Em segundo lugar, decisão sobre exceção dilatória, decisão sobre exceção perentória, quando decide
sobre exceção perentória vai conhecer o mérito da causa ou condenando no pedido ou absolvendo o
réu do pedido na situação em que exceção perentória seja um caso julgado, se a exceção perentória for
a prescrição, vai absolver o réu do pedido.
50
Qual é a diferença entre a exceção perentória e a exceção dilatória?
A exceção dilatória permite retomar o processo (…).
A exceção perentória vai pôr fim ao processo e nunca mais vai se voltar ao assunto.

Em terceiro lugar, dissemos nós que a marcação de audiência pode ser também porque já havia
matéria suficientemente provadas que permita o juiz decidir sobre o mérito da causa. Os casos podem
ser os casos da revelia, mas também podem ser os casos em que não houve uma impugnação
especificada de varias questões essenciais que permitam o juiz decidir sobre o mérito da causa. Nesses
casos, na verdade, a decisão no saneador é uma pura sentença, normalmente chama-se de saneador-
sentença.

Porquê saneador-sentença?
Porque efetivamente existem matérias provadas suficientes para conhecer o mérito da causa. Cfr.
Artigo 510/c CPC.
A não impugnação especificada do réu permite ao juiz dado a qualidade do material provado pelo
autor conhecer o mérito da causa já no despacho saneador.

Pode acontecer também os seguintes:


1º Não houve matéria para absolvição da instância ou seja, exceção dilatória;
2º Não houve matéria para a exceção perentória, nem se quer existem matérias provadas o suficiente
para decidir sobre o mérito da causa.

Nestas situações, o juiz é obrigado a organizar a especificação e o questionário.

Artigo 510/4 CPC consagra que quando se julgue procedente alguma exceção perentória ou quando
conhece diretamente do pedido, o despacho saneador é um saneador sentença. É mais uma sentença
dada o seu valor que conheceu sobre o mérito da causa.

Aula do dia 29.04.2020


Sumário:
Questionário e especificação: Continuação.
Fase de instrução:
- Generalidades
- Noção da prova
- Objeto da prova
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
::::::

QUESTIONÁRIO & ESPECIFICAÇÃO

Quando é que o juiz vai elaborar o questionário e a especificação?

51
Levando em consideração que ainda estamos a falar da fase de condensação, fase em que o juiz pode
pôr termo ao processo quando as provas são suficientes para o efeito. Quando assim é, o juiz vai
marcar uma audiência preparatória e por via dessa audiência produzir uma sentença condenatória.
Mas também o juiz pode pôr termo ao processo existindo um outro facto que possa pôr termo ao
processo como por exemplo a exceção dilatória, mas neste caso a sentença não é uma sentença do
mérito porque aqui o juiz não vai decidir sobre o fundo da causa mas sim é um pressuposto processual
que vai impedir o juiz de conhecer o mérito da causa.

Pode acontecer que não existem condições para o processo parar nesta fase (condensação) apesar do
juiz averiguar se existe uma exceção dilatória que possa fazer ablorver o reu da instancia não
encontrou. Apesart de tentar a conciliação através de audiência conciliatória também chamada de
conferencia porque acontece na maior parte das vezes para ver se existem condições das partes porem
termo ao processo através de uma conciliação (audiência conciliatória).

Cfr. Artigo 510/4 CPC.

A fase da condensação vai permitir a produção do questionário e da especificação.

O QUE É A ESPECIFICAÇÃO E O QUE É O QUESTIONÁRIO?

Especificação - o conteúdo da especificação e o memento que o juiz vai elaborar para dizer que
aqueles fctos alegados pelo autor. A especificação só contém matérias de facto nos termos do artigo
511 CPC, a especificação faz caso julgado formal porque as matérias aqui constantes vão contribuir
para a decisão final. Isto é, toda a matéria que consta da especificação apos atendido a reclamação nos
termos do artigo 511/3 CPC e sair a decisão final sobre essa reclamação tudo que contém na
especificação nunca mais será discutida nesse processo inclusive no julgamento.
Obs: A especificação e o questionário só são elaborados quando o processo vai prosseguir para a fase
seguinte.
Não havendo especificação e questionário, significa que o processo termine como vimos nos termos
do artigo 510 CPC.

O QUE É QUESTIONÁRIO?
São aquelas questões que o autor alega, que o réu contesta impugnando ou excecionando e o juiz não
sabe nesse momento quem diz a verdade sobre esses factos. Todos esses factos que vão para instrução
(processo de apurar quem tem a razão) vão constar do documento chamado de questionário. Mas se
juiz não incluir o facto que ainda não tiver provado no questionário não significa que no futuro o juiz
não vai poder incluir esses facto no memento de discussão, da audienica e do julgamento.

Por isso também se diz que o questionário não faz o caso julgado formal como acontece com a
especificação. O que contar do questionário não é fechado, o que significa que mais tarde o juiz pode
acrescentar mais factos que precisar, pois se o objetivo é apurar a verdade dos factos, não faz nenhum
sentido que questionário seja visto como um documento fechado.

Não há nada que justifique que o questionário seja um documento fechado e por isso ele não faz caso
52
julgado formal, é um complexo de questões e não uma decisão.

Quando o juiz faz o questionário é no fundo uma decisão sobre as provas (sobre questões de facto), os
factos provados pelo juiz no julgamento têm o mesmo valor com a especificação que acontece na fase
de condensação.

Quando pircludirem os prazos da reclamação e do recurso, para fazer caso julgado formal, a
especificação é passível ao recurso de agravo, percludindo o prazo de recurso quer no agravo quer na
reclamação a especificação faz caso julgado formal, isto é, ninguém mais volta a discutir sobre essa
matéria.

FASE INSTRUTÓRIA
A fase instrutória é a fase mais longa do processo. Porquê?
Porque há uma obrigação das partes provarem tudo o que vai ser dito. Se a instrução é juntar as
questões que ainda não forem provadas para levar ao julgamento, essa fase começa com a petição
inicial quando as partes entregam os documentos comprovativos (provas sobre os factos alegados
na petição inicial) nos termos do artigo 512 e 523 CPC.

A fase instrutória distingue-se em dois sentidos:


 Sentido cronológico, tem dois momentos que não:
 Términes Aquó – que significa a fase em que as partes são notoficadas para a
intrução nos trmos do artigo 512 CPC;
 Términes Aquent – que retrata a fase de audiência final que é o fim da instrução
onde se vai discutir sobre os factos ainda não provados.
 Sentido lógico da fase instrutória O sentido logico da fase intrutoria é aquele que permite
definir essa como uma atividade processual tendente a coligir no processo os meios de prova
a utilizar e preparar a sua utilização. No fundo, o sentido logico tem a ver com a função dessa
intrutoria.

NOÇÃO DA PROVA
É importante destacar que se olharmos para o código do processo civil não vamos encontrar a noção
da prova, mas se olharmos para o artigo 341 CC veremos que as provas têm por função a
demonstração da verdade dos factos. Portanto, do ponto de vista do legislador de 66 podemos dizer
que a noção da prova é a demonstração da realidade dos factos. Alias entende-se mesmo que a
noção da prova é mais uma realidade substantiva que uma realidade processual.
Da mesma forma que os meios da prova são tratados na sua maioria no código civil, alguns no código
processo civil porque também entende-se que os meios de prova são na sua grande parte questões
substantivas e não adjetivas. Pois, o código civil aplica-se suvbsidariamente ao código do processo
civil sempre que não encontramos uma norma no direito processual civil.

A noção da prova legal é que a prova tem por função a demonstração da realidade dos factos. Cfr.

53
Aritgo 341 CC.

OBS: quer o questionário, quer a especificação não podem tratar as questões que não foram alegadas
cfr. De novo o artigo 511 CPC, o que está em causa aqui é o princípio dispositivo.
Aquilo que não for alegado não vai ser discutido no tribunal.
O juiz não tem que levar em discussão os factos que não foram alegados pelas partes, pois a vontade é
das partes.

Aqui não interessa o sentido social, sociológico ou moral da prova mas sim o sentido jurídico ou a
verdade processual. Preocupa-se em saber o que foi discutido e no que foi discutido o quê que se
provou.

Obs: Fala-se em prostitutas dos meios de provas para referir a fragilidade dos meios de provas.

Aula do dia 14.05.2020


Sumário: noção e objeto da prova: continuação;
Ônus da prova e princípios gerais do direito probatório.
:::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::::
::::::

O objeto da prova no fundo tem que ver com o que é que se visa provar.
Portanto, o objeto da prova neste caso são os factos alegados.
Todos os princípios que norteiam a contestação e os articulados subsequentes mostram que a única
coisa da qual vamos falar, todos os princípios que norteiam a própria apresentação, o fundamento do
ónus da prova visa efetivamente a demonstração dos factos.

Quando se fala dos factos é importante distinguir as questões factuais e as questões de direito.
As questões de direito não são objetos da prova, ninguém prova que a definição, a subsunção que
damos ao ato, ninguém o prova com facto.

O que é que se faz para convencer um juiz dos factos que vamos alegar do ponto de vista
jurídico?
R: Deve-se fazer citação aos juristas de renome, fazer citações e exemplificações a casos similares e
da subsunção que foi dada se quisermos neste mesmo tribunal – a tal jurisprudência.
Portanto convence-se o juiz sobre as questões de Direito. Argumenta-se para convencer o juiz sobre as
questões de Direito, pois, elas não se provam.

As outras questões também que dispensam a prova constam do artigo 514/1 CPC, que são os factos
notórios, os factos de conhecimento geral. Estes não precisam ser provados por ninguém.

PRINCIPIO DO ÓNUS DA PROVA


O principio do ónus da prova está consagrado no artigo 342 CPC segundo o qual o ónus da prova
entra sempre nas situações jurídicas passivas agora que é uma condição, é uma desvantagem do qual
54
temos que passar para ter vantagem.
Antes de reconhecerem os nossos direitos temos que provar os factos que alegamos que justifiquem a
atribuição desses direitos.

Ex: Antes de eu poder ser visto como proprietário de um bem que eu adquiri tenho que provar o
contrato de aquisição e entrega do mesmo bem pelo anterior titllar.

Portanto, o principio do ónus da prova é o principio segundo o qual os factos alegados devem ser
provados pelo autor da alegação.
Só não vai acontecer assim nos casos da inversão do ónus da prova.

Casos da inversão do ónus da prova


Ex: casos em que o legislador prevê uma presunção de culpa. Uma das formas da dispensa do ónus da
prova são as presunções legais.
Quando há essa presunção, significa que há uma dispensa da apresentação da prova dos factos
alegados.

Aula do dia 14.09.2020


CONTINUAÇÃO DA AULA ANTERIOR

Os vícios que afetam a sentença são de dois tipos:


- vício de forma (exemplo a falta de assinatura)
- vício de conteúdo (no processo diz-se questão de fundo)

A doutrina portuguesa vai buscar outro tipo de classificação que na verdade não é vinculativa.

Defendida por Paulo Cunha

- Vício de essência (vício de forma) ex: falta de assinatura; artigo 157 CPC

- vicio de formação (questão do erro); patologia do sistema volitivo declarativo.

Vícios e forma (remete a todo o regime de nulidade). Artigo 201 ss CPC

Cfr. Artigo 668 CPC (vício de forma)

Maior parte de vícios vão ser feridos de nulidade.

55
56

Você também pode gostar