Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
O que é “questionar” um texto para construir seu sentido (ao invés de decifrá-lo)
Gostaríamos agora de tentar responder de maneira mais concreta possível a pergunta que nos
é feita na maioria das vezes:
COMO FAZER LER AS CRIANÇAS QUE NÃO SABEM DECIFRAR? PARA QUE SERVE O PROFESSOR?
Observemos primeiro, a título de preâmbulo, que as crianças não tem esperado por nós para
questionarem livremente o escrito.: na rua, em casa, até na escola, elas dedicam muito tempo
em avançar hipóteses de sentido sobre os cartazes, as vitrines das lojas, as prateleiras dos
supermercados, as embalagens dos produtos alimentícios, os jornais, as histórias em
quadrinhos, as obras de literatura infantil, etc.
Elas fazem isso a partir de indícios que vão desde as ilustrações até o formato e a cor,
passando, entre outros, pelas palavras e que, de todo modo, estão muito ligadas ao contexto
no qual tais escritos são encontrados.
A pergunta que se coloca é esta: o que a escola faz para utilizar e desenvolver e não contrariar,
as competências que as crianças constroem assim? E quais as atividades a serem
implementadas para encorajá-las?
Um colega que veio numa de nossas aulas para “ver no que isso pode dar” participou-nos suas
surpresas:
A natureza do texto
- “Com o Sablier, eu costumo propor a leitura de textos criados pelas próprias crianças”.
Estamos longe da leitura que começa com a primeira palavra e chega à última respeitando-se a
ordem da escrita.
- “Nenhuma leitura individual em voz alta pelas crianças. Nesse dia, a professora escolheu ler o
trecho, porém, não é a regra geral. Às vezes, uma criança pede para ler, noutras, deixa-se o
texto sem tê-lo lido quando parece indispensável fazê-lo Senão, como perceber que as
crianças sabem ler”?
As crianças já leram o primeiro episódio dessa aventura. Elas têm pensado muito sobre esses
estranhos bandidos com as estranhas máquinas-de-assustar (um bacamarte, um fole que joga
pimenta-em-pó e um grande machado vermelho). Até imaginaram, escreveram e ilustraram
várias sequencias possíveis. Hoje, estão confrontando suas hipóteses com a sequencia (da
história) propostas pelo próprio autor: “E aí, o que aconteceu de verdade?”.
As crianças leem em silencio a pagina ampliada pela professora sobre folhas de desenho:
Após esse período de leitura silenciosa, as crianças (que não têm as ilustrações do álbum ante
os olhos) comunicam suas descobertas:
Outra criança localiza a palavra cães num texto anterior afixado na aula. “é um cão policial”,
diz uma terceira.
- “Se fosse um cão policial, haveria a palavra “ataque”. A pedido da professora, a palavra
“ataque” é escrita por um aluno no quadro. As crianças conhecem a palavra, pois a utilizaram
ao inventarem uma possível continuação da primeira parte.
Uma criança vai até o fichário e apresenta aos seus colegas as fichas com as palavras “fifi” (o
nome do coelho da aula) e “filha”. A hipótese é afastada uma primeira vez.
Para ajudar as crianças a localizarem a palavra “fugiam”, a professora retoma uma palavra
conhecida por elas, a palavra “fuga”.