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UNIVERSIDADE PITÁGORAS UNOPAR

GILMÁRIA FERREIRA BATISTA

MARIA TEREZINHA BATISTA LIMA

MICHELLE REIS DE OLIVEIRA ANDRADE

ROMILDA DE CARVALHO SOUZA

A sociedade capitalista e suas expressões sociais com ênfase no


século XIX e a primeira metade do século XX

Alagoinhas-Ba
2019
GILMÁRIA FERREIRA BATISTA

MARIA TEREZINHA BATISTA LIMA

MICHELLE REIS DE OLIVEIRA ANDRADE

ROMILDA DE CARVALHO SOUZA

A sociedade capitalista e suas expressões sociais com ênfase no


século XIX e a primeira metade do século XX

Trabalho apresentado ao Curso de Graduação em Serviço


Social da UNOPAR - Universidade Pitágoras Unopar, para as
disciplinas Acumulação Capitalista e Desigualdade Social;
Estatística e Indicadores Sociais; Fundamentos Históricos,
Teóricos e Metodológicos do Serviço Social I; Formação
Social, Histórica e Política do Brasil; Seminário
Interdisciplinar III.

Professores: Rosane Aparecida Belieiro Malvezzi, Hallynnee


Héllenn Pires Rossetto, Paulo Sérgio Aragão, Juliana Arruda.

Alagoinhas-Ba
2019
SUMÁRIO

1.INTRODUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------4
2. DESENVOLVIMENTO ------------------------------------------------------------------------5
3. CONCLUÇÃO -----------------------------------------------------------------------------------9
REFERÊNCIAS ------------------------------------------------------------------------------------10
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1.INTRODUÇÃO

O presente trabalho parte da importância da contextualização do processo de


intensificação da sociedade capitalista, seus reflexos sociais na conjuntura mundial e no brasil
e suas formas de enfrentamento ao final do século XIX até a segunda metade do século XX.
Em modos de produção pré-capitalistas, a pobreza e as desigualdades sociais eram
intimamente ligadas à escassez, tendo como consoante o baixo grau de desenvolvimento das
forças produtivas e das relações de produção, ou seja, a emergência do modo de produção
capitalista fez-se sentir em todas as esferas da vida humana.
Com isso o desenvolvimento deste trabalho tem como justificativa direcionar e
problematizar a sociabilidade capitalista e a natureza intrínseca do capital, abordando as
tendências verificadas hoje nas políticas sociais, particularizadas na ação do Estado brasileiro.
Com base nos estudos desenvolvidos sobre o tema, este trabalho tem como objetivo
geral; apresentar a sociedade capitalista e suas expressões sociais com ênfase no século XIX e
a primeira metade do século XX. Dentre os objetivos específicos estão; analisar a
consolidação da sociedade capitalista e suas expressões sociais com ênfase no século XIX e a
primeira metade do século XX, discorrer sobre a conjuntura brasileira ao final do século XIX
até a primeira metade do século XX, refletir sobre as medidas da sociedade civil e do Estado
para o enfrentamento das expressões da questão social na primeira metade do século XX,
analisar e apresentar a relação entre o capitalismo, os indicadores sociais e as políticas sociais,
analisar a abolição da escravatura e suas consequências a partir da ótica da intensificação da
sociedade capitalista.
O trabalho está dividido em três capítulos. O capítulo 1 apresenta à parte introdutória,
o objetivo geral deste trabalho e a justificativa. O capítulo 2 apresenta a revisão bibliográfica
sobre o assunto e o capítulo 3 apresenta a conclusão sobre os resultados obtidos.
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2.DESENVOLVIMENTO

De acordo com Santos (2012), a questão social decorre das contradições e


desigualdades sociais produzidas no capitalismo, caracterizadas por relações conflituosas e
antagônicas entre capitalistas e trabalhadores. A questão social emerge na cena pública na
primeira metade do século XIX, a partir da organização coletiva e luta dos trabalhadores
reivindicando direitos de cidadania, assumindo assim, também uma dimensão política
(Iamamoto, 2007). Vinculada à luta de classes e reconhecida suas contradições, a questão
social envolve conformismo, resistência e rebeldia dos indivíduos sociais diante das formas de
exploração e opressão vigentes na sociabilidade do capital.
A partir de uma perspectiva de totalidade, a questão social precisa ser analisada com
base no processo de acumulação e reprodução capitalista, pois, contraditoriamente, na medida
em que a produção da riqueza é coletivizada, o seu resultado final é apropriado de maneira
privada. Além do mais, a questão social assume particularidades e desdobramentos
diversificados de acordo com a formação sócio-histórica regional e/ou nacional (Ianni, 2004).
Por ser a questão social expressão das contradições advindas da relação capital/trabalho, é
importante analisar a morfologia do trabalho (Antunes, 2005) na sociabilidade capitalista
como forma de decifrar as manifestações e o redimensionamento da questão social na
contemporaneidade.
Neste contexto o esquecimento e desprezo deram lugar ao repentino interesse da classe
burguesa pelas condições de vida e de trabalho dos operários. As péssimas condições de vida
da classe trabalhadora só passaram a ser percebidas pela burguesia e seu comitê executivo
quando a luta operária ganhou força e expressão na arena política, com os sindicatos e
partidos políticos proletários. Antes, pauperismo e fome eram um problema exclusivo dos
pobres operários escondidos nas periferias dos grandes centros urbanos. A partir das lutas
sociais e políticas do proletariado, surge a “questão social”.
A ‘questão social’ não é senão as expressões do processo de formação e
desenvolvimento da classe operária e de seu ingresso no cenário político da
sociedade, exigindo seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e do
Estado. É a manifestação, no cotidiano da vida social, da contradição entre o
proletariado e a burguesia, a qual passa a exigir outros tipos de intervenção, mais
além da caridade e da repressão. (IAMAMOTO e CARVALHO, 2000, p.77)

Dentro deste cenário surgiu a “questão social”, enquanto categoria teórica e


problemática histórica, que emergiu no cenário europeu em meados do século XIX, quando a
classe proletária, então liderada pelas suas franjas operárias, impôs-se como um ator político
independente e autônomo, lutando e reivindicando soluções para suas mazelas, tais como
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pauperismo, fome, péssimas condições de habitação, degradação do espaço urbano, dentre


outras.
Sendo assim, o conceito de “questão social”, atualmente, passa a ser conceituada pelas
novas expressões, tais como: a exploração do trabalho assalariado pelo capital e as lutas dos
trabalhadores contra esta exploração e outras formas de opressão. Enquanto a “antiga”
“questão social” é tida como produto do período histórico da modernidade, da sociedade
industrial clássica, a nova é ligada a uma suposta sociedade pós-industrial, pós-moderna,
superadora dos antigos modos de ser e de manifestar-se do capitalismo industrial.
Para o autor Pierre Rosanvallon (1998) identifica a nova “questão social” com o
desemprego estrutural e as novas manifestações da pobreza e miséria, sem explicitar suas
raízes históricas no conflito capital-trabalho. A economia política clássica interpreta o
capitalismo como uma ordem natural adequada à natureza humana, definida pela vontade
eterna dos homens em trocar, comprar, vender, enfim, acumular mais e mais riqueza. “(...) Os
relatos históricos de como esse sistema passou a existir têm-no tratado tipicamente como a
realização natural de tendências que sempre estiveram presentes” (WOOD, 2001, p.13).
No contexto sobre a conjuntura brasileira a primeira metade do século XX foi marcada
pela reorganização geopolítica que melhor se adequou ao novo ciclo de expansão e
desenvolvimento capitalista e pelo avanço qualitativo da divisão internacional do trabalho,
consolidando a grande indústria e o capital monopolista.
O projeto estadunidense apresentou-se como legítimo portador da democracia política
e da liberdade econômica, isto é, como uma força hegemônica triunfante frente às demais
potências industriais uma vez que reunia as condições necessárias para promover a
recuperação da economia mundial e a reposição da diplomacia entre os países. Segundo
Martins, (2002:210), esse projeto estava baseado:
(...) na expansão dos gastos militares [com o objetivo de] estabelecer um novo
padrão monetário mundial que reativasse os créditos e os sistemas de pagamentos
internacionais; de responder às reivindicações de desenvolvimento e
autodeterminação dos distintos movimentos nacionalistas dos países periféricos que
ameaçavam a divisão internacional do trabalho organizada pelo capitalismo
histórico.

No Brasil, o processo de redemocratização das instituições, iniciado após o fim do


Estado Novo, em outubro de 1945, não alterou a estrutura do quadro político e econômico do
País. As divergências sociais começaram a ser expressas na medida em que um ou outro
grupo alcançavam maior poder e visibilidade na camada dominante. Dentro dessa linha de
pensamento, que vinha desde o século XIX, interpretando o Brasil como um país anacrônico
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no qual sobreviviam mentalidades atrasadas junto com formas modernas de ordenação social,
instigou um número significativo de intelectuais nos anos das décadas de 1950 e 1960.
A dinâmica societária no final do século XX engendra um conjunto de transformações
sócio históricas que incidem de modo particular na relação Estado e sociedade. Sobre esta
relação, destacamos a transferência de responsabilidades no enfrentamento das expressões da
questão social para o mercado, acarretando um processo de profundas modificações nas
respostas às sequelas sociais, estas últimas oriundas da desigualdade histórica entre as classes.
Inserida no amplo processo de reestruturação capitalista, emerge a estratégia neoliberal
de reforma do Estado, ou melhor, nas palavras de Berhing (2003) contra-reforma. A contra-
reforma caracteriza-se por um processo de reordenamento do Estado a partir dos interesses do
capital, sem alterar a essência da sociedade burguesa e na contramão das conquistas sociais da
classe trabalhadora.
De forma mais contundente, a partir da década de 1990, a política neoliberal minimiza
consideravelmente a intervenção do Estado na área social, apela para a participação da
sociedade na execução de políticas sociais e abre espaço para o capital financeiro
internacional, além de estimular um discurso ideológico de “ineficiência, corrupção,
desperdício” em torno de tudo o que é estatal, enquanto o privado aparece como sinônimo de
“eficiência, probidade, austeridade” (BORÓN, 1995). É um processo que desconsidera
direitos e minimiza o Estado para as necessidades do trabalho e maximiza para os interesses
do capital.
Nessa perspectiva, a estratégia dos governos neoliberais, como no Brasil, é a
precarização das políticas sociais públicas, reduzindo significativamente a prestação de
serviços sociais em quantidade, qualidade e variabilidade. Na verdade, busca-se a
descaracterização e anulação da condição de direito das políticas sociais e assistenciais, ou
seja, a desconstrução do caráter de universalidade e igualdade de acesso, garantidos no Brasil
pela Constituição Federal de 1988.
Para Nogueira (2002, p. 29), essa ampliação da intervenção estatal através da gestão e
desenvolvimento das políticas sociais, apesar de ocorrer de forma diferenciada nos países em
decorrência das múltiplas configurações do sistema capitalista, apresenta o que a autora
denomina como sendo “um traço comum”, que se configura na aceitação do Estado enquanto
“regulador” deste pacto travado entre a grande massa de trabalhadores e os detentores do
capital.
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Sendo assim, até meados do século XX o Estado esteve compelido a função de


mediador da relação conflituosa estabelecida entre capital e trabalho, e desta forma,
responsável pela manutenção da legitimidade e hegemonia do sistema capitalista.
Conforme aponta Bonassa (2010) que ao conceituar os indicadores sociais afirma que
estes “são Importantes instrumentos de gestão”. Na medida que permitem “aos gestores
monitorar situações que devem ser mudadas, incentivadas ou potencializadas seja no início de
uma intervenção seja no final quando se avalia o resultado” (BONASSA, 2010).
Conforme aponta Jannuzzi (2013) os indicadores podem ser comparados a “fotos de
uma determinada realidade” e, quando são desenvolvidos para avaliar o desempenho de uma
política pública constituem-se enquanto peças-chave para obtenção de informações “para a
construção de diagnósticos sobre a realidade social”. E portanto, são criados não apenas para
avaliar, mas antes, para subsidiar e amparar o desenho de determinadas políticas e programas
públicos” (KAYANO E CALDAS, 2002, p. 04). Para Jannuzzi (2013) um indicador social é
uma:
Medida quantitativa dotada de significado social, usada para substituir, quantificar
ou operacionalizar um conceito social abstrato. Informa algo sobre um aspecto da
realidade social. Servem para subsidiar as atividades de planejamento público,
formulação e avaliação de políticas sociais. Instrumento operacional para
monitoramento da realidade social, para fins de formulação e reformulação de
políticas públicas (JANUZZI, 2013).

Apesar de a escravidão, suas transformações e sua extinção na segunda metade do


século XIX serem dos assuntos mais diletos da historiografia brasileira, seus desdobramentos
e consequências naquele final de século. Embora o movimento abolicionista tenha sido de
fato uma conquista das camadas populares e médias sobre uma classe política conservadora, a
memória da abolição acabou introjetando essa relação de dádiva, recebimento e
agradecimento, resultando numa imagem do fim do trabalho escravo como um “grande favor”
prestado pelas classes ilustradas às vítimas da escravidão. Assim,
De tão rotinizada, a libertação como que não existiu. De tão tranqüila, não deveria
nem ao menos ser sentida. De tão naturalizada, parecia um desígnio dos céus. De tão
inserida, passou rapidamente para a ordem do passado mais passado. E afinal, que
espaço sobra para a população que foi efetivamente libertada? Apenas uma grande e
quase inominável falta. (SCHWARCZ,2007 p.51)

Conclui-se que na história da escravidão brasileira, o fato de que durante tanto tempo a
liberdade ter sido negociada no foro íntimo das relações entre senhores e escravos, resultou
numa arraigada percepção de que todo ato de receber uma “dádiva” acarretaria numa
retribuição, o que na instituição escravista equivalia a um não-questionamento das hierarquias
que regiam a sociedade da época.
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3.CONCLUSÃO

Atualmente as expressões da questão social são vistas como: as desigualdades e as


injustiças sociais são consequentes das relações de produção e reprodução social por meio de
uma concentração de poder e de riqueza de algumas classes e setores dominantes, que geram
a pobreza das classes subalternas. E tornam-se questão social quando reconhecidas e
enfrentadas por setores da sociedade com o objetivo de transformação em demanda política e
em responsabilidade pública.
Outro fator importante ao longo dos séculos XIX e XX, foi que a classe operária
conquistou importantes avanços na socialização da política dentre elas; conquista do sufrágio
universal e dos direitos sociais, criação de sindicatos e partidos operários de massa, a luta de
classes que deixou de ser um terreno de guerra civil, para assumir novas formas, abertas e
ardilosas, explosivas e misteriosas. “Em tais condições, a luta de classes não desaparece, mas
as formas pelas quais ela se realiza vão deixando de ser imediatas e diretas, vão se tornando
indiretas, sinuosas, passando por mediações cada vez mais delicadas: passam por conflitos
deslocados do campo das contraposições nítidas e explícitas para o campo das manobras
hábeis e sutis” (KONDER, 1992, p.134).
Conclui-se que com o de desenvolvimento do trabalho foi possível observar sob as
várias perspectivas acerca da questão social, e o que podemos refletir
diante desse processo é que independentemente de ser tratada como novas expressões da
questão social ou como uma nova questão social, o relevante na contemporaneidade,
é analisar as particularidades históricas, políticas e sociais de cada região, além
dos problemas sociais decorrentes das novas configurações da sociedade capitalista, a fim de
que possamos trazer para o debate acadêmico os diversos segmentos da sociedade, e
questionamentos para que assim possamos encontrar estratégias de enfrentamento a essa
sociedade extremamente exploradora e desigual.
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REFERÊNCIAS

Antunes, R. (2007). Adeus ao trabalho?: ensaios sobre as metamorfoses e a centralidade


do mundo do trabalho(12.ed.). São Paulo: Cortez.

Antunes, R. (2005). O caracol e sua concha: ensaios sobre a nova morfologia do


trabalho. São Paulo: Boitempo.

Antunes, R. (1999). Os sentidos do trabalho: ensaio sobre a afirmação e a negação do


trabalho (3.ed.). São Paulo: Boitempo.

BEHRING, Elaine Rossetti. Brasil em contra-reforma: desestruturação do Estado e perda


de direitos. São Paulo: Cortez, 2003.

BÓRON, Atílio. A sociedade civil depois do dilúvio neoliberal. In: SADER e GENTILI
(orgs.). Pós-neoliberalismo: as políticas sociais e o Estado democrático. 4ª ed. São Paulo:
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em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 09 de
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IAMAMOTO, Marilda e CARVALHO, Raul de (2000). Relações sociais e serviço social no


Brasil: esboço de uma interpretação histórico-metodológica. 13ª edição. São Paulo:
Cortez; Lima (Peru): Celats.

JANNUZZI, Paulo de Martino. Indicadores Sociais. In Dicionário de Políticas Públicas:


FUNDAP, SP Imprensa Oficial, 2013.

KAYANO, Jorge; CALDAS, Eduardo de Lima. Indicadores para o diálogo. In:


CACCIABAVA, S.; PAULICA, V.; SPINK, P. (Org.). Novos contornos da gestão local:
conceitos em construção. Polis: Programa Gestão Pública e Cidadania. São Paulo:
FGV/EAESP, 2002.

NOGUEIRA, V. M. R. O direito à saúde na reforma do Estado brasileiro: construindo


uma nova agenda. Tese (Doutorado em Enfermagem) – Universidade Federal de Santa
Catarina, Florianópolis, 2002.

Iamamoto, M. V. (2007). Serviço Social em tempo de capital fetiche: capital financeiro,


trabalho e questão social.São Paulo: Cortez.

Ianni, O. (2004). A Idéia de Brasil Moderno. São Paulo: Brasiliense.

ROSANVALLON, Pierre (1998). A nova questão social. Brasília: Instituto Teotônio Vilela.
(Coleção Pensamento Social-Democrata)

Santos, J. S. (2012). Questão Social: particularidades no Brasil (1ª ed.). São Paulo: Cortez.


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SCHWARCZ, Lilia Moritz. Dos males da dádiva: sobre as ambiguidades no processo da


Abolição brasileira. In: CUNHA; GOMES (Org.), 2007. p. 51.

WOOD, Ellen Meiksins (2001). A origem do capitalismo. Rio de Janeiro: Jorge Zahar
Editor.

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