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M.S.A.

4 ª Edição

M.S.A. – 4ª EDIÇÃO
Análises dos Sistemas de Medição

OBJETIVO

O M.S.A. tem por finalidade estabelecer um critério para analisar e avaliar a qualidade
de um sistema de medição.

Por sistemas de medição estendemos que são conjunto de instrumentos ou


dispositivos de medição, padrões, operações, método, dispositivo de produção,
software, pessoal, ambiente – o processo completo utilizado para obter medições.

POR QUE REALIZAR M.S.A.?

A principal finalidade do estudo de M.S.A. é agregar valor ao produto, além disso,


serve para verificar as influências no processo.

Há também o item 7.6.1 da norma ISO/TS 16949:2002 que fala que as empresas
devem realizar estudos estatísticos para analisar a variação presente nos resultados
de cada tipo de medição e teste. Esse requisito deve ser aplicado a sistemas de
medição referidos no plano de controle.

Para ajudar na analisar da necessidade de aplicação dos estudos de M.S.A., devemos


considerar os seguintes fatores:

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Desenvolvido por Gustavo Scaglia
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TIPOS DE ESTUDO

 Tendência;

 Linearidade;

 Estabilidade;

 Repetitividade e Reprodutibilidade (variável);

 Repetitividade e Reprodutibilidade (atributo);

 Sistemas não replicáveis (destrutivos).

TENDÊNCIA

A tendência é a diferença entre a média observada das medições e o valor da


referência.

O objetivo é verificar erro sistemático que faz parte do sistema de medição – efeitos
combinados de todas as fontes de variação.

LINEARIDADE

A linearidade é a mudança da tendência ao longo da faixa de operação normal.

O objetivo é verificar erro sistemático que faz parte do sistema de medição – efeitos
combinados de todas as fontes de variação.

ESTABILIDADE

A estabilidade é a mudança da tendência no decorrer do tempo.

O objetivo é verificar pequenos detalhes no decorrer do tempo – variações ambientais,


métodos, desgaste, deformações, etc.

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R&R VARIÁVEL

O estudo de R&R é uma estimativa da variação combinada da repetitividade e da


reprodutibilidade.

Os objetivos desse estudos são:

 Verificar capacidade ou potencial do instrumento;

 Qualificação do produto e do processo, o erro pode ser do avaliador, do


ambiente, ou do método;

 Verificar variação dentro do próprio sistema e as condições do sistema.

Repetitividade: Variação nas medições obtidas com um instrumento de medição,


quando usado várias vezes por um avaliador, enquanto medindo uma característica
idêntica de uma mesma peça. V.E. – Variação do Equipamento.

Reprodutibilidade: Variação das médias das medições feitas por diferentes


avaliadores, utilizando um mesmo instrumento de medição, enquanto medindo uma
mesma característica de uma mesma peça. V.A. – Variação do Avaliador ou V.O.
Variação do Operador.

R&R& ATRIBUTO

O estudo de R&R é uma estimativa da variação combinada da repetitividade e da


reprodutibilidade.

Os sistemas de medição por atributos são uma classe de sistemas de medição em


que o valor de medição é único de um número finito de categorias. Isto é, sistemas
onde os instrumentos não apresentam leituras. O mais comum é o calibrador PASSA /
NÃO PASSA.

SISTEMAS NÃO REPLICÁVEIS

O sistema de medição não replicável corresponde aos sistemas de medição cujas


leituras não podem ser repetidas em cada peça, incluímos os sistemas onde as peças
sofrem alterações durante o ensaio ou são destruídas, Exemplos: Durômetros,
torquímetros, dinamômetros, etc.

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COLETA DE DADOS

TENDÊNCIA

1º - Obter uma peça (amostra) e estabelecer seu valor de referência em relação a um


instrumento (mais preciso) ou padrão calibrado;

2º - O operador deve medir no mínimo 10 vezes de maneira normal (condições do dia


– a – dia) usando o instrumento de medição sob análise;

3º - Anotar informações importantes: Tolerância, número da peça, condições


observadas.

Importante: Se não houver valor de referência, não há como realisar o estudo de


tendência.

LINEARIDADE

1º - Selecionar 5 peças (amostras) que cubram toda a escala do instrumento sob


análise;

2º - Determinar o valor de referencia para cada peça utilizando instrumento mais


preciso ou um padrão calibrado;

3º - O operador deve medir no mínimo 10 vezes cada amostra de maneira normal,


usando o equipamento de medição sob análise.

Importante: Para esse estudo também necessário o valor de referência das 5 peças.

ESTABILIDADE

1º - Selecionar uma peça e designá-la como amostra padrão para análise da


estabilidade (de preferência a mesma peça da tendência);

2º - Responsáveis pelo processo devem determinar o período do estudo e a


quantidade de coletas conforme uso (ex.: 1 semana e 4 x dia , 1 mês e 1 x dia, 6
meses e 2 x dia, etc);

3º - O(s) operador(es) do instrumento deverá realizar de 4 a 5 medições por coleta em


intervalo determinado anteriormente até que se complete 25 coletas.

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R&R VARIÁVEL

1º - Obter de 5 a 10 amostras e identificá-las de modo que somente o analista


condutor do estudo possa reconhecê-las. As amostras devem varrer todo o campo da
tolerância da característica a ser medida (amplitude);

2º - Selecionar 2 ou 3 operadores que normalmente utilizam o instrumento de medição


sob análise e designá-los como A, B e C;

3º - Fazer com que cada operador meça 3 vezes aleatoriamente as amostras sem que
vejam as leituras uns dos outros.

R&R ATRIBUTO

1º - Selecionar de 25 à 50 peças, sendo que entre elas algumas estejam com a


dimensão não conforme (mínimo 5 ou 10 conforme quantidade de peças) e identificá-
las de modo que somente o analista condutor de estudo possa reconhecê-las;

2º - Selecionar de 2 a 3 operadores que normalmente utilizam o instrumentos de


medição sob análise e designá-los como A, B e C;

3º - Apresentar o valor nominal e a tolerância de processo aos operadores e fazer com


que a cada um meça três vezes cada peça aleatoriamente sem que veja os resultados
um dos outros e somente informar ao analista condutor do estudo a aprovação ou
rejeição da peça;

4º - Os dados devem ser anotados da seguinte forma:

1 = peça conforme

0 = peça não conforme

SISTEMAS NÃO REPLICÁVEIS (DESTRITIVOS)

1º - Selecionar 40 peças de 20 lotes diferentes, ou seja, pegar 2 peças por lote. De


preferência selecionar lotes distribuídos em longo espaço de tempo;

2º - Marcar as peças de modo que o analista condutor do estudo saiba quais são as
do mesmo lote. Exemplo: lote 1 – peça 1.1 e 1.2 / lote 2 – peça 2.1 e 2.2 / lote 3 –
peça 3.1 e 3.2 e assim por diante até lote 20 – peça 20.1 e 20.2;

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4º - Após a identificação das peças, selecionar todas as peças X.1 (1.1, 2.1, 3.1, 4.1...
20.1) e solicitar a um operador que normalmente utiliza o instrumentos de medição sob
análise que meça as 20 peças todas em seguida (curto prazo);

5º - As 20 peças X.2 restantes (1.2, 2.2, 3.2... 20.2) deverão ser medidas pelo mesmo
operador ao longo de um tempo (longo prazo) pré – estabelecido pelos responsáveis
do processo (semelhante ao estudo de estabilidade).

SOFTWARE ACTION

 Para utilizar esse recurso será necessário realizar o download em


http://www.portalaction.com.br/;

 Esse software foi desenvolvido pela Estatcamp e é inteiramente grátis;

 Após instalado, o Action rodará como uma ferramenta do Microsoft Excel.

As instruções de uso do Action estão na apostila “Manual para uso do Action”.

ANÁLISE DOS RESULTADOS

TENDÊNCIA

A análise do estudo de tendência deverá ser feita através do VE% - O recomendado é


VE% < 30%.

O VE% é a variabilidade associada com repetitividade (desvio padrão dos dados).

Na análise gráfica, o zero (linha azul) deverá ficar entre os limites inferior e superior.

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LINEARIDADE

A análise do estudo de linearidade deverá ser feita através do P-valor (coeficiente


angular) - O recomendado é P-valor > 0,05 (5%);

O P-Valor (coeficiente angular) é igual ao nível de confiança .

Na análise gráfica, o zero (linha vermelha) deverá ficar entre os limites inferior e
superior.

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ESTABILIDADE

Analisar os gráficos X-Barra e R:

 Pontos fora dos limites de controle;

 7 ou mais pontos consecutivos crescentes ou decrescentes;

 7 ou mais pontos consecutivos acima ou abaixo da linha média.

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R&R VARIÁVEL

A análise do estudo de R&R variável deverá ser feita através dos parâmetros VT,
VTOL% e NDC.

Os critérios para análises são:

 NDC > 5;

 R&R <10%, sistema de medição aceitável;

 10% < R&R < 30%, sistema de medição aceitável com justificativa;

 R&R > 30%, sistema de medição deverá passar por análise crítica.

O NDC (número de distintas categorias) representa a capacidade de discriminar


categorias de peças em um sistema de medição considerando a variação do processo.
Este índice nos fornece o número de faixas que podemos dividir a variação do
processo.

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Na análise gráfica é realisado a verificação dos gráficos X-Barra (médias) e Amplitude.

 X-Barra: Maioria dos pontos fora dos limites de controle;

 Amplitude: Maioria dos pontos deve ser diferente de zero.

Gráfico X-Barra Gráfico de amplitude

1 2 3 1 2 3
5.95

0.03003

0.02
Amplitude
Médias

5.92
5.90

5.9
5.89
0.011667
5.85

0.00
0

1 3 5 7 9 1 3 5 7 9 1 3 5 7 9 1 3 5 7 9 1 3 5 7 9 1 3 5 7 9

Peças Peças

Por peça Por operador


5.96

5.96
5.88 5.92

5.88 5.92
Medições

Medições
5.84

5.84

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 1 2 3

Peças Operadores

Gráfico de Interações
5.96

Oper
1
5.92

3
Médias

2
5.88
5.84

1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Peças

R&R ATRIBUTO

A análise do estudo de R&R atributo deverá ser feita através dos parâmetros KAPPA,
concordância, taxa de erro e taxa de falso alarme.

KAPPA: Índice que mede a concordância entre as avaliações;

Concordância: Acertos;

Erro: Ruins aprovadas;

Falso alarme: Boas reprovadas.

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Os critérios para análises são:

 KAPPA ≥75;

 Concordância ≥ 90% aceitável para o operador / ≥ 80% marginal aceitável para


o operador, pode necessitar melhoria / ˂ 80%inaceitável para o operador,
necessita melhoria;

 Erro ≤ 2% aceitável para o operador / ≤ 5% marginal aceitável para o operador,


pode necessitar melhoria / ˃ 5% inaceitável para o operador, necessita
melhoria;

 Falso alarme Erro ≤ 5% aceitável para o operador / ≤ 10% marginal aceitável


para o operador, pode necessitar melhoria / ˃ 10% inaceitável para o operador,
necessita melhoria.

No estudo vamos encontrar as comparações:

 Concordância entre cada avaliador;

 Concordância entre todos os avaliadores;

 Concordância entre padrão e cada avaliador;

 Concordância entre padrão e todos os avaliadores.

SISTEMAS NÃO REPLICÁVEIS (DESTRUTIVOS)

Analisar os gráficos X-Barra e R (curto e longo prazo):

 Pontos fora dos limites de controle;

 7 ou mais pontos consecutivos crescentes ou decrescentes;

 7 ou mais pontos consecutivos acima ou abaixo da linha média.

Análise semelhante ao do estudo de estabilidade.

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CONCLUSÃO

O estudo de M.S.A. deve ser uma ferramenta estatística que serve, principalmente,
para agregar valor ao produto. Quando houver dúvidas referentes à aplicabilidade da
ferramenta, tentar fazer uma análise levando consideração tudo que será envolvido
tempo, custo, treinamento, etc.
O Manual da 4ª edição trás uma orientação principal, o BOM SENSO. Devemos usá-lo
em todos os aspectos, planejamento, aplicação, avaliação dos resultados e
justificativas.
Os critérios de aprovação dos estudos também e principalmente devem passar por
este bom senso, pois ao usar os critérios com extremo rigor, corre-se o risco da
ferramenta tornar-se um complicador e este não o objetivo do M.S.A. e como citado no
próprio prefácio do manual: “Não há a intenção de limitar a evolução dos métodos de
análise apropriados a processos específicos ou produtos”.

Referencias

http://www.portalaction.com.br/content/manual

Manual – Análise dos Sistemas de Medição 4ª Edição.

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