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Escola de Minas
Curso de Bacharelado em Turismo
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Começamos pelos estudantes. Não podemos dizer que estão em desacordo com o seu
tempo quando pressionam em favor da máxima satisfação, em favor da exacerbação do prazer,
em favor da ampliação do tempo divertimento, da liberdade isenta de pressões ou exigências de
qualquer natureza. Para o existencialismo-fenomenológico, a condição de homem é uma relação
de encarnação com o mundo, e quando decidimos por esta ou aquela atitude ou comportamento, o
mundo inteiro decide junto, posto que foi este mesmo mundo que colaborou em ensinar a decidir
por esta ou aquela atitude. Os jovens não estão na contramão do seu tempo.
Disse Sartre:
“O homem é, não como ele se concebe, mas como ele quer que seja, como ele se
concebe depois da existência, como ele se deseja após este impulso para a
existência; o homem não é mais que o que ele faz. Tal é o primeiro princípio do
existencialismo. É também a isso que se chama a subjetividade ...”. (1970: 216-7)
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" Die Leidenschaft, die Passion ist die nachseinem Gegenstand energisch strebende wesenkraft des
Menschen” (In: Die Fruhschriften, 1844, p. 275)
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consumos, de volúpias, de angústias e dores. Tudo é produção: os
registros são imediatamente consumidos, destruídos, e os consumos
diretamente reproduzidos. É este o primeiro sentido do processo: inserir o
registro e o consumo na própria produção, torná-los produções de um
mesmo processo. Em segundo lugar desaparece também a distinção
homem/natureza: a essência humana da natureza e a essência natural do
homem identificam-se na natureza como produção ou indústria, isto é,
afinal, na vida genérica do homem. A indústria deixa assim de ser entendida
numa relação extrínseca de utilidade para o ser na sua identidade fundamental
com a natureza como produção do homem e pelo homem.” (Deleuze & Guattari;
1996:9-10)
A partir deles, a subjetividade passou a ser vista como matéria prima da evolução das
forças produtivas em suas formas mais desenvolvidas. Ela se tornou mais importante do que
qualquer outro tipo de produção, mais essencial até que o petróleo e as energias. Guattari
exemplifica que, no Japão, não se tem petróleo, mas se tem a tal produção de subjetividade que
permite à economia japonesa afirmar-se no mercado mundial. Durante anos, consultores
ocidentais e delegações patronais tem visitado aquele país objetivando “japonizar” as suas
respectivas classes operárias. (Guattari & Rolnik;1986:p.26)
A sociedade do Capitalismo Mundial Integrado, segundo Guattari, sabe que sua expansão
está em suscitar desejos por bens e serviços e simultaneamente aplacá-los, ofertando-os para
venda.
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profissional. Há tudo o que se passou antes, na vida familiar, na escola primária, no repertório
tomado da televisão, nas relações interpessoais, na sua convivência enfim com o ambiente que
Guattari define como “maquínico” - máquinas mecânicas somadas a máquinas sociais.
O modo pelo qual os indivíduos vivem esta subjetividade que está em circulação nos
conjuntos sociais oscila entre dois extremos: uma relação de alienação e opressão, na qual o
indivíduo se submete à subjetividade tal qual a recebe, ou uma relação de expressão e de criação,
na qual o indivíduo se reapropria dos componentes da subjetividade circulante, produzindo
singularizações.
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Segundo ele, a tentativa de controle social, através da produção da subjetividade em escala
planetária, se choca com fatores de resistência consideráveis, processos de diferenciação
permanente que designa como revolução molecular ou micropolítica .
Fala ainda Guattari em “atrevimento de singularizar”, isto é: tentativas de produzir modos
de subjetividade originais e singulares. Há grupos que conseguem operar seu próprio trabalho de
semiotização, autonomizado-se, caracterizado pela automodelação.
Sobre isso, textualmente, Guattari diz:
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reclamadas pela vida coletiva”. ( Durkheim; 1955:30).
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um colóquio em que ambos os locutores contribuem com sua parte.
Abstraindo-se um deles, dissipa-se todo o diálogo (...) a expressão que é
a existência chama-se dialética.” ( Luipjen; 1973: 60,61 e 83)
“Assim sou responsável por mim e por todos, e crio uma certa
imagem do homem por mim escolhida; escolhendo-me, escolho o homem”.
(Sartre; 1970:220)
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o mundo e o tornam aculturado ao contexto são a linguagem, os sistemas numéricos, a escrita,
formas de contar, os signos algébricos, notas musicais, formato dos instrumentos de trabalho, etc.
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Bibliografia