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Julho - 2003

ÍNDICE

ELETROSTÁTICA .............................................................................................................................. 04
I - ELETRICIDADE E TEORIA ELETRÔNICA ............................................................................. 05
1.1 - TEORIA ELETRÔNICA .................................................................................................... 05
1.2 - A DIVISÃO DA MATÉRIA .............................................................................................. 06
1.3 - ESTRUTURAS DO ÁTOMO ............................................................................................ 07
II - PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO ............................................................................................. 08
2.1 - CARGAS ELÉTRICAS ...................................................................................................... 08
2.1.1 - ATRAÇÃO E REPULSÃO ENTRE CARGAS ........................................................ 09
2.1.2 - TRANSFERÊNCIA DE CARGAS ESTÁTICAS POR CONTATO ........................ 09
2.1.3 - TRANSFERÊNCIA DE CARGAS ESTÁTICAS POR INDUÇÃO ........................ 10
2.1.4 - DESCARGA DAS CARGAS ESTÁTICAS ............................................................ 11
2.2 - INTERAÇÃO ELÉTRICA ................................................................................................. 11
2.3 - LEI DE COULOMB ........................................................................................................... 12
2.4 - COMO A FRICÇÃO PRODUZ ELETRICIDADE ............................................................. 13
2.5 - COMO A PRESSÃO PRODUZ ELETRICIDADE ............................................................. 13
2.6 - COMO O CALOR PRODUZ ELETRICIDADE ................................................................ 14
2.7 - COMO A LUZ PRODUZ ELETRICIDADE ...................................................................... 14
2.8 - COMO A AÇÃO QUÍMICA PRODUZ ELETRICIDADE ................................................. 15
2.8.1 - PILHA PRIMÁRIA ................................................................................................ 15
2.8.2 - PILHAS SECAS E BATERIAS .............................................................................. 16
2.8.3 - PILHA SECUNDÁRIA OU ACUMULADOR ....................................................... 17
2.9 - COMO O MAGNETISMO PRODUZ ELETRICIDADE ................................................... 18
2.10 - EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES ............................................................................. 18
III - CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO ....................................................................................... 21
3.1 - VETOR CAMPO ELÉTRICO ............................................................................................ 21
3.2 - CAMPO ELÉTRICO GERADO POR UMA CARGA PUNTIFORME .............................. 22
3.3 - LINHAS DE FORÇA ......................................................................................................... 22
3.4 - CAMPO ELÉTRICO UNIFORME ..................................................................................... 23
3.5 - TRABALHO DA FORÇA ELÉTRICA .............................................................................. 24
3.6 - ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA ................................................................................ 25
3.7 - POTENCIAL ELÉTRICO .................................................................................................. 26
3.7.1 - POTENCIAL ELÉTRICO DE CARGA PUNTIFORME ........................................ 26
3.7.2 - DIFERENÇA DE POTENCIAL ............................................................................. 26
3.8 - SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS .................................................................................. 27
3.9 - CAMPO ELÉTRICO UNIFORME ..................................................................................... 28
3.10 - CONDUTORES EM EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO ................................................. 29
3.11 - BLINDAGEM ELETROSTÁTICA .................................................................................. 29
3.12 - ELETROSCÓPIO DE FOLHAS ...................................................................................... 29
3.13 - CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO NOS CONDUTORES ........................................... 30
3.13.1 - CAPACITÂNCIA DE UM CONDUTOR ........................................................... 31
3.13.3 - PODER DAS PONTAS ...................................................................................... 32
3.14 - EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES ............................................................................. 32
IV - ANEXO 1 - RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES ................................... 35
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................. 36
ELETROSTÁTICA ______________________________________ 4

ELETROSTÁTICA

Ramo da ciência que trata dos fenômenos associados com a eletricidade em re-
pouso e dos fenômenos que são comuns à eletricidade em repouso e em movi-
mento. Estes fenômenos e as leis que os governam tornam-se de grande impor-
tância quando grandes diferenças de potencial estão em jogo, como por exem-
plo, no projeto e operação de aparelhos e sistema de alta voltagem.

A Humanidade já passou pela Idade da Pe- sua célebre balança de torção (na verdade um di-
dra, Idade do Bronze e Idade do Ferro. Há dois namômetro), relacionar a intensidade da força elé-
séculos utiliza as máquinas térmicas e hoje convi- trica com a distância entre os corpos e a quantida-
ve com a "Era da Eletricidade". de de carga elétrica em cada um deles.
A história da eletricidade remonta aos tem-
pos da Grécia Antiga, seis séculos antes de Cristo,
quando Tales de Mileto (625-546 a.C.) percebeu
que um pedaço de âmbar, uma resina fóssil, quan-
do friccionado, adquiria a propriedade de atrair
corpos leves. Mas foi somente a partir do século
XVII que a eletricidade começou a se desenvolver
como ciência. No século XVIII a ciência da eletri-
cidade experimentou um desenvolvimento muito
rápido e no século XIX houve a consolidação da
energia elétrica.
No século XX a associação entre a eletrici-
dade e o magnetismo propiciou a construção das
máquinas e dos motores que revolucionaram o
nosso modo de vida.
Neste capítulo iniciamos o estudo da eletri-
cidade e para isso é fundamental o entendimento
do conceito de carga elétrica.
A carga elétrica é uma das propriedades
fundamentais da matéria, associada às partículas
elementares do modelo simplificado do átomo,
que são os prótons e os elétrons.
No simples acendimento de uma lâmpada
elétrica - eletricidade dinâmica - por exemplo, a-
tuam forças de origem elétrica. Mas, a verificação Balança de torção de Coulomb. Academia de Ciências
das propriedades da força elétrica fica mais sim- de Paris, 1785. Posteriormente, Cavendish usou um
ples quando consideramos os casos estáticos. Foi dispositivo semelhante para medir atrações gravitacio-
dessa forma que Charles Augustin de Coulomb nais.
(1736-1806) pode, em 1777, por intermédio de
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I - ELETRICIDADE E TEORIA ELETRÔNICA

1.1 - TEORIA ELETRÔNICA


teoria eletrônica. Esta teoria afirma que todos os
efeitos elétricos e eletrônicos são devidos ao mo-
vimento de elétrons de um lugar para outro ou re-
sultantes do excesso ou da falta de elétrons em um
determinado lugar.
De acordo com a teoria eletrônica, todos os
efeitos elétricos e eletrônicos são causados pelo
movimento de elétrons de um local para outro ou
pela existência de um excesso ou falta de elétrons
em um certo local. Antes de trabalhar com a ele-
tricidade, você gostará de saber o que é um elétron
e o que provoca o seu movimento em um material.

Todos os efeitos da eletricidade são conse-


qüências da existência de uma partícula minúscula
chamada "elétron". Como ninguém pode realmen-
te ver u elétron, e sim apenas os efeitos que ele
produz, denominamos de "teoria eletrônica" as
leis que governam o seu comportamento. A teoria
eletrônica não é somente a base dos projetos de
todos os equipamentos elétricos e eletrônicos; ela
explica as ações físicas e químicas e está auxilian-
do os cientistas na pesquisa da verdadeira natureza
do universo e da própria vida.
Como a simples concepção da existência
dos elétrons dá margem a tantas descobertas im- Todas as variedades de matéria são constitu-
portantes em eletricidade, eletrônica, química e fí- ídas por átomos de muitos tamanhos diferentes e
sica atômica, podemos admitir sem dúvida alguma de complexidades diversas. Entretanto, todos os
que o elétron realmente existe. Todos os equipa- átomos são formados por um núcleo rodeado de
mentos elétricos e eletrônicos têm sido projetados elétrons que se movem em torno do mesmo. O
utilizando a teoria eletrônica. Como a teoria ele- núcleo e o número de elétrons variam de elemento
trônica deu resultado positivo para todos, o mes- para elemento. O elemento mais simples, o hidro-
mo ocorrerá com você. gênio, tem apenas um elétron em órbita em torno
Todo o curso de eletricidade será baseado na do núcleo, enquanto que alguns dos complexos e
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pesados elementos artificiais, obtidos com os rea- do átomo, você precisa conhecer alguma coisa so-
tores atômicos, podem ter mais de 100 elétrons em bre a estrutura atômica da matéria.
órbita ao redor do núcleo. Como o elétron é parte

1.2 - A DIVISÃO DA MATÉRIA


Você já sabe que os elétrons são partículas divisão da gota em partículas cada vez menores.
minúsculas de eletricidade, porém é possível que
não tenha uma idéia clara de participação do elé-
tron na constituição de todas as substâncias que
nos cercam. Você compreenderá o elétron se e-
xaminar cuidadosamente a composição de uma
substância comum, por exemplo, uma gota de á-
gua.
Se você dividir esta gota de água em duas
partes em duas outras e repetir este processo al-
gumas centenas de vezes, obterá por fim uma go- Você notará que mesmo com as sucessivas
tinha microscópica de água. Esta última gotinha divisões, as novas partículas continuarão apresen-
será tão pequena que você necessitará do melhor tando todas as características químicas da água.
microscópio existente para poder enxerga-lá. Entretanto, você eventualmente conseguirá uma
partícula tão pequena que, com qualquer divisão
posterior, perderá as características químicas da
água. Esta última partícula é chamada "molécula".
Se você examinar a molécula da água com uma
ampliação ainda maior, observará que ele se com-
põe de três partes intimamente ligadas.

Esta gota microscópica continuará apresen-


tando as mesmas características químicas da água.
Ela poderá ser examinada por um químico, e ele
não será capaz de perceber qualquer diferença
química entre ela e a água contida em um copo
comum.
Se você tomar esta minúscula gota e conti-
nuar tentando a sua divisão em partes sempre me-
nores, chegará a um ponto em que não mais será
possível a observação com o seu microscópio. Di-
gamos que você tenha à sua disposição um su- Quando você aumentar a potência de ampli-
permicroscópio, com um poder de ampliação mui- ação do microscópio, verá que a molécula de água
tas vezes maior que qualquer microscópio existen- é constituída de duas estruturas muito pequenas e
te. Este microscópio poderá dar a ampliação que idênticas e de uma estrutura maior diferente da-
você desejar e assim você poderá continuar a sub- quelas. Estas estruturas pequeníssimas são deno-
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minadas "átomos". Os dois átomos menores e i-


guais são átomos de hidrogênio, e o átomo maior
e diferente é o átomo de oxigênio. Quando dois
átomos de hidrogênio se combinam com um áto-
mo de oxigênio, formam uma molécula de água.
Embora a água seja composta de apenas
dois tipos de átomos, oxigênio e hidrogênio, as
moléculas de muitas substâncias apresentam estru-
tura mais complexa. As moléculas de celulose,
por exemplo, das bases da constituição da madei-
ra, consistem de três tipos diferentes de átomos:
carbono, hidrogênio e oxigênio. Todos os materi-
ais são formados por combinações diferentes de
átomos, que constituem suas moléculas.
Existem somente cerca de 100 diferentes ti-
pos de átomos e estes são conhecidos como "ele-
mentos"; oxigênio, carbono, hidrogênio, ferro, ou-
ro, nitrogênio são elementos. O corpo humano,
com toda a complexidade de seus tecidos, ossos,
dentes etc., compõe-se principalmente de 15 ele-
mentos, e apenas seis dentre eles são encontrados
em quantidades razoáveis.

1.3 - ESTRUTURAS DO ÁTOMO


Agora que você sabe que todas as substân-
cias são formadas por moléculas que, por sua vez,
se compõem de combinações de cerca de 100 ti-
pos diferentes de átomos, você estará ansioso para
saber o que tem a ver tudo isto com a eletricidade.
Então, aumente ainda mais a poder de ampliação
de seu supermicroscópio imaginário e examine
um dos átomos que encontrou na molécula de á-
gua. Escolha o menor átomo que pode distinguir, Além dos prótons, o núcleo contém ainda
o átomo de hidrogênio, e examine-o bem de perto. partículas eletricamente neutras, chamadas "nêu-
trons", que equivalem a um próton e um elétron,
intimamente ligados. Átomos de elementos dife-
rentes contém quantidades diferentes de nêutrons
no núcleo, porém a número de elétrons que giram
em torno do núcleo é sempre igual ao número de
prótons livres (ou cargas positivas) dentro do nú-
cleo. Os elétrons das órbitas mais externas do á-
Você verá que o átomo de hidrogênio é co- tomo são atraídos pelo núcleo com menor força
mo que um sol, com um planeta girando ao seu que os elétrons das órbitas mais próximas do nú-
redor. O planeta é conhecido como "elétron" e o cleo. Estes elétrons externos são chamados elé-
sol é denominado "núcleo". O elétron possui uma trons "livres" e podem ser facilmente expelidos
carga elétrica negativa e o núcleo uma carga posi- das suas órbitas, ao passo que os elétrons das órbi-
tiva. Em um átomo, a número total de elétrons tas com facilidade. É o movimento dos elétrons li-
carregados negativamente que circulam ao redor vres que constitui uma corrente elétrica.
da núcleo é igual exatamente ao número de cargas
positivas existentes na núcleo. As cargas positivas
são denominadas "prótons".
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II - PROCESSOS DE ELETRIZAÇÃO

Um processo de eletrização se caracteriza


por uma transferência (ganho ou perda) de elé-
trons de um corpo inicialmente neutro.
Para produzir eletricidade, alguma forma de
energia deve ser usada para movimentar os elé-
trons, sendo que as seis fontes básicas de energia
que podem ser utilizadas são:
- Fricção
- Pressão
- Calor
- Luz
- Ação química
- Magnetismo
Antes de iniciarmos o estudo destas fontes,
você estudará primeiro as cargas elétricas.

2.1 - CARGAS ELÉTRICAS


Você aprendeu que os elétrons circulam ao elétrons.
redor do núcleo de um átomo e são mantidos nas
suas órbitas pela atração da carga positiva do nú-
cleo. Se você puder, no entanto, força um elétron
a sair de sua órbita, a ação desse elétron passará a
ser conhecida pelo nome de eletricidade.
Os elétrons que forem retirados de suas ór-
bitas sob uma ação qualquer causarão uma falta de
elétrons no lugar de onde saírem e um excesso de
elétrons no ponto que atingirem. O excesso de elé-
trons em uma substancia é chamado de "carga ne-
gativa", enquanto que a falta de elétrons é conhe-
cida como "carga positiva". Quando estas cargas
existirem, você terá o que é conhecido como ele-
tricidade "estática".
Para originar uma carga positiva ou negati-
va, o elétron terá que se movimentar, enquanto as
cargas positivas do núcleo permanecem imóveis. Na Gravitação, vimos que a propriedade fí-
Qualquer material que apresente uma carga "posi- sica denominada massa faz com que dois corpos
tiva" tem o seu número normal de cargas positivas troquem forças de campo gravitacional e que essas
no núcleo e falta de elétrons. Um material carre- forças são sempre de atração.
gado negativamente, entretanto, tem excesso de Um dos assuntos estudados na Eletrostática
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é um outro tipo de força de interação entre os cor- elétrica elementar, simbolizada por "e":
pos, devida a uma propriedade física denominada
e = 1,6 . 10-19 C
carga elétrica. É a força de campo eletrostático ou,
simplesmente, força de campo elétrico. Apesar da Toda partícula dotada de carga elétrica é um
grande analogia existente entre esta força e a força portador de carga elétrica. É o caso, por exemplo,
gravitacional, há uma diferença fundamental entre do elétron e do próton. O elétron é dotado de uma
elas: a força eletrostática pode ser de atração ou de carga elementar negativa:
repulsão. Isso implica a existência de duas espé- qelétron = - e = -1,6 . 10-19 C
cies de carga elétrica, denominadas, por conven-
ção, carga elétrica positiva e carga elétrica negati- O próton, ao contrário, é dotado de uma car-
va. Ambas são manifestações contrárias da mesma ga elementar positiva:
propriedade física. qpróton = + e = +1,6 . 10-19 C
A unidade de medida de carga elétrica é o
Coulomb, cujo símbolo é C. O nêutron, por sua vez, é uma partícula não-
Experiências revelam que a carga elétrica dotada de carga elétrica, ou seja:
apresenta-se na Natureza com valores múltiplos qnêutron = 0
inteiros de uma pequena carga denominada carga

Qualquer átomo é um corpo eletricamente neutro. Perdendo ou ganhando elétrons, ele se


torna um corpo eletrizado denominado íon (positivo ou negativo)

Não podemos confundir elétrons livres com elétrons em excesso. Mesmo num condutor
metálico neutro, existem elétrons dos próprios átomos do material igualmente disputados
por seus núcleos atômicos (positivos). Por isso, esses elétrons têm total liberdade para se
movimentar pelo material e são denominados elétrons livres. Elétrons em excesso, por ou-
tro lado, são aqueles que o corpo ganhou ao ser eletrizado negativamente.

2.1.1 - ATRAÇÃO E REPULSÃO ENTRE CARGAS


Quando os corpos se apresentam carregados Usando duas esferas com o mesmo tipo de
de eletricidade estática, eles se comportam de mo- carga (positiva ou negativa), você verá que elas se
do diferente do normal. Assim, se você colocar repetirão mutuamente.
uma esfera carregada positivamente, elas se atrai-
rão mutuamente. Se as cargas forem suficiente-
mente grandes e as esferas forem leves e tiverem
liberdade de movimento, elas entrarão em contato.
No entanto, tenham elas liberdade de movimento
ou não, uma força de atração existirá sempre entre
cargas de nomes opostos.
Esta atração existe porque o excesso de elé-
trons da carga negativa procura encontrar um lu-
gar que tenham necessidade de elétrons. Se você
junta dois corpos de cargas opostas, o excesso de
elétrons da carga negativa se transferirá para o
corpo onde faltam elétrons. Esta transferência ou
passagem de elétrons de uma carga negativa para
uma positiva é chamada de "descarga".

2.1.2 - TRANSFERÊNCIA DE CARGAS ESTÁTICAS POR CONTATO


Embora a maioria das cargas estáticas seja das por outros meios. Se um objeto possuir uma
devida á fricção, elas também podem ser produzi- carga estática ele influenciará todos os outros ob-
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jeto próximos. Esta influência poderá ser exercida trons da barra serão atraídos para o ponto de con-
por contato ou por indução. tato. Alguns destes elétrons deixarão a barra e en-
trarão no bastão, carregando a barra positivamente
e diminuindo a carga positiva do bastão.
Tocando uma barra sem carga com um bas-
tão carregado negativamente, você provocará
também o aparecimento de uma carga negativa na
barra. A medida que o bastão carregado negati-
vamente se aproximar da barra sem carga, os elé-
trons da parte da barra mais próxima do bastão se-
rão repelidos para o extremo oposto. O extremo da
barra próximo do bastão será então carregado po-
sitivamente e o lado oposto será carregado negati-
vamente.
Quando o bastão tocar a barra, alguns dos
seus elétrons excedentes escaparão para a barra, a
fim de neutralizar a carga positiva vizinha, ao pas-
so que o extremo oposto da barra continuará re-
tendo sua carga negativa.
Quando o bastão se afasta da barra, a carga
negativa permanecerá nela, e o bastão apresenta-
se á ainda carregado negativamente, se bem que
com muito poucos elétrons em excesso. Quando
Carga positiva significa falta de elétrons e um objeto carregado toca um objeto sem carga,
sempre atrai elétrons, enquanto que carga negativa ele perde um pouco de sua carga em favor do ob-
significa excesso de elétrons e sempre repele elé- jeto sem carga até que seja atingido o equilíbrio
trons. elétrico.
Se você tocar com um bastão carregado po-
sitivamente uma barra metálica sem carga, os elé-

2.1.3 - TRANSFERÊNCIA DE CARGAS ESTÁTICAS POR INDUÇÃO


Você já viu o que acontece quando se toca xima do bastão.
uma barra metálica com um bastão carregado po-
sitivamente. Parte da carga do bastão é transferida
para a barra, que assim se torna também carrega-
da. Suponhamos que ao invés de tocar a barra com
o bastão carregado positivamente você apenas co-
loque este último próximo da barra. Neste caso, os
elétrons da barra serão atraídos ao ponto mais
próximo do bastão, produzindo uma carga negati-
va neste ponto. O extremo oposto da barra fica
com falta de elétrons e, portanto, carregado positi-
vamente. Três cargas então existem: a carga posi-
tiva no bastão, a carga negativa no ponto da barra
mais próximo do bastão e a carga positiva no ou-
tro lado da barra. Permitindo que elétrons de uma
fonte externa (seu dedo, por exemplo) entrem no
extremo positivo da barra você poderia dar uma
carga negativa á barra.
Se o bastão estivesse carregado negativa-
mente ao ser aproximado da barra, induziria uma
carga positiva na extremidade da barra mais pró-
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Os elétrons desta parte seriam repelidos e se


deslocariam para o extremo oposto. A carga nega-
tiva original do bastão daria origem a duas cargas
adicionais na barra, uma positiva e outra negativa.
Removendo-se o bastão, a barra voltaria á
condição inicial, pois o excesso de elétrons da ex-
tremidade carregada negativamente retrocederia e
neutralizaria a barra. Entretanto, se antes da reti-
rada do bastão fosse proporcionado um caminho
para os elétrons, a fim de que eles saíssem da bar-
ra, ela ficaria carregada positivamente quando o
bastão fosse removido.
Você aprendeu que as cargas elétricas po-
dem ser causadas por fricção e contato, ou por in-
dução. Agora, verá como o excesso e a falta de e-
létrons de um corpo carregado podem ser neutrali-
zados ou descarregados.

2.1.4 - DESCARGA DAS CARGAS ESTÁTICAS


Sempre que dois corpos carregados com das sempre que ocorre fricção entre as moléculas
cargas opostas são aproximados, os elétrons em de ar, tal como acontece com as nuvens que se
excesso no corpo carregado negativamente serão deslocam ou os ventos fortes, e você poderá veri-
atraídos na direção do corpo carregado positiva- ficar que estas cargas serão maiores nos climas
mente. Unindo os dois corpos por um fio, você o- muitos secos ou sempre que a unidade for reduzi-
ferecerá um caminho para os elétrons do corpo da.
com carga negativa se deslocarem em direção ao
corpo com carga positiva, e então as cargas se
neutralizarão. Ao invés de ligar os corpos por um
fio, você poderá encostá-los (contato) e outra vez
as cargas se neutralizarão.
Se você aproximar corpos com cargas ele-
vadas, os elétrons poderão pular do corpo com
carga negativa para o corpo com carga positiva,
antes mesmo dos dois entrarem em contato. Neste
caso você verá de fato a descarga sob a forma de
uma centelha. Com cargas muito elevadas, a ele-
tricidade estática poderá ser descarregada entre
grandes espaços, causando centelhas de muitos
centímetros de comprimento.
O raio é um exemplo da descarga de eletri-
cidade estática resultante do acúmulo de cargas
estáticas nas nuvens, à medida que elas se deslo-
cam no ar. As cargas estáticas naturais são forma-

2.2 - INTERAÇÃO ELÉTRICA

Consideremos dois corpos eletrizados, sepa- A intensidade da força elétrica F (atração


rados por uma distância d. Quando as dimensões ou repulsão elétrica entre os corpos) diminui à
desses corpos são muito menores que as distâncias medida que aumentamos a distância entre os cor-
que os separa, podemos representá-los por pontos pos. A direção da força elétrica é a direção do
e chamá-los de cargas elétricas puntiformes. segmento de reta que os une. Com relação ao sen-
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tido, verificamos que: que tem sinal contrário ao do indutor ficam mais
Cargas de mesmo sinal (natureza) - repulsão próximas desse corpo que as cargas induzidas que
têm o mesmo sinal do indutor. Em decorrência da
Cargas de sinais (natureza) diferentes - atração
diferença entre as distâncias, a força de atração é
mais intensa que a de repulsão e o corpo neutro é,
então, atraído.

Interação entre corpos eletrizados


Interação de um corpo eletrizado
com um corpo neutro Um corpo eletrizado atrai um corpo neutro

Quando aproximamos um corpo eletrizado


de um corpo neutro, as cargas elétricas induzidas

2.3 - LEI DE COULOMB


A lei que permite o cálculo da intensidade b) Para que a carga Q3 permaneça em equilíbrio,
da força elétrica entre corpos eletrizados foi elabo-
devido às forças elétricas, ela deve ser colocada
rada pelo físico francês Charles Augustin de Cou-
mais próxima de Q1 ou de Q2? Justifique.
lomb.
Considerando duas cargas elétricas punti-
formes, a intensidade da força elétrica é:
diretamente proporcional ao produto das quanti-
dades de carga elétrica de cada corpo.
inversamente proporcional ao quadrado da dis- Resolução:
tância que os separa.
a) A carga Q3 colocada no ponto médio entre as
cargas Q1 e Q2, fica sujeita a duas forças elé-
tricas F13 e F23, conforme figura abaixo.

| Q1 .Q2 |
F k
r2
A constante k, denominada constante ele-
trostática, depende do meio em que as cargas elé- | Q1Q3 | 9.109. | (9.10 6 )( 2.10 6 ) |
F13 k 0,162N
tricas estão imersas. No vácuo, temos: d132 (1) 2
| Q2 Q3 | 9.109. | (25.10 6 )( 2.10 6 ) |
k0 9.10 9 Nm 2 / C 2 F23 k 2
0,450N
d 23 (1) 2

Exercício Resolvido Como as forças F13 e F23 possuem a mesma di-


reção, mas sentidos opostos, a força resultante
Duas cargas elétricas, Q1 = 9,0 C e Q2 = 25 é dada por:
C, estão fixas nos pontos A e B, separadas por
2,0 metros no vácuo, conforme figura abaixo. FR = F23 - F13 = 0,450 - 0,162 = 0,288 N, na
Uma terceira carga, Q3 = - 2,0 C, pode ser colo- horizontal para a direita.
cada em qualquer ponto da reta que une as cargas b) Para que a carga Q3 permaneça em equilíbrio,
Q1 e Q2. Considere k = 9.109 Nm2/C2 é preciso que as forças F13 e F23 sejam iguais,
a) Se a carga Q3 for colocada no ponto médio en- em módulo, mas de sentidos opostos. Como Q2
tre as cargas Q1 e Q2, qual será a força elétrica é maior que Q1, a carga Q3 deve ser colocada
resultante sobre ela? mais próximo de Q1.
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2.4 - COMO A FRICÇÃO PRODUZ ELETRICIDADE


Você já estudou o elétron e a significação pele positivamente. Quando se esfrega o vidro
das cargas positiva, de modo que poderá compre- com um pedaço de seda, o bastão de vidro perde
ender como se produzem estas cargas. A fricção é elétrons e se carrega positivamente, enquanto que
a principal fonte conhecida de eletricidade estáti- a seda fica carregada negativamente. Você verá
ca. Esfregando-se dois corpos diferentes, pode-se adiante que uma carga estática se pode transferir
retirar alguns elétrons das órbitas dos átomos de de um material para outro sem que haja fricção,
um dos corpos, enquanto o outro trata de aprisio- mas a fonte original destas cargas estáticas é a
nar estes elétrons. fricção.
O material que recebe elétrons adquire
carga negativa, e o que perde fica com carga posi-
tiva.
Devido ao contato por fricção, algumas ór-
bitas de elétrons de cruzam e um dos corpos pode
fornecer elétrons ao outro. Quando isto acontece,
aparecem cargas elétricas nos dois corpos e assim
a fricção funciona como fonte de eletricidade. A
carga que você poderá provocar poderá ser positi-
va ou negativa, dependendo do corpo que apresen-
tar maior facilidade para liberar elétrons.
Algumas substâncias que facilmente pro-
duzem eletricidade estática são o vidro, o âmbar, a
ebonite, as ceras, a flanela, a seda, o "rayon" e o
"nylon". Quando se esfrega a ebonite com uma
pele, esta última perde elétrons para o bastão de
ebonite - o bastão carrega-se negativamente e a

2.5 - COMO A PRESSÃO PRODUZ ELETRICIDADE

Todas as vezes que você fala ao telefone, ou cida.


outro tipo qualquer de microfone, as ondas de
pressão da energia sonora movimentam um dia-
grama. Em alguns casos, o diagrama movimenta
uma bobina perto de um ímã, gerando assim ener-
gia elétrica que é transmitida por meio de fios até
um receptor. Os microfones usados em sistemas
de fonoclamas e transmissores de rádio algumas
vezes operam segundo este principio.
Outros microfones, no entanto, convertem
as ondas de pressão do som diretamente em eletri-
cidade.
Cristais de certos materiais produzem cargas
elétricas quando submetido a uma pressão. O
quartzo, a turmalina e os sais de Rochelle são ma-
teriais que ilustram o principio da pressão como
fonte de eletricidade. O cristal pode ser usado para converter e-
Se um cristal destes materiais for colocado nergia elétrica em energia mecânica dando-se uma
entre duas placas metálicas, uma pressão que se carga às placas, pois o cristal expandir-se-á ou
desenvolva sobre estas placas gerará uma carga contrair-se-á dependendo da quantidade e tipo da
elétrica. A grandeza da carga produzida entre as carga aplicada.
placas dependerá da intensidade da pressão exer- Apesar do uso da pressão como fonte de ele-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 14

tricidade ser limitado a aplicação de pequenas po- (pickups) e equipamentos de sonar usam cristais
tências, você a encontrará em diversos tipos de para gerar cargas elétricas por meio de pressão
equipamentos. Microfones de cristal, fonocaptores mecânica.

2.6 - COMO O CALOR PRODUZ ELETRICIDADE


Outro método de obtenção de eletricidade é cadores de calor, provocando a deflexão de um
o da conversão direta do calor em eletricidade, pe- medidor marcado diretamente em graus de tempe-
lo aquecimento da junção de dois metais diferen- ratura.
tes. Por exemplo, se um fio de ferro e outro de co-
bre forem torcidos juntos, formando uma junção, e
se aquecemos esta junção, produziremos uma car-
ga elétrica. A quantidade de carga produzida de-
penderá da diferença de temperatura entre a jun-
ção e as extremidades opostas dos dois fios. Uma
diferença maior de temperatura gerará uma carga
maior.
Uma junção deste tipo é denominada termó-
cuplo (par termoelétrico ou termopar) e produzirá
eletricidade enquanto o calor estiver sendo aplica-
do. Embora o termócuplo possa ser formado por
fios enrolados, para se conseguir maior eficiência,
constroem-se alguns de duas peças metálicas dife-
rentes, unidas por rebites ou solda.
Os termócuplos não fornecem grandes quan-
tidades de carga e assim não são usados para ob-
tenção de energia elétrica. Eles são usados nor-
malmente em combinação com dispositivos indi-

2.7 - COMO A LUZ PRODUZ A ELETRICIDADE

O homem adorou o sol durante milênios. Se e telecomunicações, pois, devido a sua instalação
conseguíssemos ver de sua superfície a Terra, per- e localização, acabam utilizando a energia solar
ceberíamos que ela é um ponto girando a uma dis- como fonte energética para seu funcionamento.
tância de 150 milhões de quilômetros e que recebe Antes de entendermos o funcionamento dos
algo como a energia de 10 bilhões de Itaipus. Para transdutores de energia solar, chamadas de células
que possamos utilizar a energia do sol que chega à fotovoltaicas (nome dado devido ao efeito que o-
superfície da Terra, precisamos de transdutores corre nesses transdutores - efeito fotovoltaíco),
que convertam tal energia diretamente em energia vamos entender um pouco sobre como é feito a
elétrica. sua fabricação.
O aproveitamento dessa energia começou a A fabricação de células solares é parecida
ser utilizada em 1959 nos EUA, como forma de com a produção dos chips de computadores, base-
geração de energia elétrica para os satélites. ada em materiais semicondutores. A matéria-
Hoje, a forma mais banal de aproveitamento prima básica para a fabricação das células é o silí-
de energia solar é aquela feita por relógios e cal- cio. Ele é purificado (extração de impurezas ine-
culadoras solares. rentes ao silício) e fundido num cristal cilíndrico.
Ela tornou-se uma forma atrativa como fon- Depois, esse cilindro é cortado por uma serra de
te de energia, foi a forma buscada para lugares i- dentes de diamante em fatias muito finas. Essas
solados, distantes das redes elétricas, na alimenta- lâminas passam por etapas de limpeza e recozi-
ção de equipamentos importantes de telemedições mento em fornos de alta temperatura, quando se
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 15

difunde fósforo sobre elas.


A reunião de uma camada contaminada com
fósforo ao silício constitui a junção semicondutora
responsável pelo funcionamento da célula fotovol-
taica.
A junção semicondutora é constituída por
dois semicondutores: um do tipo N (possui exces-
so de elétrons livres) e uma do tipo P (possui falta Quando esses painéis são expostos à fonte
de elétrons, chamado de lacunas). de luz, os fótons (partículas de luz) excitam os
elétrons do semicondutor e esses elétrons se des-
locam, gerando corrente elétrica.
A corrente elétrica produzida ao ligarmos
uma carga (uma lâmpada por exemplo) entre os
terminais dos painéis não depende do calor (pelo
contrário, o rendimento da célula solar cai quando
sua temperatura aumenta) e sim da quantidade de
luz incidente e da área da célula. As células sola-
A constituição dessa junção faz com que se res continuam a operar mesmo sob céu nublado.
impeça que os elétrons livres e lacunas se recom-
binem estabelecendo, assim, uma ddp entre os
terminais da célula.

O passo seguinte é a impressão das pistas


metálicas captadoras da energia elétrica liberada.
A célula está pronta para ser montada em
painéis. O painel fotovoltaico é constituído de a-
proximadamente trinta e seis células solares.

2.8 - COMO A AÇÃO QUÍMICA PRODUZ ELETRICIDADE


nhecemos alguns das fontes de energia que podem
produzi-la. Uma outra fonte de eletricidade de uso
mais comum é a ação química que tem lugar nas
pilhas.
As pilhas são usadas com freqüência em si-
tuação de emergência e como fonte portátil de ele-
tricidade. Todas as vezes que você usar uma lan-
terna ou um equipamento de comunicações portá-
til, terá que usar pilhas. As pilhas são a fonte prin-
cipal de energia de muitos submarinos. Além dis-
to, existe uma grande variedade de equipamentos
que usam pilhas como fonte de energia normal de
emergência.
Um tipo comum de defeito nos equipamen-
tos é causado por pilhas "esgotadas" e estes defei-
Até aqui vimos o que é a eletricidade e co-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 16

tos podem ser muito sérios. tê-las, você economizará tempo e em muitas oca-
As pilhas requerem maior cuidado e manu- siões um trabalho árduo.
tenção do que a maioria dos equipamentos com Agora, você verá como a ação química pro-
que você lidará. Mesmo que você só tenha opor- duz eletricidade, e a utilização adequada e os cui-
tunidade de usar umas poucas pilhas ou baterias, dados com as pilhas, que funcionam segundo a
se conhecer a sua teoria de funcionamento, os seus ação química.
usos comuns e os cuidados necessários para man-

2.8.1 - PILHA PRIMÁRIA


Para compreender como se processa a ação negativa até não haver mais espaço para eles. O
química nas pilhas, suponha que pode ver os elé- eletrólito toma da placa positiva o número sufici-
trons e a sua ação na pilha primária. A fonte bási- ente de elétrons para compensar os que foram en-
ca de eletricidade produzida por ação química é a tregues á placa negativa. Ambas as placas ficam
pilha elétrica, e, quando duas ou mais pilhas são completamente carregadas e então deixa de haver
combinadas, constituem uma bateria. elétrons se movimentando entre es placas.
Supondo ser possível observar o trabalho in- Agora suponhamos que você tivesse ligado
terno em uma destas pilhas, que veria você? um fio entre os terminais negativo e positivo da
Primeiro veria as partes da pilha e a sua dis- pilha. Você veria os elétrons deixando o terminal
posição. Ela se compõe de um recipiente, e sepa- negativo, e caminhando pelo fio até o terminal po-
radas uma da outra, estão imersas em um líquido sitivo, como haveria agora mais espaço no termi-
que enche o recipiente. nal negativo, o eletrólito transportaria mais elé-
Observando as partes da célula e os elétrons trons da placa positiva para a placa negativa. A
no seu interior, você veria que o líquido, chamado medida que os elétrons deixassem o terminal ne-
eletrólito, tira elétrons de uma das placas e os in- gativo em direção ao terminal positivo, pela liga-
troduz na outra. Esta ação redunda em um excesso ção externa, o eletrólito os transportariam, no inte-
de elétrons, ou carga negativa, em umas das pla- rior da pilha, da placa positiva para a placa nega-
cas, de modo que um fio ligado a esta placa é tiva.
chamado terminal negativo, a outra placa perde Enquanto o eletrólito estivesse transportan-
elétrons e assim se carrega positivamente, de mo- do elétrons, você veria que a placa negativa iria
do que um fio a ela ligado será chamado terminal sendo consumida, e notaria também bolhas de gás
positivo. no terminal positivo. Finalmente, a placa negativa
A ação do eletrólito, conduzindo elétrons de se dissolveria completamente no eletrólito pela
uma placa a outra, é realmente uma reação quími- ação química, e então a pilha estaria "morta", e in-
ca entre o eletrólito e as placas. Esta ação trans- capaz de fornecer uma carga, a não ser que fosse
forma energia química em cargas elétricas nas substituída a placa negativa. Por esta razão, este
placas e terminais da pilha. tipo de pilha é chamada de primária - isto significa
que, uma vez completamente descarregada, só po-
de ser recuperada com o uso de novos materiais.

Ação química em uma pilha primária


Como os terminais da pilha desligados, você As placas das pilhas podem ser feitas de
veria que os elétrons são conduzidos para a placa
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 17

carvão e da maioria dos metais, enquanto que áci- litos, As pilhas secas, tais como as usadas nas lan-
dos ou compostos salinos são usados como eletró- ternas, são pilhas primárias.

2.8.2 - PILHAS SECAS E BATERIAS


Quase todos os metais, ácidos e sais podem Se você observasse o interior de uma pilha
ser usados nas pilhas primárias. Existem vários ti- seca, notaria que ela se compõe de um recipiente
pos de pilhas primárias usadas em laboratório e de zinco que , ao mesmo tempo, é a placa negati-
em aplicações especiais, mas o tipo usado com va, de um bastão de carvão servindo como placa
maior freqüência e que você já deve conhecer é a positiva, suspenso no centro do recipiente, e fi-
pilha seca. Você encontrará pilhas secas de, tama- nalmente de uma solução pastosa de cloreto de
nhos, formas e pesos diversos, desde aquelas usa- amônio constituindo o eletrólito.
das nas lanternas tipo lapiseira até as grandes pi- No fundo do recipiente você veria uma ga-
lhas utilizadas nas lanternas de emergência. Entre- xeta de papel alcatroado cuja finalidade é impedir
tanto, apesar das diferenças em tamanho, o mate- que o bastão de carvão toque no zinco. Na parte
rial usado e a operação de todas as pilhas secas superior, o recipiente contém camadas de serra-
são idênticos. gem, areia e piche. Estas camadas mantêm o ci-
lindro de carvão na posição correta e impedem
vazamentos do eletrólito.
Quando uma pilha seca fornece eletricidade,
o recipiente de zinco e o eletrólito são gradual-
mente consumidos. Após o término do zinco utili-
zável e do eletrólito, a pilha não mais fornece car-
ga e tem que ser substituída. As pilhas deste tipo
são hermeticamente fechadas e podem ser arma-
zenadas por um tempo limitado sem se estragar.
Quando várias destas pilhas são associadas, o con-
junto é chamado de bateria seca. Você não pode
usar pilhas secas para fornecer grandes quantida-
des de energia.

2.8.3 - PILHA SECUNDÁRIA OU ACUMULADOR


No estudo das células primárias, você a- micamente em sulfato de chumbo.
prendeu que a ação química é, comumente usada
como fonte de energia elétrica de emergência ou
para equipamentos portáteis. No entanto, elas for-
necem apenas pequenas quantidades de energia e
não podem der recarregadas.
Uma bateria de acumuladores ou pilhas se-
cundárias pode fornecer grandes quantidades de
energia em curtos períodos de tempo e pode ser
recarregada. As baterias deste tipo requerem mai-
or cuidado e manutenção do que as baterias de pi-
lhas secas, mas são usadas freqüentemente em to-
dos os equipamentos que necessitam de grande
quantidade de eletricidade em curtos períodos de
tempo.
As pilhas secundárias usadas comumente
são do tipo chumbo-ácido. Nestas Pilhas o eletró-
lito é o ácido sulfúrico, a placa positiva é de peró-
xido de chumbo e finalmente a placa negativa é de
chumbo. Durante a descarga da pilha, o ácido se
enfraquece e as duas placas se transformam qui-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 18

dades de eletricidade, elas requerem terminais e


cabos de ligações maiores. As ligações e terminais
são feitos de peças de chumbo, pois outros metais
seriam corroídos rapidamente pelo eletrólito áci-
do.
Baterias de acumuladores
Quando duas ou mais pilhas secundárias são
associadas, constituem uma bateria de acumulado-
res. Esta bateria acumula eletricidade e pode ser
recarregada após a descarga.
A maioria das baterias de acumuladores
consiste de três elementos acondicionados em um
único recipiente e ligados em série. Como cada pi-
lha chumbo-ácido tem uma tensão nominal de
cerca de dois volts, ligando-se três pilhas em série
O recipiente, ou cuba, do acumulador é feito ter-se-á uma tensão total de seis volts.
de ebonite ou vidro, que evita corrosão e o vaza- O símbolo de uma pilha secundária é o
mento do ácido. Um espaço no fundo da pilha co- mesmo usado para a pilha primária, e o símbolo
leta o sedimento pelo uso da mesma. A parte su- da bateria normalmente mostra três elementos li-
perior do recipiente é removível e atua como su- gados em série.
portes das placas. Como os materiais ativos não
têm a rigidez necessária para serem montados in-
dependentemente, uma estrutura especial de metal
inativo, em forma de tela, é usada como suporte.
Para que se produza uma ação química considerá-
vel necessita-se de uma grande área de placas, por
isto se coloca cada placa positiva entre as placas
negativas. Em uma pilha típica, você poderá en-
contrar sete placas positivas ligadas a um suporte
comum, abraçadas por oito placas negativas a um
outro suporte, os separadores, feitos de madeira
ou de vidro poroso, mantém afastada cada placa
negativa vizinha, mas se deixam atravessar pelo
eletrólito.
As placas positivas e negativas são presas a
tampa das cuba, que por sua vez é fixada a cuba,
por alcatrão especial, resistente ao ácido. Uma a-
bertura tem um orifício para permitir o escapa-
mento de gases na placa positiva.
Como estas pilhas fornecem grandes quanti-

2.9 - COMO O MAGNETISMO PRODUZ ELETRICIDADE

O método mais usual de produção de eletri- manter uma carga suficiente para fornecer energia
cidade em larga escala deriva da utilização do em grande escala.
magnetismo. A fonte de eletricidade deve ser ca- Quase toda a energia elétrica que se usa é
paz de manter uma carga considerável porque esta originada nos geradores das usinas de força. O ge-
carga será usada para fornecer energia elétrica. rador pode ser acionado por energia hidráulica,
Embora a fricção, a pressão, o calor e a luz sejam por turbinas a vapor ou por um motor de combus-
também fontes de eletricidade, o seu uso é limita- tão interna. Qualquer que seja o método usado pa-
do a aplicações especiais, pois não são capazes de ra acionar o gerador, a energia elétrica que ele
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 19

produz é resultante da ação entre condutores e i- duz-se eletricidade no condutor devido ao magne-
mãs que ele encerra. tismo do imã. Mais adiante você compreenderá o
Quando se desloca um condutor em torno de que é o magnetismo e como ele pode ser usado
um imã ou um imã em torno de um condutor, pro- para produzir eletricidade.

2.10 - EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


1 - Um corpo está eletrizado com uma carga elétrica de Nessa situação é correto afirmar que:
-10 C. Nessas condições, podemos afirmar que: a) as duas esferas estão neutras
I. ele possui somente cargas negativas b) as duas esferas estão eletrizadas negativamente
II. ele possui aproximadamente, 6.1013 elétrons em ex- c) as duas esferas estão eletrizadas positivamente
cesso. d) a esfera A está eletrizada positivamente e a esfera B,
III. esse corpo certamente cedeu prótons (cargas positi- negativamente.
vas). e) a esfera A está eletrizada negativamente e a esfera B
a) somente a afirmativa I é correta. positivamente.
b) somente a afirmativa II é correta.
c) somente a afirmativa III é correta. 5 - Dois corpos puntiformes e condutores estão eletrizados
d) somente as afirmativas I e II são corretas. com cargas elétricas de mesmo sinal e estão separadas
e) somente as afirmativas II e III são corretas. por uma distância d, no vácuo. Nessas condições, eles se
repelem com uma força elétrica de intensidade F. Assi-
2 - (UFSE) Um pedaço de papel higiênico e uma régua de nale certo (C) ou errado (E) nas afirmativas a seguir:
plástico estão eletricamente neutros. A régua de plástico I. Dobrando-se a distância entre eles, a intensidade da
é, então, friccionada no papel higiênico. Após o atrito, força de interação eletrostática fica 4 vezes menor.
deve-se esperar que: II. Dobrando-se a quantidade de carga elétrica em cada
a) somente a régua fique eletrizada. corpo, a intensidade da força elétrica fica 4 vezes
b) somente o papel fique eletrizado. menor.
c) ambos fiquem eletrizados com cargas de mesmo sinal III. Se os corpos forem colocados em contato e, em se-
e mesmo valor absoluto. guida, retornarem à posição original, a força elétrica
d) ambos fiquem eletrizados com cargas de sinais contrá- entre eles passa a ser de atração.
rios e mesmo valor absoluto.
e) a carga elétrica do papel seja muito maior que a carga 6 - Duas cargas elétricas puntiformes Q1 e Q2 = 4Q1 estão
elétrica da régua. fixas em dois pontos A e B distantes 30 cm um do outro.
a) A que distância do ponto A deve ser colocada uma
3 - (UFR-RJ) Um aluno tem 4 esferas idênticas, pequenas e carga Q3 qualquer para ficar em equilíbrio sob a ação
condutoras (A, B, C e D), carregadas com cargas respec- exclusiva das forças elétricas?
tivamente iguais a -2Q, 4Q, 3Q e 6Q. A esfera A é colo- b) Se a carga Q3 for colocada no ponto médio da distân-
cada em contato com a esfera B e a seguir com as esferas cia entre A e B, qual será a direção e o sentido da for-
C e D. Ao final do processo a esfera A estará carregada ça resultante sobre ela, considerando Q3 = 2Q1.
com carga equivalente a:
a) 3Q b) 4Q c) 0,5Q d) 8Q e) 5,5Q 7 - (U.E.Londrina-PR) Uma partícula está eletrizada positi-
vamente com uma carga elétrica de 4,0.10-15 C. Como o
4 - (FGV-SP) Duas esferas metálicas neutras e idênticas, A e módulo da carga do elétron é 1,6.10-19 C, essa partícula:
B, estão encostadas uma na outra e apoiadas em suportes a) ganhou 2,5.104 elétrons.
isolantes (figura 1). aproxime das esferas um bastão car- b) perdeu 2,5.104 elétrons.
regado positivamente sem, no entanto, deixar que le to- c) ganhou 4,0.104 elétrons.
que nas esferas (figura 2). As esferas são afastadas uma d) perdeu 6,4.104 elétrons.
da outra, mantendo sempre o bastão próximo da esfera B e) ganhou 6,4.104 elétrons.
(figura 3). Afaste então o bastão eletrizado das esferas
(figura 4). 8 - (Uniube-MG) Ao friccionar uma barra de vidro em um
pano de seda, estando ambos inicialmente neutros, veri-
fica-se que:
a) a barra e a seda ficam descarregadas.
b) a seda fica eletrizada e a barra neutra.
c) a barra fica eletrizada e a seda neutra.
d) a barra e a seda eletrizam-se com cargas de sinais
iguais.
e) a barra e a seda eletrizam-se com cargas de sinais
opostos.
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 20

9 - (Mackensie-SP) Há quatro esferas idênticas, uma carre- colocada num ponto "P" bem próximo do ponto "O".
gada eletricamente com carga Q e as outras eletricamen-
te neutras. Colocando-se, separadamente, a esfera eletri-
zada em contato com cada uma das outras esferas, a sua
carga final será:
Pode-se afirmar que esta carga:
Q Q Q Q Q
a) b) c) d) e) a) é repelida para o ponto A se for positiva.
4 8 16 32 64
b) é atraída para o ponto A se for negativa.
c) é atraída para o ponto O se for positiva.
10 - (UCBA) Um equipamento é constituído por uma barra
d) é atraída para o ponto O se for negativa.
metálica, três pequenos sinos (A, B e C) e duas peque-
e) é repelida para o ponto B se for positiva.
nas esferas metálicas (1 e 2). As esferas e o sino C fo-
ram ligados à barra por fios perfeitamente isolantes. A
12 - (Ceetesp-SP) Três cargas elétricas puntiformes estão
ligação do sino C à terra e as ligações dos sinos A e B à
eqüidistantes, fixas ao longo de um eixo, como na figu-
barra foram feitas por fios condutores.
ra abaixo. As cargas q1 e q2 são iguais, possuindo mó-
dulo q. Para que a força resultante sobre a carga q1 seja
nula, o módulo da carga q3 deve ser:

a) 6q b) 4q c) 3q d) 2q e) q

Quando a barra metálica é eletrizada, as esferas 1 e 2 13 - (PUC-SP) As esferas metálicas A e B da figura estão,
são atraídas, respectivamente, pelos sinos A e B que so- inicialmente, neutras e encontram-se no vácuo. Posteri-
am ao seu contato. Após esse primeiro contato, enquan- ormente, são eletrizadas, atritando-se uma na outra e,
to o conjunto permanecer eletrizado, é mais provável nesse processo, a esfera B perde elétrons para a esfera
que: A. Logo após, as esferas A e B são fixadas nas posições
a) as esferas voltem à sua posição de equilíbrio. que ocupavam inicialmente. Uma terceira esfera, C,
b) as esferas, devido à repulsão, toquem no sino C e carregada positivamente, é colocada no ponto médio do
voltem à posição de equilíbrio. segmento que une as esferas A e B.
c) apenas a esfera 1 fique positivamente carregada e to-
que no sino C, voltando em seguida à posição de e-
quilíbrio. Pode-se afirmar que a esfera C:
d) apenas a esfera 2 fique negativamente carregada e a) aproxima-se da esfera A, executando movimento re-
toque no sino C, voltando em seguida à posição de tilíneo acelerado.
equilíbrio. b) aproxima-se da esfera B, executando movimento re-
e) as esferas toquem no sino C e, a seguir, a esfera 1 to- tilíneo acelerado.
que no sino A e a esfera 2 no sino B, e assim sucessi- c) fica em repouso.
vamente. d) aproxima-se da esfera B, executando movimento re-
tilíneo uniforme.
11 - (PUC-RJ) Duas cargas iguais estão fixas em dois pon- e) aproxima-se da esfera A, executando movimento re-
tos, A e B, como mostra a figura a seguir. O ponto "O" tilíneo uniforme.
é o ponto médio entre as A e B. Uma terceira carga é
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 21

III - CAMPO ELÉTRICO E POTENCIAL ELÉTRICO

Os fenômenos físicos em geral acontecem campo elétrico.


em determinada região do espaço. Em particular, Campo elétrico é, portanto, uma região do
assim também acontecem os fenômenos elétricos. espaço na qual, quando se coloca um pequeno
Mesmo que essa região compreenda um setor do corpo eletrizado, chamado carga de prova, este
espaço livre, ela pode estar sob a influência de fica sujeito a uma força elétrica.
corpos eletrizados.
Imagine uma região desconhecida do espaço
livre onde estamos caminhando às cegas. Para co-
nhecer as propriedades de cada ponto dessa região
vamos usar como instrumento um pequeno corpo
eletrizado.
Primeiramente, percebemos que, para levar
esse pequeno corpo eletrizado até o ponto consi-
derado, há uma certa quantidade de energia en-
volvida. Cada ponto tem seu nível de energia po-
tencial elétrica, que chamamos de potencial elé-
trico.
Percebemos também que, para manter o pe-
queno corpo eletrizado naquele ponto, é necessá- Uma carga elétrica "q" colocada em um campo elétrico fica
ria a aplicação de uma força. Cada ponto tem seu sujeita a uma força elétrica F.
nível de força elétrica, que chamamos de vetor

3.1 - VETOR CAMPO ELÉTRICO


Genericamente, quando deslocamos uma reção.
carga de prova para diferentes pontos de um cam- Se q > 0, os vetores F e E possuem o mesmo
po elétrico, verificamos variações na força elétri- sentido
ca. Assim, em cada ponto do campo elétrico, defi- Se q < 0, os vetores F e E possuem sentidos
nimos o vetor campo elétrico ( E ) pela seguinte contrários
expressão:
F
E
|q|
No S.I., a unidade do vetor campo elétrico é
Newton por Coulomb (N/C).
Da definição acima podemos escrever:
F | q | .E
Observações:
Os vetores F e E possuem sempre a mesma di-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 22

3.2 - CAMPO ELÉTRICO GERADO POR UMA CARGA PUNTIFORME


As fontes de campos eletrostáticos são cor- |Q|
pos eletrizados. Chamamos esses corpos de fontes E k
r2
de campo elétrico ou cargas fonte (Q). A figura a Nessa expressão, obtemos o módulo do ve-
seguir ilustra a representação dos campos elétricos
tor campo elétrico. A direção de E é radial e o
gerados por uma carga fonte positiva e por uma
sentido pode ser divergente (Q > O) ou conver-
carga fonte negativa.
gente (Q < 0).
Observações:
O vetor campo elétrico resultante devido à ação
simultânea de várias cargas fontes (Q1, Q2, ...,
Qn) é dado pela soma vetorial dos vetores cam-
po elétrico correspondentes a cada carga:
E E1 E 2 ... E n
No caso específico de um dipolo elétrico (duas
cargas fontes eletrizadas com cargas elétricas
O campo elétrico gerado por uma carga elétrica puntiforme
é radial: divergente se Q > 0 e convergente se Q < 0.
opostas: +Q e -Q), o vetor campo elétrico resul-
tante em um ponto P, igualmente distanciado
Para obter o vetor campo elétrico ( E ) gera- das cargas fontes, é mostrado na figura a seguir:
do por uma carga puntiforme (Q), a uma distância
r, vamos utilizar uma carga de prova (q), por e-
xemplo, positiva, colocada no ponto à distância r
da carga fonte. A intensidade da força elétrica que
age na carga de prova é dada por:
F | q | .E
| Q |.| q |
F k
r2
| Q |.| q |
| q | .E k
r2
Da comparação dessas duas expressões, conclu-
ímos que:

3.3 - LINHAS DE FORÇA


As linhas de força são linhas orientadas - re- nhas estão mais espaçadas o campo é menos in-
tas ou curvas - que indicam, ponto por ponto do tenso.
espaço, a intensidade, a direção e o sentido do ve-
tor campo elétrico.
Esse campo pode ser fruto de uma ou de vá-
rias fontes.
Com base na figura a seguir, temos que:
a direção de E é dada pela tangente à linha no
ponto considerado.
o sentido de E é o mesmo da linha de força.
a intensidade de E é proporcional à densidade
de linhas, ou seja, onde há maior concentração
de linhas o campo é mais intenso e onde as li-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 23

As figuras a seguir representam as linhas de


força em algumas situações:

Linhas de força para duas cargas elétricas e de duas pla-


cas planas e paralelas eletrizadas com cargas de sinais
contrários

Linhas de força para uma carga elétrica positiva e uma Observações:


carga elétrica negativa isoladas As linhas de força se originam nas cargas positi-
vas ou no infinito.
As linhas dr força findam na carga negativa ou
no infinito.
As linhas de força nunca se cruzam. O cruza-
mento das linhas implicaria dois vetores campo
elétrico diferentes no mesmo ponto.
As linhas de força são sempre linhas abertas.
Como se originam no infinito ou nas cargas po-
Linhas de força para um dipolo elétrico e entre duas car- sitivas e findam nas cargas negativas ou no infi-
gas elétricas iguais e positivas nito, não podem retornar ao mesmo ponto.

3.4 - CAMPO ELÉTRICO UNIFORME (C.E.U.)

Numa determinada região, o campo elétrico é os sentidos indicados pelas setas na figura a se-
uniforme quando, em todos os pontos dessa regi- guir. O módulo do campo elétrico no ponto B vale
ão, o vetor campo elétrico possui a mesma inten- 24 N/C.
sidade, a mesma direção e o mesmo sentido.
Determine:
As linhas devem, então, apresentar:
a) a localização da carga Q.
a mesma direção (retas paralelas).
b) o módulo, a direção e o sentido do campo e-
o mesmo sentido. létrico no ponto P.
um espaçamento constante, pois a densi-
dade de linhas é proporcional à intensidade do ve-
tor campo elétrico.

Representação das linhas de força de um campo elétrico


uniforme

Exercício resolvido (Fuvest - SP)


O campo elétrico de uma carga puntiforme
Q em repouso tem, nos pontos A e B, as direções e
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 24

Resolução:
a) Para a localização da carga Q, basta tra-
çarmos as retas suportes dos vetores que repre-
sentam os campos elétricos nos pontos A e B.
b) Na figura ao lado, observamos que rp = 2.rB
e, como o módulo do vetor campo elétrico é inver-
samente proporcional ao quadrado da distância,
então:
1
EP EB
4
24
EP 6 N/C, horizontal para a direita
4

3.5 - TRABALHO DA FORÇA ELÉTRICA


Vamos, inicialmente, obter o trabalho reali-
zado pela força elétrica em uma trajetória retilí-
nea. Esse trabalho é realizado ao longo de uma li-
nha de força de uma carga puntiforme Q (figura).

Para calcular o trabalho da força elétrica ao


longo de uma trajetória qualquer, vamos imaginar
A força elétrica realiza trabalho sobre a carga q no deslo- essa trajetória decomposta em segmentos de reta e
camento de A a B. Como suposição, ambas as cargas Q e q arcos de circunferência. Os segmentos de reta são
são positivas. radiais em relação à posição ocupada pela carga
Nessa condição, o trabalho realizado pela Q, e os arcos se referem a circunferências cujos
força elétrica é motor, pois a força elétrica tem o centros coincidem com a posição ocupada por Q.
mesmo sentido que o deslocamento. Esses elementos podem ser imaginados tão pe-
Uma vez que a intensidade da força elétrica quenos quanto for necessário para a composição
varia com distância que separa as cargas, o traba- de uma trajetória qualquer (figura).
lho é realizado por uma força variável, podendo
ser calculado pela expressão:
kQq kQq
A B
rA rB

Observação:
No caso particular em que a carga q se desloca
ao longo de um arco de circunferência cujo cen-
tro é posição ocupada pela carga Q, a força elé-
trica é sempre perpendicular à tangente à trajetó-
ria descrita pela carga q e, portanto, não realiza Uma trajetória qualquer entre os pontos A e B pode ser de-
trabalho. Assim: composta em segmentos de reta e arcos de circunferência
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 25

Como em todos os arcos de circunferência, Trajetória qualquer entre A e B.


o trabalho realizado pela força elétrica é nulo, o
0
trabalho realizado pela força elétrica no desloca- AB ' AB '

mento AB corresponde ao trabalho que seria reali- Observando que rB' = rB, concluímos que:
zado por essa mesma força ao longo do segmento
o trabalho da força elétrica não depende da traje-
AB'.
tória.
Comparemos, então, o valor do trabalho rea-
lizado pela força elétrica quando a carga se deslo- qualquer que seja a trajetória que interliga os
ca do ponto A ao ponto B pela trajetória AB'B, pontos A e B, o trabalho realizado pela força elé-
com o valor do trabalho quando a carga se desloca trica é:
do ponto A ao ponto B por uma trajetória qual-
kQq kQq
quer: A B
rA rB
Trajetória AB'B
AB ' B AB ' B'B AB ' 0 AB ' B AB '

3.6 - ENERGIA POTENCIAL ELÉTRICA

A energia potencial de um sistema de cargas


kQq
corresponde ao trabalho que pode ser realizado A E P ( A)
pelas forças elétricas. rA
Convém lembrar que o trabalho de uma ou Pela definição de energia potencial, esse é o
várias forças sempre se refere a um determinado valor da energia potencial elétrica associado ao
deslocamento. Assim, a energia potencial elétrica sistema formado pelas duas cargas em sua confi-
corresponde ao trabalho que pode ser realizado guração inicial.
pelas forças elétricas desde a configuração do sis-
tema até uma configuração de referência. A confi- Observações
guração de referência é importante para a defini- Na expressão da energia potencial elétrica, as
ção do nível zero de energia potencial. No caso da cargas elétricas devem aparecer com os respec-
eletricidade, admitimos que, quando as cargas es- tivos sinais.
tão infinitamente separadas, a energia potencial é
nula. Se Q e q têm o mesmo sinal, então a energia po-
tencial elétrica do sistema é positiva. Isso signi-
fica que a força elétrica está em condições de
realizar trabalho motor, ou seja, se as cargas fo-
rem abandonadas sob a ação exclusiva de forças
elétricas, elas espontaneamente vão atingir a
completa separação ( rAB ).
Se Q e q têm sinais diferentes, então a energia
A carga Q é fixa e a carga q se desloca desde a distância i- potencial elétrica do sistema é negativa. A força
nicial que separa as duas cargas (rA) até um ponto B, infini-
elétrica, nesse caso, é atrativa. Isso significa que
tamente distante.
é necessário fornecer energia ao sistema para
O trabalho realizado pela força elétrica nes- que as cargas possam atingir a completa separa-
se deslocamento é: ção ( rAB ).
kQq kQq Relacionando o trabalho da força elétrica
A
rA rB com a energia potencial elétrica, temos:
Como rB tende a um valor infinito, a expres-
A E P ( A) E P( B )
kQq
são tende a zero. Portanto, podemos escre-
rA O trabalho da força elétrica é a diferença
ver: entre a energia potencial inicial e a energia po-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 26

tencial final. servativas. A força elétrica, juntamente com as


forças peso e elástica, é uma força conservativa.
Como vimos, as forças cujo trabalho não
depende da trajetória são chamadas de forças con-

3.7 - POTENCIAL ELÉTRICO


Em uma escada, temos, em correspondência, próximos a ela correspondem a níveis de energia
para cada degrau, um certo nível de energia. Se maiores. O nível zero corresponde aos pontos in-
considerarmos um mesmo corpo, colocado em ní- finitamente afastados da carga.
veis de energia diferentes, obteremos valores dife- Se, em algum ponto do espaço que circunda
rentes para a energia potencial. a carga puntiforme (fixa), colocarmos uma carga
de teste (carga de prova), o sistema ficará dotado
de energia potencial elétrica.
Assim definimos:
Potencial elétrico (V) é a grandeza que mede o
nível de energia associado a cada ponto do espa-
ço que circunda uma carga fonte. Esse nível de
energia será a quantidade de energia potencial
elétrica por unidade de carga que venhamos a co-
locar nesse ponto.
Ep
Algebricamente: V
q
Para cada degrau de uma escada, o sistema apresenta um a No S.I., a unidade de potencial elétrico é o
energia potencial diferente
volt (V), com 1 V = 1 J/C.
Analogamente, quando analisamos o espaço Como a energia é uma grandeza escalar,
ao redor de uma carga puntiforme (carga fonte), também o potencial elétrico é uma grandeza esca-
encontramos níveis de energia diferentes. Para lar, podendo ser positiva, negativa ou nula.
uma carga puntiforme positiva, os pontos mais

3.7.1 - POTENCIAL ELÉTRICO DE CARGA PUNTIFORME


Com a definição de potencial elétrico, po- Observação:
demos calcular o potencial gerado por uma carga
Quando um ponto no espaço estiver sujeito à a-
puntiforme. Para a carga puntiforme, temos:
ção de várias cargas puntiformes, poderemos
Q.q EP obter o potencial elétrico desse ponto usando o
Ep k
e como V critério da superposição:
r q
podemos escrever : V = V1 + V2 + ... + Vn
Q
V k
r

3.7.2 - DIFERENÇA DE POTENCIAL


Quando uma carga de prova é deslocada en- A grandeza (VA - VB) é o desnível de poten-
tre dois pontos do espaço, o trabalho da força elé- cial entre os pontos A e B, sendo geralmente re-
trica depende do desnível de energia entre esses presentada por U. Essa grandeza recebe o nome de
dois pontos. Assim, temos: diferença de potencial elétrico (ddp), ou tensão, ou
A E P ( A) E P ( B ) q.V A q.V B ainda voltagem.
A B q.(V A VB ) U = VA - VB ou = q.U
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 27

Observação: Resolução:
Para que a água escorra espontaneamente quan- a) O potencial elétrico de uma carga puntiforme é
do abrimos uma torneira, é necessário que haja Q
um desnível entre a superfície do líquido no re- dado por V k . Logo:
r
servatório e a saída na torneira. Da mesma ma-
neira, para o funcionamento de um aparelho elé- 9,0.10 9.( 2,0.10 6 )
VA 6,0.10 5 V
trico, é necessário que haja uma diferença de po- 3,0.10 2
tencial entre os pontos em que ele for ligado,
9,0.10 9 .( 2,0.10 6 )
provocando o deslocamento de cargas elétricas. VB 2,0.10 5 V
9,0.10 2
Exercício Resolvido: b) O trabalho realizado pela força elétrica no des-
Uma carga Q = -2,0 C encontra-se fixa em locamento da carga de prova é dado por
um ponto no vácuo (k = 9.109 N.m2/C2). Conside- = q.(VA - VB). Substituindo os valores teremos:
re dois pontos, A e B, situados a 3,0 cm e 9,0 cm,
1,0.10 6.[ 6,0.10 5 ( 2,0.10 5 )] 0,40 J
respectivamente, da carga elétrica Q.
a) determine os potenciais elétricos, em voltas, O sinal negativo indica que o movimento da
nos pontos A e B. carga de prova, entre os pontos A e B, não é
espontâneo. É preciso que um agente externo
b) Uma carga de prova, q = 1,0 C, é deslocada realize um trabalho de 0,40 J para movimentar
de A para B. Determine o trabalho realizado a carga.
pela força elétrica nesse deslocamento. Expli-
que o sinal do trabalho.

3.8 - SUPERFÍCIES EQUIPOTENCIAIS

Quando analisamos o espaço ao redor de Vejamos agora a relação entre as linhas de


uma ou de várias cargas elétricas - fontes de cam- força e as superfícies equipotenciais. Para isso,
po elétrico -, encontramos vários pontos que pos- devemos lembrar que o trabalho da força elétrica,
suem o mesmo potencial. quando deslocamos uma carga de prova ao longo
Um conjunto de pontos que têm o mesmo de uma superfície equipotencial, é dado por:
potencial pode corresponder a um volume, a uma
A-B = q.(VA - VB)
superfície ou até mesmo a uma linha. Na maioria
dos casos, esses conjuntos de pontos determinam Como os pontos A e B pertencem à mesma
uma superfície, que chamamos de superfície equi- superfície equipotencial, têm o mesmo potencial,
potencial. ou seja, VA - VB = 0. Portanto, o trabalho é nulo,
Vejamos o caso em que a fonte é uma carga qualquer que seja a trajetória escolhida. Para que
puntiforme. Como o potencial elétrico gerado por tal fato aconteça, a força elétrica deve ser sempre
essa carga é dado por kQ/r, com k e Q constantes, normal à superfície e, em decorrência, o campo
todos os pontos situados à mesma distância r da elétrico também o será, pois este tem sempre a
fonte têm o mesmo potencial. Já, para cada valor mesma direção da força:
de r, a superfície que contém esse conjunto de O campo elétrico é sempre normal às superfícies
pontos é uma superfície esférica, de raio r e cen- equipotenciais.
trada na carga fonte.

Várias superfícies equipo-


tenciais de uma carga punti-
forme. Cada valor de r se re-
fere a um potencial elétrico
diferente.
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 28

Se uma carga de prova, colocada em repou- Movimento espontâneo de cargas


so em um campo elétrico, entra em movimento elétricas livres
sob a ação exclusiva da força elétrica, temos um As cargas elétricas livres positivas se deslocam
movimento espontâneo; nesse tipo de movimento espontaneamente para as regiões de menor po-
o trabalho da força elétrica é sempre positivo (tra- tencial.
balho motor). analisemos as duas situações se- As cargas elétricas livres negativas se deslocam
guintes: espontaneamente para as regiões de maior po-
Carga de prova positiva tencial.
Considerando as duas situações apresenta-
q(Vi Vf ) 0. Como q 0:
das, temos que:
Vi Vf 0, então : Vi Vf
O sentido do campo elétrico é sempre do maior
Carga de prova negativa para o menor potencial elétrico.
q(Vi Vf ) 0. Como q 0:
Vi Vf 0, então : Vi Vf

3.9 - CAMPO ELÉTRICO UNIFORME

Como o vetor campo elétrico é sempre nor- Como o trabalho da força elétrica não de-
mal às superfícies equipotenciais, estas são consti- pende da trajetória descrita, vamos realizar o cál-
tuídas de planos paralelos, perpendiculares às li- culo do trabalho fazendo uma composição de dois
nhas de força. deslocamentos retilíneos: uma do ponto A ao pon-
to M, e o outro do M ao B.
Do ponto A ao ponto M, temos a ação de
uma força constante e paralela ao deslocamento,
cuja intensidade é F = q.E. O trabalho dessa força
é:
1 = F.d
1 = q.E.d

Linhas de força e superfícies equipotenciais

Desloquemos uma carga de prova q, positi-


va, do ponto A, na superfície de potencial VA, pa- Do ponto M ao ponto B, o trabalho da força
ra o ponto B, na superfície de potencial VB, por elétrica é nulo, pois nesse trecho a força elétrica é
uma trajetória qualquer. sempre perpendicular ao deslocamento (superfície
equipotencial), isto é:
2 =0
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 29

O trabalho total então será: Observação:


Na aplicação dessa última expressão, devemos ob-
= 1 + 2 = q.E.d + 0 = q.E.d
servar que a distância d não é a distância pela car-
Como = q.U, obtemos: ga de prova, mas sim a distância entre as duas su-
E.d = U perfícies equipotenciais.

3.10 - CONDUTORES EM EQUILÍBRIO ELETROSTÁTICO


Os condutores dispõem de portadores de Assim, quaisquer que sejam os pontos A e
carga elétrica livres. Se houver a ação de um cam- B, temos:
po elétrico sobre os portadores de carga, eles não
VA - VB = 0 VA = VB
ficarão em equilíbrio. Nessas condições, concluí-
mos que: Ou seja:
no interior de um condutor em equilíbrio ele- Todos os pontos de um condutor em equilíbrio e-
trostático, o campo elétrico é nulo. letrostático possuem o mesmo potencial elétrico.
o excesso ou a falta de cargas elétricas de um
condutor em equilíbrio eletrostático se situa em Observação:
sua superfície. O volume de um condutor em equilíbrio eletros-
Sendo o campo elétrico nulo em qualquer tático é um volume equipotencial; em particular,
ponto do interior de um condutor, a força elétrica sua superfície é uma superfície equipotencial. É
também é nula. O mesmo acontece com o trabalho indiferente se o condutor é oco ou maciço. Do
realizado pela força elétrica: é nula, para qualquer ponto de vista da eletrostática, seu volume inter-
trajetória. no é descartável.

3.11 - BLINDAGEM ELETROSTÁTICA


Vejamos um experimento simples, em que A figura acima mostra que o pêndulo encar-
se verificam as propriedades dos condutores em cerado na gaiola fica imune aos campos aos cam-
equilíbrio eletrostático. pos elétricos externos, ou seja, mesmo sob a ação
de cargas exteriores, o campo elétrico no interior
do condutor é nulo. É um experimento clássico,
denominado gaiola de Faraday, em homenagem a
Michael Faraday, um dos patronos da eletricidade.
Esse raciocínio pode ser aplicado a um veí-
culo trafegando em meio a uma tempestade, ou
mesmo sendo tocado por um fio de alta tensão. A
segurança dos passageiros estará garantida en-
quanto eles permanecerem dentro do veículo, que
Um pêndulo eletrostático é atraído por um corpo eletrizado. funciona como blindagem eletrostática. Além do
Após a atração, o pêndulo é envolvido por uma gaiola metá- campo no interior ser nulo, todos os pontos interi-
lica (condutora), e a deflexão desaparece. ores tem o mesmo potencial.

3.12 - ELETROSCÓPIO DE FOLHAS


O eletroscópio é um aparelho indicado para camente de duas lâminas metálicas bem leves (por
se verificar a presença de cargas num determinado exemplo, duas folhas de papel alumínio), forman-
corpo. do uma dobradiça, ligadas por uma haste conduto-
O eletroscópio de folhas é constituído basi- ra a um outro corpo (cabeça do eletroscópio),
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 30

também condutor (ver figura a seguir). encostadas (fechadas) e neutras.


Quanto mais dúctil for o material usado na Ao aproximarmos o corpo eletrizado (posi-
confecção das folhas, mais finas e leves elas se- tivamente, por exemplo) da cabeça do eletroscó-
rão, propiciando um aparelho cada vez mais sen- pio, sem encostá-lo, haverá indução de cargas ne-
sível. Por esta razão, na construção de eletroscó- gativas na cabeça e, portanto, as folhas localizadas
pios mais sofisticados usam-se folhas de ouro. na outra extremidade ficam eletrizadas positiva-
Devido a sensibilidade das folhas, é aconselhável mente (o conjunto continua neutro). Como resul-
encerrá-las em uma garrafa, para que não sofram a tado, temos a repulsão entre as folhas.
ação de uma corrente de ar.

Quanto maior for a proximidade do corpo eletrizado da


Eletroscópio de folhas cabeça do eletroscópio, maior será a indução e, em conse-
qüência, maior será a deflexão das folhas. No entanto, se o
indutor chegar a tocar a cabeça do eletroscópio, este ficará
Vejamos o que acontece quando aproxima- eletrizado, e as folhas continuarão defletidas, mesmo após o
mos um corpo eletrizado da cabeça do eletroscó- afastamento do indutor.
pio. Antes da aproximação devemos encostar a
cabeça do eletroscópio em qualquer metal ligado à
terra, para neutralizá-lo. As folhas deverão ficar

3.13 - CAMPO E POTENCIAL ELÉTRICO NOS CONDUTORES


Quando consideramos um condutor em e- Condutor esférico
quilíbrio eletrostático, devemos ter em mente três
Vamos considerar um caso particular de um
regiões distintas: a interna, a externa e a superfí-
condutor em equilíbrio eletrostático, livre da pre-
cie.
sença de outros corpos eletrizados, o condutor es-
Em relação aos pontos internos de um con-
férico.
dutor temos:
todos os pontos do interior do condutor têm o
mesmo potencial.
o campo elétrico no interior do condutor é nulo.
Em relação aos pontos externos, temos que
o campo e o potencial elétrico dependem da forma
do condutor e da posição do ponto.
Em relação aos pontos da superfície:
o potencial elétrico nos pontos da superfície do
condutor é o mesmo dos pontos interiores.
Condutor esférico (oco ou maciço), onde r é a distância de
a intensidade do campo elétrico na superfície de
um ponto qualquer ao centro do condutor e R é o raio da es-
um condutor é normal à superfície. fera que determina a superfície do condutor.
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 31

Pontos exteriores (r > R)


Consideramos toda a carga do condutor locali-
zada em seu centro. Em cada ponto, as intensi-
dades do potencial elétrico e do campo elétrico
são dadas por:
Q |Q|
V k e E k
r r2

Pontos na superfície (r = R)
Em pontos na superfície de um condutor esféri-
co, as intensidades do potencial elétrico e do
campo elétrico são dadas por:
Q |Q|
V k e E k
R 2R 2

Pontos interiores (r < R)


Para todos os pontos interiores, o potencial elé-
trico é o mesmo e igual ao potencial dos pontos
da superfície do condutor e o campo elétrico é
Variação da intensidade do campo elétrico (a) e do potenci-
nulo: al elétrico (b) em função da distância, em um condutor esfé-
Q rico.
V k e E 0
R

3.13.1 - CAPACITÂNCIA DE UM CONDUTOR


Consideremos um condutor, inicialmente
Q Q R
neutro, que vai ser eletrizado negativamente. À C C
medida que fornecemos cargas elétricas (elétrons) V kQ k
a esse condutor, o valor absoluto do potencial elé- R
trico aumenta e, com isso, torna-se progressiva- A figura a seguir ilustra a evolução do po-
mente mais difícil a colocação de mais elétrons, tencial elétrico de um condutor, inicialmente neu-
pois os novos sofrerão a repulsão dos já existen- tro, à medida que ele vai sendo carregado.
tes.
A cada quantidade de carga existente no
condutor, há, em correspondência, um potencial
elétrico proporcional a essa quantidade de carga.
Denomina-se capacitância (C) ou capacida-
de eletrostática de um corpo, a relação entre a
quantidade de carga elétrica (Q) e o potencial elé-
trico (V) correspondente:
Q
C
V
No. S.I. , a unidade de capacitância é farad
(F), em homenagem ao físico inglês Michael Fa- Potencial elétrico de um condutor em função da quantidade
raday. de carga por ele adquirida.
Para os condutores em geral, a capacitância
permanece constante, independentemente da Considerando que as cargas que o condutor
quantidade de carga por eles adquirida. Para um vai adquirindo vêm de um potencial nulo, quanto
condutor esférico, temos: maior for o potencial elétrico do condutor, maior a
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 32

energia necessária para carregá-lo um pouco mais; energia potencial elétrica ( Ep) dado por:
e o trabalho da força elétrica, para cada elemento
Ep q.V
de carga que o condutor venha a adquirir, é dado
por: A soma de todos esses acréscimos corres-
q.(V V) q.V ponde à energia potencial elétrica que o condutor
terá ao final do processo de carga, e corresponde à
Assim, para que o processo aconteça, é ne- área mostrada na figura anterior.
cessária uma força oposta à força elétrica, que irá
realizar um trabalho de mesmo valor absoluto, QV
Ep e como Q CV , temos :
mas de sinal contrário. O trabalho dessa força se 2
reflete na energia potencial armazenada no condu- CV 2 Q 2
tor. Temos, então, para cada quantidade de cargas EP
2 2C
q a ser colocada no condutor, um acréscimo de

3.13.2 - PODER DAS PONTAS


Em um dado corpo em equilíbrio eletrostáti-
co, as regiões mais pontiagudas (menor raio) apre-
sentam um campo elétrico mais intenso e uma
maior concentração de cargas.

3.14 - EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES


1 - (Univali-SC) Para descobrir se em determinada região do
espaço há um campo elétrico, coloca-se ali uma carga e-
létrica e verifica-se se nesta carga ocorre:
a) vibração
b) variação na massa I. Obrigatoriamente, as duas cargas devem apresentar
c) variação no grau de eletrização sinais contrários.
d) aparecimento de força elétrica II. Em módulo, q2 é maior que q1.
e) neutralização III. Em módulo, a razão q1/q2 é igual a 1/4
Quais as afirmações são corretas?
2 - (UFPR) Na figura abaixo, QA e QB são cargas elétricas
pontuais fixadas no plano xy e o vetor E C representa o 4 - (UFRN) A respeito das linhas de força de um campo elé-
campo elétrico resultante no ponto C. trico, é correto afirmar:
a) as linhas de força são tangentes aos vetores campo
elétrico.
b) pode haver intersecção de duas ou mais linhas de for-
ças.
c) as linhas de força são orientadas no sentido das cargas
elétricas positivas.
d) em um campo elétrico uniforme, as linhas de força
convergem para um mesmo ponto.
e) uma linha de força pode começar e terminar em uma
Considerando essa situação, assinale certo ou errado: mesma carga elétrica.
I. QA é uma carga elétrica positiva e QB uma carga elé-
trica negativa. 5 - Considere uma carga puntiforme Q = 10 C fixa em um
II. Uma carga de prova estará sujeita, no ponto C, a uma ponto A e dois pontos B e C, distantes 2 cm e 6 cm res-
força elétrica resultante paralela a E C . pectivamente, da carga Q. Uma carga de prova, q = 2
C, é colocada no ponto B e, em seguida, deslocada para
III. |QA| > |QB|
o ponto C.
3 - (U.F. Santa Maria - RS) Duas cargas puntiformes, q1 e a) Determine a energia potencial elétrica do sistema
q2, estão separadas por uma distância de 6 cm. Sabe-se constituído pelas cargas Q e q quando esta se encontra
que, a 2 cm da carga q1, em um ponto P da linha que une no ponto B.
as cargas, o campo elétrico resultante é nulo. São feitas b) Repita o item (a) com a carga q no ponto C.
as seguintes afirmações: c) Determine o trabalho da força elétrica no deslocamen-
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 33

to da carga q de B para C.

6 - A figura representa os potenciais elétricos em pontos de


um campo de força gerado por uma carga elétrica punti-
forme Q = 2,0 C. A distância entre pontos consecutivos
é 1,0 cm.
a) q1 é positivo, q2 é negativo e |q1 | < |q2 |.
b) q2 é positivo, q1 é negativo e |q2 | > |q1 |.
c) q2 é negativo, ql é positivo e |q1 | > |q2 |.
d) q2 é negativo, q1 é positivo e |q1 | = |q2 |.
e) q2 é positivo, q1 é negativo e |q2 | < |q1 |.

11 - (Unicamp-SP) Considere
Com base na figura, assinale certo ou errado nas afirma- uma esfera de massa rn e car-
ções seguintes: ga q pendurada no teto e sob
I. A carga Q localiza-se a 2,0 cm à esquerda do ponto a ação da gravidade e do
A. campo elétrico E, como indi-
II. O potencial elétrico do ponto B é 6.105V. cado na figura.
III. Uma carga de prova positiva colocada no ponto B a) Qual é o sinal da carga q?
movimenta-se espontaneamente para a direita. b) Quais são as forças que agem na carga q?
IV. O trabalho da força elétrica sobre uma carga de pro- c) Se trocarmos o sinal da carga q, qual será a nova po-
va negativa que se movimenta de C para A é positivo. sição ocupada por ela?
7 - (U.E.Maringá-PR) Considere uma partícula de massa m 12 - (PUC-SP) Numa certa região da Terra, nas proximida-
e carga Q positiva. Então é correto afirmar que: des da superfície, a aceleração da gravidade vale 9,8
01) a partícula produzirá em seu redor um campo gravi- m/s2 e o campo eletrostático do planeta (que possui
tacional e um campo elétrico. carga negativa na região) vale 100 N/C. Determine o
02) a carga Q poderá ser escrita como sendo um número sinal e o valor da carga elétrica que uma bolinha de gu-
inteiro N de cargas elementares. de, de massa 50 g, deveria ter para permanecer suspen-
04) o potencial elétrico produzido pela carga puntiforme sa em repouso, acima do solo.
Q, a uma distância finita r do seu centro, será nulo.
08) o potencial elétrico de Q, a uma distância r de seu
centro, é uma grandeza escalar e positiva.
Dê como resposta a soma das afirmações corretas.
Considere o campo elétrico praticamente uniforme no
8 - Duas cargas elétricas, de mesmo módulo, mas de sinais local e despreze qualquer outra força atuando sobre a
contrários, estão fixas em dois pontos. A e B, e separa- bolinha.
das pela distância d. Assinale a alternativa correta:
a) Qualquer carga de prova colocada no ponto médio en- 13 - (Mackenzie-SP) Uma carga elétrica positiva e punti-
tre as cargas fixas ficará em equilíbrio. forme cria em um ponto P situado a 20 cm um campo
b) Tanto o potencial elétrico quanto o campo elétrico são elétrico de intensidade 900 V/m. O potencial elétrico
nulos no ponto médio entre as cargas. nesse ponto P é:
c) No ponto médio o potencial elétrico é nulo, mas o a) 100V b) 180V c) 200V d) 270V e) 360V
campo elétrico, não.
d) Em qualquer ponto sobre a reta que une as cargas o 14 - (Cesgranrio) Duas cargas puntuais (I) e (II) estão fixas
potencial elétrico é nulo. nas posições indicadas na figura.
e) O potencial elétrico, em qualquer ponto é diferente de
zero.

9 - (Vunesp) Na figura, o
ponto P está eqüidistante O ponto M é o ponto médio do segmento que une as
das cargas fixas +Q e -Q. duas cargas.
Qual dos vetores indica Observa-se experimentalmente que, em M, a intensida-
a direção e o sentido do de E do Campo elétrico tem a direção e o sentido mos-
campo elétrico em P, de- trados na figura, e que o potencial elétrico V é nulo (o
vido a essas cargas? potencial é também nulo no infinito). Esses dados per-
mitem afirmar que as cargas (I) e (II) têm valores res-
pectivos:
a) A b) B c) C d) D e) E a) -q e +q c) -q e -q e) +q e +q
10 - (FEI-SP) Quanto à representação das linhas de força da 1 1
b) - q e +q d) +q e - q
figura podemos afirmar que: 2 2
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 34

15 - (UFMA) Ao chegar a casa nurn dia chuvoso. João disse localizado na superfície do condutor, o B está no interi-
ter visto uma andorinha morrer quando pousava na rede or e próximo à superfície, o C mais no interior e o D é
elétrica de alta tensão. Podemos afirmar que: externo. Com relação ao poten-
a) João não disse a verdade visto que não há diferença cial elétrico desses pontos, po-
de potencial entre os dois pontos de contato no fio. demos afirmar que:
b) a ave morrerá visto que a oscilação da rede elétrica, a) VC = VB = VA = VD
durante a chuva, estabelece uma diferença de poten- b) VC > VB > VA > VD
cial entre seus pés. c) VC = VB > VA > VD
c) A ave poderá morrer durante a chuva. visto que oca- d) VC = VB = VA < VD
sionalmente haverá ddp entre um ponto e outro do e) VC = VB = VA > VD
fio, onde a ave irá tocar.
d) João não disse a verdade visto que a elevada tensão 20 - (FEI-SP) Na figura estão representadas algumas linhas
do fio protege a ave. de força e superfícies equipotenciais de um campo ele-
e) a ave morre em decorrência do efeito Joule durante a trostático uniforme. Qual é o trabalho da força elétrica
chuva. que atua em uma partícula de carga q = 4 C no deslo-
camento de A a C?
16 - Na figura, estão representadas algumas linhas de força
(linhas pretas) e algumas superfícies equipotenciais (li-
nhas vermelhas) do campo criado pela carga q.

21 - (PUC-MG) A figura mostra as linhas de força de um


campo elétrico, situado em certa região do espaço, e
dois pontos desse campo, A e B. Uma carga elétrica
positiva é colocada em repouso no ponto A e pode ser
Considere as seguintes afirmações: levada até o ponto B, seguindo qualquer uma das traje-
I. Os pontos A e C possuem o mesmo potencial. tórias, 1, 2 ou 3.
II. O campo elétrico em B é mais intenso do que em A.
III. O potencial elétrico em A é maior do que em D.
IV. O trabalho da força elétrica para deslocar uma car-
ga de A para B é nulo.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente I é correta. Leia as afirmativas a seguir:
b) Somente I e II são corretas.
c) Somente I e III são corretas. I. O campo elétrico é mais intenso no ponto A do que
d) Somente III e IV são corretas. no ponto B.
e) Todas são corretas. II. O trabalho realizado, para levar a carga elétrica de
A a B, depende da trajetória escolhida e guarda a
17 - (U. E Santa Maria-RS) São feitas as seguintes afirma- seguinte relação: 2 > 1 > 3.
ções a respeito de um condutor eletrizado e em equilí- III. Entre os pontos A e B existe uma diferença de po-
brio eletrostático: tencial elétrico, cujo módulo pode ser determinado
I. A carga elétrica em excesso localiza-se na superfí- pelo produto do módulo do campo elétrico pela dis-
cie externa. tância d.
II. No seu interior, o campo elétrico é nulo. Assinale:
III. No seu interior, o potencial elétrico é nulo. a) se todas as afirmativas estão corretas.
Está(ão) correta(s): b) se todas as afirmativas estão incorretas.
a) apenas I. d) apenas I e II. c) se apenas as afirmativas I e II estão incorretas.
b) apenas II. e) apenas I e III. d) se apenas as afirmativas I e III estão corretas.
c) apenas III. e) se apenas as afirmativas II e III estão corretas.

18 - Uma esfera condutora de 30 cm de raio está eletrizada 22 - (Faap-SP) A figura mostra, em corte longitudinal, um
com uma carga elétrica igual a 3,0 C Determine: objeto metálico oco, eletricamente carregado. Em qual
das regiões assinaladas há maior concentração de car-
a) a intensidade do campo elétrico e o potencial elétrico ga?
em um ponto situado a 10 cm do centro da esfera.
b) o potencial elétrico na superfície da esfera.
c) O potencial elétrico em um ponto situado a 50 cm do
centro da esfera.

19 - (Mackenzie-SP) O condutor abaixo está carregado posi-


tivamente e em equilíbrio eletrostático. O ponto A está a) E b) D c) C d) B e) A
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 35

ANEXO 1

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS COMPLEMENTARES

2.10 - Página 19 3.14 - Página 32

1-b 1-d
2-d 2 - Todas corretas
3-b 3 - II e III
4-d 4-a
5 - C; E e E 5a - 9 J
6a - 10 cm 5b - 3 J
6b - Direção da reta AB e sentido de B 5c - 6 J
para A. 6 - Todas corretas
7-b 7 - 01 + 02 + 08 = 11
8-e 8-c
9-b 9-c
10 - e 10 - b
11 - a 11a - Negativa
12 - b 11b - tração, força elétrica e peso
13 - a

11c -
12 - -4,9.10-3 C
13 - b
14 - a
15 - a
16 - c
17 - d
18a - 0 e 9.105 V
18b - 9.105 V
18c - 5,4.104 V
19 - e
20 - 4,8.10-4 J
21 - c
22 - a
ELETROSTÁTICA _____________________________________ 36

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

VALKENBURGh, Van, Eletricidade Básica - Volumes 1, Livraria Freitas Bastos, 1ª edição brasilei-
ra - 1960.

RAMALHO JR., Francisco; FERRARO, Nicolau Gilberto; SOARES, Paulo Antônio de Toledo, Os
Fundamentos da Física - Volume 3, Editora Moderna, 7ª edição.

CARRON, Wilson; GUIMARÃES, Osvaldo, Física - livro do professor, Editora Moderna, 1ª edi-
ção.

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