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Julho - 2003

ÍNDICE

1 - MAGNETISMO: CAMPO MAGNÉTICO ...................................................................................... 03


1.1 - Imã natural .............................................................................................................................. 03
1.1.1 - Ação entre pólos .......................................................................................................... 04
1.1.2 - Inseparabilidade dos pólos ........................................................................................... 04
1.2 - Campo Magnético ................................................................................................................... 04
1.2.1 - Linhas de campo .......................................................................................................... 04
1.3 - Campo magnético uniforme .................................................................................................... 05
1.4 - Imantação por influência ......................................................................................................... 05
1.5 - Magnetismo terrestre ............................................................................................................... 05
1.6 - Experiência de oersted ............................................................................................................ 06
1.7 - Fio longo e reto ....................................................................................................................... 06
1.7.1 - Cálculo da intensidade do campo ................................................................................. 07
1.8 - Espiras circulares .................................................................................................................... 07
1.9 - Solenóide ................................................................................................................................ 07
1.10 - Exercícios de aplicação ......................................................................................................... 08
2 - ELETROMAGNETISMO ................................................................................................................ 10
2.1 - Força magnética sobre carga móvel ......................................................................................... 10
2.2 - Trajetórias de uma carga em um c.m.u. ................................................................................... 11
2.2.1 - Lançamento paralelo ao campo magnético ................................................................... 11
2.2.2 - Lançamento perpendicular ao campo magnético .......................................................... 11
2.2.3 - Lançamento oblíquo ao campo magnético .................................................................... 11
2.3 - Força magnética sobre um condutor retilíneo .......................................................................... 12
2.4 - Força entre fios paralelos ........................................................................................................ 12
2.5 - Força magnética em ímãs ........................................................................................................ 13
2.6 - Explicação dos fenômenos magnéticos .................................................................................... 14
2.7 - Substâncias magnéticas ........................................................................................................... 15
2.8 - Histerese magnética ................................................................................................................ 16
2.9 - Eletroímã ................................................................................................................................ 16
2.10 - Influência da temperatura sobre a imantação ......................................................................... 17
2.11 - Força eletromotriz induzida ................................................................................................... 17
2.12 - Fluxo de um campo vetorial .................................................................................................. 18
2.13 - Lei de Faraday ...................................................................................................................... 18
2.14 - Lei de Lenz ........................................................................................................................... 18
2.15 - Transformador ...................................................................................................................... 19
2.16 - Auto-indução ........................................................................................................................ 20
2.17 - Correntes de Foucault ............................................................................................................ 20
2.18 - Bobina de indução ................................................................................................................. 21
2.18.1 - O microfone de indução e o auto-falante .................................................................... 22
2.19 - Ondas eletromagnéticas ......................................................................................................... 23
2.20 - Exercícios de aplicação ......................................................................................................... 24
ANEXO 1 - RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS .................................................................................... 26
MAGNETISMO 3

1 - MAGNETISMO: CAMPO MAGNÉTICO

Na infância, dificilmente poderíamos imagi- plicações do eletromagnetismo de nossos dias.


nar que as brincadeiras com ímãs pudessem ter
tantas aplicações. Sabe-se que os "poderes'' de um
ímã são conhecidos desde as antigas civilizações,
mas permaneceram como uma mera curiosidade
durante milhares de anos.
Talvez sua primeira aplicação revolucioná-
ria tenha sido na construção das bússolas, o que
trouxe um novo panorama as navegações. Mesmo
sob céu nublado e num denso nevoeiro, o navega-
dor podia, com a bússola, localizar os pontos car-
deais.
No século XVIII, com a evolução da teoria
da eletricidade, procurou-se estabelecer uma rela-
ção entre os fenômenos magnéticos e os fenôme-
nos elétricos.
Em 1819, o cientista holandês Hans Christi-
an Oersted (1777-1851) percebeu que, embora o
magnetismo não fosse afetado pela eletrostática,
ele estava relacionado com as cargas elétricas em
movimento. Oersted relacionou o magnetismo
com a eletrodinâmica, abrindo assim o caminho
para a construção de ímãs artificiais e todas as a-

1.1 - IMÃ NATURAL


O nome "magnetismo" vem de Magnésia,
pequena região da Ásia Menor, onde foi encontra-
do em grande abundância um mineral naturalmen-
te magnético. Uma pedra desse mineral é o que
chamamos de ímã natural.
Se pendurarmos um ímã natural, de formato
alongado, pelo seu centro de massa, veremos que
essa pedra fica sempre alinhada na direção geo-
gráfica norte-sul. A extremidade que aponta para
o norte geográfico é chamada de pólo norte do
ímã. A outra, apontada para o sul geográfico, é
denominada pólo sul do ímã.
Essa característica passou a ser aproveitada
Um ímã suspenso pelo seu centro de massa alinha-se na
direção norte-sul. como elemento de orientação náutica, particular-
MAGNETISMO 4

mente nas grandes navegações (séculos XV e 1.1.2 - Inseparabilidade dos pólos


XVI), nas ocasiões em que os astros não eram fa- Tomando-se um ímã em forma de barra e
cilmente observáveis. O aparelho que explora essa partindo-o ao meio, verificamos que não obtemos
característica é uma pequena agulha imantada, um pólo norte e um pólo sul, isoladamente. Na re-
simplesmente apoiada em seu centro de massa, gião onde o ímã foi rompido, teremos o surgimen-
que chamamos de bússola. to de pólos de natureza oposta à extremidade da
parte da barra que os contém. Podemos continuar
1.1.1 - Ação entre os pólos o processo de divisão da barra indefinidamente, e
Verifica-se experimentalmente que, quando o fato vai continuar se repetindo. O fenômeno é
dois ímãs são colocados próximos, o pólo norte de conhecido como a inseparabilidade dos pólos.
um repele o pólo norte de outro enquanto que o A primeira explicação clara e consistente
pólo sul é atraído pelo pólo norte. para o ocorrido foi elaborada por André-Marie
Ampère. Ampère imaginou que cada ímã fosse
constituído de pequenos ímãs elementares, cujo
efeito superposto seria o do ímã completo. Hoje,
sabemos que cada um desses ímãs elementares
corresponde a uma pequena porção de matéria on-
de os átomos ou moléculas da substância têm a
mesma orientação magnética, chamados domínios
magnéticos.

Pólos de mesmo nome se repelem e pólos de nomes


diferentes se atraem. Ilustração do raciocínio de Ampère para explicação da
inseparabilidade dos pólos.

1.2 - CAMPO MAGNÉTICO


A exemplo das forças gravitacional e elétri- te da agulha nos indica o sentido de B . Em termos
ca, a força magnética também é uma força de mais simples, nosso corpo de prova nada mais é
campo, ou seja, ela age mesmo que não haja con- que uma pequena bússola.
tato entre os corpos. Sendo assim, é conveniente
imaginar a transmissão dessa ação por um agente 1.2.1 - Linhas de campo
que denominamos campo magnético.
Campo magnético é uma região do espaço
na qual um pequeno corpo de prova fica sujeito a
uma força de origem magnética. Esse corpo de
prova deve ser um pequeno objeto feito de materi-
al que apresente propriedades magnéticas.

Uma agulha imantada (bússola) é usada para a determina- Linhas de campo magnético e o vetor campo magnético
ção da direção e do sentido do vetor campo magnético. Em um campo magnético as linhas de cam-
Representamos o campo magnético em cada po são tais que o vetor campo magnético apresen-
ponto de uma região pelo vetor campo magnético ta as seguintes características:
( B ). Para determinar a direção e o sentido do ve- A sua direção é sempre tangente a cada linha de
tor B , usamos uma agulha magnética. O pólo nor- campo em qualquer ponto dentro do campo
MAGNETISMO 5

magnético. A sua intensidade é proporcional à densidade


O seu sentido é o mesmo da respectiva linha de das linhas de campo.
campo.

1.3 - CAMPO MAGNÉTICO UNIFORME


O campo magnético é uniforme em uma de-
terminada região quando, em todos os pontos des-
sa região, o vetor campo magnético tem a mesma
intensidade, a mesma direção e o mesmo sentido.
Observação:
Quando colocamos um ímã em um campo
magnético uniforme, as forças em ambos os pó-
los ficam com a mesma intensidade, porém com (a) representação de um campo magnético uniforme
sentidos contrários. Por isso, esse ímã tende a- e (b) exemplos de ímãs que produzem campos magnéticos
praticamente uniformes.
penas a girar, mantendo a posição do centro de
massa, até se alinhar com o campo.

1.4 - IMANTAÇÃO POR INFLUÊNCIA

Existe uma classe de substâncias da qual fa- ao magnetismo original do corpo, ou ainda pelo
zem parte os elementos ferro, níquel e cobalto, aquecimento do corpo. A temperatura mínima
que têm como propriedade o fato de possuírem em que a magnetização é desfeita é chamada
domínios magnéticos. temperatura Curie do material, tendo valores di-
Normalmente, esses domínios estão orienta- ferentes para cada substância. Para o ferro essa
dos ao acaso, não resultando em um magnetismo temperatura é em torno de 770 °C.
global. Porém, na presença de um campo magné- Em relação ao magnetismo, podemos dividir
tico externo, os domínios tendem a se alinhar com as substâncias em três grupos:
o campo, tornando-se o corpo, globalmente, um ferromagnéticas - sob presença de um campo
ímã. magnético, imantam-se intensamente por influ-
ência, resultando numa força de atração. Como
principais exemplos temos os elementos ferro,
níquel, cobalto e alguns compostos e ligas des-
ses elementos. Os elementos ferro, cobalto e ní-
quel são a matéria-prima dos ímãs permanentes.
paramagnéticas - imantam-se fracamente sob
presença de campo magnético externo, resul-
tando numa força de atração muito fraca. São
(a) Corpo distante de um ímã e (b) o corpo é colocado exemplos: alumínio, cromo, platina, manganês,
próximo ao ímã: ocorre imantação por influência e (c) o estanho, ar etc.
corpo e o imã se atraem. diamagnéticas - essas substâncias interagem
Observações: com o campo magnético com uma fraca repul-
são. São exemplos: prata, ouro, mercúrio,
Para desmagnetizar um corpo, podemos fazê-lo chumbo, zinco, cobre, antimônio, bismuto, água
por meio de pancadas que provocarão o desali- etc.
nhamento dos domínios magnéticos, ou pela
ação de um campo magnético externo, oposto
MAGNETISMO 6

1.5 - MAGNETISMO TERRESTRE


Nosso planeta é um imenso ímã. Sob a in-
fluência exclusiva do campo magnético terrestre, a
agulha de uma bússola aponta para o Pólo Norte
(região geográfica), que, portanto, é um pólo sul
em termos magnéticos.
Conforme vimos, a ação entre os pólos é de
atração quando eles têm nomes diferentes. Portan-
to, o local para onde é atraído o norte da bússola
deve ser, magneticamente, um pólo sul. Assim, o
norte geográfico de nosso planeta contém o sul
magnético do grande ímã Terra e vice-versa. Ou-
tro ponto a ser destacado é que a bússola não se a-
linha rigorosamente com os meridianos, existindo,
em cada ponto do planeta, um pequeno desvio,
chamado declinação magnética. Representação do campo magnético terrestre.

1.6 - EXPERIÊNCIA DE OERSTED

Até o começo do século XIX, não se conhe- percorridos por corrente elétrIca.
cia uma relação entre a eletricidade e o magnetis-
mo. Os ímãs não interagem com corpos eletriza-
dos em repouso. Assim, o Magnetismo e a Eletri-
cidade eram dois ramos estudados separadamente
dentro da Física.
Em 1820, Hans Christian Oersted deixou,
em uma de suas aulas, uma pequena bússola abai-
xo de um circuito elétrico e verificou que ela era
defletida quando se ligava o circuito. Oersted re-
A bússola se orienta de acordo com o campo magnético
petiu várias vezes a experiência concluindo que gerado pela corrente elétrica. Com essa constatação,
toda corrente elétrica gera ao redor de si um cam- ficaram relacionados dois ramos da Física, antes estudados
po magnético. separadamente, a Eletricidade e o Magnetismo, dando
Vamos, agora, analisar o campo magnético origem ao Eletromagnetismo.
gerado por condutores com diferentes geometrias

1.7 - FIO LONGO E RETO


A figura a seguir ilustra as linhas de campo (a) Linhas do campo magnético em torno de um fio reto e
de um campo magnético gerado por uma corrente longo conduzindo corrente elétrica i e (b) a direção do
campo magnético é perpendicular ao plano determinado
elétrica que percorre um fio longo e reto e o vetor pelo ponto P e a reta que contém o fio.
campo magnético.
Tomando-se como referência um observa-
dor, que olha para a página, o vetor B pode estar
orientado no sentido de sair do plano do caderno
ou no sentido de entrar no mesmo plano.

Um observador visualizando uma seta que vai ao seu


encontro ou dele se afasta. Na primeira hipótese, ele verá a
ponta da flecha e, na segunda, o penacho.
MAGNETISMO 7

1.7.1 - Cálculo da intensidade do campo (B)


Experimentalmente, verificou-se que a in-
tensidade do campo magnético criado pela corren-
te elétrica em um fio longo e reto é diretamente
proporcional à intensidade da corrente (i) e inver-
samente proporcional à distância do ponto ao fio
(r). A intensidade do campo pode ser calculada
por:
.i
B
2 .r
Nessa expressão, a constante é a permea-
bilidade magnética do meio onde estiver imerso o
fio. No vácuo, essa constante vale 0 = 4. .10-7
(S.I.).
A unidade de campo magnético, no S.I., é o
tesla (T), em homenagem a Nicola Tesla (1856 -
Devemos imaginar a mão direita espalmada, com o polegar
1943), tido como um dos inventores da geração e
acompanhando o sentido da corrente. Os outros dedos
transmissão de energia elétrica, usando o processo devem ser levados para o ponto onde queremos determinar
de corrente alternada. o vetor campo magnético. O empurrão que seria dado, pelos
A direção e o sentido do campo magnético outros quatro dedos, determina o sentido do campo
são dados pela regra da mão direita. magnético gerado.

1.8 - ESPIRA CIRCULAR


Em geral, a espira é uma figura plana, como, dade do campo magnético no centro da espira po-
por exemplo, um retângulo, um triângulo ou uma de ser calculada por:
elipse. Se a figura perfaz uma circunferência, tra-
.i
ta-se de uma espira circular. B
2R
Nessa expressão, R é o raio da circunferên-
cia determinada pela espira.
A direção do campo magnético B é perpen-
dicular ao plano da espira e, para a determinação
do sentido, utilizamos a regra da mão direita.

Ilustração das linhas de campo magnético de uma espira


circular.
O campo magnético gerado pela espira cir-
cular não é uniforme. Devemos, portanto, definir
o ponto no qual efetuaremos o cálculo. A intensi-

1.9 - SOLENÓIDE
Chamamos de solenóide um enrolamento de Vamos considerar a situação em que o com-
fio que acompanha a superfície lateral de um ci- primento do tubo predomina em relação ao seu di-
lindro. âmetro (l > 10 d). Nesse caso, o campo magnético
MAGNETISMO 8

no interior do solenóide é aproximadamente uni-


forme, havendo apenas uma distorção nas extre-
midades. Na região externa ao cilindro, a intensi-
dade do campo magnético é praticamente nula.
Para pontos interiores, a intensidade do
campo é dada por:
n
B .i
l
Nessa expressão, n é o número total de vol- Linhas de campo magnético de um solenóide. À medida que as
tas e l é o comprimento do tubo. espiras ficam mais próximas, o campo no interior do solenóide
tende a um campo uniforme e externamente tende a zero.

1.10 - EXERCICIOS DE APLICAÇÃO


1 - (Uniube-MG) Dois ímãs idênticos se atraem quando co- A agulha de uma bússola sofre a deflexão indicada quan-
locados na posição indicada no esquema a seguir: do colocada no ponto (despreze o campo magnético da Ter-
ra):
a) 1 b) 2 c) 3 d) 4 e) 5
Considere as afirmações:
I. Os pólos X e Y podem ser, respectivamente, norte e 4 - Uma espira circular de raio 10 cm, no vácuo, é percorrida
sul. por uma corrente de intensidade 10 A.
II. Os pólos X e Y podem ser, ambos, norte. a) Determine o vetor indução magnética, em módulo, di-
III. Os pólos X e Y podem ser, ambos, sul. reção e sentido, no centro da espira.
Dessas afirmações: b) O que acontece com o vetor indução magnética se in-
a) I e II são corretas. d) Somente II é correta. vertermos o sentido da corrente elétrica?
b) II e III são corretas. e) Somente III é correta.
c) Somente I é correta.

2 - (Unama-AM) Há duas barras de ferro aparentemente i-


guais. Para estudá-las, fizemos o seguinte: a mesma ex-
tremidade da barra B foi colocada em contato com três
pontos da barra A, como mostram as figuras abaixo. Nos
casos (I) e (III) verificaram-se atrações, mas nada se ve-
rificou no caso (II). 5 - (Fesp-SP) Um solenóide de comprimento 5 cm é cons-
truído com 1.000 espiras e percorrido por uma corrente
de 2 A. Dado = 4. .10-7 Tm/A, o campo magnético no
centro do solenóide vale, aproximadamente:
a) 1,25.10-2 T d) 7,5.10-2 T
b) 2,5.10-2 T e) 12,5.10-2 T
c) 5,0.10-2 T
Do exposto é certo concluir que:
6 - (Fuvest-SP) Um ímã, em forma de barra, de polaridade N
a) as duas barras podem estar imantadas. (norte) e S (sul), é fixado numa mesa horizontal. Um ou-
b) apenas a barra A está Imantada. tro ímã semelhante, de polaridade desconhecida, indica-
c) apenas a barra B está Imantada. da por A e T, quando colocado na posição mostrada na
d) pela experiência é impossível saber qual das barras es- figura 1, é repelido para a direita. Quebra-se esse ímã ao
tá imantada. meio e, utilizando as metades, fazem-se quatro experiên-
cias, representadas nas figuras I, II, III e IV, em que as
3 - (U.E Santa Mana) A figura representa um fio condutor metades são colocadas, uma de cada vez, nas proximida-
perpendicular ao plano da página, no centro de um círcu- des do ímã fixo.
lo que contém os pontos 1, 2, 3, 4 e 5. O fio é percorrido
por uma corrente i que sai desse plano.

Indicando por "nada" a ausência de atração ou repulsão


da parte testada, os resultados das quatro experiências
são, respectivamente:
MAGNETISMO 9

Andréa diz que a figura pode representar as linhas de


campo elétrico de duas cargas elétricas idênticas. Beatriz
diz que a figura pode representar as linhas de campo elé-
trico de duas cargas elétricas de sinais contrários. Carlos
a) repulsão, atração, repulsão, atração. diz que a figura pode representar as linhas de indução
b) repulsão, repulsão, repulsão, repulsão. magnética de dois pólos magnéticos idênticos. Daniel diz
c) repulsão, repulsão, atração, atração. que a figura pode representar as linhas de indução mag-
d) repulsão, nada, nada, atração. nética de dois pólos magnéticos contrários.
e) atração, nada, nada, repulsão. Os alunos que responderam corretamente são:

7 - (Unirio) Dois ímãs estão dispostos em cima de uma mesa a) Andréa e Carlos. c) Beatriz e Carlos.
b) Andréa e Daniel. d) Beatriz e Daniel.
de madeira, conforme figura. F1 é o módulo da força que
o ímã II exerce sobre o ímã I e F2 é o módulo da força
10 - (Vuneçp) Um cientista da área de Biomagnetismo pro-
que o ímã I exerce sobre o ímã II. Podemos afirmar que:
jetou uma experiência que consistia em aplicar um
campo magnético diretamente sobre a cabeça de uma
ave, usando uma bobina circular de 100 espiras, cujo
diâmetro era de 2,0 cm. O fio era suficientemente fino
a) F1 = F2 > 0
para se poder utilizar a expressão do campo de uma es-
b) F1 = F2 = 0
pira. A corrente era fornecida por uma bateria de 1,5 V,
c) F2 < F1, pois o pólo norte atrai o pólo sul.
tendo no circuito um resistor de 150 . Desprezando a
d) F2 > F1 < pois o pólo sul atrai o pólo norte.
resistência do fio da bobina e admitindo-se a permeabi-
e) As forças são diferentes, embora não se possa afirmar
lidade magnética como 0 = 4. .10-7 TmA-1 e que 1 T
qual é a maior.
(tesla) = 104 G (gauss), pode-se afirmar que o campo
magnético, em gauss, resultante no centro da bobina é:
8 - (Mackenzie-SP) Os fenômenos físicos observados na na-
tureza são estudados por meio de modelos criados pelo
homem, com o objetivo de uma interpretação sobretudo
analítica. O vetor campo elétrico e o vetor indução mag-
nética são exemplos disso, pois tais grandezas nos aju-
dam a traduzir vários fenômenos. Baseados em seus res-
pectivos conceitos, afirmamos:
I. Somente uma carga elétrica fixa gera ao seu redor
um campo elétrico.
II. Somente um ímã natural e em repouso gera ao seu
a) 3,14.10-4 G d) 12,6.101 G
redor um campo de indução magnética.
b) 6,28.10-1 G e) 0,314.10-1 G
III. Uma carga elétrica em movimento gera ao seu redor
c) 9,42.10-1 G
tanto um campo elétrico quanto um campo de indu-
ção magnética.
11 - (Faap-SP) O condutor retilíneo muito longo indicado na
Nessas condições:
figura é percorrido pela corrente i = 62,8 A. O valor da
a) I e II são corretas. d) somente III é correta.
corrente i na espiral circular de raio R, para que seja
b) somente I é correta. e) todas são falsas.
nulo o campo magnético resultante no centro O, será
c) somente II é correta.
igual a:
9 - (UFMG) Um professor apresenta a figura abaixo aos
seus alunos e pede que eles digam o que ela representa.

a) nulo c) 1.000 A e) 10 A
b) 1 A d) 100 A
ELETROMAGNETISMO 10

2 - ELETROMAGNETISMO

No começo do século XIX, verificou-se que era possível obter o magnetismo a partir da eletrodinâ-
mica. Daí a pergunta que se colocava: Não seria então possível, a partir dos ímãs, obter-se uma corrente
elétrica? Em outras palavras, se com a eletrodinâmica obtiveram-se ímãs artificiais, não sena possível,
com o magnetismo, obterem-se geradores artificiais de eletricidade, sem o uso de processos químicos?
Em 1831, Michael Faraday resolveu essa questão com a descoberta do fenômeno da indução ele-
tromagnética.
É com a exploração desse fenômeno que se produz a energia elétrica nas grandes usinas, que fun-
cionam os motores elétricos, as telecomunicações e as gravações magnéticas.

2.1 - FORCA MAGNÉTICA SOBRE CARGA MÓVEL

A denominação força magnética é muitas


vezes substituída por força de Lorentz, em home- A força magnética Fm que age na carga elé-
nagem a um dos precursores da Teoria da Relati- trica por causa do campo magnético apresenta as
vidade com suas idéias inovadoras no campo do seguintes características:
magnetismo. Lorentz identificou a origem da for- Intensidade
ça magnética equacionando o movimento relativo | Fm | | q | . | v | . | B | . sen
de cargas elétricas.
Consideremos uma partícula eletrizada - Nessa expressão, é o ângulo entre os vetores
carga elétrica - deslocando-se com velocidade v v e B.
em relação às linhas de um campo magnético uni- Direção - perpendicular ao vetor velocidade e
forme. Como todo movimento é relativo, para que ao vetor campo magnético. Portanto, a força
essa velocidade seja não nula, ou movimentamos magnética será sempre perpendicular ao plano
a carga em relação às linhas ou movimentamos as determinado pelos vetores v e B .
linhas em relação à carga (caso de um ímã deslo-
Sentido - regra da mão esquerda.
cando-se) ou ainda ambos.
A figura ilustra uma carga q > 0, deslocan-
do-se com velocidade v - em relação às linhas do
campo magnético uniforme B.

Ilustração, em perspectiva, do movimento de uma carga Nos dedos da mão esquerda, vinculamos
elétrica em um campo magnético uniforme. três vetores. A força corresponde ao polegar, o
ELETROMAGNETISMO 11

campo magnético ao indicador e o dedo médio ao tiva, basta inverter o sentido do vetor que se quer
vetor velocidade. Caso a carga de prova seja nega- determinar.

2.2 - TRAJETÓRIAS DE UMA CARGA EM UM C.M.U.


Ao lançar uma carga de prova em um campo A intensidade da força magnética será dada
magnético uniforme, podemos fazê-lo sob vários por:
ângulos. | Fm | | q | . | v | . | B | . sen
Vamos analisar cada uma das possibilida-
des. Como, nesse caso, sen = 1, temos:
Fm = |q|.v.B (I)
2.2.1 - Lançamento paralelo ao campo magné- Como a força magnética é a resultante cen-
tico: = 0 ou = 180° trípeta:
v2
Fm = m.ac = m (II)
R
Igualando-se a expressões (I) e (II), obte-
mos:
v2 mv
m | q | vB R
R |q|B
Nesse caso, a intensidade da força magnéti- Podemos calcular também o período (inter-
ca será nula. Na existência de outras forças, a car- valo de tempo para uma volta completa):
ga de prova, por inércia, prosseguirá em movi- 2. .R 2. mv
mento retilíneo e uniforme. T .
v v |q|B
2.2.2 - Lançamento perpendicular ao campo 2. .m
T
magnético: = 90° |q|B
Nesse caso, a força magnética tem módulo
constante e é sempre perpendicular ao vetor velo- 2.2.3 - Lançamento oblíquo ao campo magnéti-
cidade. Além disso, como a velocidade também é co
perpendicular ao campo magnético, o movimento Já vimos que um movimento pode ser de-
fica restrito a um plano que contem os vetores v e composto em outros dois de direções perpendicu-
F , fixo em relação às linhas do campo magnético. lares. Vamos aplicar esse conceito para o lança-
Da Dinâmica, sabemos que o único caso de mo- mento oblíquo.
vimento plano em que isso ocorre, é no movimen-
to circular e uniforme. Assim, a força magnética
desvia o vetor velocidade, sem alterar seu módulo,
mas após cada desvio, ela continua perpendicular
à nova direção do movimento, confinando a carga
a uma trajetória circular.

A velocidade é oblíqua em relação às linhas do campo


magnético.
Devido à componente perpendicular ao
campo magnético (vy), a partícula executa um
movimento circular e uniforme, conforme vimos
Trajetória de uma carga positiva em um C.M.U.: a força
no tópico anterior; ao mesmo tempo, devido à
magnética acarreta uma resultante centrípeta. componente paralela ao campo, a partícula execu-
ELETROMAGNETISMO 12

ta um movimento retilíneo e uniforme. Compon- calculamos pela componente vy. A curva descrita
do-se os dois movimentos, pois eles acontecem é denominada hélice cilíndrica e não deve ser con-
simultaneamente, obtemos uma trajetória que a- fundida com a espiral, que é uma curva plana.
companha a superfície de um cilindro, cujo raio

2.3 - FORÇA MAGNÉTICA SOBRE UM CONDUTOR RETILÍNEO


Consideremos várias cargas em movimento, q
sob a ação de um campo magnético uniforme. Es- Lembrando que i , concluímos que:
t
sas cargas estão confinadas em um fio e constitu- Fm B.i.l.sen
em uma corrente elétrica.
A direção da força magnética é perpendicu-
lar ao plano determinado pela reta que contém o
fio e a reta que contém o vetor campo magnético,
e o sentido é dado pela regra da mão esquerda, na
qual, em vez do vetor velocidade, consideramos a
direção do fio e o sentido da corrente elétrica.
Um condutor retilíneo imerso em um C.M.U. sofre a ação
de uma força magnética.
Sendo l o comprimento do fio e v a veloci-
dade dos portadores de carga, a quantidade de
cargas que faz no fio corresponde ao total de por-
tadores que irão percorrer o fio, de um extremo a
outro, no intervalo de tempo t.
s l
Como v , obtemos v
t t
A força magnética é dada por:
l
Fm | q | .v.B.sen | q | . .B.sen
t
Nessa expressão, é o ângulo entre o fio e
as linhas de campo.

2.4 - FORÇA ENTRE FIOS PARALELOS

Consideremos dois fios longos e paralelos, 1


A corrente elétrica i1 gera um campo mag-
e 2, percorridos pelas correntes elétricas i1 e i2.
nético que age sobre o fio 2 e a corrente i2 gera
um campo magnético que age sobre o fio 1. Como
resultado, os fios interagem com uma força mag-
nética. Considerando um trecho de fio com com-
primento e, a intensidade dessa força será:

Observação:
Se os fios forem percorridos por correntes que
têm o mesmo sentido, a força magnética será de
atração e, se as correntes têm sentidos opostos,
a força será de repulsão.
Dois fios paralelos percorridos por correntes elétricas
interagem com uma força magnética.
ELETROMAGNETISMO 13

2.5 - FORÇA MAGNÉTICA EM IMÃS


A histórica experiência de Oersted, que re- propriedades magnéticas do pólo de um ímã este-
lacionou oS fenômenos magnéticos com a corren- jam concentradas em um único ponto.
te elétrica, foi inicialmente explicada associando- Hoje sabemos que todos os fenômenos
se a cada pólo de um ímã uma grandeza p. magnéticos podem ser explicados através do mo-
Essa grandeza, denominada intensidade de vimento de cargas elétricas; a grandeza intensida-
pólo ou massa magnética, está supostamente con- de de pólo não é necessária para uma explicação
centrada em um determinado ponto. A força mag- lógica e não a utilizaremos em nosso curso.
nética, agindo no pólo norte, tem o mesmo sentido As propriedades magnéticas de um ímã são
do vetor indução magnética B e, agindo no pólo determinadas pelo comportamento de alguns de
sul, tem sentido contrário (Fig. 16). Assim, essas seus elétrons. Um elétron pode originar um campo
forças originariam um binário que deslocaria a magnético de dois modos diferentes:
agulha. a) girando em torno do núcleo de um átomo;
b) efetuando um movimento de rotação em
torno de si mesmo (spin).

Ação de um campo magnético nos pólos de um ímã

Da mesma forma que uma carga puntiforme Modos de um elétron originar um campo magnético
q, colocada em um campo elétrico, está sujeita à
força elétrica Fel , cada pólo de um ímã ficaria su- No primeiro caso, o movimento do elétron é
equivalente a uma espira circular percorrida por
jeito à força magnética Fm . O pólo norte corres-
corrente; esse movimento origina um campo mag-
ponderia a uma carga puntiforme positiva, en- nético semelhante ao da espira.
quanto o pólo sul corresponderia a uma carga pun- No segundo caso, o elétron pode ser visuali-
tiforme negativa. zado como uma pequena nuvem esférica de carga
Inicialmente, essa idéia pareceu muito lógi- negativa, girando ao redor de um eixo, tal como o
ca e deu origem à Teoria do Magnetismo, que é eixo AB na figura (b) acima. Esse efeito determi-
baseada na interação entre pólos isolados. De a- na um campo magnético novamente semelhante
cordo com essa teoria, a intensidade da força ao de uma espira circular percorrida por corrente.
magnética entre dois pólos p1 e p2, separados pela A maioria das substâncias não apresenta fe-
p .p nômenos magnéticos externos, porque, para cada
distância r, seria Fm k m 1 2 2 , onde km é uma
r elétron girando ao redor de um núcleo em deter-
constante de proporcionalidade. A semelhança minado sentido, existe outro elétron efetuando gi-
dessa expressão com a intensidade da força elétri- ro idêntico em sentido oposto, o que determina a
ca entre duas cargas puntiformes q1 e q2, distanci- anulação dos efeitos magnéticos. Por outro lado,
q .q para cada elétron com o spin em determinado sen-
adas de r Fel k 0 1 2 2 , sugeriu muitas analo- tido, há um outro com spin em sentido oposto, de
r modo que os efeitos magnéticos são novamente
gias. anulados.
Entretanto, na realidade, não existem pólos
norte e sul isolados, nem é verdade que todas as
ELETROMAGNETISMO 14

2.6 - EXPLICAÇÃO DOS FENÔMENOS MAGNÉTICOS


Uma espira percorrida por corrente elétrica e
colocada em posição qualquer, dentro de um cam- A força que se manifesta entre os pólos é,
po magnético uniforme de indução B , fica sujeita portanto, conseqüência da atração entre conduto-
a um binário que a dispõe perpendicularmente ao res percorridos por correntes de mesmo sentido.
campo, conforme vimos anteriormente. O mesmo Por outro lado, quando se aproximam os pó-
ocorre com a espira circular da figura a seguir. los norte de dois ímãs, os elétrons desses ímãs es-
Coloquemos um ímã em forma de barra em tão girando em sentidos opostos. A força que se
uma posição qualquer num campo magnético uni- manifesta entre os pólos é, portanto, conseqüência
forme. Os elétrons do ímã, girando em torno do da repulsão entre condutores percorridos por cor-
núcleo, constituem pequenas espiras sujeitas à a- rentes de sentidos contrários.
ção de um binário semelhante ao que age numa
espira circular percorrida por corrente e colocada
no campo. Por isso, o ímã fica paralelo ao vetor
indução magnética B com o pólo norte no mesmo
sentido do campo. Se olharmos no sentido do pólo
sul para o pólo norte, notamos que os elétrons es-
tão girando no sentido anti-horário, sendo equiva-
lentes à corrente convencional que passa pela es-
pira circular, no sentido horário.

A repulsão entre dois pólos norte é semelhante à repulsão


entre condutores percorridos por correntes de sentidos con-
trários

Um dos fenômenos magnéticos é a atração


de objetos de ferro pelo ímã. 0s elétrons responsá-
veis pelas propriedades magnéticas do prego de
A disposição de um imã em forma de barra em um campo
ferro são facilmente orientados.
magnético uniforme é semelhante à de uma espira percorri-
da por corrente. Os sentidos de rotação indicados no imã
são os dos elétrons.

Quando o pólo norte de um ímã é aproxima-


do do pólo sul de outro ímã, os elétrons dos dois Atração de um prego de ferro por um ímã.
ímãs estão girando no mesmo sentido.
Quando o pólo norte de um ímã é aproxima-
do de um prego, os elétrons desse prego adquirem
uma certa orientação: passam a girar no sentido
anti-horário, do ponto de vista de um observador
que está olhando no sentido do campo magnético
do ímã. A extremidade do prego que está mais
próxima do pólo norte do ímã passa a ser o pólo
sul do mesmo, que é atraído pelo ímã. Dizemos,
pois, que o prego se imantou ou se magnetizou
por influência do ímã.

O pólo norte atrai o pólo sul de modo semelhante à atração en-


tre condutores percorridos por correntes de mesmo sentido.
ELETROMAGNETISMO 15

2.7 - SUBSTÂNCIAS MAGNÉTICAS


Considere três solenóides idênticos, S1, S2 e A seguir, invertamos os terminais do gera-
S3, ligados em série aos terminais de um gerador e dor, e façamos a intensidade de corrente aumentar
próximos a pregos de ferro colocados em um pla- lentamente, a partir de zero, em sentido contrário.
no horizontal conforme figura a seguir. Quando a Em pouco tempo, os pregos retidos no núcleo de
chave Ch é fechada, a passagem da corrente i ori- aço desprender-se-ão.
gina, no interior dos solenóides, o campo magné-
tico B0 . Como o campo magnético externo dos
solenóides é de fraca intensidade, o mesmo não é
suficiente para atrair pregos de ferro.

O campo magnético dos solenóides não


atrai os pregos de ferro.
Invertendo a corrente e aumentando-a lentamente, os pre-
Coloque no interior de S1, S2 e S3, respecti- gos se desprendem do aço.
vamente, barras de ferro, de aço temperado e de
cobre, chamados núcleos dos solenóides. Observa- Pode-se calcular a intensidade do vetor in-
se que apenas o ferro e o aço atraem os pregos de dução magnética B , resultante no interior dos so-
ferro. Abrindo-se a chave Ch, os pregos se des- lenóides da experiência anterior, com núcleos de
prendem do núcleo de ferro, mas ficam retidos no diferentes substâncias. Comparando-se a intensi-
núcleo de aço. dade B do campo resultante com a intensidade B0,
do campo sem os núcleos, as substâncias podem
ser classificadas em três grupos:
- Diamagnéticas: substâncias em que B é
ligeiramente menor que B0. Essas substâncias,
como, por exemplo, o cobre da experiência anali-
sada e o bismuto, contribuem para o enfraqueci-
mento do campo originado pelo solenóide.
- Paramagnéticas: substâncias em que B é
apenas um pouco maior que B0. Elas contribuem
muito pouco para o valor do campo. É o caso da
Apenas o ferro e o aço atraem os pregos de ferro maioria das substâncias, como, por exemplo,
manganês, cromo, estanho, alumínio, ar, platina,
etc.
- Ferromagnéticas: substâncias em que B é
muito maior que B0. São elas: ferro, cobalto, ní-
quel, gadolínio, disprósio e ligas especiais, em
particular o aço temperado da experiência. Essas
substâncias imantadas contribuem enormemente
para o aumento da intensidade do campo, verifi-
cando-se que B0 pode ser aumentado centenas de
milhares de vezes.
Cessando a corrente, os pregos ficam retidos no aço
ELETROMAGNETISMO 16

2.8 - HISTERESE MAGNÉTICA


Um fenômeno importante apresentado pelas trons não tiveram seu movimento desorientado.
substâncias ferromagnéticas é a histerese magnéti- Para desimantar a substância, deve-se aplicar um
ca (do grego hysteresis = atraso). Imantando-se campo de sentido contrário. Isso significa inverter
uma substância ferromagnética, ela poderá per- o sentido da corrente até atingirmos o ponto C, tal
manecer imantada, ainda que seja retirada a causa como foi feito com o aço temperado da experiên-
da imantação. Um exemplo importante é o aço cia do item anterior.
temperado da experiência descrita no item anteri-
or.
No gráfico a seguir mostramos a intensidade
do vetor indução magnética resultante B de um so-
lenóide com núcleo de substância ferromagnética,
em função da intensidade B0 no solenóide sem nú-
cleo. Aumentando-se a partir de zero a intensidade
de corrente no solenóide, tanto B0 como B também
aumentarão. Isso ocorre até atingirmos o ponto S
(imantação de saturação), onde todos os elétrons Curva de imantação de uma substância ferromagnética
estão orientados. Diminuindo-se a corrente, B0
também diminui; porém B se mantém com valores Determinadas substâncias ferromagnéticas,
maiores do que aqueles que apresentava quando como os aços temperados, que se caracterizam por
B0 aumentou. manter um alto valor da imantação, são usadas na
Portanto, a desimantação está atrasada em construção dos imãs permanentes. Por outro lado,
relação à imantação. Anulando-se a corrente, en- há substancias ferromagnéticas que praticamente
tão B0 = 0, mas a substância permanece imantada não mantêm imantação alguma, como é o caso dos
com um valor BR que corresponde ao ponto R (i- ferros doces.
mantação residual) do gráfico, pois muitos elé-

2.9 - ELETROÍMÃ

Denominamos eletroímã um aparelho cons- O eletroímã tem várias aplicações importan-


truído de ferro doce (ferro que foi inicialmente tes; uma delas é o guindaste eletromagnético, uti-
aquecido e, em seguida, esfriado lentamente), ao lizado para levantar peças pesadas de ferro, como
redor do qual é enrolado um condutor ou bobinas. lingotes ou sucatas. Outra aplicação importante é
Quando há passagem da corrente, o ferro se iman- a campainha elétrica.
ta; quando cessa a corrente, este se desimanta; e,
quando se inverte o sentido da corrente, o ferro
também inverte sua polaridade. O material que é
atraído pelo eletroímã denomina-se armadura.

Guindaste eletromagnético sendo usado para


Esquemas de eletroímãs. levantar sucata metálica
ELETROMAGNETISMO 17

Funcionamento de uma campainha elétrica


A armadura A do eletroímã possui um mar-
telo M e está presa a um eixo O por meio de uma
lâmina elástica L. Ao apertarmos o botão, fecha-
mos o circuito: a armadura é atraída pelo eletroí-
mã e o martelo bate no sino S. Mas essa atração
desfaz o contato em C e o circuito se abre. A ar-
madura não é mais atraída e a lâmina retorna elas-
ticamente à posição inicial; então, fecha-se nova-
mente o circuito e repete-se a seqüência.

2.10 - INFLUÊNCIA DA TEMPERATURA SOBRE A IMANTAÇÃO


Por meio de um imã permanente, atraímos ferro, 770°C), o prego deixa de ser atraído pelo
um prego de ferro que se imanta por influência. ímã. Essa temperatura é denominada ponto Curie,
Aquecendo-se o prego, ele continuará atraído pelo e pode ser definida como a temperatura na qual o
ímã, enquanto sua temperatura não se elevar em material perde todas as suas propriedades ferro-
demasia. Acima de certa temperatura (no caso do magnéticas.

2.11 - FORÇA ELETROMOTRIZ INDUZIDA


Suponhamos um condutor retilíneo deslo- lo de tempo, cessa o deslocamento dos portadores
cando-se perpendicularmente às linhas de um de carga em relação ao condutor, pois a força elé-
campo magnético uniforme. trica, devido à separação das cargas, equilibra a
força magnética.

Condutor retilíneo deslocando-se em um


campo magnético uniforme.
A separação das cargas origina um
campo elétrico, orientado de X para Y.
Como se trata de um condutor metálico, ele
possui elétrons livres que se deslocam com a Como resultado da separação das cargas, te-
mesma velocidade do condutor. Portanto, eles fi- remos, entre os extremos do fio, uma tensão U,
carão sujeitos a uma força magnética, dada pela chamada tensão induzida.
regra da mão esquerda. A ação da força magnética Considerando o fato de o campo elétrico ao
vai provocar o acúmulo de cargas negativas na ex- longo do fio ser uniforme, podemos escrever:
tremidade Y e a falta, na extremidade X. Ed = U (d = l: comprimento do fio)
À medida que acontece a separação das car-
gas, estabelece-se no condutor um campo elétrico, Por causa do equilíbrio de cada portador de
dirigido de X para Y.Após um curtíssimo interva- carga no interior do fio, temos:
ELETROMAGNETISMO 18

Felétrica = Fmagnética mada de força eletromotriz induzida E. Assim,


temos: E = B.l.v
U
| q | .E | q | .v.B v.B
l
Normalmente, a tensão induzida U é cha-

2.12 - FLUXO DE UM CAMPO VETORIAL


Imaginemos um campo magnético uniforme em que é o ângulo entre a normal (n) à superfí-
B "atravessando" uma superfície, cuja reta normal cie atravessada e as linhas de campo.
a ela seja v . No S.I., a unidade de fluxo de campo mag-
nético é weber (Wb): 1 Wb = 1 Tm2
Observação:
Para provocar uma variação no fluxo de campo
magnético através de uma espira, podemos pro-
duzir, isolada ou simultaneamente, uma variação
na área abraçada pela espira ou uma variação na
intensidade do campo magnético ou, ainda, uma
Fluxo magnético através de uma superfície. variação na inclinação da espira em relação às
Por definição, o fluxo do campo magnético linhas de campo.
através dessa superfície é:
| B | . A. cos

2.13 - LEI DE FARADAY


Consideremos um condutor conectado a um pondia exatamente à tensão média (força eletro-
circuito elétrico, conforme figura 9. O condutor motriz) induzida nesse circuito.
pode deslizar pelos trilhos condutores 1 e 2.
Assim: E m
t
Observação:
A lei de Faraday tem validade geral, para qual-
quer variação de fluxo de campo magnético.
Lembrando que a variação de fluxo, no in-
tervalo de tempo t, é dada por:

O circuito compreende (abraça) uma região que é


Como E m , obtemos:
t
atravessada por um campo magnético uniforme B.
Com o deslocamento do condutor XY, há B.l.v. t
uma variação de fluxo, pois a área enlaçada pelos Em E B.l.v
t
fios varia. Faraday observou que o valor médio da
variação de fluxo no decorrer do tempo corres-

2.14 - LEI DE LENZ


Estando o circuito fechado, como ocorre na zida, estabelece-se uma corrente elétrica induzida.
figura a seguir, devido à força eletromotriz indu- Três anos após Faraday ter publicado a lei da in-
ELETROMAGNETISMO 19

dução, em 1834 Heinnch Friednch Lenz enunciou tando para a espira, há a indução de um pólo
a lei para a determinação do sentido da corrente norte, opondo-se ao afastamento.
induzida numa espira:
Uma outra forma de entender a lei de Lenz é
O sentido da corrente induzida em uma espi-
que: O sentido da corrente induzida deve ser tal
ra condutora é tal que tende a manter constante o
que não viole o princípio da conservação da e-
fluxo do campo magnético através dessa espira.
nergia.
Com base na figura a seguir, à medida que o
condutor XY se desloca sobre os trilhos conduto- A figura a seguir apresenta quatro casos de
res, observamos um aumento na área da espira e, um ímã movimentando-se em relação a uma espi-
portanto, um aumento no fluxo de linhas de cam- ra circular.
po que atravessam a espira de baixo para cima. A
corrente induzida deve ser tal que tende a manter
o fluxo constante. Para isso, a corrente induzida
deve induzir linhas de campo que atravessem a
espira de cima para baixo. Esse é o campo magné-
tico induzido. Pela regra da mão direita, conhe-
cendo o sentido do campo induzido, concluímos
que a corrente induzida terá sentido horário.

(a) O movimento de aproximação do norte do ímã


induz um norte na espira. (b) O movimento de afastamento do
norte do ímã induz um sul na espira. (c) O movimento de
aproximação do sul do ímã induz um sul na espira. (d) O
movimento de afastamento do sul do ímã induz um norte na
espira.

Na situação (a) temos um pólo norte apro-


A corrente induzida no sentido horário se ximando-se da espira. Se o sentido da corrente in-
opõe à variação do fluxo.
duzida fosse tal que a espira mostrasse para o ímã
uma face sul, a mútua atração iria acelerar o ímã,
Observação:
aumentando ainda mais a corrente induzida e ge-
A polaridade induzida na espira é tal que a espi- rando energia sem dispêndio algum.
ra se opõe ao movimento do ímã. Se o ímã se Concluímos que o sentido da corrente indu-
aproxima com um pólo norte, na espira é indu- zida deve ser tal que induza na espira uma polari-
zido outro norte, opondo-se à aproximação; en- dade contrária ao movimento do ímã.
tretanto, se o ímã se afasta com o pólo sul apon-

2.15 - TRANSFORMADOR

É comum a utilização de um transformador O circuito denominado primário contém N1


para se ligar um aparelho especificado para fun- espiras enroladas em um núcleo de ferro. O circui-
cionar com 110 V em tomadas nas quais a tensão to denominado secundário contém N2 espiras en-
é 220 V. roladas nesse mesmo núcleo.
Um fluxo magnético atravessa o núcleo de
ferro. Caso esse fluxo seja constante, não há indu-
ção. Para que o aparelho funcione, é necessário
um fluxo variável, obtido por meio de uma tensão
variável. Em cada espira do circuito primário, a
tensão induzida é:
Transformador, dispositivo elétrico bastante usado para U
modificar a tensão. t
ELETROMAGNETISMO 20

Como há N1 espiras, a tensão total é: Os transformadores apresentam alto rendi-


mento. Podemos dizer que a potência do circuito
U1 = N1U.
primário (P1) é igual à potência do circuito secun-
Do mesmo modo, no circuito secundário, a dário (P2). Assim, temos que à maior tensão cor-
tensão induzida é: responde uma menor corrente elétrica:
U2 = N2U. P1 = P2 U1.i1 = U2.i2
Podemos, então, escrever:
U2 U1
N2 N1

2.16 - AUTO-INDUÇÃO
Considere o circuito da figura a seguir, onde auto-indução.
circula a corrente i, que origina o campo B . Esse Pela Lei de Lenz, a fem auto-induzida age
campo determina o fluxo magnético a, através da sempre em sentido oposto ao da variação da pró-
espira, denominado fluxo auto-induzido. pria corrente no circuito. Por isso, ao se fechar a
chave Ch do circuito, a corrente não se estabelece
imediatamente com a intensidade prevista pela Lei
de Ohm, mas cresce gradativamente, conforme o
gráfico abaixo. O intervalo de tempo para a inten-
sidade se manter constante depende da indutância
L e da resistência elétrica do circuito. Ao se abrir
a chave Ch, a corrente não cai imediatamente para
zero, mas verifica-se, nos terminais da chave, uma
faísca que ainda mantém uma circulação de cor-
rente por breve intervalo de tempo.

Verifica-se, experimentalmente, que a é di-


retamente proporcional à intensidade de corrente i:
a L.i
O coeficiente L depende da configuração do
circuito e do meio no qual ele se encontra. Esse
coeficiente é denominado indutância do circuito.
Na figura , mudando-se a posição do cursor
no reostato, variamos i e, por conseguinte, a. En- Variação de corrente ao se fechar e abrir um circuito
tão aparece uma fem induzida ea no próprio circui-
to que, por sua vez, é ao mesmo tempo circuito
indutor e circuito induzido. Esse é o fenômeno da

2.17 - CORRENTES DE FOUCAULT

Até agora consideramos apenas condutores rentes induzidas em condutores maciços. O cubo
em forma de fio, mas podem-se também obter cor- de cobre fixo, na figura a seguir, está submetido a
ELETROMAGNETISMO 21

um campo magnético variável. Dentro desse cubo tuadamente amortecidas. As forças magnéticas,
podemos encontrar grande número de percursos agindo sobre as correntes de Foucault, freiam o
fechados, como aquele que se destaca na figura. pêndulo.
Em cada percurso fechado, o fluxo magnético va-
ria com o tempo e, portanto, fems induzidas fazem
circular, no interior do cubo, correntes induzidas,
chamadas correntes parasitas ou correntes de Fou-
cault.

Algumas vezes as correntes de Foucault são


indesejáveis e, para reduzi-las, o condutor é cons-
tituído de lâminas, isoladas umas das outras por
meio de um esmalte especial e dispostas paralela-
mente às linhas de indução. essa disposição das
lâminas aumenta a resistência elétrica e diminui a
intensidade das correntes de Foucault. Utiliza-se
esse esquema em muitas máquinas elétricas, como
Já que um condutor maciço tem resistência
o transformador, onde é necessário diminuir a dis-
elétrica muito pequena, as correntes de Foucault
sipação de energia elétrica.
podem atingir intensidades muito elevadas. Quan-
do isso ocorre, há dissipação de consideráveis
quantidades de energia, causando o aquecimento
do condutor.
A principal aplicação é na construção dos
fornos de indução, onde uma peça metálica se
funde, devido ao efeito joule originado por essas
correntes.
Pode-se obter também correntes de Foucault
quando o condutor maciço se move em um campo
magnético uniforme. Na figura a seguir, a varia-
ção do fluxo magnético no pêndulo é devida à va-
riação da área atravessada pelo campo.
O condutor é ligado por meio de um cabo
isolante a um eixo, formando um pêndulo que, de
início oscila livremente.
Colocando-se um ímã em forma de ferradu-
ra perpendicularmente ao plano de oscilação do
pêndulo, verificamos que as oscilações são acen-

2.18 - BOBINA DE INDUÇÃO


Uma importante aplicação da indução ele- colocado um núcleo cilíndrico, formado por um
tromagnética é a bobina de indução, destinada à feixe de arames de ferro justapostos, mas isolados
obtenção de elevadas ddps. entre si, a fim de reduzirem as correntes de Fou-
Considere um solenóide de fio de cobre cault. denomina-se enrolamento secundário o con-
grosso ligado a um gerador de corrente contínua junto de espiras de fio de cobre fino em circuito
por meio de uma chave Ch. Esse solenóide deno- aberto. O enrolamento secundário é totalmente in-
mina-se enrolamento primário. No seu interior, é dependente do primário.
ELETROMAGNETISMO 22

distribuidor aplica essa ddp em cada vela nos


momentos adequados, numa seqüência convenien-
te. É interessante notar que a vela na qual salta a
faísca corresponde aos terminais do enrolamento
secundário.
Atualmente a função exercida pelo platina-
do, de abrir o circuito, interrompendo a corrente
elétrica no circuito primário, é feita eletronica-
mente por meio de transistores: é o sistema de ig-
nição transistorizada. A eliminação do platinado
acarreta muitas vantagens no rendimento do sis-
tema, pois o circuito primário deixa de ser inter-
rompido mecanicamente.
bobina de indução
Interrompendo-se periodicamente a corrente
no enrolamento primário (fechando e abrindo Ch),
o fluxo magnético é variável. Originam-se, então,
no enrolamento secundário, fems induzidas que
podem assumir valores bastante elevados, como
mostra o gráfico abaixo.

2.18.1 - O Microfone e o auto-falante


O microfone de indução é constituído por
um ímã permanente fixo, uma bobina móvel en-
volvendo o ímã e uma membrana protegida por
uma tela. A bobina está ligada à membrana. As
Normalmente, o ar é um isolante, mas, ondas sonoras que chegam ao microfone fazem a
quando há uma grande ddp entre dois terminais membrana vibrar e, portanto, a bobina móvel tam-
próximos, o circuito pode ser fechado momenta- bém vibra. Nessas condições, a bobina movimen-
neamente pela ionização das moléculas do ar. ta-se no interior do campo magnético gerado pelo
Quando isso ocorre nos terminais do enrolamento ímã fixo. Logo, tensão elétrica é induzida na bo-
secundário, salta a faísca destacada na figura a- bina móvel. Temos então, a transformação dos
baixo. sons recebidos pelo microfone em variações de
A eficiência da bobina é aumentada pela li- tensão elétrica na bobina móvel. Via de regra essa
gação do capacitor. Sem ele, o faiscamento na tensão induzida é muito pequena e deve ser ampli-
chave retardaria a interrupção do circuito, o que ficada para posterior uso.
diminuiria a fem induzida no secundário.
Uma importante utilização prática da bobina
de indução é no circuito de ignição dos motores a
explosão. Nesses devem-se obter altas ddps, a fim
de provocar, no interior dos cilindros, a faísca que
originará a combustão da mistura ar-combustível.
A bobina é alimentada pela bateria do auto-
móvel (ddp constante). O próprio movimento do
eixo do motor comanda a abertura do platinado,
que serve como chave do circuito no enrolamento
primário da bobina. A bobina fornece, no enrola-
mento secundário, o pico de alta ddp, enquanto o
ELETROMAGNETISMO 23

O alto-falante, ligado ao microfone, recon-


verte essas variações de tensão elétrica em sons.
Ele é também constituído de um ímã permanente
fixo e de uma bobina móvel que envolve o ímã. A
bobina está ligada a um cone de papelão. Quando
a corrente elétrica proveniente do microfone atra-
vessa a bobina, ela fica sob ação do campo mag-
nético originado pelo imã fixo. Assim, as forças
magnéticas agem na bobina, movimentando-a. O
movimento da bobina implica a vibração do cone.
O ar junto ao cone vibra, reproduzindo o som cap-
tado pelo microfone.

2.19 - ONDAS ELETROMAGNÉTICAS


Uma variação no fluxo do campo magnético c = 299.792.458 m/s
que atravessa uma espira induz nela uma corrente Nessa época, a única propagação conhecida
elétrica. Como a corrente elétrica é o movimento com tal velocidade era a luz. Assim, Maxwell
ordenado dos portadores de carga e esse movi- concluiu que a luz é uma onda eletromagnética.
mento é "empurrado" por um campo elétrico, a Catorze anos mais tarde, usando o próprio
variação do fluxo do campo magnético induziu fenômeno da indução eletromagnética, Heinrich
um campo elétrico. O processo inverso também é Rudolf Hertz (1857-1894), verificou experimen-
possível: um campo elétrico variável induz um talmente a existência das ondas previstas por
campo magnético. Maxwell.
Podemos observar, então, que, uma vez pro- Sabemos que as substâncias em geral são
duzido um campo elétrico variável, esse campo constituídas de átomos, que por sua vez possuem
induz um campo magnético também variável que, prótons e elétrons - portadores de carga elétrica. À
por sua vez, induz um campo elétrico variável, e medida que aumentamos a temperatura de um
assim sucessivamente. Essa seqüência de induções corpo, os átomos oscilam com freqüência cada
é um pulso eletromagnético propagando-se. Se a vez maior. Juntamente com os átomos, também
tensão da fonte for oscilante, temos uma seqüên- oscilam os portadores de carga, o que ocasiona a
cia de pulsos propagando-se que é onda eletro- produção de ondas eletromagnéticas. Maiores
magnética. temperaturas dão origem a radiações de maior fre-
qüência.
As freqüências das ondas eletromagnéticas
variam desde alguns ciclos por segundo até altos
valores, como, por exemplo, 1022 Hz, que é a fre-
qüência de alguns raios cósmicos.
Podemos então classificar as ondas eletro-
magnéticas pelas suas freqüências, que estão rela-
cionadas ao tipo de fonte usada em sua produção.

Considerando apenas determinada direção de propagação e


uma fonte de perturbações eletromagnéticas que oscila con-
tinuamente, temos a representação das intensidades desses
campos (elétrico e magnético) concatenados (um induz o
outro e vice-versa).
James Clark Maxwell (1831-1879) previu,
em 1873, a existência das ondas eletromagnéticas
e deduziu que a velocidade dessas ondas no vácuo
vale: Espectro eletromagnético.
ELETROMAGNETISMO 24

As ondas de rádio e televisão são produzidas oscilações que ocorrem em nível atômico ou pela
em circuitos elétricos oscilantes; as microondas, desaceleração brusca de elétrons. Finalmente, os
em pequenas cavidades; já os raios X, que com- raios gama são produzidos em nível nuclear.
preendem freqüências muito altas, são obtidos por

2.20 - EXERCÍCIOS DE APLICAÇÃO


1 - (Vunesp) A figura mostra um fio condutor reto e longo, II. O raio da curva descrita pela partícula não depende
percorrido por uma corrente elétrica I, e dois pontos, M e de sua massa.
N, próximos ao fio, todos no mesmo plano do papel. III. A partícula descreve uma semicircunferência para a
direita, saindo da região com velocidade v, orientada
para baixo.
a) Somente a afirmativa I é correta.
b) Somente a afirmativa II é correta.
c) Somente a afirmativa III é correta.
d) As afirmativas II e III são corretas.
Uma partícula carregada positivamente passa, num certo e) Todas as afirmativas são corretas.
instante, pelo ponto M com uma velocidade perpendicu-
lar ao plano do papel e "penetrando" nele. Uma outra 4 - Na figura, a fem do gerador é 20 V e a resistência total
partícula, também carregada positivamente, passa pelo do circuito é representada por R e vale 4 . O fio hori-
ponto N, num outro instante, com uma velocidade que zontal PQ, de 10 cm de comprimento e 30 g de massa,
tem a mesma direção e o mesmo sentido da corrente. está ligado aos fios verticais de forma a poder deslizar
a) Represente o campo magnético B criado pela corrente livremente, sem atrito. Devido à existência de um campo
I nos pontos M e N. magnético constante na região e perpendicular ao fio, o
b) Represente a força magnética F agindo sobre as partí- fio PQ permanece em repouso.
culas nos pontos M e N nos instantes considerados.

2 - (UFPR) Um campo magnético é atravessado por um fei-


xe de elétrons, como mostra a figura. A trajetória dos e-
létrons, dentro do campo magnético, é mais bem repre-
sentada:
Considere as seguintes afirmações:
I. A corrente elétrica no fio PQ vale 5 A e tem sentido
de e para P.
II. O vetor indução magnética possui módulo de 0,6 T e
é perpendicular à página, orientado para fora dela.
III. Se invertermos o sentido do campo magnético, o fio
PQ será acelerado para cima.
a) pela curva 2. Quais afirmações são corretas?
b) pela curva 1.
c) por nenhuma dessas curvas, pois elétrons não podem 5 - (UFMG) Dois fios paralelos, percorridos por correntes
atravessar campos magnéticos. elétricas de intensidades diferentes, estão se repelindo.
d) pela curva 3. Com relação às correntes nos fios e às forças magnéticas
e) por uma outra curva, fora do plano do papel. com que um fio repele o outro, é correto afirmar que:
a) as correntes têm o mesmo sentido e as forças têm mó-
3 - Uma partícula de massa m e carga q < O é lançada com dulos iguais.
velocidade v em uma região na qual existe um campo b) as correntes têm sentidos contrários e as forças têm
magnético uniforme B, conforme a figura. módulos iguais.
c) as correntes têm o mesmo sentido e as forças têm mó-
dulos diferentes.
d) as correntes têm sentidos contrários e as forças têm
módulos diferentes.

6 - (UFBA) A figura mostra uma espira condutora, retangu-


lar e indeformável, de peso igual a 2.10-1 N e resistência
Em relação ao movimento da partícula dentro da região, elétrica igual a R, que cai com velocidade constante de
são feitas as seguintes afirmações: módulo igual a 10-1 m/s, na região do campo magnético
I. A partícula descreve um movimento circular e uni- uniforme B, de intensidade igual a 1 T. 0s lados AC e
forme no sentido anti-horário. CD são, respectivamente, iguais a 10 cm e 5 cm.
ELETROMAGNETISMO 25

01) A lâmpada pode acender, havendo afastamento ou


aproximação do imã.
02) À medida que o ímã se aproxima da espira. aparece
nela uma corrente induzida no sentido de A para B.
04) O fluxo do campo magnético através da espira de-
pende da posição do imã.
08) A intensidade da corrente que circula pela lâmpada
independe da velocidade com que o imã se aproxima da
Sendo assim, e desprezando-se a influência do ar, na es- espira.
pira: 16) Caso a lâmpada seja substituída por uni galvanôme-
(01) surgirá uma força eletromotriz induzida, somente no tro, este indicará uma corrente elétrica num sentido
lado AC. quando o ímã se aproxima da espira e em sentido oposto
(02) surgirá uma força magnética no lado CD. quando o ímã se afasta dela.
(04) aparecerá uma corrente induzida, no sentido anti- 32) O princípio da indução eletromagnética usado para
horário. explicar o aparecimento de corrente induzida na espira é
(08) haverá corrente induzida enquanto atuar a força também empregado para explicar o funcionamento do
magnética. transformador.
(16) R é igual a 2,5.10-3 .
Dê como resposta a soma das afirmativas corretas.
Dê como resposta a soma das afirmativas corretas.
10 - (UFMS) Após duas pilhas de 1,5 V serem ligadas ao
7 - (UFRS) Num transformador, a razão entre o número de primário de um pequeno transformador, conforme figura,
espiras no primário (N1), e o número de espiras no se- não haverá voltagem induzida no secundário. Quais a-
N firmações justificam esse ato?
cundário (N2) é 1 10 . Aplicando-se uma diferença
N2 I. Existe um fluxo magnético no secundário, mas ele não
de potencial alternada V1, no primário, a diferença de po- varia com o tempo
tencial induzida no secundário é V2. Supondo tratar-se de II. Uma corrente contínua não produz campo magnético
um transformador ideal, qual é a relação entre V2 e V1? no núcleo de ferro.
V1 III. O campo magnético criado na bobina do primário
a) V 2 c) V2 = V1 e) V2 = 100 V1 não atravessa o secundário.
100 IV. O número de espiras da bobina do secundário não é
V1 suficiente para o surgimento da voltagem induzida.
b) V 2 d) V2 = 10V1
10 V. O número de pilhas no primário não é suficiente para
o surgimento da voltagem induzida.
8 - (Mackenzie-SP) Uma
partícula q, eletrizada
com carga elétrica posi-
tiva, penetra num campo
de indução magnética u-
niforme B, com veloci-
dade v, conforme figura.
No instante ilustrado, a
força magnética que age
sobre a partícula é repre-
sentada pelo vetor:
11 - (E.F.E. Itajubá-MG) Um CD player portátil é alimenta-
a) a b) b c) c d) d e) e do por um transformador que baixa a tensão de 120 V
para 12 V. Sabe-se que esse transformador tem 200 espi-
09 - (UFPR) Na figura está representada uma espira circular ras no primário e que o aparelho é alimentado pelo se-
ligada a uma lâmpada incandescente L. O ímã I pode ser cundário. A potência fornecida ao primário é 2 W e, su-
deslocado ao longo do eixo perpendicular ao plano da pondo que não há dissipação de energia no transforma-
espira. Considere que as linhas de força do campo mag- dor, determine:
nético do ímã saem de seu pólo N e entram em seu pólo S.
Baseado nisso e nos conceitos da Eletricidade e do mag- a) o número de espiras no secundário:
netismo. é correto afirmar: b) a corrente no secundário.
ANEXO 1

RESPOSTAS DOS EXERCÍCIOS

1.10 - Exercícios de Aplicação 2.11 - Exercícios de Aplicação


Página 9 Página 17
1-c 1a -
2-b 1b - em M: Fmag = 0;
3-d em N: Fmag vertical para cima
4a - 6,3 x 10-5 T; perpendicular ao pla- 2-d
no da folha e dirigindo-se para o 3-c
leitor. 4 - I e II
4b - O sentido se inverte 5-b
5-c 6 - 14
6-a 7-b
7-a 8-a
8-d 9 - 01 + 04 + 16 + 32 = 53
9-d 10 - Somente I
10 - b 11a - 20 espiras
11 - e 11b - 0,17 A

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