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19/08/2020 WeMEDS

DEFINIÇÃO
Vacina utilizada para previnir formas graves da tuberculose - meníngea e miliar, além de ser um método de
profilaxia para hanseníase.

Para mais informações sobre tuberculose, vide infectologia->tuberculose

O processo de preparação inicial foi feito em 1906 conjuntamente por Albert León Charles Calmette e por Jean Marie
Camille Guérin, razão pela qual o preparado recebeu a designação de BCG (bacilo de Calmette-Guérin)

CONSTITUIÇÃO
Vacina Viva Atenuada

É formada por uma bactéria viva atenuada de origem bovina: Mycobacterium bovis - semelhante ao patógeno
causador da doença (Mycobacterium tuberculosis) - atenuadas com glutamato de sódio

CONSERVAÇÃO
Conservar a vacina entre +2ºC e +8ºC (sendo ideal +5ºC), sob proteção de luz solar direta. Não congelar.

ADMINISTRAÇÃO
0,1 ml - dose única intradérmica (na inserção inferior do músculo deltoide, do lado direito)

💉 Aguda hipodérmica recomendada: 13x3,8

ESQUEMAS POSOLÓGICOS
Dose única para todas as crianças abaixo de 5 anos: o Ministério da Saúde indica de forma obrigatória para os
menores de 1 ano, mais precisamente já ao nascimento

Para crianças expostas ao HIV, assintomáticas, a indicação é até os 18 meses. A partir disso até os 5 anos de idade
somente se sorologia HIV for negativa

Para contactantes (independente da idade) de pacientes com hanseníase , vai depender da presença de cicatriz no
músculo deltoide direito:

Sem cicatriz: prescrever duas doses (distando 6 meses entre elas - e 2 cm da antiga)

Com uma cicatriz: prescrever mais uma dose (distando pelo menos 6 meses da primeira) - e 2cm da antiga

Com duas cicatrizes: não fazer nada

EFICÁCIA
A vacinação é eficaz principalmente para as formas graves da tuberculose (meníngea e miliar) e como profilaxia de
hanseníase. Assim, a vacina não evita a forma pulmonar, apenas reduz sua incidência. Pontualmente a eficácia:

Tuberculose meníngea e miliar: >80%

Tuberculose pulmonar: <50%

Hanseníase: >80%

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EVOLUÇÃO CICATRICIAL
Após a aplicação da vacina BCG, ocorre uma evolução cicatricial típica no local. Importante o conhecimento para
informar para os responsáveis:

1-2ª semana: eritema (mácula de aspecto avermelhado) com ponto endurecido central com diâmetro de 5-15mm

3-4ª semana: formação de pústula e amolecimento no na região mais central, seguindo com formação de uma crosta

4-5ª semana: formação de ulceração com diâmetro de 4-10mm

6-7ª semana: em 95% dos vacinados há formação de uma cicatrização com diâmetro de 4-7mm que perdura por toda
a vida

Importante ressaltar que pode existir em cerca de 10% dos pacientes o chamado "enfartamento ganglionar" em gânglios
axilares, infra ou supraclaviculares - usualmente ipsilaterais à aplicação da vacina. Se inicia após 3-6 semanas da
vacinação, caracterizado por nódulo indolor, móvel, firme com até 3cm de diâmetro. Desaparece espontaneamente em até 3
meses.

🚨Atenção! Nova recomendação do Ministério da Saúde (seguindo recomendação internacional da OMS de 2018). -
Antigamente havia necessidade de revacinação caso não houvesse formação cicatricial após 6 meses da vacinação. A
atualização defende que não há mais necessidade de revacinação - uma vez que estudos recentes evidenciaram que a
ausência de cicatriz não reflete fidedignamente a ausência de proteção após uma dose da vacina. 🚨

EVENTOS ADVERSOS
Os eventos adversos podem ser locais (mais comuns) ou sistêmicos:

1). Locais

Grande ulceração que não cicatriza: úlceras acima de 1cm que não cicatrizam em até 12 semanas

Para o tratamento, deve-se prescrever o medicamento Isoniazida 10mg/kg/dia (máximo 400mg/dia) até que
haja regressão total do quadro

Adenite por BCG - "Bcgite": como visto em "evolução cicatricial", pode existir aumento ganglionar em gânglios
axilares, infra ou supraclaviculares - usualmente ipsilaterais à aplicação da vacina. Nos casos em que esses
linfonodos compliquem (supuração, fístula, >3cm flutuantes) estamos diante de uma Adenite - conhecida na
pediatria como "Bcgite". Esse quadro pode se iniciar até 3 meses após a vacinação.
Não se deve puncionar a lesão, e sim prescrever o medicamento Isoniazida 10mg/kg/dia (máximo
400mg/dia) até que haja regressão total do quadro

Abscesso subcutâneo "frio": Tumoração no local de aplicação pode haver flutuação, SEM sinais inflamatórios
(edema, rubor, calor e dor)

Para o tratamento, deve-se prescrever o medicamento Isoniazida 10mg/kg/dia (máximo 400mg/dia) até que
haja regressão total do quadro

Abscesso subcutâneo "quente": Tumoração com sinais inflamatórios - edema, rubor, calor, dor. Infecção
secundária por germes da pele.

Deve-se drenar o abscesso e iniciar antibioticoterapia para germes da pele (vide dermatologia ->
piodermites)

Reação Lupoide: após o aparecimento da cicatriz, evidencia-se placas lupoides (eruptivas)

Tratamento com Esquema tríplice com: Isoniazida (10mg/kg/dia) + Rifampicina (10mg/kg/dia) +Etambutol*
(25mg/kg/dia) durante 2 meses. Seguido de Isoniazida (10mg/kg/dia) + Rifampicina (10mg/kg/dia) durante 4 meses

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(*) Em menores de 5 anos de idade, em vez de etambutol, usar pirazinamida, na dose de 35 mg/kg/dia-dose máxima
de 2g/dia.

2). Sistêmicos: situação rara, que pode ocorrer em paciente imunodeprimidos. Nessa situação, mimetiza-se uma forma
disseminada: febre, linfadenite generalizada, hepatoesplenomegalia

Tratamento com Esquema tríplice com: Isoniazida (10mg/kg/dia) + Rifampicina (10mg/kg/dia) +Etambutol*
(25mg/kg/dia) durante 2 meses. Seguido de Isoniazida (10mg/kg/dia) + Rifampicina (10mg/kg/dia) durante 4
meses(*) Em menores de 5 anos de idade, em vez de etambutol, usar pirazinamida, na dose de 35 mg/kg/dia-dose
máxima de 2g/dia.

CONTRAINDICAÇÕES
As contraindicações podem ser relativas (adia-se o uso) ou absolutas:

1). Absolutas :

HIV positivo sintomático

Imunodeficiências adquiridas ou mesmo congênitas

2). Relativas :

Nascimento com menos de 2Kg

Aguardar chegar a 2kg e vacinar

Imunossupressão (quimio,radioterapia, uso de coricoide acima de 2mg/kg/dia ou >20mg/dia por pelo menos 14
dias)

Aguardar 3 meses após o tratamento e vacinar

Dermatopatias graves no local da aplicação

Aguardar a melhora para a vacinação

Neoplasias malignas

Aguardar o controle da neoplaisa

Recém-nascidos de mães bacilíferas

Não vacinar e iniciar quimioprofilaxia: Isoniazida 5-10mg/kg/dia por 3 meses. Após isso, realizar um PPD.
Se vier abaixo de 5mm, vacinar. Se vier acima de 5mm fazer raioX de tórax: nos casos de paciente
assintomático, sem achados - fazer mais 3 meses de isoniazida e não há necessidade de vacinar (houve
imunização ativa natural); se tiver algum achado de imagem ou sintomas, tratar tuberculose (vide
infectologia -> tuberculose)

REVACINAÇÃO
São duas as indicações para se proceder à administração de uma nova dose de BCG:

1). Criança entre 6 meses e 5 anos de idade que não apresentou cicatriz vacinal a despeito da dose ao nascer
(receberá apenas mais uma dose)

2). Quimioprofilaxia para contactantes intradomiciliares de pacientes com Hanseníase

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