Você está na página 1de 4

O texto “O mercado financeiro paga bem e tem vagas de sobra” retrata uma realidade

assistida em 2013. Atualmente, como é o mercado financeiro no Brasil? Quais as principais


habilidades que um gestor financeiro precisa desenvolver para se destacar no mercado? Os
salários continuam atrativos? Em tempos de crise como a atual, esse profissional faz diferença
nas organizações?

Atualmente, como é o mercado financeiro no Brasil?

Atualmente, no mercado financeiro nacional, a BMF&Bovespa e a Cetip são as duas


companhias que, de maneira complementar, organizam o mercado de derivativos, mercado de
ações (títulos e valores mobiliários) e renda fixa (registro de CDB e outros títulos de renda fixa,
como CRI, LCI, etc.). A regulamentação é feita pela CVM (para Companhias Abertas) e há a auto-
regulação dos agentes pela Anbima.

O perfil do investir brasileiro é conservador, e o mercado financeiro nacional é um dos mais fechados
do mundo. Apesar desse cenário, o fundador e CEO do Grupo XP, Guilherme Benchimol, acredita que o
segmento de investimento tem potencial para crescer de forma exponencial nos próximos anos.
Ele afirma que essa oportunidade para o setor tem causa principal no fato de que, atualmente, 95%
das poupanças dos brasileiros estão nos bancos, enquanto que nos Estados Unidos, por exemplo, 90%
dos recursos financeiros estão fora das instituições bancárias. Benchimol vê nesses números e no baixo
patamar dos juros (que desestimula a aplicação de dinheiro em produtos conservadores) um retrato de
como o segmento de investimentos pode ser expandido no País.
“O cliente passa a perceber que a aplicação que ele tinha não é a mais adequada quando mexemos
no bolso dele. Então, fica incomodado e começa a mudar o comportamento. A consciência vem do
bolso”, diz.
Esse comportamento tímido de investimento e a dificuldade de assumir riscos no mercado financeiro
são reflexos da história econômica do Brasil. Se, por um lado, o professor de Economia da Fundação
Dom Cabral e da New York University Shanghai, Rodrigo Zeidan, enxerga como positiva a segurança do
mercado financeiro brasileiro, por outro, ele aponta que o Banco Central exagerou nessa busca por
seguridade e acabou por promover a concentração de mercado.
“É impensável em qualquer lugar do mundo um sistema concentrado em quatro grandes grupos. Sou
favorável à competição como forma de entregar para a sociedade um resultado melhor”, justifica.

Devido à contínua revolução digital, as mudanças sofridas pelo cenário financeiro internacional
se refletem nos mercados específicos de cada país. Naturalmente, o Brasil não está livre dessa
influência. Fato é que o uso cada vez mais frequente da tecnologia exigiu uma rápida e
providencial adaptação das instituições financeiras.

Em vez de ser engolido pela era digital, o mercado financeiro se tornou seu grande aliado.
Com isso, todo mundo saiu ganhando, pois os processos ficaram mais ágeis e precisos. A
transparência e a credibilidade das operações também atingiram patamares mais elevados.

Uma maneira de visualizar tal momento é o acesso a contas bancárias por meio da internet. Se
esse é um procedimento comum atualmente, basta lembrar que sequer era cogitado há algumas
décadas.
Muito, além disso, observamos o surgimento das fintechs, empresas de tecnologia que operam
dentro do setor financeiro. Já temos exemplos muito bem-sucedidos de bancos totalmente digitais
que vêm ganhando cada vez mais espaço entre o público consumidor.

Mais recentemente, houve ainda o crescimento das operações financeiras realizadas por
smartphones. Como se trata de um dispositivo móvel, esse novo comportamento simboliza o nível
dinâmico das operações financeiras nos tempos atuais.
O avanço da tecnologia, aliado ao uso da internet, diminui a distância entre as pessoas e as
instituições financeiras. Se bem orientado, o usuário pode ter à disposição incontáveis
informações valiosas sobre o mercado e seu próprio dinheiro.

Quais as principais habilidades que um gestor financeiro precisa desenvolver para se


destacar no mercado?

1. Facilidade de relacionamento
Um gestor terá que lidar o tempo todo com outras pessoas, pois essa é parte fundamental de
trabalho de quem está à frente de um setor. Para que esse processo funcione bem, é importante
ter bom relacionamento com os colaboradores da empresa, especialmente aqueles que atuam
em áreas distintas.
O gestor financeiro vai precisar manter contato com outros departamentos das empresas,
então é importante que ele desenvolva uma imagem positiva, de alguém acessível. Tão
fundamental quanto isso, é exercer boas práticas de relacionamento no cotidiano, beneficiando
assim a sua atuação, que constantemente dependerá de ordens e solicitações.
2. Conhecimento de legislações
Há leis específicas que regulamentam a atuação das empresas, especialmente no que diz
respeito a movimentações de capital, investimentos e todas as atividades relacionadas a
questões financeiras. O conhecimento dessas regras e determinações é importante para que a
organização aja sempre dentro do que é o correto.
Desse modo, quem está à frente do departamento financeiro de uma empresa, nesse caso o
gestor, deve ter amplo domínio sobre todas as informações que estão dispostas na lei. Assim,
além de preservar a integridade do seu trabalho, esse profissional protege a empresa,
conduzindo ações dentro da legislação vigente.
3. Domínio sobre taxas e tributos
Tributos e taxas referentes a movimentações financeiras, compras, vendas e declaração de
impostos são muito comuns no dia a dia de uma empresa. Cabe ao gestor financeiro fiscalizar se
tudo está sendo feito de maneira certa, em prol da regularidade da atuação da instituição, diante
do cumprimento das obrigações fiscais.
Com tamanha importância dessa questão, é indispensável ao gestor estar sempre atualizado
sobre as tributações às quais a empresa está submetida. Assim, são minimizados os riscos de
penalidades legais à empresa, sem colocar em cheque a capacidade do gestor.
4. Ética profissional
Outro requisito mais geral aos profissionais, a ética deve ser redobrada para quem ocupa esse
cargo, já que nessa posição ele também deve dar o exemplo, especialmente por lidar com os
ativos financeiros da empresa. O gestor deve ter valores bem definidos, obedecendo também ao
que a empresa acredita.
Em nenhum momento esse profissional deve utilizar da altura de seu cargo e suas facilidades
para tomar vantagens de nenhum tipo. O gestor financeiro deve prezar sempre pela transparência
de seus atos e por uma administração objetiva e sem nenhum tipo de margem para desconfiança
5. Liderança
Um líder deve usar mais vezes o termo “nós” ao invés de “vocês”. Liderar é fazer parte dos
processos, atuar junto aos outros colaboradores e mostrar o caminho para o sucesso da
execução de demandas. A liderança é um requisito imprescindível para quem ocupa o cargo de
gestor, tendo em vista que ele está à frente do departamento que conduz todas as operações
financeiras da empresa.
O gestor financeiro precisa exercer sua liderança envolvendo sua equipe de profissionais,
transmitindo e contando com a confiança deles. Só assim será possível se manter competente
diante de todos os desafios do cotidiano de um cargo tão relevante.
6. Inteligência emocional
A pressão por resultados, as dificuldades no dia a dia de atuação e a responsabilidade de estar
à frente de um setor tão complexo como o financeiro podem pesar emocionalmente. O gestor
precisa ter controle sobre seus impulsos, se mantendo inteligente e competente para atuar diante
de um quadro de possível exigência maior que o normal.
A importância de um gestor que tenha inteligência emocional é saber se adaptar às diferentes
situações de trabalho, especialmente em quadros de instabilidade. Assim, esse profissional
saberá controlar suas emoções diante desses casos, atuando com competência e absorvendo
toda a pressão com eficiência e liderança.
7. Conhecimentos em auditoria
O gestor nem sempre poderá acompanhar tudo que é feito dentro do departamento financeiro,
ainda que ele seja o principal responsável. É preciso estar sempre atento se todas as operações,
negociações e qualquer tipo de movimentação financeira foram feitas corretamente. Para isso, é
preciso checar valores e conferir se eles estão de acordo com os relatórios.
A auditoria é parte importante do trabalho de um gestor financeiro. Ter conhecimentos desse
tipo permite a esse profissional estar sempre atento a possíveis irregularidades ou discordâncias
de valores, diante do que está relatado em documentos. Ainda que a auditoria não seja
completamente feita pelo gestor, é importante ter conhecimento para uma análise primária.
8. Visão estratégica
Cada passo dado por um gestor financeiro deve ser com total consciência do que virá em troca
para a empresa. A visão estratégica é fundamental para esse profissional, que deve agir sempre
visando resultados e trabalhando em prol de objetivos definidos diante de dados que deem base
para a sua atuação.
Com domínio dessa capacidade, o gestor sabe identificar as boas oportunidades de
desenvolvimento, visualizando o que elas trarão à empresa no futuro. Tudo isso é feito de modo
que também seja possível perceber quais os empecilhos na atuação e como superá-los, para
avançar no planejamento definido.

Essas habilidades e qualificações são indispensáveis para esse profissional. Há diversas


formas de se preparar para exercer o cargo. Instituições de ensino como a MRH oferecem o
curso de MBA em Gestão Financeira, que oferece o desenvolvimento de todas essas
capacidades.
O gestor financeiro é um profissional importante e que, reunindo capacidade de atuação, tem
um bom mercado de oportunidades à sua disposição, conseguindo se colocar em uma empresa
de destaque, desempenhando um bom trabalho.

Os salários continuam atrativos? Em tempos de crise como a atual, esse profissional faz
diferença nas organizações?

O papel do gestor em tempos de crise


Quando a crise se instaura, os ânimos pessoais e profissionais se abalam. A empresa teme a
perda da lucratividade e o funcionário, a de seu emprego.
Com isso, surge uma infinidade de novos desafios, e é o gestor quem deve tomar as rédeas da
situação para minimizar os impactos da crise no caixa da empresa. Entre as funções que ele já
possui, existem algumas que exigem maior atenção e cuidado por parte destes líderes.
Um gestor necessita demitir profissionais de sua equipe, gerenciar novas emoções entre estes
mesmos membros, reduzir custos e buscar formas alternativas de atrair e de reter clientes.
Em suma, esse profissional precisará ter, além dos conhecimentos técnicos e práticos, uma
grande inteligência emocional. Afinal, ele deve cuidar da pressão vivenciada e dos novos desafios
que surgirão por causa deste cenário econômico pouco favorável.
O gestor em tempos de crise é o elo entre o operacional e a alta cúpula de uma empresa. É
justamente por transitar nesses dois níveis de uma organização que ele consegue ter uma visão
sistêmica sobre o que é e o que não é funcional frente às ações pensadas e praticadas.

Assim, ele precisará desenvolver uma capacidade analítica e crítica frente a este cenário, para
ajudar os diretores a rever estratégias, de forma a adaptá-las ao novo contexto, sem que elas
impactem negativamente na operacionalização das tarefas. Portanto, um gestor em tempos de
crise tem a missão de ajudar a empresa a rever os seus planos e a projetar o futuro com base
nas modificações feitas. Assim, será possível passar pela crise sem comprometer tudo aquilo que
já foi construído.
Em tempos de crise, é papel do gestor fazer a gestão de risco, e esse processo começa por
identificar as ameaças dos tempos presentes. A que riscos a empresa está exposta nesse
momento? Pense em questões de diferentes naturezas: ocupacionais, jurídicas, econômicas,
mercado e imagem.
Liste todos esses pontos, identificando qual é a probabilidade de surgimento e qual impacto
será sofrido. Com essas informações, será possível construir a matriz de risco da empresa.
Acompanhar essa ferramenta é essencial para um novo modelo de gerenciamento que será
adotado.
Gerenciar riscos em tempos de crise é uma medida de cautela para não deixar que o cenário
se deteriore ainda mais. É uma forma de antecipar possíveis problemas e de pensar no negócio
com mais segurança, mas sempre considerando o cenário da própria empresa e de seu mercado
de atuação.
É importante lembrar também que é papel do gestor correr riscos, mas, por meio do
gerenciamento estratégico, as decisões podem ser calculadas de forma segura, aumentando,
consequentemente, as chances de surgirem decisões mais assertivas.

Você também pode gostar