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Você sabe o que é Qualidade de Vida

no Trabalho?
Qualidade de Vida no Trabalho também pode ser vista
sob duas óticas antagônicas, entre as reivindicações
dos colaboradores quanto ao bem estar e satisfação no
trabalho, e o interesse das organizações quanto aos
seus efeitos potencializadores sobre a produtividade e a
qualidade.
Luiz Qutemberg S. Dias Junior
Administrador de empresas, especialista em gestão estratégica, negócios e logística.
https://administradores.com.br/artigos/voce-sabe-o-que-e-qualidade-de-vida-no-trabalho

Para respondermos a esta questão devemos remeter às primeiras publicações sobre o assunto,
que datam da década de 70 onde o professor da Universidade da Califórnia Louis Davis define
Qualidade de Vida no Trabalho (QVT) como a preocupação com o bem-estar geral e a saúde
dos colaboradores no desempenho de suas atividades. Existem outras diversas publicações
sobre o assunto bem como uma infinita lista de definições para Qualidade de Vida no Trabalho
que também pode ser vista sob duas óticas antagônicas, entre as reivindicações dos
colaboradores quanto ao bem estar e satisfação no trabalho, e o interesse das organizações
quanto aos seus efeitos potencializadores sobre a produtividade e a qualidade.
Desde os primórdios o homem busca melhorias para as condições dos processos produtivos, os
primeiros escritos sobre esta busca por melhorias datam de 300 anos a.C., onde Euclides de
Alexandria escreve sobre princípios de geometria, a fim de aperfeiçoar os métodos de trabalho
dos agricultores à margem do rio Nilo; e 287 anos a.C., quando Arquimedes estabelece a “Lei
das Alavancas”, que em suma trata-se de uma proposta para minimizar os esforços físicos dos
trabalhadores de cargas.
Contudo, independente de quais definições acadêmicas será debruçado o entendimento, o que
se infere por Qualidade de Vida no Trabalho, são as ações empreendidas pelas organizações e
pelos indivíduos que as compõem, para a melhoria das condições de trabalho e do ambiente de
trabalho. Estas ações não se restringem apenas ao âmbito onde se dá a relação de trabalho
(empresa), mas, transcende-o para todos os âmbitos onde as relações existentes possam
interferir na qualidade de trabalho do indivíduo. Ou seja, a Qualidade de Vida no Trabalho
depende não só apenas das relações dentro do trabalho, mas também fora dele, como por
exemplo, em casa.
Alguns autores como: Chiavenato, Rodrigues e outros, definem fatores determinantes para a
QVT, são eles:
1. Satisfação com o trabalho executado: é fato de que quando o indivíduo realiza atividades das
quais não gosta, estas serão mal executadas ou até mesmo não serão executadas, visto a falta de
interesse do mesmo.
2. As possibilidades de futuro na organização: um colaborador que trabalha sabendo que não há
prospecção de futuro para ele na organização, não usará de todo o seu potencial para a execução
das atividades, visto a nítida percepção de que todo o seu trabalho não terá o reconhecimento e
a recompensa esperada.
3. O reconhecimento pelos resultados alcançados: como mencionado, um indivíduo que não tem
seu trabalho reconhecido ou devidamente recompensado, se torna insatisfeito e desmotivado.
4. O salário percebido: o salário não é em muitos casos a recompensa principal para um
trabalhador, mas, em linhas gerais ele determina o nível de satisfação do indivíduo no trabalho,
pois, a remuneração ainda é um dos primeiros quesitos observado pelo trabalhador, quando o
assunto é recompensa pelo trabalho realizado.
5. Os benefícios auferidos: além das recompensas remuneratórias a relação entre empresa e
trabalhador oferece alguns benefícios, que podem ser desde status social a bônus financeiros.
E esses benefícios influem diretamente na satisfação do funcionário com a empresa.
6. O relacionamento humano dentro da equipe e da organização: uma empresa onde o número de
conflitos interpessoais é constantemente acentuado tende a sofrer pela falta de congruência do
grupo, devido à falta de afetividade dentro do mesmo.
7. O ambiente psicológico e físico de trabalho: trabalhar sobre pressão ou em ambientes insalubres
tornam o trabalho ainda mais difícil de ser realizado e se estas condições não forem
minimizadas, o ambiente de trabalho se torna inóspito.
8. A liberdade de atuar e responsabilidade de tomar decisões: por mais simples que sejam as ações
desempenhadas e as decisões tomadas elas são imprescindíveis para o desenvolvimento do
indivíduo dentro do ambiente de trabalho. Um indivíduo que não tem liberdade de opinar ou
até mesmo sugerir dentro do processo acaba sendo apenas uma marionete do sistema interno e
isso traz consigo a insatisfação pela sensação de subutilização do seu capital intelectual.
9. As possibilidades de estar engajado e de participar ativamente: como já dito, o indivíduo que
estiver à margem do processo, acaba sendo subutilizado e desmotivado a participar e interagir
dentro da organização, de modo a estar insatisfeito com os processos e tornando-se incapaz de
propor melhorias.
Esta leitura sobre os aspectos determinantes e componentes da QVT proposta no livro de
Rodrigues (1994), nos leva a inferir que a Qualidade de Vida no Trabalho é algo inerente as
organizações, mas, não limitada a esta. E que grande parte destes fatores não são afetados
apenas pela relação intraorganizacional.
Os fatores externos à organização, aqui propostos apenas como aqueles que ocorrem fora do
ambiente da empresa, também são influenciadores na Qualidade de Vida no Trabalho. As
relações interpessoais dos indivíduos e seus pares fora da empresa formam o que podemos
chamar de composto da QVT. As relações conjugais e familiares, problemas financeiros,
disponibilidade de lazer e entretenimento, saúde e bem estar além de outros determinantes
individuais interferem diretamente na qualidade de vida do indivíduo e também, logicamente,
na QVT. Ademais, estes também são influenciados pela QVT e comprovam a total relação entre
a qualidade de vida do indivíduo e a Qualidade de Vida no Trabalho deste.
O que se pretende propor e explicitar, é que o trabalho compõe a vida das pessoas e que estas
mesmas pessoas compõem o ambiente de trabalho. De forma que qualquer mudança dentro
deste contexto muda toda a conjuntura social, tanto das organizações quanto dos indivíduos. As
mudanças partem das organizações para o indivíduo, da mesma forma que do indivíduo para as
organizações. Entender esta relação perpassa por compreender o porquê algumas empresas têm
sucesso e outras não. Se a empresa é composta por pessoas motivadas e satisfeitas, estas farão
o possível para que o clima organizacional se mantenha sempre em melhoria, em contra partida,
uma equipe composta de pessoas desmotivadas e insatisfeitas, só servirá para que a organização
venha “a pique”.
Mas, como propor ações para a instauração e manutenção da QVT? E até quando investir nisso
é rentável para empresa? E o que o funcionário ganha com isso?
Para responder essas questões é necessária uma introspecção individual que vai muito além das
definições engessadas que um artigo ou livro sobre o tema pode dar. As mudanças devem partir
sob a ótica de que a QVT é um viés duplo, partindo da firma para o colaborador e deste para a
firma.
As complexidades encontradas pelas organizações modernas que tem o capital humano como
foco do seu sucesso se dá justamente por esta dependência, pois, mesmo que os gestores da
empresa proponham mudanças para que a Qualidade de Vida no Trabalho melhore, se o restante
da equipe não engajar nesta luta, ela com certeza será perdida. As mudanças devem partir do
indivíduo, ajudado pela empresa, haja vista que quanto melhor for a vida do colaborador, mais
disposto ele estará para melhorar a vida da empresa. Mudar o ambiente de trabalho é mudar o
modo como se trabalha e como as operações e ações da empresa são conduzidas. Como visto o
trabalho compõe a vida das pessoas, e mudar o ambiente de trabalho, também é mudar a forma
de viver.
Ser gentil, amável, amigável, aprender a sorrir de si mesmo e ser generoso, primeiro consigo
mesmo, depois com os outros, ajuda a aproveitar às oito horas diárias para se divertir, fazendo
do trabalho um lazer para a mente e a alma! Trabalhar nem sempre é sinônimo de estresse e
desgosto. Ser sério, não é ser rude! Deve-se sempre lembrar: respeito gera respeito.
Levar o trabalho a sério, não é levar o problema do trabalho para casa! Não usar da sua posição
dentro da organização como arma, mas, como trampolim é aprender que ninguém cresce
sozinho! Lembrar-se que a qualidade de vida, quer seja no trabalho quer seja fora dele, depende
de cada um. Os outros podem até ajudar, mas, mudar significa tomar novos rumos, novas
atitudes, nova forma de pensar. As mudanças positivas trazem consequências positivas e mudar
o ambiente de trabalho para melhor vai no mínimo tornar a vida mais positiva!

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