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Economia Política – Terceiro bimestre


 Encontros 26, 27, 28 e 29
Ao estudar a macroeconomia (a economia e os mercados em seu agregado,
tendo em vista analisar os grandes fluxos econômicos; uma visão geral da economia no
seu todo), tem-se a dificuldade em analisar de fato como a economia de um país está,
pois existem muitos mercados envolvidos no processo econômico. Para isso, formulou-
se um instrumental, uma disciplina que tem a pretensão de definir as principais
grandezas macroeconômicas e permitir que as análises macroeconômicas avançassem: a
Contabilidade Social ou Nacional. Esse instrumental define inúmeras grandezas, como
produto, renda, dispêndio, poupança, entre outras.
O produto é definido, segundo “Introdução à Economia” 1, como a “expressão
monetária da produção de uma sociedade em determinado período de tempo”. Ou seja,
o produto é o quanto se produziu, em um país, de bens e serviços em determinado
período de tempo. O produto é, portanto, um fluxo. Uma das medidas mais comuns de
produto, dentro de um país, é a de produto interno bruto a preços de mercado
(PIBpm), definido como “o valor monetário de venda dos produtos finais produzidos
dentro do país em determinado período de tempo”, sendo esse o indicador utilizado para
avaliar o desempenho de determinada economia.
A noção de renda, por sua vez, refere-se à “remuneração dos fatores de
produção envolvidos no processo produtivo”. Determina, pois, o conjunto dos
pagamentos estipulados das empresas às famílias pela oferta dos fatores de produção.
Salários, lucros, juros, aluguéis são exemplos desses pagamentos, sendo os três últimos
definidos em conjunto pelo termo excedente operacional bruto. Por fim, a renda é
definida pela soma “R = C + S”, sendo “C” o consumo e “S” a poupança.
O conceito de dispêndio se refere à destinação dos bens e serviços produzidos;
“por quem é produzido e para que é adquirido”. Dividindo-se em consumo (aquisição
dos bens e serviços, ou pelo indivíduo ou pelo governo, para satisfazer determinada
necessidade) e investimento (“aquisição de bens de produção, bens de capital ou
intermediários, que visam aumentar a oferta de produtos no período seguinte”). Pela
igualdade “D = C + I”, sendo “I” o investimento, define-se, pois, o dispêndio.
Poupança é entendida como “a parcela da renda não consumida em dado
período”, sendo ela um fator que pode fazer com que a economia se desenvolva. As
empresas podem reter parte dos lucros gerados, fazendo investimentos, renovando-se e
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mantendo a sua competitividade no mercado. Um dos grandes catalisadores desse


processo é o mercado financeiro, sendo a figura dos bancos central. Os bancos captam a
poupança, realizando uma intermediação financeira entre esta e as empresas, via
empréstimos.
Aqui, temos a identidades macroeconômicas: (i) Produto = Renda = Dispêndio
e (ii) Poupança = Investimento.

Outro conceito fundamental nessa análise macroeconômica é o de depreciação,


correspondente à “parcela dos bens de capital que é consumida a cada período
produtivo”.
Colocando a figura do Estado na economia, têm-se os conceitos de impostos (T)
e gastos públicos (G), sendo o primeiro o que o governo arrecada e, o segundo, o que o
governo gasta. A renda, na ótica do Estado, é dada pela soma entre consumo, poupança
e impostos; o dispêndio, pela soma entre consumo, investimento e gastos públicos.
Nota-se, então, que impostos e gastos públicos estão intimamente relacionados,
tendo três possibilidades na estrutura econômica de determinado país: T > G, no caso
superávit primário; T = G, estagnação; e T < G, implicando num déficit.
Visto que a economia, num déficit, não se sustenta, o governo precisa resolver
esse caso. As possibilidades seriam ou aumentar a tributação, o que é limitado e é
politicamente e economicamente falando complexo, pois não gera satisfação da
população com o governo e faz com que a atividade econômica esfrie, ou reduzir os
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gastos, o que também é complicado, pois pode gerar inflação e descontentamento de


determinados setores, como vários setores e grupos disputam investimento público com
gastos engessados.
Por isso, o governo busca formas de utilizar da poupança privada e acaba
endividando-se interna e externamente. Essa apropriação da poupança privada se dá,
principalmente, por negócios jurídicos arbitrários, como venda de títulos de dívida
pública.
Expandindo a análise para fora do país, com relação à economia nacional, pode-
se definir o dispêndio na equação “Produto + Importações = Consumo + Investimento +
Gastos públicos + Exportações”.
Além do PIB, existem outras formas de produto interno: o líquido, dado pela
diferença entre o bruto e a depreciação; o nominal, medido a preços correntes; e o real,
medido a preços constantes. Os dois últimos são comparados de acordo com os reajustes
de preços devido à inflação.
Hiato do produto é a diferença entre o PIB potencial e o PIB real. Se o hiato do
produto é pequeno, significa que os fatores de produção estão empregados de forma
eficiente; se for grande, significa que esses fatores estão empregados de forma
ineficiente ou não estão sendo empregados.
A existência desse hiato do produto é justificada pelo desemprego ou do fator
capital (capacidade ociosa: o capital não está sendo utilizado ou está sendo utilizado em
operação mínima) ou do fator trabalho (questão de emprego remunerado; população
economicamente ativa que está desempregada).
Na questão de emprego, a população total é dividida em (i) população em idade
inativa (com menos de 14 anos e com mais de 64 anos) e (ii) população em idade ativa;
a população em idade ativa, por sua vez, é dividida em (i) população economicamente
não ativa e (ii) população economicamente ativa; a população economicamente ativa é
dividida em (i) desempregada e (ii) ocupada.
O desemprego tem três tipos: o cíclico ou conjuntural, causado por problemas
na macroeconomia, como, por exemplo, a recessão; o estrutural, que aparece em um
ou mais setores específicos que estão em crise/perderam espaço/são
ineficientes/mudança na forma de produção, tornando esse setor cada vez menor,
implicando no desemprego; e o friccional, que reflete o tempo necessário que o
mercado se ajuste, evidenciando as pessoas que perderam o emprego e estão em
transição no mercado de trabalho, uma vez que as informações no mercado não fluem
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de forma perfeita. Frisando que o emprego não é somente no mercado formal de


trabalho.
Para resolver essa ineficiência na propagação de informações (encontro entre
oferta e demanda) e para dar condições de ser empregado, existem políticas de
emprego que facilitam o emprego da população. Instituições de formação técnica são
um exemplo. Num sentido macroeconômico, a política de emprego é, em essência, fazer
a economia voltar a crescer a fim de acabar com o desemprego.

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