Programa de Pós Graduação da Universidade Federal do Paraná – Doutorado
Disciplina: Professores: Katya Isaguirre, Carlos Frederico Marés e Jorge MOntenegro Aula dia:
Texto: MÉDICI, Alejandro. La constitución horizontal: teoría constitucional y giro
decolonial. San Luis de Potosí: Universidad Autónoma de San Luis Potosí, 2012, p. 119-133 (capítulo quinto). (14 p.)
Sobre o autor:
Alejandro Médici é um Professor da Universidade Nacional de La Plata, Argentina.
Professor Titular de Direito Político da Universidade Nacional de La Pampa, e de Dereito Constitucional da Universidade Nacional del Noroeste da Província de Buenos Aires. Profesor do Doutorado em Direitos Humanos e Desenvolvimento, e do Doutorado en Pensamento Político, Democracia y Cidadania da Universidad Pablo de Olavide, Espanha. .
Relato do texto:
O autor entende que a constituição no direito moderno é vista como direcionada
unicamente a uma comunidade culturalmente homogênea, monocultural, com monopólio estatal da criação e aplicação do direito, pelo monismo jurídico. A supremacia da constituição é adstrita a uma sociedade cultural que entenda o monismo, o estatalismo e a sistematicidade para aqueles pressupostos de tutelar um destinatário social único, o individuo proprietário moderno. Nas sociedades pluriculurais da américa latina em que reina grande contexto de pluralismo jurídico, seja pela pobreza das favelas, seja pelas comunidades culturais diferencidas, onde há direitos comunitários paralelos ao Estado, bem como no contexto da globalização econômica, e financeira, em que se sobrepõe fronteiras, com a imigração de fluxo de pessoas e emergência de espaços supranacionais internos, não há como se sustentar a continuidade dos dogmas modernos de sobreposição do monismo e de supremacia constitucional. As constituições em sociedades culturalmente heterogêneas tal como a da américa latina, deve se cuidar unicamente de produção e reprodução da vida, de construção da legitimidade consensual democrática e a possibilidade de consenso de conviver consensualmente, estabelecendo os mecanismos de consulta prévia para populações tradicionais. Afirma que a constituição é uma instancia de normatividade e organização que trata de direito sobre direito, um produto da convivência cultural, deve fazer com que se mude a racionalidade oriunda da modernidade, que via a natureza e os povos tradicionais como objetos passiveis de apropriação pelo individual. Para tanto não pode mais a constituição ser o ápice do ordenamento liberal, mas deve ser vista como em perspectiva horizontal, onde apenas reflexiona os contextos culturais diferenciados. Perde assim seu lugar simbólico, e passa a ocupar o lugar onde sempre operou na prática, como núcleo de referencia para a intepretação, integração, e aplicação das leis ordinárias e das leis oriundas do pluralismo jurídico que adentram para o mundo do direito como recepções do existencialismo conjectural. Não há portanto mais que se reconhecer que haja somente um ordenamento racional, único, escalonado e pleno. Isso porque existe uma complexidade de relações sociais onde se formam microssistemas sociais de diversas escalas e com temporalidades diversas, se dividem em muitas formas diversas. Há pluralismo jurídico, com diferentes formas de coexistência, e diferentes formas de juridicidade, e outras fontes sociais de produção do direito. Com outros critérios para além do direito estatal. Adepto a isso, estão as novas formas de direito que acompanham a globalização econômica financeira, e as organizações supranacionais. Como a União Europeia, a regulação de mercados ilegais, como o tráfico de pessoas, órgãos, drogas, armas, controlados por grupos transnacionais, as formas de direito consuetudinário, as populações marginais urbanas. São assimetrias que devem ser recepcionadas pela sociedade hegemônica, estabelecendo legislações assimétricas e uma constituição com a função de coordenação dessas assimetrias, tanto no aspecto do poder quanto no aspecto das legalidades.