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PODER CONSTITUINTE
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Sumário
I. PODER CONSTITUINTE...........................................................................................................................3
1. Poder Constituinte Originário................................................................................................................3
a) Natureza.................................................................................................................................................3
b) Características para a concepção positivista.................................................................................4
c) Características para a concepção jusnaturalista Abade Sieyes:................................................4
d) limitações materiais extrajurídicas:..................................................................................................5
e) Legitimidade..........................................................................................................................................6
2. Poder Constituinte decorrente – decorrENTE - ESTADO (capacidade de auto-organização)...7
3. Poder Constituinte Derivado:.................................................................................................................8
Revisor:...............................................................................................................................................8
Reformador ou instituído ou competência reformadora............................................................9
4. Normas constitucionais no tempo..........................................................................................................17
4.1. Desconstitucionalização....................................................................................................................17
4.2. Recepção................................................................................................................................................18
4.3. Constitucionalização superveniente...............................................................................................19
4.4. Repristinação tácita ou efeito repristinatório tácito....................................................................19
4.5. Mutação constitucional......................................................................................................................19
I. PODER CONSTITUINTEi
1. Poder Constituinte Originário
Histórico seria o verdadeiro poder constituinte originário, estruturando, pela primeira vez, o Estado.
Revolucionário seriam todos os posteriores ao histórico, rompendo por completo com a antiga ordem e
instaurando uma nova, um novo Estado. A doutrina ainda fala em poder constituinte formal e material:
Formal: é o ato de criação propriamente dito e que atribui a “roupagem” com status constitucional a um
“complexo normativo”;
Jurídico (jusnaturalista): Para aqueles que admitem a existência de um direito suprapositivo, ou natural,
esse direito está situado acima do direito positivo. De acordo com a concepção jusnaturalista , o Poder
Constituinte Originário está subordinado a normas de direito natural (direito suprapositivo) e, portanto,
deve ser considerado um poder jurídico.
#OUSESABER #APROFUNDAMENTO
O que é jusnaturalismo?
Com base nas lições de Hugo de Brito Machado Segundo, em seu livro Fundamentos do Direito,
podemos afirmar que o jusnaturalismo é a corrente do pensamento jurídico-científico que entende que o
ORDENAMENTO DEVE SER FORMADO POR UM CONJUNTO DE NORMAS IDEAL, embora,
paradoxalmente, esse ideal venha se modificando, ao longo da história e ao sabor das alterações
havidas na visão de mundo alimentada pelo homem, (há variados modelos de Jusnaturalismo, seja
teológico, antropocêntrico etc.). Não obstante isso, de uma forma ou de outra, o Jusnaturalismo
corresponde a própria ideia de Justiça ou, por outras palavras, para os jusnaturalistas, o ordenamento
jurídico positivo deve ser justo, sendo essa característica aferível a partir de sua concordância ou
aproximação com a ideia de direito representada pelo Direito Natural.
Obs: HIATO CONSTITUCIONAL, também chamado pelo autor de revolução, verifica-se quando há um choque
(ou “divórcio”) entre o conteúdo da Constituição política (uma das formas do direito legislado) e a realidade
social ou sociedade. Partindo dessa ideia, qual seja, que o hiato constitucional caracteriza verdadeira lacuna,
intervalo, interrupção de continuidade, entendemos que vários fenômenos poderão ser verificados,
destacando-se:
Convocação da Assembleia Nacional Constituinte e elaboração de nova Constituição;
Mutação constitucional
Reforma constitucional
Pra quem considera só o direito positivo, o poder constituinte está acima dele, não estando subordinado a
nenhum direito, sendo um poder de fato ou político. Mas para os que admitem um direito natural
suprapositivo, o Poder constituinte Originário está incluído nele, está subordinado aos imperativos do direito
natural, sendo um Poder de Direito.
#OUSESABER
Discorra sobre os limites transcendentes, imanente e hetôronomos do poder constituinte
originário.
O poder constituinte derivado possui natureza jurídica, ao contrário do originário, que possui
natureza política. No que tange às limitações materais do Poder Constituinte Originário, existe uma
concepção positivsta, que aduz que ele poderia legislar a respeito de quaisquer temas sem nenhuma
vinculação. Tal teoria é refutada por vários doutrinadores, dentre eles Jorge Miranda. Para tal autor,
existem três categorias de limites possíveis: os transcedentes, os imanentes e os heterônomos. Cumpre
observar o entendimento de Marcelo Novelino sobre o tema: Dirigidos ao Poder Constituinte material, os
limites transcendentes são aqueles que, advindos de imperativos do direito natural, de valores éticos ou
de uma consciência jurídica coletiva, impõem-se à vontade do Estado, demarcando sua esfera de
intervenção. É o caso, por exemplo, dos direitos fundamentais imediatamente conexos com a dignidade
da pessoa humana. A necessidade de observância e respeito por parte do Poder Constituinte aos direitos
fundamentais conquistados por uma sociedade e sobre os quais haja um consenso profundo é conhecida
como princípio da proibição de retrocesso (“efeito cliquet”). Hipótese de violação deste princípio seria a
consagração da pena de morte, além do caso de guerra declarada previsto na atual Constituição (CF, art.
5.°, XLVII, a), em uma Constituição futura. Os limites imanentes são impostos ao Poder Constituinte
formal e estão relacionados à “configuração do Estado à luz do Poder Constituinte material ou à própria
identidade do Estado de que cada Constituição representa apenas um momento da marcha histórica”.
Referem-se a aspectos como a soberania ou a forma de Estado. Os limites heterônomos são provenientes
da conjugação com outros ordenamentos jurídicos. Dizem respeito a princípios, regras ou atos de direito
internacional que impõem obrigações ao Estado ou a regras de direito interno. No primeiro caso,
observa-se a flexibilização do caráter autônomo e ilimitado do Poder Constituinte como ecorrência,
sobretudo, da globalização e da crescente preocupação com a proteção dos direitos humanos. Em
relação ao direito interno, no caso de Estados compostos ou complexos, tais como a federação, revelam-
se nos limites recíprocos entre o Poder Constituinte federal os poderes constituintes dos Estados
federados (NOVELINO, Marcelo. Manual de Direito Constitucional, 9ª edição, Editora Método, 2014, pag.
92 e 93).
e) Legitimidade.
Responsável por elaborar as constituições dos estados membros nos Estados Federados. É um poder
secundário (criado pela CF) e limitado juridicamente pela própria CF. Não foram eleitos para um fim
específico.
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e leis que adotarem, observados os
princípios desta Constituição. § 1º - São reservadas aos Estados as competências que não lhes sejam
vedadas por esta Constituição.
Art. 11. Cada Assembleia Legislativa, com poderes constituintes, elaborará a Constituição do Estado, no
prazo de um ano, contado da promulgação da Constituição Federal, obedecidos os princípios desta .
Parágrafo único. Promulgada a Constituição do Estado, caberá à Câmara Municipal, no prazo de seis
meses, votar a Lei Orgânica respectiva, em dois turnos de discussão e votação, respeitado o disposto
na Constituição Federal e na Constituição Estadual.
Princípio da simetria – as Constituições Estaduais devem observar o modelo estabelecido pelos princípios da
CF. Há algumas normas de observância obrigatória. Ex.: princípios básicos do processo legislativo art. 61§1º.
Uadi Lammêgo Bulos estabelece, como limites à manifestação do poder constituinte derivado decorrente, os
princípios constitucionais sensíveis, os princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios) e os
princípios constitucionais extensíveis.
Obs.: princípios constitucionais estabelecidos (organizatórios): segundo Bulos, “... são aqueles que limitam,
vedam, ou proíbem a ação indiscriminada do Poder Constituinte Decorrente. Por isso mesmo, funcionam
como balizas reguladoras da capacidade de auto-organização dos Estados (...) podem ser extraídos da
interpretação do conjunto de normas centrais, dispersas no Texto Supremo de 1988, que tratam, por
exemplo, da repartição de competência, do sistema tributário nacional, da organização dos Poderes, dos
direitos políticos, da nacionalidade, dos direitos e garantias individuais, dos direitos sociais, da ordem
econômica, da educação, da saúde, do desporto, da família, da cultura etc.”. O autor os divide em três tipos:
a) limites explícitos vedatórios: proíbem os Estados de praticar atos ou procedimentos contrários ao fixado
pelo poder constituinte originário — exs.: arts. 19, 35, 150, 152, ou limites explícitos mandatórios: restrições à
liberdade de organização — exs.: arts. 18, § 4.º, 29, 31, § 1.º, 37 a 42, 92 a 96, 98, 99, 125, § 2.º, 127 a 130, 132, 134,
135, 144, IV e V, §§ 4.º a 7.º; b ) limites inerentes: implícitos ou tácitos, vedam qualquer possibilidade de invasão
de competência por parte dos Estados-membros; c ) limites decorrentes: decorrem de disposições expressas.
Exs.: necessidade de observância do princípio federativo, do Estado Democrático de Direito, do princípio
*#OUSESABER: De acordo com o art. 125, § 1º, da Constituição Federal, a competência dos Tribunais de Justiça
deve ser definida pelas CONSTITUIÇÕES ESTADUAIS. Portanto, NÃO poderia uma mera LEI estadual prever a
prerrogativa de foro no TJ para o Procurador-Geral do Estado, por estar tratando de tema reservado à Lei
Maior estadual. Cuida-se de entendimento consolidado do STF:
AÇÃO DIRETA DE INCONSTITUCIONALIDADE. ART. 108, INC. VII, ALÍNEA B, IN FINE, DA CONSTITUIÇÃO DO
ESTADO DO CEARÁ. AFRONTA AO ART. 125, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO DA REPÚBLICA. 1. Compete à Constituição
do Estado definir as atribuições do Tribunal de Justiça, nos termos do art. 125, § 1º, da Constituição da
CICLOS R3 – G8 – MATERIAL JURÍDICO
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República. Essa competência não pode ser transferida ao legislador infraconstitucional. (STF, ADI 3140,
Plenário, rel. Min. CÁRMEN LÚCIA, julgado em 10/05/2007).Somente a Constituição Estadual, portanto,
poderia prever a competência do TJ para julgamento do PGE. E mais, o STF também já se manifestou no
sentido de que NÃO pode o texto constitucional estadual, ao tratar das competências do TJ, estabelecer uma
NORMA ABERTA, delegando ao legislador infraconstitucional a atribuição de definir foro privativo para
certas autoridades, como o PGE. Nesse sentido, confira-se o julgado abaixo:
HABEAS CORPUS. CONSTITUCIONAL. FORO POR PRERROGATIVA DE FUNÇÃO. PROCURADOR-GERAL DE
ESTADO DE RORAIMA. CARGO EQUIPARADO A SECRETÁRIO DE ESTADO POR FORÇA DE LEI COMPLEMENTAR
ESTADUAL. VEDAÇÃO DO ART. 125, § 1º, DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. INAPLICABILIDADE DE SIMETRIA COM
O CARGO DE ADVOGADO-GERAL DA UNIÃO. SITUAÇÕES JURÍDICAS DISTINTAS. 1. Segundo a jurisprudência
do STF, “compete à Constituição do Estado definir as atribuições do Tribunal de Justiça, não podendo este
desempenho ser transferido – menos ainda por competência aberta – ao legislador infraconstitucional (art.
125, § 1º, da CRFB/88)” (ADI 3140, Relator(a): Min. CÁRMEN LÚCIA, Pleno, DJ 29.06.2007). 2. É inconstitucional,
por isso, a norma da Constituição do Estado de Roraima que atribui foro por prerrogativa de função a agentes
públicos equiparados a Secretários de Estado (alínea “a”, inciso “X”, do art. 77), equiparação a ser promovida
pelo legislador infraconstitucional. 3. Conforme dispõe o parágrafo único do art. 4º da Lei Complementar
71/2003, do Estado de Roraima, “O Procurador-Geral do Estado terá (…) as mesmas prerrogativas, subsídio e
obrigações de Secretário de Estado”. Não sendo Secretário de Estado, mas apenas equiparado a ele, não tem
o Procurador-Geral foro por prerrogativa no Tribunal de Justiça. Não o favorece o decidido pelo STF em
relação ao cargo de Advogado-Geral da União (PET 1.199 AgR/SP, Relator: Min. SEPÚLVEDA PERTENCE, Pleno,
DJ 25-06-1999). Ao reconhecer, nesse julgamento, a prerrogativa de foro, o STF o fez na expressa
consideração de que, por força do § 1º do art. 13 da Lei 9.649/1998, o Advogado-Geral da União tornou-se
Ministro de Estado (deixando, portanto, de ser meramente equiparado). (STF, HC 103803/RR, Plenário, rel.
Min. Teori Zavascki, julgado em 01/07/2014).
*#OUSESABER: Constituição Estadual pode proibir que servidores públicos sejam usados em substituição a
empregados privados em momento de greve?
O STF debruçou-se sobre o tema por conta da ADI 232/RJ proposta pelo Governador do Rio de Janeiro tendo
por objeto o artigo 77, XXIII, da Carta Política carioca, a qual dispõe o seguinte: Art. 77 - A administração
pública direta, indireta ou fundacional, de qualquer dos Poderes do Estado e dos Municípios, obedecerá aos
princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, interesse coletivo e, também, ao seguinte:
XXIII - ressalvada a legislação federal aplicável, ao servidor público estadual é proibido substituir, sob qualquer
pretexto, trabalhadores de empresas privadas em greve. Em primeiro lugar, necessário destacar que o STF
asseverou que as regras básicas do processo legislativo presentes na CF/1988 incorporariam noções
elementares do modelo de separação dos poderes, o que as torna de observância inafastável no âmbito local
(CF, art. 25). A esse respeito, o artigo 61, §1°, II, “a” e “e” determina que a competência para legislar sobre o
funcionamento da administração pública é do Chefe do Executivo, não podendo, a priori, tal matéria ser
tratada em constituição estadual, visto que devem ser propostas pelo chefe do Poder Executivo em leis de
sua iniciativa. Contudo, as constituições estaduais não estão inteiramente proibidas de tratarem sobre o
funcionamento da Administração local, desde que respeitem as regras de reserva de iniciativa e de forma que
o parlamento local não retire do Governador alguma competência legítima que ele possua. De fato, o inciso
XXIII do artigo 77 da constituição estadual carioca está relacionado ao funcionamento da Administração local,
mas ele não se sobrepõe ao campo de discricionariedade política que a Constituição Federal reserva, com
exclusividade, à iniciativo do Governador. Além disso, a regra não deu à Administração local configuração
definitiva em desacordo com o texto federal. Por derradeiro, é importante ressaltar que o Ministro Teori
Zavascki asseverou que a referida regra contém hipóteses de excepcionalidade, não se aplicando em caso de
paralização em necessidades inadiáveis da comunidade, vide artigo 9°, §1° da CRFB, que poderia justificar o
deslocamento de servidores para o exercício temporário de funções alheias aos correspondentes cargos.
*#OUSESABER: As Constituições Estaduais podem prever uma nova modalidade para escolha de
Desembargador pelo quinto constitucional diferente das estabelecidas pela CF/88?Não!
O STF, conforme veiculado no Informativo 775, deixou assente que o procedimento para a escolha dos
Desembargadores por meio do quinto constitucional foi tratado de forma exaustiva pelo artigo 94 da CRFB,
não podendo o constituinte estadual inovar e estabelecer novas etapas que não estejam expressamente
previstas na Carta Federal. Assim, o procedimento para escolha dos Desembargadores por meio do quinto
constitucional deverá necessariamente observar o que dispõe o referido artigo, veja-se:
(1) Limitações temporais: impedem a alteração da CF num determinado período de tempo. Em relação à
reforma a CF atual não tem limitações temporais, embora alguns poucos estudiosos considerem a
limitação do art. 60, § 5º como limitação temporal. Em relação ao revisor há o prazo de cinco anos.
(2) Circunstanciais: impede a alteração da CF em situações excepcionais, nos quais a livre manifestação do
poder constituinte esteja ameaçada. Art. 60, §1. Estado de Defesa (art. 137), Estado de Sítio (art. 139),
Intervenção Federal.
(4) Limitações materiais e substanciais: impedem a alteração de determinados conteúdos da CF. Cláusulas
pétreas. Alguns países adotam outras denominações: cláusulas intangíveis ou de eternidade. EUA – cláusula
entrincheiradas ou encravadas na pedra. Jon Elster: Ulisses e o canto da sereia. A vontade de Ulisses não
vale quando está na presença da sereia. Evitar tentações. É como se o povo estivesse se autovinculando, se
comprometendo a seguir determinado caminho, a longo prazo, evitando que determinadas circunstâncias
momentâneas, de euforia, pelo calor do momento, alterem esse caminho. É preciso fixar metas a longo
prazo para evitar que situações de grande emoção, de comoção, alterem esse caminho. Conforme veremos,
existem cláusulas pétreas expressas e implícitas (como impossibilidade de se alterar o titular do poder
constituinte originário e o titular do poder constituinte derivado reformador, bem como a proibição de se
violar as limitações expressas , não tendo sido adotada, no Brasil, portanto, a teoria da dupla revisão, ou
seja, uma primeira revisão acabando com a limitação expressa e a segunda reformando aquilo que era
proibido).
A expressão “tendente a abolir” deve ser interpretada no sentido de proteger o núcleo essencial dos
institutos e princípios elencados no dispositivo, e não como uma intangibilidade literal. Pode haver
cláusulas pétreas ampliadas e restringidas, contanto que não haja o esvaziamento do núcleo essencial.
Voto secreto, direto, periódico e universal. A rigor o voto não é universal, o que seria universal é o
direito de sufrágio. Secreto não é o voto e sim o escrutínio, a forma como ele se realiza. Voto
obrigatório? Não. Não está elencado entre as hipóteses de cláusula pétrea. Ele não é nem cláusula pétrea
implícita pela maioria da doutrina.
Separação dos poderes. Extremamente ampla. Retirar uma competência de um órgão e atribuir a outro?
ex. Senado avaliar decisões do STF, etc. ADI 3367 – CNJ violaria separação dos poderes, por ser composto
por membros dos três poderes? O STF entendeu que não, pois ele exerce apenas uma função
administrativa que não afeta o núcleo político do princípio da separação dos poderes, pois preserva a
função jurisdicional, ou seja, se o CNJ fosse um órgão para revisão decisões do judiciária haveria sim a
ingerência de outros poderes.
INCONSTITUCIONALIDADE. Ação direta. Emenda Constitucional nº 45/2004. Poder Judiciário. Conselho
Nacional de Justiça. Instituição e disciplina. Natureza meramente administrativa. Órgão interno de
controle administrativo, financeiro e disciplinar da magistratura. Constitucionalidade reconhecida.
Separação e independência dos Poderes. História, significado e alcance concreto do princípio. Ofensa a
cláusula constitucional imutável (cláusula pétrea). Inexistência. Subsistência do núcleo político do
princípio, mediante preservação da função jurisdicional, típica do Judiciário, e das condições materiais do
seu exercício imparcial e independente. Precedentes e súmula 649. Inaplicabilidade ao caso.
Interpretação dos arts. 2º e 60, § 4º, III, da CF. Ação julgada improcedente. Votos vencidos. São
constitucionais as normas que, introduzidas pela Emenda Constitucional nº 45, de 8 de dezembro de
2004, instituem e disciplinam o Conselho Nacional de Justiça, como órgão administrativo do Poder
Judiciário nacional.
Sistema presidencialista e a forma republicana de governo. Art.2º, ADCT - no dia 7 de setembro de 1993 o
eleitorado definirá, através de plebiscito, a forma (república ou monarquia constitucional) e o sistema de
governo (parlamentarismo ou presidencialismo) que devem vigorar no País. Ivo Dantas considerada que
após o plebiscito essas o sistema presidencialista e a forma republicana passaram a ser cláusulas
pétreas, ou seja, pois o plebiscito é manifestação do próprio poder originário, que o transferiu ao povo.
Não teria como alterar o sistema presidencialista nem a forma republicana, pois seria incompatível com a
separação dos poderes e com outras cláusulas pétreas, como o princípio da isonomia. Em provas
objetivas perguntam se são cláusulas pétreas expressas, estando errado.
#OUSESABER #TEORIASIMPORTANTES #DEOLHONANOMENCLATURA
O que é teoria do pré-comprometimento?
Na mitologia grega, na Odisséia, Ulisses, durante seu regresso a Ítaca, saberia que ia passar por todo
tipo de provação e tentação. Para não ser levado por essas tentações, pediu para ser acorrentado no barco,
principalmente em razão do canto das sereias, que por seu efeito encantador desviava os homens de seus
objetivos e os conduzia a caminhos tortuosos. Ulisses saberia que não resistiria e por isso criou uma
autorestrição para não sucumbir depois. Existe uma grande relação entre essa história e a existência de
cláusulas pétreas na CF/88. Jon Elster, fazendo essa ligação, justifica a existência de cláusulas pétreas
através da teoria do pré-comprometimento. Aduz que as Constituições democráticas são mecanismos de
auto vinculação adotados pela soberania popular para se proteger de suas paixões e fraquezas. Desse
modo, não seria levado por elas para que se fizessem alterações nesses temas mais sensíveis que
precisavam ser petrificados.
Obs.: Ulisses Liberto – nova obra de Jon Elster na verdade as maiorias atuais criam mecanismos na tentativa
de evitar maiorias futuras que possam ter valores diversos. Na primeira teoria ele via as clausulas como
vinculação da própria sociedade, mas amadurecendo a questão ele passou a entender que essa vinculação
não é para limitar a maioria atual e sim a futura. Não seria uma mecanismo de auto vinculação e sim vinculação
de outros grupos diferentes.
Obs.: O PODER CONSTITUINTE DIFUSO PODE SER CARACTERIZADO COMO UM PODER DE FATO E SE
MANIFESTA POR MEIO DAS MUTAÇÕES CONSTITUCIONAIS .
Trata-se de mais um mecanismo de modificação da Constituição. Se por um lado a mudança implementada
pelo poder constituinte derivado reformador se verifica de modo formal, palpável, por intermédio das
emendas à Constituição, A MODIFICAÇÃO PRODUZIDA PELO PODER CONSTITUINTE DIFUSO SE
INSTRUMENTALIZA DE MODO INFORMAL E ESPONTÂNEO, como verdadeiro PODER DE FATO, e que decorre
dos fatores sociais, políticos e econômicos, encontrando-se em estado de latência. Trata-se de PROCESSO
INFORMAL DE MUDANÇA DA CONSTITUIÇÃO, ALTERANDO-SE O SEU SENTIDO INTERPRETATIVO, E NÃO O
SEU TEXTO, QUE PERMANECE INTACTO E COM A MESMA LITERALIDADE.
Obs.: O PODER CONSTITUINTE SUPRANACIONAL busca a sua fonte de validade na cidadania universal, no
pluralismo de ordenamentos jurídicos, na vontade de integração e em um conceito remodelado de soberania.
Segundo Maurício Andreiuolo Rodrigues, agindo de fora para dentro, o poder constituinte supranacional
busca estabelecer uma Constituição supranacional legítima. Em interessante estudo, Marcelo Neves
demonstra a tendência mundial de superação do “constitucionalismo provinciano ou paroquial pelo
transconstitucionalismo”, mais adequado para solução dos problemas de direitos fundamentais ou humanos
e de organização legítima de poder. Não há dúvida que o tema terá que ser aprofundado e repensado,
especialmente diante dessa tendência de globalização do direito constitucional, chegando alguns autores,
como Canotilho, a sugerir, inclusive, a formulação da denominada teoria da interconstitucionalidade , na
busca de se estudar “as relações interconstitucionais, ou seja, a concorrência, convergência, justaposição e
conflito de várias constituições e de vários poderes constituintes no mesmo espaço político”.
Obs.: para ocorrer a recepção a lei precisa: ter compatibilidade formal e material perante a Constituição sob
cuja regência ela foi editada (no ordenamento anterior); ter compatibilidade somente material, pouco
importando a compatibilidade formal, com a nova Constituição. Nesse sentido, uma lei anterior que nasceu
inconstitucional não poderia ser “consertada” pela nova Constituição. Não se poderia falar, então, em
“constitucionalidade superveniente”. A recepção ou a revogação acontecem no momento da promulgação
do novo texto. Entendemos, contudo, que o STF poderá modular os efeitos da decisão, declarando o
momento a partir de quando a sua decisão passa a valer.
b) é possível a retroatividade máxima (a lei ataca os fatos consumados) e média (atinge as prestações
vencidas, mas ainda não adimplidas) da norma introduzida pelo constituinte originário desde que haja
expressa previsão , como é o caso do art. 51 do ADCT da CF/88. Nesse sentido doutrina e jurisprudência
afirmam que não há direito adquirido contra a Constituição;
c) por outro lado, as Constituições Estaduais (poder constituinte derivado decorrente — limitado
juridicamente) e demais dispositivos legais, vale dizer, as leis infraconstitucionais , bem como as emendas à
Constituição (fruto do poder constituinte derivado reformador , também limitado juridicamente), estão
sujeitos à observância do princípio constitucional da irretroatividade da lei ( retroatividade mínima ) (art. 5.º,
XXXVI — “lei” em sentido amplo), com pequenas exceções, como a regra da lei penal nova que beneficia o réu
(nesse sentido, cf. AI 292.979-ED, Rel. Min. Celso de Mello, DJ de 19.12.2002).
4.1. Desconstitucionalização
Quando do surgimento de um nova constituição ocorrem duas situações distintas em relação às
normas constitucionais anteriores. Primeiro, a constituição propriamente dita (normas materialmente
constitucionais) fica inteiramente revogada; Como segundo fenômeno, as leis constitucionais (normas
formalmente constitucionais), cujo conteúdo for compatível com o da nova constituição, são recepcionadas
como normas infraconstitucionais.
4.2. Recepção
Quando do surgimento de uma nova CF ocorrem dois fenômenos em relação às normas
infraconstitucionais anteriores. Primeiro as que forem materialmente compatíveis são recepcionadas; as que
forem materialmente incompatíveis não são recepcionadas. O princípio que estabelece que duas normas
contraditórias não podem coexistir é o da unidade do ordenamento jurídico. O ideal seria que todas as
normas fossem criadas após a nova CF, mas ai haveria um vácuo legislativo. Para evitar esse vácuo, a nova CF
recebe as normas do sistema jurídico anterior que forem com ela materialmente compatíveis. Essas normas
perdem o fundamento de validade antigo e ganham um novo fundamento de validade. A incompatibilidade
formal superveniente não impede a recepção, mas faz com que a norma adquira uma nova roupagem, um
novo status. Ex. CTN.
Obs.: exceção – no caso de normas cuja competência era atribuída a entes federativos distintos
(inconstitucionalidade formal orgânica). Nessas hipóteses a recepção só é admitida quando a competência
anterior era de um ente maior e passa a ser de um ente menor. A competência que era dos Municípios e
passa a ser da União. A norma não é recepcionada. Se, no caso, a competência fosse da União e passasse a ser
dos Estados, a lei seria recepcionada.
Obs.: Lei federal e lei estadual na competência concorrente – suspende eficácia. Se for posteriormente
revogada, a suspensa volta. A rigor não é repristinação. (intensivo 2).
A hipótese prevista no art. 34 do ADCT trata de recepção material expressa na nova CF, de norma da
Constituição anterior. Não se trata de repristinação. Embora haja a revogação da geral, quando a nova CF faz
expressamente uma ressalva isso é possível. Art. 34. O sistema tributário nacional entrará em vigor a partir do
primeiro dia do quinto mês seguinte ao da promulgação da Constituição, mantido, até então, o da
Constituição de 1967, com a redação dada pela Emenda nº 1, de 1969, e pelas posteriores.
*#OUSESABER: O que é mutação constitucional? Qual a sua diferença entre o overruling? Quais são os seus
efeitos e seus limites?
MUTAÇÃO CONSTITUCIONAL É UMA ALTERAÇÃO DA INTERPRETAÇÃO OU SENTIDO CONFERIDO A UM
TEXTO CONSTITUCIONAL SEM QUE HAJA EFETIVA SUPRESSÃO DO TEXTO. Tal mudança OCORRE EM RAZÃO
DAS TRANSFORMAÇÕES DA REALIDADE SOCIAL PARA A QUAL O TEXTO CONSTITUCIONAL É DIRIGIDO. A
mutação pode ocorrer devido aos períodos históricos e modificações sociais que impactem no entendimento
do texto constitucional e, consequentemente, na norma dele extraída. A MUTAÇÃO NÃO SE CONFUNDE COM
O OVERRULING, QUE É A MERA SUPERAÇÃO DE PRECEDENTES, SEM A CORRESPONDENTE MODIFICAÇÃO
FÁTICA SOCIOECONÔMICA, OU SEJA, O OVERRULING É A SUPERAÇÃO DO PRECEDENTE, POR UM
AMADURECIMENTO DE UMA CORTE SOBRE O DIREITO APLICÁVEL À QUESTÃO, SENDO ISSO TOTALMENTE
INDEPENDENTE DE MUDANÇAS DA REALIDADE SOCIAL. As mutações podem ocorrer TANTO POR
INTERPRETAÇÃO CONFERIDA PELO JUDICIÁRIO, QUANTO PELA PRÓPRIA SOCIEDADE, SENDO UMA
POSSIBILIDADE DEMOCRÁTICA DE INTERPRETAÇÃO E CONCRETIZAÇÃO DA CONSTITUIÇÃO, CUJO
FUNDAMENTO É O PODER CONSTITUINTE DIFUSO. Vale ressaltar que HÁ LIMITES À MUTAÇÃO
CONSTITUCIONAL, PODENDO SER CITADAS A LITERALIDADE DO TEXTO E A INTEGRIDADE SISTEMÁTICA DA
CONSTITUIÇÃO. Isso significa que a nova interpretação não pode violar ou derrogar o sentido primeiro do
texto, ou seja, uma mutação não pode fazer um “não” virar um “sim” e vice versa, bem como não são
possíveis interpretações que desnaturem o todo orgânico da Constituição, logo, um texto social democrático
como o brasileiro, p. ex., não pode por mutação transforma-se numa carta constitucional comunista ou
mesmo num arremedo “ultra-neoliberal”.